Jezabel em tiatira. apocalipse 2.18 a 29. Compilação de angela natel
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1
JEZABEL EM TIATIRA - APOCALIPSE 2.18-29
Compilação de Angela Natel
“Ao anjo da igreja em Tiatira escreva: Estas são as palavras do Filho de Deus,
cujos olhos são como chama de fogo e os pés como bronze reluzente.
Conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua
perseverança, e sei que você está fazendo mais agora do que no princípio.
No entanto, contra você tenho isto: você tolera Jezabel, aquela mulher que se
diz profetisa. Com os seus ensinos, ela induz os meus servos à imoralidade
sexual e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos.
Dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua imoralidade sexual, mas ela
não quer se arrepender.
Por isso, vou fazê-la adoecer e trarei grande sofrimento aos que cometem
adultério com ela, a não ser que se arrependam das obras que ela pratica.
Matarei os filhos dessa mulher. Então, todas as igrejas saberão que eu sou
aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês de
acordo com as suas obras.
Aos demais que estão em Tiatira, a vocês que não seguem a doutrina dela e
não aprenderam, como eles dizem, os profundos segredos de Satanás, digo:
não porei outra carga sobre vocês;
tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que eu venha.
Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as
nações.
"Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará a um vaso de barro"
Eu lhes darei a mesma autoridade que recebi autoridade de meu Pai. Também
lhe darei a estrela da manhã.
Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
(Apocalipse 2:18-29 - NVI)
“A cidade menos importante entre as sete mencionadas no livro, Tiatira
era um centro urbano comercial situado no rio Lico (não é o mesmo de
Colossos e Laodiceia), a 64 quilômetros a sudeste de Pérgamo pela estrada de
Sardes. Quase nada foi escrito sobre a cidade nas fontes antigas, visto que a
2
moderna cidade de Akhishar está em seu lugar, poucas escavações
arqueológicas têm sido feitas ali. Consequentemente, sabemos menos sobre
Tiatira do que sobre as outras cidades da Ásia Menor. Ela foi fundada no
terceiro século a.C., como um posto militar, por Seleuco I (embora tivesse
existido ali um pequeno povoado antes), a fim de ser uma cidade-tampão para
se proteger de seu vizinho, Lisímaco. Pérgamo assumiu o controle de Tiatira
em 262 a.C. e Roma, em 190 a.C. Por ser uma estratégica cidade de fronteira
durante o primeiro século de sua vida, ela experimentou sofrimento e
devastação causados pelas forças invasoras.
Apesar de as revoltas terem diminuído devido à presença dos romanos a
partir de 190 a.C., Tiatira ainda era militarmente estratégica, portanto, foi
frequentemente perturbada por políticas locais.
Até o primeiro século a.C. a cidade teve pouca paz, mas quando a pax
romana finalmente chegou, Tiatira estava bem situada nas rotas comerciais
para aproveitar as oportunidades de comércio e de manufatura. No tempo em
que a carta foi escrita, a cidade era relativamente desconhecida, mas estava a
caminho da prosperidade, alcançada no segundo e terceiro séculos. Tiatira era
especialmente conhecida pelo seu grande número de associações de classe
(as guildas). A maioria das cidades no mundo greco-romano concentrava-se
nessas associações, mas, em Tiatira, elas tinham importância especial (as
mais frequentemente mencionadas nas inscrições eram as dos sapateiros, dos
produtores e vendedores de roupas tingidas e dos artesãos de cobre). Hermer
(1986: 107-8) acredita que isso ocorria porque, em toda sua história, os
negócios proviam uma função auxiliar para os militares em Tiatira, que era uma
cidade com guarnição. Cada profissional (mercadores, curtidores de couro,
oleiros, padeiros, trabalhadores com lã e com linho, vendedores de roupas,
diversos metalúrgicos etc) fazia parte de uma ‘associação’ e, ainda que isso
não fosse obrigatório, poucas pessoas trabalhavam por conta própria, pois as
associações eram centros da vida social e do comércio. De fato, tanto física
quanto socialmente, elas eram o coração da vida civil. As cidades tendiam a se
organizar em quarteirões, e cada associação controlava sua região de
‘quarteirões’. Lídia, uma ‘vendedora de tecidos de púrpura’ e possivelmente
patrocinadora da igreja em Filipos (At.16:12-15), veio de Tiatira, conhecida por
suas tintas de tecidos. A vida religiosa dessa cidade também era influenciada
3
por essas associações profissionais, pois cada uma tinha o próprio deus (ou
deusa) padroeiro, e muitas de suas festas tinham um caráter religioso. A
pressão sobre os cristãos para participarem da vida idólatra do povo estava
provavelmente ligada às associações, já que suas festas eram o centro da vida
social (e comercial) da cidade. A recusa em delas participar implicava a perda
tanto da simpatia quanto dos negócios.
O principal deus adorado em Tiatira era Apolo, o deus sol e filho de Zeus
(ligado ao deus sol Tirimnos, da Lídia). Havia pouca – se é que havia –
adoração ao imperador (apesar de alguns suporem que isso ocorresse porque
Apolo era também o deus padroeiro do imperador, que era tido como um ‘filho
de Zeus’). A população era diversificada, constituída de várias nacionalidades.
Ainda que tenhamos pouco registro da presença judaica na cidade, o fato de
que Lídia era ‘temente a Deus’ (At.16:14) pode indicar uma pequena população
judaica em Tiatira (caso ela tenha se convertido ali). A maior parte da adoração
estava ligada ao templo de Apolo (havia também um templo de Ártemis e um
santuário de Sambate, uma das sibilas) ou às associações de classe.”1
“Tiatira (atual Akhisar), cidade da província da Ásia, na fronteira da Lídia
e da Mísia, não tem uma história ilustre e é poucas vezes mencionada pelos
escritores antigos. Foi fundada por Selêuco I (311-280 a.C.) como posto militar
avançado. As moedas indicam que, por estar situada numa estrada importante,
que ligava dois vales de rios, Tiatira foi cidade-fortaleza por muitos séculos.
Sua antiga divindade era uma figura Anatólia em forma de guerreiro armado
com um machado de batalha e montado num cavalo de guerra. Uma curiosa
moeda retrata uma divindade feminina com uma coroa militar provida de
seteiras.
A cidade de Tiatira era um centro de comércio, e seus relatos preservam
referências a companhias de comércio em maior número que os de qualquer
outra cidade asiática. Lídia, que Paulo encontrou em Filipos, proveniente de
Tiatira, era uma vendedora de ‘púrpura’, produto da raiz de uma planta tintorial
(At.16:14). É curioso encontrar outra mulher, Jezabel, apelidada assim por
causa da princesa que com o casamento selou a parceria comercial de Acabe
com os fenícios e que liderava um partido liberal na igreja de Tiatira (Ap. 2: 20-
1 Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.167-168.
4
24). A oferta de sociedade nas companhias comerciais induzia os cristãos de
Tiatira a serem transigentes e a abrir a porta para muitas tentações. Tiatira
exerceu um papel significativo na história posterior da igreja.” 2
“Tiatira sediava um culto maior a Apolo, filho de Zeus e divindade
associada à profecia e ao sol. O imperador era ligado a Apolo e pode ter sido
cultuado em Tiatira como manifestação terrena dele. Embora o trabalho em
bronze não fosse privilégio de Tiatira, alguns estudiosos também destacam a
associação dos trabalhadores em bronze daquela cidade”.3
“As associações de profissionais detinham considerável poder e
combinavam algumas das características dos atuais sindicatos trabalhistas
com elementos religiosos. Cada associação possuía sua própria divindade
protetora, festas e festivais sazonais. Para atuar em determinadas áreas de
trabalho, era preciso pertencer a uma associação e participar de suas reuniões
e cerimônias. As reuniões ocorriam, com frequência, em templos pagãos onde
animais eram oferecidos a deuses e depois consumidos pelos membros da
associação. Para os cristãos, tais práticas representavam, evidentemente, um
dilema. Se não participassem dessas festas e cerimônias, não poderiam
trabalhar. Se participassem, seriam infiéis ao Senhor”.4
2:18 – “Esse trecho é o único lugar no livro em que o título ‘Filho de
Deus’ é usado [...] e a razão mais provável é a centralidade que Apolo, filho de
Zeus, ocupa em Tiatira. É Jesus, não Apolo, o verdadeiro Filho de Deus (isso
também explica a citação de Sl.2:9 em Ap.2:27. Esse título é comum no
evangelho de João [...], implicando a majestade e divindade, e fornece uma
importante mensagem a esta fraca igreja para que se concentre no verdadeiro
‘Filho de Deus’. [...] A descrição do ‘metal que brilha’ remete a uma das
principais associações profissionais da cidade. [...] O ‘metal brilhante’ [...] era
uma liga de cobre e zinco, um tipo de metal mais puro e mais refinado
produzido pela associação de metalurgia local para o exército de Tiatira. Assim
há aqui provavelmente mais uma oposição ao deus padroeiro local Apolo, ali
retratado, muitas vezes como deus guerreiro montado sobre um cavalo e
2 Bíblia de estudo arqueológica NVI, nota de Apocalipse 2.18-29 da página 2049.
3 Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento. Craig S. Keener. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004,
p.795. 4 Comentário Bíblico Africano. Tokunboh Adeyemo. São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p.1591.
5
empunhando um machado de guerra de lâmina dupla. É Jesus o verdadeiro
guerreiro divino e seu poder logo será experimentado pela igreja”.5
Jezabel: “esposa de Acabe, rei de Israel (874-853 a.C.), era filha de
Etbaal, rei dos sidônios. Foi uma devota de Baal-Melcarte, o deus da Fenícia (1
Reis 18:19). Encorajou Acabe a construir santuários para o culto a esse deus e
trouxe centenas de sacerdotes e profetas dessa religião para Israel. Ela
perseguia os profetas do Senhor, e mandava matar aqueles que falassem
contra seus atos de idolatria (1 Reis 18:4). Seu principal oponente era o profeta
Elias (1 Reis 18:21-46). Quando Jeú ascendeu ao trono, limpou a casa de
Acabe do reino. Jezabel foi lançada da torre do palácio e atropelada pela sua
carruagem. Os cães lançaram-se sobre seu corpo, não deixando nada para ser
enterrado (2 Reis 9:30-37).
Em Apocalipse 2 o nome Jezabel é dado a uma profetisa ou a um grupo
da igreja em Tiatira que encorajava a idolatria e a imoralidade. Evidentemente,
esse nome já era um símbolo de apostasia” (A.W.W.)6
“O nome Jezabel tornou-se símbolo de alguém que encorajava falsas
crenças e adoração (não era o nome verdadeiro de uma mulher; ninguém
batizaria sua filha com o nome de uma mulher tão infame – 2 Reis 9:22). [...]
eles pecaram tolerando esses erros e permitindo que fossem disseminados.
Eram culpados por permitir que a igreja fosse comprometida e por não
protegerem os fracos na fé. Os ensinamentos de Jezabel, como a prostituta da
Babilônia (Ap.17) levaram os cristãos a se envolverem em idolatria espiritual e
fornicação. A Jezabel foi dada a oportunidade de se arrepender, mas se ela
não o fizesse, ela e seus seguidores seriam destruídos”.7
“A ‘Jezabel’ bíblica não era profetiza, mas o nome aparece aqui com as
implicações relacionadas a essa significação (para falsa profetiza, cf. Ne.6:14;
Ez. 13:17-19). Jezabel tinha a seu serviço novecentos profetas (1 Reis 18:19),
e induziu o povo de Deus à idolatria [...] Ela foi acusada de prostituição, uma
acusação realmente negativa contra a esposa de um rei (o termo
provavelmente tinha sentido espiritual, significando alguém que desviou Israel
5 Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.169-170.
6 Dicionário Bíblico Wycliffe (Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos e John Rea), Rio de Janeiro: CPAD, 2009,
p. 1051. 7 The IVP Women’s Bible Commentary. Catherine Clark Krueger and Mary J. Evans. USA: IVP, 2001,
p.822, tradução de Angela Natel.
6
de seu compromisso com Deus), e de bruxaria, sem dúvida nenhuma por seu
envolvimento clandestino em cultos pagãos (2 Reis 9:22). Como meretriz, ela
se torna o protótipo do império iníquo dos capítulo 17 e 18.
Alguns estudiosos acreditam que Tiatira era uma das cidades asiáticas
com um oráculo da Sibila; esse culto tencionava envolver profetizas no estilo
grego, e suas formas literárias acabaram sendo usadas pelo judaísmo da
Diáspora. Os oráculos sibilinos judeus podem, de qualquer forma, ter
influenciado o estilo e pensamento de ‘Jezabel’. Fontes cristãs posteriores
mencionam com frequência as profecias da Sibila.
As concessões ao pecado aqui (como em 2:14) talvez estejam
relacionadas com o culto imperial, embora tais concessões fossem menos
destacadas em Tiatira do que em algumas cidades previamente mencionadas.
Sabe-se que o culto imperial, na Ásia Menor, empregou algumas sacerdotisas
no primeiro século; mas mesmo que Jezabel defendesse alguma concessão
semelhante com o culto, é improvável que ela tivesse alguma credibilidade
junto aos cristãos enquanto atuasse como sacerdotisa do culto.”8
“A líder desse movimento é uma ‘mulher’ [...] ‘que se diz profetisa’. Em
outras palavras, ela afirma que seu ensino é uma mensagem direta de Deus. É
possível que a expressão signifique que seu ensino não era sistemático ou
formal, mas se dava por meio de oráculos (‘profecias’) e pronunciamentos. O
dom da profecia era essencial para a igreja primitiva, e os profetas eram
contados entre os líderes (Ef.4:11; 1 Co.12:28). As mulheres tinham permissão
para profetizar (1 Co. 11:5) e eram reconhecidas entre os profetas (At.21:9). Ao
mesmo tempo, havia muitos falsos profetas no AT (a própria Jezabel tinha
cerca de novecentos – 1 Rs.18:19).
Até hoje nunca houve uma identificação definitiva dessa mulher, apesar
das várias tentativas propostas. Com base numa variante textual, alguns [...] a
tem identificado como ‘sua esposa, Jezabel’, isto é, a esposa do líder da igreja
de Tiatira. Porém, tanto a variante como essa possibilidade são improváveis
[...]. Outros têm sugerido que ela era Lídia, a vendedora de roupas de púrpura
de Tiatira, pois tinha a experiência de negociante para entender a pressão
econômica que levou a esse movimento.Todavia, essa é uma razão muito frágil
8 Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento. Craig S. Keener. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004,
p.795.
7
para fundamentar tal identificação. Alguns estudiosos (Alford) têm, portanto,
interpretado ‘Jezabel’ como uma referência puramente simbólica ao movimento
como um todo, em vez de remeter a determinada pessoa, mas a linguagem
aqui aponta de modo mais provável para um líder específico. [...] Vários
exegetas argumentam a favor da sibila Sambate, que tinha um santuário fora
da cidade. Ela seria então uma profetisa pagã de grande influência, devida ao
desenvolvimento do sincretismo na igreja de Tiatira. Há evidência, de que
alguns pensadores judeus haviam emprestado o estilo dos oráculos sibilinos, o
que poderia ter influenciado o movimento nicolaíta em Tiatira, também a partir
de uma orientação sincrética. Embora seja intrigante, Hemer (1986: 117-19) já
demonstrou que os dados estão abertos para discussão. A origem sibilina de
Jezabel não passa de uma possibilidade interessante. Concluindo, nenhuma
identificação certa para ‘Jezabel’ pode ser feita. Somente podemos especular
que era uma mulher cujas declarações proféticas fizeram dela a líder do
movimento (mais provavelmente nicolaíta, como em Éfeso e em Pérgamo) em
Tiatira, ainda que deSilva (1992: 294) creia que Jezabel fosse provavelmente
uma mulher de alta posição, que abriu sua casa para os profetas nicolaítas e
os sustentava.”9
“Jezabel incitou o rei Acabe a fazer concessões e a ‘prostituir-se’ através
da adoração a Baal (1 Rs.16:31,32; 21:25,26; 2 Rs.8:18; 9:22). Da mesma
forma, os falsos mestres na igreja argumentavam que era permissível algum
grau de participação nos aspectos idólatras da cultura de Tiatira. Embora a
adoração a Baal e alguns cultos pagãos na época de João incluíssem a
fornicação literal, a ênfase aqui é na fornicação espiritual, apoiada por 2
Rs.9:22 LXX (tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta),
em que porneia (‘imoralidade’) é aplicada a Jezabel para enfatizar seus
esforços em conduzir Israel à idolatria sincretista (1 Rs16:31,32). A equação do
verbo porneuo e porneia, em 2:20 e 21, com o verbo moicheuo (‘cometer
adultério’) mostra que um conceito espiritual mais abrangente está incluído,
uma vez que em 2:22 isso conota claramente o sentido metafórico dos crentes
casados com Cristo, mas que flertam em intercurso espiritual com os deuses
pagãos. O sentido espiritual de porneia como adoração a ídolos é atestado na
9 Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.172-173.
8
LXX (tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta) e também
em Sabedoria de Salomão 14:12 (‘A invenção dos ídolos foi o começo da
prostituição [porneia]’, CNBB), Salmos 105:39 (106:39, TP), Isaías 47:10 e
Naum 3:4. A nuança espiritual é também corroborada à luz do uso figurado que
João faz de porneuo (e termos relacionados) em outras passagens do livro (13
vezes fora do capítulo 2, em contraste com o sentido literal: apenas em 9:21;
21:8; 22:15, embora até mesmo os dois últimos sejam questionáveis).”10
“Jezabel [...] foi uma rainha idólatra e imoral, que lutou contra o profeta
escolhido por Deus, assim desafiando e negando a autoridade espiritual
legítima, na comunidade religiosa. Jezabel era filha de Etbaal, rei de Sidom [...]
que fora sacerdote de Astarte, tendo obtido o trono ao assassinar seu
antecessor, Feles. [...]
Ela foi mulher em quem, junto com os hábitos licenciosos e desabridos
de uma rainha oriental, uniam-se as mais ferozes e duras qualidades, inerentes
à antiga raça semita. [...] A louca licenciosidade da vida dela e o fascínio
mágico de suas artes e do seu caráter, tornaram-se proverbiais na nação. [....
Jezabel chegou ao extremo de procurar eliminar completamente os
profetas de Yahweh, e teria obtido sucesso, se muitos deles não se tivessem
ocultado (ver 1 Reis 18:13). Estabeleceu a adoração a Baal, o deus-sol. Além
de Baal, as divindades fenícias também receberam seus altares. Astarte
(Astarote), equivalente a Vênus, na Fenícia, tornou-se divindade proeminente,
sendo provável que a própria Jezabel fosse sacerdotisa desse culto imoral.
Quatrocentos sacerdotes ou profetas se vincularam a essa seita, recebendo
apoio da parte da rainha. Um gigantesco santuário foi edificado em Samaria
para adoração a Baal, suficientemente amplo para conter todos os adoradores
desse culto, no reino do norte. Contava com quatrocentos e cinquenta
sacerdotes. [...]
Jezabel, a prostituta religiosa e ardorosa promotora da idolatria tornou-
se um símbolo apto para o surgimento do gnosticismo na igreja cristã, porque
era um culto estrangeiro, essencialmente uma religião misteriosa oriental, mas
que procurava apresentar-se como se fora a verdadeira fé cristã, mediante a
mistura com o cristianismo, o que sucedeu em diversas localidades.
10
Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. G. K. Beale e D. A. Carson. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 1334.
9
Normalmente, o gnosticismo promovia a imoralidade, supondo que assim
ajudava na eventual destruição da matéria, através do abuso contra o corpo.
Para os mestres gnósticos, o corpo não era algo ‘indiferente’ apenas, para ser
usado como o indivíduo bem entendesse, mas também era algo que tinha de
ser ativamente corrompido, especialmente mediante vícios sexuais. [...] Supõe-
se que os nicolaítas e os seguidores de Balaão eram grupos que faziam parte
do movimento gnóstico geral. Essa heresia, corrupta em suas crenças e em
suas práticas, assediou a igreja cristã por nada menos de cento e cinquenta
anos.
Sentidos simbólicos de ‘Jezabel’.
1. Não há que se duvidar que alguma seita gnóstica e licenciosa é
representada por esse título.
2. É possível que ‘Jezabel’ tenha sido uma mulher real, líder de um
partido amoral, dentro da igreja de Tiatira, e líder da própria igreja.
Não é provável que esse tenha sido o seu nome real. Não obstante,
ela era uma ‘Jezabel’.
3. Também é provável que o ‘culto ao imperador’ seja visto aqui como
algo que desempenhava papel em tudo isso. É razoável a suposição
de que a Jezabel de Tiatira não hesitava em opinar favoravelmente
acerca da adoração ao imperador, chegando mesmo a encorajar os
crentes a participarem desse tipo especial de idolatria, juntamente
com outras formas que eram uma praga no mundo antigo.
4. Notemos que Jezabel era uma profetisa. Ela imitava os dons
espirituais, provavelmente mediante as artes mágicas e o
demonismo. Desse modo, ela representa a imitação satânica dos
dons espirituais.
5. O nome dela é símbolo da corrupção moral e espiritual da igreja,
sobretudo quando o pecado obtém império tal que é ‘tolerado’ ou até
é ‘oficialmente aprovado’ pela igreja local.
6. Profeticamente falando, Jezabel simboliza o paganismo radical que
invadiu a cristandade [...] quando [...] a igreja foi vencida pelas
práticas licenciosas, incorporando muitas formas de paganismo.
7. O nome de Jezabel, pois, representa o adultério físico e espiritual, e
um adultério tolerado e até mesmo encorajado nos limites interiores
10
do que se chama de igreja cristã. Os perigos e as corrupções por ela
simbolizados são ‘internos’, afetando o coração mesmo da igreja, e
não ameaças externas.
8. Na situação local de Tiatira, quando foi escrito o livro de Apocalipse,
é provável que as ‘guildas comerciais’, que requeriam a ‘refeição
comum’, naturalmente de caráter pagão, estivessem pressionando a
igreja a ‘aceitar’ a falsa moralidade pagã. A Jezabel de Tiatira,
provavelmente, era a principal figura da igreja que promovia a
‘transigência mediante o comércio’.
9. Várias tentativas têm sido feitas para identificar o caráter histórico
real, referido no presente texto. Ela não pode ter sido uma sibila
caldaica em Tiatira, porquanto essa Jezabel se achava no seio da
igreja, e não fora dela. Alguns supõem que ela tenha sido a esposa
do principal pastor da igreja, ou do bispo daquela região. Nada pode
ser dito, com qualquer confiança, a respeito disso.
10. Alguns intérpretes pensam que ela simboliza a ‘Roma apóstata’, a
igreja de Roma. Mas, na verdade, ela era um elemento corruptor que
operava dentro da igreja, mas não era a própria igreja. Lembremo-
nos de que a igreja de Tiatira foi elogiada quanto a certos
particulares; não era totalmente má, e nem totalmente apóstata.
Pode-se observar que o culto imoral representado por Jezabel (o
gnosticismo religioso) era ‘odiado’ em Éfeso (ver Ap.2:6), tolerado em Pérgamo
(ver Ap.2:15,16); mas era ativamente promovido como posição oficial, em
Tiatira (ver Ap.2:20-24). A lição espiritual que há nisso é óbvia. Todo o mal que
não nos aborrece, a princípio pode ser ‘tolerado’, depois ‘aceito’, e, finalmente,
‘promovido oficialmente’.
‘profetisa...’ [...] os dons espirituais não se limitavam a homens, na igreja
primitiva. [...] Jezabel representava a imitação satânica dos dons proféticos.
Provavelmente ela era psiquicamente dotada, e talvez fosse inspirada pelos
demônios. Isso ter-lhe-ía dado a autoridade de que ela precisava para
promover o seu culto licencioso.
‘a si mesma’ – ela era profetisa ‘autonomeada’, mas as forças malignas
que a usavam lhe davam uma aparência de autoridade. As suas ‘credenciais’,
11
seja como for, eram estranhas à igreja. Era usurpadora que usava o seu poder
para destruir a igreja.
[...] a doutrina de Jezabel era extremamente liberal. Particularmente, ela
não via defeito no adultério. Seduziu a vários homens da igreja, e, com mão de
ferro, prendia a homens com sua imoralidade. Mas o versículo também indica
que essa ‘fornicação’ [...] também fazia parte da adoração pagã das divindades
que ela promovia, tal como no caso da Jezabel original. Na qualidade de
representante do gnosticismo, ela ensinava que é bom que um homem abuse
de seu corpo mediante os excessos espirituais, já que isso ajuda no sistema do
mundo, em sua tentativa de destruir a matéria. Os gnósticos chegavam ao
extremo de dizer que os anjos se punham perto deles (embora em forma
invisível), encorajando-os a participar de todas as formas de imoralidade, a fim
de que obtivessem ‘experiência’. Era mediante tal ‘experiência’ que obtinham o
‘conhecimento’, o qual, para eles, era o meio mesmo da salvação. Tolamente
imaginavam que pode-se abusar do corpo, sem prejudicar o espírito. Não
consideravam a verdade que um homem é corrupto tanto no corpo como no
espírito. O pecado é algo que cativa e corrompe a personalidade inteira, e não
meramente a porção física do ser.
[...] Os profetas falsos não são apenas aqueles que sustentam doutrinas
falsas. Podem ser pregadores do evangelho, cujas próprias vidas pessoais,
devido à sua imoralidade, desviam as pessoas. Existem ‘ateus práticos’, que
são totalmente ortodoxos em sua doutrina e em sua pregação.
O evangelho destituído de imperativo moral. Oito livros do NT foram
escritos para combater o gnosticismo, o qual anunciava uma mensagem
destituída de requisitos morais. Esses livros são Colossenses, as três epístolas
pastorais, as três epístolas joaninas e Judas. A epístola aos Efésios, o
evangelho de João e este livro de Apocalipse também fazem oposição a essa
heresia, embora não tenham sido escritos primariamente para combater tal
heresia. [...]
[...] influência de Jezabel [...] encorajava um culto pagão que envolvia
tanto a imoralidade como a idolatria, em conexão com o ‘culto ao imperador’,
mas separado deste último. Os excessos sexuais tornaram-se parte da
12
‘adoração’ daquela igreja. A Jezabel do AT ensinava e praticava tanto a
imoralidade quanto a idolatria [...].”11
“Os profetas gozavam de alto conceito na igreja primitiva, e são
mencionados em relacionamento estreito com os apóstolos (1Co.12:28;
Ef.4:11). Em Rm.12:6 a profecia é o primeiro da lista dos dons do Espírito. A
função principal do profeta não era a de predizer acontecimentos futuros,
apesar de isto fazer parte (At.11:27); ele era antes um mestre inspirado. Não
nos esqueçamos que a igreja primitiva não possuía o Novo Testamento, como
nós, com seu relato inspirado das palavras e dos atos de Cristo, o significado
da sua morte e ressurreição. Para suprir em parte esta necessidade de ensino
confiável o Espírito Santo iluminava profetas para comunicar a palavra de
Deus. Paulo nos dá um relato extenso da função dos profetas em 1 Co. 14.
Junto com os apóstolos os profetas eram o veículo humano para a revelação
da verdade divina (Ef.3:5). Esta Jezabel dizia ser profetisa, com revelações
especiais da parte de Deus que a qualificavam como mestre com autoridade. É
óbvio que ela era membro da igreja e que procurava seguidores entre os
cristãos de Tiatira. [...]
O problema em Tiatira era uma tolerância que não era sadia. Eles
reconheciam a existência de uma profetisa falsa; reconheciam também o
caráter maléfico de seu ensino, mas em sua tolerância se negavam a lidar com
ela. [...] Aqui temos uma igreja com muito e crescente amor e fé, que tolera
falsos profetas em seu próprio prejuízo.
[...] O erro desta Jezabel é o mesmo dos nicolaítas em Pérgamo:
adaptação completa aos costumes pagãos. O problema em Tiatira era tão
grave porque a filiação às corporações de comércio envolvia a participação em
refeições no estilo dos pagãos, que muitas vezes levavam à imoralidade.”12
“Tratava-se tanto de práticas imorais pessoais, como parte do culto da
seita gnóstica. Era algo tanto espiritual quanto físico. [...] Provavelmente,
Jezabel era mulher de grande intelecto e encanto pessoal e talvez dotada de
grande força de caráter. No entanto, usava seus talentos para a maldade e a
perversão. Seu nome significa ‘casta’; mas seu caráter era o oposto disso.
11
O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo – volume 6 – R. N. Champlin, Ph.D. São Paulo: Hagnos, 2014, pp.520-521. 12
Apocalipse: introdução e comentário. George Ladd. São Paulo: Série Cultura Bíblica – Vida Nova, 2011, p.41.
13
Lembremo-nos, porém, que ela representa certa ‘forma’ de cristão – aquele
cujo evangelho não tem imperativo moral, ou seja, um evangelho falso.”13
“Os seguidores de Jezabel são também chamados ‘filhos’ dela, e a
tribulação deles implicará sua morte, que também foi o castigo de Jezabel e
dos setenta filhos de Acabe por causa do crime cometido contra Nabote por
incitação de Jezabel (1 Reis 21:17-29; 2 Reis 9:30-37; 10:1-11 [...]”14
“Textos judaicos falam de filhos gerados de união ilícita sendo julgados,
mas filhos aparecem aqui num sentido figurado [...]; discípulos eram às vezes
chamados de ‘filhos’. Textos judaicos normalmente retratavam a onisciência de
Deus e algumas vezes o chamam de ‘Aquele que sonda corações e mentes’
(com base em descrições dele no Antigo Testamento); aqui essa característica
de Deus se aplica a Jesus. Deus deu aos falsos profetas a oportunidade de se
afastarem da sua falsidade e ouvirem a verdadeira palavra do Senhor (Jr.
23:22,23).”15
“Simbolicamente, todas as pessoas e igrejas locais que permitem a
instauração da moralidade pagã em suas vidas, são exemplificadas em Jezabel
de Tiatira. Tais indivíduos e igrejas cometem adultério espiritual.”16
“Os lojistas e artesãos arriscavam perder seus rendimentos quando
recusavam associar-se às companhias, cujos encontros consistiam de
refeições dedicadas às divindades patronas. [...] Aspectos da veneração ao
imperador também afetavam quase todas as companhias. [...] Essa situação,
provavelmente, contribuiu com o apelo de Jezabel. Os falsos profetas
afirmavam oferecer ‘profundos segredos’ (v.24) e assim enganavam e
corrompiam o povo de Deus, defendendo a participação na vida comercial e
cívica locais, não obstante o inevitável compromisso com o paganismo.”17
“Sempre que os cristãos se recusavam a participar das festas, visto que
tal envolvimento comprometeria sua fé, enfrentavam a ira da população pagã, e
isso tinha repercussões econômicas, caso perdessem seus empregos. [...]
13
O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo – volume 6 – R. N. Champlin, Ph.D. São Paulo: Hagnos, 2014, p.522. 14
Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. G. K. Beale e D. A. Carson. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 1334. 15
Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento. Craig S. Keener. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004, p.795. 16
O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo – volume 6 – R. N. Champlin, Ph.D. São Paulo: Hagnos, 2014, p.523. 17
Bíblia de estudo arqueológica NVI, nota de Apocalipse 2.20 da página 2049.
14
Jezabel, possivelmente, ‘ensinou’ que não havia nada de errado com a
participação cristã nas festas e celebrações das associações, pois era apenas
uma questão civil. Como os ídolos nada eram, os cristãos não destruiriam sua
fé ao participar delas. Ela pode ter usado alguma forma de ensino paulino
sobre a liberdade cristã, semelhante a 1 Coríntios 8:4-8 [...] Em outras
palavras, o cristão é livre para comer carne oferecida a ídolos.
A resposta do Cristo é enfática. Em seu ensino, Jezabel [...] ‘seduz meus
servos’ [...] O verbo [...] é importante no livro, sendo empregado em outras
partes com referência a Satanás (12:9; 20:3,8,10), ao falso profeta (13:14;
19:20), ou à prostituta Babilônia (18:23) ‘enganando’ o mundo com idolatria e
imoralidade. Esse versículo é o único lugar no livro em que os cristãos são
‘seduzidos’; nas outras partes, são sempre os incrédulos. É possível que os
que caíram nesse ‘engano’ sejam considerados incrédulos, mas o uso de
‘meus servos’ torna essa suposição improvável. O verbo significa ‘seduzir’ uma
pessoa a pecar, levando-a ao engano. Braun (TDNT 6:234-49) observa três
características nas passagens apocalípticas judaicas e cristãs: sedução por
poderes malignos (e.g., o anjo das trevas), dualismo (luz versus trevas,
verdade versus engano) e escatologia (os falsos profetas afirmam ser
libertadores dos últimos dias). Há íntima conexão entre Apocalipse e o discurso
das Oliveiras nesse sentido, pois Jesus também profetizou sobre os ‘falsos
profetas’ e os ‘falsos messias’ que ‘enganariam’ muitos na igreja (Mc.13:5,6,22;
Mt.24:4,5,11,24). Jezabel é vista como uma força satânica (esse é o único
lugar no livro em que uma pessoa exerce seu poder terrível) reivindicando
autoridade do Espírito (como uma profetisa), mas desviando muitos ‘servos’ de
Deus para a heresia.”18
2:21 – “Devido à seriedade do erro, a única coisa que Deus pode lhes
dar é a oportunidade para ‘mudar’ suas atitudes (o sentido de ‘arrependimento’;
ver 2:5). [...] É provável que João ou algum outro líder já tivesse advertido
Jezabel (somente ela é mencionada aqui, mas o movimento todo é tratado por
meio dela), por declaração profética ou conforme 3 João 10 [...]. Em 1 Coríntios
14:29,32 (cf. 1Jo.4:1), os líderes deviam ‘testar’ as declarações proféticas para
determinar se vinham de Deus. Jezabel foi reprovada no teste, mas não
18
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.174.
15
‘queria’ [...] se arrepender [...]. A disposição de Jezabel para participar das
práticas religiosas pagãs era ‘cometer adultério’ contra Deus.”19
2:22,23 – “Tiatira [...] havia se pervertido na cama da idolatria, agora
Deus iria ‘lançá-la’ [...] num tipo diferente de ‘cama’. Uma cama de dor. A
imagem ‘lançar em’ significa que Cristo infligiria tal sofrimento sobre ela. O uso
da doença como juízo era comum na Bíblia. [...]”20
‘Matarei os filhos dela’. “Portanto, ‘os que cometem adultério com ela’
[...] são aqueles membros da igreja que têm sido atraídos pelo seu ensino e por
suas práticas sincréticas, mas não foram tão longe quanto ela, isto é, ainda não
se ‘recusaram’ a se arrepender, de modo que aqui está sendo dada a eles a
mesma oportunidade que ela teve. É possível [...] que ‘com ela’ faça referência
a uma tolerância mais indireta deles com o ensino dela ou em seguir o exemplo
dela, em vez da participação direta nos pecados dela [...]. Em outras palavras,
essas pessoas estavam sendo atraídas para o círculo dela, mas não haviam se
tornado membros plenos.”21
“O pecado ainda é primordialmente de Jezabel, e as práticas se originam
de sua má influência. Isso não significa que eles não eram culpados, mas que
estavam seguindo a liderança dela. Essa é uma evidência adicional de que tais
pessoas formam um grupo distinto do grupo dos ‘filhos’ dela, em 2:23. [...] os
que estão totalmente dominados pela heresia (Jezabel e seus filhos) enfrentam
um severo juízo de doença e morte, enquanto os que não se converteram
totalmente experimentam ‘grande sofrimento’ somente se também se
recusarem a se arrepender”.22
2:24,25 - Quanto aos profundos segredos de Satanás, “o gnosticismo
posterior [...] ensinava que, para derrotar Satanás, era necessário entrar em
sua fortaleza, ou seja, ter profunda experiência com o mal”.23
“Os cultos chamados mistérios enfatizavam segredos profundos só
compartilhados com os iniciados.”24
19
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.175. 20
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.175. 21
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.176. 22
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.177-178. 23
Bíblia de estudo arqueológica NVI, nota de Apocalipse 2.24 da página 2050. 24
Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento. Craig S. Keener. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004, p.795.
16
“O verbo pode significar ‘conhecer por experiência’ ou, mais
simplesmente, ‘perceber’ ou ‘crer’ em um conjunto de ensinamentos. [...] Há
duas opções aqui: (1) a expressão pode ser um comentário sarcástico sobre a
reivindicação de Jezabel de ‘conhecer as coisas profundas de Deus’
(cf.1Co.2:10), o que na realidade são ‘as coisas profundas de Satanás’ [...]; (2)
a expressão pode ser compreendida literalmente [...]. Jezabel pode ter
ensinado que os cristãos deveriam experimentar ‘as coisas profundas de
Satanás’, a fim de triunfar sobre elas. Nesse sentido, ela admitiria que as festas
das associações de classe e o ambiente pagão eram maus, mas declararia que
eles não tinham poder sobre o crente. Ela ainda teria ensinado que os cristãos
deveriam participar dessas atividades e experimentar as ‘profundezas’ do
paganismo, de modo a mostrar seu domínio sobre elas. A primeira opção é
mais provável, como verificado no paralelo em 2:9, em que os oponentes
judeus são chamados de ‘sinagoga de Satanás’. É interessante observar que
ambas as soluções têm sido associadas com o ensino gnóstico. No primeiro
sentido, ‘as coisas profundas de Deus’ seriam a gnose esotérica do
protognosticismo. No segundo, o termo remeteria a um grupo de gnósticos
libertinos, como os combatidos em 1 João (cf.1 Jo.1:8-10; 3:9), que
acreditavam que sua participação em atividades pecaminosas não seria
pecado por causa de seu ‘conhecimento’. É difícil decidir qual das opções é a
correta e, com a ausência de dados mais contundentes alguns estudiosos [...]
se contentam em deixar a questão em aberto. Mas a primeira opção é a
melhor, ainda que seja uma tentativa. [...] Os membros desse movimento
abominável haviam feito certas afirmações, mas Cristo deseja enfatizar (ao
colocar isso por último) que não há absolutamente nenhuma verdade em seus
ensinamentos. Ainda que aleguem saber as coisas profundas de Deus,
propõem, na verdade, as coisas profundas de Satanás.”25
“Resumindo, os verdadeiros crentes em Tiatira são ordenados pelo
Senhor a se manterem firmemente agarrados às verdades da fé contra os
falsos ensinamentos de Jezabel e dos outros nicolaítas”.26
“A única forma de ser vencedor é perseverar nas palavras (v.25) e nas
obras (v.26) de Jesus até o escaton. [...] No caso são as ‘obras’ de Jesus, em
25
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.179-180. 26
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.181-182.
17
contraste implícito com as ‘obras’ de Jezabel, em 2:22, e com as ‘obras’ de
todos os cristãos em 2:23. Apenas as obras de Cristo são a base para a vitória
cristã. As más obras de Jezabel ou as obras incompletas de cristãos individuais
são insuficientes. Além do mais, as palavras de Jesus (2:25) devem ser
praticadas [obras] (2:26). A crença necessariamente leva à ação. Essas ‘obras’
são especificadas em 2:19: amor, fé, serviço e perseverança. Os crentes de
Tiatira praticaram-nas no passado e, agora, devem concretizá-las ainda
mais.”27
“A estrela da manhã. [...] Como a maior parte do mundo greco-romano
acreditava que a vida é governada pelos astros, receber autoridade e exercitá-
la sobre uma das mais poderosas estrelas (símbolo da soberania entre os
romanos) era partilhar do governo de Cristo sobre a criação [...]”.28
“Também estamos lutando contra muitos movimentos doutrinários
heréticos e precisamos tomar uma posição firme. Devemos proteger a igreja de
líderes inescrupulosos, que guiam seus seguidores com o objetivo de construir
os próprios reinos e diluem a fé cristã para torná-la mais atraente ao mercado
secular. [...] muitos cristãos fazem concessões no seu andar com Cristo, a fim
de aumentar os seus ganhos ou manter seus empregos. O juízo de Cristo pode
cair sobre nossas igrejas do mesmo modo que caiu sobre a igreja de Tiatira.”29
27
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, pp.182-183. 28
Comentário Bíblico Atos – Novo Testamento. Craig S. Keener. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004, p.796. 29
Apocalipse: comentário exegético. Grant R. Osborne. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.187.