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JARDINS COM HISTRIA

JOS DO CANTO (1820-1898) foi um homem rico, culto, amante da natu-reza, profundo conhecedor dos se-gredos da botnica e colecionador inveterado. Por volta de 1845 iniciou a construo dum jardim no stio de Santana, em Ponta Delgada, onde ao longo de cinco dcadas foram rea-lizados ensaios de aclimatao de milhares de espcies, muitas delas plantadas posteriormente nas suas matas ajardinadas das Furnas e da Lagoa do Congro.

Edmond Goeze (1838-1929), jar-dineiro-chefe do Jardim Botnico de Coimbra, que visitou So Miguel em 1866 com o objetivo de recolher plantas para povoar a nova estufa do

JARDIM BOTNICO Jos do Canto

jardim da universidade, registou no re-latrio da sua misso, que dos jardins encantadores, que existem em Ponta Delgada ou nas suas vizinhanas, o de Jos do Canto inquestionavelmente o mais rico de todos, possuindo tal-vez mais de 3.000 espcies. Nenhum dos jardins particulares, que tivemos ocasio de visitar na Europa, lhe pode ser equiparado. Deve porm melhorar muito ainda, como estamos conven-cidos, logo que o distinto proprietrio voltar de Paris, onde se tem demora-do (Goeze, p.42). Foi neste jardim que pudemos estudar a vegetao dos pa-ses estrangeiros; foi dele tambm que trouxemos mais de 800 espcies, e ainda que nos no pertena agradecer

Texto e fotografias de RAIMUNDO QUINTAL, PhD

Centro de Estudos Geogrficos Instituto de Geografia e Ordenamento

do Territrio Universidade de Lisboa {raimundo.quintal@gmail.com}

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tanta generosidade, estamos cer-tos que o leitor nos desculpar de fazer aqui com toda a publicidade (Goeze, p. 54-55).

Aps a morte de Jos do Can-to, o jardim foi dividido, ficando a zona mais emblemtica do jar-dim separada da casa bem como das quintas a norte. Foi por isso que durante os anos de 1950 Au-gusto Athayde empreendeu a construo do seu palacete em estilo neoclssico, escolhendo para tanto uma zona elevada e mais recuada, ao mesmo tempo que transformou o grande ter-reiro para acolher o monumento a Jos do Canto (Albergaria, p. 59).

O jardim atual no possui a ri-queza florstica do tempo do seu fundador, mas mantm o verde cerrado e magntico, que tanto impressionou Raul Brando, na vi-

1. Jardim Jos do Canto, Aores2. Monumento a Jos do Canto esttua em bronze da autoria do escultor aoriano Fran-

cisco Xavier Costa.

3. Acmena

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cus macrophylla), o pinheiro-de-damara (Agathis robusta), as arau-crias (Araucaria bidwillii, Araucaria columnaris, Araucaria excelsa), as melaleucas (Melaleuca linariifolia, Melaleuca styphelioides), os eucalip-tos (Eucalyptus camaldulensis, Eu-calyptus delegatensis, Eucalyptus ro-busta), os metrosderos (Metroside-ros excelsa, Metrosideros umbellata), a canforeira (Cinnamomum campho-ra), os podocarpos (Afrocarpus falca-tus, Podocarpus macrophyllus, Podo-carpus totara), a magnlia (Magnolia grandiflora), a azinheira (Quercus rotundifolia), o til (Ocotea foetens),

sita realizada a 30 de Julho de 1924, e rvores que infundem respeito (), rvores cenogrficas, cheias de fora e amplido ou transparentes e frgeis como vidro pedao dos trpicos transportados por mgica para Ponta Delgada (Brando, p. 125 e 126).

Com uma rea de 5,8 ha, o Jardim Botnico Jos do Canto um espa-o de grande interesse paisagstico e botnico, povoado por rvores no-tveis, que impressionam pelo seu porte monumental ou pela sua mor-fologia singular, como por exemplo, a rvore-da-borracha-australiana (Fi-

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o cipreste-dos-pntanos (Taxodium distichum), a turpentine (Syncarpia glomulifera), a acmena (Acmena in-gens), o mirtilo-choro (Waterhousea floribunda) ou o sassafrs-australia-no (Doryphora sassafras).

So igualmente merecedores duma referncia especial os bambus

Se for a So Miguel reserve uma manh ou uma tarde para visitar este jardim romntico no corao de Pon-ta Delgada.

O Jardim Botnico Jos do Canto est aberto todo o ano, com exce-o dos dias 01 de janeiro e 25 de dezembro.

Horrio de Abertura Inverno (outubro maro): 09h 17 hVero (abril setembro): 09h 19 hA capela de SantAna (sculo XVII), entrada do jardim, est aberta ao pblico. A estufa, de traa vitoriana, funciona como pavilho de festas. O palcio, construdo na zona alta do jardim em meados do sculo XX (estilo neoclssico tardio), pode ser visitado por marcao.

4. rvore da borracha australiana (Ficus macrophylla)

5. rvore-dos-mimos (Halleria lucida)

No piso trreo do palcio funciona a residencial Casa do Jardim, po-dendo os hspedes usufruir de toda a riqueza paisagstica e botnica.

Referncias Bibliogrficas: Albergaria, I. S. (2005) Parques e Jar-dins dos Aores. Argumentum, Lisboa. Brando, R. (1987) Ilhas Desconheci-das. Editorial Comunicao, Lisboa Goeze, E. (1867) A Ilha de So Miguel e o Jardim Botnico de Coimbra. Imprensa da Universidade, Coimbra

A AHJ EST ATIVA NOS AORESNo ms de junho organiza uma viagem aos Aores com a visita s ilhas do Faial, Pico, So Jorge e So Miguel. As datas previstas so de 16 a 21 de junho e as inscries esto abertas.No dia 19 de Junho organiza, em parceria com a Fundao do Jar-dim Jos do Canto, um workshop sobre o turismo de jardins. O pai-nel de oradores inclui os especialistas Jos Ramn Castieiras, Francisco Calheiros, Fernando Guedes, Isa-bel de Albergaria, Gabriela Bote-lho e Raimundo Quintal.

Saiba mais em: www.jardinshistoricos.ptOu contacte a Associao:geral@jardinshistoricos.pt ou tlm 969 673 750

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gigantes (Bambusa bambos) e as es-cultricas cicas (Lepidozamia perof-fskyana).

O Jardim Botnico Jos do Canto imvel de interesse pblico (Resolu-o do Governo Regional dos Aores, n 144 / 95, de 10 de Agosto), est inscrito no Botanic Gardens Con-servation Secretariat, organismo dependente da UNESCO, e figura no Guia Mundial dos Jardins Botnicos.

As plantas possuem placas de identificao e esto documenta-das por fichas individuais no site www.josedocanto.com/. Em feve-reiro foi editado um prospeto com o roteiro das rvores notveis, que pode ser adquirido na bilheteira ou descarregado em www.josedocan-to.com/folheto-flyer.