João Calvino 500 Anos

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Josemar Alves de Carvalho HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRISTÃO JOÃO CALVINO 500 ANOS

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Josemar Alves de Carvalho

HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRISTÃO

JOÃO CALVINO 500 ANOS

Esperança

2013

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JOSEMAR ALVES DE CARVALHO

HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRISTÃO

JOÃO CALVINO 500 ANOS

Resumo do Livro João Calvino 500 anos solicitado pelo Profº Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa, a ser apresentado à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para obtenção da validação do título de Bacharel em Teologia.

Esperança

2013

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COSTA, Hermisten Maia P. da. João Calvino 500 anos. São Paulo. Cultura Cristã, 2009.

A Reforma Protestante

João Calvino (1509-1564) foi um homem surpreendente em diversos aspectos: vida, sabedoria, produção acadêmica, testemunho, discernimento e, principalmente, submissão a Deus, que transparece em sua vida e teologia.

São com as palavras acima que o autor, Dr. Hermisten Maia, inicia esta obra. Entretanto, percebe-se em suas palavras um misto de admiração e estase, ainda que a intenção primária do autor fora o de, corretamente, preambular sua obra apresentando de maneira concisa a vida e a obra do reformador João Calvino.

Sobre A Reforma Protestante e o Surgimento da Reforma o autor discorre como uma preparação introdutória sobre pontos importantes e cruciais que caracterizavam a Igreja Romana na idade média para a compreensão do contexto histórico em que a Reforma se desenvolveu.

1) O papado era uma potência religiosa e política, e grande parte da vida religiosa girava em torno das igrejas paroquiais, ocasionando insatisfação por parte das autoridades civis, devido à intervenção do papa em seus negócios.

2) A corrupção política, econômica e moral generalizada na “igreja” e no clero contribuiu para um sentimento anticlerical.

3) A profunda carência espiritual: a igreja tinha se tornado extremamente meticulosa no confessionário e, ao mesmo tempo, induzia os fiéis a realizarem boas obras que, como não poderiam deixar de ser, eram sempre insuficientes para eliminar o sentimento de culpa latente [...]

4) As tentativas reformistas eram cruelmente eliminadas pela Inquisição e, algumas vezes, quando não se podia achar culpados, queimava-se os inocentes.

5) O culto se tornou um ritual meramente externo, repleto de superstições, consistindo, em grande parte, na leitura da vida dos santos [...] (COSTA, 2006, p. 15,16).

De maneira brilhante e clara, podemos compreender na leitura desta obra o drama que caracterizava a sociedade em âmbito geral. O grito da sociedade e de clérigos sérios, remanescentes em uma igreja corrompida, ecoava de maneira angustiante por reformas. Hermisten Costa (2006, apud John Huizinga, p. 17), afirma que isso “pesava na alma do povo uma tenebrosa melancolia”. Toda esta conjuntura se tornará o fertilizante para as angustias espirituais em grandes homens como Martinho Lutero e Calvino. Porém, sem jamais perderem a esperança na providência divina.

Calvino constata que, para qualquer lado que olharmos, encontraremos sempre desespero, até que nos voltamos para Deus, em quem encontramos estabilidade no meio de um mundo que se corrompe (COSTA, 2006, p. 18).

Ao menos em sua origem, a Reforma Protestante do século 16 configura-se como um movimento puramente religioso e teológico, ligando a

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insatisfação espiritual do povo que já há bom tempo não encontrava amparo para sua fé na Igreja Romana e, consequentemente, nem conseguiam saciar suas necessidades espirituais. De maneira que a Reforma deve ser visto como um:

movimento interno a igreja, por parte de católicos piedosos que – que, durante séculos, tinham manifestado insatisfação, quer por meio do misticismo, quer por meio de uma proposta mais ousada – que desejavam reformar a sua igreja, revitalizando-a e transformando-a na igreja dos fieis (COSTA, 2006, p. 19).

Encorpava-se a esta conjuntura as mudanças, produto das influências causadas pelo Renascentismo e pelo Humanismo, que foram contributivas para Reforma. Suas propostas eram, respectivamente, de retornar a antiguidade clássica e de expressar-se uma perspectiva antropocêntrica.

Não devemos deixar de observar, portanto, a ação de Deus no palco em que se apresentou a Reforma como um cenário por Ele providenciado e produzido. Hermisten (2006, p. 19) afirma que “isto não diminui as causas nem o valor intrínseco da Reforma. Pelo contrário, demonstra o que a Palavra de Deus ensina e no que creem os Reformadores: Deus é o Senhor da História”.

Vê-se que um dos principais objetivos que a Reforma teve foi o retorno às Sagradas Escrituras. Herminsten assevera que isto se deu: “a fim de reformar a igreja que havia caído, ao longo dos séculos, em uma decadência teológica, moral e espiritual”. Os Reformadores objetivavam reformas a vida, a adoração e a doutrina a luz da Palavra de Deus. Isso foi contribuído pela relevante disposição que surgiu ao se aproximar o século 16 em se ler as Escrituras.

O Surgimento de um Reformador

Ele viveu 54 anos, 10 meses e 17 dias, e dedicou metade de sua vida ao sagrado ministério. Tinha estatura mediana; a aparência sombria e pálida; os olhos eram brilhantes até mesmo na morte, expressando a agudez da sua compreensão (COSTA, 2006, apud Teodoro Beza, p.27).

Nascido em 10 de julho de 1509 em Noyon, Picardia, Calvino foi um dos principais baluartes da tradição Reformada do Protestantismo. Filho de família humilde, porém, com influência entre os nobres, seu pai lhe encaminhou a estudos as mais respeitadas instituições de educação em companhia de jovens filhos da nobreza. Foi ainda beneficiado pela capelania de La Gésine, para o custeio dos seus estudos. Neste meio, ele aprendeu costumes refinados próprios da nobreza.

Vê-se que sua preparação foi primorosa, estudando em instituições de destaque como Colégio de Capeto, Cellège de La Marche, Collège de Montaigu. Em seus período de estudos foi contemporâneo de Inácio de Loyola, fundador dos Jesuítas. Em sua carreira universitária passou pela famosa e concorrida Universidade de Orléans onde estudou Direito Civil, e ainda pela Universidade de Bourges.

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Conforme Hermisten (2006, p.33), “não é possível precisar as circunstâncias e a data da súbita conversão de Calvino, contudo, as evidências apontam para um período entre 1532-1534, em Orléans ou Paris. [...] Acredita-se que o seu primo Olivétan (c. 1506-1540), [...] teve participação importante em sua conversão”. Porém, algo interessante chama a atenção na vida de Calvino:

Devemos estar atentos também ao fato de que a vida de Calvino, mesmo antes da sua conversão, não foi marcada por um comportamento dissoluto e imoral – tão comum nos jovens de seu tempo. Antes, a sua conversão, como observa Shaff, “foi uma transformação do Romanismo para o Protestantismo, da superstição papal para a fé evangélica, do tradicionalismo escolástico para a simplicidade bíblica” (COSTA, 2009, p 33,34).

Vê-se ainda que Calvino foi bastante influenciado pelo período Renascentista e Humanista. A nova maneira de pensar, baseado na filosofia grega antiga, trazia a luz uma nova e mais admirável intelectualidade estendendo-se a todas as atividades sociais e em todas as áreas do saber, contribuindo fundamentalmente para o ingresso do homem na idade moderna.