Jessie Penn Lewis Avivamento Em Gales
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Avivamento em Gales
Um Relato em Primeira Mão do
Avivamento Galês de 1904
Jessie Penn-Lewis
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Prefácio
Nos dias da Igreja primitiva foi considerado necessário que um registro completo e
autêntico fosse escrito com relação à vinda do Espírito Santo, e todas as poderosas obras
que se seguiram a descida Dele no aposento superior em Jerusalém.
Quando chegar o devido tempo, tal tratado concernente ao derramamento do Espírito
Santo em Gales entre 1904 e 1095 talvez seja considerado necessário, pois Gales está
“fazendo história” – história divina – nestes dias. Pode ser que o próprio Senhor esteja
preparando um “Lucas” para esse serviço!
Então, na visão da história futura, torna-se o dever sagrado de cada um contribuir com
informação autêntica para dar a sua cota ao fundo comum. Tal dever repousa sobre mim
porque eu tenho estado durante os últimos anos na “torre de vigia”, observando o mover
de Deus, e eu não posso guardar da Igreja de Deus o que os meus olhos têm visto das
Suas “poderosas obras”, preparando e guiando a esse avivamento, o qual nós cremos e
oramos para que possa ser o início do pleno cumprimento da profecia de Joel.
A maior parte de tudo que eu tenho escrito nas páginas seguintes vem de informação de
primeira mão, que chegou a mim de tal maneira que eu não poderia falhar em ver o
Senhor dirigindo isso a mim com o propósito dessa história, e eu tenho um grande
débito com o ministério, com os ministros e com outros que têm me enviado vários
relatos da obra. Em alguns casos eles tiveram que ser traduzido do galês para o inglês –
requerendo grande tempo e esforço em meio a outros clamores urgentes. Eu achei
melhor omitir todos os nomes com exceção daqueles já conectados publicamente com o
Avivamento, embora eu reconheça que nos dias do Pentecostes a história foi contada em
toda a sua simplicidade e verdade – sem nenhum pensamento de honra aos instrumentos
de Deus, pois “eles ensaiaram todas as coisas que Deus havia feito por meio deles”.
Para obter uma visão ampla eu também procurei escrever do ponto de vista do Monte de
Deus. Em Cantares o Esposo clama à irmã-noiva, “Vem Comigo [e] olhe do alto”. Que
nós possamos atentar para o chamado Dele, e “subir o monte do Senhor” e “permanecer
no Seu santo lugar”, de onde nós possamos observar no mundo “A voz de Jeová...
despedindo chamas de fogo”, e “quebrando os cedros”. Mas é óbvio que as páginas
seguintes não podem desdobrar tudo o que o Senhor tem forjado no movimento de
oração, ou as Suas obras interiores nos Principados de Gales. De fato, a história dos
seus maravilhosos feitos em cada um dos poucos centros que eu tenho resumidamente
mencionado preencheriam facilmente um capítulo.
Eu somente registrei o que eu sei sobre algumas das fontes do Avivamento – fontes em
grande parte desconhecidas do mundo até agora. Eu faço isso não apenas pelo bem da
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história futura, mas porque é da importância mais vital que o povo de Deus possa
discernir a verdadeira essência das obras de Deus, para que eles não estejam ocupados
com as manifestações exteriores, e não procurem imitar aquilo que só pode ser
produzido pelo próprio Deus quando o Seu povo obedece às condições de benção.
Com esse objetivo especial em vista eu escolhi, fora a quantidade de material em
minhas mãos, registrar aqueles exemplos das obras de Deus que enfatizam o aspecto
sobre o qual eu tenho discorrido no último capítulo, i.e., que Deus opera a partir do
meio de pessoas cheias do Espírito em direção ao mundo. Todo aquele que anseia por
um avivamento mundial deve enxergar que ele apressa esse dia entrando pessoalmente
na vida cheia do Espírito, enquanto as congregações devem buscar – o que pode nunca
ter entrado em suas mentes antes como algo possível – ter o seu “Pentecostes”.
Ao terminar eu não posso me abster de mencionar uma “coincidência romântica” que
chegou a mim pessoalmente no último ano através da renovação da minha amizade de
infância com o Dr. Cynddylan Jones. Quando com quatorze anos, eu era a pequena
companhia do Dr. Jones e do meu pai que juntamente convalesciam num
estabelecimento hidroterápico, após uma séria doença. Meu pai foi levado ao lar
celestial e o Dr. Jones foi deixado para continuar o seu ministério para Deus, sem
imaginar que a criança que brincava ao seu redor naqueles dias iria, muitos anos depois,
ter o privilégio e a satisfação de realizar um serviço em ligação com ele, de contar a
história de um grande avivamento na sua terra nativa!
Que o Espírito Eterno possa usar as mensagens relacionadas com o cumprimento do Seu
desejo para guiar a Igreja de Deus de volta ao Calvário e ao Pentecostes. Então, que “a
glória de Jeová seja revelada, e toda carne juntamente a contemple, pois o monte de
Jeová o disse”.
Jessie Penn-Lewis.
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Conteúdo
Introdução............................................................................8
Pelo Dr. Cynddylan Jones
Capítulo 1...........................................................................14
O Primeiro Pentecostes em Jerusalém e a Profecia
de Joel – O Movimento de Oração – Os Círculos
de Oração em 1902- A Pregação da Cruz Renovada.
Capítulo 2...........................................................................21
O Principado de Gales – O Profeta do Avivamento
– A Última Mensagem dele em Gales em 1903 – A
Primeira Convenção de Llandrindod em Agosto de
1903.
Capítulo 3...........................................................................27
O Manancial de Vida em New Quay em Fevereiro
de 1904 – A Segunda Convenção de Llandrindod
em Agosto de 1904 – Uma Reunião de Oração a
Meia-Noite – O Fluir do Rio no Outono.
Capítulo 4...........................................................................33
New Quay em Setembro de 1904 – A Convenção
de Blaenanerch – O Batismo com o Espírito de
Evan Roberts – Loughor em Novembro de 1904 –
A Tsunami e o Seu Resultado.
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Capítulo 5............................................................................73
As Fontes Superabundantes Através de Diversos
Canais – Como O Espírito Santo Operou Em Vários
Centros – Os Efeitos Gerais Sobre as Igrejas.
Capítulo 6............................................................................89
Os Mananciais de Vida em North Wales – Alguns
Traços em Ponkey em Julho de 1904 – A Corrente de
Ondas em Rhos, em Novembro de 1904 – A Cura da
Breach em Betesda – A Ilha de Anglesey é Atingida –
A Santidade de Deus é Proclamada – Muitos
Estudantes Universitários São Tocados.
Capítulo 7............................................................................101
A Mensagem para a Igreja – As Lições Objetivas em
Gales – O Lugar do Calvário no Avivamento.
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Introdução
Gales é uma país de avivamentos periódicos. No meio do século dezoito “uma brasa
viva do altar” tocou os lábios de Daniel Rowlands, um ministro da Igreja da Inglaterra,
e o inspirou com um fervor que não pôde ser apagado por nenhuma oposição. Os bem
educados e respeitáveis cristão da época o chamaram o “ministro amalucado” de
Llangeitho. Mas se ele era maluco, a nação galesa tinha razão para ser eternamente
grata, pois através das suas “maluquices” ele viu a Deus e a eternidade, e a visão encheu
a sua alma com um ousado entusiasmo. Em poucos anos toda Gales estava em chamas.
Pessoas de perto e de longe vieram para testemunhar os efeitos agitadores da sua
pregação; os ouvintes lamentavam e berravam, ultrajando toda conveniência. Será que
este maravilhoso avivamento deixou algo de valor permanente para a nação após ele?
Sim. Primeiro, enquanto o avivamento na Inglaterra deixou após si uma nova
comunidade religiosa, a grande Igreja Metodista Wesleyana, em Gales ele criou uma
nova denominação, a Igreja Metodista Calvinista, a qual é em números, influência e
níveis de aprendizado, semelhante às principais denominações do país. Em segundo, ele
deu a Gales a sua hinologia. Até então a nação não tinha hinos. Agora nós temos uma
herança de hinos com uma riqueza além de qualquer comparação. Estes hinos
revitalizaram a vida religiosa, e conseqüentemente a nação subiu a um nível mais alto
desde então.
Aquele movimento perdeu a sua força com o passar do tempo. Mas no início do século
dezenove começou outro avivamento. John Elias com os seus sermões teológicos,
Christmas Evans com seus sermões poéticos, e William of Wem com seus sermões
filosóficos viajaram pelo país proclamando as doutrinas da graça, cada um da sua
maneira – fortalecendo os seus ouvintes, lançando-os num êxtase religioso – e uma vez
mais a grande congregação gritou e cantou com alegria. Toda Gales era como um
caldeirão fervente. Gradualmente as chamas da emoção morreram. O que permaneceu –
cinzas? De forma nenhuma; aquela convulsão na experiência espiritual da população
elevou a vida nacional a um nível mais alto. Emocionalismo? Sim; mas ele nutriu as
raízes do intelecto, infundiu nova vida na Árvore do Conhecimento bem como na
Árvore da Vida.
Não importa como seja entre outras nações, em Gales a Vida é sempre a Luz. Assim
como o primeiro avivamento nos deu a nossa hinologia, o segundo nos deu a nossa
teologia. Provavelmente não haviam homens suficientemente instruídos para escrever
livros de qualidade por si mesmos, mas existiam muitos capacitados a traduzir os bons
livros de outros autores. Conseqüentemente, sob a influência desse avivamento grandes
livros foram traduzidos na língua natal de Gales: Os seguintes livros do Dr. John Owen,
A Pessoa de Cristo, Justificação, e A Obra do Espírito Santo*; Comentário de
Matthew Henry; e um número de outros livros puritanos.
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Sob essa influência o Peregrino de Bunyan aprendeu a falar galês na sua jornada para a
Cidade Celestial! Na ausência de literatura leve, os fazendeiros e os camponeses
gastavam as noites dos seus longos invernos ponderando sobre esses livros, discutindo
os seus ensinamentos nas suas Escolas Dominicais de adultos e nas suas reuniões
semanais noturnas, com o resultado inevitável de que eles se tornaram minuciosamente
fundamentados nas doutrinas fundamentais da salvação. O Puritanismo entrou no
sangue dos galeses; ele ainda colore todos os seus pensamentos e jamais pôde ser
expulso. Daí a sua aversão a ritos e cerimônias – a todo apelo à sua natureza estética – e
a sua prontidão por outro lado de responder a todo apelo à sua natureza espiritual.
Em 1850 o entusiasmo dos dias anteriores tinha quase morrido. A vida da Igreja era
branda chegando quase a letargia. Os anciãos e anciãs estavam chamando a memória os
anos da destra do Altíssimo e suspirando por uma minúscula porção de brisa. E em
1859 o terceiro avivamento explodiu. Humphrey Jones, um jovem ministro wesleyano,
se inflamou no fogo do avivamento americano daquela época, cruzou o oceano para
transmitir a chama à sua terra nativa. Ele sustentou reuniões de oração e pregação; toda
a parte do país em North Cardigan estava comentando sobre o jovem reavivalista. Mas,
ai, a sua estrutura física não pôde suportar a tensão, e em três ou quatro meses o seu
sistema nervoso entrou em colapso e ele jamais pôde encarar uma congregação
novamente. Mas ele não se esforçou em vão porque antes do seu colapso ele conferiu o
fogo a um vizinho seu, o Reverendo Davis Morgan, um ministro Metodista Calvinista,
um homem de uma compleição física esplêndida. A transformação forjada nele foi
simplesmente miraculosa. Eu sei do que eu falo porque eu fui uma testemunha de tudo
isso. Ele cruzou o país de Holyhead até Cardiff, falou como alguém inspirado, ergue-se
muito acima de todos os seus colegas durante os três anos do seu estranho
levantamento. Multidões se detinham diante dos seus lábios, os ímpios clamavam em
agonia de alma, os santos gritavam de alegria – o seu barulho era como o barulho de
muitas águas. Todo o país estava em chamas. Está computado que cerca de 100.000
convertidos foram acrescentados as igrejas.
Houve críticos e escarnecedores bem como agora. “Se, pois, toda a igreja se reunir no
mesmo lugar, e todos se puserem a falar..., no caso de entrarem indoutos ou incrédulos,
não dirão, porventura, que estais loucos?” (1Coríntios 14:23, VRA). Literalmente, eles
não irão dizer que nós estamos sob a influência de demônios? Essa provavelmente foi a
censura dos incrédulos sobre o avivamento em Corinto; essa certamente foi a censura ao
avivamento de 1859 em Gales! Felizmente havia outros mais sensíveis à influência
espiritual, que responderam, “Muito bem, se isso for obra do diabo ele deve ser um
diabo bem novo para Gales. O antigo mandou as pessoas para as cervejarias, o novo
manda para as igrejas; o antigo fazia elas dançarem e jurarem, o novo faz elas saltarem
e louvarem”.
_________________________
*Atualmente publicado como Estandarte da Verdade como uma parte das Obras
de John Owen (16 volumes).
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“Pelos seus frutos os conhecereis”. Emocionalismo, extravagância – sim; mas eles
queimaram as velhas impurezas. Gales foi elevado no cume daquela onda de
avivamento; quando a onda diminuiu o que ficou – espuma? Não, mas elevados anseios
de santidade e um intenso amor pelo aprendizado. Desde então o número de lugares de
adoração foi duplicado, milhares de escolas foram construídas, e três faculdades
nacionais foram implantadas – todos eles tendo as suas raízes na reivindicação da vida
religiosa de aproximadamente cinqüenta anos atrás. O primeiro avivamento nos deu a
nossa hinologia, o segundo a nossa teologia, o terceiro o nosso sistema educacional, o
qual as nossas autoridades afirmaram não ser inferior a nenhum outro no mundo de
hoje. Cada avivamento, assim como um transbordamento do Nilo, deixa um rico
depósito após ele para fertilizar o caráter nacional.
Este avivamento memorável perdeu a sua força com o passar dos anos. Nos últimos dez
anos a vida espiritual nas nossas igrejas foi se tornando mais e mais deprimida. Nossos
melhores espíritos estiveram lamentando o deslize iminente da nossa pátria no
barbarismo. Um clamor sincero subiu aos céus. Por meses nós sentimos que havia
alguma coisa imprecisa, indefinida e misteriosa no ar – um som de marcha no topo das
amoreiras. As progenitoras e virgens piedosas foram as primeiras a sentir o retorno da
maré, que nos últimos meses tem varrido tudo diante dela. A história desse quarto
avivamento será contada nas páginas seguintes por alguém em plena simpatia com
todos os movimentos espirituais, e que possui a vantagem de entender minuciosamente
os ímpetos generosos do coração celta e os misteriosos circuitos da mente celta. Mas me
permita indicar duas ou três das suas características proeminentes.
1.Ele é independente de toda organização humana – direto do céu. Missões não são
avivamentos. Homens podem organizar o primeiro, não o segundo, e é uma pena que a
distinção seja tão freqüentemente menosprezada. O método dos homens para salvar o
mundo é através de um maquinário complicado e dispendioso – salvação pela mecânica;
mas o método de Deus é pela energia vital – salvação pela dinâmica. “Eu não me
envergonho do evangelho de Cristo: pois ele é o poder – a dinâmica – de Deus para
salvação” (Romanos 1:16). São Paulo, o missionário, confiando na oração e no poder
dinâmico do evangelho, mudou a face do Império Romano. E em Gales hoje, tudo é
espontâneo. A dinamite está operando, explosões após explosões, e em média milhares
de pedras grosseiras e ásperas já foram desprendidas da pedreira da humanidade
corrupta. E onde explosões freqüentes e poderosas acontecem, deve-se imaginar que
exista tumulto e confusão? É melhor a confusão na cidade do que a ordem no cemitério.
2.Muita importância recai sobre a obra do Espírito, pelo menos nos estágios iniciais.
Até agora a obra de Cristo tem sido a verdade toda-importante na exclusão em grande
âmbito da doutrina do Espírito. Muita ênfase tem sido dada em se receber a Cristo e
importância insuficiente em se receber o Espírito. Agora, porém, a pergunta tem vindo
ao primeiro plano, “Recebestes o Espírito quando crestes?” (Atos 19:2). Havia milhares
de crentes em nossas igrejas que, assim como os discípulos que Paulo encontrou em
Éfeso, tinham recebido a Cristo, mas jamais haviam recebido o Espírito Santo. A marca
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do sangue de Cristo estava sobre eles, mas onde estava a marca da unção do Espírito?
Salvos, eles não procuravam salvar os outros. O avivamento atual, no entanto, embora
não obscurecendo a doutrina da cruz, trouxe à proeminência a doutrina do Espírito.
Milhares de cristãos que tinham recebido a Cristo receberam agora o Espírito Santo, e
como conseqüência eles estão preenchidos com o espírito de serviço – nenhuma tarefa
parece muito árdua para eles por amor a Cristo.
Embora essa doutrina não seja de forma nenhuma nova para a teologia, no movimento
atual ela tem assumido uma nova forma, pelo menos na experiência. A ortodoxia
sempre tem permitido que a consciência fale dentro de nós; mas na prática nós temos
efetuado amplamente uma separação entre a consciência e o Espírito Santo. Esse
avivamento tem unido esses dois novamente. “Alguma coisa me diz para fazer isso e
evitar aquilo”, diz o homem. “Alguma coisa?” responde o jovem avivalista. “Porque
não ser honesto? Porque você não diz “Alguém?”E o avivalista está certo. Uma coisa
nunca pode falar. Não é alguma Coisa, mas Alguém que fala, ninguém menos do que a
Terceira Pessoa da Santa Trindade. Isso não investe a consciência de grande
sacralidade? Todos nós cremos na necessidade do Espírito para regenerar e santificar, -
para cumprir as grandes incumbências da vida, as obras que nós sabemos que nenhum
poder humano pode realizar; mas, ai, nós não temos o hábito de introduzir o Espírito nas
ações comuns da nossa vida diária. Porém as Escrituras nos ensinam a buscar a direção
do Espírito em todas as coisas, pois Ele é a fonte de toda prudência e sabedoria.
3.A terceira característica é o entusiasmo, uma característica comum a todos os
avivamentos. Muitos cristãos que amam a gentileza e a moderação gostariam de receber
o batismo com o Espírito sem o batismo de Fogo. Mas o que Deus juntou não pode ser
separado. “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3:11); aí está o
versículo – o que você fará com ele? No original há somente uma preposição, não duas
como no português; isso demonstra a identidade dos dois batismos, ou melhor, que há
somente um. Aonde quer que o Espírito desça, Ele trás fogo na sua comitiva. “E
apareceram distribuídas entre eles, línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um
deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas,
segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2:3-4, VRA.).
Corações de Fogo e Línguas de Fogo. Será que o entusiasmo é permitido em todos os
outros departamentos da vida, mas proibido na vida da igreja? Por mil vezes, Não.
Como o apóstolo fala? “Fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”. Fervorosos,
literalmente, em ebulição. “Em ebulição no espírito”. Que ninguém se envergonhe de
“estar em ebulição” no serviço do Salvador. Em todos os eventos eu prefiro as
congregações que entram em ebulição do que aqueles que nunca chegam a isso. “A
oração fervorosa de um justo muito pode em seus efeitos”. Literalmente, a oração em
ebulição. A oração fria, mesmo de um bom homem, de nada aproveita no céu e na terra,
mas a oração em ebulição de um justo antes tem produzido maravilhas e as produzirá
novamente.
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Quão frias e formais as orações da Igreja têm sido por tantos anos! Mas nos últimos
quatro meses tem havido uma mudança marcante em todo lugar – os que oram têm
estado em ebulição e multidões inteiras têm sido lançadas num estado de fervor
extraordinário. Eu me regozijo vendo a geração emergente em ebulição com grande
entusiasmo pelo serviço de Cristo, pois a marca da “ebulição” estará nela enquanto ela
viver. Ninguém é o mesmo de antes depois de entrar em ebulição. Centenas de jovens
tinham sido levantados, religiosamente falando, nos lares e na igreja; mas a sua religião
era fria, formal e seguia uma rotina. Dificilmente algum deles tinha coragem suficiente
para dobrar os joelhos em oração pública, com as conseqüências inevitáveis de que
apenas homens idosos se engajavam publicamente nas reuniões semanais de oração.
Observe a diferença! Agora os nossos jovens afluem para o serviço, orações fluem
espontaneamente dos seus lábios como a água flui de uma fonte, o louvor ascende ao
céu como a canção dos pássaros na primavera. Nada forçado, nenhum convite – a
espontaneidade caracteriza os procedimentos do início ao fim. Ninguém fica
envergonhado de confessar a Cristo como o seu Salvador – antes, a vergonha está do
outro lado. Todas as capelas estão cheias, os vales e os montes retinem com o louvor. A
história seguinte irá mostrar como apostadores recusam o dinheiro ganho em apostas
feitas antes da conversão, como os lutadores pelo prêmio são agora almas vencedoras,
como ladrões devolvem coisas roubadas, como maridos retornam aos seus lares, como
inimigos tornam-se amigos. O registro das páginas pode ser preenchido com tantas
conversões surpreendentes quanto aquelas que estão nos anais da Igreja cristã.
Será que nós justificamos as extravagâncias? Não mais do que Paulo as justificou em
Corinto (1Coríntios 14)! Nós sabemos o que elas significam, somos capazes de
interpretar línguas. Para fora da confusão emergirá ordem, beleza e vida. Todas as
críticas são refutadas pela pergunta do profeta, “Que tem a palha com o trigo?”
(Jeremias 23:28).
J. Cynnddylan Jones
Moderador da Assembléia Geral
Da Igreja Presbiteriana de Gales.
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DYMA GARIAD
A “Melodia do Amor” do Avivamento
(Tradução inglesa feita por Principal Edwards, Cardiff)
Aqui está o amor, vasto como um oceano
Ternura amorosa como um dilúvio,
Quando o Príncipe da Vida nosso resgate
Derramou por nós o Seu precioso sangue;
Quem não se lembrará do Seu amor?
Quem pode cessar de cantar os Seus louvores?
Ele jamais pode ser esquecido
Através do dias eternos celestiais
No Monte da Crucificação
Fontes se abriram profundamente;
Através das portas do dilúvio da misericórdia de deus
Fluiu uma ampla e graciosa corrente;
Graça e amor, como rios poderosos,
Derramaram-se do alto incessantemente,
E a paz celestial e a justiça perfeita
Beijaram um mundo culpado em amor.
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Capítulo 1
O Primeiro Pentecostes em Jerusalém e a Profecia de Joel – O Movimento de Oração – Os Círculos de Oração em 1902 – A Pregação da Cruz
Renovada.
Depois da tragédia do Calvário e da gloriosa ressurreição e ascensão Dele, que agora
está vivo para sempre, o Senhor Elevado sentou-se a direita da Majestade nas Alturas e
recebeu do Pai a “promessa do Espírito Santo” para os Seus redimidos como fruto da
Sua Paixão. Então Ele derramou o Espírito Santo sobre um grupo de homens e mulheres
reunidos em concordância no aposento superior em Jerusalém – a cidade aonde Ele foi
crucificado.
Dando a eles mandamento “por intermédio do Espírito Santo”, uma de Suas últimas
palavras antes Dele ascender foi “Eu envio a promessa do Pai sobre vós: permanecei na
cidade, até que sejais revestidos de poder do alto” (Lucas 24:49,VR).
Retornando do Monte das Oliveiras para Jerusalém eles se determinaram a obedecer, e
em concordância continuaram firmes em oração até que finalmente o dia raiou, e o
Espírito Santo veio com “a rapidez de um poderoso fôlego”.*
A palavra usada para descrever o Seu advento é significativa. O fôlego do Espírito
Santo é mencionado pelo Senhor Jesus a Nicodemos quando Ele disse que os homens
mortos no pecado devem nascer de novo – um nascimento do alto que viria através do
fôlego do Espírito da Vida sobre eles, de forma que eles são gerados de Deus. E “o
Espírito sopra”¹aonde Ele quer! Os homens podiam ouvir e ver os efeitos tanto quanto
o vento, mas não saber “de onde ele vem e para onde ele vai”.
Depois nós lemos que no primeiro Dia da Páscoa o Senhor Ressurreto apareceu no meio
dos Seus discípulos, e mostrando a eles as Suas mãos e o Seu lado cicatrizado com as
marcas do Calvário, soprou sobre eles dizendo, “Recebam vocês”, ou, como está
literalmente, “Tomem o Espírito Santo”. ²
Nós não podemos duvidar que os discípulos receberam o Espírito Santo quando o
Senhor Ressurreto soprou sobre eles, mas a sua vida imediatamente depois disso mostra
que isso não foi energização para o serviço e o revestimento com o poder divino pelo
qual o Senhor tão expressamente advertiu a eles que esperassem antes de tentar
testemunhar Dele. O sopro do Espírito Santo sobre eles no primeiro Dia da Páscoa
parece ter sido meramente o “penhor” ou a preparação da plenitude Pentecostal do
Divino Espírito, e eles teriam falhado dolorosamente em entrar nos Seus grandes
propósitos para eles se eles tivessem dito “Mas nós recebemos o Espírito Santo no dia
da ressurreição Dele!”, e não tivessem esperado em Jerusalém até que eles fossem
“batizados no Espírito Santo”* ou revestidos Dele, como o Senhor havia prometido.
________________________
*Dr. Elder Cumming. ¹João 3:8, VR ² João 20:22, VR *Atos 1:5,VR
15
Mas eles obedeceram e esperaram, possivelmente mal sabendo o que viria a acontecer,
até que repentinamente veio do céu um “um vento impetuoso”. O fôlego de Deus que
concede o novo nascimento a todo crente veio agora com tal força e volume que ele
encheu a própria atmosfera da casa onde eles estavam sentados. Os crentes foram então,
assim por dizer, submersos no Espírito Santo, tanto quanto habitados interiormente por
Ele. Nessa intensa atmosfera sobrecarregada o Espírito Santo se manifestou -
aparentemente a vista e aos ouvidos – e apareceram entre eles línguas como línguas de
fogo “distribuídas” * e repousando sobre cada um presente, até que cada um - a despeito
do temperamento, educação, treinamento, posição, sexo, ou idade, pudesse – “começar
a falar” como o Espírito lhe concedia que falasse.
A cidade de Jerusalém nada soube do pequeno grupo silenciosamente reunido e orando
no aposento superior. Mas agora eles não podiam se esconder! Ao ouvir o som das
vozes, a multidão se aproximou e viu o grupo cheio do Espírito sob tal controle de
algum poder que os elevou para fora de si mesmos que alguns disseram, “Eles estão
cheios de vinho novo”, enquanto todos estavam admirados e maravilhados, dizendo,
“Não são todos estes que falam galileus?” – pessoas sem instrução e sem cultura da
província da Galiléia.
O mundo estava indo pelo seu próprio caminho, ignorante de tudo o que Deus estava
fazendo silenciosamente no reino espiritual para executar o conselho dos séculos.
Mas agora! “O que isso quer dizer?”, perguntava a multidão reunida. Coisas importantes
tinham acontecido no reino invisível, e tudo o que havia sido forjado pela morte do
Deus-Homem no Calvário deve ser manifestado agora ao mundo que O crucificou! A
Terceira Pessoa da Trindade, o Eterno Espírito do Pai, se revela para dar testemunho do
Senhor Crucificado e Ressurreto, e revestir seres humanos com autoridade divina para
serem Seus mensageiros.
Respondendo a acusação de estarem cheios de vinho, Pedro se levantou e falou – o
mesmo homem que apenas quinze dias antes havia negado o seu Senhor na mesma
cidade. Falando sob o constrangimento do Espírito Divino, ele disse, “Isso é aquilo que
foi dito pelo profeta Joel:
“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do Meu Espírito sobre
toda a carne: e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão... e sobre os Meus servos,
e sobre as minhas servas Eu derramarei do Meu Espírito naqueles dias; e eles
profetizarão”.
Deixe-nos distinguir as palavras, pois elas concernem vitalmente o povo de Deus hoje.
“Isso é aquilo que foi dito pelo profeta Joel”, disse o apóstolo. Não “isso é o pleno
cumprimento da profecia”. A declaração escrita é “Eu derramarei do Meu Espírito sobre
toda a carne” – e isso fala de um círculo maior do que cento e vinte homens e mulheres.
Sim, um círculo maior do que as três mil e as cinco mil almas, e “multidões” a mais de
homens e mulheres rapidamente “acrescentados ao Senhor”. Sem dúvida, as palavras
prenunciam um cumprimento mais amplo da profecia do que o que tomou lugar no
Pentecostes.
___________________
*Atos 2:3, VR.
16
Joel disse, “Naqueles dias Eu derramarei do Meu Espírito”. A expressão “está no
tempo contínuo do hebraico, expressando uma ação contínua, literalmente um
derramamento contínuo, em curso inacabado”.* Portanto, parece que as palavras
“naqueles dias” cobrem toda a dispensação do Espírito, começando com o Dia do
Pentecostes. O propósito de Deus envolveu manifestadamente um início no aposento
superior, e uma continuação em círculos mais e mais amplos à medida que o manancial
superabundante de vida alcançou os “confins da terra”; mas a Igreja, ao invés de
permanecer numa condição pentecostal, dirigiu-se para mais e mais longe disso.
Todavia, a Palavra de Deus permanece imutável. A Igreja será trazida de volta ao seu
Pentecostes quando ela enxergar a sua necessidade e se voltar para o Senhor.
Na profecia de Joel nós vemos prefiguradamente à obra do Espírito Santo na figura de
“chuva”. Joel fala sobre a resposta do Senhor ao clamor do Seu povo, quando Ele faria
com que descesse sobre eles a “chuva temporã” e a “chuva serôdia”. ** Então, MAIS
TARDE viria o derramamento do Espírito sobre toda carne, e um tempo de obras
sobrenaturais do Espírito em que todo aquele que simplesmente “invocasse” o nome do
Senhor seria salvo.¹ A “chuva temporã” na Palestina era sempre concedida para fazer
com que a semente semeada germinasse e crescesse até a maturidade. A “chuva
serôdia” era esperada como essencial para o preenchimento do grão para o seu
amadurecimento e aptidão para a colheita. Quão nítida é a previsão dos propósitos de
Deus para com o Seu povo no Dom do Espírito Santo.
Ora, nós não precisamos tentar delinear os movimentos de Deus no mundo que precede
o primeiro Pentecostes. Onde nós fizermos isso, nós vamos encontrá-los de forma
notavelmente paralela aqueles dos anos recentes, quando a condição da Igreja Cristã
professante tornou-se semelhante à Igreja Judaica no final da dispensação antes do
aparecimento do Messias.
Para nós será suficiente enfatizar que a profecia de Joel anuncia claramente a
preparação do povo de Deus através de uma busca de Deus em oração. Nós lemos que
eles são trazidos pelos Seus tratos providenciais à consciência das suas necessidades, e
são convocados a deixar os seus interesses e, em concordância, buscar a face Dele.
Então a resposta do Senhor viria numa superabundância de bênçãos pessoais, e no
derramamento do Seu Espírito em tal medida que o mundo seria tocado e pecadores
invocariam o nome do Senhor.
O primeiro Pentecostes em Jerusalém cumpriu exatamente essa previsão. Desprovidos
Daquele que havia estado com eles em presença física como Mestre e Guia,
confrontados com a Sua ordem de ir adiante e discipular todas as nações, conscientes da
sua falta de poder para cumprir essa comissão e da sua falta de posição, cultura,
conhecimento, e de todos os recursos que iriam atrair a atenção do mundo para a sua
mensagem, o pequeno grupo de discípulos se ajuntou com o acordo de orar até que eles
fossem equipados com o poder do alto.
A ORAÇÃO precedeu o primeiro Pentecostes, e a ORAÇÃO deve preceder o
derramamento mais amplo do Espírito nos últimos dias; portanto, os verdadeiros
membros de Cristo em toda a terra devem ser atraídos pelo Espírito dentro deles para
um acordo de pedir a Deus para derramar o Seu Espírito de acordo com a Sua palavra.
A dimensão de um governará a dimensão do outro, pois a oração prepara os canais para
o Espírito Santo encher – através dos quais Ele fluirá para dentro do mundo.
________________________
*Dr. Woods Smythe **Joel 2:23 ¹Joel 2:28-32.
17
Portanto, a pergunta que surge é se tem havido nos últimos anos alguma indicação da
preparação especial da Igreja para o mais amplo cumprimento da profecia de Joel. Se
nós descobrirmos ser assim, a nossa fé será fortalecida e a nossa visão se tornará mais
nítida para ver que o Avivamento em Gales pode ser o começo da “chuva serôdia” que
preparará a Igreja de Deus para o Arrebatamento, e atrairá para o reino todos aqueles
que serão salvos.
Para obter uma visão mais ampla vamos agora ascender em coração e mente ao lugar
secreto do Altíssimo, tendo ousadia para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de
Jesus, e olhar com Ele para o mundo e observar os movimentos do Seu Espírito no meio
do Seu povo. É possível que nós encontremos o véu removido somente aqui e ali e
tenhamos apenas vislumbres das Suas obras, mas estes serão suficientes para dar
discernimento das Suas preparações sobre a terra para o cumprimento dos Seus
propósitos entre os homens.
Nós vamos voltar em reflexão ao ano de 1898 ou 1899 e olhando para um Instituto
Bíblico na América, ver ali reunidos trezentos ou quatrocentos filhos e filhas de Deus,
se ajuntando todo sábado a noite para orar por um “Avivamento mundial”. Nesse
Instituto Bíblico nós encontramos homens e mulheres de todas as regiões buscando
equipamento para a pregação do evangelho. Seus corações anseiam por suas próprias
nações e “por todo o mundo” deve ser a benção que eles buscam. Depois de certo tempo
alguns começaram a permanecer em oração até altas horas e não paravam até as
primeiras horas da manhã de domingo. Entre eles estava alguém que era o seu líder.
Consciente de que aqueles que oram devem estar preparados para serem instrumentos
na resposta as suas próprias orações, ele se oferece a Deus para qualquer serviço
especial produzido pela oração pelo avivamento.
Rapidamente nós atravessamos em visão para outra terra longínqua, e na Austrália
encontramos uma equipe de ministros e leigos que têm se reunido durante onze anos
todo sábado à tarde, suplicando a Deus por um “grande avivamento”. Na espantosa
cadeia de obras divinas, a seguir nós vemos um mensageiro chamado do coração da
corporação de oração na América para ser um dos instrumentos da resposta de Deus na
Austrália para aquelas orações – exatamente aquele que se colocou aos pés do Senhor
da colheita, pronto para obedecer a todas as Suas ordens.
Em 1901 nós olhamos para a grande cidade de Melbourne e vemos cinqüenta
missionários* realizando cultos em cinqüenta centros diferentes da cidade, enquanto
40.000 almas em oração se reúnem em duas mil casas para “reuniões de oração
caseiras”, cercando a cidade com as orações. Muitos se reuniam em oração até a metade
da noite, e Melbourne é movida de ponta a ponta pelo poderoso mover do Espírito de
Deus.
Nós voltamos novamente em rápida reflexão até a Grã Bretanha e olhamos para as
enormes reuniões de cinco mil cristãos reunidos em Keswick em Julho de 1902. A
história dos “círculos caseiros de oração” em Melbourne está sendo contada. Os
corações dos obreiros estão tristes e sobrecarregados.
_____________________
*Homens conduzindo uma série de reuniões especiais.
18
Exaustos de esforço e organização, nenhuma nova “União de Oração” iria recorrer a
eles, mas rapidamente a fagulha do fogo na Austrália cai em muitos corações. “Círculos
caseiros de oração”! Os “dois” e “três” daqueles que estão realmente sobrecarregados
com um “avivamento mundial”! Esse é o chamado de Deus! Se uma cidade pode ser
assim cercada de oração, porque não o mundo? Os nomes daqueles que são atraídos por
Deus para orar são rapidamente enviados de todas as partes da terra até que milhares de
corações de oração estivessem cercando o planeta com oração. É a união de oração de
Deus ajuntada e guiada por Ele sem organização, sem taxa de associado, sem equipe,
mas apenas os poucos que registraram os seus nomes como um trabalho de amor pelas
almas. E agora a oração era pelo “derramamento do Espírito”! Em outras palavras, um
Pentecostes para a Igreja de Deus.
Apenas um mês antes, na longínqua Índia o Divino Espírito colocou o mesmo fardo
sobre os servos de Deus e os guiou – sem qualquer conexão consciente com o
movimento de oração em outras nações – para formar um círculo de oração entre
aqueles que se uniriam para suplicar pelo Espírito derramado sobre a nação tenebrosa e
carente. Manifestadamente o Espírito de Deus estava movendo simultaneamente o povo
de Deus em várias partes do mundo para orar pela mesma coisa, e criando o clamor para
o qual Ele estava se preparando para responder.
Depois nós podemos ver como o ano de 1902, quando os círculos de oração foram
formados, se destaca como o momento em que em todo o mundo o povo de Deus que
ora – incluindo, nós não temos dúvidas, muitos grupos de oração e corações de oração
invisíveis ligados com os círculos ao redor do mundo inteiro – unidos no propósito de
pedir pelo Pentecostes prometido.
Também é significativo que nesse ano de 1902 um panfleto intitulado “Um Chamado ao
Avivamento para as Igrejas” foi emitido e ganhou uma ampla circulação, e outro
panfleto chamado “De Volta ao Pentecostes”, emitido no mesmo ano, mostrou como
Deus estava guiando os pensamentos do Seu povoe os preparando para os Seus
propósitos da graça.
Podemos nós discernir algum efeito imediato do envolvimento mundial em oração? Em
menos de um ano começaram a haver sinais de despertamento em vários quarteirões, e
a “Voz do Senhor” estava “sobre as águas”, mas como testemunho aos olhos do mundo
ainda não podia ser dito que havia um movimento do Espírito com as características do
Pentecostes.
Assim como nos dias de Ana e Simeão, havia muitas almas ocultas que conheceram os
conselhos secretos de Deus. Alguém assim estava presente em Keswick no tempo do
chamado para orar. Ela tinha se oferecido a Ele cerca de dois anos antes para o serviço
especial de intercessão, e a história dos tratos Dele é melhor contada nas próprias
palavras dela:
“Eu tinha lido palavras com essa propriedade: „Se até mesmo uma vida pudesse se
render inteiramente a Deus para ser usada como Ele quisesse em oração, os resultados
mais maravilhosos se seguiriam – e Ele precisa de alguém assim‟. Então eu ajoelhei, e
muito humildemente disse a Ele que se Ele quisesse me tomar e me usar em oração, eu
estaria disposta. Quando eu disse de todo o meu coração „Sim, Senhor‟, foi como se
uma mão fosse colocada sobre mim me pressionando mais e mais baixo até que eu não
tivesse mais nenhuma vida em mim – e eu chorei.
Durante alguns meses eu fui usada em oração para coisas pequenas, mas um dia cerca
de seis meses depois tudo estava absolutamente tenebroso. Como habitualmente, eu fui
19
a Ele, mas as trevas continuaram por mais uma semana. Então, numa manhã, mais ou
menos às dez horas, a agonia tornou-se terrível e eu clamei, „Senhor, o que é isso‟? Ele
respondeu, „Venha Comigo e Eu te mostrarei o pecado nesse lugar‟. Era como se nós
fossemos as piores partes do distrito, e eu vi o pecado como nunca tinha visto antes. Eu
clamei pelas pessoas. A oração era, „Ó Senhor, envia um avivamento nesse lugar‟.
Então veio uma perfeita paz até a manhã seguinte no mesmo horário, quando o Senhor
me chamou novamente e me levou mais longe. A mesma coisa aconteceu pela semana
inteira até que eu estava agonizando por um „avivamento mundial‟, pois Ele tinha me
levado a lugares onde o evangelho nunca tinha sido ouvido. Então tudo isso terminou.
A partir daquele momento eu estava vigiando pelo avivamento e imaginando como o
Senhor o enviaria. Quando nós ouvíamos sobre alguém especial sendo usado eu ia ao
Senhor e dizia, „Esse instrumento é Teu, Senhor‟? E Ele respondia, „Apenas um, filha‟.
Novamente eu fui falar sobre uma alma muito usada, e veio à mesma resposta, com a
adição, „Eu tenho algo mais do que isso‟.
Em Keswick em 1902 – na minha primeira participação – foram anunciados „Círculos
de Oração‟ pelo „avivamento mundial‟. Então eu fui ao Senhor e clamei, „Senhor,
porque eles devem orar pelo que Tu já prometeste‟? Então Ele disse, „Esse avivamento
é um fato consumado no Meu reino‟, e eu disse, „Porque ele não vem Senhor, sem estes
Círculos de Oração‟? Ele respondeu, „Eu estou pronto, mas meus filhos não. Antes que
o avivamento venha, eles devem pregar a palavra da cruz – a mensagem do Calvário‟”.
“Eu estou pronto, mas os meus filhos e filhas não”, mostra que os círculos de oração
ao redor de todo o mundo eram necessários principalmente com o propósito de criar o
desejo no meio do povo de Deus e para preparar os canais para a “chuva” porvir. “Eles
devem pregar a cruz”, também nos diz que Deus por Si só não pode enviar o
“avivamento” até que o evangelho do Calvário seja proclamado.
Mas agora o clamor tem subido ao céu em concordância. O Cristo sobre o trono esta
pronto para abençoar. O sangue do Filho de Deus que foi “calcado aos pés” e
considerado “como uma coisa comum” deve dar testemunho do alto.
Para onde nós devemos voltar nossos olhos para ver as obras Dele? Podemos perceber
um renovo marcante da pregação da cruz? Sim, de fato. Logo no começo de 1903 os
registros nos jornais mostraram por todos os lados que os mensageiros de Deus estavam
sendo guiados por Ele para proclamar de novo a mensagem do Calvário. Nas reuniões
anuais, nos cultos abertos e nas conferências especiais, a idéia central era sempre “A
necessidade da pregação franca sobre a cruz”, enquanto um jornal religioso bem
conhecido observava que haviam “agradáveis sinais de retorno ao antigo evangelho do
Calvário”.
A luz de tudo isso é significativo descobrir que na Convenção de Keswick em 1903,
quando as janelas do céu foram abertas e o Espírito Santo varreu o lugar como um
manancial superabundante sobre os enormes encontros de cinco mil homens e mulheres
– muitos deles vindo de lugares distantes da terra para buscar o poder do Espírito Santo
– Ele revelou a eles em poder vívido e fresco a cruz do Calvário. Em total acordo, quase
todos os servos de Deus comissionados com a mensagem Dele proclamaram “a palavra
da cruz” como o poder de Deus para salvar do cativeiro bem como da culpa do pecado,
e “crucificado com Cristo” como o segredo da libertação era o tema em cada ocasião. *
____________________
* “A escritora ouviu um cristão de longa data declarando que eles nunca tinham percebido antes quão
terrível e humilhante foi a morte de Cristo. Duas grandes verdades foram anunciadas entre nós – primeiro,
20
que Cristo morreu por nós; segundo, que nós estamos identificados com Ele na morte. Para milhares de
cristãos o segundo ponto era um aspecto da obra de Cristo que até agora havia escapado as suas
percepções. Aqui estava o segredo do descanso e poder apresentados em uma palavra”. – S. A. McC., na
revista A vida de Fé.
Em 1902 o Espírito Santo tinha atraído o Seu povo para orar por um avivamento
mundial, e em 1903 o Espírito Eterno irrompeu sobre o povo de Deus reunido dos
confins da terra e liderou-os de volta ao CALVÁRIO.
Além disso, no mesmo ano de 1903 na longínqua Índia, o Espírito de Deus revelou a
um de Seus honrados servos a cruz do Calvário em novo e vívido poder, revelando a ele
que por quarenta anos Deus tinha estado preparando-o para a obra de “levar adiante a
mensagem da cruz para toda língua, tribo e nação” em milhares de livretos contendo a
toda inclusiva mensagem do Calvário.
Sim, realmente a oração deve preparar o povo de Deus para o mover do Espírito em
poder Pentecostal, e quando o Espírito Santo se manifesta Ele dá testemunho do
Calvário, como nos dias do primeiro Pentecostes em Jerusalém.
“Ó! ANFON DI YR YSBRYD GLAN”
Ó envia o Teu Espírito Santo, Senhor,
No nome bendito de Jesus,
Ó deixe o Teu Espírito descer agora
Em línguas de fogo santo!
De acordo com a Tua promessa, Senhor,
Derrama livremente do alto
O Espírito Santo na Sua força
Para manifestar o Teu amor.
21
“O som de chuva abundante” (1 Reis 18:41)
Capítulo 2
O Principado de Gales – O Profeta do Avivamento – Sua Última
Mensagem para Gales em 1903 – A Primeira Convenção de
Llandrindod em Agosto de 1903.
Mas onde nesses dias podem ser encontradas as condições necessárias para a
poderosa obra de Deus? Deve ser, e só pode ser onde a Expiação de Cristo é
proclamada e as Escrituras são aceitas sinceramente como a Palavra do Deus
vivo.
Nós olhamos para o pequeno Principado de Gales e encontramos essas
condições ali. Falando de modo geral, o púlpito tem sido fiel a fé evangélica em
todos os seus fundamentos, e o evangelho da graça de Deus tem sido pregado
fielmente para as pessoas. A nação tem abraçado como um todo a fé dos seus
pais – com exceção de alguns que foram tocados pelo espírito de crítica e
incredulidade tão prevalente em outras nações. Realmente, as pessoas têm vivido
nas tradições do passado, porém elas não têm se apartado da “fé que uma vez foi
dada aos santos”. Gales também tem tido benefícios especiais em suas Escolas
Dominicais, onde pessoas de todas as idades têm se ajuntado para aprender a
Palavra de Deus, e esforços sinceros têm sido feitos para tornar o ensino eficaz
pelo estudo sistemático e pelo exame das Escrituras. Então, novamente nós
descobrimos que as festividades congregacionais de louvor têm enchido as letras
dos hinos da mensagem do Calvário trazendo-a a memória das pessoas. Grupos
de igrejas geralmente faziam a mesma seleção dos hinos ao longo do inverno, e
então um dia era determinado para uma festividade sob a condução de um
professor de música. O falecido Dr. Joseph Parry, Doutor em música, disse, ao
conduzir uma dessas festividades pouco antes de falecer, que o avivamento que
estava porvir seria um avivamento de louvor! Com o evangelho do Calvário nas
suas mentes e os hinos sobre o Calvário na sua memória, a nação não precisava
de nada senão do fôlego de Deus para avivar a sua fé tradicional em poder vivo.
O Deus Todo Sábio olha para o mundo e encontra aqui neste pequeno país as
condições necessárias para manifestação do Seu Espírito em poder Pentecostal.
Deixe-nos observar se existem indícios do “movimento de oração” no
Principado. Nós não sabemos se a história dos círculos de oração ao redor do
mundo alcançou a muitos em Gales, mas nos descobrimos o Espírito Santo
criando em indivíduos, e grupos de dois e três, exatamente o mesmo clamor que
Ele estava invocando em todo o mundo.
22
Em 1901 o Senhor se aproximou de um dos Seus servos no ministério e deu a
ele uma revelação tal da Sua glória que ele clamou, como Isaías, “Ai de mim”, e
entrou numa vida em Deus que ele não conhecia antes. Então num sossegado
local a beira do rio Welch, sobrecarregado pela condição espiritual da nação, ele
gastou horas em oração, suplicando a Deus com muitas lágrimas que Ele se
manifestasse em poder e operasse no país. Novamente, numa tranquila cidade na
parte ocidental de Gales, nós ouvimos sobre duas ou três mulheres se reunindo
para orar durante vários anos, suplicando por um “avivamento” entre as
mulheres da cidade.
Nós vamos para o Vale de Rhondda, aonde mais tarde o Espírito de Deus veio
com grande poder, e ouvimos sobre alguns que durante anos haviam estado
suplicando por um avivamento que iria “varrer o mundo inteiro”. Nós não nos
surpreendemos que aquelas almas tenham sido levadas aos segredos de Deus, o
Espírito Santo dizendo a uma delas apenas três dias antes do vale ser abalado
pela poderosa corrente de vida, “Levantai-vos,...há um som de chuva
abundante”.
Nós descobrimos em Monmouthshire a mão do Senhor sobre duas irmãs, uma
delas uma aleijada que durante 1903-1904, ficou sobrecarregada com a
prevalência do pecado e o aumento do crime no país – uma irmã dizendo com
muitas lágrimas, “Eu não consigo dormir nem de dia nem à noite porque o meu
querido Senhor é desprezado e considerado como nada”. Outra filha de Deus –
uma senhorita reservada e tímida – lamentando o estado de morte das igrejas ,
disse, “Eu morrerei a não ser que Deus exercite o Seu poder e envie um
avivamento”!
Nós ouvimos sobre três ministros do evangelho se reunindo em Maio de 1903
para oração e conferência – ajuntados por um senso de necessidade. Eles
estavam totalmente insatisfeitos com as suas próprias experiências cristãs e
angustiados com a condição das suas igrejas, com o mundanismo e a apatia entre
seus obreiros e membros. Mais uma vez nós vemos um grupo de três! Eles
decidiram formar um “círculo de oração” e determinaram orar um pelos outros e
por suas igrejas toda manhã a partir das dez horas. Nós vamos comentar
novamente sobre esse grupo de oração, mas somente onde isso trás luz sobre a
atração pelo Espírito de pessoas para orar em Gales, em concordância
inconsciente com os círculos de oração ao redor do mundo. Manifestadamente o
Espírito de Deus estava planejando algo naquele país e sem dúvida existem
muitos nomes gravados no céu de outros sobrecarregados com uma consciência
de necessidade similar, que foram atraídos em oração ensinada pelo Espírito,
tanto nas reuniões habituais de oração da igreja e da sociedade de jovens como
na oração particular com Deus.
No importante ano de 1902 – o ano do movimento de oração, se podemos assim
dizer – quando nós olhamos para Gales nós também podemos ver uma figura
23
humana se colocando da mesma forma que Moisés no monte de Pisga,
contemplando o país a longa distância. Alguém que desde então tinha sido
chamado “o profeta do Avivamento”. O falecido deão David Howell, da catedral
de São Davi – ou “Llawdden”, usando o seu nome bardo. Um dignatário da
Igreja da Inglaterra, assim como Salomão ele tinha “largueza de coração como a
areia da praia!” de forma que ele foi amado por todos os tipos de pessoas como
um homem santo de Deus, um patriota, um pregador-orador e um bardo.
No último mês de 1902, na sua longínqua residência no extremo ocidental do
Principado, aos 83 anos, “Llawdden” olha atentamente para a sua amada terra.
Consciente de estar a beira da eternidade, com as coisas terrenas desvanecendo
da sua vista e com a luz do céu brilhando sobre ele, ele envia uma mensagem
aos seus compatriotas – uma mensagem desde então considerada incrivelmente
profética.
Primeiramente o deão fez um esboço vívido da penúria espiritual da nação, e
depois, numa linguagem poderosa enfatizou que o único remédio seria um
avivamento espiritual. Ele apelou a todos para “criarem um círculo de
imploradores” que clamaria a Deus com as palavras de Isaías, “Ó se Tu
fendesses os céus e descesse”. Depois, suplicando aos seus leitores que se
consagrassem para fazer do avivamento o alvo final do seu desejo, ele terminou
com as seguintes memoráveis palavras:
“Tomem ciência como se fosse conhecido que esta foi a minha última
mensagem para os meus colegas conterrâneos em toda Gales antes de ser
convocado ao julgamento, e com a luz da eternidade já irrompendo sobre mim.
E é essa: a principal necessidade do meu país, da minha querida nação no
momento, é UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL ATRAVÉS DE UM
DERRAMAMENTO ESPECIAL DO ESPÍRITO SANTO.
A mensagem foi publicada numa revista galesa em Dezembro de 1902 e causou
uma profunda impressão em todo o Principado. Ela provou, de fato, ter sido a
sua última mensagem, pois um pouco depois da sua publicação o velho deão
recebeu a sua recompensa celestial.
“Um avivamento espiritual através do derramamento do Espírito Santo” era
exatamente para o que Deus estava conduzindo o Seu povo ao redor de toda a
terra a orar, e igualmente começando a fazê-lo no Principado de Gales. Mas
antes de nós observarmos a subida da maré nós devemos retornar novamente ao
“Círculo de Oração” em Keswick, em 1902.
No mesmo ano, em Keswick, foram descobertos dois ministros galeses que
contaram como treze pessoas galesas reunidas em 1896 na Convenção de
Keswick na Inglaterra, se reuniram numa tarde para uma reunião de oração por
Gales, pedindo ao próprio Deus para conceder a Gales uma Convenção
semelhante visando o aprofundamento da vida espiritual. Durante seis anos essa
petição foi depositada perante o Senhor, até que no sétimo ano – que nas
24
Escrituras sempre fala da plenitude do tempo de Deus – o tempo da resposta do
Senhor chegou.
Assim, sem fazer uso de nenhum “mecanismo” habitual, o Espírito de Deus
imediatamente começou a mover um preparativo de uma Conferência em Gales,
através de uma série de passos regidos por uma direção notável e uma
coincidência maravilhosa, até onde qualquer coisa pode considerada como
forjada por Deus, com o mínimo toque da mão humana, até onde pode ser dito
que o próprio Deus providenciou e trouxe a realização a Convenção que se
tornou um dos canais para os rios de vida para Gales. Quando em Setembro de
1902, o já idoso Dean foi questionado se, no seu julgamento, o momento era
propício para tal Conferência em Gales, ele parou, e com as suas mãos
levantadas e seus olhos erguidos para o céu, disse, “Eu sou um homem idoso a
beira da eternidade, e eu digo que se uma Conferência como essa puder
acontecer, dada por Deus e não feita pelo homem, ela seria uma benção
incalculável para Gales”.
Deste momento em diante, com muita oração e conselhos sábios, ele entrou com
detalhes em todos os preparativos para a Conferência, oferecendo o restante das
suas forças e os seus labores para a promoção do que ele acreditava que
provavelmente iria trazer a “grande corrente espiritual” que ele, naquele exato
momento, insistia com os seus conterrâneos, como sendo “a principal
necessidade de Gales”.
Enquanto isso, o Espírito de Deus estava operando no Principado. Nós já
fizemos referência ao grupo de três ministros que se reuniram para orar em Maio
de 1903. Eles estavam conscientes de que o primeiro passo para a benção das
suas igrejas era que eles mesmos estivessem corretos em relação a Deus. Eles
concordaram em orar diariamente, mas eles não puderam enxergar claramente o
caminho para uma vida melhor. Em sua perplexidade eles decidiram escrever
para um bem conhecido ministro de Londres, implorando a ele que, se possível,
encontrasse tempo para reunir um grupo de ministros em Glamorganshire para
dar a eles ajuda e aconselhamento espiritual. Ele respondeu que ele não poderia
ir naquele exato momento, mas falou com eles sobre a provável Conferência
quando ele alegremente concederia a eles uma entrevista particular.
Exatamente ao mesmo tempo – na primavera de 1903 – em um distrito de
Glamorganshire, foram descobertos quatro jovens de apenas 18 anos do lado de
uma montanha fazendo reuniões de oração e suplicando a Deus por um
reavivamento na igreja deles, que se encontrava num estado frio e formal, com
poucas e esporádicas conversões. Sucedeu que estes jovens tinham sustentado a
reunião de oração na montanha todas as noites durante um mês!
Quando o círculo de oração tornou-se conhecido, a maioria da igreja viu o
procedimento com desconfiança, e alguns ignoraram ou zombaram do
“entusiasmo” dos rapazes. Mas eles continuaram a orar no lado da montanha por
mais dois meses, e para admiração da igreja, pessoas que nunca tinham ido a um
25
lugar de adoração se uniram a eles e começaram a orar com eles! Cerca de doze
ou quatorze pessoas agora estavam orando fervorosamente por um avivamento,
até que os membros da igreja foram tocados e todos foram movidos com um
espírito de oração e paixão pelas almas. A reunião que a princípio havia
começado com apenas quatro rapazes agora aumentava em número, e todos
testificavam do poder de Deus de uma maneira especial.
Por meio desse movimento entre os jovens o pastor da igreja foi movido a
buscar a sua própria vida e coração, perguntando a si mesmo se ele estava
completamente rendido a Cristo e se ele tinha recebido a plenitude do Espírito
Santo. Finalmente ele entrou num novo plano de conhecimento e experiência
espiritual sobre o poder de Deus.
Existem muitas outras indicações do rio de Deus começando a fluir nos
primeiros meses de 1903, e sinais inconfundíveis da operação de Deus na
preparação de algum poderoso movimento do Espírito. Neste momento crucial,
pela providência de Deus, a tão implorada Conferência chegou, e foi realizada
em Llandrindod Wells, em Agosto de 1903.
As reuniões foram impressionantemente representativas, um número de clérigos
e ministros de todas as partes do Principado estando presentes juntos com cerca
de quarenta ministros e evangelistas do “Movimento Avançado” da Igreja
Presbiteriana de Gales*. O comparecimento ministerial foi tão notável que um
missionário muito conhecido declarou involuntariamente, “Gales pode ser o
berço dos evangelistas no reavivamento porvir!”
Não havia programa estabelecido para as reuniões. As mensagens dos
mensageiros do Senhor giravam diretamente sobre os aspectos experimentais da
obra do Espírito Santo no crente. O abandono de todo pecado conhecido,
libertação através da identificação com Cristo na Sua morte, e a recepção
definitiva do Espírito Santo como uma necessidade absoluta para todos os que
estavam a serviço de Deus – essas verdades foram enfatizadas e transportadas
aos corações pelo poder de Deus com tal intensidade que, nos últimos dois dias,
a todos foi manifestado que o Espírito de Deus tinha descido em nosso meio.
E o que aconteceu com o grupo de três que havia buscado a ajuda do ministro
londrino? Um deles escreveu: Seis de nós fomos [a Conferência]! Mas a história
daquela semana jamais poderá ser escrita: alguns creram; outros duvidaram;
outros se rebelaram! Mas em poucos dias cada um entrou na terra prometida.
Nós temos nos reunido uma vez ao mês desde então, vindos de longas
distâncias, e nós gastamos um dia em silêncio com Deus. Nossas reuniões tem
sido indescritíveis, e nós temos tido vários Pentecostes.
____________________________________
*O “Movimento avançado” de muitas formas – tendas, evangelismo, etc. – tem ajudado a preparar o
terreno para o Reavivamento, pois durante 13 anos ele tem realizado um trabalho agressivo em vários
centros de Gales, guiando um grande número de convertidos a plena certeza da salvação e ensinando-os
sobre a necessidade do poder do Espírito Santo para o serviço e a vida vitoriosa.
26
Muitos dos ministros e obreiros retornaram as suas variadas esferas de trabalho
com uma nova visão e com novas esperanças. Como um deles disse, “um novo
mundo” se abriu para eles – e eles não podiam fazer nada a não ser guiar outros
para ele! Convenções locais começaram a ser realizadas em vários lugares, e os
próprios ministros tornaram-se canais de benção para os seus colegas ministros.
Um pastor escreveu que mais tarde em 1903, ele entrou em contato com um
daqueles homens e viu imediatamente que ele tinha tido uma experiência
espiritual que ele mesmo não tinha, mas que ele vinha a meses procurando. Não
demorou muito também, para que ele recebesse a plenitude do Espírito.
27
“Saíam águas debaixo do limiar” (Ezequiel 47:1)
Capítulo 3
O Manancial de vida em New Quay em Fevereiro de 1904 – A
Segunda Convenção de Llandrindrod em Agosto de 1904 – Uma
Reunião de Oração a Meia-Noite – Os rios fluindo no Outono.
No Dia de Pentecostes em Jerusalém, o Espírito de Deus veio sobre todo o grupo
reunido no aposento superior, mas quando a multidão se aproximou foi a Pedro
que Ele escolheu para interpretar para as pessoas o que havia acontecido. Mas
Pedro não poderia ter ceifado as três mil almas sem a cooperação dos cento e
dezenove que, com ele, tinham sido enchidos com o Espírito Santo.
Tem sido falado a respeito do Despertamento em Gales que ele é “os Atos dos
Apóstolos atualizado”. E nós não podemos pensar de outra forma, não apenas
pelas suas manifestações, mas pela forma como o Pentecostes veio sobre a
nação. O movimento é divino e originado no céu – e o Pentecostes também foi
assim. Ainda que em Jerusalém o Espírito de Deus não veio a princípio sobre as
multidões, mas sobre a companhia no aposento superior, e através deles para o
mundo no cumprimento exato da palavra do Senhor, “Eu O enviarei sobre vós. E
Ele... convencerá o mundo” (João 16:7-8).
A lei da operação do Espírito Santo não mudou, e nós descobriríamos sem
dúvida, onde nós somos capazes de ver tudo como conhecido por Deus, que Ele
tem tido os Seus “cento e vinte” em Gales, preparados por Ele para serem canais
para o fluir do Espírito neste grande despertamento. É importante que os filhos
de Deus em outros países percebam isso, de modo que eles possam se submeter
a Ele, para que através deles Ele possa enviar rios de vida para “todas as nações”
neste dia do Seu poder.
Vamos olhar novamente a partir do Monte de Deus e observar a forma como as
correntes de vida começaram a irromper em vários lugares.
Primeiramente vamos voltar os nossos olhos para Cardiganshire, para um
pequeno povoado chamado New Quay, as margens da Baía de Cardigan, a
quinze milhas de uma estação ferroviária. Ali, naquele lugar afastado, o Senhor
estava preparando silenciosamente instrumentos para o Pentecostes que viria.
Como uma das estranhas coincidências que fazem a parceria com o trabalho do
Espírito Santo mais romântica do que qualquer romance terreno, o Senhor que
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tudo vê ordenou que um dos mais poderosos rios tivesse o seu início no lugar
natal e nas igrejas da vizinhança de um dos ministros que em Keswick havia
pedido a benção de Deus para a sua terra natal!
No importante ano de 1902 um ministro em New Quay – cujo bisavô tinha sido
um dentre os primeiros grupos de pregadores organizados por Howell Harris –
tinha sido despertado para a necessidade espiritual através das palavras de um
amigo da Índia, e de outro que disse a ele que ele receava que ele estivesse
“retrocedendo”, quando ele percebeu a falta de empolgação na sua voz quando
ele pregava! Despertado para um senso de necessidade de uma benção maior no
seu ministério, ele a buscou através do estudo bíblico e livros sobre oração, até
que finalmente ele adentrou a vida de plenitude lendo o livro Com Cristo na
Escola de Oração, do Dr. Andrew Murray.
Cresceu nele a convicção de que somente o Espírito de Deus deve salvar a igreja
e o mundo. Ao encontrar outro ministro em Novembro de 1903, eles trocaram
confidências sobre o fardo dos seus corações pelas igrejas e pela necessidade
delas de vida mais abundante. Nenhum desses irmãos tinha ido a Conferência de
Llandrindod, mas depois de orar, eles determinaram recomendar ao Presbitério
que uma convenção visando o aprofundamento da vida espiritual fosse realizada.
Os missionários escolhidos foram três, que receberam, usando as palavras de um
deles, “inspiração renovada de Llandrindod”. Na escolha desses mensageiros
Deus novamente Se mostrou muito acima dos caminhos dos homens. Todo o
distrito de South Cardiganshire é essencialmente galês, mal havendo uma capela
inglesa dentro de um raio de vinte ou trinta milhas, embora um dos oradores
fosse um ministro que raramente pregava em outra língua senão o inglês; o outro
era um que nunca havia pregado em galês, e o terceiro – a esposa de um deles –
uma senhorita que nunca havia falado em público exceto uma vez nas reuniões
do “Movimento Avançado” que se seguiram à Conferência de Llandrindod!
A reunião era para representantes e só havia uma reunião pública; mas nessa
reunião, através das palavras da serva do Senhor, o coração de uma jovem moça
foi tocado como conseqüência de que ela, ou os outros, pouco haviam sonhado
naquele momento.
Enquanto isso o pastor da igreja foi movido por Deus no mesmo Novembro
(1903) para iniciar uma reunião para jovens a fim de neutralizar o espírito
mundano que crescia entre eles. Numa noite de domingo em Janeiro de 1904, o
pastor pregou sobre o tema, “Essa é a vitória que vence o mundo”. Ele foi
estranhamente atraído para descrever o mundo como ele o viu então retratado
antes dessa visão espiritual. Aquela jovem moça mencionada acima se dirigiu
naquela noite para aquela casa particular. Tímida e reservada, ela não sabia
como contar a ele sobre o fardo da alma dela. Ele andou para cima e para baixo
por meia hora do lado de fora da casa, e então, conseguindo coragem para entrar,
ela disse, “Ó, como é que eu vou te dizer! Eu não posso viver assim. Eu vi o
„mundo‟ no seu sermão dessa noite. Eu estou debaixo dos pés dele. Me ajude!”
29
Depois de conversar o pastor descobriu que ela pensou que estava salva, mas ela
estava receosa de se submeter inteiramente ao Salvador e tê-Lo como seu
Senhor. “Pode ser que Ele me peça coisas difíceis”, ela disse, e naquela noite ela
não se entregou ao Senhorio de Jesus Cristo.
Na manhã do domingo seguinte, em Fevereiro de 1904, o Espírito de Deus levou
o pastor a introduzir novas características na reunião de pessoas jovens realizada
após o culto matinal, e ocorreu a ele perguntar por testemunhos, testemunhos
precisos sobre o que o Senhor havia feito pelas suas próprias almas.
Um ou dois se levantaram para falar, mas não eram testemunhos. Foi então que
a mesma moça – tímida, nervosa e inteligente – rompeu em lágrimas, e
apertando uma mão na outra disse com profunda emoção, “Ó, eu amo Jesus
Cristo com todo o meu coração”. Instantaneamente o Espírito de Deus pareceu
ter caído sobre o ajuntamento, e todos foram inundados por lágrimas. Esse foi o
princípio da manifestação visível do Espírito irrompendo em correntes de vida
que mais tarde tocariam milhares de pessoas.
Assim como no Pentecostes, a benção logo foi propagada. Portas começaram a
se abrir em todos os trabalhos e os jovens, liderados pelo seu ministro, dirigiram
reuniões através do sul do país, o Senhor trabalhando com eles com
manifestações de poder. Mas o mundo ainda sabia muito pouco sobre o que
estava acontecendo.
Em Agosto de 1904, quando a Segunda Convenção de Llandrindod aconteceu, a
reunião de testemunhos revelou quão profundamente a obra tinha sido forjada
em 1903. Um ministro, escrevendo o Goleuad - um jornal galês – disse que na
Conferência de 1904 “muitos viram uma porta de esperança para o reavivamento
em Gales num futuro próximo”. Se referindo à reunião de testemunho ele disse:
“Foi uma delícia ouvir ministros e homens leigos expressando a mudança que
ocorreu em seus ministérios e nas suas próprias vidas particulares a partir da
Convenção de 1903. Foi feita referência a uma consagração mais intensa, a
hábitos colocados de lado, a uma plena dependência do poder do Espírito Santo
e as muitas almas nascidas em conseqüência disso. Alguns testificaram que a
Bíblia era um novo livro para eles; outros que a oração era mais fácil e mais
poderosa do que o usual. ...É evidente que dias melhores estão amanhecendo, e
benditos são aqueles crentes que estão querendo agora consagrar a si mesmos
como instrumentos dignos para o Espírito Santo no próximo reavivamento”.
O Espírito de Deus irrompeu novamente em glorioso poder naquela importante
semana em 1904, e ninguém jamais esquecerá a reunião no final da manhã
quando, dominada pela revelação da plenitude da redenção obtida pelo pecador
através de Jesus Cristo nosso Senhor, com mãos levantadas e cabeças inclinadas,
a audiência cantou mais e mais, e mais, “Coroai a Ele Senhor de todos”.
Tampouco será jamais esquecida a mensagem daquela noite sobre a
“Exuberância da vida em Jesus Cristo”. Verdadeiramente Deus estava guiando o
Seu povo para dentro de uma ampla visão Dele mesmo, e preparando-o para a
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vida exuberante que Ele já havia demonstrado numa lição objetiva perante os
olhos do mundo.
Ao longo de todo o ano de 1903 e de 1904 as correntes subterrâneas estiveram
se aprofundando silenciosamente e algumas vezes irrompendo na superfície, até
que chegou o momento em que as comportas se abriram e o Espírito de Deus
irrompeu sobre a nação como um “tsunami” varrendo tudo diante de si – ou,
usando outra ilustração, como um “incêndio florestal” consumindo tudo aquilo
que ele tocava.
Nós vimos o princípio dos mananciais de vida em New Quay, em Fevereiro de
1904. Deixe-nos acompanhar até as suas igrejas alguns dos ministros que
entraram na vida cheia do Espírito em Agosto de 1903. Eles contam a respeito
de uma reunião de oração a meia-noite na Conferência de 1904, quando todos
eles se consagraram novamente a Deus para o Seu uso, e pediram
definitivamente ao Senhor para levantar alguém para ser o organizador do
Reavivamento! Um mês depois duas das suas igrejas estavam no meio de um
poderoso despertamento, quando multidões se converteram!
Um deles retornou ao seu povo e insistiu com eles sobre a plenitude do Espírito
para todos os crentes. Isso despertou a atenção imediatamente, e o assunto
começou a ser comentado pelos trabalhadores mineiros. Alguns se opuseram,
mas alguns concordaram; e vários jovens se renderam para serem possuídos pelo
Espírito Santo. No final de Setembro, reuniões de oração passaram a ser
realizadas todas as noites de segunda a sexta-feira, até que a sala de aula ficou
lotada e eles tiveram que se mudar para a capela, onde eles novamente se
reuniram todas as noites por mais três semanas. Então as reuniões de oração
foram intercaladas com reuniões de testemunhos, e mais tarde cultos especiais
foram realizados, conduzidos por um dos ministros que tinham entrado na vida
cheia do Espírito. Nestes encontros cinqüenta jovens encontraram-se com o
Salvador, e um grande número recebeu numa experiência real o seu
“Pentecostes”. Ao final do ano cento e vinte almas foram acrescentadas ao
Senhor.
Um outro ministro entrou na vida cheia do Espírito em 1903 retornou para a sua
igreja orando fervorosamente por um derramamento do Espírito, e lentamente
começaram a aparecer sinais da aproximação de coisas melhores. Pessoas na
igreja que estavam ofendidas com outras começaram a se reconciliar. A unidade
preparou o caminho do Senhor e então, em vinte de Novembro de 1904, o
Espírito de Deus irrompeu. O pastor havia pregado num posto de missões pela
manhã, mas ao passar pela igreja mãe em seu caminho para casa, ele entrou e
pegou o culto ainda em andamento. Alguma coisa tinha acontecido! Todos no
local estavam em lágrimas! As pessoas estavam derramando lágrimas e rindo ao
mesmo tempo. Um dos anciãos, com uma voz trêmula, disse que eles tinham
experimentado a reunião mais maravilhosa. O Espírito Santo tinha vindo com
tão grande poder que eles decidiram cancelar a Escola Dominical e o sermão, e
31
passar o dia em oração e louvor. “Sob condições normais seria necessário
anunciar devidamente uma reorganização desse tipo, e tê-la sancionada por uma
reunião da igreja”, escreve o pastor, “mas agora o Espírito Santo tomou a posse,
não atendendo a nossa organização, e ninguém teve coragem ou desejo de
protestar!” A partir desse momento, foram realizadas reuniões todas as noites, e
alguns dos jovens foram possuídos pelo Espírito de tal forma que “os Atos dos
Apóstolos tornou-se mais inteligível” para todos. Muitos foram levados a uma
rendição absoluta a Cristo como Rei e deram testemunhos eletrizantes. Aqueles
que até aquele momento tinham somente um interesse passivo na obra da igreja
deram um salto à frente e tornaram-se ousadas testemunhas de Cristo. Reuniões
evangelísticas a céu aberto foram organizadas, nas quais até meninas levantavam
suas vozes em testemunho, e aqueles que tinham sido extremamente tímidos
para tomar parte no culto público não hesitavam em falar até mesmo para
bêbados que vinham de cervejarias e ajoelhavam e oravam por eles no meio das
ruas.
Outro ministro voltou para sua igreja dando testemunho da vida cheia do
Espírito, e sinais de bênçãos começaram a aparecer em Setembro de 1903, à
medida que uma sede profunda por coisas melhores cresceu lentamente entre os
membros. Em Julho de 1904 o pastor iniciou uma reunião especial depois do
culto noturno habitual, particularmente para aqueles que desejavam viver a vida
cheia do Espírito. O Espírito Santo veio sobre essa reunião com uma
manifestação de poder tal que todos os que estavam presentes foram dominados,
e testemunhos notáveis foram dados por muitos mais tarde. Numa noite de
domingo posterior, o Espírito Santo irrompeu novamente no culto habitual.
Homens fortes foram lançados ao chão e mais tarde eles disseram que se
sentiram como se devessem gritar para aliviar os seus sentimentos reprimidos.
Vários jovens se entregaram a Cristo neste culto. Domingo após domingo o
lugar foi enchido com o Espírito Santo, e aconteceram várias conversões. No
final de um culto realizado em Outubro, todos os que desejavam se consagrar ao
Senhor e sair em busca dos perdidos foram solicitados a se reunir na sala de aula
e ali o “reavivamento” teve início. Almas foram salvas noite após noite durante
semanas sucessivamente.
“Mas”, escreve o pastor, “embora nós tivéssemos completado dez semanas de
reuniões de oração, e muitas almas fossem reunidas, eu ainda sentia que a igreja
como um todo não tinha recebido o seu Pentecostes. No início de Dezembro de
1904, numa reunião de oração memorável, muitos cruzaram a fronteira e
entraram na terra prometida. Alguns homens foram tão literalmente cheios do
Espírito Santo que outros poderiam ter dito „Eles estão cheios de mosto‟. Uma
grande paixão por almas tomou posse de muitos corações a partir desse
momento, e em uma semana setenta almas foram reunidas. Muitas fizeram
confissão pública de pecados e se consagraram a Cristo. Numa noite de sábado,
depois das onze horas, dez homens se renderam ao Salvador, e cerca de cento e
cinqüenta confessaram a Cristo antes do final de 1904. Todo o movimento sem
32
dúvida teve a sua origem no meu próprio despertamento. Depois que eu
renunciei a todo pecado consciente e me submeti a Cristo, um novo poder foi
imediatamente sentido no meu ministério. Agora eu tenho uma NOVA igreja,
com um grande número de homens e mulheres que foram cheios do Espírito
Santo e são usados para ganhar almas”.
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“As águas tinham crescido, águas que se deviam passar a nado”
(Ezequiel 47:5)
Capítulo 4
New Quay em Setembro de 1904 – A Convenção de Blaenanerch –
O Batismo Com o Espírito de Evan Roberts – Loughor em
Novembro de 1904 – A Tsunami e os Seus Resultados
Agora nós voltamos para Cardiganshire para observar os resultados da benção
concedida em New Quay em Fevereiro de 1904. Em Setembro de 1904, o
Reverendo Seth Joshua, o evangelista de conexão do “Movimento Avançado”,
visitou New Quay em missão, e se deparou com o Espírito Santo operando de
uma maneira tão extraordinária que ele imediatamente disse que sentiu que
aquilo era um presságio de um grande reavivamento. A presença do Espírito nas
reuniões era como o “vento” se movendo sobre as pessoas. Os cânticos, orações,
testemunhos e exortações eram carregadas de um sopro vital. As reuniões eram
encerradas duas ou três vezes, porém outros clamavam por misericórdia ou
irrompiam em alegres ações de graças. Homens fortes e mulheres choravam sob
o poder da oração de uma menina. Muitos dos jovens tinham manifestadamente
recebido um batismo de poder. O amor entre os crentes era intenso, e a ternura
da oração pelos outros, irresistível.
De New Quay o evangelista partiu para Newcastle Emlyn, onde havia uma
Escola Bíblica de preparação de estudantes para o ministério. Nos cultos
dirigidos pelo Sr. Joshua, alguns estudantes manifestadamente receberam o
poder do Espírito Santo, entre os quais estava Sidney Evans, um colega de
estudo e amigo daquele que Deus estava preparando como um instrumento
especial para o Pentecostes de bênçãos que estavam tão próximas.
Nessa mesma Escola Bíblica estava Evan Roberts, um jovem trabalhador das
minas de carvão e estudante de vinte e seis anos, que se preparava para entrar no
ministério. Ele vinha orando a onze anos por um “reavivamento”, e durante treze
anos ele orou pela plenitude do Espírito.
Foi apenas uma palavra liberada por um diácono numa reunião da igreja – treze
anos antes – que o levou a determinação de conhecer o Espírito Santo. “Sê fiel”,
disse o diácono. “E se o Espírito descesse e você estivesse ausente!” Assim,
através de todas as condições metereológicas adversas e dificuldades, recusando-
se a ser tentado pelos garotos e pelos barcos no rio perto da sua casa, o rapaz se
dirigia as reuniões de oração e a outros cultos da capela ano após ano.
34
Evan Roberts veio de um típico lar galês, e era filho de pais piedosos. Aos doze
anos de idade ele tornou-se a mão direita de seu pai nas minas de carvão, e logo
depois começou a fazer um trabalho subterrâneo regular na mina. Ele nunca
estava sem a sua Bíblia, a qual ele estudava nos intervalos do trabalho, e assim o
tempo passou, até que numa noite na primavera de 1904, Deus pareceu se
achegar a ele de uma forma muito especial. Ele diz que quando ele estava
orando na cabeceira da sua cama à noite, ele foi tomado numa grande expansão
– sem tempo ou espaço – numa comunhão com Deus.
Isso foi manifestadamente uma crise na sua vida espiritual, pois dali em diante,
ele diz, Deus passou a ser para ele “um Deus distante”, e ele ficou com medo
Dele. Mas depois disso o Senhor o acordou noite após noite, um pouco depois
de uma hora da manhã, e o levou a uma comunhão divina por cerca de quatro
horas. Ele dormiu até as nove horas, quando foi novamente arrebatado em
comunhão com Deus até o meio-dia.
Três meses depois dessa comunhão sagrada, chegou o momento – em Setembro
de 1904 – de ele ir para a Escola Bíblica em Newcastle Emlyn.
Na direção providencial de Deus, exatamente naquele momento uma convenção
estava sendo realizada em Blaenanerch, a cerca de oito milhas de Newcastle
Emlyn, e os mensageiros do Senhor eram os mesmos três que haviam sido
enviados a New Quay no final de 1903.
O Reverendo Seth Joshua já tinha iniciado a sua missão, e na manhã de quinta-
feira ele tomou uma parte de cerca de cinqüenta jovens, incluindo um grupo de
New Quay no qual estavam Evan Roberts e Sidney Evans, e foi para
Blaenanerch para participar das reuniões. O Senhor operou naquele veículo
puxado por cavalos no início da manhã enquanto eles cantavam, “Está vindo –
Está vindo – O poder do Espírito Santo – Eu recebo – Eu recebo – O poder do
Espírito Santo”. Cantando e louvando, eles chegaram a Blaenanerch a tempo de
participar do culto das sete horas que estava sedo dirigido por um dos
missionários. Evan Roberts já estava profundamente comovido, mas ele ficou
bastante quebrantado quando no encerramento o Sr. Joshua fez a oração, e usou
as palavras “Plyg ni, O Arglwydd” – “Encurva-nos, ó Senhor”. A alma em dores
de parto ouviu apenas isso. “Isso é o que você precisa”, sussurrou o Espírito de
Deus. “Encurva-me, ó Senhor”, ele clamou, mas ainda assim o fogo não caiu.
Na reunião das nove horas o Espírito de Deus levou um e outro a orar, e então, o
Sr. Roberts diz: “Eu caí sobre os meus joelhos com os meus braços sobre o
assento diante de mim, e as lágrimas fluíram livremente. Eu amei, „Encurva-me!
Encurva-me! Encurva-nos!‟ O que me curvou foi Deus entregando o Seu amor,
e não alguma coisa que eu vi nisso para entregar”. O Espírito Santo tinha vindo
e fundido todo o Seu ser através de uma revelação do amor de Deus no
CALVÁRIO, pois “Deus entregou o Seu próprio amor para nós, no fato de que –
Cristo morreu por nós”.
35
O jovem retornou para Newcastle Emlyn e orou a Deus para dar a ele o selo da
confirmação de outros seis que foram inflamados por Deus, e - os seis foram
dados. Então o Espírito Santo o convidou a retornar ao seu próprio povo e falar
para eles – mas ele não obedeceu, embora ele fosse ficando mais e mais
incomodado e indisposto. Num domingo, na capela, ele não conseguia fixar sua
mente no culto, pois sempre diante dele – como numa visão – ele via a sala de
aula no seu próprio vilarejo, e todos os jovens e seus acompanhantes idosos
sentados em fileiras enquanto ele discursava para eles. Ele conta como ele
sacudia a sua cabeça impacientemente, e tentava afastar tudo isso, mas Deus não
lhe dava descanso; aquilo voltava mais e mais, enquanto o Espírito Santo
sussurrava mais e mais claro, “Vai e fala para essas pessoas”.
Finalmente a pressão aumentou mais ainda até que ele não pôde mais resistir, e
ele disse que iria. Instantaneamente a glória do Senhor encheu a capela de tal
forma que ele “não podia enxergar por causa da glória daquela luz”.
Depois disso o jovem procurou um velho ministro para lhe perguntar se aquilo
era de Deus ou do diabo. Ele respondeu que o diabo não costumava enviar
pessoas para trabalharem daquela forma; ele devia obedecer à visão celestial.
Assim, em obediência à voz de Deus, o jovem estudante foi para Loughor. O
que Deus realizou através dele nós veremos depois. Primeiro nós vamos dar uma
pausa para ver como Deus responde a oração. Viajando na sua carruagem
naquela manhã em direção a Blaenanerch, o Sr. Joshua contou para os seus
acompanhantes como o Senhor havia colocado sobre ele a quatro anos atrás o
fardo de pedir a Ele definitivamente para tomar um rapaz das minas de carvão
ou do campo – da mesma forma que Ele tomou Eliseu – para reavivar a Sua obra
em Gales. Ele tinha orado a Deus para levantar um instrumento por meio do qual
o orgulho humano fosse humilhado – não alguém de Cambridge, para que ele
não ministrasse ao seu orgulho, nem alguém da Universidade de Oxford, para
que ele não alimentasse o intelectualismo da Igreja. Essa oração não havia sido
mencionada nem uma vez até aquela manhã, e então ela foi revelada – o Sr.
Joshua mal sabia que o próprio instrumento de Deus estava ouvindo as suas
palavras.
Permita-nos lembrar, também, a reunião de oração a meia-noite em Llandrindod
apenas dois meses antes, quando foi pedido ao Senhor que Ele levantasse algum
instrumento especial para organizar o Reavivamento. Sim, Deus responde
oração.
Evan Roberts foi para Loughor, sua terra nativa, no início de Novembro de
1904. Ele diz que ele consultou o pastor da sua igreja, que disse a ele que ele
deveria tentar e ver o que ele poderia fazer, mas que ele encontraria um terreno
pedregoso e uma tarefa difícil!
36
Os jovens se reuniram, e sentaram todos diante dele como Deus o havia
mostrado. A princípio eles não pareceram ser tocados, mas logo depois o
Espírito de Deus começou a operar, e cinco deles vieram a Cristo. Então
começou o “Pentecostes”. Alma após alma vinha à frente, e seguiram-se os
resultados mais extraordinários. Toda a comunidade foi abalada. As reuniões
iam até as quatro da manhã e às seis horas as pessoas eram acordadas pelo som
das multidões se dirigindo para as reuniões de oração do início da manhã. O
trabalho prosseguiu até que um ministro local disse que toda a população tinha
sido transformada numa multidão de oração. Homens e mulheres em quem ele
não tinha mais esperança tinham vindo voluntariamente para Cristo. A vida de
centenas de mineiros e trabalhadores de folhas de flandres foi transformada. Os
homens saíam das fábricas direto para a capela, e as cervejarias ficaram
praticamente desertas.
Em 10 de Novembro um jornal secular galês publicou as primeiras notícias
sobre estes acontecimentos extraordinários, e a partir daquele momento – para o
espanto de todos – dedicou colunas para a reportagem do trabalho, e realizou
muito na providência de Deus para divulgar amplamente aquilo que Ele estava
fazendo no meio do Seu povo. Outros jornais fizeram o mesmo, e os homens se
maravilharam do soberano poder de Deus mover a imprensa secular dessa
maneira para divulgar a Sua obra! De Loughor, os reavivalistas – como
passaram a ser chamados os jovens estudantes – foram para Trecynon e para
outros lugares, sendo manifestadamente transportados na crista de uma grande
onda do Espírito, que varreu como uma maré purificadora os vales de mineração
de Glamorganshire.
Em todos os lugares as pessoas afluíam em multidões para ouvir os estudantes
batizados com o Espírito Santo! Em Loughor ele falou, foi comentado, com uma
oratória apaixonante, mas assim que os mananciais superabundantes
irromperam, o Espírito de Deus colocou de lado a “pregação” e usou a voz do
testemunho. “Jesus, a quem vós matastes, pendurando-O no madeiro – Deus O
exaltou”, e “nós somos testemunhas”, tinha sido o peso da mensagem das almas
possuídas pelo Espírito nos dias logo depois do Pentecostes (Atos 5:30-32). E
essa era a mensagem do Espírito Santo agora através do Seu povo, enquanto Ele
cooperava por meio de “sinais e maravilhas” realizadas entre a multidão
aglomerada.
Sob o constrangimento de um poder invisível as capelas ficavam cheias de
pessoas sedentas durante todo o dia, e os cultos se desenrolavam sob o controle
do Espírito Santo presidindo como o “poder executivo da Trindade”.
Orações, testemunhos e cânticos aconteciam numa aparente desordem, porém
reconhecidamente por todos como na mais harmoniosa ordem. O reavivalista
entrava no meio da reunião, às vezes despercebido aos presentes até que ele se
levantava com alguma palavra para o povo. O peso da sua mensagem era,
“Obedeça ao Espírito Santo”, e quando alguém na reunião irrompia em oração
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enquanto ele falava, ele calmamente “dava lugar” e mostrava aos outros o seu
reconhecimento da presidência Daquele que era maior do que ele.
Em algum momento, frequentemente, o Sr. Roberts “testava” a reunião, e
aplicava a ela os quatro passos definitivos e necessários à benção do
reavivamento e à vida cristã vitoriosa, os quais, ele disse, o Espírito Santo havia
ordenado a ele para insistir com as pessoas: (1) O passado devia ser purificado
de todo pecado através da confissão a Deus, e toda injustiça feita devia ser
corrigida. (2) Toda coisa duvidosa na vida tinha que ser abandonada. (3) Deveria
haver obediência imediata e implícita ao Espírito Santo. (4) Confissão pública
de Cristo. Perdoar aos outros como sendo algo essencial para se receber o perdão
de Deus era sempre enfatizado, tanto quanto a distinção entre a obra do Espírito
Santo na conversão e no batismo do crente com o Espírito Santo.
Na verdade, o reavivalista estava dando o pleno evangelho da salvação e da
vitória da forma como ele foi pregado no Pentecostes, e assim como na
mensagem de Pedro, ele recebia a cooperação do Espírito Santo e produzia
resultados Pentecostais. “Arrependei-vos” – volte a sua mente para Deus, e
repudiai o mal ao seu próximo. Então a “remissão” de pecados vos será
concedida, e “recebereis” o Espírito Santo se vós O obedecerem, e derem
testemunho público de Cristo.
Cenas indescritíveis aconteciam nas reuniões. Algumas vezes uma verdadeira
torrente de orações, e depois de música, varria a audiência, e centenas de almas
se levantavam para declarar sua rendição a Deus, a congregação explodindo em
alegres ações de graças e hinos de alegria.
Mas o fardo especial do reavivalista era sempre “a Igreja”. “Incline a Igreja, e
salve o mundo”, era o seu clamor. A palavra “incline” em galês transmite o
sentido de submissão a Deus, e de desistir de resistir a Sua vontade. E o único
alvo dele parecia ser primeiro trazer os cristãos a uma condição correta com
Deus, para que o Espírito Santo pudesse irromper em poder de conversão sobre
o não salvo. E o CALVÁRIO era o poder para ambos, o salvo e o pecador. O
reavivalista se quebrantava em soluços com um coração angustiado quando ele
tocava no assunto. “Vocês não seriam frios se tivessem vindo aqui através do
Calvário”, ele dizia. “Graças, graças pelo Calvário”, era o peso de muitas
orações. Os hinos tocavam com a palavra “Calvário”. A canção que mais era
cantada era “Pen Calfaria” – o Monte do Calvário – uma exultante canção de
triunfo falando da vitória de Cristo sobre a morte e o inferno na cruz. Outro hino
cantado com um poder comovedor era “Dyma Gariad” – “Aqui está o amor,
vasto como o oceano”. As pessoas cantavam sem harpa, pois estes hinos
estavam em suas memórias desde a sua infância – agora, porém, avivado e usado
pelo Espírito, ele era cantado como nunca antes.
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Muitos dos “doces cantores de Gales” foram atraídos pelo Espírito de Deus para
o Seu serviço, e eram frequentemente ouvidas canções doces e moduladas como
um garganteio de um rouxinol irrompendo num hino enquanto as pessoas se
inclinavam em oração. Ele verdadeiramente tornou-se um “reavivamento
cantado”. As almas cantavam para Cristo, e exultavam em canções de vitória. O
espírito de alegria e louvor enchia todos os corações enquanto milhares se
regozijavam numa nova certeza de salvação.
O Espírito de Deus realizou o Seu próprio trabalho de convencer, e havia muitas
evidências do Seu poder operando através dos hinos e dos testemunhos. Um
jovem devolveu a sua medalha de premiação e o seu diploma porque ele os
havia ganhado desonestamente. Um dono de uma mercearia devolveu algum
dinheiro achado na sua loja, do qual ele tinha se apossado, embora soubesse
quem o havia perdido. Dívidas de longa duração eram pagas, e bens furtados
eram devolvidos. Homens que lutavam por dinheiro, jogadores, gerentes de
bares, caçadores de coelhos, e outros do tipo que raramente são tocados vinham
a Cristo de formas extraordinárias – e o mundo soube rapidamente a respeito dos
resultados. Magistrados eram presenteados com luvas brancas em vários lugares
porque não havia casos. As tabernas eram abandonadas. A brutalidade era
substituída pela sobriedade. Não se ouviam mais juramentos – tanto que, era
dito, nas minas de carvão os cavalos não mais compreendiam a língua dos seus
cocheiros.
A leitura frívola era substituída pela leitura bíblica e os estoques de Bíblias e
Testamentos se esgotavam nas lojas. Reuniões de oração eram realizadas no
subsolo nas minas, em trens e bondes, e em todo tipo de lugares.
Todo o mundo dava testemunho dessas evidências práticas do poder de Deus.
Assim como nos dias dos apóstolos (Atos 4:14-16), “Vendo o homem que tinha
sido curado com eles, não podiam dizer nada contra isso”. “Um sinal notável foi
feito... e não podemos negá-lo”, disseram muitos a um conhecido cético a
respeito do poder real da fé cristã. Os gerentes das fábricas testemunharam que a
quantidade de trabalho produzido pelos seus empregados desde a chegada do
Reavivamento tinha sido maior do que eles tinham visto durante anos e os
magistrados não hesitaram em manifestar a sua aprovação em relação aos frutos
éticos do despertamento.
As influências se espalharam mais e mais influenciando a todas as classes. A
Associação de Mineiros decidiu realizar suas conferências não mais sobre a
premissa de licenciamento de álcool. As reuniões políticas tiveram que ser
postergadas, e Membros do Parlamento foram vistos participando das reuniões
de Reavivamento. Times de futebol foram desfeitos porque os homens tinham se
convertido e agora tinham outros interesses. Uma companhia de teatro foi
obrigada a partir de um distrito porque não havia mais esperança de audiência,
pois “todo mundo” estava orando. De comum acordo os convertidos deixaram
“a bebida”, e os trabalhadores sóbrios viram o Espírito de Deus realizar em três
39
meses o que eles tinham se esforçado para fazer durante quarenta anos! No final
de um culto, dúzias de jovens eram vistos marchando à frente para manifestar o
compromisso.
A poderosa corrente varreu aqui e acolá – não sabendo os homens como ou
porque. O Espírito de Deus encontrou os Seus próprios canais; distritos não
visitados pelo Sr. Evan Roberts tinham extraordinárias manifestações do poder
de Deus. Listas de convertidos eram enviadas para os jornais, fornecendo um
recorde de mais de 70.000 conversões professadas no mês de Dezembro de 1904
– simplesmente dois meses depois dos mananciais de vida irromperem em
Loughor – alcançando o número de 85.000 no final de Março de 1905. Muitos
dos jovens foram comissionados pelo Senhor para participar dos cultos: o Sr.
Sidney Evans, o Sr. Dan Roberts e muitos outros dirigiram reuniões de
reavivamento com a manifestação da benção de Deus. Visitantes de todas as
partes da Bretanha e do continente começaram a afluir para Gales para ver “a
grande visão” de Deus irrompendo em poder sobrenatural sobre os filhos dos
homens.
40
“Tudo viverá por onde quer que passe esse rio” (Ezequiel 47:9, V.R.)
Capítulo 5
As Fontes Superabundantes Através de Diversos
Canais – Como O Espírito Santo Operou Em Vários
Centros – Os Efeitos Gerais Sobre as Igrejas.
Os vislumbres que nós tivemos sobre a obra preparatória do Espírito explicam porque o
rio de Deus pareceu irromper em tantos distritos ao mesmo tempo em Novembro de
1904. Agora vamos dar uma olhada global no sul de Gales, indo de centro em centro e
observado a corrente crescente.
Em Carmarthen nós descobrimos o Espírito de Deus operando muitos meses antes na
preparação – alguns dos ministros da cidade tendo entrado na vida cheia do Espírito em
1903. Um deles tornou-se um missionário na Convenção de New Quay e em todos os
demais lugares nos meses que se seguiram, bem como em Blaenanerch em Setembro de
1904.
Uma atração mútua das Igrejas Livres em unidade foi à primeira preparação do Espírito,
até o início de Novembro. Ele começou a manifestar a Sua presença em poder
sobrenatural. Uma convenção visando o aprofundamento da vida espiritual tinha sido
convocada pelas igrejas unidas, mas na noite de sábado que precedeu a convenção, o
Espírito Santo quebrantou – homens fortes chorando, e jovens e velhos orando e
louvando de uma forma inédita em três lugares de adoração na cidade.
Na segunda-feira à noite, numa igreja, cerca de oito adultos estavam estudando Lucas 4
na num Estudo Bíblico, quando repentinamente veio sobre todos eles uma visão de
Cristo singular em Sua Pessoa e reivindicação. Todos eles se inclinaram em oração e
louvor a Deus, inconscientes uns dos outros – chorando de alegria e orando, como
alguém disse, “como se as nossas almas tivessem saído dos nossos corpos”. A
convenção foi realizada na mesma semana – e na semana seguinte – somente em Welsh,
especialmente visando o benefício das igrejas da região. Representantes vieram em
grande número e ali verdadeiramente as comportas do céu foram abertas. Entre as
reuniões da segunda semana, foi dito, em todas as salas de aula e recantos disponíveis
do terreno da capela grupos de mulheres, jovens, ministros ou anciãos eram vistos em
oração, muitos soluçando e suplicando a Deus, totalmente alheios ao que acontecia ao
seu redor. Naquela noite toda a congregação marchou em procissão para a praça do
mercado para um jubiloso culto de louvor ao ar livre.
Em Morriston: nós ouvimos a respeito de um ministro de uma igreja consistindo de
cerca de quinhentos membros, profundamente sobrecarregado pelo seu povo – tão
sobrecarregado que ele tinha consignado na sua resignação, e determinado a procurar
uma ocupação secular. Tinha havido problemas entre os diáconos, e uma reunião havia
sido agendada para tratar da parte ofendida. Mas nesse ponto o pastor se deparou com o
livro Vida Cheia do Espírito de John McNeil (da Austrália). Foi uma mensagem de
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Deus para ele e revelou as suas necessidades. Foi aí que ele ouviu a respeito da chama
do reavivamento ardendo em Moutain Ash, e ele dirigiu-se para uma das reuniões. No
final do culto, sozinho numa rua escura, ele se rendeu completamente a Deus e no
domingo seguinte ele contou ao seu povo o que havia acontecido com ele.
Imediatamente o Espírito Santo irrompeu. A resignação do pastor não foi aceita. Os
diáconos não precisavam ser tratados. Os mananciais superabundantes alcançaram
muitas almas até que, no último domingo de 1904, cento e trinta e quatro almas foram
recebidas na comunhão da igreja e cento e oitenta e cinco convertidos foram registrados
em cinco semanas.
Em outro distrito, não muito longe de Loughor, o vigário de uma paróquia conta a
respeito de uma influência indefinida operando por algum tempo antes de Novembro, a
qual muito rapidamente transformou-se numa vasta corrente quando o Espírito de Deus
irrompeu na região. Ele escreve que nos cultos de abertura da igreja paroquial em 14 de
Novembro não havia um olho seco sequer no meio da congregação embora nenhum
culto de reavivamento houvesse sido realizado. Dois leigos nessa igreja evidentemente
eram homens cheios do Espírito, tendo grande poder em oração e em oratória. Cerca de
setenta pessoas agora tinham sido conduzidas ao Salvador. São realizados encontros
após a reunião nos quais meninos e meninas a partir de doze anos de idade oram ou
cantam, e uma mudança maravilhosa pode ser vista na vida das pessoas.
Em Swansea e nos distritos adjacentes, nós ouvimos sobre igreja após igreja, tanto a
Igreja da Inglaterra como os Não Conformistas, onde o Espírito de Deus irrompeu em
rios de vida. Em alguns casos isso aconteceu repentinamente, e em outros depois de
uma longa e fervorosa pregação sobre o evangelho do Calvário e a plenitude do Espírito
para cada crente – como prometido pelo Senhor.
No distrito de Neath nós descobrimos o Espírito Santo se movendo num enorme salão
de missões contendo duas mil pessoas. O pastor tinha recebido a “unção” a cerca de
treze anos atrás e daí por diante ficou pronto para a corrente quando ela veio. Ouvindo
sobre a benção em Loughor no início de Novembro, duas semanas de reuniões de
oração tiveram início imediatamente pedindo a Deus para enviar um Pentecostes sobre a
obra. Durante a quarta noite de oração o Espírito de Deus tratou com os membros da
igreja e então no culto de sábado à noite a benção explodiu.
No final do seu discurso antes mesmo que o pastor pudesse fazer o apelo, homens e
mulheres se levantaram no meio da congregação lotada em meio a um grande silêncio e
a falta de entusiasmo e se amontoaram nas salas de aconselhamento até elas ficarem
cheias. Cento e dezenove almas encontraram o Senhor! Trinta e oito almas foram
alcançadas na noite seguinte e a colheita continuou até que cerca de mil convertidos
foram reunidos, entre os quais estavam homens e mulheres que jamais tinham ido a um
lugar de adoração. Muitos tinham estado na prisão. Além de alcoólatras, lutadores,
jogadores e um dançarino de sapateado que tinha ganhado medalhas no seu ofício.
Mulheres completamente bêbadas cambaleavam em direção as reuniões e eram
poderosamente convertidas enquanto permaneciam no salão. Quão verdadeiramente a
obra era de Deus era vista em muitos casos. Um funcionário de um bar ofereceu a um
convertido quinze dias de “bebida” de graça se ele voltasse atrás, mas ele respondeu,
“Não, eu já bebi o suficiente, e isso me colocou na cadeia de Swansea”. Outro homem
ao passar por uma cervejaria viu a proprietária sair e segurar um caneco de cerveja,
dizendo, “Vem”, mas o convertido levantou sua Bíblia e respondeu, “Não, agora nós
vamos com isso aqui. Essa é a chave para o céu, e isso aí para o inferno!”
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Outras igrejas naquela cidade também têm muito a dizer sobre a graça e a benção do
Senhor.
No distrito de Bridgend nós descobrimos novamente o Espírito de Deus operando
muitos meses antes da elevada corrente espiritual vir sobre a região. Muitos ministros
receberam o poder do Espírito Santo em Agosto de 1903. Um deles era pastor de uma
igreja proeminente que tinha uma reputação mundana que era um obstáculo quase
insuperável para a realização de um trabalho cristão agressivo. Quando ele entrou na
vida cheia do Espírito a sua igreja percebeu a diferença imediatamente. Alguns
membros foram atraídos, enquanto muitos declararam que aquele padrão de vida era
demasiado elevado. Finalmente, em 1904, começou a haver extraordinárias
“demonstrações do Espírito”, e o Espírito de Deus confrontou o pastor com o doloroso
dever de tratar pessoalmente com os obreiros da igreja. Entre os diáconos havia um
talentoso procurador, um homem bem conhecido na sua profissão e proeminente no
mundo político, cuja vida integral (mais tarde reconhecida por ele mesmo) era
completamente mundana. Uma entrevista particular foi providenciada, na qual o Senhor
permaneceu com o pastor fiel e falou por meio dele com tal poder que o diácono foi
quebrantado e veio como um penitente aos pés da cruz. Poucos dias depois ele chamou
seus colegas diáconos e contou a eles que ele tinha encontrado a Cristo e que ele era um
novo homem. O mesmo testemunho foi dado na escola bíblica, e depois diante de toda a
congregação – e cada vez que ele falou da misericórdia do Senhor e da música que
enchia o seu coração, os seus ouvintes foram profundamente tocados. Os seus colegas
diáconos consagraram-se todos a Deus, e o efeito sobre a igreja foi como “o
rompimento de uma represa que obstruía as fontes de poder”. Uma inundação do
Espírito irrompeu na congregação e uma piedade e uma paixão fervorosa pelas almas
tomou o lugar da esterilidade anterior. Não apenas a igreja foi abençoada, mas a
conversão de tal alma – assim como Saulo de Tarso – produziu um grande efeito sobre
o distrito. Ele confessou publicamente que a mudança resultou numa perspectiva de
vida totalmente transformada, afetando o seu lar e o seu negócio; e em última esfera os
seus numerosos clientes que possuíam bares foram solicitados a procurar outro
advogado em favor dos seus interesses.
Não foi muito depois disso que a igreja teve o seu “Pentecostes”. Numa manhã de
domingo, depois do pastor ter lido o segundo capítulo de Atos uma mulher se levantou e
disse, “Deixe-me selar isso com o meu testemunho”, e então ela contou como o Senhor
tinha se chegado a ela durante a noite e dito a ela que Ele a tinha encarregado de uma
missão de falar por Ele.
O marido sentou ao lado dela soluçando, enquanto a mulher falava, com a face dela
iluminada, pela primeira vez em público. Outros testemunhos se seguiram até que toda a
igreja foi tocada. À noite o Espírito de Deus se manifestou de tal forma entre as pessoas
que em muitas partes do prédio muitos estavam caindo sobre seus joelhos, clamando,
enquanto homens rudes da cidade levantaram-se de todos os lados e aceitaram a Cristo.
Esse domingo de Pentecostes foi seguido de uma obra uniforme do Espírito Santo entre
os membros da igreja e os não salvos. Muitos inquiridores afluíram, semana após
semana, atraídos pelo Espírito de Deus – muitos deles, a muito tidos como “sem
esperança” – e foi uma visão comovente ver aquele advogado e líder político suplicando
a mulheres e homens caídos e rudes como um irmão e um companheiro de pecado –
Deus usando-o poderosamente para ganhar almas para Cristo. Não menos do que cento
e cinqüenta convertidos foram reunidos naquela igreja, dando todos os sinais de uma
profunda mudança interior de coração.
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Em outro distrito, o rio de vida irrompeu em determinado momento no meio de
Novembro. Um trabalho preparatório foi realizado em Julho passado pela visita de um
dos ministros que conheciam a habitação interior do Espírito. A partir daí muitos
membros da igreja entraram na vida cheia do Espírito, e foram preparados para entender
a obra do Espírito Santo quando Ele vinha em poder Pentecostal. Uma maravilhosa
reunião de oração numa noite de sábado em Novembro precedeu a abertura das
comportas do céu, e logo depois duzentos e sessenta convertidos foram acrescentados a
igreja. Adicionalmente à benção que veio sobre os não salvos, muitos dos cristãos que
tinham feito oposição à mensagem da vida cheia do Espírito em Julho, agora
confessavam publicamente que eles tinham errado e alguns deram testemunhos notáveis
sobre a obra do Espírito Santo em suas vidas.
Em Dowlais, o rio de vida começou a fluir em algum momento do verão de 1904
através da visita de alguns a New Quay. Com relação a uma igreja em Dowlais, o pastor
escreve que durante os últimos meses, “as visitas a igreja” por meio do Espírito Santo
foram “incrivelmente poderosas e significantes”. Em vários períodos distintos a
congregação, sem nenhuma razão aparente, explodia simultaneamente em lágrimas.
Com freqüência o pastor havia buscado com lágrimas no trono da graça um maior
influxo de poder na sua própria vida. No final do mês de Agosto de 1904, três ministros
que conheciam a vida cheia do Espírito dirigiram cultos na igreja, e muitos receberam o
enchimento do Espírito após uma rendição definitiva a Cristo. Deus imediatamente
começou a usá-los poderosamente. O pastor escreve que a sua própria vida sofreu uma
mudança radical, e a esfera espiritual foi transfigurada e tornou-se muito real para ele.
O rio de vida fluiu adiante a partir daquele momento em Agosto, e conversões
aconteceram em todas as reuniões até que, ao final de 1904, cento e setenta almas
tinham sido acrescentadas ao Senhor, e crentes estavam continuamente sendo trazidos à
rendição absoluta a Cristo e ao conhecimento do Espírito Santo de habitação interior.
Passando para Monmouthshire: o pastor de uma igreja escreve que após o seu retorno
da Conferência de Llandrindod em 1904 nenhuma reunião de oração, reunião da igreja,
ou qualquer outro culto foi realizado sem que a mensagem relacionada à recepção de
todo o coração do Espírito fosse incitada sobre o povo, até que em Outubro dois
ministros experimentados na vida cheia do Espírito chegaram para dirigir cultos
especiais. Toda a igreja foi transformada, e todo o diaconato recebeu bênçãos. Setenta e
quatro convertidos também foram reunidos, e nas reuniões da tarde para cristãos, três
mulheres que tinham vindo de outra igreja entraram na plenitude da benção, recebendo
um batismo de amor pelas almas. Elas tornaram-se canais dos mananciais de vida na sua
própria igreja, onde duzentos convertidos foram rapidamente ganhos para Cristo. Em
outro distrito nos descobrimos cultos especiais da mesma natureza, quando todos os que
compareceram às reuniões da tarde se renderam completamente a Cristo e receberam o
Espírito Santo, enquanto almas eram trazidas a Cristo em todas as reuniões. Esses cultos
foram realizados ao mesmo tempo em que o Espírito de Deus irrompeu em Loughor.
Em Cardiff – em uma das coincidências românticas tão frequentemente experimentadas
pelas almas guiadas pelo Espírito – nós descobrimos em Outubro de 1904, uma grande
missão foi liderada pelo próprio homem chamado da companhia de oração de Chicago*
para o serviço de Deus num “reavivamento mundial”. Existem evidências de que ele foi
usado por Deus especialmente para ajudar ministros e obreiros com as suas mensagens a
respeito da vida cheia do Espírito. Assim o Senhor estava preparando o Seu povo
através de muitos canais.
*ver página 17
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Quando a corrente elevada veio sobre o país mais tarde, nós descobrimos em Cardiff
uma obra singular de Deus em um centro, uma grande capela sendo cheia noite após
noite com pessoas de todas as classes, e alguns dos incorrigíveis párias da cidade foram
trazidos pelo poder de Deus a novidade de vida. Agnósticos davam testemunho da fé em
Jesus Cristo e alcoólatras eram libertados da sua escravidão. Reuniões a meia-noite
eram realizadas revelando os horrores do pecado e o poder de Cristo para salvar. Outras
igrejas na cidade também foram profundamente tocadas por Deus enquanto em Penarth
nós descobrimos outro centro de bênçãos – cerca de seiscentos convertidos sendo
acrescentados a uma igreja. Alcoólatras, ladrões, jogadores e outros foram resgatados e
agora estão entre os melhores trabalhadores a serviço de Cristo.
O Espírito irrompeu em Novembro quando nenhum evangelista em especial tinha
visitado a igreja, que vinha orando pelo avivamento a cerca de dois anos. O pastor conta
como Deus o preparou através da leitura de livros sobre a vida cheia do Espírito, em
cuja vida ele entrou durante a missão relatada anteriormente em Cardiff no mês de
Novembro.
Estes exemplos – e eles são apenas exemplos da forma como o Espírito de Deus estava
trabalhando em lugares bem distantes uns dos outros – mostram que Ele estava se
movendo em diferentes regiões de Gales ao mesmo tempo, e os mananciais de vida que
estavam fluindo silenciosamente parecem ter encontrado as suas correntes em
Novembro de 1904, e varrido o país como um “tsunami”. Nós descobrimos todos os
setores da Igreja sendo influenciados por ela, pois o Espírito Santo não respeita
denominações mais do que pessoas, e Ele se moveu livremente em todos os lugares
onde Ele era bem-vindo quando Ele começou a trabalhar e a Ele foi dado lugar.
Nós resumimos rapidamente alguns dos efeitos sobre as massas e sobre o mundo ao
observar o curso do poderoso rio de Deus que varreu desde Loughor até os distritos
mineiros do sul de Gales. Agora vamos olhar para todo o sul de Gales e ver o amplo
efeito do Pentecostes sobre o povo de Deus.
O que foi que a elevada corrente espiritual realizou? Ela não apenas varreu os vales de
mineração como uma torrente, purificando e curando enquanto passava, mas ela
silenciosamente envolveu a maquinaria das igrejas, e as elevou, assim por dizer, a uma
nova esfera espiritual. Os vínculos tradicionais dos anos foram quebrados. Preconceitos
do passado desapareceram. Não somente nas reuniões realizadas por avivalistas, mas
em cultos normais também, o Espírito de Deus – até aquele momento geralmente
considerado como uma influência – era honrado como a Terceira Pessoa da Trindade e
recebia o Seu lugar de presidência sobre a igreja. Pastores permitiam que os cultos
tomassem qualquer formato que surgisse a partir do movimento do Espírito. Qualquer
um podia se levantar para falar ou liderar em oração sem receio, e os sermões eram
colocados de lado quando a necessidade determinava.
Na corrente superabundante as barreiras denominacionais entre o povo de Deus eram
submersas como quando o mar varre a praia e na sua gloriosa plenitude engole todas as
poças de água do mar separadas umas das outras pela areia. Cenas espantosas eram
testemunhadas de forma que devem ter feito as esferas celestiais badalar com a alegria
dos anjos. Igrejas em estado de inimizade por muitos anos eram reconciliadas e reuniões
de união eram realizadas – em um caso, os dois ministros apertando as mãos diante do
povo. Em alguns distritos o clero Anglicano e os seus irmãos da Igreja Livre se
reuniram livremente para adorar a Deus. Famílias eram unidas novamente; amizades
rompidas de longa data eram reatadas; filhos eram restaurados aos pais; membros da
igreja que estavam ofendidos retomavam seus lugares em meio ao povo de Deus. E em
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lugar após lugar o “Encontro Fraternal de Ministros” tornou-se verdadeiramente
fraternal, pois os corações fluíam juntos em verdadeira comunhão na presença do
Senhor.
Com o espírito de unidade e de amor veio também o espírito de sacrifício. Igrejas até
aquele momento divididas na questão decidiram por unanimidade colocar de lado todo
perigo para os irmãos mais fracos no uso do vinho fermentado na mesa do Senhor. Em
outras igrejas, um grande número de membros antigos assumiram o compromisso por
amor dos mais fracos resgatados do demônio do álcool. E em outra igreja nós lemos
sobre membros desocupando os seus bancos familiares na nave do prédio e se retirando
para a galeria a fim de que aquela área pudesse ser usada para o trabalho agressivo de
gerar almas.
Nós também descobrimos um maravilhoso espírito de liberdade que visivelmente
carrega a marca do Pentecostes – pois na sobrecarregada atmosfera do aposento superior
em Jerusalém, todos começaram a falar! Nossos jovens, que até ali eram tímidos perante
os anciãos, tiveram as suas línguas liberadas para falar ou orar sem medo ou receio de
reprovação. Agora, não é incomum ver uma jovem de dezoito anos falando sob o claro
controle do Espírito Santo, enquanto nos grandes bancos estão sentados os ministros e
anciãos, frequentemente com lágrimas descendo pelas suas faces. Os servos e
empregadas estão profetizando, como foi predito por Joel.
Novamente nós descobrimos que as profecias tomam a forma de testemunhos – a marca
especial do Pentecostes. Em Gales, durante muitos anos foi considerada uma coisa por
demais sagrada falar dos negócios secretos de Deus, porém, repentinamente nós vemos
tudo mudado, e sermões deixados de lado em favor de testemunhos e confissões
públicas do que o Senhor tinha feito pelas almas.
Uma outra mudança notável é a atitude em relação às reuniões de oração – até aquele
momento negligenciadas, como alguém disse, em troca de qualquer evento social; e
ninguém a não ser os mais velhos, quando convocados, participavam solenemente! Mas
agora eventos sociais devem permanecer em segundo plano por causa das reuniões de
oração, que são mais atraentes do que qualquer outra coisa! O espírito de oração
também é concedido às almas em dores de parto, e limites estreitos são varridos a
medida que as orações são realizadas em favor de “todas as nações”.
Nós relatamos em outro lugar a maneira como o Espírito Santo fez do Calvário o centro
e a fonte da benção, e existem muitos indícios de uma extraordinária revelação da cruz
aos “olhos do coração” (Efésios 1:18). Um evangelista conta como ele estava orando
com outros numa casa em certo dia, quando o Senhor se revelou a uma jovem serva
numa “clara visão da cruz com ela mesma na base” – e a “experiência e o poder dela no
serviço dali em diante foi profundamente tocante”. Também numa reunião, em
Carmarthen, uma obreira se levantou e perguntou porque é que ela via a cruz do
Calvário diante dela em visão dia e noite.
Existem outras marcas Pentecostais discerníveis em lugares onde o Espírito de Deus
estava operando com poder, com “sinais e maravilhas” sendo realizados no meio do
povo. Estes “sinais e maravilhas” incluíam milagres de libertação física para almas
devastadas por um forte demônio da bebida. Um convertido que tinha sido um jogador e
um alcoólatra, com a sua estrutura física despedaçada pela sua vida, deu testemunho de
que desde o dia da sua conversão ele tinha sido perfeitamente restaurado a sua saúde
normal. Um outro, que já não ficava sóbrio “um fim de semana” por trinta e cinco anos,
disse que não podia mais sentir o cheiro de nada alcoólico sem ficar enjoado – o asco
era tremendo.
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Naquele dia do Seu poder nós descobrimos outros, também, provando do poder curador
de Deus. Um ministro conta como ele ficou doente no meio do trabalho, mas ele
recorreu ao Senhor – e ficou curado instantaneamente! Ele não hesitou em dar
testemunho disso numa reunião, e rapidamente muitos outros saltaram aos seus pés e
falaram sobre o que o Senhor tinha feito por eles da mesma forma – um deles sendo a
esposa de um ministro que tinha entrado na vida cheia do Espírito apenas alguns meses
antes. Em certo lugar, também, o poder do Espírito foi tão intenso numa reunião que os
missionários não conseguiam orar pela libertação de almas manifestadamente mantidas
em escravidão pelo maligno, mas eram irresistivelmente constrangidas a “ordenar” ao
adversário para soltar seus cativos, e muitos eram assim libertos pelo poder de Deus.
Se nós falarmos dos convertidos envolvidos pela elevada corrente espiritual, nós
podemos descrevê-los pelas próprias palavras das Escrituras: aqueles que “receberam a
palavra” têm “continuado firmes” na “comunhão” e na “oração” – muitos sendo
batizados e recebidos à mesa do Senhor. Todos os que “criam” continuavam agora “em
concordância” em várias reuniões da igreja e eram cheios da “alegria” e “singeleza de
coração”, pois eles tinham perdido o desejo pelas coisas do mundo as quais eles tinham
abandonado desejando integralmente servir ao Senhor! Eles estão “louvando a Deus”
com “salmos, hinos e cânticos espirituais”, e “caindo na graça de todo o povo”. E o
Senhor está “acrescentando a eles dia a dia” outros que também estão “sendo salvos”.
Mas deve ser lembrado que estes convertidos são apenas bebês, muitos totalmente
leigos, embora nascidos no reino neste dia de poder Pentecostal. Ainda resta aos
pastores conduzi-los à plenitude de vida no Espírito para que eles estejam
fundamentados no conhecimento de Deus e a igreja de Deus em Gales seja segundo o
padrão do Pentecostes em obras e em verdade.
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“Para o norte... e eis que corriam as águas” (Ezequiel 47:2)
Capítulo 6
Os Mananciais de Vida em North Wales – Alguns
Traços em Ponkey em Julho de 1904 – A Corrente de
Ondas em Rhos, em Novembro de 1904 – A Cura da
Breach em Betesda – A Ilha de Anglesey é Atingida –
A Santidade de Deus é Proclamada – Muitos
Estudantes Universitários São Tocados.
Nós temos observado os rios de águas vivas irrompendo em muitas direções no sul de
Gales. Agora vamos voltar os nossos olhos para o norte de Gales e ver como o Divino
Espírito trabalhou na região norte do Principado.
Nós vamos olhar para o distrito de Rhos, que foi tão poderosamente tocado como foram
tocadas todas as regiões de Glamorganshire. Nós descobrimos que alguns sinais de um
despertamento ocorreram por volta de Junho de 1904, nos cultos de aniversário numa
igreja em Ponkey. Um dos pregadores especiais tinha estado no sul de Gales dois meses
antes, e entrou em contato com dois ministros que tinham entrado na vida cheia do
Espírito em Agosto de 1903. Ele voltou para o seu lar no nordeste com o seu coração
profundamente tocado e totalmente persuadido de que o conhecimento experimental da
plenitude do Espírito Santo iria conduzir a uma “nova era na história do ministério
galês”.
O domingo seguinte será lembrado por muito tempo na igreja como o seu “Dia do
Pentecostes”. No culto matinal do sábado o pastor perguntou por testemunhos ao invés
de pregar o seu sermão usual e um grande e robusto homem levantou-se e perguntou ao
ministro se ele poderia batizá-lo ali e na sua profissão de fé em Cristo, e se ele faria isso
sem sombra de dúvida. Toda a congregação foi tocada para a música da oração da mãe
dele e o jovem foi batizando, clamando, “Louvado seja Deus pelo privilégio de seguir a
Jesus antes que o Dia do Pentecostes passasse”.
Um outro da multidão seguiu esse jovem. Então foi realizada uma reunião após o culto,
na qual um jovem que era a “ovelha negra” da família foi visto de joelhos com lágrimas
enquanto dois jovens em coro, velhos amigos seus, ofereciam louvores e orações
misturadas com lágrimas de alegria. O pai dele, que estava presente, gritou de alegria –
e deu graças a Deus pelo evangelho ter feito aquilo que o pai e a mãe não tinham
conseguido fazer! Toda a congregação estava soluçando alto. À noite o culto foi tão
extraordinário que as pessoas perderam toda a consciência do horário e do lugar; o
ministro “largou o seu sermão”, e confiando no Espírito foi usado de uma forma
memorável. A partir desse momento, reuniões de oração foram feitas todas as noites
durante o mês de Julho, e a igreja estava pronta para o tsunami que iria explodir em
Novembro.
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Em Novembro de 1904, algumas igrejas de Rhos convidaram um ministro do sul de
Gales para dirigir alguns cultos especiais para eles – alguém que havia entrado na vida
cheia do Espírito em Agosto de 1903!
Ao descrever o extraordinário movimento em Rhos, o correspondente de um jornal de
Liverpool disse:
“Se tivessem me perguntado a um mês atrás se havia probabilidade de um avivamento
em Gales, eu teria respondido que não. A mim me parecia que a alta crítica* tinha
arruinado a maquinaria comum do avivamento e que até que a teologia fosse
reformada... nada poderia ser feito para incomodar a apatia predominante. Mas de modo
bastante estranho, o reavivalista [Reverendo R. B. Jones] é alguém que, de acordo com
a sua própria história, estava em certa época profundamente interessado na alta crítica, e
pregava a „nova teologia‟. No entanto, ele sentia a frieza e o vazio dos seus sermões. O
comparecimento a uma Convenção realizada em Llandrindod o levou a uma crise em
sua vida. Ele sentiu-se um novo homem e desde então os escritos da alta crítica
perderam sua atração na vida dele”.
Os cultos em Rhos começaram no mesmo dia em que o Espírito de Deus irrompeu em
Loughor através do ministério do Sr. Evan Roberts! Eles eram realizados na maior de
todas as igrejas, e elas de forma unida entregando os seus cultos regulares durante um
período. As reuniões da primeira semana foram dedicadas a tratar com os cristãos
professantes, conduzindo-os a remoção de todos os obstáculos em suas vidas, a plena
rendição a Cristo, e a recepção do Espírito Santo. No final da semana, obreiros cristãos
continuavam confessando a sua falta de poder, outros a sua falta de certeza na sua
salvação, e setenta cristãos professantes se levantaram e caminharam para o conselho
paroquial em sinal da sua absoluta rendição a Cristo. Depois disso as comportas do céu
foram abertas, e o Espírito foi derramado poderosamente. As congregações cresceram
mais e mais até que os lugares de adoração não eram mais suficientes para acomodá-las.
Milhares estavam ansiosos por participar das reuniões. O “reavivamento” tinha
chegado! Quatro semanas depois da partida do missionário, um jornal de Wrexham
disse que “todo o distrito estava sob o domínio de uma força espiritual extraordinária
que não demonstrava sinais de enfraquecimento!” As reuniões eram levadas a cabo
pelas próprias pessoas, embora os ministros estivessem presentes. Algumas reuniões
começavam às dez da manhã e iam até as seis da tarde. Dos lábios dos mais modestos e
humildes apelos apaixonados eram proferidos em oração que avivava a todos. Homens e
mulheres levantavam-se continuamente, geralmente mais de uma vez, para orar com um
fervor que era inspirador. Nas ruas, nos trens, nos carros e até nos salões dos bares este
estranho poder sobre a cidade era, em tons de silêncio e reverência, o tema das
conversas.
Durante as noites haviam grandes procissões formadas por grupos marchando pela
cidade cantando hinos, e ocasionalmente parando para fazer orações. O lugar era
visitado por um grande número de visitantes, e reuniões de oração realizadas três vezes
ao dia atraíam multidões, com almas vindo a frente para Cristo em cada uma delas.
Um ministro escreve no final de Março de 1905, que o resultado geral foi que as igrejas
estavam num nível muito mais elevado e numa atmosfera espiritual.
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*Estudo bíblico liberal baseado na filosofia Hegeliana e em princípios evolucionários.
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Ele diz que lutadores e os maiores alcoólatras do lugar estavam entre os convertidos, e
muitos dos obreiros da igreja mais úteis agora tinham sido elevados das profundezas da
degradação; também, que grandes grupos de obreiros agora estavam cheios da paixão
do Salvador pelas almas.
O vicário anglicano de Rhos tinha se lançado de coração e alma a obra, e a igreja galesa
de Rhos era cena de uma reunião singular de oração por avivamento. Todos os ministros
da Igreja Livre do distrito estavam presentes e o prédio estava lotado. O vigário disse
que ele já tinha participado de muitas reuniões, mas nunca tinha sentido tal entusiasmo
de emoção como naquela ocasião. Os muros e paredes de desunião foram quebrados;
agora eles estavam completamente unidos e não conheciam mais distinção alguma! O
ministro Batista iniciou o trabalho com oração e o ministro Metodista Calvinista Galês
terminou o culto.
Em Bangor o Espírito de Deus irrompeu em Novembro de 1904, em uma das partes
mais pobres e humildes da cidade. Estudantes de teologia haviam estado trabalhando
ali, liderados por um jovem estudante batista chamado Morgan Jones que tinha estado
no distrito de South Wales, onde o avivamento estava no seu apogeu. À tarde os
estudantes ministeriais das escolas Batista e Congregacional se reuniram para orar, e
tiveram momentos inesquecíveis. Então, à noite, eles se dirigiram ao Kyffin Square – a
“Capela branca” da Catedral da Cidade. O Espírito de Deus operou de tal forma naquele
local, num pequeno prédio escolar, que foi dito que todos os pobres – muito pobres –
moradores daquele lugar seriam salvos em pouco tempo, e o caráter daquela localidade
seria mudado. A obra do Espírito neste pobre centro tem movido as igrejas da cidade, e
as pessoas que “se sentavam nas trevas” têm se tornado a luz para iluminar o povo de
Deus professante.
Em Fevereiro de 1905 cultos especiais foram realizados em Bangor por um dos outros
ministros do sul de Gales que conhecia a vida cheia do Espírito. Um grande número de
cristãos professos foi trazido a uma plena rendição, e pela primeira vez encontraram a
plena certeza da salvação. O missionário encontrou muitos dos estudantes de teologia e
outros na universidade manifestadamente cheios do Espírito Santo de Deus. Um culto
memorável foi uma reunião de consagração realizada depois do término de uma das
reuniões públicas, começando cerca de 10:30 e indo até as 2:30 da manhã. Cerca de
oitenta crentes estavam presentes, e o Espírito de Deus “caiu” sobre cada um com um
poder irresistível.
É no campus da Universidade de Bangor que nós ouvimos sobre uma reunião de oração
na “sala do fumo”, que surgiu através do sussurro da conhecida melodia galesa
“Aberytstwyth”. Os estudantes que estavam presentes irromperam num cântico
fervoroso, e todos eles caíram sobre seus joelhos. Outros vieram à sala assobiando ou
bradando, abriram a porta, contemplaram, e fugiram – ou em vez disso dobraram seus
joelhos entre os seus colegas.
Em Caernarvonshire, parece que o movimento do Espírito ocorreu primeiramente em
Bethesda, o cenário da histórica greve de Penrhyn que produziu desunião social,
doméstica e religiosa.
“Os registros dos tribunais policiais mostram como famílias foram divididas, amizades
de longa data foram quebradas, e o sentimento gerado foi tão amargo que num grande
número de casos homens não adoravam juntos. Às vezes aconteciam discussões nas
ocasiões mais solenes, e aqueles que estavam qualificados para julgar unanimemente
acreditavam que a paz não poderia ser restaurada naquela geração. Porém, cultos de
„avivamento‟ realizados ao longo de uma semana por um ministro Wesleyano
50
(Reverendo Hugh Hughes) foram grandemente usados por Deus. Velhos amigos foram
reconciliados. Membros de igrejas voltaram a orar ao lado daqueles que os tinham
expulsado. Mulheres que tinham se convocado mutuamente iam juntas para a reunião de
oração diária onde quinhentas mulheres se reuniam todas as tardes. Membros da mesma
família que já não se falavam a dois anos agora se reuniam alegremente. As reuniões
iam praticamente das 2:30 da tarde até a meia-noite. Visitantes de outros distritos
participavam e levavam as bênçãos”.*
Em Nantile Vale, no sul do país, eram realizadas reuniões de oração, iniciadas
voluntariamente por jovens. Vilarejos seguiram o exemplo, de modo que em meados de
Dezembro podia se dizer que praticamente todo o condado havia se transformado numa
grande reunião de oração.
A ilha de Anglesey foi visitada em Janeiro de 1905, pelo Reverendo R. B. Jones, que
dirigiu reuniões em Holyhead, tratando novamente dos cristãos em primeiro lugar.
Depois dos cristãos serem trazidos a harmonia com Deus, o Espírito de Deus caiu em
poder de conversão sobre os não salvos. O Espírito Santo operou poderosamente, e os
cultos tornaram-se um verdadeiro Pentecostes. Um diácono confessou que agora ele
tinha recebido o batismo com o Espírito, que ele vinha buscando a dez anos. Cerca de
quarenta foram para o conselho paroquial rendendo-se completamente a Cristo e
recebendo o Espírito Santo. Muitos ficavam completamente prostrados pela intensa
presença do Senhor. No final da semana, na manhã de sábado, cada alma confessou uma
consagração completa ao Senhor ressurreto, e alguns não salvos encontraram o Senhor.
A reunião de testemunhos, no encerramento, mostrou que toda a igreja tinha sido
elevada a uma nova atmosfera, e muitos tinham se dado conta do seu “Pentecostes”.
Deus havia trabalhado maravilhosamente durante uma semana, e a igreja era uma
“nova” igreja. O pastor testemunhou diante do seu próprio povo que havia entrado na
experiência de Gálatas 2:20, para que a vida de Cristo pudesse ser manifesta através
dele.
Em Llanerchymedd o missionário dirigiu somente três reuniões das igrejas unidas.
Novamente ele tratou com os cristãos e a sua mensagem foi “A Santidade de Deus”. Na
primeira noite sessenta e sete almas foram trazidas a Cristo, e na segunda noite cenas
extraordinárias aconteceram. O missionário, olhando do púlpito, viu um estudante
universitário inteiramente estirado sobre o piso do “grande banco”. De repente o jovem
levantou, e colocando a mão em seu bolso ele tirou seu cachimbo e levou-o
publicamente até as mãos do missionário. Outro estudante estava de joelhos gemendo
alto e chorando, “Ó Deus, dá-me forças. Será que eu terei forças para fazer isso?”
Finalmente, ele também se levantou, tirou o seu cachimbo e a sua cartucheira do seu
bolso, e os lançou sobre a plataforma do púlpito. Outros fizeram o mesmo até que toda a
plataforma ficou coberta de cachimbos e cartucheiras de tabaco – embora o ministro não
houvesse falado uma palavra sobre aquelas coisas, mas simplesmente proclamado a
Santidade de Deus que exigia uma vida santa da parte daqueles que pertenciam a Ele.
Enquanto essas cenas aconteciam a notícia espalhou-se ruidosamente – e pessoas
afluíram das suas casas e dos bares. Até as 12:45 da noite almas derramaram-se e se
entregaram a Deus,e só na reunião daquela noite não menos do que cento e onze almas
convertidas foram reunidas.
___________________________
*S.W.Daily News
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Numa reunião de consagração na manhã de sábado, duzentas almas vieram à frente para
uma rendição definitiva e para a recepção do Espírito Santo, depois de serem ensinadas
sobre o seu significado. Novamente o Espírito de Deus desceu com poder, pois
enquanto elas estavam de joelhos em rendição absoluta o Espírito “caiu” sobre elas, e
todos irromperam em oração audível ao mesmo tempo.
Em Amlwch foram feitas reuniões unidas durante três dias, a mensagem sendo
novamente baseada em Isaías 6, e as pessoas foram claramente convencidas pelo
Espírito Santo. Quando o mensageiro veio as “brasas vivas que saíam do altar” – o fogo
purificador do lugar onde o sangue foi derramado, CALVÁRIO – repentinamente, sem
nenhuma palavra de explicação, o Espírito revelou a verdade de tal forma que a maioria
da grande congregação de 1.200 pessoas saltou bradando “Diolch Iddo!” (“Graças a
Ele”), enquanto a glória do Senhor brilhou de tal maneira sobre o púlpito que o
missionário fugiu para o conselho paroquial completamente dominado.
Em Cefnmawr, perto de Rhos, as igrejas unidas realizaram cultos em Setembro de 1904,
mas parece que o Espírito de Deus não irrompeu em nenhum poder torrencial até
Fevereiro de 1905, quando um ministro do sul de Gales visitou o local. Na segunda
noite dos cultos de Fevereiro, o poder do Espírito tornou-se tão intenso que durante
alguns momentos o missionário mal conseguia falar. A congregação explodiu em
cânticos e então, durante uma hora inteira muitos deram testemunho pela primeira vez
em suas vidas. O clímax foi aconteceu na sexta-feira daquela semana, quando entre
sessenta e oitenta almas entregaram-se totalmente a Cristo, em rendição absoluta, e
aceitando definitivamente o Espírito Santo.
As muitas Universidades de Gales também foram grandemente tocadas. Na
Universidade de Bala o Professor Edwards declara que se alguma vez ele presenciou os
efeitos dominadores, comovedores, humilhadores e elevadores do poder divino, ele o
presenciou agora entre os estudantes.
O espaço proíbe a nossa tentativa de registrar o movimento em outras partes do norte de
Gales. Nós ouvimos falar de três semanas de reuniões de oração em Merionethshire, em
meados de Dezembro, com a união das pessoas em oração em todos os vilarejos e vales
da região. Assim, no período do Natal, um jovem de Glamorganshire voltou das suas
férias para casa como um homem transformado – orando pelos seus velhos amigos e
contando a eles sobre as poderosas obras do Senhor. O resultado final foi que
praticamente não restou nenhum “ouvinte” não convertido em todo vale.
Outros mensageiros de Deus foram usados por Ele, alguns vindos do sul de Gales, e
outros chamados e equipados por Ele para servir em seus próprios distritos. Nós
ouvimos sobre a mulher de um fazendeiro em Egryn, e um jovem mineiro, tanto quanto
um grande número de estudantes universitários.
O Reverendo Elvet Lewis diz: “Eu estou mais do que convencido de que „jamais será
contado nem mesmo a metade‟. É uma surpresa contínua mesmo para aqueles que
conhecem a nação e o povo intimamente. Pode ser que ainda existam alguns poucos
locais que não foram tocados, mas ainda não soube de nenhum”.
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“Aquele que crê [para dentro] em Mim... das profundezas da sua vida fluirão torrentes
de água viva” (João 7:38, Siríaco Antigo)
Capítulo 7
A Mensagem para a Igreja – As Lições Objetivas em
Gales – O Lugar do Calvário no Avivamento.
À medida que nós revemos a história contada nas páginas anteriores, às características
Pentecostais do Avivamento em Gales são inequivocamente claras, e nós somos
encorajados a crer que um cumprimento ainda maior da profecia de Joel está próximo.
Sem dúvida nós estamos numa nova era da história humana, quando nós podemos
esperar obras sobrenaturais de Deus tais como não tem sido vistas desde os dias da
Igreja primitiva.
O Dr. Cynddyland Jones realça que a pergunta “Recebestes o Espírito Santo depois que
crestes?” está em primeiro plano hoje! É uma pergunta que ressoa ruidosamente na
Igreja de Deus através do Avivamento em Gales, com conseqüências tremendas para o
mundo que depende que isso seja realmente enfrentado pelo povo de Deus. É a
convocação da Igreja no final da dispensação, para se erguer e receber o revestimento
Pentecostal do Espírito que é o seu direito de nascimento e a sua necessidade para um
testemunho eficaz de Cristo perante o mundo. O que Deus tem feito por Gales é uma
lição objetiva do que Ele está preparando para fazer pelo Seu povo em qualquer nação –
se eles buscarem a Sua face e obedecerem às condições para a Sua obra Pentecostal.
Isso não significa que o Espírito Santo se manifestará exatamente da mesma forma que
Ele o fez em Gales, nem tampouco alcançar setenta mil convertidos em dois meses em
toda parte; mas sem dúvida, se verdadeiros membros de Cristo em cada nação,
incluíndo missionários entre os incrédulos – sejam eles muitos ou poucos – forem cada
um receber o que Deus entende por um batismo com o Espírito Santo e com fogo,
“sinais e maravilhas” se seguirão em obras as mais diversas, de acordo com as
circunstâncias e condições das várias nações. Tem sido dito em verdade que o mundo
não pode ser „avivado‟, pois ele está morto! Um “avivamento mundial” significa,
portanto, um despertamento do povo de Deus em abundância de vida. Se isso
acontecesse em cada nação, o “manancial superabundante” do sopro de Deus iria
rapidamente “peneirar todas as nações” (Isaías 30:28), e fazer os seus próprios canais
em todo lugar.
Mas vamos nos voltar para Gales para obter luz sobre as leis que governam a obra do
Espírito, a fim de que os filhos de Deus possam saber de forma inteligente como
cooperar com Ele para o cumprimento dos Seus propósitos.
A lição objetiva que se destaca como a mais inteligível e fala mais alto a Igreja de Deus,
é o fato de que o Espírito de Deus se moveu sobre os não salvos em poder de
conversão quando os cristãos numa determinada igreja ou numa determinada reunião,
estavam em harmonia com Deus.
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Os exemplos que nós citamos enfatizam essa lição. Nós vemos como, numa igreja, após
duas semanas de oração, o Espírito tratou secretamente com os cristãos professantes
(como eles testemunharam mais tarde); e tão logo todos se ajustaram em retidão para
com Deus, o Espírito desceu sobre o culto público e um grande número de não salvos
se levantou espontaneamente e se comprimiu na sala de aconselhamento, sem qualquer
convite! Em outra igreja nós vimos que o Espírito de Deus não pôde operar até que o
pastor O obedecesse e tratasse pessoalmente com os obstáculos entre os seus obreiros,
embora isso significasse muita angústia para ele, e muitas lágrimas para obedecer. Nós
também descobrimos nas reuniões superlotadas em vários lugares, como o avivalista
recebia sensibilidade do Espírito de Deus para conhecer os impedimentos a Sua obra.
Quão estranho o “bloqueio”, e quão frio o culto, até que (1) o espírito de curiosidade,
(2) o espírito de ilusão, e (3) o espírito de contenda ou falta de perdão era removido, e
quão rapidamente eles saiam quando era feita uma confissão, ou uma oração era
derramada perante Deus. E quão poderosamente o Espírito Santo descia sobre as
pessoas de uma só vez, e almas se entregavam a Cristo. Novamente, no trabalho no
norte de Gales, nós vemos como distritos inteiros foram sacudidos depois dos cristãos
serem trazidos a uma rendição absoluta a Deus, e, entrando na vida cheia do Espírito,
eram ligados em união perfeita e em comunhão uns com os outros. “Dobre a Igreja e
salve o mundo” realmente é a mensagem para os nossos dias.
No passado Deus usou grandes líderes – instrumentos especiais – chamados e levados a
uma íntima comunhão com Ele para receber as Suas mensagens para o povo – assim Ele
usou Elias, Isaías, Daniel, e outros; mas não foi assim no Pentecostes. Então, pela
primeira vez, Deus trouxe um grupo de pessoas a uma comunhão tal com Ele e uns com
os outros, que Ele podia falar e fluir através de um número de almas como se fossem
um. E no Dia do Pentecostes o ideal de Deus – “para que todos eles sejam um; assim
como Tu ó Pai, és em Mim e Eu em Ti” – começou a se cumprir e a ser mostrado ao
mundo. No Pentecostes o Espírito de Deus irrompeu sobre a multidão através de um
grupo unido de pessoas, todas preparadas por meio de oração prolongada (pois nada
une como a oração) e totalmente submissas a Ele.
A lição objetiva em Gales mostra que Deus opera no mundo quando o Seu povo está
em retidão para com Ele. Resumindo, os membros de Cristo devem ser trazidos pelo
Espírito a uma plena união com a Cabeça Ressurreta, e uns com os outros – “em um
Espírito fomos todos nós batizados num só corpo” – a fim de que o Espírito da vida
possa se derramar para o mundo. No canto mais escuro, solitário e longínquo da terra, o
filho de Deus mais isolado pode compartilhar da benção mundial, enquanto as correntes
da vida que procedem Dele que é a Vida Eterna, circulam livremente através do corpo
de Cristo, e superabundam em exuberância de vida sobre o mundo que jaz a sombra da
morte.
Que a todos sejam dados olhos ungidos para poderem enxergar a visão! O mistério está
aberto diante do povo de Deus. O Espírito flui sobre o mundo à medida que o povo de
Deus é trazido à harmonia com Ele. E a obra em Gales nos mostra que Ele não espera
que a Igreja como um todo venha a se alinhar, mas Ele irá irromper através de simples
congregações ou ajuntamentos específicos, quando eles são trazidos a unanimidade com
Ele. Na preparação do poderoso e impetuoso sopro sobre a nação, Ele trata, como nós
vimos, com pastores e com o povo, elevando congregações inteiras a uma esfera
espiritual, e trazendo um grande número de membros da igreja de todas as idades para
dentro da vida cheia do Espírito.
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Que Deus possa prosseguir para operar profundamente até que, naquele dia do Seu
poder, toda a Igreja de Deus em Gales carregue as marcas do Pentecostes, e o manancial
superabundante da vida de Deus flua mais e mais através do mundo, onde quer que ele
encontre canais – canais de almas individuais pedindo o batismo de fogo e recusando a
considerar o penhor do Espírito que elas receberam na “benção da Páscoa” como sendo
o revestimento do alto recebido no Pentecostes; e canais de igrejas, ou grupos de
crentes, buscando unanimemente o Espírito derramado da forma como Ele foi
concedido ao grupo no aposento superior em Jerusalém.
Mais uma vez nós aprendemos em Gales, a partir dessa mesma lição objetiva, o
significado da atmosfera – uma atmosfera sobrecarregada. Quão poderosamente o
Espírito opera quando a atmosfera está limpa; quão fácil é falar e orar quando o Espírito
encha a atmosfera! E isso também é o Pentecostes, pois no aposento superior naquele
dia o sopro veemente e poderoso encheu a casa, junto com os crentes, que foram então
envolvidos pelo Espírito e também habitados por Ele. É essa característica do
revestimento, ou envolvimento, ou cobertura do Espírito que distingue a experiência
Pentecostal da benção da Páscoa da “recepção o Espírito Santo”. Em outras palavras, o
Espírito por cima para o serviço, assim como o Espírito dentro para a vida. Almas
envolvidas em Deus dessa maneira carregam com elas, assim por dizer, a sua própria
“atmosfera”, e conhecem rapidamente uma atmosfera onde o Espírito está sendo
impedido ou agravado. Nós temos pensado muito sobre pessoas transformadas, mas
quão pouco nós temos entendido sobre o poder de uma atmosfera transformada onde o
Espírito Santo pode trabalhar livremente. “O resultado primário não foi o de uma
benção individual, mas o de uma atmosfera transformada”, poderia possivelmente ser
dito após uma convenção – contudo, essa é, afinal de contas, a coisa suprema, pois na
atmosfera purificada e límpida o Espírito Santo pode operar Seus plenos propósitos nas
almas.
Novamente, quando nós olhamos para Gales, nós vemos o lugar que o Espírito Santo
concedeu ao Calvário, e nós podemos estar perfeitamente seguros de que nenhum
manancial superabundante de vida fluirá onde o povo de Deus não está em completo
acordo com Ele em relação à Sua estimativa sobre a morte do Filho. Quando nós
lembramos das condições que precederam o primeiro Pentecostes, nós não podemos
esquecer que O CALVÁRIO ERA UM FATO TERRÍVEL para cada um do pequeno
grupo no aposento superior. Não existe Pentecostes sem que antes haja um Calvário. O
fogo que tocou Isaías veio do altar – Calvário. O fogo que caiu em resposta ao clamor
de Elias veio sobre o sacrifício que estava sobre o altar – Calvário! Quão válidas são
essas declarações escritas por alguém* sobre a obra em Gales: “Hoje existe um monte
mais efetivamente visível do que o Snowdon – um monte „sem uma prefeitura‟ – e a
medida que este monte torna-se mais e mais visível, coroado com a sua cruz redentora,
em certos momentos que explosão de cânticos, em certos momentos que silêncio de
espanto!” “O que me parece repousar no coração é a revelação da cruz”. “Amor
imutável à medida que ele brilhou e brilha dos palpitantes mistérios da cruz”. “A cruz
foi desvendada e milhares contemplaram, e homens e mulheres feridos pela dor e o
triunfo do Calvário se erguem...”.
____________________________
*Reverendo H. Elvet Lewis.
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Sim, a Igreja é “dobrada” pela revelação do Calvário, e o Espírito Santo, em poder
Pentecostal, dá testemunho da cruz. Nada senão a operação sobrenatural de Deus
poderia ter quebrantado homens aos pés do Senhor na própria cidade onde Ele foi
crucificado aparentemente como um criminoso! E hoje, enquanto homens estão
debatendo teorias sobre a expiação, o testemunho sobrenatural do céu não é menos
necessário, e, bendito seja Deus, foi agora concedido. O mundo tem visto diante de seus
olhos que a pregação da cruz é na verdade o poder do evangelho, e é a energia de Deus
para salvar realmente os homens da escravidão do pecado. E o que tem uma
conseqüência ainda maior, a Igreja de Deus vivificada, como que por uma voz do céu,
para o estandarte da cruz. “Nós temos sido críticos da Bíblia quando nós deveríamos ser
devotos. Nós temos pregado a Cristo como um ideal de sacrifício, mas temos deixado
de fora a Sua expiação pelo pecado”, disse um conhecido ministro numa conferência em
Londres; “Agora, graças a Deus, há um retorno ao Livro – e ao Calvário”. E outro disse,
“O Avivamento nos trouxe de volta a cruz de Cristo”.
Nós também vemos, em Gales, o poder atrativo e a plena suficiência do evangelho para
suprir as necessidades dos homens. Nenhum “meio de atração” é necessário quando o
Espírito Santo enche e preside sobre a Igreja.
Se essas coisas são assim, alguém dirá, “Esse avivamento em Gales deveria sacudir o
mundo!” Sim, e ele sacudirá o mundo dentro das limitações que nós vemos que se
seguiram ao primeiro Pentecostes. Se nós lermos cuidadosamente a história nas
Escrituras, nós encontramos primeiramente 3.000, e depois 5.000, e então “multidões de
homens e mulheres” acrescentados aos primeiros e poucos que estavam no aposento
superior. O grupo cheio do Espírito cresceu, e o Espírito Santo presidiu sobre eles numa
realidade de tal intensidade que qualquer pecado era imediatamente tratado, de forma
que um “grande temor” veio sobre a Igreja e o povo, à medida que eles se davam conta
da santidade de Deus em seu meio. A Igreja que testemunhava encheu Jerusalém com o
som da sua mensagem, mas de forma nenhuma toda Jerusalém a recebeu! Muitos
estavam indispostos a se submeter, e despreparados para deixar Deus realizar a Sua
vontade e derrubar as suas tradições. O “tsunami” irrompeu em Jerusalém e
imediatamente envolveu todos os que se submeteram, mas ela deve continuar fluindo
para o mundo exterior. Que isso não poderia ser feito sem almas cheias do Espírito fica
claro, nesse ponto, que o Senhor teve de permitir uma perseguição para espalhar os
Seus “canais” para longe – e quando eles foram, os rios fluíram sobre as nações.
Esse é um padrão para nós quando nós olhamos para Gales hoje. O Espírito de Deus
varreu o Principado e reuniu muitos no reino de Deus – embora de forma alguma toda
Gales tenha se submetido ao Senhor! O dia da visitação terminará, e a poderosa
corrente passará – assim como ela passou num tempo comparativamente curto em
Jerusalém – deixando após si, o que ela fez, de fato, membros da Igreja para dar o seu
testemunho e continuar a obra do Senhor.
Terminando, nós não podemos tão sinceramente insistir com o povo de Deus sobre a
solenidade dessa visitação atual: nós não podemos ouvir a respeito dela, ou entrar em
contato com ela, sem que haja um efeito sobre as nossas vidas espirituais. Deus
mostrou ao Seu povo que Ele pode operar da mesma forma que no Pentecostes numa
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era de incredulidade. Será que o Seu povo vai atentar para a lição? Ou ele vai virar as
costas e dizer, “Ó, sim, em Gales, mas não aqui!”
Deixe-me perguntar ao meu leitor pessoalmente, “Você já recebeu o seu Pentecostes?”
É verdade a teu respeito que das profundezas da sua vida Deus está derramando
torrentes de águas vivas? Se você responder, “Eu tenho buscado, mas não aconteceu
nenhuma mudança”, eu perguntaria, “O Calvário é real para você? – o Calvário no seu
pleno significado de Cristo crucificado por você, e você crucificado com Cristo!”
Novamente nós repetimos, Não existe um Pentecostes na vida espiritual sem que ele
seja precedido pelo Calvário. Nós não temos conhecido o nosso Pentecostes porque nós
não temos conhecido o pleno significado do Calvário. Nós rompemos com os nossos
pecados quando o Espírito revelou o Cristo morrendo por nós, mas nós temos
preservado a nós mesmos e a partir daí não dado lugar ao Espírito Santo. Nós podemos
“nos arrepender”, confessar a Cristo, e procurar obedecer ao Espírito Santo; sim, até
mesmo pedir com fé e crer que recebemos. Mas se nós deixarmos de fora a condição
crucial da CRUZ – que é o significado das palavras de Pedro “sede batizados” na
interpretação do seu significado espiritual pelo apóstolo Paulo na sua carta aos
Romanos: “Não sabeis vós que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos
BATIZADOS NA SUA MORTE” – apesar de nós podermos conhecer alguma medida
do Espírito Santo na possessão da vida, isso não será o poder torrencial do Pentecostes
que o Senhor previu quando Ele disse, “Das profundezas da sua vida fluirão torrentes de
água viva” (tradução do siríaco antigo).
E como pode ser isso? Jesus parou e clamou dizendo, “Aquele que crê para dentro de
Mim, para fora [dele] fluirão rios...”* “Naquele Dia [o Dia do Pentecostes] vós
conhecereis...vós em Mim e Eu em vós”** “Ó alma, renda-se totalmente a Mim numa
fé que não preservará nada de Mim, e o Espírito Eterno plantará você na Minha
morte¹”. Dessa maneira Eu me tornarei a sua vida, e das profundezas – dos mananciais
profundos da tua vida interior – rios fluirão, rios – tornozelo, joelhos, cintura; sim, até
“águas para se mergulhar nelas” – que te envolverão, e te submergirão a medida que
elas varrem mais e mais; e “tudo viverá por onde esse rio passar”.
“E Ele me mostrou um rio de água da vida, brilhante como cristal, procedente do trono
de Deus e do Cordeiro” (Apocalipse 22:1, VR).
Os mananciais secretos do Avivamento em Gales repousam profundamente no coração
de Deus, irrompendo dali para um mundo moribundo através da cruz do Calvário. Ó
maravilhosa cruz!
“No Monte da Crucificação
Abriram-se profundas e vastas fontes
Através das comportas da misericórdia de Deus
Fluiu uma ampla e graciosa torrente;
Graça e amor, como rios poderosos,
Derramados incessantemente do alto,
E a paz celestial e a justiça perfeita
Beijaram um mundo culpado em amor”
___________________________
*João 7:38 **João 14:20 ¹veja Romanos 6:5.
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Tradução: Claudio Pinheiro da Silva
Rio de Janeiro, 17 de Julho de 2010
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