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Jáder Borges Filho

Uma abordagem bíblica e teológica sobre as afi rmações de Don Piper em seu livro “90 Minutos no Céu”.

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Autor: Jader Borges Filho

Revisão: Sérgio Homeni, Ione Haake, Célia Korzanowski, Arthur Reinke

Edição: Arthur ReinkeCapa e Layout: Roberto Reinke

Passagens da Escritura segundo a versão Almeida Revisada e Atu-alizada SBB (ARA), exceto quando indicado em contrário: Nova Versão Internacional (NVI), Almeida Corrigida e Revisada Fiel

(ACF), ou Almeida Revista e Corrigida (ARC).

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO DA PUBLICAÇÃO (CIP)

(Bibliotecária responsável: Nádia Tanaka – CRB 10/855)

B732e Borges Filho, JáderEste homem não esteve 90 minutos no céu / Jáder Borges Filho.

– Porto Alegre : Actual Edições, c2011.80 p. ; 13,5x19,5 cm.

ISBN 978-85-7720-066-5

1. Morte. 2. Paraíso. I. Título.

CDU 236.1CDD 236.1

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Na verdade, se você solicitar a seus amigos e vizinhos incrédulos para descreverem o céu, eles

provavelmente criarão um lugar muito parecido com isso que Don Piper descreveu.

*

“O Céu! Que é o Céu? Bem, esse é um dos principais temas das Escrituras.

O Céu é mencionado por nada menos que quinhentas e cinquenta vezes nas Escrituras somente

por esse nome” – D. James Kennedy

*

Parece que o céu de Don Piper é um paraíso onde estamos satisfeitos sem Cristo.

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Ao querido casal Haroldo e Débora Reimer, com quem tenho aprendido bastante ao longo

desses 30 anos de amizade.

Haroldo, muito obrigado por seu exemplo de vida e de fé. Grato por você ser fi el na pregação sobre Jesus Cristo e sobre o Céu e incentivar-me

sempre a seguir por este mesmo caminho.

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ÍNDICE

1. John, Don e Quem Tem o Dom? .............................................92. O Dia em Que Don Morreu e Foi Para o Céu. Para Onde? ...133. Por Que Não Quero ir Para o Céu de Don Piper? .................274. Não é Possível Ir e Voltar, Don. .............................................335. O Dia em Que Rafaella Partiu Para Estar Com o Senhor. ....436. Testemunhos no Leito da Morte ............................................47

Epílogo ........................................................................................51Apêndice: A Vida do Além: O Que a Bíblia Diz Sobre o Céu ......63

Notas ..........................................................................................75

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JOHN, DON E QUEM TEM O DOM?

João é um nome que todos conhecemos, gostamos e guardamos facilmente na memória. É nome “antigo” (mui-tos de nós têm um tio-avô, um vizinho à moda antiga a quem chamávamos carinhosamente de “tio João” ou “seu” João) e é um nome novo, principalmente combinado ou composto, tipo João Vitor, João Pedro, João Felipe... João é um nome que nos soa bem e só não é mais popular do que “José”.

No inglês é John. E tantos na América do Norte e na Europa de fala inglesa são chamados assim, que até para quem não fala inglês, mas acaba de conhecer um estrangeiro com este nome, não tem difi culdade em pronunciar John.

Se considerarmos o mais famoso e popular dos Evangelhos, que é o de João (ou, The Gospel of John, em inglês), então, defi nitivamente, não temos difi culdade com o nome João ou John. Outros foram heróis da fé com este nome: João Calvino, João Wesley, só para citarmos dois. E atualmente temos um autor norte-americano, que há tempos vem nos abençoando e edifi cando com seus escritos e ser-mões. Refi ro-me a John Piper, um pastor batista, residente em

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Minneapolis (EUA), nascido em 1946 e autor de mais de 30 livros, muitos deles traduzidos para o nosso idioma.

Recentemente, apareceu Don Piper. Nós nunca havíamos ouvido falar dele. Agora, depois do estrondoso sucesso do seu livro nós ouviremos falar bastante ou nele, ou sobre o livro que escreveu, intitulado: “90 minutos no Céu”,1 sucesso de vendas nos Estados Unidos e não demorará muito também o será por aqui, seguindo os passos de livros como “A Cabana” entre outros. “90 Minutos no Céu” deverá ultrapassar rapida-mente a barreira dos 2 milhões de cópias vendidas na América do Norte.

Que coincidência: John Piper e Don Piper. Eles não são parentes. São pastores e se identifi cam com a denominação Batista. E as coincidências param exatamente aqui: nos no-mes parecidos. Eles têm propósitos bem diferentes. Um, quer mostrar Cristo ao mundo e já deixou isto bem claro (John Piper). O outro, bem, penso que o outro quer mais é aparecer e enriquecer. E, às custas de gente curiosa, está conseguindo. Entrando nos sites dos dois, já notamos grandes diferenças. No de John, vemos a ênfase na pregação do Evangelho e na cruz de Cristo. No de Don, bem, a ênfase é ele mesmo, Don. O setor de vendas do site de Don Piper vende de tudo e parece querer lucrar bastante com o Céu, aqui na terra.

John Piper fala sobre a salvação e o caminho da santi-fi cação. Don fala de experiências, sentimentalismos e emo-cionalismo. E logo fi ca claro que o Céu que os dois pregam ou enfatizam, não é o mesmo. Um é o Céu da Bíblia; o Céu da Palavra de Deus; o Céu de acordo com o Evangelho de João, que está na Bíblia, e de toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. O Céu de Don Piper é outro céu: da fi cção hollywoodiana e dos fogos de artifícios, dos portões doura-dos, só faltando anjinhos tocando harpas o dia todo. No Céu de John Piper nós podemos confi ar e esperar por uma nova existência com o Senhor, onde habita justiça. John Piper nos ensina sempre como podemos entrar no Céu. No Céu de Don Piper, nós conseguimos chegar apenas até o portão... e voltar.

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Costumou-se usar a palavra “DOM”, (uma boa tradução para “dom”, com a letra “M” no fi nal, seria “presente”) para destacar muitas coisas que vão além do explicitado e de seu uso na Palavra de Deus. Assim, para quem canta bonito e tem uma bela voz, afi rma-se que aquele “tem o dom” de cantar; para quem pinta quadros, recita poesias, toca algum instrumento, etc., convencionou-se usar a palavra “dom” para enaltecer a qualidade e especialidade diferenciada que a pessoa tem naquela área. Até para o mundo das vendas passou-se a se utilizar a palavra “dom”: “Fulano tem o dom de vendedor”.

DOM, na Bíblia, é um presente de Deus, que o Senhor dá àqueles que Ele quer dar, visando um fi m proveitoso para o Corpo de Cristo, para o povo de Deus, para a Igreja. E os dons de Deus têm um fi m, uma fi nalidade que é edifi car a gente,2 e não confundir ou iludir, mas edifi car e ajudar no crescimento da fé, da esperança e do amor. John Piper tem dons dados por Deus. Tem o dom da palavra, tem o dom do ensino, o dom da misericórdia, entre outros, e todos esses são dons bíblicos. Já o dom de Don eu não sei mesmo qual é. Vai ver que ele tem o “dom de ganhar dinheiro” ou o “dom de escrever fantasias” e esses, convenhamos, não são dons bíblicos. E se não são, não edifi cam. E o que não edifi ca, mas confunde, desvia e desvir-tua, não deve ser procurado pelo povo de Deus. As “crianci-nhas na fé” gostam de mágicas e de coisas impressionantes, como qualquer criancinha pequena. E o incentivo bíblico é que não sejamos e nem ajamos como tais, na fé, correndo agi-tados como meninos que se cansam, fatigam e se iludem – al-guns até se machucam feio – correndo atrás de uma pipa des-vairada e varrida pelo vento para bem longe.3 Ventos novos (ou velhos) de doutrinas espúrias são capazes de levar pipas para bem longe e, geralmente para locais perigosos (barran-cos, fi m de lajes, rede elétrica). Meninos e meninas agitados por qualquer vento de doutrina, vão atrás.

John e Don, nomes diferentes e sobrenomes iguais: “Piper”. Isso causa confusão e terá muita gente levando “Don”

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pensando que é texto (bom) do John, por isso: cuidado! O dom que vem de Deus é usado com responsabilidade, seriedade, é centrado totalmente nas Escrituras Sagradas, e não no senti-mentalismo barato e nas experiências pessoais de alguns.

Quem tem o dom da pregação e do ensino, geralmente faz três coisas com assuntos sérios, espirituais e eternos:

1) Inicia com a Bíblia, 2) segue o seu raciocínio e argumentação com a Bíblia e, 3) conclui a sua pregação e ensino com a Bíblia. Apresenta a Bíblia no começo, no meio e no fi m. E no

fi nal, Cristo sai glorifi cado e os crentes fi cam edifi cados. Agora, quem tem “o Don” de querer atrair pessoas para si, até pode parecer que começa com assuntos bíblicos e eternos, afi nal, quem não quer ir para o Céu? Quem não quer saber como é o Céu? Mas logo se vê que a estrutura do raciocínio e da argumentação também segue a linha de três pontos, mas é perigosa:

1) Começa com algo da Bíblia, 2) rapidamente sai da Bíblia e depois, 3) nunca mais retorna para a Bíblia. Então, esse “Don” é perigoso, pois não é bíblico. É só

parecido. Mas, no Reino de Deus e para a eternidade não vale o parecido, só vale o genuíno, E se alguém não prega ou es-creve o genuíno Evangelho da Graça de Deus e não ensina a sã doutrina, o que inclui o Céu, como a Palavra de Deus diz, que seja isso maldito (Gálatas 1.7,8).

O Céu que John Piper prega, ensina e pelo qual nos enco-raja a perseverar nesta vida, eu anelo. É bíblico. O Céu de Don Piper é pobre, fraco, muito simplista e é igualzinho ao céu do imaginário popular. E ainda nos deixa apenas no portão.

Este homem – Don Piper – nunca esteve 90 minutos no Céu. Ele não tem autoridade e consistência bíblicas nas suas argumentações para ser lido neste assunto e espero nas próxi-mas páginas deixar bem claro porque afi rmo isto.

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O DIA EM QUE DON MORREU E FOI PARA O CÉU. PARA ONDE?

Morri em 18 de Janeiro de 1989. Os paramédicos che-garam à cena do acidente em poucos minutos. Viram que eu não tinha pulso e me declararam morto. Cobriram o meu corpo de modo que os passantes não parassem para olhar enquanto eles cuidavam das pessoas feridas. Eu não ti-nha nenhuma consciência da presença dos paramédicos ou de qualquer outra pessoa que estivesse à minha volta. Imediatamente depois da minha morte, fui direto para o Céu. Enquanto eu estava no Céu, um pastor batista chegou à cena do acidente. Embora soubesse que eu estava morto, correu na direção do meu corpo sem vida e orou por mim. Apesar da zombaria dos técnicos da equipe de emergência, ele se recusava a parar de orar. Noventa minutos depois de ser declarado morto por aqueles técnicos, Deus ouviu a ora-ção daquele pastor. Voltei à terra. Essa é a minha história.

Assim está na contracapa do bestseller de Don Piper, com o endosso da Newsweek, renomada revista norte-americana

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informando e afi rmando que “90 minutos no Céu é uma histó-ria extraordinária”. E eu fi quei ali pensando depois de ter lido esta apresentação: “mas é mesmo!”

Surpreendeu-me, não foi o fato de Don lançar o seu livro-relato celestial, mas do pastor que dele se aproxi-mou, no momento imediato ao acidente e da constatação da sua morte, não ter lançado o seu: “Eu orei e Don res-suscitou!” Já pensou no tremendo sucesso que este livro também teria feito? Neste embalo, bem que um dos pa-ramédicos zombadores, enquanto o pastor orava, poderia seguir no rastro e lançar: “De zombador a crente. Eu fui o primeiro a tomar o pulso de Don e constatá-lo definitiva-mente morto”. E a equipe médica que o atendeu poderia ainda explorar o filão com o sensacional: “Depois dos 90 minutos, o jogo da vida não está perdido para você. Veja o que os monitores relataram e só nós ficamos sabendo!”. É, tem muita gente deixando de relatar, de escrever e de ser alçado à fama e ao status de celebridade. Só Don Piper está fazendo isso.

O que me deixou curioso antes de ler o livro “90 Minutos no Céu”, foi que Lázaro4 não fez isto. E olha que ele teria muito mais minutos no Céu para contar, afi nal, 4 dias dão um total de 5.760 minutos no Céu. E Lázaro ainda poderia se sair com esta: “E quem orou por mim não foi um pastor batista, metodista, ou presbiteriano. Foi o Filho de Deus em pessoa!” Nem o fi lho da viúva de Naim5 o fez. E nem o Espírito Santo de Deus o fez, pois é Ele o autor das Sagradas Escrituras. Se fosse necessário tal relato Ele, o Espírito, bem poderia ter colocado mais dois livros na Bíblia: “O Evangelho da morte para a vida, segundo Lázaro” e, “carta de um fi lho único que morreu, às viúvas desesperadas”. O Espírito de Deus não o fez. E Ele disse e deixou registrado tudo o que precisamos sa-ber sobre a segurança do crente em Cristo e de como vamos para o Céu para fi carmos lá para sempre, no que fi cou escrito e que conhecemos como a Palavra de Deus. Ela é sufi ciente e nos basta.6

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O que Don faz?

1. Ele não vai além do que muitos imaginam sobre o Céu.

Enquanto você lê estas linhas, está diante de um fenô-meno literário que já ultrapassou a marca de 1,6 milhão de cópias vendidas, podendo alcançar em breve os 2 milhões só nos Estados Unidos. E ao redor do mundo, ainda, quantas có-pias mais? Nos Estados Unidos o livro custa em média 15 dólares.7 Cerca de vinte e quatro milhões de dólares já foram movimentados neste vantajoso negócio, que como poderiam dizer certos comerciantes, “caiu do céu” para alguns.

O texto de Don e Cecil Murphey (co-autor e escritor pro-fi ssional de biografi as) não vai mesmo além de duas coisas:

a) Do imaginário popular coletivo daquilo que “se conhe-ce e se imagina” sobre o Céu, já tão cantado e ilustrado, e,

b) Nada do que o autor relata foge das Escrituras Sagradas nas descrições, ou seja: nada que a Bíblia não tenha dito e afi r-mado antes sobre o Céu. Sendo assim, quem precisa de “90 Minutos no Céu”, para ter ou renovar a esperança?

E uma coisa interessante: você não leva nem 90 minutos para ler os relatos que Don Piper conta sobre o Céu, sendo este o grande chamariz do seu livro! Na capa até se lê: “a Verdadeira História de alguém que conheceu o Paraíso e voltou para con-tar”. Mas apenas dois capítulos, dos dezoito que compõem o livro “descrevem o Céu”, somente 15 de 190 páginas abordam a sua experiência no Céu. Os 16 capítulos restantes falam bas-tante sobre as cirurgias, a recuperação, fi sioterapia, etc.

O Céu de Don Piper é um Céu repleto de gente querida e amiga. Ele é prontamente recebido por um “comitê de recep-ção de amigos e parentes queridos”, como costuma enfatizar. Um Céu com muita luz e com muitas cores, com muita músi-ca, mas sem Jesus. Don afi rma que chegou ao Céu e não viu Jesus, de jeito nenhum.8

Das canções que eu aprendi quando criança, já aqui na terra e em qualquer situação e circunstância que eu viesse

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a enfrentar, não importaria: “com Cristo ali, seria Céu para mim”,9 sim, já aqui na terra “seria Céu”, por causa da companhia de Jesus Cristo e da Sua soberana atuação na minha história e sobre qualquer ocorrência. Quanto mais o Céu? Nas narrações do Apocalipse que João vê, em todas Jesus está no centro, majestoso e glorioso, visível, ado-rado e louvado pelo que fez.10 O Céu que Don conta em limitados dois capítulos já foi cantado por muitos, há vá-rias décadas, como por exemplo, com o hino “Ali quero ir, e tu?”11

Jesus me falou dum formoso lugar; Ali quero ir, e tu?Aonde os salvos irão desfrutar; Ali quero ir, e tu?

Pois Jesus as mansões nos foi preparar;Ali quero ir, e tu? Aonde a morte não pode chegar; Ali quero ir, e tu?

No céu quero ver Jesus!As portas são jóias, o mar de cristal; Ali quero ir, e tu? É Cristo a luz do país celestial; Ali quero ir, e tu?

Os que lá vão entrar, jamais morrerão;Ali quero ir; e tu? Aonde termina a tribulação. Ali quero ir, e tu?

E quando navegue a nau de Sião, Ali quero ir; e tu? Ao dar-se à vela, pra essa mansão, Ali quero ir, e tu?

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...E quando os coros disserem: “Amém”. Ali quero ir, e tu?

2. Ele impressiona. E como! Faz afi rmações categóricas, todas elas sem dei-

xar dúvidas de que esteve mesmo no Céu, viu, sentiu, viven-ciou experiências indescritíveis e gozos; ouviu hinos e cânti-cos e disse ter tido as mais profundas experiências sensoriais que um ser humano seria capaz de ter no Céu. Não deixa dú-vidas e nem dubiedade em seu relato. Diz; “eu morri”; “eu fui ao Céu”. Durante os seus relatos de testemunhos em igrejas, lemos sobre pessoas formando fi las para falar com ele, para tirar dúvidas.

3. Ele emociona.O primeiro capítulo narra o fatídico acidente, quando em

uma ponte estreita e sob intensa chuva um caminhão enorme, de 18 pneus e dirigido por um presidiário que nem sequer ti-nha habilitação para tanto, passa por cima do seu Ford Scort. Don deixa esposa, fi lhos e uma igreja por cuidar. Vêm os pa-ramédicos e já atestam a sua morte. O acidente foi às 11h45 e seu corpo fi cou inerte enquanto as equipes trabalhavam até à sua remoção, às 13h15, quando mais uma vez procuraram-lhe o pulso, e nada sentiram. O estilo envolvente do escritor Cecil Murphey vai cativando e prendendo o leitor, preparando-o para “sentir” o Céu, o mais próximo que as palavras humanas possam tentar descrever o indescritível. O texto é feito para emocionar e apresenta lembranças de pessoas queridas que já partiram, deixando o leitor confortado por saber que o mesmo pode estar ocorrendo com os seus entes queridos, que também já partiram para a eternidade.

4. Ele confunde.Porém, na própria tentativa de narrar sobre o Céu, o que

vemos é um Don confuso e até certo ponto recorrendo a pala-vras ou idéias que a Bíblia não permite. Ele diz:

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“Não vi Deus. Embora soubesse que Deus estava lá, nunca vi nenhum tipo de imagem ou grande fulgor que in-dicasse a presença divina. Ouvi as pessoas falando sobre o movimento de entrada e saída do portão. Isso não aconteceu comigo”.12 O que ele quis dizer com este “movimento de en-trada e saída do portão?” Não lemos isto em parte alguma da Palavra de Deus.

Diz que quando morreu e foi para o Céu, ele foi recepcio-nado por gente salva, alegre e feliz por tê-lo ali, por vê-lo ali. A Palavra nada diz sobre um comitê de recepção, como Don afi rma, mas nos dá base para vermos Jesus recepcionando os Seus. Quando Estevão estava morrendo, ele disse estar vendo o Senhor Jesus de pé. Não um comitê, mas Jesus, na hora da sua morte e é a Ele que Estevão se dirige: “Senhor Jesus, re-cebe o meu espírito!” (ver Atos 7.55-59).

A ênfase do apóstolo João sobre o Céu, no Apocalipse, é Jesus, antes e acima de tudo e de todos. Na exaltação ao Cordeiro que foi morto, encontramos anjos, anciãos celestiais e seres viventes entoando louvores ao Senhor Jesus, pelo que Ele realizou no Calvário (ver Apocalipse 5.1-13). Só depois e mais adiante, em Apocalipse 7.9-10 é que são mencionados os glorifi cados, aqueles que foram salvos por Jesus, e que for-mavam uma multidão. No texto do Apocalipse os glorifi cados não aparecem primeiro. Não recepcionaram João e nem fo-ram mencionados pelo apóstolo, antes de Jesus Cristo.

As piores partes da narração de Don Piper sobre a sua estadia celestial são duas afi rmações impressionantes que ele faz. A primeira é quando diz que morre, vai para o Céu e que, chegando lá, ele não vê Jesus em hipótese alguma.13 Não é isso o que lemos na Palavra de Deus. Enfatizamos: morrer é partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente me-lhor (ver Filipenses 1.23). Paulo não faz afi rmações difusas e confusas nesta hora. O apóstolo faz uma afi rmação categórica a partir do momento em que se morre: partir para estar com Cristo! O tempo verbal é o presente e seu uso e sentido é afi rmativo: imediatamente. Cristo jamais deixaria um fi lho e

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servo Seu, esperando no portão e não vindo ao seu encontro, como acontece no Céu de Don.

A outra afi rmação perigosa, e que vai contra o que lemos nas Escrituras, é esta:

“...Quando fi quei de pé diante do portão, não pensei ime-diatamente nisso, mas depois percebi que não ouvira músi-cas que mencionassem a cruz ou a crucifi cação. Nenhum dos hinos que se espalhavam pelo ar falava do sacrifi co ou da morte de Jesus. Não ouvi canções com letras melancóli-cas e compreendi, por instinto, que não há música triste no Céu. Por que haveria? Todos os louvores falam sobre o rei-nado de Cristo, como Rei dos reis...”14

Don Piper diz que no seu Céu não se mencionou o sacri-fício que Cristo fez pra salvar e comprar os Seus, enquanto se canta e se louva. Não é o que lemos sobre o Céu da Bíblia. No livro do Apocalipse lemos várias vezes sobre o Cordeiro. Repetimos e enfatizamos isto. E “Cordeiro” signifi ca o quê? Lembra o quê? Alude a Quem, quando e onde? Signifi ca o Senhor Jesus, como sacrifício perfeito a Deus por nossos pe-cados na cruz do Calvário. Sim, o Cordeiro Santo que seria imolado por nós para limpar os nossos pecados e promover a reconciliação por Seu sangue:15

“Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; e, quando tomou o livro, os qua-tro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e

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de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sa-cerdotes; e reinarão sobre a terra. Vi e ouvi uma voz de mui-tos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milha-res, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viven-tes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se eadoraram” (Apocalipse 5.5-14).16

No Céu da Bíblia há – sim – cantos sobre o Cordeiro que foi morto e brados em grande voz sobre o Seu sacrifício, que se levantam, percorrendo e preenchendo tudo o que há. O Cordeiro que foi morto é a centralidade do Céu para todos que ali chegarem. Ele mesmo, Jesus, se apresenta assim ao apóstolo João, a quem vai revelar as últimas coisas e as coisas eternas também. No primeiro capítulo deste livro sagrado en-contramos a centralidade na Pessoa e também no sacrifício do Cordeiro de Deus, e Jesus Cristo mesmo “faz questão” de ser visto assim: como Aquele que esteve morto, que foi traspas-sado na crucifi cação no monte Calvário:

“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notifi cou ao seu servo João, o qual atestou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, quanto a tudo o que viu. Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ou-vem as palavras da profecia e guardam as coisas nela es-critas, pois o tempo está próximo. João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete

Page 21: Jáder Borges Filho · 2020. 7. 14. · No de John, vemos a ênfase na pregação do Evangelho e na cruz de Cristo. No de Don, bem, a ênfase é ele mesmo, Don. O setor de vendas
Page 22: Jáder Borges Filho · 2020. 7. 14. · No de John, vemos a ênfase na pregação do Evangelho e na cruz de Cristo. No de Don, bem, a ênfase é ele mesmo, Don. O setor de vendas