João Calvino - A suficiência da morte de Cristo para nossa salvação

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A Suficiência da Morte de Cristo

Para Nossa Salvação

João Calvino

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A Suficiência da Morte de Cristo Para Nossa Salvação

João Calvino

“E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona. E perto da

hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é,

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? E alguns dos que ali estavam,

ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias, e logo um deles, correndo, tomou uma

esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber. Os

outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo. E Jesus, clamando

outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou

em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; E abriram-se os

sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo

dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e

apareceram a muitos. E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o

terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram:

Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mateus 27:45-54)

Vimos ontem que as zombarias e blasfêmias dos inimigos de Deus não impediram a mor-

te e a paixão de Nosso Senhor Jesus de produzir e mostrar o Seu poder em meio a tanto

desprezo e ingratidão do mundo. Por aqui vemos todos aqueles que eram de alguma

reputação e dignidade entre os Judeus, que abertamente zombaram do Filho de Deus, mas

isso não O impediu de ter compaixão de um pobre ladrão e recebê-lo para a vida eterna;

todavia, de modo algum, é necessário que alguém obscureça ou diminua a glória do Filho

de Deus. Se é argumentado que um pobre ladrão não é de modo algum comparável com

aqueles que governam a Igreja, que eram mestres da lei; não é apropriado, quando falamos

da salvação que foi adquirida por nós através da bondade gratuita de Deus, buscar a

excelência em qualquer de nossas pessoas, antes devemos voltar para o que São Paulo

diz:

“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para

salvar os pecadores” (1 Timóteo 1:15).

Então, quando viermos a considerar o fruto da paixão e morte de nosso Senhor Jesus

Cristo, todos os homens têm que ser humilhados, e ali terão que ser encontradas neles

apenas a pobreza e vergonha, a fim de que Deus possa por este meio derramar sobre eles

os tesouros da Sua misericórdia, não tendo outra consideração para fornecer para nós, a

não ser na medida em que Ele vê que estamos laçados nas profundezas de todas as

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misérias. Desde então, esse ladrão era um homem desaprovado por todos, e Deus o

chamou assim repentinamente, quando o nosso Senhor tornou eficaz a Sua morte e paixão

que Ele sofreu e suportou [...], isso deve muitíssimo nos confirmar. Isso não é em absoluto,

então, uma questão da demonstração de Deus como Ele estende a mão para aqueles que

parecem ser dignos dela e que têm algum mérito em si, ou que eram respeitáveis e de boa

reputação entre os homens, mas quando Ele retira pobres almas condenadas das

profundezas do inferno, quando Ele se compadece daqueles de quem toda a esperança de

vida havia sido perdida, aqui é onde a Sua bondade resplandece. Isso também é o que

deve nos dar a entrada para a salvação. Pois os hipócritas, embora professem ser de

alguma forma limitados pela graça de Deus, mas fecham a porta contra si mesmos, por sua

arrogância. Pois eles são tão inflados com orgulho que não podem conformar-se ao nosso

Senhor Jesus Cristo. Então, primeiro, nós podemos estar muito certos de que Jesus Cristo

chama a Si mesmo os miseráveis pecadores que têm apenas confusão em suas pessoas,

e que Ele estende os braços para recebê-los. Porque, se não temos certeza, nunca

seremos capazes de tomar coragem para vir a Ele. Mas quando nós estamos bem

convencidos de que é para aqueles que são os mais miseráveis que Ele envia a salvação

que Ele adquiriu, desde que eles se reconheçam como tais, e se humilhem, e estejam

completamente confundidos, fazendo-se censuráveis (como eles de fato o são), perante o

julgamento de Deus; é assim que devemos ser assegurados, é assim que teremos fácil

participação na justiça que aqui nos é oferecida, e pela qual nós obtemos a graça e favor

diante de Deus.

Ao que se diz, “E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona”, Em

nossa língua comum diríamos das doze horas até às quinze horas. Mas o escritor do

Evangelho seguiu a maneira comum de falar daquele tempo. Pois, quando diz a terceira

hora, não está querendo dizer três horas, mas que essa é a primeira parte do dia. Em

resumo, há aqui duas coisas a observar. Uma delas é que eles contavam as horas de forma

diferente do que fazemos hoje, pois eles contavam o dia de sol a sol, e havia as doze horas

do dia, ao passo que nós medimos o dia por 24 horas, calculando a partir da meia-noite à

meia-noite seguinte. Os relógios tiveram que ser feitos de forma diferente, de modo que as

horas eram mais longas no verão do que no inverno, e de acordo com isso os dias eram

mais longos ou mais curtos, por isso, as horas eram longas ou curtas. O outro ponto é que

eles dividiam o dia em quatro quartos de três horas, e cada parte foi nomeada pela primeira

hora do quarto. Então, desde o raiar do sol até à segunda parte do dia foi chamado de a

primeira hora. A segunda parte do dia começava às nove horas e se estendia até ao meio-

dia, esta era por eles chamada de a terceira hora. E a hora sexta, começava a partir do

meio dia e ia até às quinze horas. A última, durava até o pôr do sol e o dia estava terminado.

É por isso que é dito por um dos escritores do Evangelho que Jesus Cristo foi crucificado

por volta da terceira hora. E aqui é dito que isto aconteceu na sexta hora. O escritor do

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Evangelho quis dizer que a partir da sexta hora até a hora nona, houve trevas. Pois nosso

Senhor Jesus foi crucificado entre às nove horas e meio dia, Ele havia sido condenado

acerca de nove horas por Pilatos. E São Marcos que dizer o fim da terceira hora, não o

começo, quando ele descreveu o tempo em que Jesus Cristo foi levado ao Gólgota. Agora,

Ele ficou na cruz até a hora nona, quando já o final do dia estava se aproximando. Por isso,

é mais provável que o nosso Senhor Jesus não permaneceu em agonia na cruz por mais

de três horas.

Durante esse tempo, é dito que houve trevas sobre toda a terra, isto é, a Judéia. Pois o

eclipse não foi geral por todo o mundo. Na verdade, isto teria obscurecido o milagre que

Deus quis mostrar. Porque eles, então, poderiam ter atribuído este eclipse às forças da

natureza. Por outro lado, não há muitas pessoas que falaram dele no sentido de que isso

aconteceu em outros países. Na verdade, aqueles que fazem menção disso são justa-

mente conjecturados. Mas eis que a terra da Judéia é que foi coberta pela escuridão. E a

que horas? Por cerca de três horas depois do meio-dia, quando o sol ainda não estava

prestes a se por, como se costuma dizer. Mas, para além das forças comuns da natureza

devia haver escuridão para causar medo e espanto a todos. Muitos consideram que isso

foi feito, como sinal de repulsa, como se Deus quisesse chamar os Judeus a prestarem

contas, a fim de que eles pudessem ter algum sentimento em relação ao crime tão hediondo

que eles haviam cometido, e como se Ele significasse para eles por este sinal visível que

até mesmo todas as criaturas deveriam, como que esconderem-se de uma coisa tão

horrível, quando Jesus Cristo foi, assim, entregue à morte. Mas temos que observar que de

uma maneira a morte de nosso Senhor Jesus Cristo teve que ser realizada como um crime

terrível, isto é, no que diz respeito aos Judeus. Deus detestou também sua iniquidade e

demasiada vilania, pois estas superaram a todos os outros. Na verdade, se nós odiamos o

assassinato e essas coisas, o que isso será quando chegamos à pessoa do Filho de Deus?

A Quem os homens foram tão loucos a ponto de quererem aniquilar Aquele que era a Fonte

da Vida, que eles se levantaram para destruir a memória dAquele por Quem fomos criados,

e no poder de Quem nós subsistimos!

No entanto, a morte de nosso Senhor Jesus não permaneceu meramente como um sacri-

fício de cheiro suave. Pois devemos sempre lembrar que [esta ocorreu para] a reconcilia-

ção do mundo, como já declarado anteriormente. Além disso, a escuridão veio a fim de que

o sol desse testemunho da majestade Divina e celestial de nosso Senhor Jesus. Embora,

então, por esse minuto Ele não foi apenas humilhado e se tornou desprezível diante dos

homens, até mesmo esvaziando-Se de tudo, como diz São Paulo; ainda mesmo o sol

homenageia a Ele, e como um sinal disso ele permaneceu escondido. Já que é assim,

então, saibamos que Deus, para tornar o perverso ainda mais indesculpável, quis que Jesus

Cristo em Sua morte fosse declarado Rei soberano de todas as criaturas, e que este triunfo

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do qual fala São Paulo no segundo capítulo de Colossenses já começou, quando ele diz

que Jesus Cristo triunfou na cruz (Colossenses 2:14, 15). É verdade que Ele aplica isso ao

fato de que Ele riscou a cédula que nos era contrária, e que Ele nos absolveu diante de

Deus, e por causa disso Satanás foi derrotado; o que foi mostrado por este eclipse do sol.

No entanto, os Judeus estavam convencidos de sua ignorância, mesmo de sua ignorância

maliciosa e fanática, como se tivesse sido visto com seus olhos que Satanás os possuía, e

que eles haviam, por assim dizer, se tornado monstros contrários à natureza. Isso, em

resumo, é o que temos que lembrar quando se fala da escuridão que ocorreu.

É verdade que hoje estamos iluminados pela morte e paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pois como é que o Evangelho nos mostra o caminho para a salvação? Como somos

iluminados para chegar a Deus, a não ser uma vez que o Filho de Deus nos é apresentado

com o fruto e do poder da Sua morte? Jesus Cristo é realmente o Sol da Justiça, porque

Ele adquiriu para nós a vida, por Sua morte. Mas os Judeus foram privados de tal benefício.

E, em que o sol foi obscurecido, eles foram convencidos que de todas as pessoas, eles

eram reprovados, e a doutrina não mais lhes seria proveitosa, nem lhes seria útil para a

salvação, uma vez que por sua malícia haviam tentado extinguir e abolir tudo o que podia

dar-lhes esperança, pois esta esperança estava inteiramente na Pessoa do Mediador, a

quem tentaram destruir por sua malícia e ingratidão. Era certo, então, que eles estavam

completamente destituídos de toda a luz da salvação, a fim de que a ira de Deus se

declarasse de forma visível sobre eles.

Segue-se que o nosso Senhor Jesus clamou, dizendo: “Deus meu, Deus meu, por que me

desamparaste?” São Mateus e São Marcos recitam em língua Siríaca estas palavras de

nosso Senhor Jesus, que são extraídas de Salmo 22. E as palavras não são assim

pronunciadas por todos os escritores dos Evangelhos como o texto do Salmo apresenta.

Mesmo nesta palavra “Eli”, que é “Meu Deus”, vemos que São Marcos diz: “Eloí”. (Marcos

15:34) Mas isso é uma distorção da linguagem, como vimos antes; pois os Judeus que

retornaram da Babilônia nunca tiveram uma língua totalmente pura, como antes. Ademais

esta exclamação é tirada do Salmo 22:1. Deus quis especialmente que isto fosse recitado

em duas línguas, para mostrar que era algo importante, e para o qual devemos atentar. Na

verdade, a menos que queiramos imaginar (como fazem muitas pessoas irracionais) que o

nosso Senhor Jesus falou de acordo com a opinião de homens e não de acordo com Seu

sentido e Seu sentimento, nós certamente devemos ser movidos por isto, e os nossos

sentidos devem extasiados, quando Jesus Cristo queixa-se de ser desamparado e

abandonado por Deus Seu Pai. Pois é uma coisa muito sem graça e muito tola, dizer que

o nosso Senhor Jesus não foi de todo tocado com a angústia e ansiedade em Seu coração,

mas que Ele houvesse simplesmente dito: “Eles dizem que estou abandonado”. Isso mostra

que aqueles que olham para tais glosas, não são apenas ignorantes, mas são totalmente

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zombadores. Além disso, eles nunca deixam de blasfemar, como cães mastim, contra

Deus. E todos aqueles que falam assim, é certo que eles não têm mais religião do que os

cães e os animais irracionais, pois eles não sabem o quanto a sua salvação custou ao Filho

de Deus. E o que é pior, eles zombam dEle apenas como os vilões que são.

Então, temos de manter como um fato conclusivo que o nosso Senhor Jesus, que está

sendo trazido para tal extremo e angústia, clamou com grande voz: (sim, como aqueles que

são atormentados ao extremo), “Deus meu, Deus meu, por que que me desamparas-te?”

Na verdade, nós já dissemos que seria uma declaração fria a partir da história de Sua morte,

se não considerarmos a obediência que Ele prestou a Deus, o Pai. Esta, então, é a principal

coisa que temos que considerar se quisermos ter certeza de nossa salvação. É que, se

cometemos muitas faltas e rebeliões e iniquidades contra Deus, tudo isso será enterrado,

na medida em que o nosso Senhor Jesus por Sua obediência nos justificou e nos tornou

aceitáveis a Deus, Seu Pai. Agora esta obediência, no que consiste, a menos que Jesus

Cristo, embora a morte fora difícil e terrível a Ele, ainda assim, não recusou estar sujeito a

ela? Pois se Ele não tivesse experimentado nisto nenhuma dificuldade ou contradição, isto

não teria sido obediência. Mas, apesar de que nosso Senhor Jesus, por natureza, morreu

em horror, de fato foi um cargo terrível para Ele o ser encontrado diante do tribunal de Deus,

em nome [...] dos miseráveis pecadores (pois Ele estava ali, como se tivesse que sustentar

todos os nossos fardos), no entanto, Ele não deixou de humilhar-Se a tal condenação por

nossa causa, nós sabemos que houve nEle uma obediência perfeita, e nisto nós temos

boas razões para glorificá-lO, como diz o Apóstolo na Epístola aos Hebreus,

“Nosso Senhor Jesus foi ouvido quanto ao que temia” (Hebreus 5:7).

Embora isto tenha sido assim, ainda que Ele teve que suportar algo tão duro e penoso, de

fato, totalmente contrário a todo o afeto humano, isto era necessário, pois:

“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hebreus 5:8).

Vemos, então, o Apóstolo, que especifica particularmente que o nosso Senhor Jesus teve

que ser assombrado pelo medo; pois, sem isto nós não saberíamos quão precioso foi esse

sacrifício pelo qual fomos reconciliados. Na verdade, São Pedro também mostra que o

nosso Senhor Jesus sofreu não só em Seu corpo, mas na alma, quando Ele diz que Ele

lutou contra as dores da morte.

É verdade que a Escritura muitas vezes diz que nós somos redimidos pelo sangue de Jesus

Cristo, na medida em que Ele ofereceu Seu corpo como um sacrifício. É também por isso

que se diz que a sua carne é para nós comida e Seu sangue é para nós bebida espiritual.

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Mas isso é dito concernente à nossa insensatez. Porque somos rudes, o Espírito Santo nos

traz de volta ao que é visível na morte de Jesus Cristo, a fim de que possamos ter uma

certeza absoluta do penhor de nossa salvação. No entanto, não devemos rejeitar o que é

mostrado em todas as outras passagens, para não invalidarmos o fato de que a morte e a

paixão de Nosso Senhor Jesus não serviriam para tirar as iniquidades do mundo, exceto

na medida em que Ele obedeceu verdadeiramente humilhando-Se até uma morte

assustadora. E Ele obedeceu, e não em tudo o que Seus sentidos foram levados, mas,

apesar de que Ele tivesse que sofrer terrores e extremos terrores, ainda assim Ele colocou

a nossa salvação acima de qualquer outra consideração. Isso, então, é o que temos que

observar nesta passagem, isto é, que o Filho de Deus não somente suportou em Seu corpo

uma morte tão cruel, mas que Ele foi comovido imediatamente, tendo que suportar terríveis

assombros como se Deus O tivesse abandonado. Pois, na verdade, Ele também sofreu por

nossa causa, e teve que experimentar a condenação que era devida aos pobres pecadores.

Por nossos pecados nós estamos, por assim dizer, alienados de Deus, e Ele deve apartar-

Se de nós, e nós temos que saber que Ele tem, por assim dizer, nos rejeitado. Essa é a

coisa certa para os pecadores. É certo que Jesus Cristo nunca foi rejeitado por Deus, Seu

Pai. No entanto, Ele teve de sofrer essas angústias e Ele teve que lutar bravamente para

repeli-las, a fim de que hoje o fruto da vitória pudesse ser nosso. Portanto, devemos lembrar

que, quando o Senhor Jesus foi colocado em tal situação, como se Deus Seu Pai tivesse

tirado dEle toda a esperança de vida, na medida em que Ele estava ali em nossa pessoa,

suportando a maldição de nossos pecados que nos separavam de Deus. Pois onde repousa

a nossa felicidade, a não ser no fato de que somos vivificados pela graça de Deus e

iluminados pela Sua luz? Ele é a fonte da vida e de todo o bem, e os nossos pecados

colocam, por assim dizer, uma longa distância entre Ele e nós. Jesus Cristo, então, teve

que experimentar isso. Vejamos agora o que alguém poderia dizer. “É possível que Jesus

Cristo tenha experimentado esses terrores, uma vez que nEle há somente perfeição

completa? Pois parece que isso afasta a fé de que Ele deveria ter e de tudo o que nós

devemos crer sobre Ele. Isto é, Ele era, totalmente imaculado. Ora, a resposta para isso é

muito fácil, pois quando Ele foi tentado por Satanás, é certo que Ele tinha que ter essa

apreensão de que Ele estava, por assim dizer, em cima de uma torre e que Ele estava

sujeito a tal ilusão de acordo com a Sua natureza humana. No entanto, isso não tirou nada

de Seu poder Divino. Em vez disso, temos a oportunidade de magnificar Sua bondade para

conosco, na medida em que Ele assim humilhou-se a Si mesmo por nossa salvação.

Agora, é dito que clamou: “Deus meu, por que me desamparaste?” Em primeiro lugar, é

muito certo que Jesus Cristo, na medida em que Ele era Deus, não poderia ter tal apre-

ensão. Não, não. Mas quando Ele sofria, Sua Divindade teve que dar lugar à Sua morte e

paixão, as quais Ele teve que suportar. Isso, então, é o poder de nosso Senhor Jesus que

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foi mantido, por assim dizer, oculto por um tempo, até que Ele tivesse obtido tudo o que era

necessário para a nossa redenção. Ainda de acordo com o homem, notemos que esta

queixa, e esse sentimento de terror dos quais falamos agora, de maneira nenhuma

prejudicaram a fé de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois uma vez que Ele era homem Ele

tinha toda a Sua confiança em Deus, como já vimos, e ontem isso foi suficientemente

tratado. Isto foi então um o verdadeiro padrão de verdade, perfeição e inteira confiança.

Diz-se agora que Ele estava em tal angústia que Ele parecia estar abandonado por Deus,

Seu Pai. No entanto sua fé sempre foi perfeita, não foi nem abatida nem abalada de

qualquer forma que seja. Como, então, Ele diz: “Por que me desamparaste?”. Isso foi por

apreensão natural. Eis, então, o nosso Senhor Jesus Cristo, que de acordo com a fraque-

za da Sua carne, foi, por assim dizer, abandonado por Deus, e ainda assim não deixou de

confiar nEle. Como, de fato, vemos duas partes nestas palavras que são superficialmente

contrárias, ainda que, de fato, concordem muito bem. Quando Ele diz: “Deus meu, Deus

meu”, e Ele repete a palavra de tal forma a demonstrar a constância de Sua fé. Ele não diz:

“Onde está Deus? Como é que Ele pode ter me deixado?”, Mas se dirige a Ele. Ele devia

estar inteiramente persuadido e certo de que Ele sempre encontraria acesso favorável, a

Deus Seu Pai. Eis aqui (digo eu) um certo e infalível testemunho da fé de nosso Senhor

Jesus Cristo. Quando no meio da calamidade e angústia em que Ele se encontrava, Ele

não deixou de chamar a Deus seu Pai, e não de forma presunçosa, mas porque Ele estava

certo de que iria encontrá-lO propício ao invoca-lO. Eis no que (digo eu) a fé de nosso

Senhor Jesus Cristo é suficientemente declarada. No entanto, Ele repete a palavra, porque

esta luta é difícil, como se Ele desafiasse todas as tentações que Satanás preparou para

Ele, e Ele procurou a confirmação da fé para que Ele pudesse sempre persistir clamando a

Deus.

Agora Ele disse ainda: “Por que me desamparaste?”, Claro que isto estava de acordo com

o que Ele poderia conceber como homem. Porque Ele deveria passar por esta experiên-

cia, sem, contudo, ser vencido por ela. Pois São Pedro diz:

“Soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” (Atos 2:24).

Ou seja, que Ele fosse apreendido como um homem pobre que foi totalmente entregue e

esmagado, “Era impossível”, diz São Pedro. E assim, a vitória estava no meio da luta. E

isso é para glorificar ainda mais o nosso Senhor Jesus Cristo. Davi tinha experimentado

isso em parte. Pois é certo que, no meio de suas aflições, por maiores que fossem, ele

insistiu em clamar a Deus, de fato esperando nEle. Mas desde que ele era um homem frágil,

a sua fé foi abalada, muitas vezes, como ele confessa. Mas em nosso Senhor Jesus, houve

uma consideração especial (que foi tratada no último Dia do Senhor), isto é, que Ele tinha

todas as Suas emoções bem controladas, por causa da integridade que havia nEle e por

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que não havia nEle nenhuma corrupção natural. Como às vezes acontecerá conosco que

nossas dores prosseguirão a partir de um motivo justo, na verdade, os nossos medos e

nossas ansiedades. Mas, mesmo assim sempre haverá vícios misturados nisso, uma vez

que a corrupção está em todas as nossas paixões. Mas em nosso Senhor Jesus não havia

nada de problemático ou desordenado. Segue-se, então, que Ele não estava tão tomado

de angústia, que Ele sempre teve sua esperança posta corretamente em Deus, que Ele

clamou apenas por Ele e permaneceu firme e constante nisso, sabendo muito bem que Ele

seria o Salvador até o fim.

Ao que se diz que alguns dos que estavam perto dEle O zombavam. “Ele chama por Elias,

deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo”. Alguém supôs que os guardas, como ignorantes da

Lei, falaram assim. Mas isso é muito abuso e tolice, pois eles não sabiam quem era Elias.

Não há dúvida, portanto, que esta blasfêmia foi pronunciada por nenhuns outros além dos

sacerdotes que eram versados na Lei. E eles mesmos não estavam enganados no que

Jesus disse? Nem um pouco. Pois o profeta a quem chamavam de Elias não é assim

pronunciado. O nome, então, não os havia enganado. Pois não há dúvida implícita, uma

vez que a palavra “Elias” é pronunciada de forma completamente diferente da palavra “Eli”,

isto é, “Meu Deus”. Isso não pode causar qualquer ambiguidade. Isso ocorreu, então, por

certa malícia e ousadia por meio da acusação de que “Ele chama Elias” fora colocada sobre

o nosso Senhor Jesus Cristo. E se nós achamos isso estranho, quisera Deus que não

houvesse tais exemplos hoje. Pois alguém verá hoje os Papistas que pervertem e

depravam, por meio de suas calúnias, o que nós ensinamos, isto é, o que é extraído da

pura verdade de Deus, e eles conscientemente blasfemam para tornar nossa doutrina

odiosa para muitas pessoas ignorantes e pessoas que não ouvem o que pregamos todos

os dias. Eles depravam, então, falsamente aquilo que dizemos e o levam totalmente para

o lado errado, a fim de dar plausibilidade à sua mentira e entreter as pobres pessoas

ignorantes com isso. É assim foi que os inimigos de Deus, possuídos por Satanás,

perverteram por malícia as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e hoje entre os papistas

se vê a mesma coisa. E isso não apenas é percebido no Papado, mas mesmo entre nós há

beligerantes que dirão que queremos fazer crer que Jesus Cristo foi desprovido de toda a

esperança quando vemos que Ele sofreu a angústia da morte, como se Ele tivesse sido

lançado para as profundezas, na medida em que Ele estava ali em nosso nome e Ele sofreu

o peso de nossos pecados. Mas isso de maneira alguma tira a constância da Sua fé, que

esta possa não ter permanecido sempre em sua totalidade. E esses tratantes que fazem

profissão do Evangelho, nunca deixam de blasfemar com conhecimento de causa, por que

eles mostram que eles são piores do que aqueles de quem se fala aqui. Havendo, pois, o

diabo hoje aguçado as línguas dos seus agentes, e que cada um por tal atrevimento brutal

trata de vomitar seu veneno contra a pureza da doutrina, não achemos estranho que o

nosso Senhor Jesus tenha sido caluniado assim. Mas podemos suportar com paciência

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essas blasfêmias, orando a Deus (como se diz no décimo segundo Salmo) para que Ele

possa destruir essas línguas lisonjeiras (Salmos 12:3), que são tão cheias de vilania e de

execração, e as quais tendem a blasfemar do Seu Nome e obscurecer a Sua verdade.

Diante disso, os registros do escritor do Evangelho dizem que havia ali um vaso cheio de

vinagre (de fato, como já vimos, que foi misturado com fel), e que eles levaram uma cana,

ou melhor, (como diz São João) um hissopo, a fim ter uma longa vara, e no fim de tudo isso

eles colocaram uma esponja para fazê-la chegar à boca do nosso Senhor Jesus. São João

fala aqui mais claramente, pois ele diz que Jesus Cristo, sabendo que todas as coisas foram

cumpridas, disse que ele estava com sede, e por isso Ele declarou mais uma vez “Está

consumado”. Isso, então, é o que temos que observar aqui, quando esta bebida foi dada

ao Filho de Deus, a saber, que Ele não pediu para beber porque Ele estava com sede, pois

Ele se recusou, como já vimos acima. Então, por quê? Por que esta bebida foi dada a fim

de encurtar a vida. Ora, nosso Senhor Jesus desejou em tudo e por tudo esperar pela hora

de Deus Seu Pai em paciência e descanso. Isso, então, é o motivo pelo que Ele não queria

apressar a Sua morte, mas tornara-Se pacífico e obediente, até que tudo fosse cumprido –

embora, de fato, Ele ainda não houvesse entregado o espírito e nem ressuscitado dentre

os mortos. Pois Ele quer dizer que até esta hora Ele tinha mostrado uma obediência

completa, de modo que nada agora o impedia de entregar a Sua alma a Deus, Seu Pai.

Isso, então, é como devemos abordar esta passagem: É que o nosso Senhor Jesus

declarou que nada mais faltava para a nossa redenção, exceto o afastar-Se do mundo, o

que Ele estava pronto e preparado para fazer, e entregar a Sua alma a Deus. Vendo, então,

que Ele mesmo havia cumprido todo o Seu dever como Mediador, e que Ele havia feito tudo

o que era necessário para apaziguar a ira de Deus em relação a nós, e que a satisfação

pelos nossos pecados fora cumprida, Ele estava disposto a pedir por esta bebida.

Agora temos aqui uma frase muito notável e excelente, quando se diz: “Está consumado”.

Pois é certo que o Senhor Jesus não fala em absoluto de quaisquer coisas pequenas ou

comuns. Mas Ele intenciona que pela Sua morte, tenhamos tudo o que precisamos ter

acesso a Deus e obter a graça dEle. Não que Sua ressurreição seja excluída por isso, mas

é como se Ele dissesse que Ele realizou Seu ofício fielmente, e que Ele não veio a ser um

Salvador parcial, mas que até o último momento Ele executou a carga que Lhe fora

comissionada, e que Ele não havia omitido nada de acordo com a vontade de Deus, Seu

Pai. Desde que é assim, nós somos instruídos a fixar totalmente a nossa confiança em

nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo que todas as partes da nossa salvação são cumpridas

no que Ele fez e sofreu por amor a nós. É também por isso que a Sua morte é chamada de

sacrifício perpétuo, pelo qual os crentes e os eleitos de Deus são santificados. Não

queremos, então, ter certeza de que Deus é um Pai para nós? Não queremos ter liberdade

de clamar por Ele? Não queremos ter descanso em nossas consciências? Não queremos

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ser mais totalmente seguros de que somos considerados justos, a fim de sermos aceitáveis

a Deus? Permaneçamos em Jesus Cristo e não andemos aqui ou ali, e reconheçamos que

é nEle que repousa toda a perfeição. Aqueles, pois, que desejam outros adereços, e quem

olham de um lado para o outro para suprir o que deve faltar na morte e paixão de Nosso

Senhor Jesus Cristo, renunciam inteiramente o poder de que estamos falando agora.

Resumidamente eles pisoteiam o sangue de Jesus Cristo, pois eles o desonram. Agora, em

todo o Papado, o que há ali exceto a renúncia da morte e paixão de Nosso Senhor Jesus

Cristo? Por que eles pensam em fazer boas obras, porque eles as chamam de méritos, pelo

que eles confiam adquirir graça diante de Deus, é certo que eles repudiam o que foi

declarado por nosso Senhor Jesus Cristo: “Está consumado”. E uma vez que é assim,

quando eles pensam obter a salvação diante de Deus, e eles desejam ter a remissão dos

seus pecados, para onde vão, a não ser para as suas tolas devoções? Pois cada um

realizará o seu pequeno dever em seu posto, de modo que todas as chamadas devoções

no Papado tanto blasfemam quanto anulam o que foi pronunciado quando o nosso Senhor

Jesus disse: “Está consumado”. O que se segue, então? Que saibamos que não há uma

única partícula de virtude ou mérito em nós, a menos que nos apossemos desta Fonte onde

está toda a plenitude dos méritos.

Assim, então, é como a nossa fé deve ser fixada em nosso Senhor Jesus Cristo. Além

disso, que conheçamos acima de tudo, quando Ele foi oferecido como um sacrifício isso foi

para nos absolver para sempre e para nos santificar perpetuamente, como diz a Escritura

(Apocalipse 13:8). Que possamos, então, não ter outro sacrifício além deste. É verdade

que, no Papado, essa abominação diabólica da missa é chamada de sacrifício diário; e eles

dizem que Jesus Cristo certamente uma vez Se ofereceu como sacrifício para obter para

nós a remissão de nossos pecados, mas que ainda é necessário que Ele seja oferecido

diariamente, o que é blasfêmia plenamente manifesta, na medida em que usurpa o ofício

que foi dado ao nosso Senhor Jesus Cristo, quando Ele foi ordenado único Sacrifício eterno,

de fato, com um juramento que Deus jura que seria perpétuo. Quando, então, os homens

mortais encarregam-se ainda de vir a apresentar e oferecer Jesus Cristo a Deus, será que

eles não roubam a honra que Deus reserva para Si mesmo, e que não pode ser atribuída

a qualquer criatura? Já que é assim, então, vemos como estes pobres cegos, supondo

manterem a designação de Deus, provocam a Sua ira e Sua vingança, renunciando a morte

e a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. E muito mais nos convém ampliar a graça de

Deus, pela qual Ele nos retirou de tal abismo, que quando afirmamos nos aproximarmos

dEle, é para desafiá-lO abertamente. Pois, nos privamos dEle e do fruto de Sua morte e

paixão quando buscamos outro sacrifício além daquele que Ele ofereceu em Sua pessoa.

Isso, então, é o que temos que lembrar.

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Agora é dito: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito”. E este grito

foi: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” [Lucas 23:46]. Nisto nós vemos como o

nosso Senhor Jesus Cristo tanto lutou contra as dores da morte, e que a partir de então Ele

foi vencedor sobre ela e Ele poderia ganhar Seus triunfos como tendo superado o que era

o mais difícil. E isso diz respeito a nós, ou seja, devemos aplicá-lo para o nosso uso. Pois

temos a certeza não somente que o Filho de Deus lutou por nós, mas que a vitória que Ele

adquiriu para nós nos pertence, e que hoje não devemos estar em qualquer juízo

assustados com a morte, sabendo que a maldição de Deus, que era terrível para nós, é

abolida, e que a morte, em vez de ser capaz de ferir-nos como uma praga fatal, nos serve

como remédio para nos dar passagem para a vida. Agora, como anteriormente com o

exemplo de Davi, Ele disse:

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Salmo 22:1)

Assim, agora, Ele toma a oração feita por Davi, no trigésimo primeiro Salmo,

“Nas tuas mãos encomendo o meu espírito” (Salmo 31:5).

É verdade que Davi disse isso estando em meio a perigos. Como se Ele dissesse: “Senhor,

sustenta-me na Tua proteção; pois a minha alma é como se estivesse entre as minhas

mãos; ela está ali como que trêmula. Pois eu me vejo exposto a todos os perigos; minha

vida é como se estivesse pendurada em um fio. Ela não permanecerá, então, a menos que

Tu me tomes em Tua proteção”. É assim que Davi, por esta oração, constituiu a Deus como

o seu protetor. No entanto, ele não a usa para clamar a Deus até [chegar o momento de

Sua] própria morte, e para ter certeza de que Deus sempre é o Salvador dos Seus eleitos,

não somente para mantê-los e guardá-los neste mundo, mas também quando Ele os toma

para Si mesmo. Pois, a principal proteção que Deus mantém sobre nós é que, sendo

retirados deste mundo, somos escondidos debaixo das Suas asas para nos alegrarmos em

Sua presença, como São Paulo fala disto em 2 Coríntios 4:3. E o nosso Senhor Jesus

também pronunciando esta oração declara que Ele morre pacificamente, tendo conquistado

em todos os combates o que Ele teve de sustentar para nós, e já alcança Seus triunfos em

nosso nome e para nosso proveito e salvação. Ele declara totalmente por este mesmo meio

que Deus é o Seu Salvador e que Ele guarda a Sua alma com uma firme confiança. A isso

é que implica este pedido que Ele faz a Ele, quando Ele diz: “Meu Deus, sê Tu o guardião

da Minha alma, mesmo após a morte”.

Quando nosso Senhor Jesus fala assim, é como se Ele assegurasse a nós todos que não

podemos deixar de nos comprometer com o nosso Deus, pois Ele certamente condescen-

de para se encarregar conosco, a fim de sustentar-nos, e que nós jamais pereceremos,

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estando assim sob a Sua mão. Agora, especialmente devemos notar que Jesus Cristo ao

dizer: “Meu Deus, nas tuas mãos encomendo o meu espírito”, adquiriu o privilégio que é

atribuído a Ele por São Estevão em Atos 7. Isso é que Ele foi constituído Guardião de todas

as nossas almas. Pois como é que Santo Estêvão fala em sua morte?

“Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (Atos 7:59).

Assim, então, é como São Estevão mostra o fruto desse pedido que foi feito por Jesus

Cristo: a saber, que agora podemos nos dirigir a Ele, e devemos fazê-lo, declarando que

uma vez que Ele nos foi dado como Pastor por Deus Pai, nós não precisamos ter dúvidas,

mas, sim, estarmos em paz, tanto na vida como na morte, sabendo que tudo nos beneficiará

e será voltado para nosso proveito. Como diz São Paulo, que com Jesus Cristo, ele

encontrará ganho em tudo, que ele não carecerá de nada em vida ou morte, pois tudo será

útil para ele (Filipenses 1:20-24).

Então, aprendamos agora, quando formos assediados pela morte, que Jesus Cristo tirou o

ferrão que poderia nos ferir fatalmente no coração, e que a morte não será mais prejudicial

para nós, e que quando o nosso Senhor Jesus entregou a Sua alma a Deus, Seu Pai, isso

não foi apenas para ser preservado em Sua Pessoa, mas, a fim de adquirir esse privilégio

que é inteiramente preservado para nós em virtude deste pedido; na verdade, quando nós

teremos os nossos recursos nEle, como Aquele sob a proteção de Quem não podemos

perecer, pois Ele o declara. Há ainda este triunfo do que fizemos menção, que já nos

beneficia. Pois nosso Senhor Jesus mostra quão preciosa é a Sua morte, quando Ele parte

com tanta confiança para Deus, Seu Pai, para nos conduzir a Ele e para nos mostrar o

caminho para Ele. Mas a coisa principal é que podemos saber que o fruto disso vem até

nós, na medida em que Ele riscou a cédula que nos era contrária, enquanto Ele adquiriu

para nós a plena satisfação pelos nossos pecados, para que possamos comparecer diante

de Deus, Seu Pai, de tal forma que até mesmo a morte já não mais fará qualquer mal ou

dano a nós. Embora ainda vemos em nós muitas coisas que podem nos assombrar, e nós

experimentamos a nossa pobreza e miséria, ainda assim, não deixemos de nos gloriar

nAquele que foi assim humilhado por nós, a fim de elevar-nos com Ele.

Na verdade, embora do lado humano só exista a completa vergonha, no entanto, quando

Jesus Cristo foi pendurado ali na cruz, Deus já desejava naquele momento, pela boca de

Pilatos que Ele fosse declarado Rei. Assim, embora o reino de nosso Senhor Jesus Cristo

seja difamado perante o mundo, nós não podemos, contudo, deixar de mantê-lo como a

base de toda a nossa glória, e que possamos saber que estando em opróbrio sob Sua

direção, temos, no entanto, do que nos alegrar; posto que a que a nossa condição sempre

será abençoada, porque todas as misérias, aflições e ignomínias que nós suportamos são

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mais honrosas e preciosas diante de Deus do que são todos os cetros, toda a pompa e

coisas honrosas, os quais os homens estão viciados. Isso, então, é como devemos chegar

ao nosso Senhor Jesus Cristo, e nos apegar de tal modo a Ele que possamos conhecer

que a riqueza Ele traz para nós é preciosa, e acima de tudo, quando Ele nos conduz por

Seu Evangelho, que nós possamos rejeitar todas as conveniências e confortos deste

mundo; de fato, que os mantenhamos em ódio quando eles nos desviam do bom caminho.

Resumidamente, que o nosso Senhor Jesus obtenha a honra que Ele merece, e de nossa

parte que não sejamos como canas agitadas por cada vento, mas que estejamos

fundamentados nEle, que clamemos a Deus, e na vida e na morte que a vitória seja dada

a nós visto que Ele já triunfou. E enquanto nós ainda estamos aqui abaixo que possamos

dar-Lhe honra ao reconhecer que é Ele Quem nos sustenta. Isto é o que Ele fará quando

realmente tivermos o nosso refúgio nEle: Ele fará isso, eu digo, não de uma forma comum,

mas milagrosamente. Pois, quando formos lançados até o fundo do abismo da morte, é o

Seu ofício retirar-nos dali e nos levar à herança celestial que Ele adquiriu com tanta afeição

para nós.

Agora, prostremo-nos em reverência humilde diante da majestade do nosso Deus.

Glorioso Deus! Oramos para que, pelo Teu Espírito Santo aplique o que de Ti há neste sermão aos

nossos corações e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.

Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos ao Conhecimento Salvador de

Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria !

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Fonte: Monergism.com

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida e Fiel).

Tradução por Camila Almeida │ Revisão e Capa por William Teixeira

***

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Uma Breve Biografia de João Calvino

João Calvino (1509 – 1564)

Nascido em 10 de Julho de 1509 em Noyon, França, João Calvino cresceu em uma família católica

romana tradicional. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do bispo local.

Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por alguns anos,

o menino conviveu e estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12 anos, recebeu

um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.

Aos 14 anos de idade, Calvino mudou-se para Paris, a fim de estudar no College de Marche e

preparar-se para a universidade. Seus estudos consistiam nas matérias: gramática, retórica, lógica,

aritmética, geometria, astronomia e música. Ao final de 1523, Calvino transferiu-se para a famosa

College Montaigu, uma espécie de escola do monastério. Nessa época, a educação de Calvino foi

custeada, em parte, pelo lucro de pequenas paróquias. Assim, embora os novos ensinos teológicos

de pessoas como Lutero e Jacques Lefevre d’Etaples estivessem se espalhando por toda Paris,

Calvino estava mais ligado à Igreja Romana. No entanto, em 1527, Calvino fez amizade com

pessoas que tinham uma visão reformada.

Esses contatos formaram o cenário para a eventual mudança de Calvino para a fé reformada.

Também, nessa época, o pai de Calvino o aconselhou a estudar direito ao invés de teologia.

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Em 1528, Calvino mudou-se para Orleans para estudar direito civil. Nos anos seguintes, estudou

em vários lugares e sob a orientação de vários eruditos, enquanto recebia uma educação

humanista.

Em 1532, Calvino terminou seus estudos na área de direito e também publicou seu primeiro livro,

um comentário sobre De Clementia [Sobre a Misericórdia], do filósofo romano Sêneca. No ano

seguinte, Calvino fugiu de Paris devido aos contatos que teve com pessoas que, através de

oratórias e escritos, se opunham à Igreja Católica Romana.

Diz-se que em 1533 Calvino tenha experimentado uma conversão súbita à fé evangélica, sobre a

qual escreveu em seu prefácio dos comentários sobre Salmos. Refugiou-se na casa de um amigo

em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a Noyon

e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido para o

francês por Olivétan (1535).

Em 1536, Calvino desvinculou-se da Igreja Católica Romana e fez planos para sair para sempre da

França e ir para Estrasburgo. Entretanto, a guerra entre Francisco I, rei da França, e Carlos V,

imperador do Sacro Império Romano, eclodiu, e Calvino decidiu fazer um desvio de uma noite para

Genebra. Mas a fama de Calvino em Genebra o precedeu. Guilherme Farel, um reformador local, o

convidou para ficar em Genebra, e convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois meses

antes abraçara a Reforma Protestante

Assim, começou uma longa, difícil, mas, finalmente, frutífera relação com a cidade de Genebra.

Calvino começou como professor e pregador, mas em 1538 foi convidado a deixar Genebra devido

a conflitos teológicos. Ele foi para Estrasburgo, onde ficou até 1541, ali residia o reformador Martin

Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou uma pequena igreja

de refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para a futura Academia

de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar protestantes e católicos. Escreveu

amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua primeira tradução francesa

(1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a Sadoleto (uma apologia da fé

reformada) e outras obras.

Sua estada ali como pastor de refugiados franceses foi tão pacífica e feliz que em 1541, quando o

Conselho de Genebra o convidou de volta, Calvino ficou profundamente dividido. Ele desejava

permanecer em Estrasburgo, mas sentiu grande responsabilidade em retornar para Genebra.

Em 1540, Calvino casou-se com uma de suas paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega

Farel oficiou a cerimônia. Diz-se que quando Calvino finalmente se casou com Idelette de Buren,

ele encontrou a única coisa necessária pela qual esteve procurando: um coração sincero e

obediente, piedoso para com Deus. Para Calvino e Idelette, tal piedade era fundamental para

enfrentar as dificuldades e os desafios da vida de casados. Embora pouco se saiba da vida de

Calvino e Idelette no lar, ao que tudo indica, ela era serena e piedosa apesar de suas muitas

tragédias e dificuldades.

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Em 1548, faleceu Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram morreu

ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos, inclusive

em outras regiões da Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças à sua

liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao

regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de Calvino.

Em 1559 ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua

cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destina-

da primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a última

edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo,

desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.

Calvino permaneceu em Genebra até a sua morte, em 27 de maio de 1564. Esses anos foram

preenchidos com aulas, pregações e escritos de comentários, tratados e várias edições de As

Institutas da Religião Cristã.

A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada,

inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos

emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as

palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó

Senhor, de modo pronto e sincero).

Calvino era acima de tudo um pregador e expositor das Sagradas Escrituras. Sua pregação era seu

forte e permanece como de influência sem paralelo até o presente. Sua teologia estava arraigada

na exegese porque a Palavra de Deus era para ele o padrão de toda verdade e direito. Seus

comentários ainda são os melhores dentre todos os disponíveis.

______________

♦ Esta Biografia é baseada nas seguintes fontes:

Site: www.MinisterioFiel.com/BibliotecaJoaoCalvino

BEEKE, Joel. Lições Práticas sobre a Vida de Idelette Calvino. Parte 1. Disponível em:

www.MulheresPiedosas.com.br. Acessado em: 06 de Junho de 2014.

HANKO, Herman. João Calvino. O Reformador Suíço. Disponível em: www.Monergismo.com. Acessado

em: 06 de Junho de 2014.

MATOS, Alderi de Souza. João Calvino. Síntese Biográfica. Disponível em: www.Mackenzie.com.br.

Acessado em: 06 de Junho de 2014.

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10 Sermões – Robert Murray M’Cheyne

Agonia de Cristo – Jonathan Edwards

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina

da Eleição

Cristo É Tudo Em Todos – Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável – John Flavel

Doutrina da Eleição, A – Arthur Walkington Pink

Eleição & Vocação – Robert Murray M’Cheyne

Excelência de Cristo, A – Jonathan Edwards

Gloriosa Predestinação, A – C. H. Spurgeon

Imcomparável Excelência e Santidade de Deus, A –

Jeremiah Burroughs

In Memoriam, A Canção dos Suspiros – Susannah Spurgeon

Jesus! - Charles Haddon Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração – C. H. Spurgeon

Livre Graça, A – C. H. Spurgeon

Paixão de Cristo, A – Thomas Adams

Plenitude do Mediador, A – John Gill

Porção do Ímpios, A – Jonathan Edwards

Quem São Os Eleitos? – C. H. Spurgeon

Reforma – C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta – R. M. M'Cheyne

Salvação Pertence Ao Senhor, A – C. H. Spurgeon

Sangue, O – C. H. Spurgeon

Semper Idem – Thomas Adams

Sermões de Páscoa – Adams, Pink, Spurgeom, Gill, Owen e

Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de Deus) –

C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A – J. Edwards

Tratado sobre a Oração, Um – John Bunyan

Verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, O – Paul D. Washer

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A Prática da Piedade, por Lewis Bayly – Editora PES

Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, por

John Bunyan – Editora Fiel

Um Guia Seguro Para o Céu, por Joseph Alleine –

Editora PES

O Peregrino, por John Bunyan – Editora Fiel

O Livro dos Mártires, por John Foxe – Editora Mundo

Cristão

O Diário de David Brainerd, compilado por Jonathan

Edwards – Editora Fiel

Os Atributos de Deus, por A. W. Pink – Editora PES

Por Quem Cristo Morreu? Por John Owen (baixe

gratuitamente no site FirelandMissions.com)

Deus é Soberano, por A. W. Pink – Editora Fiel

Quem Somos

O Estandarte de Cristo é um projeto cujo objetivo é proclamar a Palavra de Deus e o Santo

Evangelho de Cristo Jesus, para a glória do Deus da Escritura Sagrada, através de traduções

inéditas de textos de autores bíblicos fiéis, para o português. A nossa proposta é publicar e

divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores

àqueles como John Gill, Robert Murray McCheyne, Charles Haddon Spurgeon e Arthur

Walkington Pink. Nossas traduções estão concentradas nos escritos dos Puritanos e destes

últimos quatro autores.

O Estandarte é formado por pecadores salvos unicamente pela Graça do Santo e Soberano,

Único e Verdadeiro Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o testemunho das

Escrituras. Buscamos estudar e viver as Escrituras Sagradas em todas as áreas de suas vidas,

holisticamente; para que assim, e só assim, possamos glorificar nosso Deus e nos deleitar-mos

nEle desde agora e para sempre.

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2 Coríntios 4 1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho

está encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século

cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho

da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos,

mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6

Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus

Cristo. 7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder

seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos,

mas não desanimados. 9 Persegui-dos, mas não desamparados; abatidos, mas não

destruídos; 10

Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso

corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de

Jesus se manifeste também na nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte,

mas em vós a vida. 13

E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por

isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou

o Senhor Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar

a ação de graças para glória de Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso

homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa

leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.