intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens...

51
Ensino de Jovens e Adultos (EJA) — 1ª etapa — 2018/01 -- Língua Portuguesa Professor: Jerry Juan Abaúnza Sánchez Capítulo 4 — Significação das Palavras 4.1. Introdução O estudo do vocabulário é de fundamental importância para todos os que buscam aperfeiçoar as atividades de leitura e produção de textos. A linguística diferencia vocabulário e léxico. Este, é o conjunto teoricamente infinito de todas as palavras já realizadas e também potenciais de uma língua. Já o vocabulário, é o conjunto de palavras efetivamente utilizado pelos falantes. Sabemos que no estudo de qualquer língua o léxico representa a parte de maior dependência cultural, sendo suscetível, portanto, a mudanças rápidas e constantes, as quais não ocorrem da mesma forma nas outras estruturas. Como se pode enriquecer o Vocabulário? Inicialmente temos de admitir que não é tarefa fácil, que só se realiza com esforço, através do tempo, por meio da fixação e da memorização. Para a realização desse objetivo, é preciso dialogar com pessoas que se expressam bem; ler textos variados e bem escritos; memorizar os diferentes significados das palavras por meio de dicionários. Por último, produzir textos variados em que as palavras conhecidas através de leituras de bons textos e de pesquisas em dicionários, possam ser contextualizadas, isto é, usadas adequadamente em frases. 4.2. Polissemia A palavra polissemia é formada por dois radicais: (poli = muito) e (semia = significado). Portanto, uma palavra pode apresentar diferentes significados, dependendo dos usos linguísticos em que possa aparecer. Vejamos os diferentes significados da palavra abater: . abater a árvore = derrubar . abater a fera = matar . abater o inimigo = derrotar . abater-se com a derrota = sentir . abater a dívida = descontar Ao consultar o dicionário, verificamos que a maioria das palavras são polissêmicas. O significado da palavra deve, portanto, ser considerado na frase e não, isoladamente. Observe, por exemplo, num bom dicionário, dezenas de significados possíveis para a palavra ponto. Como curiosidade, consulte no dicionário Aurélio, os significados das palavras: ponto e linha. 4.2.1 Atividades 1. Leia as palavras polissêmicas relacionadas entre parênteses e a seguir, escreva duas frases com cada vocábulo, tendo o cuidado de dar-lhes sentidos diferentes. Veja o exemplo: (dado, alto, revista, papel, vela, choro, bateria, pena, mangueira, dedo, coluna) 1

Transcript of intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens...

Page 1: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

Ensino de Jovens e Adultos (EJA) — 1ª etapa — 2018/01 -- Língua PortuguesaProfessor: Jerry Juan Abaúnza Sánchez

Capítulo 4 — Significação das Palavras

4.1. IntroduçãoO estudo do vocabulário é de fundamental importância para todos os que buscam aperfeiçoar as

atividades de leitura e produção de textos.A linguística diferencia vocabulário e léxico. Este, é o conjunto teoricamente infinito de todas as

palavras já realizadas e também potenciais de uma língua. Já o vocabulário, é o conjunto de palavras efetivamente utilizado pelos falantes.

Sabemos que no estudo de qualquer língua o léxico representa a parte de maior dependência cultural, sendo suscetível, portanto, a mudanças rápidas e constantes, as quais não ocorrem da mesma forma nas outras estruturas.

Como se pode enriquecer o Vocabulário?Inicialmente temos de admitir que não é tarefa fácil, que só se realiza com esforço, através do

tempo, por meio da fixação e da memorização.Para a realização desse objetivo, é preciso dialogar com pessoas que se expressam bem; ler

textos variados e bem escritos; memorizar os diferentes significados das palavras por meio de dicionários. Por último, produzir textos variados em que as palavras conhecidas através de leituras de bons textos e de pesquisas em dicionários, possam ser contextualizadas, isto é, usadas adequadamente em frases.

4.2. Polissemia

A palavra polissemia é formada por dois radicais: (poli = muito) e (semia = significado). Portanto, uma palavra pode apresentar diferentes significados, dependendo dos usos linguísticos em que possa aparecer. Vejamos os diferentes significados da palavra abater:. abater a árvore = derrubar. abater a fera = matar. abater o inimigo = derrotar. abater-se com a derrota = sentir. abater a dívida = descontar

Ao consultar o dicionário, verificamos que a maioria das palavras são polissêmicas. O significado da palavra deve, portanto, ser considerado na frase e não, isoladamente. Observe, por exemplo, num bom dicionário, dezenas de significados possíveis para a palavra ponto. Como curiosidade, consulte no dicionário Aurélio, os significados das palavras: ponto e linha.

4.2.1 Atividades

1. Leia as palavras polissêmicas relacionadas entre parênteses e a seguir, escreva duas frases com cada vocábulo, tendo o cuidado de dar-lhes sentidos diferentes. Veja o exemplo: (dado, alto, revista, papel, vela, choro, bateria, pena, mangueira, dedo, coluna)a1) Esse dado vai nos ajudar a desvendar o mistério.a2) O jogo está suspenso: o dado sumiu.b1) _________________________________________________________________

b2) _________________________________________________________________

c1) _________________________________________________________________

c2) _________________________________________________________________

d1) _________________________________________________________________

d2) _________________________________________________________________

e1) _________________________________________________________________

1

Page 2: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

e2) _________________________________________________________________

f1) _________________________________________________________________

f2) _________________________________________________________________

g1) _________________________________________________________________

g2) _________________________________________________________________

h1) _________________________________________________________________

h2) _________________________________________________________________

i1) _________________________________________________________________

i2) _________________________________________________________________

j1) _________________________________________________________________

j2) _________________________________________________________________

k1) _________________________________________________________________

k2) _________________________________________________________________

4.3. Denotação/Conotação

As palavras podem ser usadas em seu sentido usual, aquele que aparece primeiro nos dicionários, isto é, denotativamente. A denotação é objetiva e válida para todos os falantes.. Cristo morreu na cruz.. Não quero a rosa que me dás.

A conotação relaciona-se com o sentido figurado, ou seja, com as associações feitas pelo falante.. Cada um tem a sua cruz.. Quero a rosa que tu és.

As gírias, não raro apresentam sentido conotativo, por exemplo: grilo, fossa, abacaxi, etc.

4.3.1. Atividades

1. Leia as palavras dos parênteses, e com cada vocábulo, escreva uma frase com sentido denotativo, e outra com sentido conotativo.(Céu — língua — muralha — locomotiva — luz)Frases com sentido Denotativo1- __________________________________________________________________

2- __________________________________________________________________

3- __________________________________________________________________

4- __________________________________________________________________

5- __________________________________________________________________Frases com sentido Conotativo1- __________________________________________________________________

2- __________________________________________________________________

2

Page 3: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

3- __________________________________________________________________

4- __________________________________________________________________

5- __________________________________________________________________

4.4. Sinonímia/Antonímia

4.4.1. Sinonímia

Em razão da polissemia, pode-se afirmar que não há sinônimos perfeitos, mas, sim, palavras, que em determinados contextos linguísticos, podem ser substituídas por outras significações correspondentes. Por exemplo: branco é sinônimo de alvo em alguns contextos, mas não em todos. Exemplos:. Tecido branco = tecido alvo.. Alcançar o meu alvo = ?

Observe-se ainda, que a escolha sinonímica vai depender dos registros técnicos ou cultos. Por exemplo: peito — seio — busto — dor de cabeça — cefaleia ou cefalgia são usados em diferentes contextos.

4.4.2. Antonímia

São palavras que, dependendo do contexto, têm sentido contrário a outras. Muitas vezes o antônimo é feito por prefixo: leal x desleal; feliz x infeliz; típico x atípico.

Outras vezes, o antônimo é obtido por outra palavra (lexema): claro x escuro; rico x pobre.

4.4.3. Atividades

1. Leia as palavras listadas nos parênteses, e escreva uma frase usando um sinônimo de cada vocábulo. (alvo, casa, comunicar, destro, erguer, longo, notícia, rápido).a) __________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________

c) __________________________________________________________________

d) __________________________________________________________________

e) __________________________________________________________________

f) __________________________________________________________________

g) __________________________________________________________________

h) __________________________________________________________________

2. Leia as palavras listadas nos parênteses, e escreva uma frase usando um antônimo de cada vocábulo. (aberto, amor, ascender, compra, convexo, inchado, ir, noite, trás, traz).a) __________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________

c) __________________________________________________________________

d) __________________________________________________________________

e) __________________________________________________________________

f) __________________________________________________________________

3

Page 4: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

g) __________________________________________________________________

h) __________________________________________________________________

i) __________________________________________________________________

j) __________________________________________________________________

3. Assinale a frase em que a lacuna é preenchida corretamente com o primeiro dos parônimos apresentados entre parênteses:a) Casou-se com um juiz _______________; (eminente, iminente)b) Seu gesto não passou _______________; (desapercebido, despercebido);c) Tal comportamento __________________o país; (segrega, degrada);d) Em vista dos pulmões estarem em péssimo estado, o médico _____________ o uso de cigarros; (prescreveu, proscreveu);e) No momento da cena, o artista não pode _____________ o riso. (sustar, suster)

4. Marque a sentença que apresenta falha de significado; por confusão vocabular:a) O perigo era iminente;b) O tráfico de veículos de grande porte pelo túnel é proibido;c) Foi ratificada a data de chegada do nosso convidado;d) A discrição de José tem-lhe sido muito útil;e) Se você agir desta maneira, estará infringindo as normas da casa.

5. Assinale a única opção em que aparece uma palavra que não é sinônima das demais.a) títere, fantoche, palhaço;b) vendaval, temporal, ventania;c) íntegro, intemerato, puro;d) venenoso, venéfico, tóxico;e) abatido, definhado, enfraquecido.

6. Assinale a única opção em que aparece uma palavra que não é antônima das demais, considerando-se o termo grifado da série.a) sossego: agitação, preocupação;b) notório: desconhecido, ignoto;c) negligente: aplicado, diligente;d) livre: preso, medroso;e) meritório: indigno, desprezível.

7. Assinale a opção em que o verbo contar é empregado com o mesmo sentido que apresenta em: "Ainda não se podiam contar".a) Comece a contar até dez e depois trate de correr;b) Mesmo sem contar que somos amigos, eu lhe daria o emprego;c) Ao morrer, Castro Alves contava menos de vinte e cinco anos;d) Não tenho condições de contar toda a história detalhadamente;e) Contava nunca mais tornar a vê-lo.

8. Assinale a opção em que o elemento auto apresenta significação diferente da que tem em autoestima:a) autodidata;b) autopeça;c) auto-suficiente;d) autobiografia;e) auto-sugestão.

4

Page 5: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

4.5. Por sua conta

Agora, baseando-se no conteúdo deste capítulo, elabore por sua conta um resumo que lhe permita revisar a matéria estudada. Formule, por exemplo, perguntas que você possa responder afirmando se a resposta é falsa ou verdadeira, e em caso de ser falsa, indique a resposta correta. Veja os exemplos:01. (V) Papel é um exemplo de palavra polissêmica, ou seja, ela tem vários significados.02. (V) Sentido denotativo é o sentido real da palavra, aquele que é definido nos dicionários.03. (F) Antônimos São palavras que, dependendo do contexto, têm sentido idêntico a outras.R.: Antônimos São palavras que têm sentido contrário a outras. Alto/baixo, por exemplo.04. _____________________________________________________________________

05. _____________________________________________________________________

06. _____________________________________________________________________

07. _____________________________________________________________________

08. _____________________________________________________________________

09. _____________________________________________________________________

10. _____________________________________________________________________

11. ____________________________________________________________________

12. ____________________________________________________________________

13. _____________________________________________________________________

14. ____________________________________________________________________

15. _____________________________________________________________________

4.6. Leitura

Leia o texto abaixo:

Folha de S.Paulo — 11/02/2018 "O Flagelo da Terra" (Hélio Schwartsman)

Embora atividade humana prejudique espécies, também faz com que surjam novas

O homem, flagelo da Terra, está destruindo a natureza em escala industrial e, com isso, provoca a sexta extinção em massa da história do planeta. É verdade? Provavelmente sim, mas essa não é toda a história, a crer no controverso "Inheritors of the Earth" (herdeiros da terra), de Chris D. Thomas.

Thomas, que leciona ecologia na Universidade de York, sustenta que, embora a atividade humana esteja levando ao desaparecimento de muitas espécies, também faz com que surjam novas, num número possivelmente maior do que as que se vão.

Se, com a destruição de florestas, a mudança climática, a acidificação dos oceanos, reduzimos o espaço ecológico para muitas espécies, ao transportar bichos e plantas para os mais diversos cantos do planeta lhes damos a oportunidade de se espalhar e se diferenciar da população original, empurrando a evolução. Até o aquecimento global, que é uma tremenda ameaça, pode fazer com que o número de espécies aumente, já que ecossistemas mais quentes tendem a ter mais diversidade.

Vejo um problema nos cálculos de Thomas. Ele só leva em conta a parte catalogada da biologia. Não dá para descartar a possibilidade de que, nas florestas tropicais ou no fundo dos oceanos, espécies das quais nunca tomamos conhecimento estejam sendo dizimadas sem compensação.

É verdade que estamos trocando grandes felinos e paquidermes, que dizem muito à nossa imaginação romântica, por novas espécies de pardais e ratos e das pulgas e piolhos a eles associados,

5

Page 6: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

mas a história do planeta é essa mesmo. Nas cinco extinções anteriores, foram os bichos grandes os que mais pereceram.

Não sei se constatar que a sexta grande extinção se faz acompanhar da sexta grande gênese é um consolo, mas o livro de Thomas serve para nos lembrar que o mundo, em especial o mundo biológico, é um lugar complexo, pouco compatível com nossas narrativas mais simplistas.

Hélio Schwartsman, é bacharel em filosofia, publicou "Pensando Bem..." (Editora Contexto) em 2016.

Observação: As atividades referentes ao item (4.6.1, Estudo do Texto), serão repassadas em sala de aula.

Capítulo 5 — Divisão silábica

5.1. Introdução

Antes de abordarmos a divisão silábica, daremos uma pincelada em dois aspectos fundamentais para o entendimento deste capítulo: encontro vocálico e encontro consonantal.

5.2. Encontros Vocálicos

Encontro vocálico é o encontro de duas ou mais vogais em uma palavra. Exemplos: plantação, papai, constrói, paira, etc.

Os encontros vocálicos classificam-se em ditongo, tritongo e hiato.

5.2.1. Ditongo

É o encontro de duas vogais em palavras pronunciadas na mesma sílaba. Podem ser: abertos e fechados:Exemplos de ditongos abertos: lençóis, heróico, Montevidéu, chapéu, etc.Exemplos de ditongos fechados: ameixa, deu, foi, inteiro, judeu, leite, manteiga, meu, pouco, roubo, seis, etc.

5.2.2. Tritongo

É o encontro de três vogais pronunciadas na mesma sílaba.Exemplos: cajueiro, enxaguei, enxaguou, iguais, etc.

5.2.3. Hiato

É formado por duas vogais pronunciadas separadas. Exemplos: gaúcho, rainha, ataúde, país, baús, aéreo, beato, etc.

5.3. Encontros consonantais

Na Língua Portuguesa, temos as vogais e as consoantes. Assim, à junção de vogais dá-se o nome de encontros vocálicos e à união das consoantes denomina-se encontros consonantais.

O encontro consonantal ocorre quando duas ou mais consoantes se encontram em uma palavra. Ou melhor, é quando duas ou mais consoantes estão em sequência, sem uma vogal entre elas.

Há dois tipos de encontros consonantais:1- puros ou perfeitos: quando ocorrem em uma mesma sílaba: prato, palavra , psicologia, pneumático, encontrar, blusa, atleta, Bíblia, etc.2- disjuntos ou imperfeitos: quando estão em sílabas diferentes, ou seja, quando na divisão de sílabas ficam separados: alcançar, subsolo, advogado, aspecto, apto, costa, etc.

5.4. Atividades

1. Escreva cinco palavras que apresentem ditongo:

R.: _________________________________________________________________

6

Page 7: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

2. Escreva três palavras que apresentem tritongo:

R.: _________________________________________________________________

3. Escreva cinco palavras que apresentem hiato:

R.: _________________________________________________________________

5.5. Divisão silábica

Ao dividir uma palavra em sílabas, lembre-se:

. Nunca se separam:a) os ditongos e os tritongos: lei-tu-ra, en-xa-guei.b) os dígrafos lh, nh, ch, qu, gu: pa-lha, a-char, quen-te.c) os encontros consonantais constituídos de consoante + r e consoante + l; cla-ro, a-fri-ca-no.

Quando, porém, o l e o r dos grupos consonantais br e bl são pronunciados separadamente, compõem sílabas distintas: sub-lo-car, sub-li-nhar.d) as consoantes não seguidas de vogal: ca-rac-te-res, ap-to.

Porém, quando inicia uma palavra, a consoante não seguida de vogal fica junto da primeira sílaba: psi-ca-ná-li-se, gno-mo.. Separam-se:a) os hiatos: a-in-da, vo-ou.b) os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e os encontros consonantais cc e cç: car-ro, nas-cer, pas-so, des-ça, ex-ce-to, oc-ci-pi-tal, in-te-lec-ção.c) os prefixos bis, dis, cis, trans e ex, quando seguidos de vogal; se seguidos de consoante, não se formará nova sílaba: bi-sa-vó / bis-ne-to; di-sen-te-ri-a / dis-rit-mi-a; ci-sal-pi-no / cis-pla-ti-no; tran-sa-tlân-ti-co / trans-por-te; e-xau-rir / ex-por-tar.

5.5.1. Atividades

1. Indique os itens nos quais há palavra(s) separada(s) em desacordo com as regras de divisão silábica:a) pers-pi-caz, ca-a-tin-ga, vo-ob) ma-go-a, má-goa, hec-ta-rec) ex-ces-si-vo, pa-ra-guai-o, ses-sãod) flui-do, fric-cio-nar, ru-ime) né-ctar, subs-tância, su-bs-cre-verf) piau-i-en-se, cis-an-di-no, fri-ís-si-mo

2. Faça a separação silábica das palavras abaixo:a) beijo: ______________________________b) queimadura: ________________________c) Paraguai: __________________________d) caipirinha: __________________________e) feijão: _____________________________f) peixe: _____________________________g) coitado: ___________________________h) coice: _____________________________i) gaivota: ____________________________j) uivo: ______________________________

3. Faça a separação silábica das palavras abaixo:a) rainha: ____________________________b) poeira: ____________________________c) campainha: _________________________d) poente: ____________________________e) faisca: ____________________________

7

Page 8: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

f) boiada: ____________________________g) viuvo: _____________________________h) meandro: ___________________________i) miado: _____________________________j) moenda: ____________________________

4. Nas palavras unha, guerra e quilombo:a) há dígrafo na primeira, mas não há nas seguintes;b) há dígrafo nas duas primeiras, mas não há na última;c) não há dígrafo na primeira, mas há nas seguintes;d) não há dígrafos em nenhuma delas;e) há cinco dígrafos no total.

5. Na frase "O esqueleto quebrou o esquema", temos:a) três hiatos;b) dois dígrafos e um ditongo;c) três dígrafos e um ditongo;d) um dígrafo e um ditongo;e) um dígrafo, um ditongo e um hiato.

6. Em "O clube percorreu um caminho espinhoso", temos:a) 03 encontros consonantais, 03 dígrafos e 01 ditongo;b) 02 encontros consonantais, 02 ditongos e 04 dígrafos;c) 03 encontros consonantais, 02 dígrafos e 02 ditongos;d) 02 encontros consonantais, 04 dígrafos e 02 ditongos;e) 03 encontros consonantais, 02 ditongos e 04 dígrafos.

7. Aponte o único conjunto onde não há erro de divisão silábica:a) flui-do, sa-guão, di-gno;b) cir-cu-ns-cre-ver, trans-cen-den-tal, tran-sal-pi-no;c) con-vic-ção, tung-stê-nio, rit-mo;d) ins-tru-ir, an-te-pas-sa-do;e) coo-pe-rar, dis-tân-cia; bi-sa-vô.

5.6. Por sua conta

Agora, baseando-se no conteúdo deste capítulo, elabore por sua conta um resumo que lhe permita revisar a matéria estudada. Formule, por exemplo, perguntas que você possa responder afirmando se a resposta é falsa ou verdadeira, e em caso de ser falsa, indique a resposta correta. Veja os exemplos:01. (F) Ditongo é a união de três vogais na mesma sílaba.R.: Ditongo é a união de duas vogais na mesma sílaba.02. (F) Tritongo é a união de duas vogais na mesma sílaba.R.: Tritongo é a união de três vogais na mesma sílaba.03. (V) O hiato ocorre quando duas vogais seguidas se separam, ficando em sílabas distintas.04. _____________________________________________________________________05. _____________________________________________________________________06. _____________________________________________________________________07. _____________________________________________________________________08. _____________________________________________________________________09. _____________________________________________________________________10. _____________________________________________________________________11. _____________________________________________________________________12. _____________________________________________________________________13. _____________________________________________________________________14. _____________________________________________________________________15. _____________________________________________________________________

8

Page 9: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

5.7. Leitura

"De Cima para Baixo" (Arthur Azevedo)

Naquele dia o ministro chegou de mau humor ao seu gabinete, e imediatamente mandou chamar o diretor-geral da Secretaria.

Este, como se movido fosse por uma pilha elétrica, estava, poucos instantes depois, em presença de Sua Excelência, que o recebeu com duas pedras na mão.

— Estou furioso! — Exclamou o conselheiro. — Por sua causa passei por uma vergonha diante de Sua Majestade o Imperador.

— Por minha causa? — Perguntou o diretor-geral, abrindo muito os olhos e batendo nos peitos.— O senhor mandou-me na pasta um decreto de nomeação sem o nome do funcionário nomeado!— Que me está dizendo, Excelentíssimo?...E o diretor-geral, que era tão passivo e humilde com os superiores, quão arrogante e autoritário

com os subalternos, apanhou rapidamente no ar o decreto que o ministro lhe atirou, em risco de lhe bater na cara, e, depois de escanchar a luneta no nariz, confessou em voz sumida:

— É verdade! Passou-me! Não sei como isto foi...— É imperdoável esta falta de cuidado! Deveriam merecer-lhe um pouco mais de atenção os atos

que têm de ser submetidos à assinatura de Sua Majestade, principalmente agora que, como sabe, está doente o seu oficial-de-gabinete!

E, dando um murro sobre a mesa, o ministro prosseguiu:— Por sua causa esteve iminente uma crise ministerial: ouvi palavras tão desagradáveis proferidas

pelos augustos lábios de Sua Majestade, que dei a minha demissão!...— Oh!...— Sua Majestade não a aceitou...— Naturalmente; fez Sua Majestade muito bem.— Não a aceitou porque me considera muito, e sabe que a um ministro ocupado como eu é fácil

escapar um decreto mal copiado.— Peço mil perdões a Vossa Excelência.Protestou o diretor-geral, terrivelmente impressionado pela palavra demissão.— O acúmulo de serviço fez com que me escapasse tão grave lacuna; mas afirmo a Vossa

Excelência que de agora em diante hei de ter o maior cuidado em que se não reproduzam fatos desta natureza.

O ministro deu-lhe as costas e encolheu os ombros, dizendo:— Bom! Mande reformar essa porcaria!O diretor-geral saiu, fazendo muitas mesuras, e chegando no seu gabinete, mandou chamar o

chefe da 3ª seção, que o encontrou fulo de cólera.— Estou furioso! Por sua causa passei por uma vergonha diante do Sr. Ministro!— Por minha causa?— O senhor mandou-me na pasta um decreto sem o nome do funcionário nomeado!E atirou-lhe o papel, que caiu no chão.O chefe da 3ª seção apanhou-o, atônito, e, depois de se certificar do erro, balbuciou:— Queira Vossa Senhoria desculpar-me, Sr. Diretor... são coisas que acontecem... havia tanto

serviço... e todo tão urgente!...— O Sr. Ministro ficou, e com razão, exasperado! Tratou-me com toda a consideração, com toda a

afabilidade, mas notei que estava fora de si!— Não era caso para tanto.— Não era caso para tanto? Pois olhe, Sua Excelência disse-me que eu devia suspender o chefe

de seção que me mandou isto na pasta!— Eu... Vossa Senhoria...— Não o suspendo; limito-me a fazer-lhe uma simples advertência, de acordo com o regulamento.— Eu... Vossa Senhoria.— Não me responda! Não faça a menor observação! Retire-se, e mande reformar essa porcaria!O chefe da 3ª seção retirou-se confundido, e foi ter à mesa do amanuense que tão mal copiara o

decreto:— Estou furioso, Sr. Godinho! Por sua causa passei por uma vergonha diante do sr. diretor-geral!— Por minha causa?

9

Page 10: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

— O senhor é um empregado inepto, desidioso, desmazelado, incorrigível! Este decreto não tem o nome do funcionário nomeado!

E atirou o papel, que bateu no peito do amanuense.— Eu devia propor a sua suspensão por 15 dias ou um mês: limito-me a repreendê-lo, na forma do

regulamento! O que eu teria ouvido, se o sr. diretor-geral me não tratasse com tanto respeito e consideração!

— O expediente foi tanto, que não tive tempo de reler o que escrevi...— Ainda o confessa!— Fiei-me em que o sr. chefe passasse os olhos...— Cale-se!... Quem sabe se o senhor pretende ensinar-me quais sejam as minhas atribuições?!...— Não, senhor, e peço-lhe que me perdoe esta falta...— Cale-se, já lhe disse, e trate de reformar essa porcaria!...O amanuense obedeceu.Acabado o serviço, tocou a campainha. Apareceu um contínuo.— Por sua causa passei por uma vergonha diante do chefe da seção!— Por minha causa?— Sim, por sua causa! Se você ontem não tivesse levado tanto tempo a trazer-me o caderno de

papel imperial que lhe pedi, não teria eu passado a limpo este decreto com tanta pressa que comi o nome do nomeado!

— Foi porque...— Não se desculpe: você é um contínuo muito relaxado! Se o chefe não me considerasse tanto, eu

estava suspenso, e a culpa seria sua! Retire-se!— Mas...— Retire-se, já lhe disse! E deve dar-se por muito feliz: eu poderia queixar-me de você!...O contínuo saiu dali, e foi vingar-se num servente preto, que cochilava num corredor da Secretaria.— Estou furioso! Por sua causa passei pela vergonha de ser repreendido por um bigorrilhas!— Por minha causa?— Sim. Quando te mandei ontem buscar na portaria aquele caderno de papel imperial, por que te

demoraste tanto?— Porque...— Cala a boca! Isto aqui é andar muito direitinho, entendes? Porque, no dia em que eu me queixar

de ti ao porteiro estás no olho da rua. Serventes não faltam!...O preto não redarguiu.O pobre diabo não tinha ninguém abaixo de si, em quem pudesse desforrar-se da agressão do

contínuo; entretanto, quando depois do jantar, sem vontade, no frege-moscas, entrou no pardieiro em que morava, deu um tremendo pontapé no seu cão.

O mísero animal, que vinha, alegre, dar-lhe as boas-vindas, grunhiu, grunhiu, grunhiu, e voltou a lamber-lhe humildemente os pés.

O cão pagou pelo servente, pelo contínuo, pelo amanuense, pelo chefe da seção, pelo diretor-geral e pelo ministro!...

Observação: As atividades referentes ao item (5.7.1, Estudo do Texto), serão repassadas em sala de aula.

10

Page 11: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

Capítulo 6 — Acentuação Gráfica

6.1. Introdução

6.2. Regras de Acentuação Gráfica

1ª. Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em a(s), e(s), o(s) e em ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s):. pá — pás. pé — pés. pó — pós. méis. céu — véus mói — sóis

Observações:

1. Chamam-se monossílabos tônicos as palavras de uma única sílaba que têm intensidade sonora forte. Os monossílabos átonos, por terem intensidade sonora fraca, acabam por apoiar-se em outras palavras tônicas. Além do aspecto fonético, diferenciam-se também pelo significado: os monossílabos tônicos têm significação própria, enquanto os monossílabos átonos só assumem significado quando estabelecem relação entre outras palavras.2. Os monossílabos que pertencem às classes dos substantivos, adjetivos, advérbios, além de alguns pronomes, etc., são tônicos. Por exemplo: flor, má, dá, três.3. São monossílabos átonos as preposições, as conjunções, os artigos e alguns pronomes oblíquos, como, por exemplo, me, nos, lhe, mas, de, o.

2ª. Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s) e em(ens) e nos ditongos abertos éi(s), éu(s), ói(s):. Amapá — babás. até — vocês. capô — paletós. também — armazéns. anéis. herói(s). chapéu(s)

3ª. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ã(s), ão (s), i(s), ei(s), um (uns), us, ps:dócil, hífen, açúcar, ônix, ímã(s), órfão(s)júri(s), jóquei(s), álbum, álbuns, vírus, bíceps

Observação:

De acordo com a nova reforma ortográfica, não se acentuam os ditongos abertos ei e oi nas palavras paroxítonas: assembleia, ideia, boia, heroico.

4ª. Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas:. recôncavo — lâmpada — cédula — filósofo — público

5ª. Acentuam-se as vogais i e u tônicas dos hiatos, seguidas ou não de s, nas palavras oxítonas e paroxítonas: aí, baú, sanduíche, graúdo, país

Exceção: Quando seguida de nh na sílaba seguinte, a vogal i tônica não é acentuada: rainha, bainha, tainha.

11

Page 12: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

Observações:

1. De acordo com a nova reforma ortográfica, não se acentuam as vogais i e u tônicas precedidas de ditongo das palavras paroxítonas: feiura, baiuca.2. De acordo com a reforma ortográfica, o trema deixou de existir na Língua Portuguesa. Assim, por exemplo, hoje se grafam: frequente, tranquilo, aguentar, sagui.

6.3. Acento Diferencial

O verbo pôr é acentuado para diferenciar-se da preposição por:Vou pôr a mesa imediatamente.A sobremesa foi feita por mim.A forma verbal pôde (pretérito perfeito) diferencia-se de pode (presente do indicativo) por meio do

acento circunflexo:Ontem ele não pôde assinar os documentos.Você pode fechar a porta?

Observações:

1. Os verbos vir e ter na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo, apesar de serem monossílabos tônicos terminados em em, recebem o acento circunflexo para diferenciarem-se da 3ª pessoa do singular: ele vem — eles vêm. ele tem — eles têm.

Os verbos derivados de ter e vir, como deter, manter, reter, intervir, convir, etc., por não serem monossílabos, obedecem à regra das oxítonas. Na 3ª pessoa do plural, entretanto, usa-se o acento circunflexo para a diferenciação: ele intervém — eles intervêm; ele mantém — eles mantêm.2. Não se deve confundir o plural dos verbos citados com o dos verbos crer, ler, ver e dar: ele crê — eles creem; ele lê — eles leem; ele vê — eles veem; ele dê — eles deem.

6.4. Atividades

1. Observe este grupo de palavras: babá; jacaré; após; também.Qual é a regra que determina o acento das palavras que o constituem?

R.: ___________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2. A seguir, entre parênteses, algumas palavras estão grafadas inadequadamente quanto à acentuação. Identifique essas palavras e a regra de acentuação que não foi levada em conta.(abacaxí, muricí, acerola, araça, mamão, bacurí, carambola, caja, cupuaçú, melão, coco, pitanga, maracuja, morango, umbú, manga, cajú, tamarindo, laranja, graviola.)

3. Passe as frases seguintes para o plural, observando a acentuação das palavras.a) Ele sempre vem à biblioteca, mas nunca lê nada; fica sentado apenas, observando o movimento._____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________b) Ela crê que tudo vale a pena.

___________________________________________________________________c) Ela vem às reuniões do condomínio, mas não intervém nas discussões.

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________d) Infelizmente ele não vê os outros, mas apenas a si mesmo._____________________________________________________________________

12

Page 13: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

e) A jarra de vidro contém chá._____________________________________________________________________

4. Reescreva as frases abaixo, dando as formas verbais completando-as convenientementea) Eu pude, mas ele nunca (poder).

_____________________________________________________________________b) Eles (ter, presente indicativo) sabedoria, mas não (reter) na memória o que o mais simples dos homens (reter).______________________________________________________________________

______________________________________________________________________c) Ele só (intervir, presente indicativo) quando os outros não (intervir) por ele.

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5. Assinale a alternativa que contém vocábulos que obedecem à mesma regra de acentuação da palavra TÊNUE:a) agrônomo, índex, fóssil, dispar;b) boêmia, herói, amáveis, imundice;c) amêndoa, mágoas, supérfluo, bilíngüe;d) míope, ímã, médiuns, volúvel;e) argênteo, viúvo, baía, esferóide.

6. Indique o vocábulo paroxítono, cuja acentuação gráfica, não está de acordo com sua regra de acentuação:a) gratuíto;b) avaro;c) alibi;d) rubrica;e) crisântemo.

7. Assinale a alternativa em que as duas palavras devem ser acentuadas.a) rubrica - maquinaria;b) interim - prototipo;c) gratuito - fluido;d) totem - item;e) açai - ruim.

8. Nas séries abaixo, assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pelo mesmo motivo:a) saí - egoísmo - daí;b) epitáfio – aliás - inconsolável;c) anônima - epitáfio - daí;d) egoísmo - inconsolável - anônima;e) saí - aliás - egoísmo.

6.5. Por sua conta

Agora, baseando-se no conteúdo deste capítulo, elabore por sua conta um resumo que lhe permita revisar a matéria estudada. Formule, por exemplo, perguntas que você possa responder afirmando se a resposta é falsa ou verdadeira, e em caso de ser falsa, indique a resposta correta. Veja os exemplos:01. (F) Acentuam-se somente as palavras oxítonas terminadas em a, e, o.R.: Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a, e, o, em, ens. Cajá, café, vovô, amém, reféns, por exemplo. E nos ditongos abertos éi(s), éu(s), ói(s), como em anéis, herói(s), chapéu(s).02. (V) Túnel é um exemplo de palavra paroxítona.03. (V) São acentuadas todas as palavras proparoxítonas.

13

Page 14: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

04. _____________________________________________________________________

05. _____________________________________________________________________

06. _____________________________________________________________________

07. _____________________________________________________________________

08. ____________________________________________________________________

09. ____________________________________________________________________

10. ____________________________________________________________________

11. ____________________________________________________________________

12. ____________________________________________________________________

13. ____________________________________________________________________

14. ___________________________________________________________________

15. ____________________________________________________________________

6.6. Leitura

"Antes do Baile Verde" (Lygia Fagundes Telles)

O rancho azul é branco desfilava com seus passistas vestidos à Luís xv e sua porta-estandarte de peruca prateada em forma de pirâmide, os cachos desabados na testa, a cauda do vestido de cetim arrastando-se enxovalhada pelo asfalto. O negro do bumbo fez uma profunda reverência diante das duas mulheres debruçadas na janela e prosseguiu com seu chapéu de três bicos, fazendo rodar a capa encharcada de suor.

— Ele gostou de você — disse a jovem voltando-se para a mulher que ainda aplaudia. — O cumprimento foi na sua direção, viu que chique?

A preta deu uma risadinha.— Meu homem é mil vezes mais bonito, pelo menos na minha opinião. E já deve estar chegando,

ficou de me pegar às dez na esquina. Se me atraso, ele começa a encher a caveira e pronto, não sai mais nada.

A jovem tomou-a pelo braço e arrastou-a até a mesa de cabeceira. O quarto estava revolvido como se um ladrão tivesse passado por ali e despejado caixas e gavetas.

— Estou atrasadíssima, Lu! Essa fantasia é fogo... Tenha paciência, mas você vai me ajudar um pouquinho.

— Mas você ainda não acabou?Sentando-se na cama, a jovem abriu sobre os joelhos o saiote verde. Usava biquíni e meias

rendadas também verdes.— Acabei o quê! Falta pregar tudo isso ainda, olha aí... Fui inventar um raio de pierrete dificílima!A preta aproximou-se, alisando com as mãos o quimono de seda brilhante. Espetado na carapinha

trazia um crisântemo de papel crepom vermelho. Sentou-se ao lado da moça.— O Raimundo já deve estar chegando, ele fica uma onça se me atraso. A gente vai ver os

ranchos, hoje quero ver todos.— Tem tempo, sossega — atalhou a jovem. Afastou os cabelos que lhe caíam nos olhos. Levantou

o abajur que tombou na mesinha. — Não sei como fui me atrasar desse jeito.— Mas não posso perder o desfile, viu, Tatisa? Tudo, menos perder o desfile!— E quem está dizendo que você vai perder?A mulher enfiou o dedo no pote de cola e baixou-o de leve nas lantejoulas do pires. Em seguida,

levou o dedo até o saiote e ali deixou as lantejoulas formando uma constelação desordenada. Colheu uma

14

Page 15: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

lantejoula que escapara e delicadamente tocou com ela na cola. Depositou-a no saiote, fixando-a com pequenos movimentos circulares.

— Mas se tiver que pregar as lantejoulas em todo o saiote...— Já começou a queixação? Achei que dava tempo e agora não posso largar a coisa pela metade,

vê se entende! Você ajudando vai num instante, já me pintei, olha aí, que tal minha cara? Você nem disse nada, sua bruxa! Hein?... Que tal?

— Ficou bonito, Tatisa. Com o cabelo assim verde você está parecendo uma alcachofra, tão gozado. Não gosto é desse verde na unha, fica esquisito.

Num movimento brusco, a jovem levantou a cabeça para respirar melhor. Passou o dorso da mão na face afogueada.

— Mas as unhas é que dão a nota, sua tonta. É um baile verde, as fantasias têm que ser verdes, tudo verde. Mas não precisa ficar me olhando, vamos, não pare, pode falar, mas vá trabalhando. Falta mais da metade, Lu!

— Estou sem óculos, não enxergo direito sem os óculos.— Não faz mal — disse a jovem limpando no lençol o excesso de cola que lhe escorreu pelo dedo.

— Vá grudando de qualquer jeito que lá dentro ninguém vai reparar, vai ter gente à beça. O que está me endoidando é este calor, não aguento mais, tenho a impressão de que estou me derretendo, você não sente? Calor bárbaro!

A mulher tentou prender o crisântemo que resvalara para o pescoço. Franziu a testa e baixou o tom de voz.

— Estive lá.— E daí?— Ele está morrendo.Um carro passou na rua, buzinando freneticamente. Alguns meninos puseram-se a cantar aos

gritos, o compasso marcado pelas batidas numa panela: A coroa do rei não é de ouro nem de prata...— Parece que estou num forno — gemeu a jovem dilatando as narinas porejadas de suor. — Se

soubesse, teria inventado uma fantasia mais leve.— Mais leve do que isso? Você está quase nua, Tatisa. Eu ia com a minha havaiana, mas só

porque aparece um pedaço da coxa o Raimundo implica. Imagine você então...Com a ponta da unha, Tatisa colheu uma lantejoula que se enredara na renda da meia. Deixou-a

cair na pequena constelação que ia armando na barra do saiote e ficou raspando pensativamente um pingo ressequido de cola que lhe caíra no joelho. Vagava o olhar pelos objetos, sem fixar-se em nenhum. Falou num tom sombrio:

— Você acha, Lu?— Acha o quê?— Que ele está morrendo?— Ah, está sim. Conheço bem isso, já vi um monte de gente morrer, agora já sei como é. Ele não

passa desta noite.— Mas você já se enganou uma vez, lembra? Disse que ele ia morrer, que estava nas últimas... E

no dia seguinte ele já pedia leite, radiante.— Radiante? — espantou-se a empregada. Fechou num muxoxo os lábios pintados de vermelho-

violeta. — E depois, eu não disse não senhora que ele ia morrer, eu disse que ele estava ruim, foi o que eu disse. Mas hoje é diferente, Tatisa. Espiei da porta, nem precisei entrar para ver que ele está morrendo.

— Mas quando fui lá ele estava dormindo tão calmo, Lu.— Aquilo não é sono. É outra coisa.Afastando bruscamente o saiote aberto nos joelhos, a jovem levantou-se. Foi até a mesa, pegou a

garrafa de uísque e procurou um copo em meio da desordem dos frascos e caixas. Achou-o debaixo da esponja de arminho. Soprou o fundo cheio de pó de arroz e bebeu em largos goles, apertando os maxilares. Respirou de boca aberta. Dirigiu-se à preta.

— Quer?— Tomei muita cerveja, se misturo dá ânsia. A jovem despejou mais uísque no copo.— Minha pintura não está derretendo? Veja se o verde dos olhos não borrou... Nunca transpirei

tanto, sinto o sangue ferver.— Você está bebendo demais. E nessa correria... Também não sei por que essa invenção de

saiote bordado, as lantejoulas vão se desgrudar todas no aperto. E o pior é que não posso caprichar, com o pensamento no Raimundo lá na esquina...

— Você é chata, não, Lu? Mil vezes fica repetindo a mesma coisa, taque-taque-taque-taque! Esse cara não pode esperar um pouco?

15

Page 16: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

A mulher não respondeu. Ouvia com expressão deliciada a música de um bloco que passava já longínquo. Cantarolou em falsete: Acabou chorando... acabou chorando...

— No outro carnaval entrei num bloco de sujos e me diverti à grande. Meu sapato até desmanchou de tanto que dancei.

— E eu na cama, podre de gripe, lembra? Neste quero me esbaldar.— E seu pai?Lentamente a jovem foi limpando no lenço as pontas dos dedos esbranquiçados de cola. Tomou

um gole de uísque. Voltou a afundar o dedo no pote.— Você quer que eu fique aqui chorando, não é isso que você quer? Quer que eu cubra a cabeça

com cinza e fique de joelhos rezando, não é isso que você está querendo? — Ficou olhando para a ponta do dedo coberto de lantejoulas. Foi deixando no saiote o dedal cintilante. — Que é que eu posso fazer? Não sou Deus, sou? Então? Se ele está pior, que culpa tenho eu?

— Não estou dizendo que você é culpada, Tatisa. Não tenho nada com isso, ele é seu pai, não meu. Faça o que bem entender.

— Mas você começa a dizer que ele está morrendo!— Pois está mesmo.— Está nada! Também espiei, ele está dormindo, ninguém morre dormindo daquele jeito.— Então não está.A jovem foi até a janela e ofereceu a face ao céu roxo. Na calçada, um bando de meninos brincava

com bisnagas de plástico em formato de banana, esguichando água um na cara do outro. Interromperam a brincadeira para vaiar um homem que passou vestido de mulher, pisando para fora nos sapatos de saltos altíssimos. "Minha lindura, vem comigo, minha lindura!", gritou o moleque maior, correndo atrás do homem. Ela assistia à cena com indiferença. Puxou com força as meias presas aos elásticos do biquíni.

— Estou transpirando feito um cavalo. Juro que se não tivesse me pintado, me metia agora num chuveiro, besteira a gente se pintar antes.

— E eu não aguento mais de sede — resmungou a empregada arregaçando as mangas do quimono. — Ai! uma cerveja bem geladinha. Gosto mesmo é de cerveja, mas o Raimundo prefere cachaça. No ano passado ele ficou de porre os três dias, fui sozinha no desfile. Tinha um carro que foi o mais bonito de todos, representava um mar. Você precisava ver aquele monte de sereias enroladas em pérolas. Tinha pescador, tinha pirata, tinha polvo, tinha tudo! Bem lá em cima, dentro de uma concha abrindo e fechando, a rainha do mar coberta de jóias...

— Você já se enganou uma vez — atalhou a jovem. — Ele não pode estar morrendo, não pode. Também estive lá antes de você, ele estava dormindo tão sossegado. E hoje cedo até me reconheceu, ficou me olhando, me olhando e depois sorriu. Você está bem papai?, perguntei e ele não respondeu mas vi que entendeu perfeitamente o que eu disse.

— Ele se fez de forte, coitado.— De forte, como?— Sabe que você tem o seu baile, não quer atrapalhar.— Ih, como é difícil conversar com gente ignorante — explodiu a jovem, atirando no chão as roupas

amontoadas na cama. Revistou os bolsos de uma calça comprida.— Você pegou meu cigarro?— Tenho minha marca, não preciso dos seus.— Escuta, Luzinha, escuta — começou ela, ajeitando a flor na carapinha da mulher. — Eu não

estou inventando, tenho certeza de que ainda hoje cedo ele me reconheceu. Acho que nessa hora sentiu alguma dor porque uma lágrima foi escorrendo daquele lado paralisado. Nunca vi ele chorar daquele lado, nunca. Chorou só daquele lado, uma lágrima tão escura...

— Ele estava se despedindo.— Lá vem você de novo, merda! Pare de bancar o corvo, até parece que você quer que seja hoje.

Por que tem que repetir isso, por quê?— Você mesmo pergunta e não quer que eu responda. Não vou mentir, Tatisa.A jovem espiou debaixo da cama. Puxou um pé de sapato. Agachou-se mais, roçando os cabelos

verdes no chão. Levantou-se, olhou em redor. E foi-se ajoelhando devagarinho diante da preta. Apanhou o pote de cola.

— E se você desse um pulo lá só para ver?— Mas você quer ou não que eu acabe isto? — a mulher gemeu exasperada, abrindo e fechando

os dedos ressequidos de cola. — O Raimundo tem ódio de esperar, hoje ainda apanho!A jovem levantou-se. Fungou, andando rápido num andar de bicho na jaula. Chutou o sapato que

encontrou no caminho.

16

Page 17: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

— Aquele médico miserável. Tudo culpa daquela bicha. Eu bem disse que não podia ficar com ele aqui em casa, eu disse que não sei tratar de doente, não tenho jeito, não posso! Se você fosse boazinha, você me ajudava, mas você não passa de uma egoísta, uma chata que não quer saber de nada. Sua egoísta!

— Mas, Tatisa, ele não é meu pai, não tenho nada com isso, até que ajudo muito sim senhora, como não? Todos esses meses quem é que tem aguentado o tranco? Não me queixo porque ele é muito bom, coitado. Mas tenha a santa paciência, hoje não! Já estou fazendo demais aqui plantada quando devia estar na rua.

Com um gesto fatigado, a jovem abriu a porta do armário. Olhou-se no espelho. Beliscou a cintura.— Engordei, Lu.— Você, gorda? Mas você é só osso, menina. Seu namorado não tem onde pegar. Ou tem?Ela ensaiou com os quadris um movimento lascivo. Riu. Os olhos animaram-se:— Lu, Lu, pelo amor de Deus, acabe logo que à meia-noite ele vem me buscar. Mandou fazer um

pierrô verde.— Também já me fantasiei de pierrô. Mas faz tempo.— Vem num Tufão, viu que chique?— Que é isso?— É um carro muito bacana, vermelho. Mas não fique aí me olhando, depressa, Lu, você não vê

que... — Passou ansiosamente a mão no pescoço. — Lu, Lu, por que ele não ficou no hospital?! Estava tão bem no hospital...

— Hospital de graça é assim mesmo, Tatisa. Eles não podem ficar a vida inteira com um doente que não resolve, tem doente esperando até na calçada.

— Há meses que venho pensando nesse baile. Ele viveu sessenta e seis anos. Não podia viver mais um dia?

A preta sacudiu o saiote e examinou-o a uma certa distância. Abriu-o de novo no colo e inclinou-se para o pires de lantejoulas.

— Falta só um pedaço.— Um dia mais...— Vem me ajudar, Tatisa, nós duas pregando vai num instante.Agora ambas trabalhavam num ritmo acelerado, as mãos indo e vindo do pote de cola ao pires e do

pires ao saiote, curvo como uma asa verde pesada de lantejoulas.— Hoje o Raimundo me mata — recomeçou a mulher, grudando as lantejoulas meio ao acaso.

Passou o dorso da mão na testa molhada. Ficou com a mão parada no ar. — Você não ouviu?A jovem demorou para responder.— O quê?— Parece que ouvi um gemido. — Ela baixou o olhar.— Foi na rua.Inclinaram as cabeças irmanadas sob a luz amarela do abajur.— Escuta, Lu, se você pudesse ficar hoje, só hoje — começou ela num tom manso. Apressou-se:

— Eu te daria meu vestido branco, aquele meu branco, sabe qual é? E também os sapatos, estão novos ainda, você sabe que eles estão novos. Você pode sair amanhã, você pode sair todos os dias, mas pelo amor de Deus, Lu, fica hoje!

A empregada sorriu, triunfante.— Custou, Tatisa, custou. Desde o começo eu já estava esperando. Ah, mas hoje nem que me

matasse eu ficava, hoje não. — O crisântemo caiu enquanto ela sacudia a cabeça. Prendeu-o com um grampo que abriu entre os dentes. — Perder esse desfile? Nunca! Já fiz muito — acrescentou sacudindo o saiote. — Pronto, pode vestir. Está um serviço porco mas ninguém vai reparar.

— Eu podia te dar o casaco azul — murmurou a jovem, limpando os dedos no lençol.— Nem que fosse para ficar com meu pai eu ficava, ouviu isso, Tatisa? Nem com meu pai, hoje

não.Levantando-se de um salto, a moça foi até a garrafa e bebeu de olhos fechados mais alguns goles.

Vestiu o saiote.— Brrrr! Esse uísque é uma bomba — resmungou, aproximando-se do espelho. — Anda, venha

aqui me abotoar, não precisa ficar aí com essa cara. Sua chata.A mulher tateou os dedos por entre o tule.— Não acho os colchetes.A jovem ficou diante do espelho, as pernas abertas, a cabeça levantada. Olhou para a mulher

através do espelho:

17

Page 18: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

— Morrendo coisa nenhuma, Lu. Você estava sem os óculos quando entrou no quarto, não estava? Então não viu direito, ele estava dormindo.

— Pode ser que me enganasse mesmo.— Claro que se enganou! Ele estava dormindo.A mulher franziu a testa, enxugando na manga do quimono o suor do queixo. Repetiu como um

eco:— Estava dormindo, sim.— Depressa, Lu, faz uma hora que está com esses colchetes!— Pronto — disse a outra, baixinho, enquanto recuava até a porta. — Não precisa mais de mim,

não é?— Espera! — ordenou a moça perfumando-se rapidamente. Retocou os lábios, atirou o pincel ao

lado do vidro destapado. — Já estou pronta, vamos descer juntas.— Tenho que ir, Tatisa!— Espera, já disse que estou pronta — repetiu, baixando a voz. — Só vou pegar a bolsa...— Você vai deixar a luz acesa?— Melhor, não? A casa fica mais alegre assim.No topo da escada ficaram mais juntas. Olharam na mesma direção: a porta estava fechada.

Imóveis como se tivessem sido petrificadas na fuga, as duas mulheres ficaram ouvindo o relógio da sala. Foi a preta quem primeiro se moveu. A voz era um sopro:

— Quer ir dar uma espiada, Tatisa?— Vá você, Lu...Trocaram um rápido olhar. Bagas de suor escorriam pelas têmporas verdes da jovem, um suor

turvo como o sumo de uma casca de limão. O som prolongado de uma buzina foi-se fragmentando lá fora. Subiu poderoso o som do relógio. Brandamente a empregada desprendeu-se da mão da jovem. Foi descendo a escada na ponta dos pés. Abriu a porta da rua.

— Lu! Lu! — a jovem chamou num sobressalto. Continha-se para não gritar. — Espera aí, já vou indo!

E apoiando-se ao corrimão, colada a ele, desceu precipitadamente. Quando bateu a porta atrás de si, rolaram pela escada algumas lantejoulas verdes na mesma direção, como se quisessem alcançá-la.

Observação: As atividades referentes ao item (6.6.1, Estudo do Texto), serão repassadas em sala de aula.

Capítulo 7 — Introdução à Literatura

7.1. Introdução

Toda forma de arte possui elementos específicos de expressão. A palavra é a matéria básica da literatura. Feita com as mais diversas finalidades — entreter, emocionar, expressar sentimentos, criar mundos imaginários, denunciar problemas sociais, etc. —, a literatura é uma forma de arte que recria aspectos do mundo real (o mundo que podemos aprender por meio de nossas experiências) em mundos imaginários. Para isso, ela explora os recursos da linguagem verbal, criando efeitos surpreendentes.

É comum a ideia de que a literatura é uma arte da escrita, mas, na verdade, mesmo povos que não possuíam escrita desenvolveram literatura oral, transmitindo, criando e recriando textos ao longo dos séculos. Ainda hoje a literatura oral permanece viva. Um exemplo é a tradição repentista, tão presente na cultura regional nordestina.

7.2. O Resgate de Textos Orais

O resgate de textos orais da literatura antiga dependeu de ouvintes e apreciadores desses mesmos textos, mas em muitos casos as histórias eram narradas de geração para geração e quando finalmente eram registradas por escrito já não tinham um autor definido, pois quem conta um conto...

Foi o que aconteceu com as histórias reunidas e publicadas sob o título Livro das Mil e uma Noites. Essas narrativas tratam dos mais variados assuntos, indo do amor ao ódio, passando por vinganças, animais fantásticos, armadilhas e traições. Elas foram elaboradas e reelaboradas ao longo dos tempos. Segundo o professor e tradutor Mamede Mustafa Jarouche, a versão que chegou completa aos dias de hoje foi produzida entre 1250 e 1350.

18

Page 19: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

7.3. A Palavra Literária em Diferentes Tempos

Amor ou ódio são temas atemporais, isto é, despertam o interesse de homens e mulheres de diferentes tempos e espaços, ainda mais se forem tratados dentro de uma história bem feita, capaz de prender a atenção dos leitores ou ouvintes, deixando-os presos à voz do narrador. Por outro lado, se esses sentimentos são universais, há sempre jeitos diferentes de manifestá-los ou valorizá-los, de acordo com a cultura a que o texto remete. Assim, pela leitura literária de textos do passado, o leitor pode colocar sua própria cultura em diálogo com outras.

Por isso existe uma tradição literária. Ela é composta por textos que interessaram os leitores da época em que foram produzidos, e que continuam a interessar os leitores de hoje.

As histórias de As Mil e uma Noites são um bom exemplo disso. A história central é a do rei Shariman, que, ao saber que fora traído pela esposa, decide vingar-se de todas as mulheres. Resolve então casar-se cada noite com uma jovem diferente para, ao amanhecer, mandar matá-la. Essa decisão deixa o reino em pânico. As jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia sobre sua família.

Depois da morte de muitas jovens, Sherazade, filha de um dos conselheiros do rei, imagina um plano que poderia acabar com essa terrível vingança: ela se oferece ao rei, mas durante a noite conta-lhe uma história intrigante cuja sequência ela interrompe assim que surge a manhã, na hora de sua morte. No entanto, envolvido pelos enredos inventados por Sherazade, o rei adia sua execução para saber a continuação da história. E assim acontece, noite após noite. Sherazade se livra da morte por meio da literatura.

7.4. Origem

A literatura está ligada a escrita, portanto sua origem se perde na noite dos tempos. Não há um único marco histórico do surgimento da escrita, já que os desenhos das cavernas são considerados escritos antigos. O hieróglifo é uma escrita do antigo Egito.

Desde que apareceu o ser humano, ele teve vontade de deixar resquícios de sua passagem pelo mundo. O homem sempre quis deixar sua marca para a posteridade, como é que ele fazia para caçar, mostrar seus feitos, seu heroísmo, sua força, dinamismo, coragem. Também quis mostrar como era o seu povo, os animais, o meio ambiente da época. Já estava-se definindo o que é literatura.

A literatura para ter um determinado valor, só pode ser escrita. Os livros demoraram muito para aparecer, daí os textos literários também demorarem muito para surgir. A evolução do livro foi muito lenta, com isto o desenvolvimento humano também foi lento, uma vez que o livro apressa a evolução humana.

O livro mais antigo é o "Livro dos Mortos" do antigo Egito que data de 1800 (a. C.). Esse livro contém fórmulas, que os antigos deveriam levar quando da passagem para o outro mundo.

7.5. Evolução do Livro

Não resta dúvida de que os livros mais antigos são as paredes das cavernas. Era o único lugar disponível em que o homem deixaria registrada sua passagem pelo mundo.

Os textos mais antigos que existem são os que compõem "O livro dos Mortos". Eram escritos em papiro (uma planta) e guardados em potes de barros ou estojos de madeira.

O segundo material usado foi a argila, na Mesopotâmia. Escrevia-se em placas de barro, frente e verso. Estas placas eram queimadas em fornos, e assim, surgia o livro, nos quais, por meio de uma escrita cuneiforme, registravam-se textos políticos, comerciais, religiosos...

Escavações arqueológicas permitiram encontrar bibliotecas com mais de 500 mil obras, cujo acervo, era formado por essas placas de argila.

Através destas placas, ficamos sabendo da existência real da cidade de Nínive e do rei Assurbanipal (no ano 650 a. C.). Também descobrimos que houve um florescimento da literatura nessa cidade.

Na China, a produção escrita aconteceu bem mais tarde. Os chineses usavam tábuas de madeira, escritas da esquerda para a direita e de cima para baixo. Mais tarde passaram a escrever em seda, e no princípio do século II da era cristã, eles inventaram o papel.

Outro recurso utilizado pelos povos antigos para registrar os escritos era o pergaminho, feito do couro do carneiro. Este tipo de material ainda é usado na atualidade em diplomas de curso superior.

19

Page 20: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

Gutemberg, inventou a imprensa na idade média, e com isso, o livro evoluiu muito, possibilitando que os conhecimentos fossem transmitidos por meio dele; imprimiu a primeira Bíblia e o processo de formação do livro atual ficou estabelecido.

7.6. Prosa e Poesia

Os textos literários dividem-se em duas partes: prosa e poesia. Qual a diferença? O que nasceu primeiro? A poesia é a linguagem subjetiva, metafísica, vaga com o mundo interior do poeta. É um texto curto com orações e períodos curtos, onde sobressai a beleza, a harmonia e o ritmo. A poesia é a mais velha composição do mundo. Ela serviu como material didático.

Com o surgimento do livro em placas de argila, começaram também as primeiras aulas. Tudo teria que ser decorado, pois não havia material onde escrever tudo e a toda hora. Nas casas-escolas, os alunos decoravam os poemas com os conhecimentos, números, gramática, filosofia, etc.

Com os livros de argila e o uso de poemas, muita coisa poderia ser transmitida usando pouco material. Estes livros ficavam nas bibliotecas, já que não se poderia carregar um livro de dez quilos pra lá e pra cá.

Prosa é a linguagem objetiva, usual, veículo natural do pensamento humano. A prosa pode ser escrita de diversas formas como: romances, crítica, novela, conto, etc. Vejamos as diferenças entre um texto em forma de poesia e outro em forma de prosa:

7.6.1. Poema

Sobre a soleira da portada casa pegada à minhavejo sentada, a vizinhamoça e bonita,que importa?

(Vicente de Carvalho)

7.6.2. Prosa

Pero Vaz de Caminha tornou-se figura importante no descobrimento do Brasil por haver escrito uma carta ao rei D. Manuel, relatando os acontecimentos ocorridos com a expedição desde a partida da Europa até o dia 1o. de maio de 1500.

Existem muitas diferenças entre estes dois textos. No primeiro, temos:1- Frases curtas.2- Destaque para a beleza dos versos.3- Uso de rimas: Porta x importa, minha x vizinha.4- Uso de métrica: contagem de sílabas poéticas.5- Texto escrito em forma de versos.

No segundo, temos:1- Frases longas, num só período.2- Não há beleza no texto, somente a informação.3- Texto objetivo: transmitir uma mensagem.4- Não há métrica, nem rima, nem ritmo.5- Texto escrito em forma de parágrafos.

7.7. Por que estudar Literatura

A literatura é a continuação da língua. É a língua aperfeiçoada, instrumento de beleza. Quando vamos ao cinema, vamos nos divertir, relaxar, passar momentos de lazer e adquirir um mínimo de conhecimentos também. O mesmo acontece com a literatura, mas ela é bem mais do que isto. O que seria da história sem a literatura? E o seu filme preferido? E a sua novela? E o seu teatro? Estes trabalhos precisam primeiramente serem escritos e só depois transformados em outro tipo de arte.

Se não fosse a literatura, hoje seríamos todos ateus. Graças à Bíblia, que é um conjunto de obras literárias, hoje temos uma religião.

20

Page 21: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

Se não fosse a literatura, a humanidade desconheceria a existência das cidades de Nínive, Babilônia ,Troia e outras. Vários textos literários falam de um continente chamado Atlântida. Um dia a Arqueologia pode redescobri-lo. A Bíblia nos fala de duas cidades: Sodoma e Gomorra, as quais, ainda não foram encontradas.

Como é que sabemos dos usos e costumes dos povos antigos? Só através da literatura.

7.8. O que é Literatura

Há várias definições para literatura:1- É o conjunto de obras escritas de um povo com preocupações estéticas.2- É saber usar a língua artísticamente, deixando transparecer a beleza, a harmonia e o estilo próprio de cada autor.3- Escrever um texto artísticamente e com beleza.

A literatura procura mostrar o valor de um povo, seu sofrimento, seus anseios, alegrias, a descrição do país, suas lendas, crendices, tradições, etc.

O que pensariam as pessoas do ano 3 mil sobre o mundo de hoje? Como é que eles imaginariam nossa existência? Comíamos o quê? Falávamos como? Andávamos nus? Fazíamos cocô em qualquer lugar? Havia assassinato, roubos, suicídios, estupros? Éramos amáveis com nossos irmãos? A literatura que fizermos hoje, mostrará a eles a nossa realidade.

Todos os países possuem e possuíram uma literatura. Assim temos a literatura grega, a latina, a italiana, a brasileira.

Quem, por exemplo, já não ouviu falar em Romeu e Julieta, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rei Édipo, Os Três Mosqueteiros? Não teríamos nada disso se não fosse a literatura.

7.9. A Linguagem Literária e a não-Literária

A linguagem literária, é bem diferente da linguagem não-literária. A linguagem literária é bela, emotiva, sentimental, apresenta figuras de linguagem, como a metáfora, a metonímia, a inversão, etc. Apresenta o fantástico que precisa ser descoberto através de uma leitura atenta.

A linguagem não-literária, é própria para a transmissão do conhecimento, da informação, no âmbito das necessidades da comunicação social. É a língua na sua função pragmática, empregada pela ciência, pela técnica, pelo jornalismo, pela conversação entre os falantes.

7.10. Atividades

1. Qual é a matéria básica da literatura?R.: ________________________________________________________________________________2. Cite cinco finalidades da literatura.R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________3. Como se chama o rei da história central do livro "As Mil e uma Noites"?R.: ________________________________________________________________________________4. Como se chama a moça que cria e conta as histórias em "As Mil e uma Noites"?R.: ________________________________________________________________________________5. Qual é a história central do livro "As Mil e uma Noites"?R.: _____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________

21

Page 22: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ 6. Qual é o livro mais antigo de que se tem notícia?R.: _____________________________________________________________________________________7. Em que espaço o homem registrou, inicialmente, sua passagem pelo mundo?

R.: __________________________________________________________________________________8. Em que material foram escritos os textos que compõem "O Livro dos Mortos"?R.: __________________________________________________________________________________9. Qual foi o segundo material utilizado para escrever textos? Onde foi empregado?R.: __________________________________________________________________________________10. De acordo com o estudado, que tipo de textos eram escritos na Mesopotâmia, usando-se uma escrita cuneiforme?R.: __________________________________________________________________________________11. Que materiais, por ordem cronológica, foram usados pelos chineses para registrar seus textos?R.: __________________________________________________________________________________12. Que material, feito do couro do carneiro, também foi usado por povos antigos para registrar seus textos?R.: __________________________________________________________________________________13. Quem e quando inventou a imprensa?R.: ___________________________________14. Como se dividem os textos literários?R.: ___________________________________15. Dê exemplos (pelo menos três) de literatura brasileira.R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________16. Dê exemplos (pelo menos três) de literatura capixaba.R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________17. Dê três características da linguagem literária.R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________18. Dê três características da linguagem não-literária.R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

22

Page 23: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

19. Assinale a única alternativa cujo fragmento apresentado não exemplifica um texto literário.a) Se uma ovelha perdida e já cobradaGlória tal e prazer tão repentinoVos deu, como afirmais na Sacra-HistóriaEu sou, Senhor, a ovelha desgarrada

(Gregório de Matos)b) Enquanto não atravessarmoscontinuaremos a nos buscar em outras metades.Para viver a dois, antes, é necessário ser um.

(Fernando Pessoa)c) Que literatura?! — haverão de me questionar os escassos internautas que por ventura adentrarem este blog. Ora, se essa, em termos nacionais, já não existe, como poderia haver outra denominada cearense?

(Astolfo Lima)d) Meu verso é sangue. Volúpia ardente...Tristeza esparsa... remorso vão...Dói-me nas veias. Amargo e quenteCai, gota a gota, do coração.

(Manuel Bandeira)20. Pesquise e fale sobre:a) "Romeu e Julieta";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________b) "Branca de Neve";R.: "Branca de Neve" é um conto de fadas originário da tradição oral alemã, compilado pelos irmãos Grimm, e publicado entre 1812 e 1822 num livro com várias outras fábulas intitulado "Kinder-und Hausmaërchen (Contos de Fada para Crianças e Adultos)".c) "Chapeuzinho Vermelho";R.: "Chapeuzinho Vermelho" é um conto de fadas de origem europeia do século XIV, publicado pela primeira vez pelo francês Charles Perrault, e posteriormente, popularizado pelos irmãos Grimm.d) "Édipo Rei";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________e) "Os Três Mosqueteiros";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

23

Page 24: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

f) "O Sítio do Pica-Pau Amarelo";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________g) "Fábulas de Esopo";R.: _____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________h) "Iracema";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

i) "Canção do Exílio";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________j) "Meus Oito Anos";R.: "Meus Oito Anos" é uma obra lírica escrita por Casimiro de Abreu em 1859, e que faz parte do livro "As Primaveras". No poema, o autor aborda a saudade da infância e da terra natal.k) "O Diário de Anne Frank";R.: _____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ l) "Eram os Deuses Astronautas?".R.: O autor do livro ficcionista "Eram os Deuses Astronautas?", publicado em 1968, Erich Von Däniken, defende a existência de outros seres inteligentes no universo e propõe que extraterrestres tenham trazido grandes conhecimentos à Terra.

24

Page 25: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

7.11. Figuras de Linguagem

7.11.1. Introdução

Figuras de linguagem são recursos não-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior expressividade à sua mensagem.

A seguir, estudaremos algumas das principais figuras de linguagem.

7.11.2. Figuras de Linguagem e exemplos

1- Anáfora — consiste na repetição de uma ou mais palavras no início de frases ou em versos para destacar uma ideia. Exemplo:Cada alma é uma escada para Deus,Cada alma é um corredor-Universo para Deus,Cada alma é um rio correndo por margens de Externo Para Deuse em Deus com um sussurro noturno.(Fernando Pessoa)

2- Antítese — consiste no uso de palavras e expressões de sentidos opostos. Exemplos:. Morrer de frio quando o peito é brasa [...](Castro Alves)

. Nada com Deus é tudo.

. Tudo sem Deus é nada.

3- Comparação — consiste em atribuir características de um ser a outro devido a semelhanças entre eles, usando termos comparativos: (como, igual a, tal qual, feito, etc.). Exemplos:. O meu coração está igual a um céu cinzento.. Teus olhos são negros, negrosComo as noites sem luar...(Castro Alves)

4- Metáfora — é o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma comparação subentendida, isto é: não se usam os termos comparativos (como, igual a, tal qual, feito, etc.). Exemplos:. Minha boca é um tumulo.. Seu olhar era pedra.

5- Personificação ou Prosopopeia — consiste em atribuir características humanas a seres inanimados. Exemplos:. Diz-me o relógio cinicando a um canto"Onde está ela que não veio ainda?"Diz-me a poltrona "por que tardas tanto?"Quero aquecer-te, rapariga linda.(Castro Alves). Eu cheguei em frente ao portãoMeu cachorro me sorriu latindoMinhas malas coloquei no chãoEu voltei("O Portão", Roberto Carlos)

6- Ironia — consiste em dizer o contrário do que se pensa. Sua interpretação depende do contexto. Na fala, ela é marcada pela entonação de voz e pela expressão corporal.Exemplos:. Se você gritar mais alto, eu agradeço.. Como você escreve bem, meu vizinho de 5 anos teria feito uma redação melhor!. Que bolsa barata, custou só mil reais!

25

Page 26: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

7- Metonímia — consiste em nomear um objeto substituindo uma palavra por outra, considerando uma relação de:a- efeito pela causa ou vice-versa:Venceu na vida com suor e lágrima. (com trabalho)

b- matéria-prima pelo objeto: Comprei uma porcelana para o casal. (um jogo de jantar de porcelana)

c- parte pelo todo: Minhas pernas correram em sua direção. (eu corri)

d- autor pela obra: Ele já leu muito Machado. (obras de Machado de Assis)

e- concreto pelo abstrato: Jurou pela bandeira. (pela pátria)

f- marca pelo produto: Comprei bombril para limpar as panelas. (esponja de aço)

g- continente (recipiente) pelo conteúdo: Comi um prato delicioso naquele restaurante. (uma porção de certa combinação de alimentos)

h- singular pelo plural: O brasileiro é considerado cordial. (os brasileiros)

8- Hipérbole —consiste no uso intencional de palavras com o objetivo de exagerar uma afirmação ou de intensificar uma ideia.. Estou morrendo de fome.. Ela chorou rios de lágrimas.

9- Eufemismo — consiste na suavização, na atenuação de ideias consideradas tabus, desagradáveis, negativas, ofensivas etc.— E seu irmão Dito é o dono daqui?— Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.(Rosa, João Guimarães).

10- Disfemismo — consiste em usar expressões grosseiras.Ele bateu as botas. (faleceu)Ele empacotou. (faleceu)

11- Pleonasmo — consiste em utilizar um termo que repete uma ideia já expressa. Os pleonasmos, muito usados na linguagem popular, dão ênfase ao que se quer falar ou escrever e, por isso, têm forte carga argumentativa.. Eu vi tudo com os meus próprios olhos!. A praça foi inaugurada pelo prefeito do município.

7.11.3 Atividades

1. Revise o estudado no item 1 (Anáfora), e crie um quarteto (grupo de quatro versos), usando essa figura de linguagem. ____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ 2. Revise o estudado no item 2 (Antítese), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem. ____________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

26

Page 27: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

3. Revise o estudado no item 3 (Comparação), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem. _______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

4. Revise o estudado no item 4 (Metáfora), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem. _______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

5. Revise o estudado no item 5 (Personificação), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem. ________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

6. Revise o estudado no item 6 (Ironia), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem. ________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

7. Revise o estudado no item 7 (Metonímia), e crie dois versos, usando o subitem (c) dessa figura de linguagem. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

8. Revise o estudado no item 7 (Metonímia), e crie dois versos, usando o subitem (d) dessa figura de linguagem._______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

9. Revise o estudado no item 8 (Hipérbole), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

10. Revise o estudado no item 11 (Pleonasmo), e crie dois versos, usando essa figura de linguagem.

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

7.12. Por sua conta

Agora, baseando-se no conteúdo deste capítulo, elabore por sua conta um resumo que lhe permita revisar a matéria estudada. Formule, por exemplo, perguntas que você possa responder afirmando se a resposta é falsa ou verdadeira, e em caso de ser falsa, indique a resposta correta. Veja os exemplos:01. (V) A palavra é a matéria básica da literatura.02. (F) A literatura é feita com um único propósito.R.: A literatura é feita com as mais diversas finalidades — entreter, emocionar, expressar sentimentos, criar mundos imaginários, denunciar problemas sociais, etc.03. (V) A literatura é uma forma de arte que recria aspectos do mundo real.04. _____________________________________________________________________

05. ____________________________________________________________________

06. ____________________________________________________________________

27

Page 28: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

07. ____________________________________________________________________

08. ____________________________________________________________________

09. ____________________________________________________________________

10. _____________________________________________________________________

11. _____________________________________________________________________

12. _____________________________________________________________________

13. _____________________________________________________________________

14. _____________________________________________________________________

15. _____________________________________________________________________

7.13. Leitura

Leia os textos abaixo:

"A Estrela" (Manuel Bandeira)

Vi uma estrela tão alta,Vi uma estrela tão fria!Vi uma estrela luzindoNa minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!Era uma estrela tão fria!Era uma estrela sozinhaLuzindo no fim do dia.

Por que da sua distânciaPara a minha companhiaNão baixava aquela estrela?Por que tão alta luzia?

E ouvi-a na sombra fundaResponder que assim faziaPara dar uma esperançaMais triste ao fim do meu dia.

"Alma minha gentil, que te partiste"(Luís Vaz de Camões)

Alma minha gentil, que te partistetão cedo desta vida descontente,repousa lá no Céu eternamente,e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,memória desta vida se consente,não te esqueças daquele amor ardenteque já nos olhos meus tão puro viste.

28

Page 29: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

E se vires que pode merecer-tealguma coisa a dor que me ficouda mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,que tão cedo de cá me leve a ver-te,quão cedo de meus olhos te levou.

"Canção II" (Cecília Meireles)

No desequilíbrio dos mares,as proas giram sozinhas...Numa das naves que afundaramé que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculossem desespero e sem desgosto,e morri de infinitas mortesguardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregarammeu olhos, entre águas e areias,cegaram como os das estátuas,a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o are endureceram junto ao vento,e perderam a cor que tinhame a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levavadesprendeu-se e caiu de mim:e só talvez ele ainda vivadentro destas águas sem fim.

"O Bicho" (Manuel Bandeira)

Vi ontem um bicho Na imundície do pátioCatando comida entre os detritos.Quando achava alguma coisa,Não examinava nem cheirava:Engolia com voracidade.O bicho não era um cão. Não era um gato.Não era um rato.O bicho, meu Deus, era um homem.

Observação: As atividades referentes ao item (7.13.1, Estudo do Texto), serão repassadas em sala de aula.

29

Page 30: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

Capítulo 8 — Ortografia

8.1. Introdução

A língua é um instrumento vivo e dinâmico de comunicação e interação social. Modifica-se, pelo uso, de acordo com a evolução histórica e com o local em que é falada. Assim, a cada dia, novos vocábulos aparecem, outros têm o sentido alterado, enquanto outros caem no esquecimento.

Se a língua é tão vulnerável em seus aspectos lexical (vocabulário), fonético e sintático, o mesmo não ocorre com a ortografia.

Presas às origens etimológicas das palavras, as normas ortográficas servem para sistematizar e uniformizar a escrita, a fim de que ela se preserve e, com isso, consigamos ler textos de outros países que falam a mesma língua ou textos escritos há séculos.

8.2. A origem das palavras

O conjunto de palavras de uma língua pode ser formado por palavras de muitas outras línguas. A língua portuguesa, por exemplo, origina-se do Latim e, ao longo de sua história, incorporou inúmeras palavras e expressões de origem árabe, tupi, africana, inglesa, francesa, etc. Por essa razão, muitas das características ortográficas hoje presentes na língua portuguesa se devem à origem das palavras, isto é, à tradição histórica que elas têm.

8.3. Emprego da letra h

Emprega-se a letra h:a) no início de certas palavras quando há justificativa histórica (etimológica):hora (do latim hora)haver (do latim habere)

b) no início ou no final de algumas palavras que exprimem um sentimento de dor, alegria, admiração, irritação, etc.:ah!hem?hurra!

c) na palavra Bahia, por tradição histórica; não aparece, entretanto, nas palavras derivadas de Bahia: baiano, baião.

d) em palavras compostas unidas por hífen:super-homemhiper-humano

Se na composição não houver hífen, a letra h não se conserva: desumano, reaver.

8.3.1. Atividades

1. Há, a seguir, várias palavras iniciadas pela letra h. Forme outra palavra a partir de cada uma delas, empregando a partícula indicada entre parênteses. Veja os exemplos:homem (super) = super-homemhumano (des) = desumanoa) honesto (des) = __________________________________________________b) hábil (in) = _____________________________________________________c) honra (des) = ____________________________________________________d) higiênico (anti) = _______________________________________________e) história (pré) = _________________________________________________

2. Escreva cinco frases usando as palavras formadas no item um.a) __________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________

30

Page 31: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

c) __________________________________________________________________

d) __________________________________________________________________

e) __________________________________________________________________

3. Que palavra, iniciada pela letra h, corresponde a cada uma das explicações a seguir? Veja o exemplo:Poema japonês constituído de três versos: hai caia) Abrigo fechado, ou galpão, para aviões, barcos, etc: ________________b) O dia em que estamos: ________________c) Capacidade de perceber, apreciar ou expressar o que é cômico ou divertido: ________________d) A execução, em massa, de judeus e/ou outras minorias perseguidas, como ciganos, homossexuais, etc., durante o nazismo: ________________e) Estabelecimento onde se recebem e se tratam doentes: ________________f) Estabelecimento onde se alugam quartos ou apartamentos mobiliados, com ou sem refeições: ________________g) Cada uma das 24 partes em que se divide o dia civil e que tem a duração de 60 minutos: ________________h) Parte da Terra ou do céu que está no limite visível de um plano circular em cujo centro está o observador: ________________i) Pretenso prognóstico da vida de uma pessoa, feito pelos astrólogos, baseado na posição exata dos astros no momento e lugar preciso do nascimento de uma pessoa: ________________j) Aeronave provida de uma ou duas hélices que giram em plano horizontal: ________________

8.4. Emprego das letras j, g

Emprega-se a letra j nas palavras de origem árabe, africana e indígena: pajé, jiboia, biju; nas palavras derivadas de outras que já possuem j em seu radical: laranjeira (laranja), sujeira (sujo).

Emprega-se a letra g nas terminações -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: prestígio, refúgio; e, geralmente, nas terminações -agem, -igem, -ugem: garagem, ferrugem. Exceções: pajem; lambujem.

8.4.1. Atividades — j, g

1. As palavras a seguir são de origem árabe, tupi ou africana. Reescreva-as, completando-as adequadamente com j ou g.a) alfor___e b) bi___u c) can___ica d) acara___é e) ___enipapo f) berin___ela

g) ___iboia. h) ___irau i) pa___é j) ___iló

2. Observe a grafia das palavras dos parênteses:(ágio; gorja; lambuja; sarja; gesso; jeito; varejo; lisonja; ágil; ferrugem; nojo; vertigem; granja; margem).

Com base no quadro acima, reescreva as palavras a seguir, completando-as adequadamente com g ou j.a) gran___ear b) no___eira c) lambu___em d) gor___eta e) lison___eiro f) vare___ista

g) a___iotagem h) ferru___inoso i) en___eitado. j) sar___eta k) en___essar l) verti___inoso

m) a___ilidade n) mar___ear

3. Que palavra, iniciada pelas letras g ou j, corresponde a cada uma das explicações a seguir? Veja os exemplos:Orvalho congelado, que forma camada branca sobre o solo, plantas etc.: geadaCaipira: jecaa) Fonte termal, intermitente, em forma de esguicho, que lança água e vapor a alturas que podem ultrapassar 60 m: ________________b) Móvel termicamente isolado, em que um mecanismo frigorífico produz frio para conservação de gêneros alimentícios e resfriamento de líquidos: ________________c) Jumento: ________________

31

Page 32: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

d) Espécie de tecido de malha de algodão, lã ou seda: ________________e) Grande serpente não venenosa, da família dos Boídeos, que se alimenta de roedores: ________________f) Automóvel pequeno, a princípio fabricado para fins militares, com tração nas quatro rodas: ________________g) Homem de extraordinária estatura: ________________h) Ramo da medicina que trata das doenças privativas das mulheres: ________________i) A parte amarela e globular do ovo das aves e répteis: ________________j) Antiga arte japonesa de autodefesa sem armas: ________________

8.5. Emprego de x, ch

Emprega-se a letra x normalmente depois de ditongo: caixa, peixe, trouxa (exceções: caucho, recauchutar, recauchutagem; depois de me inicial: mexer, mexilhão (exceção: mecha e seus derivados); depois de en inicial: enxurrada, enxaqueca (exceções: encher, encharcar, enchumaçar e seus derivados).

8.5.1. Atividades — x, ch

1. Assinale a alternativa cujas palavras se escrevem com ch.a) ( ) en___aqueca, me___erico, capi___aba, almo___arife, ma___i___e;b) ( ) ___i___i, ve___ame, ___ampu, ___ereta, ___ará;c) ( ) ___umbo, pa___orra, bo___e___a, en___imento, ___iadod) ( ) lu___úria, repu___o, fa___ina, ___ará, encai___e;e) ( ) frou___o, o___alá, en___urrada, pu___ar, en___ergar.

2. Em cada uma das sequências a seguir, há apenas uma palavra que é grafada com ch. Identifique-a.a) en___aqueca, me___erico, capi___aba, almo___arife, mo___ileiro;b) ___u___u, ve___ame, ___ampu, ___ereta, ___ará;c) ___arope, pra___e, pe___in___a, me___er, lu___ação;d) pi___ação, repu___o, fa___ina, ___ará, encai___e;e) frou___o, o___alá, en___urrada, pu___ar, en___imento.

3. escrevaa) três palavras com ditongo seguidas da letra x:R.: _____________________________________________________________________b) três palavras começadas com a sílaba me seguidas da letra x:R.: _____________________________________________________________________c) três palavras começadas com a sílaba en seguidas da letra x:R.: _____________________________________________________________________

4. Leia as palavras dos parênteses, e separe-as em três colunas: ditongos seguidos de x; me inicial seguido de x; e en inicial seguido de x.(enxacoco, caixote, mexericar, mexicano, enxadrista, enxaguar, faixa, seixo, mexilhão, enxame, queixo, queixa, enxerto, gueixa)ditongo + x me + x en + x_____________ ______________ ____________________________ ______________ ____________________________ ______________ ____________________________ ______________ ____________________________ ______________ ____________________________ ______________ _______________

5. Que palavra, iniciada pela letra x, corresponde a cada uma das explicações a seguir? Veja o exemplo:Jogo sobre um tabuleiro de 64 casas, em que se fazem mover 2 séries de 16 peças, de cor diferente, e de valor diverso: xadreza) peça de vestuário que as mulheres usam como adorno e agasalho dos ombros e costas: ________________b) governador soberano, entre os árabes: ________________

32

Page 33: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

c) pessoa bisbilhoteira, intrometida: ________________d) pequena vasilha com asa para servir café, chá, leite: ________________e) guisado de galinha com camarões secos, cebola, sementes de abóbora ou melancia torradas e raladas, azeite-de-dendê e sal: ________________

8.6. Emprego de s, z

Emprega-se a letra s nos sufixos és, esa e isa, usados na formação de palavras que indicam nacionalidade, profissão, estado social, títulos honoríficos: chinês, chinesa, burguês, burguesa, poetisa; nos sufixos oso e osa (que indicam "cheio de"), usados na formação de adjetivos: delicioso, gelatinosa.

Emprega-se a letra z nos sufixos ez e eza, usados para formar substantivos abstratos derivados de adjetivos: rigidez (rígido), riqueza (rico).

8.6.1. Atividades — s, z

1. Reescreva os substantivos abaixo, e acrescentando o sufixo oso forme adjetivos:a) preconceito ________________b) número ___________________c) mistério ___________________d) capricho __________________e) cobiça ____________________f) valor ______________________g) assombro__________________h) malícia ____________________

2. Escreva uma frase com cada adjetivo escrito no item um.a) __________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________

c) __________________________________________________________________

d) __________________________________________________________________

e) __________________________________________________________________

f) __________________________________________________________________

g) __________________________________________________________________

h) __________________________________________________________________

3. No texto a seguir faltam certas letras de algumas palavras. Complete-as de acordo com as normas ortográficas da Língua Portuguesa.

"Um tenista pode ser expulso durante uma partida?"

[...] No tênis, é mais correto falar descla___ifica___ão e não e___pul___ão, pois o jogador é eliminado do torneio, e não apenas da partida. É uma puni___ão pe___ada, geralmente usada como último recur___o contra os esquentadinhos. "Antes de ser descla___ficado, um tenista recebe várias penalidades, como advertên___ias verbais, perda de pontos e de games", afirma o árbitro Ricardo Reis. Os tenistas que têm mais chan___es de ser mandados para o chuveiro são os que violam o código de conduta dos torneios. Essa lei proíbe, por exemplo, agre___ões, palavrões e "abu___o" de raquete — o popular ___ilique, quando o jogador fica todo nervo___inho e arreme___a a própria raquete no chão. [...]

(Guilherme Castellar. Mundo Estranho, nº 44.)

33

Page 34: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

8.7. Emprego de ss ou s e ç ou c

8.7.1. Regra Geral

Palavras da mesma família mantêm, na medida do possível, a mesma grafia:. braço: (abraçar, braçada, bracelete);. sílaba: (silábico, monossílabo, dissílabo).

8.7.2. Regras Específicas

1- Usa-se c na terminação ice formadora de substantivos: meninice, tolice, chatice, meiguice.

2- Não se inicia palavra com ç, mas com c: cebola, cedo, celeste, ciclismo, cidadania, cilada.

3- Usa-se c ou ç após ditongos: foice, coice; louça, rejeição, eleição.

4- Usa-se ç apenas antes de a, o, u, mas nunca antes de e e i: caçado, aço, braço, açúcar.

5- Usa-se ç na correlação ter: tenção, em palavras formadas a partir de verbos: manter: manutenção; deter: detenção; reter: retenção; conter: contenção.

6- Usa-se ç nas terminações aça, aço, iça, iço, uça, uço e nça: barcaça, ricaço, carniça, caniço, carapuça, dentuço, criança. 7- Usa-se ç nas palavras de origens indígena, africana e árabe: açaí, paçoca, jaçanã, açúcar, babaçu, açafrão, açude, Itaguaçú, caiçara, muçulmano, açucena.

8- Usa-se ss na correlação ced — cess em palavras formadas a partir de verbos: ceder — cessão; interceder — intercessão; exceder — excesso; conceder — concessão.

9- Usa-se ss nas terminações asse, esse e isse formadoras de verbos no subjuntivo: falasse, fizesse, partisse.

10. Usa-se ss entre vogais, mas nunca depois de consoantes: nisso, nossa, passar; cansada, ensino, discurso.

11- Usa-se s na correlação nd — ns em palavras formadas a partir de verbos: ascender — ascensão; suspender — suspensão; expandir — expansão; compreender — compreensão.

12- Usa-se s na terminação ense: paranaense, cearense, mato-grossense, espírito-santense.

Observações:

1ª- Na língua portuguesa, a terminação ção é muito mais frequente do que a terminação são: atenção, concentração, ação, respiração, combinação, fração, eleição.2ª- Há, porém, palavras muito usadas terminadas em são e que geram dúvidas na escrita: excursão, versão. Por isso, é preferível e mais fácil memorizar as palavras com essa terminação, uma vez que se trata de caso mais raro.

8.7.3. Atividades1. Forme substantivos com ç, ss ou s derivados dos verbos indicados.a) reter: ___________________________________________________________

b) obter: ___________________________________________________________

c) ascender: ________________________________________________________

d) formar: __________________________________________________________

e) retroceder: ______________________________________________________

34

Page 35: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

f) pretender: _______________________________________________________

g) conceder: _______________________________________________________

h) oscilar: _________________________________________________________

i) acelerar: _________________________________________________________

j) expandir: ________________________________________________________

k) repartir: _________________________________________________________

l) ceder: __________________________________________________________

2. Complete as palavras com c, ç, s ou ss, de acordo com as regras estudadas neste item.

a___aí, ara___á, cani___o, fuma___a, palmeiren___e, peda___o, quise___e, discu___ão, baba___u,

macaqui___e, chuma___o, velhi___e, estardalha___o, comilan___a, maluqui___e, deixa___e, abri___e,

espinha___o.

3. Para completar as palavras com c, ç ou ss, guie-se pelas palavras primitivas colocadas entre parênteses.(coçar, trair, seis, ânsia, doce, graça, pensar, fácil, seguir)a) an___iedadeb) fa___ilitarc) gra___iosad) per___eguire) deze___eisf) traí___eg) do___urah) an___iosoi) ado___arj) engra___adok) co___a___el) repen___ar

8.8. Emprego de sc e xc

Observação: Muitos verbos que indicam "princípio de ação" terminam em escer: florescer, efervescer, rejuvenescer, enrubescer, convalescer. Mas fique atento em relação a palavras como adoecer, amanhecer, adormecer, alvorecer, que são escritas apenas com c.

Escrevem-se com sc: acrescentar, adolescência, consciência, crescer, descer, disciplina, florescer, imprescindível, miscelânea, nascer, oscilar, piscina, transcender.

Escrevem-se com xc: exceção, excelente, excesso, excitar.

8.8.1. Atividades

1. Relacione cada palavra a seu significado.exceder (1) ( ) Aquilo que se exclui de uma regra; privilégio.excêntrico (2) ( ) Ir além de; ultrapassar.exceção (3) ( ) Superioridade de qualidade; tratamento dispensado a autoridades.excitação (4) ( ) Aquele que é extravagante; original; diferente.excelência (5) ( ) O que é exagerado; exorbitante.excessivo (6) ( ) Agitação; exaltação; estímulo.

35

Page 36: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

2. Escreva uma frase com:a) exceder: ____________________________________________________________________________________b) excêntrico: ____________________________________________________________________________________c) exceção: ____________________________________________________________________________________d) excitação: ____________________________________________________________________________________e) excelência: ____________________________________________________________________________________f) excessivo: ____________________________________________________________________________________

3. Escreva uma palavra da mesma família dos vocábulos que se seguem:a) adolescente: _________________ b) crescer: _____________________

c) nascer: ______________________ d) florescer: ___________________

e) transcender: __________________ f) fascinação: __________________

g) prescindir: __________________ h) consciência: _________________

i) ascensão: ____________________ j) disciplina: ____________________

8.9. Por sua contaAgora, baseando-se no conteúdo deste capítulo, elabore por sua conta um resumo que lhe permita

revisar a matéria estudada. Formule, por exemplo, perguntas que você possa responder afirmando se a resposta é falsa ou verdadeira, e em caso de ser falsa, indique a resposta correta. Veja os exemplos:01. (V ) A língua é vulnerável em seus aspectos lexical (vocabulário), fonético e sintático, mas não no ortográfico.02. (V ) Presas às origens etimológicas das palavras, as normas ortográficas servem para sistematizar e uniformizar a escrita.03. (V ) Muitas das características ortográficas hoje presentes na língua portuguesa se devem à origem das palavras, isto é, à tradição histórica que elas têm.04. _____________________________________________________________________

05. _____________________________________________________________________

06. _____________________________________________________________________

07. _____________________________________________________________________

08. _____________________________________________________________________

09. _____________________________________________________________________

10. _____________________________________________________________________

11. _____________________________________________________________________

12. _____________________________________________________________________

13. _____________________________________________________________________

14. _____________________________________________________________________15. _____________________________________________________________________

36

Page 37: intervox.nce.ufrj.brintervox.nce.ufrj.br/~jerry/apostila-(capitulos-4-a-8... · Web viewAs jovens que o rei manda buscar não podem recusar-se, caso contrário o castigo recairia

8.10. Leitura

"Um Apólogo" (Machado de Assis)

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma

cousa neste mundo?— Deixe-me, senhora.— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito

que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe

importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.— Mas você é orgulhosa.— Decerto que sou.— Mas por quê?— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão

eu?— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito

eu?— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos

babados...— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás

obedecendo ao que eu faço e mando...— Também os batedores vão adiante do imperador.— Você é imperador?— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só

mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se

passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela.Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e

entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Observação: As atividades referentes ao item (8.10.1, Estudo do Texto), serão repassadas em sala de aula.

37