João Calvino - Jesus no Getsêmani
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Transcript of João Calvino - Jesus no Getsêmani
Jesus no Getsêmani
João Calvino
Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos:
Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de
Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma
está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para
diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de
mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.”
– Mateus 26:36-39 –
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Algumas Citações deste Sermão
“Quando a Escritura fala-nos da nossa salvação, ela nos propõe três objetivos. Um deles é que
nós reconheçamos o amor inestimável que Deus mostrou por nós, para que Ele seja glorificado
por nós como Ele merece. Outro objetivo é que tenhamos tal abominação por nosso pecado como
é apropriado, e que tenhamos vergonha o suficiente para nos humilhar diante da majestade do
nosso Deus. O terceiro objetivo é que valorizemos a nossa salvação, de tal maneira que nos faça
abandonar o mundo e tudo que diz respeito a esta vida frágil, e que sejamos muito felizes com
essa herança que foi adquirida para nós a tal preço”.
“[...] é necessário valorizar a vida celestial como ela merece, para que saibamos a quão grande
custo ela foi comprada para nós”.
“Não há possibilidade de embalar-nos para dormir aqui por lisonja quando vemos que o Filho de
Deus está mergulhado em tal extremidade que parece que Ele está na profundidade do abismo.
Se isso tivesse acontecido apenas para um homem justo, poderíamos sermos tocados, é claro,
porque era necessário que um pobre inocente suportasse por nosso resgate como aconteceu com
o Filho de Deus. Mas aqui está Aquele que é a fonte da vida, Quem se sujeita à morte. Aqui está
Aquele que sustenta todo o mundo pelo Seu poder, Quem foi feito fraco a este ponto. Aqui está
Aquele que resgata as criaturas de todo o medo, Quem tem que passar por tal horror”.
“[...] é dito que o nosso Senhor Jesus levou apenas três dos seus discípulos e deixou a companhia
há uma boa distância, e novamente, Ele não levou os três por todo o caminho com Ele, mas Ele
orou a Deus, Seu Pai em segredo. Quando vemos isso, devemos notar que o nosso Senhor Jesus
não tinha companheiro quando ofereceu a Si mesmo como um sacrifício por nós, mas sozinho Ele
completou e cumpriu o que foi necessário para a nossa salvação”.
“E nós vemos até mesmo as blasfêmias que são a regra neste perverso papado, que os méritos
dos santos são para ajudar a morte e a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que, desta
forma, sejamos libertados e absolvidos diante de Deus. Mesmo se houvesse, dizem eles, a
remissão geral, tanto quanto a culpa do pecado original, bem como de nossos próprios pecados;
ainda deve haver uma mistura e o sangue de Jesus Cristo, não é suficiente se não for comple-
mentado com o sangue dos mártires, e nós devemos ter o nosso refúgio neles, a fim de ter o favor
de Deus. Quando o diabo tem, assim, se soltado devemos muito mais estar vigilantes para que
nos apeguemos ao nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo que somente nEle encontraremos a
plena perfeição da salvação”.
“[...] a nossa confiança seja afastada de todas as criaturas e que seja totalmente centrada em
nosso Senhor Jesus Cristo, se diz que Ele avançou para o combate. Além de dirigir a Deus, Seu
Pai Ele também nos mostra o remédio para nosso alívio de todas as nossos agonias, para ame-
nizar nossas dores, e até mesmo para nos elevar acima delas, mesmo que estejamos, por assim
dizer, afundados sob elas. Pois se estamos perturbados e em agonia, sabemos que Deus não é
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chamado em vão de Pai da Consolação. Se, então, nós estamos separados de Deus, onde vamos
encontrar a força, a menos que seja nEle? Vemos, no entanto, que Ele não quis Se poupar quan-
do precisamos dEle. Por isso, é o Filho de Deus que nos conduz por Seu exemplo ao verdadeiro
refúgio quando estamos em sofrimento e agonia”.
“Quanto a nós, que estamos cercados por essa massa de pecado, estamos tão sobrecarregados
que estamos longe da vontade de Deus, pois em todos as nossas afeições há algum excesso, há
ainda a rebelião manifesta muitas vezes”.
“Mas, como os homens, sendo descendentes de Adão, são como um lamaçal, onde há mais e
mais infecção misturada que não podemos contemplar o que esta paixão do nosso Senhor Jesus
Cristo deve ter sido, se a julgarmos pela nossa própria pessoa”.
“[...] quaisquer virtudes que haja em nós, Deus nos mostra vícios nelas a fim de que todo o orgu-
lho possa ser mais humilhado e que tenhamos ainda mais ocasião para inclinar nossas cabeças,
até estarmos constrangidos com vergonha, já que até mesmo o bem é corrompido pelo o pecado
que habita em nós e do qual estamos cheios em excesso”.
“[...] quando isso aconteceu que o nosso Senhor Jesus Cristo suportou tais agonias foi um sinal de
que Ele nos amou a tal ponto que Ele esqueceu até de Si próprio e sofreu toda a tempestade que
caiu sobre Sua cabeça, a fim de que pudéssemos ser libertos da ira de Deus”.
“Além do fato de que Deus nos leva para fora deste mundo e que somos aniquilados no que diz
respeito a esta vida, a morte é para nós uma entrada, por assim dizer, para o abismo do inferno.
Nós estaríamos alienados de Deus e destituídos de toda a esperança de salvação, quando é
falado de morte para nós, a menos que tenhamos esse remédio – que o nosso Senhor Jesus
Cristo a suportou por nossa causa, a fim de que agora, a ferida que estava ali não será fatal. Pois
sem Ele nós estaríamos tão assustados com a morte que não haveria mais esperança de
salvação para nós, mas agora o ferrão dela é quebrado. Mesmo o veneno é tão limpo que a morte
ao nos humilhar, serve hoje como remédio e não é mais fatal, agora que Jesus Cristo engoliu todo
o veneno que estava nela”.
“[...] devemos ter em mente, que o Filho de Deus ao clamar: „Meu Pai, se é possível, passe de
mim este cálice‟, considera não apenas o que Ele tinha que sofrer em Seu corpo, nem a desgraça
dos homens, nem de deixar a terra (por isso foi fácil para Ele), mas Ele considerou que estava
diante de Deus e diante do Seu trono judicial para responder por todos os nossos pecados, para
ver ali todas as maldições de Deus que julguemos o sofrimento do Filho de Deus por sua
verdadeira causa. Voltemos agora ao que nós já discutimos – que em um aspecto, podemos
perceber o quão cara a nossa salvação foi a Ele e quão preciosas eram as nossas almas para
Ele, quando Ele esteve disposto a ir a tal extremo por amor de nós; e sabendo o que merecíamos
olhemos para o que teria sido a nossa condição – se não tivéssemos sido resgatados por Ele. E
ainda alegremo-nos que a morte não tem mais poder sobre nós que possa nos machucar. É
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verdade que sempre estamos naturalmente temendo a morte e fugindo dela, mas ela nos faz
pensar nesse benefício inestimável que foi adquirido para nós pela morte do Filho de Deus”.
“Agora não podemos realmente esperar por nosso Senhor Jesus Cristo, a menos que tenhamos
entendido e estivermos convencidos de que Ele assim lutou contra os terrores da morte que, no
entanto, estamos libertos deles e que a vitória foi obtida por nós”.
“[...] ora, é verdade que temos a certeza que Jesus Cristo tanto combateu que Ele conquistou a
vitória não para Si mesmo, mas para nós, e não devemos duvidar de que por meio dEle podemos
agora superar todas as ansiedades, todos os medos, todas os desânimos, e que podemos invocar
a Deus, sendo assegurados que sempre Ele tem Seus braços estendidos para nos receber para
Si mesmo”.
“[...] que saibamos que não é um ensinamento especulativo que o nosso Senhor Jesus suportou
os terrores horríveis de morte, porquanto Ele sentiu que estava lá diante do nosso Juiz e Ele era a
nossa Garantia, de modo que hoje podemos em virtude de Sua luta, vencer sobre toda a nossa
enfermidade e persistir constantemente invocando o nome de Deus, não duvidando em nenhum
momento que Ele nos ouve, e que a Sua bondade está sempre pronta para nos receber para Si
mesmo e que, por isso significa que vamos passar por ambas, vida e a morte, através da água e
fogo, e vamos sentir que não é em vão que o nosso Senhor Jesus lutou para conquistar essa
vitória para todos aqueles que vêm a Ele pela fé”.
“Quando vemos que o nosso Senhor Jesus, em quem não havia nada além de sinceridade e
retidão, teve que ser sujeito a Deus Seu Pai, até mesmo a renunciar a Si mesmo, não é
importante que nós devamos nos entregar inteiramente a ele?”.
“Então, aprendamos a lutar mais bravamente. Mas vendo que não somos capazes e que, em vez
todos os nossos poderes e faculdades tendem para o mal e que não temos uma única partícula de
bem em nossa natureza e que há uma tal fraqueza que seríamos vencidos uma centena de vezes
a cada minuto, venhamos a Ele que se fez fraco para que possamos ser preenchidos com o Seu
poder, como diz São Paulo. Em seguida, assim é que, então, o nosso Senhor Jesus Cristo renun-
ciou a Si mesmo, para que possamos aprender a fazer o mesmo, se quisermos ser Seus discípu-
los. Vendo que não somos capazes de nós mesmos para ter sucesso nisso, mas que sempre
tendemos a ir pelo caminho errado, oremos para que pela virtude do Seu Espírito Santo Ele possa
governar em nós para nos fazer fortes. Como se diz, Ele sofreu na fraqueza de Sua carne, mas
em virtude do Seu Espírito Ele foi ressuscitado dentre os mortos, a fim de que sejamos partici-
pantes da luta que Ele sofreu e que nós possamos perceber o efeito e a excelência de Seu poder
em nós”.
“Devemos sempre reconhecer que não encontramos nada em nós que possa dar esperança de
salvação. E, portanto, devemos buscar nEle o que nos falta. Pois nós nunca podemos obter a
graça de Deus, nem nos aproximarmos dEle a menos que chegamos a Jesus Cristo como
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mendigos pobres, o que não pode ser feito até que tenhamos reconhecido a nossa pobreza e a
nossa indigência, em resumo, que nos falta tudo”.
“[...] saibamos que o nosso Senhor Jesus Cristo nos é dado não apenas como um exemplo, mas
Ele plenamente declarou-nos que se estamos separados dEle nossa vida necessariamente é
maldita e quando na morte vemos a profundidade de miséria, que veremos o poço da ira de Deus
pronto a nos engolir e que não seremos apreendido com um único terror, mas com um milhão, e
que todas as criaturas clamam por vingança contra nós. Portanto, temos de sentir tudo isso,
então, a fim de reconhecermos os pecados e gemermos e sermos constrangidos em nós mesmos,
e que tenhamos um desejo e a coragem de vir a Deus com uma verdadeira humildade e
arrependimento e que devemos apreciar a bondade e a misericórdia de nosso Deus, como está
visto aqui e que devemos ter a boca aberta para dar-Lhe um sacrifício de louvor, e que devemos
ser afastados das artimanhas de Satanás, que tem suas redes espalhadas para nos manter no
mundo, e que nós também deixemos nossas conveniências e nossos confortos, a fim de aspirar a
essa herança que foi comprada para nós a tal preço.”
“[...] o nosso Senhor Jesus nos convida tão gentilmente a Ele, não devemos ser o pior dos vilões,
se não somos afastados daquilo que nos afasta Dele?”.
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Jesus no Getsêmani Por João Calvino
“Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos:
Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de
Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma
está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para
diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de
mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” (Mateus 26:36-39)
Quando a Escritura fala-nos da nossa salvação, ela nos propõe três objetivos. Um deles é
que nós reconheçamos o amor inestimável que Deus mostrou por nós, para que Ele seja
glorificado por nós como Ele merece. Outro objetivo é que tenhamos tal abominação por
nosso pecado como é apropriado, e que tenhamos vergonha o suficiente para nos humi-
lhar diante da majestade do nosso Deus. O terceiro objetivo é que valorizemos a nossa
salvação, de tal maneira que nos faça abandonar o mundo e tudo que diz respeito a esta
vida frágil, e que sejamos muito felizes com essa herança que foi adquirida para nós a tal
preço. Sobre isso é que devemos fixar a nossa atenção e aplicar às nossas mentes
quando for mencionado para nós como o Filho de Deus nos redimiu da morte eterna e
adquiriu para nós a vida celestial. Devemos, então, em primeiro lugar aprender a dar a
Deus o louvor que Ele merece. De fato, Ele era bem capaz de nos resgatar das profunde-
zas insondáveis da morte de outra maneira, mas Ele quis mostrar os tesouros da Sua
infinita bondade, quando Ele não poupou Seu único Filho. E nosso Senhor Jesus, nesta
questão, quis nos dar uma garantia segura do cuidado que Ele tem por nós, quando Ele
ofereceu-Se voluntariamente à morte. Pois nós nunca seremos profundamente tocados
nem incendiados para louvar nosso Deus, a menos que, por outro lado, examinamos a
nossa condição, e vejamos que somos tão afundados no inferno, e saibamos o que é ter
provocado a ira de Deus e tê-lo como inimigo mortal e um juiz tão terrível e espantoso que
seria muito melhor se o céu e a terra e todas as criaturas conspirassem contra nós do que
nos aproximarmos de Sua majestade enquanto ele não está favorável a nós. Por isso, é
muito necessário que os pecadores estejam com o coração partido com um sentimento e
uma compreensão de suas faltas, e que eles necessariamente saibam que são piores do
que miseráveis, para que eles possam ter um horror de sua condição, a fim de que desta
maneira eles possam saber o quanto eles estão endividados e obrigados a Deus, que Ele
teve pena deles, que Ele os vê em desespero, e que Ele foi gentil o suficiente para ajudá-
los; não porque Ele vê neles qualquer dignidade, mas apenas porque Ele olha para sua
miséria. Agora, o fato é que também (como já dissemos), estamos rodeados por muitas
coisas aqui em baixo e que, quando Deus nos chamou a Si mesmo fomos segurados por
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nossas afeições e cobiça, por isso é necessário valorizar a vida celestial como ela
merece, para que saibamos a quão grande custo ela foi comprada para nós.
E é por isso que está aqui narrado para nós que o nosso Senhor Jesus Cristo não só
esteve disposto a sofrer a morte e ofereceu a Si mesmo como sacrifício para apaziguar a
ira de Deus Seu Pai, mas, a fim de que Ele seja real e totalmente nossa garantia, Ele não
Se recusou a arcar com as agonias que estão preparadas para todos aqueles cujas
consciências os desaprovam e que sentem-se culpados de morte eterna e condenação
diante de Deus. Notemos bem, então, que o Filho de Deus não se contentou apenas em
oferecer a Sua carne e sangue, e submetê-los à morte, mas Ele quis em medida completa
comparecer perante o tribunal de Deus, Seu Pai, em nome e pessoa de [...] pecadores,
estando, então, pronto para ser condenado, na medida em que Ele carregou o nosso
fardo. E não precisamos mais ter vergonha, uma vez que o Filho de Deus Se expôs a tal
humilhação. Não é sem motivo que São Paulo nos exorta ao seu exemplo de não ter
vergonha da pregação da Cruz; por mais tolo que possa ser para alguns e uma pedra de
tropeço para muitos. Pois quanto mais nosso Senhor Jesus Se humilhou, mais nós vemos
que as ofensas de que estamos em dívida para com Deus não poderiam ser abolidas a
menos que Ele fosse humilhado até o último grau. E, de fato, sabemos que Ele foi feito
fraco, a fim de que fôssemos fortalecidos pela Sua virtude, e que Ele está disposto a arcar
com todos os nossos sofrimentos, exceto o pecado, para que Ele possa estar pronto hoje
para nos ajudar. Pois se Ele não tivesse sentido em sua Pessoa os medos, as dúvidas e
os tormentos que sofremos, Ele não seria tão inclinado a ser misericordioso para conos-
co, como Ele é. Diz-se que um homem que não sabe o que é fome nem sede não será
movido pela compaixão ou humanidade para com aqueles que passam por isso, pois ele
sempre teve a vida fácil e viveu em seus prazeres. Agora, é verdade que Deus, embora
em Sua natureza Ele não carregue nenhuma das nossas paixões, não deixa de ser hu-
mano em relação a nós, porque Ele é a fonte de toda bondade e misericórdia. No entanto,
a fim de que possamos ter a certeza de que o nosso Senhor Jesus conhece nossas
fraquezas, a fim de aliviar-nos delas, e que possamos chegar muito mais corajosamente a
Ele e possamos falar com Ele mais familiarmente, o Apóstolo diz que por causa disso Ele
estava disposto a ser tentado como nós.
Assim, então, temos que perceber no texto que lemos que, quando o Senhor Jesus veio a
este vilarejo do Getsêmani, e até mesmo no monte das oliveiras, que isso era para
oferecer a Si mesmo como um sacrifício voluntário. E em que Ele quis cumprir o ofício e a
carga que estavam comprometidos a Ele. Pois, por que Ele assumiu nossa carne e
natureza, a não ser para reparar toda a nossa revolta por meio de Sua obediência,
adquirir para nós a justiça plena e perfeita diante de Deus seu Pai? E ainda Ele chegou a
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apresentar-Se para a morte, porque não podemos ser reconciliados nem podemos apazi-
guar a ira de Deus, que tinha sido provocada pelo pecado, a não ser por Sua obediência.
Esta, então, é a razão que o Filho de Deus veio corajosamente para tomar o lugar onde
Ele sabia que Judas iria encontrá-lo. E, assim, nós sabemos que era necessário, uma vez
que o nosso pai Adão, por sua rebelião, arruinou a todos nós, que o Filho de Deus, que
tem o controle soberano sobre todas as criaturas, deve submeter-Se e assumir a
condição de servo, como também Ele é chamado tanto um Servo de Deus e de todos os
Seus. E é também por isso que São Paulo, mostrando que devemos ter algum apoio para
invocá-lO em plena confiança de que seremos ouvidos como Seus filhos, diz que pela
obediência de nosso Senhor Jesus Cristo, somos reconhecidos como justos. Pois, isso é
como um manto que cobre todos os nossos pecados e ofensas, de modo que algo que
poderia nos impedir de obter a graça não é levado em conta diante de Deus. Mas, por
outro lado, vemos que o preço de nossa redenção foi muito caro, quando o nosso Senhor
Jesus Cristo está em tal agonia que Ele sofre os terrores da morte, de fato, até que o suor
seja como gotas de sangue pela qual Ele está, por assim dizer, fora de si orando, que se
fosse possível que Ele pudesse escapar de tal aflição. Quando vemos isso, é o suficiente
para nos trazer ao conhecimento de nossos pecados. Não há possibilidade de embalar-
nos para dormir aqui por lisonja quando vemos que o Filho de Deus está mergulhado em
tal extremidade que parece que Ele está na profundidade do abismo. Se isso tivesse
acontecido apenas para um homem justo, poderíamos sermos tocados, é claro, porque
era necessário que um pobre inocente suportasse por nosso resgate como aconteceu
com o Filho de Deus. Mas aqui está Aquele que é a fonte da vida, Quem se sujeita à
morte. Aqui está Aquele que sustenta todo o mundo pelo Seu poder, Quem foi feito fraco
a este ponto. Aqui está Aquele que resgata as criaturas de todo o medo, Quem tem que
passar por tal horror. Quando, então, é declarado para nós que seria mais do que estú-
pido, se cada um de nós não meditasse sobre isso, e, sendo revoltado com suas falhas e
iniquidades, não teria vergonha diante de Deus, ofegando e gemendo, e se até mesmo se
por esses meios não fôssemos levados a Deus com arrependimento verdadeiro.
Agora é impossível que os homens tornem-se retamente convertidos a Deus a menos que
eles estejam condenados em si mesmos e que tenham reconhecido o terror e a agonia da
maldição que está preparada para eles, a menos que eles sejam restaurados pela graça
de Deus. Mas, novamente, para melhor compreender o todo, é dito que o nosso Senhor
Jesus levou apenas três dos seus discípulos e deixou a companhia há uma boa distância,
e novamente, Ele não levou os três por todo o caminho com Ele, mas Ele orou a Deus,
Seu Pai em segredo. Quando vemos isso, devemos notar que o nosso Senhor Jesus não
tinha companheiro quando ofereceu a Si mesmo como um sacrifício por nós, mas sozinho
Ele completou e cumpriu o que foi necessário para a nossa salvação. E mesmo que seja
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novamente melhor indicado para nós, quando os discípulos dormem, e nem sequer po-
dem ser despertados, ainda que já houvessem sido avisados tantas vezes que a hora se
aproximava em que nosso Senhor Jesus teria de sofrer para a redenção da humanidade,
e que Ele lhes havia exortado por três ou quatro horas, nunca deixando de declarar-lhes
que a Sua morte se aproximava. Por mais verdadeiro que tudo fosse, eles não deixam de
dormir. Nisto é mostrado para nós como em um retrato vívido de que era necessário que
o Filho de Deus suportasse nossos fardos, pois Ele não poderia esperar outra coisa. E
isso é a fim de que nossa atenção seja fixada de forma a não vagar em pensamentos,
como vemos os pobres incrédulos que não podem fixar a sua atenção sobre o nosso
Senhor Jesus Cristo, mas que imaginam que eles devem ter protetores e defensores,
como se houvesse muitos redentores. E nós vemos até mesmo as blasfêmias que são a
regra neste perverso papado, que os méritos dos santos são para ajudar a morte e a
paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que, desta forma, sejamos libertados e absol-
vidos diante de Deus. Mesmo se houvesse, dizem eles, a remissão geral, tanto quanto a
culpa do pecado original, bem como de nossos próprios pecados; ainda deve haver uma
mistura e o sangue de Jesus Cristo, não é suficiente se não for complementado com o
sangue dos mártires, e nós devemos ter o nosso refúgio neles, a fim de ter o favor de
Deus. Quando o diabo tem, assim, se soltado devemos muito mais estar vigilantes para
que nos apeguemos ao nosso Senhor Jesus Cristo, sabendo que somente nEle encon-
traremos a plena perfeição da salvação. E é por isso que é dito, nomeadamente, pelo
profeta Isaías que Deus ficou maravilhado, vendo que não havia nenhuma ajuda em
qualquer outro lugar.
Agora, é verdade que Deus bem sabia que somente Ele deveria aperfeiçoar a nossa
salvação, mas é para que possamos nos envergonhar, e que não possamos ser hipócritas
como se nós trouxéssemos alguma coisa para ajudar na remissão dos nossos pecados e
fazer com que Deus nos receba em Sua graça e amor, para que não corramos de um
lado para o outro para encontrar mediadores. Então, que tal ideia possa ser banida, diz-se
que Deus tem usado o seu próprio braço, e que Ele já completou tudo por Sua justiça, e
Ele não encontrou ninguém para ajudá-lo. Agora isso é declarado para nós com extrema
clareza quando se diz que três dos discípulos, aqueles que eram a flor entre todos,
estavam dormindo lá como pobres feras e que não havia nada mais do que a estupidez
brutal neles, o que é uma monstruosidade contra a natureza ver que eles dormiam em um
momento tão fatal. Em seguida, a fim de que a nossa confiança seja afastada de todas as
criaturas e que seja totalmente centrada em nosso Senhor Jesus Cristo, se diz que Ele
avançou para o combate. Além de dirigir a Deus, Seu Pai Ele também nos mostra o
remédio para nosso alívio de todas as nossos agonias, para amenizar nossas dores, e até
mesmo para nos elevar acima delas, mesmo que estejamos, por assim dizer, afundados
sob elas. Pois se estamos perturbados e em agonia, sabemos que Deus não é chamado
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em vão de Pai da Consolação. Se, então, nós estamos separados de Deus, onde vamos
encontrar a força, a menos que seja nEle? Vemos, no entanto, que Ele não quis Se pou-
par quando precisamos dEle. Por isso, é o Filho de Deus que nos conduz por Seu exem-
plo ao verdadeiro refúgio quando estamos em sofrimento e agonia.
Mas observemos também a forma de oração que Ele usa: "Pai, se é possível, afasta de
mim esse cálice", ou esta bebida, pois é uma figura de linguagem quer Ele fale de uma
taça ou de um copo, tudo o mais porque a Escritura chama as aflições de bebidas amar-
gas, a fim de que possamos saber que nada acontece por acaso, mas que Deus como um
pai de família distribui a cada um de seus filhos a sua parte, ou como um mestre aos seus
servos, assim, Deus mostra que é dEle e por Sua mão que eles são açoitados e aflitos, e
também quando recebemos as coisas boas, que elas procedem de Sua imerecida
bondade amorosa e Ele nos dá o tanto quanto Ele quer nos dar. Agora de acordo com
esta forma de proceder, nosso Senhor Jesus diz que a morte é para Ele uma bebida tão
amarga que Ele preferiria que fosse tirada dele, isto é, "se fosse possível." É verdade que
se poderiam levantar aqui muitas perguntas, pois isso poderia parecer que por um
instante Jesus Cristo esquecera a nossa salvação, ou, ainda pior, que abandonando a
luta Ele quis nos deixar em um estado perdido por conta do terror que Ele sentiu.
Agora, isso não estaria de acordo com o que dissemos. E até mesmo o amor que Ele nos
mostrou seria muito obscurecido. Mas não temos de entrar em qualquer disputa tão sutil,
porque sabemos que o sofrimento, por vezes, arrebata tanto o espírito de um homem que
ele não pensa em nada; mas ele está tão pesaroso pelo sofrimento presente que ele
deixa isso derrubá-lo e não se importa com os meios para poder restaurar a si mesmo.
Quando, então, estamos, portanto, temporariamente fora de nós mesmos isso não quer
dizer que todo o resto é completamente apagado de nossos corações e que não temos
afeto. Como, por exemplo, aquele que vai pensar em alguma aflição da Igreja, especial-
mente uma aflição particular, vai orar a Deus como se o resto do mundo fosse para ele
como nada. Agora isso quer dizer que ele tem se tornou desumano e que ele não se
preocupa com seus irmãos que também têm necessidade de que ele deve orar por eles?
Nem por isso, mas é que esse sentimento leva-o com tal veemência que todo o restante é
cortado dele por um tempo. Moisés pede para ser retirado do livro da vida. Se quisés-
semos criar polêmicas sobre isso diríamos que Moisés está blasfemado contra Deus por
falar como se Ele fosse mutável. Pois aqueles a quem Deus escolheu para a vida eterna
nunca podem perecer. Assim, parece que Moisés luta aqui contra Deus e que ele quer
fazer Ele à nossa semelhança, cujo conselho e fala muda com frequência. E então que
honra ele dá a Deus quando ele sabe que ele é um de Seus eleitos, e ele sabe que Deus
o havia marcado desde a infância a ser comprometido com uma carga tão excelente
como sendo um líder de Seu povo e ainda assim ele pede para ser, por assim dizer,
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rejeitado e exterminado por Deus? E a que isso leva? Pode-se, então, discutir muito. Mas
a solução é fácil, em que Moisés, com um zelo tão ardente pela salvação das pessoas,
vendo também a ameaça terrível que Deus havia pronunciado com a boca, esquece a si
mesmo por um pouco de tempo e por um minuto, apenas pede que ele possa ajudar seu
povo. Para este estado de espírito, nosso Senhor Jesus tinha sido levado. Pois se tivesse
sido necessário que Ele sofresse uma centena de mortes, até mesmo um milhão, é certo
que Ele teria sido preparado anteriormente. Mas porque que Ele quis, não tanto por Si
como por nós, suportar as agonias que O mergulharam até aquele ponto, como vemos. O
bastante sobre este assunto.
Agora para complementar. Se alguém perguntar como Jesus Cristo, que é inteiramente
justo, que foi o Cordeiro sem mancha, e quem tem sido ainda a regra e espelho de toda a
justiça, santidade e perfeição, tem uma vontade contraditória à de Deus; a resposta para
isso é que Deus tem em Si mesmo toda a perfeição da retidão, enquanto que os anjos,
por mais que estejam em conformidade com a vontade de Deus e são totalmente
obedientes a Ele, no entanto, têm uma vontade independente. Pois, por mais que sejam
criaturas, eles podem ter afeições que não pertencem por direito a Deus. Quanto a nós,
que estamos cercados por essa massa de pecado, estamos tão sobrecarregados que
estamos longe da vontade de Deus, pois em todos as nossas afeições há algum excesso,
há ainda a rebelião manifesta muitas vezes. Mas se considerarmos o homem na sua
integridade, ou seja, sem esta corrupção do pecado, mais uma vez, é certo que ele terá
suas afeições à parte de Deus, e ainda assim eles não vão por conta disso ser viciosos.
Como quando Adão ainda não era pervertido e ele persistiu na propriedade e condição
em que ele tinha sido criado, aconteceu que ele sentia tanto quente e frio e que ele teve
de suportar tanto ansiedades e medos e coisas semelhantes.
Foi assim que aconteceu com o nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos que em todos os
seus sentimentos Ele não tinha nem mancha e nem defeito, que em tudo Ele foi
governado por obediência a Deus, mas ainda assim Ele não estava impedido (porque Ele
tomou a nossa natureza) de ser exposto tanto ao temor, e este horror de que é agora
falado, e ansiedades, e coisas semelhantes. Nós não somos capazes de perceber isso
em nós mesmos, como que em águas turbulentas, alguém não consegue distinguir nada.
Assim, os afetos humanos nos fazem ir de um lado para o outro para nos dar essas
emoções que precisam ser contidas por Deus. Mas, como os homens, sendo descen-
dentes de Adão, são como um lamaçal, onde há mais e mais infecção misturada que não
podemos contemplar o que esta paixão do nosso Senhor Jesus Cristo deve ter sido, se a
julgarmos pela nossa própria pessoa. Pois mesmo se tivermos um bom objetivo e uma
afeição correta, em si, e aprovada por Deus, ainda assim, sempre falta algo. Não é uma
coisa boa e santa, quando um pai ama seus filhos? E aí pecamos novamente. Pois não
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há regra ou moderação, como é exigido. Pois, quaisquer virtudes que haja em nós, Deus
nos mostra vícios nelas a fim de que todo o orgulho possa ser mais humilhado e que
tenhamos ainda mais ocasião para inclinar nossas cabeças, até estarmos constrangidos
com vergonha, já que até mesmo o bem é corrompido pelo o pecado que habita em nós e
do qual estamos cheios em excesso.
Além disso, na medida em que nosso Senhor Jesus Cristo está em causa (como já disse)
não devemos nos surpreender se Ele tinha (na medida em que Ele era homem) uma
vontade diferente da de Deus Pai, mas por conta disso não devemos julgar que aqui
houve qualquer vício ou transgressão nEle. E mesmo (como já observamos), nisso vamos
ver o amor inestimável que Ele carregava por nós quando a morte era para Ele tão terrível
e, no entanto, Ele se submeteu a ela por Seu próprio prazer. E mesmo que Ele não
tivesse tido qualquer repugnância a ela, e mesmo que sem relutância Ele provasse do
cálice, sem sentir qualquer amargura, que tipo de redenção teria sido essa? Pareceria
como se tivesse sido apenas uma brincadeira, mas quando isso aconteceu que o nosso
Senhor Jesus Cristo suportou tais agonias foi um sinal de que Ele nos amou a tal ponto
que Ele esqueceu até de Si próprio e sofreu toda a tempestade que caiu sobre Sua
cabeça, a fim de que pudéssemos ser libertos da ira de Deus.
Agora ainda falta notar que quando o Filho de Deus agonizava de tal maneira que não era
porque Ele teve que deixar o mundo. Pois, se tivesse sido apenas a separação de corpo e
alma, com os tormentos que ele teve de suportar em Seu corpo, isso não O teria levado a
tal ponto. Mas é preciso observar a qualidade da sua morte e até mesmo rastrear sua
origem. Pois a morte não é apenas para dissolver o homem, mas para fazê-lo sentir a
maldição de Deus. Além do fato de que Deus nos leva para fora deste mundo e que
somos aniquilados no que diz respeito a esta vida, a morte é para nós uma entrada, por
assim dizer, para o abismo do inferno. Nós estaríamos alienados de Deus e destituídos de
toda a esperança de salvação, quando é falado de morte para nós, a menos que
tenhamos esse remédio – que o nosso Senhor Jesus Cristo a suportou por nossa causa,
a fim de que agora, a ferida que estava ali não será fatal. Pois sem Ele nós estaríamos
tão assustados com a morte que não haveria mais esperança de salvação para nós, mas
agora o ferrão dela é quebrado. Mesmo o veneno é tão limpo que a morte ao nos
humilhar, serve hoje como remédio e não é mais fatal, agora que Jesus Cristo engoliu
todo o veneno que estava nela.
Isto, então, é o que devemos ter em mente, que o Filho de Deus ao clamar: "Meu Pai, se
é possível, passe de mim este cálice", considera não apenas o que Ele tinha que sofrer
em Seu corpo, nem a desgraça dos homens, nem de deixar a terra (por isso foi fácil para
Ele), mas Ele considerou que estava diante de Deus e diante do Seu trono judicial para
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responder por todos os nossos pecados, para ver ali todas as maldições de Deus que
estão prontas para cair sobre nós. Pois, mesmo que haja apenas um único pecador, o
que seria a ira de Deus? Quando se diz que Deus é contra nós, que Ele quer mostrar o
Seu poder para nos destruir, ai! onde estamos, então? Agora era necessário que Jesus
Cristo lute não só contra tal terror, mas contra todas as crueldades que alguém poderia
infligir. Quando, então, vemos que Deus convoca todos aqueles que têm merecido a com-
denação eterna e que são culpados de pecado e que Ele está lá para pronunciar a
sentença, como eles têm merecido, quem não conceberia em plena medida todas as
mortes, dúvidas e terrores que poderiam estar em cada um? E que profundidade haverá
nisso! Agora era necessário que o nosso Senhor Jesus Cristo, por Si mesmo, sem ajuda
sustentasse tal fardo. Então, julguemos o sofrimento do Filho de Deus por sua verdadeira
causa. Voltemos agora ao que nós já discutimos – que em um aspecto, podemos perce-
ber o quão cara a nossa salvação foi a Ele e quão preciosas eram as nossas almas para
Ele, quando Ele esteve disposto a ir a tal extremo por amor de nós; e sabendo o que
merecíamos olhemos para o que teria sido a nossa condição – se não tivéssemos sido
resgatados por Ele. E ainda alegremo-nos que a morte não tem mais poder sobre nós que
possa nos machucar. É verdade que sempre estamos naturalmente temendo a morte e
fugindo dela, mas ela nos faz pensar nesse benefício inestimável que foi adquirido para
nós pela morte do Filho de Deus. Isto é, a fim de fazer-nos sempre considerar o que é a
morte em si mesma, como ela envolve a ira de Deus, e é, por assim dizer, o abismo do
inferno. Além disso, quando temos que lutar contra esse medo saibamos que nosso
Senhor Jesus Cristo proveu por todos aqueles medos para que, em meio à morte,
possamos estar diante de Deus com as cabeças erguidas.
É verdade que nós temos que nos humilhar diante de todas as coisas, como já disse, isso
é muito necessário, a fim de que odiemos os nossos pecados e estejamos descontentes
com nós mesmos para sermos tocado pelo juízo de Deus, para nos assustarmos com ele.
Mas ainda temos de levantar a cabeça quando Deus nos chama para Si mesmo. E esta é
também a coragem que é dada a todos os crentes! Assim, vemos que São Paulo diz,
Jesus Cristo preparou uma coroa para todos aqueles que esperam por Sua vinda. Se,
então, não temos mais esperança de vida ao vir perante o Juiz celestial, é certo que
seremos rejeitados por Ele e que Ele não nos conhece, mesmo que Ele nos negará, por
mais que professemos o Cristianismo.
Agora não podemos realmente esperar por nosso Senhor Jesus Cristo, a menos que
tenhamos entendido e estivermos convencidos de que Ele assim lutou contra os terrores
da morte que, no entanto, estamos libertos deles e que a vitória foi obtida por nós. E
mesmo que nós temos que lutar para nos fazer sentir a nossa enfermidade, para nos
fazer procurar refúgio em Deus, sempre, para nos conduzir a uma verdadeira confissão
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de nossos pecados, para que apenas o próprio Deus seja justo, ora, é verdade que temos
a certeza que Jesus Cristo tanto combateu que Ele conquistou a vitória não para Si
mesmo, mas para nós, e não devemos duvidar de que por meio dEle podemos agora
superar todas as ansiedades, todos os medos, todas os desânimos, e que podemos
invocar a Deus, sendo assegurados que sempre Ele tem Seus braços estendidos para
nos receber para Si mesmo.
Isto, então, é o que devemos considerar: para que saibamos que não é um ensinamento
especulativo que o nosso Senhor Jesus suportou os terrores horríveis de morte, porquan-
to Ele sentiu que estava lá diante do nosso Juiz e Ele era a nossa Garantia, de modo que
hoje podemos em virtude de Sua luta, vencer sobre toda a nossa enfermidade e persistir
constantemente invocando o nome de Deus, não duvidando em nenhum momento que
Ele nos ouve, e que a Sua bondade está sempre pronta para nos receber para Si mesmo
e que, por isso significa que vamos passar por ambas, vida e a morte, através da água e
fogo, e vamos sentir que não é em vão que o nosso Senhor Jesus lutou para conquistar
essa vitória para todos aqueles que vêm a Ele pela fé. Isso é, então, em uma palavra, o
que temos que ter em mente.
Agora, no entanto, vemos como devemos lutar contra nossos afetos, e se não o fizermos,
é impossível para nós movermos um dedo pelo que não provocaremos em plena medida
a ira de Deus. Pois, contemplem o nosso Senhor Jesus Cristo, que é puro e íntegro, como
já declarado. Se alguém perguntar qual era a Sua vontade, é verdade que era fraca como
a vontade de um homem, mas não era viciosa como a vontade daqueles que estão cor-
rompidos em Adão, pois não havia um único ponto do pecado nEle. Eis, então, um
homem que está isento de todos os vícios. Mas, por mais que seja assim, ainda é
necessário que Ele esvazie a Si mesmo e que Ele se esforce ao limite e que Ele, final-
mente, renuncie a Si mesmo, e que Ele coloque tudo isso sob os pés, para render obedi-
ência a Deus, Seu Pai. Vejamos agora o que será de nós. Quais são os nossos afetos? E
os nossos pensamentos? Todos esses são inimigos que lutam contra Deus, como diz;
São Paulo. Aqui Deus declara que somos totalmente perversos e que tudo o que o
homem pode imaginar, é apenas falsidade e vaidade. Mesmo a partir de nossa infância,
mostramos que estamos envoltos na infecção completa do pecado. Filhinhos vindos ao
mundo, embora a malícia não apareça, nem sempre deixam de ser pequenas serpentes
cheias de veneno, malícia e desprezo. Nisto nós realmente percebemos o que está em
nossa natureza, mesmo desde o início. E quando nos tornamos de idade, o que somos,
então? Somos (como já disse), tão maus que nós não sabemos como conceber um único
pensamento que não é, ao mesmo tempo rebelião contra Deus, de modo que não
sabemos se nos aplicamos a isto ou aquilo, uma vez que sempre nos desviamos da
verdadeira norma, mesmo se não chegarmos a um confronto com Deus de uma forma
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provocativa. Que luta, então, é necessária para chamar-nos de volta para o bem! Quando
vemos que o nosso Senhor Jesus, em quem não havia nada além de sinceridade e
retidão, teve que ser sujeito a Deus Seu Pai, até mesmo a renunciar a Si mesmo, não é
importante que nós devamos nos entregar inteiramente a ele?
Então, aprendamos a lutar mais bravamente. Mas vendo que não somos capazes e que,
em vez todos os nossos poderes e faculdades tendem para o mal e que não temos uma
única partícula de bem em nossa natureza e que há uma tal fraqueza que seríamos
vencidos uma centena de vezes a cada minuto, venhamos a Ele que se fez fraco para
que possamos ser preenchidos com o Seu poder, como diz São Paulo. Em seguida,
assim é que, então, o nosso Senhor Jesus Cristo renunciou a Si mesmo, para que
possamos aprender a fazer o mesmo, se quisermos ser Seus discípulos. Vendo que não
somos capazes de nós mesmos para ter sucesso nisso, mas que sempre tendemos a ir
pelo caminho errado, oremos para que pela virtude do Seu Espírito Santo Ele possa
governar em nós para nos fazer fortes. Como se diz, Ele sofreu na fraqueza de Sua
carne, mas em virtude do Seu Espírito Ele foi ressuscitado dentre os mortos, a fim de que
sejamos participantes da luta que Ele sofreu e que nós possamos perceber o efeito e a
excelência de Seu poder em nós. Este, então, em resumo, é o que temos que lembrar
quando se diz que Cristo renunciou toda a Sua vontade, a fim de submeter totalmente a
Deus Seu Pai.
Agora, no entanto, temos sempre que lembrar que o Filho de Deus não veio aqui propor a
Si mesmo para ser apenas um exemplo e um espelho, mas Ele quer nos mostrar quão
preciosamente a nossa salvação Lhe custou. Pois o diabo, desejando obscurecer a
infinita graça de Deus, que foi mostrada a nós em nossa redenção, disse que Jesus Cristo
foi apenas, por assim dizer, o modelo de todas as virtudes. Contemplem como os fingidos
lamuriosos em toda a visão Papal o balbuciam. Não somente eles não sabem como
deduzir o que a obediência é, nem o que é auto-renúncia, mas eles dizem, o que o
escritor do Evangelho diz de Jesus Cristo é, a fim de que possamos segui-lo e para que
sejamos conformados com Ele. Agora isso é, com certeza, alguma coisa, mas não é tudo,
nem mesmo a coisa principal. Pois um anjo poderia muito bem ter sido enviado para que
pudéssemos tê-lo seguido, mas quando Jesus Cristo foi o Redentor do mundo Ele
submeteu-se e foi objeto de sua livre e espontânea vontade a essa condição tão
miserável, como vemos aqui. Devemos sempre reconhecer que não encontramos nada
em nós que possa dar esperança de salvação. E, portanto, devemos buscar nEle o que
nos falta. Pois nós nunca podemos obter a graça de Deus, nem nos aproximarmos dEle a
menos que chegamos a Jesus Cristo como mendigos pobres, o que não pode ser feito até
que tenhamos reconhecido a nossa pobreza e a nossa indigência, em resumo, que nos
falta tudo.
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Isto, então, é o que temos que ter em mente a fim de que, depois de ter ouvido que toda a
perfeição da nossa vida é tornar-nos obedientes a Deus e depois a renunciar nossas
afeições e pensamentos e toda a nossa natureza para estarmos de acordo com Ele,
também depois de ter ouvido que devemos pedir a Deus o que nós não possuímos,
saibamos que o nosso Senhor Jesus Cristo nos é dado não apenas como um exemplo,
mas Ele plenamente declarou-nos que se estamos separados dEle nossa vida necessari-
amente é maldita e quando na morte vemos a profundidade de miséria, que veremos o
poço da ira de Deus pronto a nos engolir e que não seremos apreendido com um único
terror, mas com um milhão, e que todas as criaturas clamam por vingança contra nós.
Portanto, temos de sentir tudo isso, então, a fim de reconhecermos os pecados e
gemermos e sermos constrangidos em nós mesmos, e que tenhamos um desejo e a
coragem de vir a Deus com uma verdadeira humildade e arrependimento e que devemos
apreciar a bondade e a misericórdia de nosso Deus, como está visto aqui e que devemos
ter a boca aberta para dar-Lhe um sacrifício de louvor, e que devemos ser afastados das
artimanhas de Satanás, que tem suas redes espalhadas para nos manter no mundo, e
que nós também deixemos nossas conveniências e nossos confortos, a fim de aspirar a
essa herança que foi comprada para nós a tal preço.
E desde que no próximo dia do Senhor receberemos a Santa Ceia e porque Deus, depois
de ter aberto para nós o Reino dos céus, apresenta-nos aqui um banquete espiritual para
que sejamos ainda mais tocados por este ensinamento: De fato, quando nós comemos e
bebemos diariamente para reestabelecermos nossas forças, Deus declara suficientemen-
te para nós que Ele é o nosso Pai e que Ele cuida de nossos frágeis corpos terrestres, de
modo que não se pode comer um pedaço de pão sem ter o testemunho de que Deus
cuida de nós, mas, na Ceia do Senhor há uma razão especial. Porque Deus não enche
nossos estômagos nela, mas Ele nos transporta para o Reino dos céus. Ele coloca diante
de nós o nosso Senhor Jesus, seu Filho por comida e bebida. Jesus Cristo não está satis-
feito apenas em receber-nos em Sua mesa, mas Ele quer ser em todos os aspectos a
nossa comida. Ele nos faz sentir pelo efeito que Seu corpo é verdadeiramente carne para
nós e Seu sangue bebida. Quando, então, vemos que o nosso Senhor Jesus nos convida
tão gentilmente a Ele, não devemos ser o pior dos vilões, se não somos afastados daquilo
que nos afasta Dele? E mesmo que nós venhamos arrastando o pé, não fiquemos tristes
por causa de nossos vícios, a fim de nos aproximarmos de Deus e obrigar-nos na medida
em que será possível para nós, estar separados deste mundo e aspirarmos ao Reino dos
céus.
Então, que cada um observe que benefício a Santa Ceia deve conferir a nós. Pois vemos
que o nosso Senhor Jesus nos chama a Ele para participar da Sua morte e paixão, que
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devemos desfrutar do benefício que Ele adquiriu para nós e, por isso, significa que
devemos estar totalmente certos de que Deus declara que somos Seus filhos e que nós
podemos reclamá-lO abertamente como nosso Pai. Tragamos uma fé verdadeira sabendo
por que nosso Senhor Jesus foi enviado por Deus Pai, o que Seu oficio é, e como Ele
ainda hoje é o nosso Mediador como Ele sempre foi. Além disso, vamos tentar ser tão
unidos a Ele, que isso possa ser dito não apenas para cada um de nós, mas para todos
em geral. Tenhamos concordância mútua e fraternidade em conjunto, uma vez que Ele
sofreu e suportou a condenação que foi pronunciada por Deus Pai sobre todos nós. Por
isso, vamos apontar para isso, e deixar que cada um venha aqui não só por si mesmo
(como já disse), mas tente chamar a nossos companheiros para Ele, e deixe-nos assim
exortar uns aos outros sobre caminhar firmemente, observando sempre que a nossa vida
é como uma estrada que deve ser seguida até o fim, e que não devemos nos cansar no
meio do caminho, mas vamos lucrar tanto no dia a dia, e vamos nos dar ao trabalho de
nos aproximar daqueles que estão fora da estrada; que esta seja toda a nossa alegria, a
nossa vida, a nossa glória e contentamento, e deixe-nos ajudar uns aos outros assim até
que Deus nos reúna totalmente para Si mesmo.
Agora, prostremo-nos em humilde reverência diante da majestade do nosso Deus.
Glorioso Deus! Oramos para que, pelo Teu Espírito Santo aplique o que de Ti há neste sermão aos
nossos corações e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.
Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos ao Conhecimento Salvador de
Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria !
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Fonte: Monergism.com
As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida e Fiel).
Tradução por Amanda Ramalho │ Revisão por Camila Almeida │ Capa por William Teixeira
***
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Uma Breve Biografia de João Calvino
João Calvino (1509 – 1564)
Nascido em 10 de Julho de 1509 em Noyon, França, João Calvino cresceu em uma família
católica romana tradicional. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do
bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por
alguns anos, o menino conviveu e estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12
anos, recebeu um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.
Aos 14 anos de idade, Calvino mudou-se para Paris, a fim de estudar no College de Marche e
preparar-se para a universidade. Seus estudos consistiam nas matérias: gramática, retórica,
lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Ao final de 1523, Calvino transferiu-se para a
famosa College Montaigu, uma espécie de escola do monastério. Nessa época, a educação de
Calvino foi custeada, em parte, pelo lucro de pequenas paróquias. Assim, embora os novos
ensinos teológicos de pessoas como Lutero e Jacques Lefevre d’Etaples estivessem se
espalhando por toda Paris, Calvino estava mais ligado à Igreja Romana. No entanto, em 1527,
Calvino fez amizade com pessoas que tinham uma visão reformada.
Esses contatos formaram o cenário para a eventual mudança de Calvino para a fé reformada.
Também, nessa época, o pai de Calvino o aconselhou a estudar direito ao invés de teologia.
Em 1528, Calvino mudou-se para Orleans para estudar direito civil. Nos anos seguintes, estudou
em vários lugares e sob a orientação de vários eruditos, enquanto recebia uma educação
humanista.
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Em 1532, Calvino terminou seus estudos na área de direito e também publicou seu primeiro livro,
um comentário sobre De Clementia [Sobre a Misericórdia], do filósofo romano Sêneca. No ano
seguinte, Calvino fugiu de Paris devido aos contatos que teve com pessoas que, através de
oratórias e escritos, se opunham à Igreja Católica Romana.
Diz-se que em 1533 Calvino tenha experimentado uma conversão súbita à fé evangélica, sobre a
qual escreveu em seu prefácio dos comentários sobre Salmos. Refugiou-se na casa de um amigo
em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a
Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido
para o francês por Olivétan (1535).
Em 1536, Calvino desvinculou-se da Igreja Católica Romana e fez planos para sair para sempre
da França e ir para Estrasburgo. Entretanto, a guerra entre Francisco I, rei da França, e Carlos V,
imperador do Sacro Império Romano, eclodiu, e Calvino decidiu fazer um desvio de uma noite
para Genebra. Mas a fama de Calvino em Genebra o precedeu. Guilherme Farel, um reformador
local, o convidou para ficar em Genebra, e convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois
meses antes abraçara a Reforma Protestante
Assim, começou uma longa, difícil, mas, finalmente, frutífera relação com a cidade de Genebra.
Calvino começou como professor e pregador, mas em 1538 foi convidado a deixar Genebra
devido a conflitos teológicos. Ele foi para Estrasburgo, onde ficou até 1541, ali residia o
reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou
uma pequena igreja de refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para
a futura Academia de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar protestantes e
católicos. Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua
primeira tradução francesa (1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a
Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras.
Sua estada ali como pastor de refugiados franceses foi tão pacífica e feliz que em 1541, quando o
Conselho de Genebra o convidou de volta, Calvino ficou profundamente dividido. Ele desejava
permanecer em Estrasburgo, mas sentiu grande responsabilidade em retornar para Genebra.
Em 1540, Calvino casou-se com uma de suas paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega
Farel oficiou a cerimônia. Diz-se que quando Calvino finalmente se casou com Idelette de Buren,
ele encontrou a única coisa necessária pela qual esteve procurando: um coração sincero e
obediente, piedoso para com Deus. Para Calvino e Idelette, tal piedade era fundamental para
enfrentar as dificuldades e os desafios da vida de casados. Embora pouco se saiba da vida de
Calvino e Idelette no lar, ao que tudo indica, ela era serena e piedosa apesar de suas muitas
tragédias e dificuldades.
Em 1548, faleceu Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram
morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos,
inclusive em outras regiões da Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças
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à sua liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao
regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de
Calvino.
Em 1559 ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua
cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destina-
da primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a
última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo,
desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.
Calvino permaneceu em Genebra até a sua morte, em 27 de maio de 1564. Esses anos foram
preenchidos com aulas, pregações e escritos de comentários, tratados e várias edições de As
Institutas da Religião Cristã.
A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada,
inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos
emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as
palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó
Senhor, de modo pronto e sincero).
Calvino era acima de tudo um pregador e expositor das Sagradas Escrituras. Sua pregação era
seu forte e permanece como de influência sem paralelo até o presente. Sua teologia estava
arraigada na exegese porque a Palavra de Deus era para ele o padrão de toda verdade e direito.
Seus comentários ainda são os melhores dentre todos os disponíveis.
______________
♦ Esta Biografia é baseada nas seguintes fontes:
Site: www.MinisterioFiel.com/BibliotecaJoaoCalvino
BEEKE, Joel. Lições Práticas sobre a Vida de Idelette Calvino. Parte 1. Disponível em:
www.MulheresPiedosas.com.br. Acessado em: 06 de Junho de 2014.
HANKO, Herman. João Calvino. O Reformador Suíço. Disponível em: www.Monergismo.com. Acessado
em: 06 de Junho de 2014.
MATOS, Alderi de Souza. João Calvino. Síntese Biográfica. Disponível em: www.Mackenzie.com.br.
Acessado em: 06 de Junho de 2014.
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Agonia de Cristo – Jonathan Edwards
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Cristo, Totalmente Desejável – John Flavel
Doutrina da Eleição, A – Arthur Walkington Pink
Eleição & Vocação – Robert Murray M’Cheyne
Excelência de Cristo, A – Jonathan Edwards
Gloriosa Predestinação, A – C. H. Spurgeon
Imcomparável Excelência e Santidade de Deus, A –
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In Memoriam, A Canção dos Suspiros – Susannah Spurgeon
Jesus! - Charles Haddon Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração – C. H. Spurgeon
Livre Graça, A – C. H. Spurgeon
Paixão de Cristo, A – Thomas Adams
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Porção do Ímpios, A – Jonathan Edwards
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Salvação Pertence Ao Senhor, A – C. H. Spurgeon
Sangue, O – C. H. Spurgeon
Semper Idem – Thomas Adams
Sermões de Páscoa – Adams, Pink, Spurgeom, Gill, Owen e
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Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de Deus) –
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divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores
àqueles como John Gill, Robert Murray McCheyne, Charles Haddon Spurgeon e Arthur
Walkington Pink. Nossas traduções estão concentradas nos escritos dos Puritanos e destes
últimos quatro autores.
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holisticamente; para que assim, e só assim, possamos glorificar nosso Deus e nos deleitar-
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10 Sermões – Robert Murray M’Cheyne
Cristo, Totalmente Desejável – John Flavel
Eleição & Vocação – Robert Murray M’Cheyne
A Gloriosa Predestinação – C. H. Spurgeon
Justificação, Propiciação e Declaração – C. H. Spurgeon
A Livre Graça – C. H. Spurgeon
A Paixão de Cristo – Thomas Adams
Quem São Os Eleitos? – C. H. Spurgeon
Reforma – C. H. Spurgeon
Salvação Pertence Ao Senhor – C. H. Spurgeon
O Sangue – C. H. Spurgeon
Semper Idem – Thomas Adams
Tratado sobre a Oração, Um – John Bunyan
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2 Coríntios 4 1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não
desfalecemos; 2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5
Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos
vossos servos por amor de Jesus. 6
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7
Temos, porém, este tesouro
em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8
Em tudo
somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9
Persegui-
dos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10
Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se
manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos
também, por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos
ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de
graças para glória de Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.