Jesus Cristo Um Presente de Gregos

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8P SUHVHQWH GH JUHJRV Introduo Este texto resultou de uma curiosidade pessoal e um pequeno resumo de algunsanos de pesquisa. Dediquei-me a este estudo como um pesquisador independente eexclusivamente interessado no encadeamento dos fatos. A ideia de que o passado devenecessariamente ligar-se com nitidez ao presente foi o norte da minha pesquisa.Princpio to simples e seguro que ao se desdobrar em outras questes, trouxe-meconcluses surpreendentes. Depois de situar o perodo que me interessava - entre os ltimos sculos da EraAntiga e os primeiros sculos da Era Crist - recorri a bibliotecas pblicas. Noencontrei livro algum a tratar claramente do assunto. At que reparei que as informaesmais significativas apareciam em diversas obras como ilustraes de uma erudio nadaconclusiva. Foi o bastante, pois essas ilustraes eram extremamente sugestivas, ntidase definidas como pegadas na areia intata de uma praia deserta. Uma histria espera deum contador. Vencer o invlucro ideolgico que envolve a cultura ocidental foi o mais difcil,pois eu me encontrava envolvido por ele tambm. Pareceu-me muita pretensocontrariar mais de um milnio de Histria. Questionar diretamente historiadoresrenomados como Edward Gibbon (1737-1794), Will Durant (1885-1981), ArnoldJoseph Toynbee (1889-1975), Edward McNall Burns (1897-1972), Henri-Irne Marrou(1904-1977), entre muitos, seria imprprio. O respeito que cultivamos pelos nossosmestres acaba por coloc-los numa torre de marfim. No entanto, quando o motivo doquestionamento pode ser demonstrado, o questionamento procede e deve ser apreciado,certamente. Existe um antigo consenso que defende a importncia da crena religiosa no seiode uma civilizao, salientado pelo professor Arnold J. Toynbee. Por outro lado, notria a dificuldade disseminada pelo poder de determinadas convices culturaisfrutificadas de crenas religiosas. No seria a Histria a nica a escapar da influnciadesse tipo de poder. O ilustre professor da Sorbonne, Henri-Irne Marrou, disse que ohistoriador no avana sozinho ao encontro do passado. Aborda-o como representantedo seu grupo. Praticamente, todos os historiadores de renome eram ou so religiosos,inclusive os citados. A Histria ainda rea de domnio da religio. Todavia, como onico grupo com o qual me identifico o humano, com suas raas, culturas, qualidadese defeitos, lancei-me empreitada. Confiando na minha intuio, mantive o foco nos fatos: fiz uma triagem dasnotcias histricas, reservando-as para uma provvel acomodao num momentoavanado das investigaes. Imaginei que ao comear a se delinear essa histria dentroda Histria, o rumo da minha pesquisa estaria definido. Foi o que aconteceu. Descobri, por exemplo, que a cultura ocidental chamada impropriamente deJudaico-Crist, quando na realidade ela Heleno-Judaica. E isso faz alguma diferena?Sim, muita. Porque o primeiro nome (Heleno) indica a origem, como nipo-brasileiro,talo-americano, greco-romano etc. O Cristianismo no continuao e nem reforma doJudasmo, como se faz acreditar. So muitssimo diferentes. Portanto, a histria outra. No perodo do encontro das Eras, Antiga e Crist, o nico povo capaz depromover uma transformao mundial desse porte, com capacidade e condio de criaruma nova cultura e dar prosseguimento a ela, era o povo heleno. Essa possibilidadevinha se desdobrando em episdios desde as conquistas de Alexandre Magno, atencontrar o momento propcio para a sua ecloso. No que houvesse um plano pr-estabelecido nos seus mnimos detalhes, naturalmente. O que havia era um idealuniversalista e uma disputa pela manuteno da hegemonia cultural helnica, no casohelenstica (uma mistura da cultura helnica com as culturas orientais, sob o aspectoreligioso). Lembrando que as palavras esto impregnadas de histrias, ainda que no constena sua etimologia, o verbo "agregar" (de origem latina) reflete claramente o propsitodo ideal universal helenstico, ou seja, juntar, reunir, congregar (a os gregosnovamente) a Humanidade num povo s, como os gregos pretendiam ("grego" era comoos romanos chamavam os habitantes da Hlade, os helenos). A religio foi o meioutilizado para isso. Os gregos se sentiam como tutores da Humanidade, como hoje sesentem cristos e islmicos. A propsito, o islamismo tambm uma cultura heleno-judaica. Na contramo das verdades estabelecidas eu havia penetrado num mundoestranho sem o explcito apoio didtico dos prezados mestres. Curiosamente,substanciado com as evidncias oferecidas por eles mesmos. At parece que esseshistoriadores deixaram rastros de propsito. Quem sabe, como uma forma inconscientede compensao pela utilizao da Histria como um instrumento de favorecimentoideolgico. Assim sendo, a concluso bvia: a Histria mentiu. Lembrei-me de que nomagistrio nunca houve lugar para a rebeldia. Professores de Histria, assalariados pelosistema e envolvidos ideologicamente por ele, fazem o que lhes exigido, como peesque sempre foram da cultura dominante. A partir da as peas desse quebra-cabeaforam se encaixando com relativa facilidade. Contrariar mais de um milnio de Histriaj no me parecia pretenso. Quando a gente sabe o que procura, os livros acabamcontando. Ivani de Araujo Medina Nota: d D , E Capitulo I Iniciaremos o exame das primeiras pegadas, na areia intocada dessa praiavirgem da Histria, observando um pargrafo da obra Histria Geral das Civilizaes,de dois ilustres mestres da Sorbonne, Andr Aymard e Jeannine Auboyer: "O grego era poeta e artista, apto para imaginar fbulas e formas cheias de encanto, de graa e vida. Era sbio e filsofo, inclinado a levar at a extrema audcia a reflexo sobre o universo, sobre a natureza e sobre si mesmo. Repartia-se entre uma tendncia racionalista, que o conduzia s mais ousadas negaes, e uma tendncia mstica, que seu antigo e ininterrupto contato com o Oriente sempre alimentara, mas qual a simbiose criada pela conquista de Alexandre atribua vigor especial." (AYMARD; AUBOYER, 1974, t. II, vol. III, p. 20) O primeiro aspecto deste pargrafo se refere capacidade imaginativa dessepovo, unida ao conhecimento acumulado e estimulada pela conscincia da liberdade depensamento. O segundo aspecto se refere a duas tendncias do pensamento dele, quenada tm de conflituosas nesse contexto. A influncia oriental numa cultura que sabiatrocar proveitos com as demais, deixando uma impresso positiva aos outros povos, nogerava conflitos ntimos. Eles sabiam que s a mudana no muda. Os gregos davamum toque pessoal a tudo que absorviam. Para eles nada estava pronto, sempre vinha um"por qu?" a reformular as ideias e os mtodos alheios. Aps as conquistas deAlexandre o mundo antigo entrou num processo de transformao e acentuao daquelatendncia mstica, que se estendeu ao mundo de hoje. O pensamento moderno consequncia da histria grega. Esses aspectos so fundamentais na compreenso dodestino desses indcios deixados por eles na Histria. Nenhum outro povo havia se empenhado tanto na busca de uma sociedade ideal.Empenho que os qualificou, sobremaneira, culturalmente. Viviam em cidades-estado(polis) e a atividade poltica consistia na busca da felicidade para os seus cidados. Umhomem desinteressado pela poltica era censurado e chamado de "idiota", cujosignificado em grego "dedicado a interesses particulares". Antes das conquistas de Alexandre, as cidades-estado podiam ser governadaspor um s homem ou por vrios. O cidado era o indivduo apto a governar e a sergovernado. No existiam, nessas cidades, monarcas divinizados e uma casta desacerdotes privilegiados, auxiliando na submisso e na conteno do povo sob osdiversos aspectos. Religio era coisa para mulheres e escravos. Eram ambos osseguimentos mais desfavorecidos naquela cultura, em que a religio funcionava comouma vlvula de escape para manter a presso interna daquelas sociedades paroquiais;portanto, a religio era um instrumento apaziguador do estado. Os habitantes das polis tinham interesses e um passado idntico que os unia numobjetivo e numa existncia comuns. A tendncia era um comportamento que refletiaigualdade, pois das diferenas de nvel de vida, viviam de maneira muito semelhante.Criados num ambiente de reciprocidade desenvolviam a lealdade nas suas relaessociais. A vida simples dos cidados marcou o perodo clssico. Outro aspecto interessante que na Antiguidade o dio no era feio. Os gregosquase faziam do dio uma virtude e da vingana um dever. Insistiam em que os amigosdeveriam partilhar dios e afeies do mesmo modo. Para eles, no havia mal no dio,desde que tivesse uma razo de ser, geralmente eram motivados por injrias feitas honra. Sempre que isso acontecia, a nica soluo era uma vingana sangrenta, o queexplica as suas inumerveis guerras fratricidas. A arte e a arquitetura do perodo clssico refletiam a influncia de um climaagradvel e de uma vida voltada ao ar livre. Tanto o exterior quanto o interior das suasresidncias eram de uma sobriedade condizente com o valor utilitrio que eles atribuama seus locais de moradia. A beleza grandiosa e contemplativa estava destinada aoslugares pblicos, para o deleite de todos. Assim a modstia das residncias particularescontrastava com o esplendor das construes pblicas onde se concentrava o esforodos arquitetos e escultores. Passavam a maior parte do tempo fora de casa. O climatambm facilitava o uso de vestes leves e o nudismo atltico, um convite ao esporte, aoteatro e dana. Para a elite, o benefcio do dinheiro era a despreocupao com osustento e a possibilidade de se dedicarem, por mais tempo, aos prazeres sociais,intelectuais e atividade poltica. Viviam pelo aprimoramento humano, pelas artes, pelobem-estar comum, pela administrao pblica e pela guerra. Tudo isso contava com dois suportes fundamentais a um intenso e proveitosoconvvio social: a educao e o ensino. Nenhuma outra cultura havia se desenvolvidocom tanta vitalidade e empenho, sob esse aspecto, quanto a cultura helnica. Alm deformar o homem, a educao deveria, sobretudo, formar o cidado. A finalidade cvicada educao se equilibrava com as finalidades espirituais no primeiro plano. A educaoe o ensino focavam o homem na sua essncia, como o resultado de um firme eequilibrado domnio de si mesmo. Os gregos entenderam que a educao havia de serum amplo processo de construo consciente. O desenvolvimento do corpo e doesprito, de forma equilibrada e harmnica, expressava a aceitao de uma realidadeirrecorrvel para o Homem - a sua prpria existncia. Esse o processo de formao dohomem da polis, do homem universal numa realidade poltica patritica, mas nonacionalista. O helenismo se ocupava da criatura humana, e no objetivamente dogrego. O estrangeiro que se adaptasse ao modo de vida da polis era considerado umdeles. No entanto, o apreo acentuado dos helenos pela prpria cultura os elevavaintimamente condio de senhores e reduziam os demais condio de escravos.Escravizar um grego, nunca. Escravizar um indivduo no-helenizado? Problema algum. A educao e o ensino atravessaram, pelo menos, duas fases marcantes nomundo grego. A influncia de moralistas egpcios trouxe alteraes importantes naeducao moral ensinada pelos poetas. Depois disso, os mitos dos deuses passaram a sercontestados, tidos por Plato como perniciosos na formao dos jovens. Scrates,mestre de Plato, foi o responsvel por essa mudana. Admitiu a existncia de umanatureza moral do Homem, e nela, deveriam ser procurados os elementos determinantesda finalidade da vida e da educao. Ele sustentava que o conhecimento aprofundadodessa natureza possua validade universal. Atribuindo, assim, uma nica origem Humanidade e Scrates no leu a Bblia. Esse conceito, que Scrates adquiriu no Egito, recomendava que o conhecimentodevesse ser desenvolvido pelo prprio indivduo, de sua prpria existncia, devendoeste ser instrudo adequadamente para isso (coisa que na cultura ocidental, at hoje, noaconteceu). O conhecimento no podia ser adquirido pela simples aceitao dasopinies alheias (a imposio de um modo de pensar ou de uma crena, comoaconteceu), mas somente pela procura e pelo assentamento ntimo da verdadeuniversalmente vlida. Mais tarde, o gnosticismo bateria nessa mesma tecla. Foramesses os ideais educativos que se desenvolveram a partir do sculo IV da Era Antiga etiveram o seu sepultamento iniciado a partir do sculo III, em decorrncia dasconquistas de Alexandre. A propsito, no Ocidente, para efeito didtico, convencionou-se que a contagemdo tempo da Era Antiga seria decrescente. Por exemplo, quando um perodo estiverreferenciado do tipo (332-263) est se falando da Era Antiga, por isso o sculo IV vemantes do sculo III. Enquanto a contagem da Era Crist de ordem crescente,evidentemente. Assim sendo, como no existe o ano zero, o sculo I da Era Antiga vizinho de porta do sculo I da Era Crist. importante esse esclarecimento para noconfundir os leitores pouco acostumados com esse tipo especfico de leitura. Datando do princpio do segundo milnio da Era Antiga, o conhecimento da arteda navegao propiciou aos gregos o estabelecimento de colnias na sia Menor - ondehoje a atual Turquia - em Chipre e na Sria. Tal esprito de aventura levou-os aconstruir cidades no Ocidente, como Marselha, Crimia e chegaram a instituir a "MagnaGrcia" (Grande Grcia), colonizando a Siclia e o sul da Itlia. Souberam tirar umgrande proveito desses territrios extensos, e mais ricos do que o da sua ptria, emfuno de uma vida esplendorosa. A cultura helnica era o fator de integrao entreessas cidades e venerada com uma devoo inabalvel (o culto ao helenismo). Em 499 da Era Antiga, quando os sditos gregos asiticos se rebelaram, quandoviram frustradas suas pretenses polticas e comercias junto ao soberano da Prsia, ereceberam apoio dos gregos atenienses, parecia que o Imprio Persa engoliriacompletamente o mundo helnico. O Imprio Persa era a mais bem organizada, a maispopulosa, a mais rica e conciliada estrutura poltica jamais erigida; compreendia aPrsia territorial, a sia Central, a sia Menor, a Mesopotmia, a Sria, a Palestina e oEgito. Dario I (521-486), desejando a criao de um estado universal, organizou oimprio com base no poder absoluto do soberano, imperador hereditrio, cujaautoridade, afirmava ele, emanava da vontade dos deuses. A autoridade do governante asitico se apoiava em leis imutveis consideradasdivinas; entretanto, os gregos sabiam que as leis eram feitas pelos homens e para oshomens. Se uma lei estivesse em desacordo com a poca, podia ser mudada porinteresse e consenso comuns. J o poder divino do imperador persa contava com aestabilidade da religio de cada um dos povos conquistados. Na Prsia, invocava AhuraMazda ou Ormuz; em Babilnia, Marduque; no Egito, Amon. E onde no existia teoriadinstica com base divina, Dario I procurou estabelecer, com os magos persas, umareligio monrquica de tendncias universais. Dotou os templos de feso, Sardes,Pessinonte, de um clero persa, que neles introduziu, com as ideias masdestas, a moralde Zoroastro, que alcanava, pela ideia do alm sobre a qual fora concebida, os cultosde mistrios que triunfavam ento em todos os pases mediterrneos. Depois que as tentativas de Dario I e do seu sucessor Xerxes (486-465) falharamna inteno de estender o Imprio Persa at a Grcia Continental, as relaes entrepersas e gregos conheceram um perodo amistoso. A influncia persa sobre a polticagrega foi to grande, que parecia serem os persas eram os vencedores. Muitos gregossentiram-se atrados pelas oportunidades de emprego naquele rico e fascinante imprio.No foi pequeno o nmero de gregos que se engajaram no servio militar e diplomticodo Imprio Persa. Essas experincias enriqueciam sobremaneira o repertrio histrico,poltico e cultural dos gregos. Nos sculos VII e VI da Era Antiga, os gregos da sia Menor (como os romanosa chamavam) ou da Anatlia (como os gregos a chamavam, significa "brilho do Sol" ou"Leste") no mostraram o mnimo constrangimento em aprender novos e maisrequintados costumes com os seus vizinhos ldios. Nessa poca, o papel principal davida civilizada grega era desempenhado pelos helenos asiticos. As tradies doImprio Hitita haviam sobrevivido nos reinos da Frgia, Ldia e Lcia, dos quais a Ldiaestava mais prxima dos gregos. Foram os ldios os principais civilizadores dos helenos.Foi na sia Menor, onde estavam em constante contato com o Oriente, que os gregosencontraram o caminho do progresso, remodelando o que recebiam e dando-lhe umcarter novo. Desconheciam tradies e regras inalterveis, cada explicao no eramais do que o ponto de partida para novos questionamentos. Essa faceta do espritogrego os acompanha indefinidamente na Histria. Entre os grupos gregos que colonizaram a sia Menor, predominavam os jnios.Sobre os demais grupos (drios, elios e aqueus), tinham estes a vantagem de reunir asqualidades dos outros e uma notvel variedade de aptides, gostos e ideias, que tiveramno Oriente uma excelente oportunidade de florescimento. As cidades da Jnia, na costada Ldia, alm de aprimorar a indstria e o comrcio e estend-los Grcia Continentale s demais colnias, produzia novas formas de arte e de pensamento. Mileto, comooutras cidades da Jnia, passou por importante desenvolvimento econmico e polticonos sculos VII e VI. Mantinha boas relaes com a Ldia e o Egito, de onde tambmrecebeu influncias. A Ldia mantinha relaes culturais com a Babilnia, que detinhaconhecimentos avanados na matemtica e na astronomia. Foi em Mileto, no sculo VIque surgiram os primeiros filsofos, como Tales e Anaximandro. Anaximandroafirmava que todas as coisas provinham de uma nica substncia primria, que erainfinita, eterna e sem idade. Havia um movimento eterno no qual se produziu a origemdos mundos. Estes foram evoluindo e constituindo a vida a partir da gua. O homem eos outros animais provinham dos peixes. Nesse oceano de curiosidades, a influncia religiosa e cientfica babilnicapreocupava-se mais com a prosperidade neste mundo do que a felicidade no outro(como no caso egpcio), se dedicava ao estudo das cincias dos deuses (significado dotermo teologia). A Mesopotmia, onde se situava a Babilnia, era uma fonte riqussimade conhecimentos de toda ordem aos anatolianos. L, tiveram origem as cidades. Diferente das cidades litorneas gregas, onde a cultura, a indstria e o comrcio sedesenvolviam vigorosamente, no interior da sia Menor, sobre vastos planaltos que seestendiam at o comeo da sia central, outra realidade se ligava ao mundo helnico pelasestradas. L no havia cidades ricas e populosas, mas imensas florestas, campinas cobertasde linho e trigo, pastagens e rebanhos. Eram os domnios das antigas monarquias,apartados do desejo do saber e das demais influncias da vida urbana. Bandos de gaulesesimigrados no terceiro sculo e uma mistura de frgios e celtas avizinhavam-se de raasbrbaras, rudes, incapazes de iniciativa, prontas a servir como escravas ou tomarem armaspor ordem do soberano, venerando seus sacerdotes e deuses. Uma mentalidade despida dequalquer esprito poltico e cultura intelectual, entregue a um misticismo grosseiro. Havia uma troca permanente entre as cidades gregas mediterrneas e asmonarquias do planalto. Pelas estradas que levavam Prsia, as matrias-primas como olinho, as peles, ls, madeiras, minerais chegavam ao destino, onde eram transformadas emprodutos, e retornavam como mantas, peas de mobilirio etc. As cortes dessasmonarquias haviam adotado as modas gregas. A crescente demanda da mo-de-obraescrava era suprida por camponeses frgios, ldios, capadcios e do vasto reinado doPonto. Para estes, no era cruel nem desonroso vender os prprios filhos. O helenismo da sia havia perdido uma boa parte do seu esprito poltico e sedeixara impregnar pelo esprito religioso local, em detrimento das antigas convices, quej no se prestavam a essa realidade promissora. Os trabalhadores necessitavam da suareligiosidade nativa; os gregos do trabalho deles. Em vista disso, as altas classescompostas por ricos negociantes no se importaram de trocar o antigo civismo peloenriquecimento dos cultos indgenas, consagrando aos deuses parte do tempo quedeveriam consagrar ao Estado. Acolheram os deuses indgenas nos seus suntuosostemplos, prestigiando a cultura dos pees da indstria e do comrcio, e suas festasfrequentes assumiram um lugar de destaque na vida pblica e particular dos gregosasiticos (manipulao da cultura de massa). Como esses gregos tinham um comrcio muito intenso, os interesses das suascidades da sia Menor iam muito alm dos seus territrios. A ordem, a paz e atranquilidade eram fundamentais nesse processo que o helenismo escolhera para cumprirseu plano de dominao econmica e intelectual sobre os outros povos. Depois dasconquistas de Alexandre, o ouro acumulado nas cidades gregas da sia Menor deu-lhesluxo, estimulou as artes e as letras e aumentou a pompa das cerimnias religiosas. Dessaforma a monarquia havia, ento, se credenciada para levar adiante o ideal universalhelenstico. As vitrias militares de Alexandre Magno (365-323) sobre o imperador persaDario III (380-330) - em continuidade ao projeto do seu pai, Felipe II, de acabar de vezcom esta ameaa - fez dos gregos herdeiros de um vasto imprio. Como consequncia,essa herana revolucionou o antigo modo de vida helnico. Oportunidades inimaginveisde emprego e negcios surgiram na administrao e no comrcio dos pases conquistados.No Egito, por exemplo, aos nativos sobravam funes que os gregos rejeitavam, e foiassim que a sua cultura ganhou o mundo e consolidou posies por mrito prprio. Asoutras culturas tiravam-lhe o chapu. De acordo com Plutarco (46-119), historiador grego da Antiguidade, "Era suavontade (de Alexandre) tornar a terra habitvel sujeita mesma razo e todos os homenscidados do mesmo governo" (uma nica lei e um nico governo para o mundo). Estavalanada a semente do ideal universal helenstico para a conquista moral de um novomundo. Moral significa costumes, e eram os costumes helnicos que deveriam prevalecer.Alexandre havia se tornado um entusiasta do poder divino do soberano persa e seconsiderava um semideus, para o desgosto dos seus companheiros. Passou a trajar-se moda persa ostentando um diadema na cabea como o Rei dos reis. No luxuosssimo Imprio Persa, um cerimonial severo aterrorizava os sditos etornava religioso o acatamento ao soberano. O seu domnio era quase sobrenatural. Nasala de audincias, a "apadana", um quadrado de 43,50m de lado, teto construdo de torasde cedro sustentado por colunas de 1,60m de dimetro e 20,00m de altura, tudo ricamentetrabalhado e decorado com muitas cores, o rei tomava assento no seu maravilhoso trono,com o brilho e a distncia dos simples mortais como aquela representao exigia. Dessamaneira, recebia os strapas (a administrao persa era dividida em satrapias, onde essesvice-reis dispunham igualmente de cortes luxuosas) vestidos com seus elegantssimostrajes regionais, que se prostravam diante do trono, antes da prestao de contas.Associados, o luxo e o "poder divino" impressionam e coagem o esprito humano hmuito tempo. Uma receita de sucesso. Com a consumao da queda do Imprio Persa, em 325 da Era Antiga, depois queuma espantosa quantidade de riqueza acumulada naquele tesouro foi transformada emmoeda corrente, a cultura grega nunca mais seria a mesma. O surgimento de umaburguesia rica, culta, influenciada pelo requinte e pelo luxo da administrao persa eprofundamente sugestionada com a troca de conhecimento com o Oriente, mudaria omundo. O historiador alemo Droysen (1808-1884), ao referir-se cultura desenvolvidanas regies conquistadas por Alexandre, qualificou-as de helensticas, para distingui-las dacultura original, ou helnica. Depois da morte de Alexandre, em 323, o seu reinado mundial desfez-seimediatamente. Aps um perodo de lutas entre os seus generais, em 281 foi feita apartilha: Cassandro ficou com o reino da Grcia e da Macednia; Ptolomeu, com o reinodo Egito; Seleuco, com o reino da Sria, Prsia e Mesopotmia. Assim surgiram asmonarquias helensticas e uns pequenos reinados gregos de pouca durao, na ndia.Como no mundo grego, a ndia era composta por diversas cidades-estado e umintercmbio cultural se deu entre gregos e hindus. Um dos soberanos desses reinadoshindus que se chamava Aoca teve a fama de conquistador sanguinrio; depois deprovocar, presenciar e experimentar muito sofrimento casou-se com uma princesa defamlia budista. A vida desse rei se transformou: abandonou as batalhas e passou a sededicar divulgao do budismo. Enviou, em meados do sculo III da Era Antiga,missionrios para as cortes de Antoco II (Sria) e de Ptolomeu II (Egito), e at mesmo deAntgono Gonatas na Macednia, e de Magas, em Cirene (na atual Lbia). O hbito cristode rezar com as mos postas junto ao peito e o batismo (imerso) so hbitos religiosos deorigem hindu. Na confrontao da Grcia com o Oriente, provocada pela conquista de Alexandre, difcil medir o que o Oriente forneceu civilizao helenstica, por assim dizer, nada na literatura e na cincia, um pouco mais na arte e na filosofia, e quase tudo na religio. (LVQUE, 1967, p.160). Atenas continuava conservadora e com muitos devotos, era considerada aHlade das Hlades. Enquanto isso, as monarquias helensticas se abriram a novoscostumes e conhecimentos. A cidade de Alexandria, no Egito, foi construda parasuperar Atenas. No seria exagero dizer que os orgulhosos gregos dessa pocaacumulavam todo o conhecimento da Humanidade. Havia um anseio por transformaoainda indefinido, sem rosto, sem nome e sem rumo, latente no mundo antigo. A vocaouniversalista da cultura helnica encontrou, no perodo helenstico, a possibilidade deexpandir o ideal educacional da polis para o oikoumen (as terras habitadas). No semmotivos, os gregos sentiram-se capacitados a liderar o progresso existencial daHumanidade. O Ocidente jamais seria o mesmo. Capitulo II Nos passos dessa transformao ocidental, outro historiador importante, obritnico Paul Johnson, em sua obra Histria dos judeus, comenta sobre o orgulhogrego e sinaliza sobre as suas consequncias: Os gregos viam seu oikoumen, isto , o universo civilizado onde suas ideias prevaleciam, como uma sociedade multirracial e multinacional, e aqueles que recusavam a aceit-lo eram inimigos do homem. Em sua grande ofensiva contra o Judasmo mosaico, Antoco Epfanes jurou abolir as leis judaicas "prejudiciais" humanidade, e ele sacrificou porcos sobre os livros sagrados judaicos. (JOHNSON, 1989, p. 138) Como tutores da Humanidade, os gregos no admitiam contestao na searacultural deles ou nas inmeras cidades que espalharam pelo Ocidente e pelo Oriente.Por outro lado, os judeus queriam continuar judeus e residiam nas mesmas cidadespraticando suas crenas e costumes. Esse modo de pensar helnico levou o soberano daSria grega, Antoco IV Epfanes (175-164), a tentar aculturar de vez os judeus,impondo-lhes os seus costumes (a Judeia fazia parte daquela monarquia). Conta-se quesacerdotes de Jerusalm e parte da juventude haviam deixado se seduzir pela culturahelnica. Jovens judeus chegaram a praticar jogos nus, como faziam os gregos, o queirritou profundamente os conservadores judeus. Sob o pretexto de uma interveno,devido s lutas entre duas faces judaicas (conservadores e pr-helnicos), Antocoinvadiu Jerusalm e saqueou o tesouro do templo, para reduzir seus prejuzos causadospor uma desastrosa campanha militar no Egito. Liderados por Matatias e seu filhoJudas, o Macabeu, os judeus venceram essa guerra e fundaram um reinadoindependente, que daria origem dinastia ashmoneana, homenagem a Ashmon, av deJudas. Essa derrota no foi somente militar e poltica, foi principalmente uma derrotacultural. A nica sofrida pelos gregos na sua histria, e um espinho que ficou encravadono orgulho deles. Por viverem numa sociedade fechada, impermevel aos costumesalheios e proibindo casamento com estrangeiros, os judeus vinham aguando a antipatiada intelectualidade grega. Enquanto a cultura helnica buscava o aprimoramentohumano la grega, a cultura hebraica buscava a perenidade do seu povo. Essa rejeio antiga no se tratava, absolutamente, de uma atitude provenientede um grupo isolado de intelectuais insatisfeitos. Era algo muito maior e profundo,tratava-se de uma cultura enfurecida contra outra. No ouvimos falar em guerrasculturais ou coisa parecida, mas batalhas aconteceram e dessa guerra no se deu notcia.O que no mnimo sintoma de alguma coisa sria e ainda carente de explicao. interessante se observar que h uma significativa predominncia dehistoriadores seguidos por filsofos nessa guerra cultural contra o Judasmo. Ohistoriador dessa poca era extremamente influente na sociedade, como um grandeerudito, prestigiado pelo conhecimento e pela natureza da sua funo social, enquanto ofilsofo era a prpria elite intelectual. Para o bem ou para o mal, as ideias delescirculavam em todas as cidades. Havia um aquecido comrcio de livros, e a importnciadestes na vida dos gregos helensticos claramente provada pelas descobertas deexemplares completos ou de folhas esparsas nas casas e nos tmulos gregos, nas cidadesou mesmo nas aldeias dessas monarquias helensticas, especialmente no Egito. Amaioria desses intelectuais procedia de cidades gregas da sia Menor e tambm decidades da Sria e do Egito gregos: Clearco de Soli (filsofo da escola de Aristteles),Diodoro Sculo (historiador), Queremon (historiador), Lismaco, Apolnio Mlon(retor), Apion (professor de literatura e escritor), entre outros tantos. Maneto, o historiador egpcio, espalhou a histria de que os judeus haviam sido expulsos do Egito, havia muitos sculos, por sofrerem de escrfula ou lepra. O preconceito antis-semita intensificava-se de ambos os lados e, no sculo I da Era Crist, estalou com destruidora violncia. (DURANT,1971, p. 468) Maneto ou Maneton, um intelectual muito cotado em sua poca (sculo III daEra Antiga) o mais conhecido e antigo inimigo da cultura judaica e do povo judeu. Eraligado poltica dos Ptolomeus (dinastia grega que governava o Egito) queencomendaram a Maneton a concepo de uma religio de exportao a partir deelementos gregos e egpcios. Depois das vitrias de Alexandre a preocupao com aconcepo de uma religio universal sempre esteve em pauta. Para consolidar sua aspirao universalista e a definitiva vitria sobre oJudasmo, o mundo grego teria que passar por reformas. Vo-se os anis, mas ficam osdedos. O antigo culto ptria, com os deuses das cidades, se mostrava ineficaz a essapretenso. Alm do mais, na sia Menor esse culto havia dividido o lugar com osdeuses nativos em favor da prosperidade da indstria e do comrcio. O mundo haviamudado muito e os gregos precisavam mudar o seu conceito de religio diante da novarealidade. Mudar para permanecer. Apenas a religio persa de Ahra Mazda havia experimentado o gostinho de umreinado mundial. Ainda assim, sem poder absoluto sobre os pases dominados. Dequalquer maneira, a prxima religio a ser inventada j sabia como no deveria ser. O episdio que estalou no sculo I da Era Crist com destruidora violncia, aoqual se refere o professor Will Durant, foi a guerra romano-judaica de 66-70/3 (a vitriaromana foi em 70, mas a fortaleza de Massada resistiu at 73), cuja importncia ficouminimizada na Histria. Acabou parecendo um simples conflito entre os dominadoresromanos e os dominados judeus. No entanto, informaes fragmentadas apontam paraoutro lado, um lado que se evita comentar para no causar embaraos culturadominante. [...]. Consequentemente importante compreender que a revolta judia contra Roma era, no fundo, um conflito entre a cultura judaica e a grega. (JOHNSON, 1989, p. 124) Durante a pesquisa pareceu-me que somente o historiador Paul Johnson sereferiu ao fato com todas as letras. Os judeus eram amistosos com os romanos e bonspagadores dos tributos. Enquanto os judeus assim desfrutavam de governo prprio, pareceu a Roma que, lisonjeando-os nessa posio, eles seriam menos cansativos que os gregos e mais aptos a suportar o poder administrativo. Por isso, Augusto, ao mesmo tempo em que refreava os gregos alexandrinos, confirmava os privilgios judaicos. (GRANT, 1977, p. 61) Eram os gregos que davam trabalho aos romanos, especialmente os deAlexandria, no Egito, e os da Palestina com seu antis-semitismo ferrenho. O imperadorCludio (41-54) se viu obrigado a mandar enforcar alguns deles em 53. Estes foramcanonizados como mrtires antis-semticos. grega a origem do antis-semitismo, dosgregos daquela poca, bem entendido. A guerra romano-judaica foi uma cilada preparada contra o Judasmo e umatentado contra o templo de Jerusalm. Por trs disso encontravam-se civis e militaresgregos a servio do governo imperial romano. A influncia e a participao direta dosanatolianos, escravos libertos que haviam se entranhado no governo imperial, foi numcrescente tal dominando Roma que favoreceu seus interesses ocultos. O prprioimperador Cludio introduziu o costume de chamar para seus ministros e principaisconselheiros polticos esses cultos, talentosos e abastados libertos, que possuam umpoder jamais atingido por um senador. Os trs secretrios de Estado: Palas (Finanas),Narciso (Secretaria de Estado) e Calisto (Peties), so bons exemplos de tal situao.Tambm Nero (54-68) esteve envolvido por poderosos e temidos libertos, como Paris,Hlio e Epafrodito. Esses ex-escravos se serviam dos romanos para a sua poltica antis-semita e,injustamente, os romanos passaram para a Histria como inimigos dos judeus. Oprofessor Will Durant conta que Palas nomeou seu irmo Flix como procurador naJudeia. Esses procuradores instituram uma tradio de corrupo e maus tratos aosjudeus, que culminou com a nomeao de Gssio Floro (64-66). Foi este o ltimoprocurador na Judeia e o deflagrador da guerra. Nomeado para o posto e transferido dasia Menor, Gssio Floro ultrapassou todas as medidas. Provavelmente, acreditavam osgregos que a destruio do Templo e a interdio de Jerusalm aos judeus fossem fataisao judasmo, que se encontrava num processo de estrangulamento cultural. Corte acabea que o corpo cai. A manipulao poltica por trs dos panos, desse poder anatoliano, se serviutambm da insatisfao dos rejeitados galileus nessa cilada. O Judasmo galileu deviaser escrito entre aspas, por causa da falta de assistncia cultural da parte dos judeus. No existiam sinagogas na Galilia nos sculos I e II. Surgem s na metade do sculo III. (HORSLEY, 2000, p. 121) Em 78 da Era Antiga, os ashmoneanos conquistaram e absorveram a Samaria,Edom, Moab, Galileia, Idumeia, Transjordnia, Gadara, Pela, Gerasa, Rfia e Gaza. Ojudasmo e a circunciso foi um processo que os descendentes dos ashmoneanosimpuseram aos seus novos sditos pela fora da espada. O pouco que os galileusassimilaram da religio judaica teve um custo muito elevado para uma gente humilde eferoz defensora dos prprios costumes. Portanto, sempre houve muito ressentimentoentre os judeus convertidos e os judeus tradicionais da Judeia, que os desprezavam. [...]. Geralmente, porm, Josefo faz distines claras entre os galileus e idumeus e os judeus como ethnoi ou povos distintos. (HORSLEY, 2000, p. 33). Na rida Jerusalm, o esforo dos moderados que compunham o ncleo doJudasmo tradicional (saduceus e fariseus) e o governo judeu institudo pelos romanos(Herodes Agripa II), contra a exacerbao da periferia do Judasmo, especialmente a doszelotas, precisava de muito pouco para ser anulado por uma guerra civil. A lideranajudaica devia estar perfeitamente consciente da dificuldade que enfrentava interna eexternamente, e do perigo que representava essa massa de manobra composta deconvertidos sob influncia grega. Os radicais zelotas, ou zelotes, conhecidos tambmcomo sicrios, eram um grupo agressivo e desejoso de guerra que apunhalavam namultido aqueles que consideravam colaboradores dos romanos, provocando a ira dosdominadores, segundo Flavio Josefo (historiador judeu que lutou nessa guerra e depoisse aliou aos romanos) Os zelotes haviam surgido no tempo do procurador Flix (52-60),irmo de Palas, o secretrio das Finanas de Cludio. Seus adeptos provinham dascamadas mais pobres do campo e da cidade, compostos de jovens descendentes deconvertidos, com os hormnios e a rebeldia flor da pele. Em Jerusalm, eramconsiderados impuros e valiam menos do que uma mulher de uma famlia tradicional. Os judeus da Judeia desprezavam os galileus como sendo gente atrasada, como os galileus desprezavam os da Judeia como escravos manietados na teia da Lei. E havia tambm o perptuo atrito entre judeus e samaritanos. (DURANT, 1971. vol. III, p.415). Essa guerra de 66-70/3 foi um dos episdios mais sanguinolentos resultantes doardiloso antis-semitismo grego. A Judeia foi devastada, Jerusalm incendiada, o Templodestrudo e centenas de milhares de judeus foram mortos. Foi o golpe mais duro que o judasmosofreu. A astcia desses libertos precisava de conteno. Os romanos haviam sidousados como um arete contra os portes do Judasmo. A obstinao de destruir oJudasmo e a explorao poltica da situao de misria dos convertidos mostrava oquo perigosos eram aqueles para a administrao romana. Perigo esse que Vespasiano experiente general incumbido por Nero para por fim rebelio na Judea e queposteriormente tornou-se imperador (69-79) - soube identificar. Vespasiano, Trajano eos seus sucessores julgaram imprudente confiar de tal modo em ex-escravos; e os cargosde secretrio de estado foram doravante preenchidos exclusivamente por romanos daclasse dos cavaleiros. Finalmente, Roma comeava a despertar para o que se passavadebaixo do seu nariz. Entretanto, a cultura romana continuou sob o domnio grego. Esse o ponto fundamental. Captulo III Duvido que algum tenha aprendido no ensino formal o que foi exposto atagora. Certa vez, uma professora, que fazia ou faz parte do laboratrio de HistriaAntiga de uma importante universidade do Rio de Janeiro, me perguntou se esseconfronto cultural entre gregos e judeus havia mesmo acontecido. A especialidade delaera outra. Fiquei perplexo. No critico a professora e, sim, o ensino. O conhecimentodesse confronto mais proveitoso ao entendimento contemporneo do que a descobertade Colombo. Como essa histria dentro da Histria ainda no saiu da sombra,organizada e publicada por um reconhecido doutor historiador, os servidores da culturadominante no se veem noutra alternativa. [...] as universidades no podem ser mais universais do que as pessoas que ensinam e aprendem dentro de suas paredes. Poucos so aqueles que vo alm do aprendizado da moda de seu tempo, [...] (DAVIES, 2000, p. 58) O desejo de aprender nasce com o indivduo, de modo que o ensino se evidenciacomo o modelador de sua mente e dos valores que o orientaro por toda vida. Aquiloque ensinado como verdadeiro ou falso, como bom ou mal, estabelece dessa maneira oconceito de verdade. Essa verdade est ligada s experincias passadas e s conclusesextradas por aqueles que gerenciavam o conhecimento. O conhecimento fez com queos acontecidos fossem registrados com a inteno de se levar adiante um determinadoentendimento da verdade, e no, simplesmente, preservar a memria. Seriasurpreendente se a Histria estivesse isenta desse aspecto partidrio. O fato que lidamos com uma verdade estabelecida, encapsulada numahistoricidade considerada intocvel por alguns e falseada por outros. Essa polmica muito antiga, mas estava restrita ao meio intelectual, envolvida num particularismo queno se estende ao entendimento comum. A verdade histrica a mais ideolgica de todas as verdades cientficas [...] Os termos de subjetivo e de objetivo j no significam nada de preciso desde o triunfo da conscincia aberta [...]. A verdade histrica no uma verdade subjetiva, mas sim uma verdade ideolgica, ligada a um conhecimento partidrio. (ARON cit. por Marrou, s/ data, p. 269) Desde o sculo IV da Era Crist os gerentes do conhecimento impem suaverdade ao ensino. A humanidade teria ento uma histria comum e uma direo nica: a vitria romana e a salvao crist. histria da salvao romano-crist rene tempo e eternidade, histria e Cristo. Foi uma ideia absolutamente nova, que nem os judeus haviam chegado a formular, obcecados com a ideia de "um povo eleito".[...] Os eventos histricos eram manifestao de Deus, cuja vontade devia ser decifrada. O destino das naes, as lutas polticas se submetiam vontade divina. Essa ideia nova criou uma histria nova a histria universal. (REIS, 2003, p. 19) Dando prosseguimento a essa poltica educacional, Incio de Loyola (1491-1556), por exemplo, fundador da ordem da Companhia de Jesus, ensinava que, se aIgreja decidisse que o branco era preto, o dever de seus filhos era acreditar. Haviamissionrios jesutas na frica, no Japo e na China, na Amrica do Norte e do Sul.Fundaram, aos milhares, colgios e seminrios na Europa e na Amrica e insinuaram-setambm em instituies mais antigas. Durante sculos, detiveram o monoplio daeducao na Espanha e um quase monoplio na Frana. Os mtodos de coeroutilizados por milnios fundaram o atual e lacunar conceito de verdade, histricainclusive. Se um simples acidente de trnsito capaz de gerar diversas verses da partedaqueles que o presenciaram, por que sobre a Histria Universal no encontramos umnico livro com uma verso diferente, que mostrasse como, de fato, ocorreu o processode transio da Era Antiga para a Era Crist e as suas verdadeiras causas? At hoje issoparece natural. Mas no . Por pura coerncia, a nossa intelectualidade encontra-se sentimentalmente eexistencialmente impossibilitada de se envolver com a verdade mais simples. Por isso,no devemos contemplar a Histria com os olhos que ela nos deu. O passado, sob oolhar crtico do presente, no mnimo pode render boas questes. Portanto, precisamoster, ao menos, uma pequena noo das foras culturais exercidas sobre a Histria. O professor Marrou, um vigoroso cristo e clebre historiador, aconselha que, aopretendermos lidar com a Histria, o primeiro passo definir a pergunta a ser feita aopassado. Assim sendo, no encalo das pegadas, o abordaremos com a seguinte pergunta:Por que seguimos os judeus? Muitos j se fizeram essa pergunta em algum momento da vida. Os judeus sodesafetos culturais do mundo cristo. Nascemos ouvindo falar mal deles. At hoje,alguns chegam a dizer que Hitler estava certo. Contam histrias absurdamente ridculaspara satisfazerem inconscientemente os apelos dessa herana mals. Pessoas que notm em suas vidas nada que justifique esse dio, pensam assim. Apesar de tanto, oenvolvimento cultural faz pouco caso da inteligncia e no deixa ver o quanto estranho o acatamento do Antigo Testamento. No faz sentido se adotar o livro sagradode um povo sob tamanha inclemncia crtica e seguir orientado por suas tradies. Se aluz da Histria ainda no ilumina a, porque ainda no iluminou a si mesma. A presso exercida pela cultura hebraica sobre a cultura ocidental tem umahistria embaraada: na poca das monarquias helensticas a populao judaica eraconsidervel, inclusive, nas inmeras cidades que os gregos fundaram no Oriente.Agrupavam-se principalmente em quatro zonas: Babilnia, Sria, sia Menor e o Egitopossuindo cada uma um milho de judeus, o que era muito para a poca. Tambm emgrande proporo encontravam-se nas ilhas do mar Egeu, na Grcia, na Itlia, naHispnia (nome dado pelos romanos a toda Pennsula Ibrica), na Cirenaica (na atualLbia) que tambm j foi chamada de Atenas da frica, cuja capital era Cirene. Osjudeus trabalharam na construo, na remodelao ou na expanso de muitas dessascidades. Eram sditos leais e dedicados. Como seus costumes eram conhecidos e seutrabalho precioso, alguns soberanos das monarquias helensticas no implicavam comeles, inclusive o Senado romano relacionava-se bem com os ashmoneanos. Quando Roma comeou a importar trigo egpcio, eram os mercadores judeus de Alexandria que em seus barcos transportavam o produto. Percebendo os gregos que haviam fracassado na helenizao dos judeus, comearam a temer pelo prprio futuro, num Estado em que a maioria continuava persistentemente oriental e se reproduzia com tanta intensidade. (DURANT,1971, p. 468) Entretanto, como a tradio judaica no permitia o casamento com estranhos,agrupavam-se em bairros prprios, crescendo e multiplicando conforme a Torah (a lei).No sculo I da Era Crist a populao judia estimada entre 8 a 10% da populao domundo conhecido. Os helenos pressentiam a ameaa sua devotada cultura com aincontida procriao dos judeus e a crescente curiosidade popular por aquele modo devida. As converses estavam em alta. O mundo hoje poderia ser judeu e quase ningumsabe disso. Registram-se converses por toda parte - sobretudo das mulheres, porque muitos homens consideravam a circunciso repugnante e forma-se uma categoria de meio- convertidos, os sebmenoi (os que temem a Deus). (LVQUE, 1967, p. 50) Vista pelos gregos como uma mutilao absurda, a circunciso era umimpedimento ao progresso decisivo do Judasmo nas classes baixas. Os habitantesdaquelas cidades j no tinham interesses e um passado comum como os helenos deoutrora. A diferena de nvel de vida fazia-os viver de maneira muito diferente e osdeuses das cidades no os ajudavam nisso. Mais um motivo para o enfraquecimento doculto ptria como um culto religioso. O deus dos judeus era outro, voltava-se aoindivduo, prometia proteo e prosperidade em troca do cumprimento da sua lei. Exigiaum tipo de lealdade que no ofendia o Estado. Um grande problema para os inimigos dojudasmo estava ali enunciado e pedia uma soluo altura. Na poca, o conceito de divindade e religio era bem diferente dos de hoje. OJudasmo no uma religio transcendente. Ocupa-se unicamente da vida que se leva,carnal por assim dizer, e de nada mais. Uma poltica religiosa para a conduo do povo,na qual est claramente expresso o que deve e o que no deve ser feito. Do ponto devista helnico, como j foi dito, religio era coisa de mulher e escravo, os maisdesfavorecidos naquela sociedade. O Estado havia estabelecido os deuses cujavenerao era indispensvel para o bom comportamento dos cidados. A religio era,em essncia, um fenmeno poltico. Assim sendo, em ambas as culturas, a religio tinhaum valor utilitrio, cujo objetivo era o bom comportamento dos cidados. Sendo que naprimeira, prestigiava-se implicitamente o prprio povo, e na segunda, explicitamente oEstado. O futuro dos gregos e de tudo o que eles haviam construdo estava em jogo edependia da religio naquele momento histrico. O assunto de mulheres e escravostornara-se assunto de segurana cultural. Captulo IV A conquista romana do mundo grego, ao mesmo tempo em que insinuava acriao de um estado universal, se mostraria como um cavalo de Troia, em Roma. Nosculo II da Era Antiga, Roma conheceu um novo tipo de escravo, mais culto e sbio doque seu senhor os gregos macednios e atenienses. Com o reincio da sua expansopela Anatlia, Sria e Judeia, no comeo do sculo I da mesma Era, outro tipo deescravo, ainda mais caracterstico, passou a chegar a toda Itlia. Entre os gregos, erameles os mais articulados ideologicamente e inconformados com o domnio romano - osarruinados anatolianos. A explorao intensiva das cidades ricas do Oriente transportava da Anatliapara a Itlia, alm das riquezas materias, hbeis agricultores, tintureiros, teceles,perfumistas, cozinheiros, pintores, ferreiros, cinzeladores, msicos, engenheiros,arquitetos, literatos, gramticos; homens e mulheres de inteligncia fina tratados comomercadorias de alto valor. O patrimnio acumulado pela civilizao helnica, desde asconquistas de Alexandre, passava para as mos dos financistas italianos. Aquela genteculta e refinada via-se obrigada a vender filhos e filhas; por fim, entregavam-se comoescravos, sem opo, diante da desgraa financeira provocada por dvidas compulsrias. Roma era uma repblica de camponeses que se assenhoreava dos domnios e dosbens de uma civilizao responsvel pelas grandes conquistas do Ocidente, sem estarqualificada para administrar a oportunidade que se apresentava. At o incio da EraCrist, Roma destri, sem construir, algo de novo altura daquilo de que se apropria.Pilha e arruna, pondo em perigo as cidades que se tornaram suas, e, sacandoimprudentemente sobre um capital que j seu compromete o prprio futuro. Oarrefecimento dessa prtica predatria se deve crescente influncia da cultura gregasobre a rusticidade romana culminado pelo Cristianismo. Enquanto isso, tal situao calamitosa, vivida em solo grego sob a administraode pr-cnsules nomeados pela Repblica Romana, foi encontrar uma melhora naadministrao de Augusto (63-14), um admirador da cultura helnica. A tem incio umareao arquitetada pela astcia anatoliana, para a manuteno do modelo cultural, sociale econmico que os gregos asiticos haviam conquistado, e, no entendimento deles,deveria ser estendido a toda Humanidade. Quando Augusto esteve em visita sia Menor, encontrou templos que seerguiam em sua homenagem. Havia o cuidado para que a devoo no se traduzisseapenas em algumas cidades, mas em toda a sia Grega. Altares foram devotadamenteerguidos. Regulamentaram o culto de Augusto que deveria constar em todos os templos.No bastava s cidades da sia Menor adorar o presidente da repblica latina; eraimportante que o culto se difundisse por toda parte. Esse culto era uma novidadeestranha, a adorao de um deus vivo era apenas praticada no Egito, o costume na siaMenor era inclu-los na legio dos deuses somente depois de mortos. Enquanto na Itliase tentava restaurar a Repblica, por que esse costume egpcio surgira repentinamentese enroscando como uma planta trepadeira no primeiro magistrado? Depois de tentarem divinizar os pr-cnsules, que tinham um mandato curto (umano), sabiam os gregos asiticos que o homem certo havia chegado. Ele devia ser afora coordenadora dos interesses particulares das suas cidades, sua muralha contra aPrsia, o protetor do seu comrcio, como nas antigas monarquias helensticas. Da osanatolianos fizeram de Augusto um deus. Mas, no era s isso, era o incio do fim deRoma. No final do sculo I da Era Antiga, boa parte da classe mdia romana era deorigem anatoliana. A desconfiana contra essa nova classe mdia, que decidida iaocupando todos os espaos, fazia alguns romanos tradicionais alertarem sobre os queimpunham seus hbitos estranhos e a sua moral duvidosa aos seus, como um rio quesobe o nvel silenciosamente, prestes a uma absoluta inundao que poderia arrastar ahonra de Roma, seus costumes e suas crenas. A influncia greco-oriental tornara-se absoluta em Roma; a partir da, quando acidade j no contava com a resistncia cultural de eloquentes defensores das tradiesromanas, como Cato (234-149), o censor, que tambm era um grande prosador, masficou conhecido pela sua intolerncia s novidades estrangeiras (era funo do censorfazer o censo e zelar pelos costumes). Fazer de Augusto um deus era um bom comeo. A instituio da monarquia,eleita como a forma de governo ideal no processo de dominao cultural do helenismosobre os outros povos, era vital aos interesses dos gregos asiticos. A influncia destessobre a rusticidade romana, consolidada pela nova classe mdia, encontrava no SenadoRomano uma forte resistncia. O apoio s antigas tradies, garantido pelo Senado como cargo de censor, e o compartilhamento do poder entre os senadores e o primeiromagistrado, era o que de pior existia aos interesses anatolianos. Por isso, com o adventodo imprio, o Senado de Roma tornou-se um venervel e intil monumento Antiguidade. A vontade de um deus no se discute. Os judeus tambm perderam com isso, porque a tradio hebraica os proibia dereverenciar outro deus que no o de Israel. Vide a poltica anti-judaica de Calgula nosculo em se que inaugurava o imprio. A criao do Imprio Romano foi um desastrepara muitos, principalmente para os futuros imperadores, que foram assassinados comfrequncia em virtude do ambiente de ambio e intrigas que os envolvia. No Oriente,esse estado de coisas no ameaava a pessoa "divina" do soberano. No Ocidente, o deusde mentirinha, figura estranha s tradies locais, estava em maus lenis. Alm de tudo, o contragosto dos tradicionalistas romanos no era bastante paraconter o entusiasmo com as novidades de grande parte da juventude de romana. Ovdio(43-17), poeta romano, reflete o entusiasmo com as aquisies culturais do seu povo,nos seguintes termos: Que outros guardem as suas simpatias para o passado. Eu congratulo-me por ter vindo ao mundo agora. Esta idade condiz com meu gosto. [...]. porque temos cuidado com o corpo e o nosso tempo no conhece j essa rusticidade que longos anos este sobreviveu aos nossos antigos avs. (OVDIO, 1965, p. 111) O progresso dos costumes anatolianos foi se tornando cada vez mais evidenteem Roma. Os antigos monarcas da Anatlia eram tambm o grande sacerdote. Osimperadores romanos igualmente reservariam para si o grande pontificado (servir deponte entre os homens e os deuses). Os imperadores asiticos no podiam esquivar-se obrigao de estarem presentes nas festas muito importantes. Exatamente como eles, osimperadores romanos exerceriam em carne e osso o culto de Jpter Capitolino. Osgregos asiticos moldavam a seu gosto a nova Roma, ao tempo em que asseguravamseus interesses no comrcio internacional. Ao desembarcar na sia Menor, Augusto entrara em contato com uma das trs maiores regies industriais do mundo antigo, e que eram, precisamente, a sia Menor, a Sria e o Egito. (FERRERO, 1965, P. 138) As cidades gregas da sia Menor eram de longe as mais ricas e representativasdesse poder econmico. Em Roma, muitos ex-escravos anatolianos se beneficiaramlargamente da onda de prosperidade comercial iniciada com a Paz de Augusto. Umdeles, que teria perdido grande parte da sua fortuna nas guerras civis, deixou, ao morrer,3600 juntas de bois, 250 mil cabeas de gado mido e, o que quase se inclua nadescrio de gado, 4116 escravos. A escravido era o motor da economia naAntiguidade e, o fato de um ex-escravo possuir tantos escravos, d uma ideia do podereconmico e do prestgio social desses "novos romanos". O historiador italiano Guglielmo Ferrero (1871-1942) acreditava que Jlio Csartalvez ambicionasse conciliar a aristocracia e a democracia no imperialismo. Uma Romaremodelada pela cultura helnica iluminaria o mundo. Governada com o auxlio de umaclasse mdia abastada e culta e de uma aristocracia enrgica e prudente, franqueada aoshomens e s ideias novas, tal repblica cumpriria o ideal de hegemonia universal deAlexandre. A nova situao poltica e econmica, que se encontrava em curso, favoreciasobremaneira a uma transformao profunda no mundo antigo. Roma era uma leoa deestmago cheio, numa soneca tranquila ao p de uma frondosa rvore, enquanto seusfilhotes brincavam sem vigilncia. Tudo era muito oportuno aos gregos: os dominados,mais sbios e consequentes, tinham nas mos seus dominadores, que constituramfortunas custa de guerras e despojos, e, naquele momento, eram os dominados osfavorecidos no aprimoramento da cincia do capital com a Paz Romana, a construremsuas fortunas nos tempos de paz. O financiamento para qualquer projeto no sentido dese preservar e dar seguimento aos interesses helnicos estava garantido. A grande virada grega havia se iniciado e se desenhava com a implantao doimprio. No entanto, o dio grego havia deixado uma escandalosa mancha de sangue,iniciada na sua inaugurao, primeiro sculo da Era Crist, e continuava avanandocomo numa campanha de extermnio difcil de justificar. Depois da guerra de 66-70/3,sob Nero (54-68), outra guerra promovida pelo mesmo dio se deu sob Trajano (98-117), a guerra de Kitos (115-117). Na sequncia, o imperador Adriano, apaixonado pelacultura helnica, reconstruiu Jerusalm como uma cidade grega, pensando erigir umaesttua de Zeus no lugar do segundo templo, provocando mais uma revolta (132-135).Novamente massacres, milhares de mortos e a proibio dos judeus Jerusalm, ou Aelia Capitolina, como passou a se chamar a cidade. Mesmo sem o templo e a perda de Jerusalm, os judeus voltavam a se organizar.O estrago foi grande, mas no definitivo como se pretendia. Desde o sculo III da EraAntiga os gregos tentavam sem sucesso liquidar o Judasmo pela fora. Entretanto, nohavia interesse romano nessa desmesurada obsesso e nem todos os imperadores eraminfluenciveis ao ponto de tomarem para si o propsito deles. Como j vimos, depois deOtvio Augusto, a sorte dos judeus passou a depender do entusiasmo do imperadorromano pelo helenismo, o que ainda no era o bastante para os gregos. No sculo II daEra Crist Antonino Pio (136-161) deixou isso claro, ao revogar a poltica anti-judaicado seu antecessor, o imperador helenista Adriano (117-136), restituindo o direito daliberdade de culto aos judeus. Alis, sob dois dos Antoninos a sorte dos judeusmelhorou. O sucessor de Antonino Pio, Marco Aurlio (161-180), viria a conceder acidadania romana aos judeus. A inutilidade de tais aes de custo elevado levou osinimigos do Judasmo a outro raciocnio. Era hora de mudar. Tem incio uma histria difcil de aceitar, para alguns, e fcil de compreender,para todos. A experincia jnia foi fundamental no seu desenvolvimento e a culturahelenstica, por si s, j dava uma pista do que viria a ser a soluo definitiva.Esgotados os recursos do bem e do mal, o jeito seria usar a fora do adversrio contraele mesmo. Uma soluo polmica, mas no havia escolha. Precisavam ser geisnaquele momento, porque nesse mesmo sculo II ganhava fora o gnosticismo, quecondenava o deus de Israel como um farsante no lugar do verdadeiro Deus. O antigoantis-semitismo, que se comprazia com essa nova opo helenstica, seria mais umagrande dificuldade pretenso de um Judasmo grego, o antdoto contra o autntico. Porisso, o gnosticismo precisava ser vencido o quanto antes. A revogao da poltica anti-judaica de Adriano, por Antonino Pio, foi omomento certo para se mudar de estratgia, porque o Judasmo no se encontrava maisna ilegalidade e tentaria recuperar o tempo perdido. Todavia, em vantagem nessa guerracultural, os gregos teriam algum desgaste ao enfrentarem a si mesmo, o que no eranovidade alguma, apenas um risco calculado. O foco do gnosticismo se encontrava emAlexandria, no Egito, conhecido centro antis-semita, que no era to poderoso assim,uma vez que a ascendncia anatoliana se mostrou evidente em todo esse processo. Tratava-se de um projeto de longo prazo e a maioria dos propagandistas da novacultura vinha da sia Menor. A Sria e o Egito gregos tambm tiveram um papel devanguarda na sua elaborao, que se formava a partir daquela oportunidade. A capitaldo imprio seria o centro de irradiao para os seus domnios, servindo-se das inmerasestradas construdas para as legies. Todos os caminhos, tanto levavam quanto partiamde Roma. A partir de 140 comeou a chegar quela cidade uma leva dessespropagandistas peculiares, para fundarem as primeiras escolas dedicadas formao dosservidores da nova cultura. Nada mais grego do que a ateno aos mtodos educativos. A implantao deuma nova cultura era uma tarefa herclea, mas Hrcules era grego. O novo Judasmoera, sem dvida, uma afronta a eles prprios, um remdio amargo reservado pelodestino que teriam que engolir. Se no foram capazes de convencer os judeus dasvantagens do helenismo e nem conseguiram extermin-los, podiam, ao menos, botar umfreio nas converses e, redirecionando os sebmenoi (os que temem a Deus), at quemsabe pescarem alguns judeus incautos. Seria um timo comeo. O anatoliano Irineu (130-200), um dos continuadores desse movimento, inimigoferrenho do Judasmo e do gnosticismo, defendia que a unidade e a existncia da novacultura dependiam do Antigo Testamento, que "preparava a Humanidade para o dom doEsprito." Muito estranho, no? O apelo por um mundo unido forte e tocava a sensibilidade de muitos. Era osentimento de uma poca de gente culta. Para tanto, os gregos teriam que ser maiseficientes do que foram os persas, porm; no contavam com uma poltica religiosa queos auxiliasse na unificao de povos com costumes diferentes. A crena religiosa era onico ponto em comum entre todos os povos. Afinal, o Homem um deus cado.Evidentemente, tal ajustamento teria que se dar por a. Da a importncia da antigaexperincia jnia. Os jnios aprenderam muito com as crenas mesopotmias queinfluenciaram a Anatlia, por causa do seu intenso comrcio. A crena judia era umadelas. Segundo essas crenas, era pelas leis dos deuses que os homens deviam sergovernados. Os mais antigos cdigos da Humanidade se fizeram assim. comum confundir "fazer poltica com religio" com "poltica religiosa". Estaltima, no caso, alm dos perigos que oferece, um mtodo eficiente para a focalizaoda vontade, disponibilizando as reservas interiores ao indivduo, abrange a origemalegrica do povo judeu, a histria, a religio, o cdigo civil, o cdigo penal, o direitodo trabalhador, as relaes sociais, a famlia, a sade, etc. Enfim, tudo devidamentecodificado e bem amarrado num nico pacote de cunho religioso. Fruto da praticidademesopotmia. No se precisava explicar nada ao sujeito, os deuses querem assim epronto! O Antigo Testamento era o segredo da sobrevivncia do Judasmo e tambm seprendia educao. Educao e religio formavam a combinao fundamental. O primeiro passoseria dar um fim rigidez mosaica, tornando o novo Judasmo mais flexvel e sensvelaos costumes helensticos, na medida do possvel, claro! No se podia insultar mais odeus de Israel, que deixava de ser um farsante para assumir o reino dos cus perante osgregos da periferia. O segundo passo seria eliminar a exigncia da deploradacircunciso. Desse modo se reuniria a famlia em pouco tempo, tornando o Judasmogrego mais gil e fortalecido para prosseguir. A extrema audcia desse movimento fomentado por uma elite cultural criou umfilho para o Deus de Israel, uma anttese ao prprio Judasmo, a partir de uma profeciajudia. Foram perfeitos: o filho, na pele do messias salvador, estabelecia uma novaaliana com a Humanidade, e no s com os judeus. Uma resposta aos anseiospopulares da poca e um muro de contenso expanso do Judasmo. Como notrio, e muito apropriado s circunstancias que envolvem umahistria dessas, o messias salvador da Humanidade acabou morto por vontade dosjudeus. Assim sendo, a sorte desse povo "deicida" e "inimigo da Humanidade" ficouselada pelos seus desafetos culturais. No toa que todos os documentos referentes foram escritos em grego,exatamente em koin. O documento principal de que dispomos para conhecer as primeiras dcadas da Igreja constitudo pelos Atos dos Apstolos [...]. Quem escreve grego e escreveu para gregos [...]. (DANILOU; MARROU, 1966, p. 27) A unidade helenstica afirmava-se principalmente na lngua, o koin. At ento,no havia uma lngua grega, sim vrios dialetos escritos e falados pelo povo grego. Otico no era a nica lngua literria. Pndaro escrevera em drico e Herdoto em jnico.O tico era apenas o mais prestigioso dos dialetos do mundo grego. Alexandre falava ojnico tanto na vida oficial quanto na vida privada, recorrendo excepcionalmente sualngua nacional. Foi o tico, auxiliado pelo jnico, que contribuiu com o essencial parao koin, informam os professores Aymard e Auboyer. At hoje no se tem notcia de um nico documento da poca (primeiro sculoda Era Crist) escrito em aramaico ou mesmo em grego ou latim. Nenhum escritor danova cultura se manifestou nessa poca porque o movimento ainda no existia. Mack (Burton) com justeza enfatiza que todo texto que temos de Jesus atrasado; eu diria um pouco alm e os consideraria angustiantemente "tardios". De fato, retorno minha questo inicial sobre nossa falta de texto aramaico do que Jesus disse: no um extraordinrio escndalo que todos os textos decisivos do Cristianismo sejam to surpreendentemente tardios? (cit. de BLOOM; MAYER, 1993, p. 127) Posteriormente, os gregos lanaram mo de um expediente muito comum entreos helensticos, ou seja, plantar histria no passado. A literatura apocalptica um bomexemplo dessa prtica (Apocalipse significa revelao). Expediente nada complicadopara filsofos e historiadores. A guerra de 66-70/3 havia destrudo todos os vestgios deuma histria que nunca existiu. Foi montada com pedaos de outras. [...] a verso tradicional sobre o nascimento do cristianismo na Palestina no digna de f; as informaes mais verossmeis sobre as comunidades crists mais antigas nos levam sia Menor [...] (LENTSMAN, 1963, p. 110) essa a verso onde os mistrios sobrenaturais no sobrevivem. A humanidadeque dela transpira enlaa sem dificuldades o passado ao presente. Alguns podem noaceit-la, mas todos podem compreend-la. A inadmissvel inexistncia de comprovaes da verso crist para os primeirossculos encontrou crticos severos entre os prprios intelectuais cristos, quanto persistncia dessa bruma sobre os primrdios do cristianismo. O conhecido historiadorEdward Gibbon (1737-1794) critica abertamente a histria da Igreja; critica Justino,tanto pela inabilidade dele como escritor, e dos apologistas que o sucederam, como lheatribui o hbito de confundir a realidade com seus desejos e apelar para o recurso dafraude. Alis, foi ele quem fez um estudo meticuloso das profecias judaicas. Outrointelectual cristo, Maurice Lachatre (1814-1900), se queixa da falta absoluta dehistoriadores verdicos e da multido de livros em grego e latim como um obstculo aojulgamento pessoal e igualmente reclama das fraudes pias. As invenes so presena constante na histria crist. Uma das mais conhecidastenta justificar a chegada da nova cultura ao poder: na noite anterior uma decisivabatalha, o imperador Constantino sonhou com uma cruz, e nela estava escrito: "Sob estesigno vencers". No dia seguinte, pela manh, mandou que pintassem uma cruz nosescudos dos soldados e a vitria foi esmagadora sobre o inimigo. Uma das prolas doseu bigrafo, o grego Eusbio de Cesaria (265-339), o pai da histria do cristianismoprimitivo. Eusbio (260-340, aproximadamente), Bispo de Cesaria, entre outros livros, comps a primeira Histria Eclesistica que contm documentos muito importantes relativo ao sculo III, e, particularmente, ao sculo II, mas este autor falsificava frequentemente os documentos de que dispunha. Jacob Burckhardt, do qual no se poderia suspeitar de estar inclinado para o materialismo, refere-se a Eusbio nestes termos severos: "Depois das imensurveis deformaes, reticncias e mentiras constatadas nos seus escritos, no se tem o menor direito de consider-lo como uma fonte digna de confiana. Convm acrescentar a tudo isso as obscuridades intencionais, a retrica calculada, as ambiguidades sem nmero deste escritor". (LENTSMAN, 1963, p. 47) No sculo IV da Era Crist, a nova cultura atingiu uma importante etapa do seuobjetivo a chegada ao poder; que se deu por intermdio do imperador Constantino(227-337). Os gregos cristos e seus irmos de crena romanos (scios minoritrios)assumiram prontamente a mquina estatal e no perderam tempo. Os primeirossmbolos cristos aparecem nas moedas como instrumento de propaganda, desde 315.As ltimas representaes pags desaparecem em 323. Logo, em 330, a sede do imprioseria transferida para a sia Menor, ocupando o local de uma antiga base militar grega -Bizncio. O esvaziamento da importncia de Roma em benefcio da nova capital doimprio e do Cristianismo, Constantinopla, calou fundo na alma latina. Os gregossempre desprezaram os latinos. Era o princpio do fim de uma frgil e interesseiraaliana. Nasceria, ento, a Igreja Catlica Apostlica Romana e a Igreja OrtodoxaGrega, com o trmino da Igreja original, a Igreja Catlica (universal). Roma foi-se confundindo aos poucos com os reinados dependentes que em outrora lhe haviam reconhecido a supremacia; e o pas dos Csares passou a ser olhado com fria indiferena por um prncipe guerreiro (Constantino), nascido nas vizinhanas do Danbio e educado em cortes e exrcitos da sia Menor e investido na prpura pelas legies da Britnia. (GIBBON, 2005, p.293) Os Evangelhos (Euagglion uma palavra grega que designa a comemorao deuma vitria militar, o final de uma guerra, a chegada de um soberano, a respostapositiva de um orculo. Havia tambm o sentido de recompensa pela gratificao pagaao mensageiro (ggelos) da boa notcia ou mensagem (aggelia), das "boas novas")podem ser considerados como obras histricas na medida em que relatam conceitosreligiosos e costumes de uma poca, nunca pela histria que contam. O carterapologtico dessas obras, marco zero da propaganda institucional, evidente. O AntigoTestamento (poltica religiosa judaica) e o Novo Testamento (doutrina ideolgicacrist), juntos na Bblia, nunca nos causaram espanto, porque fomos, desde cedo,acostumados a v-los assim, preservados da crtica no abrigo do sagrado. O termo"Bblia" uma forma enganosa de convencimento, por no se tratar de uma obra cujainteireza justifique a importncia que esse termo alcanou. Pelo contrrio, nela estoevidentes o conflito e o confronto instigados pelo antis-judasmo do Novo Testamento,nos 25% que lhe cabem. As palavras mais autnticas do Senhor dos Evangelhos no so as palavras judaicas, mas sim as no-judaicas e as antijudaicas. (STAUFFER cit. por LPPLE, 1973, p. 84) Essa unio de duas obras antagnicas, formando convenientemente uma terceira,sob um nico ttulo, antes de qualquer outra possibilidade interpretativa, a provamaterial da cobia (do valor pedaggico) do alheio. O Antigo Testamento ali est comoo esplio de uma guerra cultural da qual no se deu notcia. Quero crer que, medida que as evidncias forem chegando ao conhecimentopblico, os antigos contos religiosos encontraro seus lugares precisos na histria doaprendizado humano. O estmulo a pesquisas favorece ao esclarecimento, que tem umpapel fundamental na arte do aprimoramento de uma moralidade cheia de lacunas.Moral significa costume, e a nossa cultura Heleno-Judaica nada mais do que a misturade costumes antagnicos (gregos e judeus). Da as suas contradies. Pudera, foiconcebida em funo de uma realidade que no existe mais. Portanto, a importncia doconhecimento desse processo, que deu incio a uma nova cultura e, posteriormente, auma nova Era, no deve ser minimizada. O olhar livre de preconceitos propicia a assimilao do saldo positivo dasexperincias passadas e libera a Humanidade para o prximo passo, sem traumas,disputas e ressentimentos. O professor Toynbee chegou a arriscar o prognstico de queo grande confronto do sculo XXI seria entre cristos e islmicos. Tomara que no.Num confronto entre convices desse tipo tudo mais vira detalhe. No dia 1 de setembro de 2004, numa quarta-feira, terroristas islmicos,chechenos e rabes, fizeram 1200 refns numa escola em Beslan, na Rssia, de tradiocrist ortodoxa. Mais de duas dezenas de sequestradores, armados com metralhadoras,pistolas e explosivos, invadiram a escola e confinaram os refns no ginsio. Osterroristas ameaavam matar cinquenta crianas para cada um deles que fosse mortopela polcia ou pelo exrcito. No dia seguinte, quinta-feira, os terroristas libertaram 26mulheres e bebs, mas no permitiram a entrada de gua e comida para os refns.Apesar de a polcia no ter tentado invadir o prdio, ouviram-se tiros e exploses degranada durante todo o dia dentro da escola. Crianas perguntaram professora: Eles vo nos matar? Vo? O que fizemos deerrado? Na sexta-feira, dia 3, o desfecho trgico contabilizava mais de uma centena decrianas mortas. "O que fizemos de errado?" uma boa pergunta por que nada inexplicvel naHistria. Toda soluo se inicia com a admisso do erro, que parte do aprendizado.Por outro lado, precisamos aceitar o fato de que a soluo de hoje pode ser o erro deamanh. A persistncia nele por poder, vaidade, falta de coragem ou comodismo tohumana como so as virtudes. A escolha e o risco sero sempre nossos. No s essa histria de grego justifica tudo, outras questes tomam seu lugar nafila. O motivo da existncia da religio precisa de esclarecimento. Afinal, o que religio? Esse poder ameaador, referenciado nos escritos mais antigos da Histria, noconseguir conservar eternamente na sombra a sua verdadeira identidade. [...] Porque no h coisa alguma escondida, que no venha a ser manifesta: nem coisa alguma feita em oculto, que no a ser pblica. (Mc 4:38-21) Livre de temores, a conscincia humana no tem limites. Seria precisodesconstruir o Homem para limit-la. No admissvel que ele desconhea a suaprpria origem quando o seu conhecimento j pode ir to longe. [...]. A verdade exerce uma atrao prpria e tem as suas exigncias para com os seus servos, como Demcrito sentiu, ao dizer que preferia descobrir a razo de ser de uma s coisa a possuir o reino dos Persas. (BOWRA, 1977, p. 256) ********************************************BibliografiaALBA, Andr. Histria Universal Roma. So Paulo: Mestre Jou, 1964.ANGOLD, Michael. Bizncio: a ponte da Antigidade para a Idade Mdia. Rio deJaneiro: Imago, 2002.AYMARD, Andr; AUBOYER, Jeannine. Histria geral das civilizaes. 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