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Opiniões Artigos Charge #Ronaldo Editorial Expediente DIRETORIA OPERACIONAL Diretor de Redação Laurindo Ferreira Diretora Adjunta de Conteúdo Digital Maria Luíza Borges Diretor Comercial Vladimir Melo Diretora de Mercado Leitor e Op.Gráficas Verônica Barros Diretora Administrativo-Financeiro Luciane Sallas JACQUES RIBEMBOIM A verdade em xeque. Mas será que ela existe? O grego Carnéades respon- deria que não. São Tomás de Aquino, que sim. Descartes, con- forme o referencial, e os cubis- tas, conforme a perspectiva. Os franceses, sempre pródigos em relativizar, aplaudiram quando o alemão Einstein descobriu a re- latividade. E Goebbels martelou, até o fim, que uma mentira repe- tida mil vezes vale por uma ver- dade. Agora, deparamo-nos com uma proposta inovadora, formulada por Dilma Rousseff e um grupo de petistas ranhetos. Para eles, “impeachment é golpe”! Escrito assim, com excla- mação, na forma de slogan. Em decorrência, eu precisaria urgen- temente me reconhecer como golpista. E aceitar que minha tia também o seja. Meus vizinhos se- riam todos, assim como minha diarista e o zelador do prédio. Os colegas de trabalho, quase to- dos, golpistas. E golpistas se- riam os goleiros do Sport, Náuti- co e Santa Cruz. Afinal, como justificar a destituição de uma presidente eleita democratica- mente, com o voto da maioria da população brasileira? Maioria da população? Nada disso. Dilma foi sufragada no se- gundo turno, em 2014, com 51,6% dos votos válidos, prove- nientes de 54,5 milhões de eleito- res. Isso corresponde a um quar- to da população total; a 38% dos eleitores registrados e a 48,4% dos eleitores que compa- receram às urnas. Somando-se os votos nulos, em branco ou destinados a Aécio Neves, o to- tal é aproximadamente de 51,6%. Como se vê, a maioria dis- se “não” a Dilma. Aqui no Brasil, na seara das verdades e mentiras, há uma no- va gradação: 1 - a verdade (sem- pre relativa); 2 - a meia-verdade (ou meia-mentira, a depender do advogado); 3 - a verdade en- contrada na internet (geralmen- te mentira); 4. a mentira (refu- tável à Popper); 5 - a mentira ca- beluda (que nem precisa ser re- futada) e, finalmente, 6 - a men- tira cabulosa (categoria espe- cial, criada exclusivamente para o lema “impeachment é gol- pe!”). O mantra petista é cabuloso, sim. Porque fadiga os ouvidos, ameaça a inteligência e intimida os amigos. E, mais que tudo, ofende a memória. Jacques Ribemboim, economista ambiental e engenheiro de petróleo. Editor de Abertura Diogo Menezes [email protected] (81) 3413.6416 Editor de Fechamento Rafael Carvalheira [email protected] (81) 3413.6482 Editor de Artes Bruno Falcone Stamford [email protected] (81) 3413.6189 Editor de Fotografia Arnaldo Carvalho [email protected] (81) 3413.6177 Editor de Cidades André Malagueta Galvão [email protected] (81) 3413.6187 Editor de Economia Saulo Moreira [email protected] (81) 3413.6186 Editor de Política Gilvan Oliveira [email protected] (81) 3413.6182 Editor de Esportes Eduardo de Azevedo [email protected] (81) 3413.6188 Editor de Cultura Marcelo Pereira [email protected] (81) 3413.6180 DIRETORIA Presidente João Carlos Paes Mendonça Vice-Presidente Jaime de Queiroz Lima Filho COMITÊ DE CONTEÚDO DO SJCC Ivanildo Sampaio (Coordenador) Eduardo Lemos Beatriz Ivo Lúcia Pontes ASSINATURAS Diária anual R$ 782,00 - Grande Recife R$ 750,00 - Interior s/ classificados Diária semestral R$ 391,00- Grande Recife R$ 375,00 - Interior s/ classificados Fins de semana anual R$ 260,00 - Grande Recife R$ 249,00 - Interior s/ classificados Os exemplares do Jornal do Commercio de venda avulsa não são comercializados diretamente ao público. Neste caso, a venda é feita por bancas de terceiros devidamente autorizados pelas prefeituras, agentes autônomos e representantes comerciais credenciados (pessoas jurídicas), que adquirem o jornal para revenda ao público. As assinaturas, com entrega domiciliar, são vendidas por representantes autônomos, empresas prestadoras de serviço e funcionários da Editora Jornal do Commercio. REDAÇÃO DO JC EDITORES ASSISTENTES Betânia Santana Mona Lisa Dourado Leonardo Spinelli Marcos Leandro Flávia de Gusmão Fabiana Martins Karla Tenório Heudes Régis VENDA AVULSA Semanal Pernambuco - R$ 2,00 Outros Estados - R$ 5,00 Domingos Pernambuco - R$ 3,00 Outros Estados - R$ 6,00 Exemplares atrasados Pernambuco - R$ 6,00 Outros Estados - R$ 6,00 MERCADO NACIONAL Engenho de Mídia Recife (81) 3126.8181 São Paulo (11) 3854.9030 Brasília (61) 3328.5683 Rio de Janeiro (21) 2213.0904 www.engenhodemidia.com.br IMPOSTOS Carga tributária (de produtos e serviços aos consumidores) aproximada: 3,65% JOÃO REGIS N ão bastassem as epide- mias, em 2016, de den- gue, chicungunha e zi- ka, aparece de modo antecipado o surto de gripe, com presença marcante do vírus influenza A(H1N1). Prevalece no Sudeste: 80% dos casos graves, epicentro em São Paulo até o inicio de abril. Tenta-se explicar pela bai- xa cobertura vacinal do ano pas- sado e contágio de brasileiros no exterior. A gripe foi descrita pela primeira vez por Hipócrates, em Atenas em 412 a.C. Nos últimos 400 anos inúme- ras epidemias assolaram o mun- do, principalmente as pande- mias, como a gripe espanhola, pelo A(H1N1) de 1918, a maior da humanidade, com 50 milhões de mortes. Mais de 200 cepas de ví- rus atacam, ora produzindo qua- dros mais leves, os resfriados, ora quadros mais sérios, as gri- pes ou influenza –- palavra italia- na utilizada nos primórdios para atribuir à sua origem a influência dos astros. Os resfriados são comumente produzidos pelos rinovírus e as gripes pelos vírus influenza A, B e C, sendo o A responsável pela maioria de casos e os mais gra- ves. As gripes apresentam sinto- mas acentuados, febre elevada e dores intensas pelo corpo, que podem se agravar com cansaço e falta de ar, caracterizando a Sín- drome Respiratória Aguda Grave (SRAG). As epidemias sazonais ocorrem no outono e inverno, quando as pessoas ficam mais confinadas – no Brasil, de maio a julho. Têm atingido atualmente menos pessoas, pelo uso de vaci- nas. Antes acometiam de 5 a 15% da população mundial, com 250 mil a 500 mil mortes/ano. Esses surtos estão mais diretamente re- lacionados às pequenas mudan- ças genéticas dos vírus, o que obriga a novas formulações de vacinas a cada ano. As vacinas dão proteção em torno de 60% e quando se consegue cobertura em torno de 80%, com reações mínimas, são capazes de reduzir de 39 a 75% a mortalidade. Pesquisadores buscam produ- zir vacina universal para prote- ger de qualquer vírus influenza. Para evitar disseminação, vale la- var as mãos com sabão e não es- pirrar no meio ambiente. Diante da SRAG, há necessidade de cui- dados médicos e uso do antiviral Oseltamir. João Regis é médico infectologista (AMB/SBP) e membro da Academia Brasileira de Pediatria SÉRGIO GONDIM E screvo assim mesmo, com o “Dr” antes, pois nunca consegui chamá- lo de Paulo. Foi meu professor e tive com ele uma só aula em to- do o curso de medicina: síndro- me nefrótico. Já na vida, eu não conto quantas. Coisas da univer- sidade! Por estranho que pare- ça, depois que saiu da faculdade foi que mais ensinou. Não tive o privilégio de frequentar as suas reuniões clínicas, mas quem as frequentou incorporou algo da maneira Paulo Meireles de ser médico. Nunca entendi a aten- ção que sempre teve comigo, o carinho até. Explicava e ouvia, me tratando como igual, desde sempre, mesmo estando anos- luz à frente. Pouca convivência, mas muita presença, pairando pelos ares no seu aviãozinho e por telepatia, só pode! Não é incomum que pacien- tes com sintomas mais difíceis de diagnosticar busquem a aju- da de mais de um médico e esti- vemos juntos em vários deles, assim como muitos outros médi- cos da cidade com quem deba- tia no melhor interesse dos pa- cientes. Às vezes os clientes nem sabiam que estávamos em contato, trocando ideias e insti- gando o raciocínio clínico um do outro. Lembro-me de um ca- so em que concluímos tratar-se de uma doença rara. Seguimos uma linha de raciocínio seme- lhante, mas a diferença foi o fa- to dele ter encerrado a sua análi- se por volta das 3 horas da ma- drugada, depois de revisar a lite- ratura e perder o sono, como me confessou, excitado. Naquela al- tura já estava com pouco mais de 80 anos, com o entusiasmo, a vibração e a energia que não se vê hoje em dia em ninguém de 30. Era um menino no físico, na terra e no ar. Exemplo maior da elegância que conta, aquela da simplicidade, da gentileza, da educação, da competência, essa sim uma grife, a grife Dr. Paulo Meireles. Agora, quietinho, não haverá de estar, perdendo tempo certa- mente que não, nem falando mal da vida. Estará estudando o ambiente e indagando os por- quês, estará querendo saber o que é, como é e o que precisa ser feito para facilitar o acesso dos demais, quando chegar a hora. Deve estar acendendo as luzes do caminho. Dr. Paulo, tendo uma chance, continue iluminando este mun- do. Sérgio Gondim é médico Um golpe da democracia E nquanto cresce a insatisfação po- pular com seu governo, o presi- dente Nicolás Maduro não hesita em seguir a rota da insensatez no coman- do da Venezuela. Nos últimos dias, com o aumento das manifestações de oposi- ção pelo país, pedindo inclusive o encur- tamento do mandato presidencial, o su- cessor de Hugo Chávez ameaçou elevar o nível do estado de emergência que já foi decretado em território venezuelano. O “estado de exceção e emergência eco- nômica” foi decretado na sexta-feira pas- sada, com duração prevista de 60 dias, aumentando os poderes presidenciais para tomar decisões sobre as áreas de se- gurança, energia e distribuição de ali- mentos. Estas áreas refletem a crise en- frentada por um povo a cada dia mais submetido ao descontrole da violência, à falta de energia elétrica e ao desabaste- cimento dos supermercados. O novo recurso de força contra os des- contentes pode ser a adoção de um de- creto de “comoção interna” para lidar com os “atos golpistas violentos”, segun- do Maduro. A contradição da reação vio- lenta não incomoda o presidente vene- zuelano, que se diz pronto para “lutar pe- la paz e pela segurança” do país. A restri- ção de liberdades que pode emergir daí pretende abafar os levantes e calar as vo- zes daqueles que pregam um referendo para revogar o mandato de Maduro e afastá-lo da presidência. Protestos recen- tes em pelo menos vinte cidades termina- ram em confrontos e vários manifestan- tes detidos. Sem ter como explicar à população as razões pela crise por que atravessa a Ve- nezuela, Nicolás Maduro recorre à estra- tégia – tão usada por Chávez – de apon- tar os Estados Unidos como causa da des- graça que aflige os venezuelanos. O últi- mo lance dessa tática diversionista foi anunciar um protesto diplomático con- tra a suposta “entrada ilegal com objeti- vos de espionagem não usuais” de um avião militar norte-americano no espaço aéreo de seu país. O imperialismo ianque, como era cha- mado, continua o grande inimigo dos “governos populares” como o da Vene- zuela. Para expressar seu repúdio ao pro- cesso de impeachment em curso no Bra- sil, denominado por Maduro de “golpe de estado parlamentar”, o presidente dos venezuelanos afirmou com todas as letras que o impedimento de Dilma Rous- seff “faz parte da ofensiva imperialista para acabar com os governos populares e implementar outra vez seu modelo neo- liberal repressivo”. A pérola de retórica populista foi lembrada pelo economista e consultor Sérgio Buarque, no artigo Golpe na Diplomacia, publicado ontem no JC. A possibilidade de piora das condi- ções políticas da tirania bolivariana na Venezuela, com a ativação da “comoção interna”, afronta a democracia em todo o continente latino-americano. O longo tempo de trevas que vem desde Hugo Chávez resulta numa economia destroça- da, em ruínas, que levará tempo para sair da escuridão. Em comparação com a tragédia venezuelana, a crise brasileira, em que pesem o drama econômico e o pastelão político, está longe dos patama- res obscuros da pátria de Maduro. Noticiário nacional Agência Estado (AE), Agência Globo (AG), Folhapress Noticiário internacional Agência France Presse (AFP) Central de atendimento ao leitor Grande Recife: 3413.6100 Interior e outros Estados: 0800-081-5100 Horários 6h30 às 18h30 - 2ª a 6ª feira 6h30 às 11h30 - Sábados, domingos e feriados e-mail: [email protected] Endereço Rua da Fundição, 257 - Santo Amaro Recife - PE CEP: 50.040.100 Pabx: 3413.6110 Redação: 3413.6174 Fax: 3413.6430 Nos últimos 400 anos, inúmeras epidemias assolaram o mundo Gripe/Influenza A (H1N1) Depois que saiu da faculdade, foi que mais ensinou Dr. Paulo Meireles Agora, deparamo-nos com uma proposta inovadora Trevas na Venezuela JC 12 Jornal do Commercio Recife, 20 de maio de 2016 sexta-feira

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Opiniões

Artigos Charge #Ronaldo

Editorial

ExpedienteDIRETORIA OPERACIONAL

Diretor de RedaçãoLaurindo FerreiraDiretora Adjunta de Conteúdo DigitalMaria Luíza BorgesDiretor ComercialVladimir MeloDiretora de Mercado Leitor e Op.GráficasVerônica BarrosDiretora Administrativo-FinanceiroLuciane Sallas

JACQUES RIBEMBOIM

A verdade em xeque. Masserá que ela existe? Ogrego Carnéades respon-

deria que não. São Tomás deAquino, que sim. Descartes, con-forme o referencial, e os cubis-tas, conforme a perspectiva. Osfranceses, sempre pródigos emrelativizar, aplaudiram quandoo alemão Einstein descobriu a re-latividade. E Goebbels martelou,até o fim, que uma mentira repe-tida mil vezes vale por uma ver-dade. Agora, deparamo-noscom uma proposta inovadora,formulada por Dilma Rousseff eum grupo de petistas ranhetos.

Para eles, “impeachment égolpe”! Escrito assim, com excla-mação, na forma de slogan. Emdecorrência, eu precisaria urgen-temente me reconhecer comogolpista. E aceitar que minha tiatambém o seja. Meus vizinhos se-riam todos, assim como minhadiarista e o zelador do prédio.Os colegas de trabalho, quase to-

dos, golpistas. E golpistas se-riam os goleiros do Sport, Náuti-co e Santa Cruz. Afinal, comojustificar a destituição de umapresidente eleita democratica-mente, com o voto da maioriada população brasileira?

Maioria da população? Nadadisso. Dilma foi sufragada no se-gundo turno, em 2014, com51,6% dos votos válidos, prove-nientes de 54,5 milhões de eleito-res. Isso corresponde a um quar-to da população total; a 38%dos eleitores registrados e a48,4% dos eleitores que compa-receram às urnas. Somando-se

os votos nulos, em branco oudestinados a Aécio Neves, o to-tal é aproximadamente de51,6%. Como se vê, a maioria dis-se “não” a Dilma.

Aqui no Brasil, na seara dasverdades e mentiras, há uma no-va gradação: 1 - a verdade (sem-pre relativa); 2 - a meia-verdade(ou meia-mentira, a dependerdo advogado); 3 - a verdade en-contrada na internet (geralmen-te mentira); 4. a mentira (refu-tável à Popper); 5 - a mentira ca-beluda (que nem precisa ser re-futada) e, finalmente, 6 - a men-tira cabulosa (categoria espe-cial, criada exclusivamente parao lema “impeachment é gol-pe!”).

O mantra petista é cabuloso,sim. Porque fadiga os ouvidos,ameaça a inteligência e intimidaos amigos. E, mais que tudo,ofende a memória.

● Jacques Ribemboim,economista ambiental eengenheiro de petróleo.

Editor de AberturaDiogo [email protected](81) 3413.6416

Editor de FechamentoRafael [email protected](81) 3413.6482

Editor de ArtesBruno Falcone [email protected](81) 3413.6189

Editor de FotografiaArnaldo [email protected](81) 3413.6177

Editor de CidadesAndré Malagueta Galvã[email protected](81) 3413.6187

Editor de EconomiaSaulo [email protected](81) 3413.6186

Editor de PolíticaGilvan [email protected](81) 3413.6182

Editor de EsportesEduardo de [email protected](81) 3413.6188

Editor de CulturaMarcelo [email protected](81) 3413.6180

DIRETORIA

PresidenteJoão Carlos Paes MendonçaVice-PresidenteJaime de Queiroz Lima Filho

COMITÊ DE CONTEÚDO DO SJCC

Ivanildo Sampaio (Coordenador)Eduardo LemosBeatriz IvoLúcia Pontes

ASSINATURAS

Diária anualR$ 782,00 - Grande RecifeR$ 750,00 - Interior s/ classificadosDiária semestralR$ 391,00- Grande RecifeR$ 375,00 - Interior s/ classificadosFins de semana anualR$ 260,00 - Grande RecifeR$ 249,00 - Interior s/ classificados

Os exemplares do Jornal do Commerciode venda avulsa não são comercializadosdiretamente ao público. Neste caso, avenda é feita por bancas de terceirosdevidamente autorizados pelasprefeituras, agentes autônomos erepresentantes comerciais credenciados(pessoas jurídicas), que adquirem o jornalpara revenda ao público. As assinaturas,com entrega domiciliar, são vendidas porrepresentantes autônomos, empresasprestadoras de serviço e funcionários daEditora Jornal do Commercio.

REDAÇÃO DO JC

EDITORES ASSISTENTES

Betânia SantanaMona Lisa Dourado

Leonardo SpinelliMarcos LeandroFlávia de Gusmão

Fabiana MartinsKarla TenórioHeudes Régis

VENDA AVULSA

SemanalPernambuco - R$ 2,00Outros Estados - R$ 5,00DomingosPernambuco - R$ 3,00Outros Estados - R$ 6,00Exemplares atrasadosPernambuco - R$ 6,00Outros Estados - R$ 6,00

MERCADO NACIONALEngenho de MídiaRecife (81) 3126.8181São Paulo (11) 3854.9030Brasília (61) 3328.5683Rio de Janeiro (21) 2213.0904www.engenhodemidia.com.br

IMPOSTOSCarga tributária (de produtos eserviços aos consumidores)aproximada: 3,65%

JOÃO REGIS

N ão bastassem as epide-mias, em 2016, de den-gue, chicungunha e zi-

ka, aparece de modo antecipadoo surto de gripe, com presençamarcante do vírus influenzaA(H1N1). Prevalece no Sudeste:80% dos casos graves, epicentroem São Paulo até o inicio deabril. Tenta-se explicar pela bai-xa cobertura vacinal do ano pas-sado e contágio de brasileiros noexterior. A gripe foi descrita pelaprimeira vez por Hipócrates, emAtenas em 412 a.C.

Nos últimos 400 anos inúme-ras epidemias assolaram o mun-do, principalmente as pande-mias, como a gripe espanhola,pelo A(H1N1) de 1918, a maior dahumanidade, com 50 milhões demortes. Mais de 200 cepas de ví-rus atacam, ora produzindo qua-dros mais leves, os resfriados,ora quadros mais sérios, as gri-pes ou influenza –- palavra italia-na utilizada nos primórdios para

atribuir à sua origem a influênciados astros.

Os resfriados são comumenteproduzidos pelos rinovírus e asgripes pelos vírus influenza A, Be C, sendo o A responsável pelamaioria de casos e os mais gra-ves. As gripes apresentam sinto-mas acentuados, febre elevada edores intensas pelo corpo, quepodem se agravar com cansaço efalta de ar, caracterizando a Sín-drome Respiratória Aguda Grave(SRAG). As epidemias sazonaisocorrem no outono e inverno,quando as pessoas ficam maisconfinadas – no Brasil, de maio a

julho. Têm atingido atualmentemenos pessoas, pelo uso de vaci-nas. Antes acometiam de 5 a 15%da população mundial, com 250mil a 500 mil mortes/ano. Essessurtos estão mais diretamente re-lacionados às pequenas mudan-ças genéticas dos vírus, o queobriga a novas formulações devacinas a cada ano. As vacinasdão proteção em torno de 60% equando se consegue coberturaem torno de 80%, com reaçõesmínimas, são capazes de reduzirde 39 a 75% a mortalidade.

Pesquisadores buscam produ-zir vacina universal para prote-ger de qualquer vírus influenza.Para evitar disseminação, vale la-var as mãos com sabão e não es-pirrar no meio ambiente. Dianteda SRAG, há necessidade de cui-dados médicos e uso do antiviralOseltamir.

● João Regis é médicoinfectologista (AMB/SBP) emembro da Academia Brasileira dePediatria

SÉRGIO GONDIM

E screvo assim mesmo,com o “Dr” antes, poisnunca consegui chamá-

lo de Paulo. Foi meu professor etive com ele uma só aula em to-do o curso de medicina: síndro-me nefrótico. Já na vida, eu nãoconto quantas. Coisas da univer-sidade! Por estranho que pare-ça, depois que saiu da faculdadefoi que mais ensinou. Não tive oprivilégio de frequentar as suasreuniões clínicas, mas quem asfrequentou incorporou algo damaneira Paulo Meireles de sermédico. Nunca entendi a aten-ção que sempre teve comigo, ocarinho até. Explicava e ouvia,me tratando como igual, desdesempre, mesmo estando anos-luz à frente. Pouca convivência,mas muita presença, pairandopelos ares no seu aviãozinho epor telepatia, só pode!

Não é incomum que pacien-tes com sintomas mais difíceisde diagnosticar busquem a aju-

da de mais de um médico e esti-vemos juntos em vários deles,assim como muitos outros médi-cos da cidade com quem deba-tia no melhor interesse dos pa-cientes. Às vezes os clientesnem sabiam que estávamos emcontato, trocando ideias e insti-gando o raciocínio clínico umdo outro. Lembro-me de um ca-so em que concluímos tratar-sede uma doença rara. Seguimosuma linha de raciocínio seme-lhante, mas a diferença foi o fa-to dele ter encerrado a sua análi-se por volta das 3 horas da ma-drugada, depois de revisar a lite-

ratura e perder o sono, como meconfessou, excitado. Naquela al-tura já estava com pouco maisde 80 anos, com o entusiasmo, avibração e a energia que não sevê hoje em dia em ninguém de30. Era um menino no físico, naterra e no ar. Exemplo maior daelegância que conta, aquela dasimplicidade, da gentileza, daeducação, da competência, essasim uma grife, a grife Dr. PauloMeireles.

Agora, quietinho, não haveráde estar, perdendo tempo certa-mente que não, nem falandomal da vida. Estará estudando oambiente e indagando os por-quês, estará querendo saber oque é, como é e o que precisa serfeito para facilitar o acesso dosdemais, quando chegar a hora.Deve estar acendendo as luzesdo caminho.

Dr. Paulo, tendo uma chance,continue iluminando este mun-do.

● Sérgio Gondim é médico

Um golpe da democracia

E nquanto cresce a insatisfação po-pular com seu governo, o presi-dente Nicolás Maduro não hesita

em seguir a rota da insensatez no coman-do da Venezuela. Nos últimos dias, como aumento das manifestações de oposi-ção pelo país, pedindo inclusive o encur-tamento do mandato presidencial, o su-cessor de Hugo Chávez ameaçou elevaro nível do estado de emergência que jáfoi decretado em território venezuelano.O “estado de exceção e emergência eco-nômica” foi decretado na sexta-feira pas-sada, com duração prevista de 60 dias,

aumentando os poderes presidenciaispara tomar decisões sobre as áreas de se-gurança, energia e distribuição de ali-mentos. Estas áreas refletem a crise en-frentada por um povo a cada dia maissubmetido ao descontrole da violência,à falta de energia elétrica e ao desabaste-cimento dos supermercados.

O novo recurso de força contra os des-contentes pode ser a adoção de um de-creto de “comoção interna” para lidarcom os “atos golpistas violentos”, segun-do Maduro. A contradição da reação vio-lenta não incomoda o presidente vene-

zuelano, que se diz pronto para “lutar pe-la paz e pela segurança” do país. A restri-ção de liberdades que pode emergir daípretende abafar os levantes e calar as vo-zes daqueles que pregam um referendopara revogar o mandato de Maduro eafastá-lo da presidência. Protestos recen-tes em pelo menos vinte cidades termina-ram em confrontos e vários manifestan-tes detidos.

Sem ter como explicar à população asrazões pela crise por que atravessa a Ve-nezuela, Nicolás Maduro recorre à estra-tégia – tão usada por Chávez – de apon-

tar os Estados Unidos como causa da des-graça que aflige os venezuelanos. O últi-mo lance dessa tática diversionista foianunciar um protesto diplomático con-tra a suposta “entrada ilegal com objeti-vos de espionagem não usuais” de umavião militar norte-americano no espaçoaéreo de seu país.

O imperialismo ianque, como era cha-mado, continua o grande inimigo dos“governos populares” como o da Vene-zuela. Para expressar seu repúdio ao pro-cesso de impeachment em curso no Bra-sil, denominado por Maduro de “golpede estado parlamentar”, o presidentedos venezuelanos afirmou com todas asletras que o impedimento de Dilma Rous-seff “faz parte da ofensiva imperialistapara acabar com os governos populares

e implementar outra vez seu modelo neo-liberal repressivo”. A pérola de retóricapopulista foi lembrada pelo economistae consultor Sérgio Buarque, no artigoGolpe na Diplomacia, publicado ontemno JC.

A possibilidade de piora das condi-ções políticas da tirania bolivariana naVenezuela, com a ativação da “comoçãointerna”, afronta a democracia em todoo continente latino-americano. O longotempo de trevas que vem desde HugoChávez resulta numa economia destroça-da, em ruínas, que levará tempo parasair da escuridão. Em comparação com atragédia venezuelana, a crise brasileira,em que pesem o drama econômico e opastelão político, está longe dos patama-res obscuros da pátria de Maduro.

Noticiário nacionalAgência Estado (AE),Agência Globo (AG), FolhapressNoticiário internacionalAgência France Presse (AFP)Central de atendimento ao leitorGrande Recife: 3413.6100Interior e outros Estados:0800-081-5100Horários6h30 às 18h30 - 2ª a 6ª feira6h30 às 11h30 - Sábados, domingos e feriadose-mail: [email protected]çoRua da Fundição, 257 - Santo Amaro Recife - PECEP: 50.040.100Pabx: 3413.6110Redação: 3413.6174 Fax: 3413.6430

Nos últimos 400anos, inúmerasepidemiasassolaram o mundo

Gripe/Influenza A (H1N1)

Depois que saiuda faculdade,foi que maisensinou

Dr. Paulo Meireles

Agora,deparamo-noscom uma propostainovadora

Trevas na Venezuela

JC12 Jornal do Commercio Recife, 20 de maio de 2016 sexta-feira