JAZZORES 2012
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16 a 24 NOV
Auditório Municipal
das Lajes do Pico
Centro Cultural da
Ilha da Graciosa
Clube Asas do Atlântico
Teatro Faialense
Teatro Micaelense
PROGRAMA
Teatro Micaelense
16 NOV Sexta-feira 21H30
The New York Ensemble
Charles Gayle Saxofone tenor, piano e contrabaixo Michael Wimberly Bateria
Sabir Mateen Sopros Will Connell Jr. Sopros Raymond King Piano
17 NOV Sábado 21H30
Raymond King Piano solo Charles Gayle Piano solo
18 NOV Domingo 21H30
Lee Konitz Saxofone Florian Weber Piano
Centro Cultural da Ilha da Graciosa
20 NOV Terça-feira 21H30
The New York Ensemble
Auditório Municipal das Lajes do Pico
23 NOV Sexta-feira 21H00
The New York Ensemble
Clube Asas do Atlântico em Santa Maria
23 NOV Sexta-feira 22H00
John Blum Piano
Teatro Faialense
24 NOV Sábado 21H30
The New York Ensemble
Atividades Paralelas
Exposição “Something Ain’t Wrong”
Raymond King
16,17 e 18 NOV
Teatro Micaelense - Salão Nobre
Oficina com
Sabir Mateen e Raymond King
17 e 18 NOV
Conservatório Regional
de Ponta Delgada
Power of Drum
19 e 20 NOV
Auditório da Escola Básica
e Secundária da Graciosa
21 NOV
Escola EB 2, 3 da Horta
22 e 23 NOV
Escola Básica e Secundária
das Lajes do Pico (Seminários
promovidos pela Câmara Municipal
das Lajes do Pico e pela Jazzores)
A arte da música
Tal como a maior parte dos norte-americanos, não sei nada
sobre a História dos Açores. O que sei é que, para que os
Açores tivessem sido “descobertos”, em alguma altura,
alguém teve de deixar o conhecido à procura de outra coisa,
em busca do que a maior parte de vós chama “casa”.
A remanescência de um sentido de aventura ancestral
explicará, em grande parte, a razão por que tantos dos maiores
exploradores musicais vivos têm sido convidados a atuar no
festival Jazzores, mas essa não pode ser a história toda.
As cidades de Houston, no Texas, e Cape Canaveral, na Flórida,
podem vangloriar-se da exploração espacial, aventuras
e explorações que, literalmente, estão para além da crença
de muitos, e, ainda assim, não têm festivais com o mesmo
espírito de aventura do Jazzores. Isto deve-se, provavel-
mente, a uma escassez de alma e a uma adição pelo espetáculo
comercial. Não é pouco comum, a maior parte do mundo funciona
assim.
O que o Jazzores não tem em capital, sobra-lhe em alma. Ao
recusar aquiescer às irracionais e inconstantes demandas
do mercado, o Jazzores apresenta, este ano, uma vez mais, um
programa coeso, composto pelos mestres da música improvisada
contemporânea.
A minha conceção pessoal deste tipo de música é grandemente
informada pelos músicos que compõem o alinhamento do festival
deste ano. São muitas as boas memórias associadas a este grupo.
Conheci o John Blum na Bennington College, em 1989. Ambos
estudámos com Bill Dixon e Milford Graves. Antes de eu chegar
a Bennington, o Bill Dixon tinha organizado um concerto com
o Charles Gayle Trio. Deve ter sido antes do tempo do John
também.
Charles Gayle regressou à Bennington College no princípio
dos anos 90, para tocar com Milford Graves e William Parker,
pouco depois de um concerto na Webo Gallery, em Manhattan, com
o mesmo trio – um concerto a que assisti com o John, um concerto
que mudou a minha vida para sempre.
De volta a Bennington, depois das performances na Webo,
Milford Graves disse-me que “ninguém domina o saxofone como
Charles Gayle” – um comentário que, simultaneamente,
cristalizou e catalisou uma crescente obsessão pela sua
música, que dura até hoje. Felizmente, a musicalidade de Gayle
continua a florescer e, assim, a minha obsessão está bem
servida.
Depois da universidade, John e eu tentámos ver o máximo
possível de atuações de Charles Gayle, muitas das quais
incluíam o fantástico Michael Wimberly. Lembro-me
claramente de uma, na Old Knitting Factory, na Houston
Street, em Manhattan. Havia uma série de músicos no
alinhamento. Charles Gayle foi o último a tocar. Antes dele,
tocou Lee Konitz. A performance de Konitz reiterava
a liberdade harmónica anunciada pelo saxofone.
Agora, nos Açores, vinte anos mais tarde, Gayle e Konitz são,
uma vez mais, contrapontos estéticos e metodológicos no mesmo
alinhamento. Povo dos Açores! Isto não é apenas história do
jazz, isto é História!
Com Konitz, estará Florian Weber, que tal como Lenny Tristano,
contraponto histórico de Konitz, traz ao piano um toque
diferente do de Blum ou de King, embora não menos progressivo.
Como Mateen, Konitz e Gayle, Will Connell também encontrou
no Lower East Side de Manhattan um sítio onde pode trabalhar.
John e eu vimo-lo actuar com Bill Dixon no Vision Festival,
um concerto que mais tarde se tornou no 17 Musicians in Search
of a Sound, de Dixon. Foi nesse concerto que John e eu nos
cruzámos com Sabir Mateen, com quem temos tocado muitas vezes
(principalmente o John). Tal como Connel, Mateen toca vários
instrumentos de sopro e toca-os todos com fogo e autoridade.
Mateen não só tocou com Blum, como tem uma longa história com
o sub-reconhecido e sub-celebrado Raymond King, um músico
cuja música merece ser melhor distribuída e apreciada.
A presença de King representa um nível de profundidade
e cuidado no programa do Jazzores deste ano, que há tempo
demais tem escapado aos promotores norte-americanos.
Os “valores-seguros” do jazz atraem a classe consumidora em
busca de entretenimento e validação. O espírito de aventura
e exploração que perpassa a música do festival Jazzores pode
antagonizar os viciados no conforto, mas estes não são o tipo
de pessoas que teriam partido em busca do Outro. Estes nem
sequer teriam chegado aos Açores. Esta é uma música especial,
para pessoas especiais. O Jazzores é um festival especial.
Desfrutem dos sons e apreciem a experiência.”
Stanley Zappa,escritor e músico
The New York Ensemble
Charles Gayle Saxofone tenor, piano e contrabaixo
Sabir Mateen Sopros
Will Connell Jr. Sopros
Raymond King Piano
Michael Wimberly Bateria
Charles Gayle
A sua primeira aparição na cena free
jazz foi com uma série de performances
na Knitting Factory, uma estreia muito
elogiada pela crítica nova-iorquina, no
final dos anos 80. Várias vezes
comparado a Albert Ayler, pelo à vontade
em registos mais agudos de tenor, é o
timbre carregado de distorção o seu mais
forte traço artístico. Para além da
espiritualidade e da forte influência
do gospel, a música de Gayle é também
marcada por influências de Louis
Armstrong, John Coltrane,
Thelonious Monk e Art Tatum. Ao longo
da sua carreira, tem tocado e gravado
com músicos como Reggie Workman, Rashid
Ali, Cecil Taylor, Frank Foster, Sunny
Murray, Michael Wimberly, Fred Hopkins,
William Parker, Andrew Cyrille e Ronnie
Boykins.
Sabir Mateen
Sabir Mateen começou a tocar em
Los Angeles, em 1977, com Horace
Tapscott. Desde então, asua música tem
sido tocada por todo o mundo: Estados
Unidos, Canadá, Europa, África, e Ásia.
Sabir gravou e tocou com Sunny Murray,
Cecil Taylor, William Parker, Jemeel
Moondoc, Wilber Morris, Butch Morris,
Alan Silva, William Hooker, Dave Burrell
e em coletivos com Matthew Shipp,
Roy Campbell, Michael Wimberly, TEST,
Eternal Unity, The Blood Trio e com as
suas próprias bandas: Sabir Mateen
Ensemble, Omni-Sound e Trio Sabir.
Will Connell, Jr.
Will Connel, Jr. gravou com Chico Hamilton,
Steve Swell e vários coletivos de William Parker,
incluindo a Little Huey Creative Music Orchestra,
a Walter Thompson Big Band e o coletivo de
compositores Commitment.
Connel tocou com Rahsaan Roland Kirk, Horace
Tapscott, Sam Rivers’ Winds of Manhattan, David
Murray Big Band, Cecil Taylor, Anthony Braxton,
Pharoah Sanders Butch Morris, Roy Campbell,
Billy Bang, Tito Nieves, Elton John, Ryan Adams,
e muitos outros.
Como arranjador, trabalhou com Ornette Coleman,
Julius Hemphill, Matthew Shipp , StevieWonder,
Roberta Flack, Michael Jackson e Simon and
Garfunkel.
Atualmente, é membro do coletivo de compositores
Silverback, constituído por Frank Lacy, Newman
Taylor Baker e Hilliard Greene, do seu próprio
ensemble Sadhana, da Sound Vision Orchestra,
do Ensemble N.O.W, de Steve Swell, e da Cecil
Taylor’s Orchestra.
Raymond King
Uma lenda do underground de Los Angeles e de
Filadélfia, onde nasceu, King toca e compõe há
mais de 40 anos, tendo partilhado palcos com
Arthur Blythe, Butch Morris, Lester Robertson,
Fred Ho e muitos outros. Em 1980, liderou, com o
saxofonista Sabir Mateen, a banda True Guidance,
em Filadélfia. King é também artista plástico,
trabalha essencialmente com cartão, moldando-o em
retratos de artistas jazz. Alguns desses retratos
estarão em exibição no Salão Nobre do Teatro
Micaelense durante o festival.
Sabir Mateen
Sabir Mateen começou a tocar em
Los Angeles, em 1977, com Horace
Tapscott. Desde então, asua música tem
sido tocada por todo o mundo: Estados
Unidos, Canadá, Europa, África, e Ásia.
Sabir gravou e tocou com Sunny Murray,
Cecil Taylor, William Parker, Jemeel
Moondoc, Wilber Morris, Butch Morris,
Alan Silva, William Hooker, Dave Burrell
e em coletivos com Matthew Shipp,
Roy Campbell, Michael Wimberly, TEST,
Eternal Unity, The Blood Trio e com as
suas próprias bandas: Sabir Mateen
Ensemble, Omni-Sound e Trio Sabir.
Foto
grafi
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esen
des
Michael Wimberly
Multinstrumentista e compositor, nasceu em Cleveland, Ohio,
nos anos 70. Durante o período em que estudou no Baldwin Wallace
Conservatory, Michael foi apresentado aos ritmos hipnóticos da
África Ocidental através do seu colega Craig Brown. Esta
introdução à música Africana viria a tornar-se fulcral
no desenvolvimento do seu som. Michael continuou os estudos
musicais na Manhattan School of Music, onde começou a explorar
a música do mundo. Desde então, tem tocado e gravado com mestres
da música africana, cubana e brasileira, bem como com as
lendas do funk George Clinton and the Parliament Funkedelics,
The Boys Choir of Harlem, Paul Winters Consort, Europe’s
Rundfunk, Tonkuntsler e International Region Symphony
Orchestra’s , interpretando composições de Daniel Schnyder,
ícones rock como Vernon Reid, Henry Rollins e Blondie, e do R&B
como D’Angelo, Angie Stone e Alyson Williams. Como compositor,
Michael tem trabalhado com várias companhias de dança
e contribuído para muitos filmes independentes, documentários,
curtas de animação e espetáculos de Hollywood. Tem por hábito
partilhar o seu talento musical com os mais jovens,uma faceta que
volta a trazer aos Açores, com o workshop “The Power of Drum!”.
Foto
grafi
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des
Lee Konitz Duo
Lee Konitz Saxofone
Florian Weber Piano
Lee Konitz
Para Konitz, cuja carreira tem mais de 50 anos, ser um
músico de jazz é ser um improvisador e implica correr
riscos e procurar novos desafios. Quando Konitz surgiu na
cena musical, em fins da década de 40, era um dos poucos
saxofonistas da altura a escapar à presença dominante de
Charlie Parker, criando um estilo pessoal e distintivo.
Antes de formar as suas próprias bandas, das quais se
destacam o Lee Konitz Nonet, Konitz fez parte da big band
de Claude Thornhill, da orquestra mais progressista de
Stan Kenton, do noneto Birth of the Cool, de Miles Davis, dos
combos de Lennie Tristano e das bandas de Gerry Mulligan.
A sua discografia é um impressionante conjunto de sessões
de todos os tamanhos, formas e estilos – desde ensembles
médios a trios, duos e até recitais a solo. Destacam-se as
colaborações com o baterista Elvin Jones, uma série de
duos com Joe Henderson, Jim Hall e Ray Nance e Martial
Solal. Konitz trabalhou também com Charlie Haden, Bob
Brookmeyer, Randy Brecker, Paul Bley, Paul Motian, Steve
Swallow e Brad Mehldau.
Florian Weber
Nascido em 1977 em Detmold, Alemanha, Florian Weber
ganhou prémios ainda adolescente com participações tanto
em ensembles de jazz como clássicos. Como solista tocou
com a Orquestra Filarmónica Russa, estudou com Paul Bley,
John Taylor, Richie Beirach,tocando também com Albert
Mangelsdorff e Benny Bailey. Em 2001, no Montreux Jazz
Festival, recebeu o prémio Steinway & Sons para piano solo.
Foto
grafi
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do R
esen
des
John Blum
“Na música de John escutarão ecos do stride de James P. Johnson,
Art Tatum, Fats Waller e a força dinâmica e melódica linear de McCoy
Tyner e Ahmad Jamal, expressos com a liberdade conferida por uma
compreensão harmónica mais abrangente e pelas metodologias
desenvolvidas por Lowell Davidson, Cecil Taylor e Don Pullen.
Ao fazê-lo, ouvirão também a vida de John, o seu amor, a sua paixão.
Escrito numa tinta grossa, escura, envolvente e penetrante, que se
tornou um símbolo indissociável da sua música, o pianismo de Blum é
uma experiência única.”
Stanley Zappa, escritor e músico
“Um vendaval do quadrante norte, que até faias arranca... Como se os
vulcões nos fizessem nascer de novo, purificados por um semblante e
por um rumor de vida vivida.”
Manuel Francisco Costa Júnior, Diretor do Museu do Pico
Atividades Paralelas
Power of The Drum
The Power of the Drum (POD) começou em 2006, no Harlem, como
homenagem a Max Roach, um dos mais inovadores bateristas e
compositores do nosso tempo. Desde então, esta iniciativa continua
a celebrar a arte da percussão, promovendo a música em várias
comunidades.
Em 2009, a Jazzores acolheu o projeto de Michael Wimberly (fundador
do POD). O Festival Jazzores acarinhou o projeto desde o início, indo
ao encontro de um dos seus principais objetivos: a criação de elos
entre a comunidade e a música, através dos músicos que participaram
no festival. Em 2009 e 2010 foram organizadas diversas ações com
crianças e jovens no porto e na Escola de Música de Rabo de Peixe,
bem como no Conservatório Regional de Ponta Delgada.
Em 2011, Michael Wimberly, acompanhado por Cooper Moore, compositor/
improvisador, desenhador e construtor de instrumentos musicais, levou
The Power of the Drum à Escola Canto da Maia, onde construiu um espetáculo
com 50 participantes. A iniciativa foi possível devido à doação de
instrumentos por empresas de percussão, como a Latin Percussion, TOCA,
EVANS e a Fender Corporation.
2012 trouxe nova vida ao The Power of the Drum nos Açores, devido
à ajuda local de professores e artistas, que, em conjunto, criaram uma
cooperativa: a Michael Wimberly Cooperative ‘Together with Music’.
A cooperativa tem ainda a ambição de estender a sua ação a outros
territórios do globo.
Também em 2012, o POD acompanha o festival Jazzores às escolas públicas
com ensino de música, nas ilhas Graciosa, Pico e Faial.
Atualmente, o POD faz residências em Nova Iorque, Yakima, Washington,
Barcelona e Açores.
Oficina com Sabir Mateen e Raymond King
São múltiplos os significados da palavra improvisação: o músico pensa-a,
estuda-a e pratica-a como essência de uma expressão. Existe
a improvisação do jazz tradicional que se constrói e desenvolve a partir
duma estrutura, de regras harmónicas e melódicas; há aquela que justifica
a palavra “free” em frente do “jazz”, que quebra as regras, as formas e
os modelos, que permite a todos os músicos serem solistas acabando com
as hierarquias musicais; há a improvisação livre que chega à essência
sonora, explora, vai além dos limites e aniquila o ego.
Todas estas práticas serão discutidas, refletidas e desenvolvidas no
workshop orientado pelo saxofonista Sabir Mateen (sabirmateen.com)
e o Mestre Raymond King (piano). Esta oficina irá decorrer no auditório
do Conservatório Regional de Ponta Delgada nos dias 17 e 18 de Novembro.
As inscrições estarão abertas no Teatro Micaelense para todos os músicos
profissionais e amadores.
Gianna De Toni
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Organização Co-produção
Parceiros Institucionais
PRESIDÊNCIA DO GOVERNODireção Regional da Cultura
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