Joao Luiz Lani UFV Eixo 12 - geomorfologia.ufv.br · aptidão regular para lavouras de ciclo curto...

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APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DO PROJETO DE ASSENTAMENTO CHE GUEVARA, MIMOSO DO SUL, ESPÍRITO SANTO João Luiz Lani, NEPUT/UFVViçosa MG, lani@ufv.br Natália Aragão de Figueredo, NEPUT/UFVViçosa MG, nataliar[email protected] Ellen Albuquerque Abud, NEPUT/UFV Viçosa MG, [email protected] Michell Bahia Dutra Emerick, NEPUT/UFV Viçosa MG, [email protected] Resumo A aptidão agrícola é um processo interpretativo, utilizado como uma orientação em relação ao planejamento do uso dos recursos naturais ao identificar como e quanto de terra pode ser utilizada nos sistemas agrícolas. A classificação utilizada foi o Sistema de Aptidão Agrícola das Terras (RAMALHO FILHO & BEEK,1995), cujos níveis de manejo são classificados em A (primitivo), B (semi-desenvolvido) e C (desenvolvido). As condições agrícolas das terras são classificadas em seis grupos, os de número 1, 2 e 3 identificam o uso de lavouras. Os grupos 4, 5 e 6 identificam os tipos de utilização (pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e preservação da flora e fauna, respectivamente). Foi realizado um cruzamento entre o levantamento de campo, classes de solos para assim definir as unidades de mapeamento dos solos e o mapa de aptidão agrícola em uma escala de 1:15.000, através das ferramentas de SIG. As interpretações para atividades agrícolas classificam o uso da terra para diversas culturas, sob condições de manejo e viabilidade de melhoramento. Ao analisar os dados obtidos, conclui-se que a maior parte do Assentamento possui restrição quanto à aptidão agrícola nos níveis de manejo A e B e inapta no manejo C. No PA Che Guevara, 74,52% das terras são restritas para lavouras de ciclo curto ou longo, em pelo menos um dos níveis de manejo e são formados basicamente por Latossolo Vermelho-Amarelo. Os Neossolos Litólicos, Afloramentos Rochosos e os Cambissolos Latossólicos não possuem aptidão agrícola e deveriam ser destinadas à área de preservação permanente ou reserva legal. O restante da área foi caracterizada por ter aptidão regular para lavouras de ciclo curto e/ou longo nos manejos A e B e restrito no C. ABSTRACT The ability of agricultural lands is an interpretive process used as a guideline for the planning of the use of natural resources by identifying how and how much the land can be used in agricultural systems. The classification system used was the Evaluation of Agricultural Land (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995), whose levels of management are classified as A (original), B (semi-developed) and C (developed). The conditions of agricultural lands are classified into six groups, the number 1, 2 and 3 identify the use of crops. Groups 4, 5 and 6 identify the types of use (pasture planted, forestry and / or natural pasture and conservation of flora and fauna, respectively). This was a cross between the collection of field, class of land so set the soil mapping units and agricultural suitability map of a scale of 1:15,000, using the tools of GIS. The interpretations for agricultural activities classified the land use for various crops, under the management and sustainability of improvement. In analyzing the data, it appears that most of the settlement has restriction on the ability levels in agricultural management and A and B in the management unfit C. Che Guevara in PA, 74.52% of the land are restricted to short-cycle crops or long, at least one level of management and are formed primarily by Red Yellow, preventing the deployment of commercial farming. The Neosols Litólicos, rocky outcrops and Cambisols Oxisols have no aptitude for farming and may be the area of permanent preservation and legal reserve. The rest of the area was characterized by having ability to regulate short-cycle crops and / or management in the long and narrow A and B in C. Palavras-chave: solos, agricultura familiar, uso

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APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS DO PROJETO DE ASSENTAMENTO CHE GUEVARA,

MIMOSO DO SUL, ESPÍRITO SANTO

João Luiz Lani, NEPUT/UFV– Viçosa – MG, [email protected]

Natália Aragão de Figueredo, NEPUT/UFV– Viçosa – MG, [email protected]

Ellen Albuquerque Abud, NEPUT/UFV – Viçosa – MG, [email protected]

Michell Bahia Dutra Emerick, NEPUT/UFV – Viçosa – MG, [email protected]

Resumo

A aptidão agrícola é um processo interpretativo, utilizado como uma orientação em relação ao planejamento do uso dos recursos naturais ao identificar como e quanto de terra pode ser utilizada nos sistemas agrícolas. A classificação utilizada foi o Sistema de Aptidão Agrícola das Terras (RAMALHO FILHO & BEEK,1995), cujos níveis de manejo são classificados em A (primitivo), B (semi-desenvolvido) e C (desenvolvido). As condições agrícolas das terras são classificadas em seis grupos, os de número 1, 2 e 3 identificam o uso de lavouras. Os grupos 4, 5 e 6 identificam os tipos de utilização (pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e preservação da flora e fauna, respectivamente). Foi realizado um cruzamento entre o levantamento de campo, classes de solos para assim definir as unidades de mapeamento dos solos e o mapa de aptidão agrícola em uma escala de 1:15.000, através das ferramentas de SIG. As interpretações para atividades agrícolas classificam o uso da terra para diversas culturas, sob condições de manejo e viabilidade de melhoramento. Ao analisar os dados obtidos, conclui-se que a maior parte do Assentamento possui restrição quanto à aptidão agrícola nos níveis de manejo A e B e inapta no manejo C. No PA Che Guevara, 74,52% das terras são restritas para lavouras de ciclo curto ou longo, em pelo menos um dos níveis de manejo e são formados basicamente por Latossolo Vermelho-Amarelo. Os Neossolos Litólicos, Afloramentos Rochosos e os Cambissolos Latossólicos não possuem aptidão agrícola e deveriam ser destinadas à área de preservação permanente ou reserva legal. O restante da área foi caracterizada por ter aptidão regular para lavouras de ciclo curto e/ou longo nos manejos A e B e restrito no C.

ABSTRACT

The ability of agricultural lands is an interpretive process used as a guideline for the planning of the use of natural resources by identifying how and how much the land can be used in agricultural systems. The classification system used was the Evaluation of Agricultural Land (RAMALHO FILHO & BEEK, 1995), whose levels of management are classified as A (original), B (semi-developed) and C (developed). The conditions of agricultural lands are classified into six groups, the number 1, 2 and 3 identify the use of crops. Groups 4, 5 and 6 identify the types of use (pasture planted, forestry and / or natural pasture and conservation of flora and fauna, respectively). This was a cross between the collection of field, class of land so set the soil mapping units and agricultural suitability map of a scale of 1:15,000, using the tools of GIS. The interpretations for agricultural activities classified the land use for various crops, under the management and sustainability of improvement. In analyzing the data, it appears that most of the settlement has restriction on the ability levels in agricultural management and A and B in the management unfit C. Che Guevara in PA, 74.52% of the land are restricted to short-cycle crops or long, at least one level of management and are formed primarily by Red Yellow, preventing the deployment of commercial farming. The Neosols Litólicos, rocky outcrops and Cambisols Oxisols have no aptitude for farming and may be the area of permanent preservation and legal reserve. The rest of the area was characterized by having ability to regulate short-cycle crops and / or management in the long and narrow A and B in C.

Palavras-chave: solos, agricultura familiar, uso

INTRODUÇÃO

O Projeto de Assentamento Che Guevara está em fase de implantação, quanto ao uso das terras e as

culturas agrícolas, são predominantemente para a subsistência das famílias. As culturas mais importantes em

área plantada são o café, o milho, o feijão e a banana. A maioria consorciada.

A cafeicultura é uma atividade praticada por 100% das famílias e abrange em média uma área de 2,5

ha dos lotes individuais. O milho é produzido por 80% dos assentados e ocupa uma área média de 2 ha, e o

feijão cultivado por 90% das famílias, ocupa em média uma parcela de 1,5 ha da área produtiva nos lotes. A

bananicultura é praticada por 20% dos assentados e abrange uma parcela de 1 a 2 ha para os lotes que

praticam essa atividade agrícola. Além dessas culturas são cultivadas também para o consumo familiar, o

inhame, mandioca, o arroz e olerículas.

Apesar de a cafeicultura apresentar grande relevância em termos de área plantada, esta atividade

ainda não é do ponto de vista econômico a principal atividade agrícola geradora de recursos financeiros para

a família, uma vez que a área colhida de café é ainda muito pouco significativa, e somente 30% das famílias

assentadas obtém renda por meio desta atividade.

Assim sendo, os produtos agrícolas que tem relevância comercial para os assentados do PA Che

Guevara atualmente são as culturas de milho, feijão e banana. Em termos de retorno financeiro, o feijão tem

parcela importante na renda agrícola, assim como a produção de milho, que é em grande parte voltada para o

consumo das famílias e de suas criações animais. Contudo, torna-se necessário um levantamento das

principais classes de solos e uma avaliação da aptidão agrícola das terras destinadas a culturas comerciais.

Para tanto, o levantamento das principais classes de solos e classificação da aptidão agrícola vem

caracterizar e diagnosticar as potencialidades e limitações da área. O estudo é fundamental tanto para a

conscientização dos assentados quanto para servir de base para a sustentabilidade do uso dos recursos

naturais do Assentamento.

METODOLOGIA

O Projeto de Assentamento Che Guevara possui uma área de 463,7952 ha e 40 famílias assentadas.

Geograficamente, localiza-se município de Mimoso do Sul, Estado do Espírito Santo (Figura 1) entre as

coordenadas UTM E-245 477,73 e N= 7.671 990,07. Situa-se na microrregião de Cachoeiro de Itapemirim

da qual se encontra numa escala estadual, na mesorregião Sul Espíritossantense.

Figura 1. Localização do Projeto de Assentamento Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo.

A classificação da aptidão agrícola das terras é um processo interpretativo que pode sofrer variações

de acordo com a evolução tecnológica. Possui caráter de subsidiar a melhor utilização dos recursos naturais

no planejamento local e regional.

Foi verificada nas unidades de mapeamento dos solos a aptidão agrícola das terras, segundo os níveis

de manejo. A classificação utilizada foi do Sistema de Avaliação Agrícola das Terras (RAMALHO FILHO

& BEEK, 1994). Para a classificação são considerados três níveis de manejo e a representação é feita pelas

letras A, B, C, correspondendo respectivamente, aos níveis de manejo tradicional, pouco desenvolvido e

desenvolvido.

O nível de manejo A (primitivo) é baseado em práticas agrícolas que refletem um baixo nível

tecnológico, onde não há aplicações de capital para manejo, melhoramento e conservação das condições

agrícolas das terras e das lavouras. As práticas agrícolas dependem do trabalho braçal, podendo ser utilizada

alguma tração animal com implementos agrícolas simples.

O nível de manejo B (pouco desenvolvido) baseia-se em práticas que refletem um nível tecnológico

médio, caracterizado por alguma aplicação de capital e de resultados de pesquisas para manejo,

melhoramento e conservação das condições agrícolas das terras e das lavouras. As práticas agrícolas estão

ainda condicionadas principalmente ao trabalho braçal e à tração animal. Se usada máquina motorizada, será

para o transporte e beneficiamento da produção.

O nível de manejo C (desenvolvido) tem como base práticas agrícolas que refletem um alto nível

tecnológico, caracterizado pela aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisas para manejo,

melhoramento e conservação das condições agrícolas das terras e das lavouras. A motomecanização é usada

nas diversas fases da operação agrícola.

São considerados seis grupos de aptidão para avaliar as condições agrícolas das terras componentes

das unidades de mapeamento, envolvendo os seguintes tipos de utilização: lavoura (ciclos curto e longo),

pastagem plantada, pastagem natural e silvicultura. As áreas não recomendadas a essas atividades são

indicadas para preservação da fauna e flora.

A representação dos grupos é feita com algarismos de 1 a 6, em escalas decrescentes, segundo as

possibilidades de utilização das terras. As limitações que afetam os diversos tipos de utilização, aumentam

do grupo 1 para o grupo 6, diminuindo, conseqüentemente, as alternativas de uso e a intensidade com que as

terras podem ser utilizadas.

Os grupos 1,2,3 além da identificação de lavouras como tipo de utilização, desempenham a função

de representar, no subgrupo, as melhores classes de aptidão das terras indicadas para lavouras, conforme

nível de manejo. Os grupos 4, 5 e 6 identificam os tipos de utilização (pastagem plantada, silvicultura e/ou

pastagem natural e preservação da flora e fauna, respectivamente) independente da classe de aptidão.

O processo de construção da base cartográfica deste Projeto de Assentamento divide-se em três

etapas: levantamento e processamento das bases de dados existentes do Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária - INCRA e Instituto Estadual de Meio Ambiente - IEMA; levantamento de informações de

campo e; construção da base dados temáticos.

Uma vez levantadas, as informações cartográficas existentes (INCRA, mosaico de aerofotos

(IEMA), SRTM (USGS, 2007), foram processadas no ambiente do software ArcGis 9.2 por categoria

temática gerando um banco de dados para a elaboração dos mapas de relevo, solos, e aptidão agrícola.

Para o levantamento de informações de campo, utilizou-se a base dados existente para elaborar os

mapas base que direcionaram e potencializaram o processo amostral, tendo como objetivo atualizar a base

de dados existente e coletar informações adicionais. Foram selecionadas alguma áreas e realizada a coleta

de 9 amostras de solo, essas amostras foram destorroadas e secas ao ar, procedendo-se à conferência de

textura realizada a campo e cor utilizando-se a caderneta de Munsell (MUNSELL, 1994). Uma vez secas ao

ar, as amostras de solo foram tamisadas em peneiras com malhas de 2 mm (ABNT-10) obtendo-se assim a

fração terra fina seca ao ar (TFSA) na qual se procederam às análises químicas de cátions trocáveis (Na+,

K+, Ca2+, Mg2+ e Al3+), acidez potencial (Al³+ + H+), fósforo disponível, carbono orgânico e pH

(EMBRAPA, 2006). Com base nos dados analíticos foram calculados os valores de Soma de Bases (SB),

Capacidade de Troca de Cátions (T), Saturação por Bases (Valor B) e Saturação por Alumínio (m) e outros

atributos diagnósticos.

A partir do levantamento de campo e de posse dos resultados analíticos associados ao modelo

pedológico preliminar e fisiográfico, fez-se o cruzamento dos dados com a base de dados definindo o mapa

pedológico da área de estudo. Com base no mapa de solos e do modelo fisiográfico foi possível obter o

mapa de aptidão agrícola na escala de 1:15.000.

DISCUSSÃO E RESULTADOS

As principais classes de solos identificadas no PA Che Guevara foram o Latossolo Vermelho-

Amarelo, Afloramento de Rocha, Argissolo Vermelho-Amarelo, Cambissolo Háplico, Gleissolo Háplico e

Cambissolo Latossólico (Quadro 1 e Figura 2).

No topo da paisagem foram identificados os Afloramentos Rochosos (AR) associado com Neossolo

Litólico (RL) e Cambissolos Háplico. No terço médio da encosta, pedoforma convexo-convexa, ocorrem

solos com horizonte B, predominantemente na área de estudo o Latossolo Vermelho-Amarelo (LVA) e com

menor ocorrência o Cambissolo Latossólico (CX2). Os Latossolos e os Cambissolos estão associados aos

maiores declives, 20-45%. No terço inferior, pedoforma côncavo- côncava, o Argissolo Vermelho-Amarelo

(PVA). Nas áreas de várzeas há o predomínio do Gleissolo Háplico, constantemente inundados, com

horizonte A menor que 25 cm e declividade entre 0-3%. As classes de relevo do PA Che Guevara são

identificadas na Figura 3.

Quadro 1. Distribuição das pPrincipais classes de solos no PA Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo

Símbolo Classes de solos Área

ha %

LVA Latossolo Vermelho-Amarelo 345,66 74,53

AR Afloramento de Rocha 38,37 8,27

PVA Argissolo Vermelho-Amarelo 26,34 5,68

CX1 Cambissolo Háplico 21,52 4,64

GX Gleissolo Háplico 17,39 3,75

CX2 Cambissolo Latossólico 14,51 3,13

Total 463,79 100,0

Figura 2. Principais classes de solos identificadas no Projeto de Assentamento Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo.

Figura 3. Classes de relevo identificadas no Projeto de Assentamento Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo.

Os solos apresentam como limitação a atividade agrícola: baixa fertilidade, deficiência de água,

excesso de água, impedimentos a mecanização e principalmente suscetibilidade a erosão conforme exposto

no Quadro 2.

No PA Che Guevara foi identificado classes de aptidão agrícola representadas pelos subgrupos 2

(ab), 3 (ab) e ¨6 (Figura 4). Predomina na área de estudo a Classe 3 (ab) com 345,62 ha (74,52%), terras com

aptidão regular para lavouras no manejo de ciclo curto ou longo, no nível de manejo A e B e inapta no

manejo C (Quadro 3).

Quadro 2. Julgamento da aptidão agrícola das unidades de mapeamento dos solos

Unidades de Mapeamento Componentes Subgrupos

de Aptidão Principais Limitações

DF DH EH IM E

LVA Latossolo Vermelho-Amarelo A moderado textura argilosa fase floresta sub-perenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

3(ab) X X X

PVA Argissolo Vermelho-Amarelo A moderado textura argilosa fase floresta sub-perenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

2 ab X X

CX1 Cambissolo Háplico Tb eutrófico A moderado textura argilosa fase floresta sub-caducifólia relevo montanhoso a forte ondulado

2ab

X

X X

GX Gleissolo Háplico Tb distrófico relevo plano 2ab X X X

AR Afloramentos Rochosos com inclusão de Cambissolo Háplico

6

X

X X

CX2 Cambissolos Latossólicos relevo montanhoso a escarpado

6 X X X X

DF = Deficiência de fertilidade; DH = deficiência hídrica; EH = Excesso hídrico; IM = Impedimentos à mecanização; E = Susceptibilidade à erosão.

Quadro3. Classe de aptidão agrícola no PA Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo

Caracterização

Classes de Solos Área

Classe de aptidão agrícola

ha %

2 ab Terras com aptidão regular para lavouras no nível de manejo A e B e inapta no manejo C.

Gleissolo Háplico Argissolo Vermelho-Amarelo Cambissolo Háplico

65,25 14,07

3(ab) Terras com aptidão restrita para lavouras no nível de manejo A e B e inapta no manejo C.

Latossolo Vermelho Amarelo 345,62 74,52

6 Classe de terras reservadas para a preservação da fauna e flora. Sem aptidão agrícola.

Afloramento de Rocha, Neossolo Litólico e Cambissolo Latossólico

52,91 11,44

Total 463,79 100

Figura 4. Classe de aptidão agrícola no Projeto de Assentamento Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo.

Os estudos realizados permitem concluir que a maior parte dos solos da área apresenta restrições

potenciais para uso com atividades agropastoris desejáveis. Cerca de 74,52% dos mesmos, foram

caracterizados como terras pertencentes ao Grupo 3 de aptidão agrícola, são representados principalmente

pelo Latossolo Vermelho-Amarelo são solos pobres do ponto de vista químico, ocorrem em relevos de

topografia relativamente acidentada (forte ondulado a montanhoso), o que impede a sua mecanização, e, por

conseguinte, o seu uso de forma mais intensiva com lavouras comerciais.

O Latossolo Vermelho -Amarelo possui um avançado estágio de intemperização, muito evoluídos,

como resultado de enérgicas transformações no material constitutivo. Nos Assentamentos são desenvolvidos

a partir de gnaisse enriquecidos com biotita. Onde há maior concentração de biotita e a profundidade não é

excessiva às vezes apresentam-se de cor avermelhada. Estes, normalmente são mais ricos em nutrientes e

apresentam melhor potencial agrícola.

Apresentam textura mais arenosa na parte superficial em razão da intensa erosão laminar que carrega

as partes mais finas (argila) e concentram as mais grosseiras (areia grossa) (Quadro 4). As argilas são

predominantemente do tipo caulinita, cujas partículas são revestidas por óxido de ferro como hematita e

goethita. Geralmente são solos muito porosos (chegando às vezes a ter 70% de poros), pouco coesos, de

altas friabilidade e permeabilidade. A drenagem é classificada como acentuadamente a moderadamente

drenados. Em razão do pisoteio excessivo de animais há em alguns lugares o selamento superficial o que

facilita a erosão laminar. A estrutura é variável ao longo do perfil, mas, predomina blocos subangulares

fracos que se desfazem em grânulos.

Os resultados analíticos evidenciam para esses solos uma acidez moderada, com valores de pH

(H2O), superiores a 5,0. Os teores de soma de bases trocáveis (SB) resultante da soma de cálcio, magnésio,

potássio, variam de baixo a médio, variando 0,77 a 3,63 cmolc dm -3 de solo nos perfis.

Os valores de saturação por bases trocáveis (V%) apresentam teores médio a bons para as plantas,

variando nos perfis de 26 a 69% enquanto que a saturação por alumínio trocável (m%) é baixa no horizonte

superficial com 24%. Percebeu-se que nestes mesmos solos o teor de alumínio é baixo, com teor de 0,4

cmolc dm -3 no horizonte superficial. Os teores de carbono orgânico são considerados baixos, com valores

entre 0,29 a 1,69 dag kg-1 de solo, os quais indicam a necessidade de ser preservada a matéria orgânica por

um manejo adequado do solo quando submetidos ao uso. Necessitam também de correções químicas

(calagem e adubações) o que encarecem os custos de produção.

A área caracterizada como Grupo 2 de aptidão agrícola regular para lavouras de ciclo curto e/ou

longo nos manejos A e B e restrito no C – esta aptidão foi caracterizada para os Argissolo Vermelho-

Amarelo, Gleissolo Háplico e Cambissolo Háplico.

O Argissolo Vermelho-Amarelo não diferem em muito quanto à fertilidade dos Latossolos, mas, são

os mais preferidos pelos agricultores em razão da maior disponibilidade de água (pedoforma côncavo-

côncava) e pela sua ocorrência predominante no terço inferior da encosta (Figura 5).

A profundidade dos solos é variável, mas em geral são pouco profundos a profundos. A drenagem é

variável podendo ser forte a imperfeitamente moderada. A consistência é friável quando o solo está úmido

não plástico e ligeiramente plástico a pegajoso quando molhado, principalmente, nos perfis de textura

argilosa. Apresenta textura franco arenosa no horizonte A e argilosa no horizonte Bt. A estrutura é

predominantemente fraca ou moderada ou em blocos subangulares no horizonte Bt. Apresentam drenagem

variável podendo ser forte a moderadamente drenados. Geralmente essas terras não apresentam grande

limitação quanto ao excesso de água por serem bem estruturados.

As características químicas destes solos estão representadas por teores baixos de carbono orgânico,

com valores variando de 0,6 a 2,7 dag kg-1 de solo. A soma de bases trocáveis apresentam teores baixos a

médios ao longo do perfil, com valores entre 0,57 a 3,31 cmolc dm-3 de solo. A capacidade de troca de

cátions efetiva (t) é baixa com valores dominantemente inferiores a 6 cmolc dm-3 de solo denotando a

existência de capacidade de retenção de cátions baixa nas condições naturais ácidas do solo. A amostra 8

apresenta alto teor de alumínio trocável 1 cmolc dm-3 de solo (Quadro 5).

Figura 5. A - Paisagem de ocorrência de Argissolo Vermelho-Amarelo, sob uso de café conilon.B – Perfil de solo descrito e coletado de Argissolo Vermelho-Amarelo no PA Che Guevara, Mimoso do Sul, ES.

O Cambissolo Háplico são solos constituídos por material mineral, pouco evoluído com seqüência de

horizonte A, Bi e C. Apresentam textura média ou argilosa, com presença de minerais primários facilmente

decomponíveis, argila de atividade baixa, acentuadamente e moderadamente drenados, muito e pouco

porosos.

Estes solos se relacionam bastante com o material de origem, responsável direto pelos caracteres

morfológicos, químicos, físicos e mineralógicos, que na área é resultante da decomposição de rocha

gnáissica e outras cristalofilianas ácidas com teores elevados de feldspatos, biotita, agregados argilosos e

granada, correlacionáveis as rochas subjacentes, denotando serem estes solos pouco desenvolvidos no

sentido pedogenético. Desenvolvem-se sobre gnaisses de caráter principalmente ácidos e intermediários e a

reserva mineral dos mesmos pode ser considerada boa.

As características granulométricas destes solos na área de estudo (Quadro 4) exprimem franco

arenosa, com baixos teores de argila e silte, que ao longo dos perfis apresentam-se de forma irregular,

variando de 30 a 200 g kg-1 e de 100 a 220 g kg-1, respectivamente. Quimicamente possuem uma fertilidade

melhor se comparado aos demais solos, apresenta valores mais altos de soma de bases, 1,16 a 3,74 cmolc

dm-3. Possui alta adsorção de fósforo remanescente com valores de 53,7 mg L-1 de solo. Apresenta saturação

de alumínio variável ao longo do perfil de baixo a alto (0 – 54 %), o mesmo ocorre com o alumínio trocável,

com teores 0 a 0,8 cmolc dm-3.

O Gleissolo Háplico ocorre nas planícies aluviais decursos d’água dos rios e córregos que drenam

essa região (Figura 6). Pelo fato de sofrerem inundações periódicas, apresentam fortes limitações ao uso

agrícola, a não ser para culturas de ciclo curto adaptadas às condições de elevada umidade. As áreas com

limitação física para o desenvolvimento radicular por apresentarem solos com profundidade efetiva em torno

de 60 cm, devido à presença drenagem interna imperfeita ou mal drenada.

As propriedades morfológicas destes solos na área de estudo revelaram a predominância de

coloração acinzentada escura no horizonte superficial. A textura areia franca. A estrutura é maciça. Os

resultados analíticos exprimem uma capacidade de troca de cátions efetiva maior do que 4 cmolc dm-3 de

solo, apresentando, portanto, alta capacidade de reter cátions nas condições naturais de pH do solo (LOPES

&GUIDOLIN, 1989). A fertilidade natural desses solos é média, considerando-se os teores médios de soma

de bases (SB) variando de 2,57 cmolc dm-3 de solo. O conteúdo de carbono orgânico é bom, com valores de

3,14 dag kg-1 de solo. Apresentam teores mais altos de potássio disponível (27 cmolc dm-3) e fósforo

disponível (4,0 mg dm-3) conseqüência da intensa lixiviação e erosão dos solos nos terços superiores do PA

Che Guevara.

Figura 6. Paisagem de ocorrência de Gleissolo Háplico, sob uso de arroz, no PA Che Guevara, Mimoso do

Sul, ES.

A Classe 6 - classe de terras reservadas para a preservação da fauna e flora, sem aptidão agrícola foi

recomendada para os Afloramentos Rochosos, Neosssolo Litólico e o Cambissolo Latossólico. Os

Cambissolos têm um horizonte B pouco espesso e indica área de grande instabilidade, são assim

denominados por apresentarem um horizonte Bw estreito que não atende aos conceitos dos Latosssolos.

Ocorrem nas partes mais íngremes da paisagem, no terço médio e superior da paisagem. Apresenta um

horizonte C muito profundo, altos teores de silte e são os mais sujeitos a deslizamentos. Deveria ser evitado

o seu uso agrícola bem como também os cortes das estradas por serem muito propícios ao deslizamento e

inicio de voçoroca (Figura 7). Foram indicados em razão dos seus altos declives e sua grande erodibilidade a

preservação ambiental.

Figura 7. Paisagem de ocorrência de Cambissolo Latossólico com deslizamento no PA Che Guevara,

Mimoso do Sul, ES.

Quadro 4. Análises físicas no PA Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo

.

]

Perfil Horiz. Prof. (cm)

Areia

Silte Argila Silte/argila %

Classe de textura

Grossa Fina ---------- g kg-1 ----------

CG1 Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

Ap 0-20 420 150 130 300 0,43 Franco argilo arenosa

Bw 100 310 110 170 410 0,41 Argilo arenosa

CG7 Latossolo Vermelho- Amarelo distrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

Ap 0-20 600 190 100 110 0,91 Areia franca CG5 Argissolo Vermelho -Amarelo distrófico típico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

Ap 0-20 510 170 160 160 1,00 Franco arenosa

Bt 100 320 210 160 310 0,52 Franco argilo arenosa CG6 Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico típico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

Ap 0-20 710 130 50 110 0,45 Areia franca

Bt 100 300 170 70 460 0,15 Argilo arenosa CG9 Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

Ap 0-20 500 200 160 140 1,14 Franco arenosa

Bt 100 240 180 170 410 0,41 Argila CG10 Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo ondulado (sopé da encosta)

Ap 0-20 530 140 160 170 0,94 Franco arenosa CG3 Cambissolo Háplico Tb eutrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso forte ondulado

Ap 0-20 620 160 140 80 1,75 Areia franca CG8 Cambissolo Háplico Tb eutrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

A 0-20 740 130 100 30 3,33 Areia

B1 100 440 140 220 200 1,10 Franco arenosa

C 200 440 270 190 100 1,90 Franco arenosa

Cr 400 660 220 140 80 1,75 Areia franca

(Rocha-Feldspato) 500 620 230 100 50 2,00 Areia

CG2 Gleissolo Háplico Tb distrófico relevo plano

A 10 410 340 160 90 1,78 Areia franca

Quadro 5. Análises químicas no PA Che Guevara, Mimoso do Sul, Espírito Santo

Perfil Horiz. Prof. (cm)

pH

Ca++

Mg++

K+

Al+++

H + Al SB CTC(t) CTC(T) m V P C MO P rem

(H2O)

------------------------------------------- cmolc

dm-3

------------------------------------- ------ % ------ mgdm3

--- dag kg-1

- mg L-1

---------------------------------------------------------------------------------------------------- ASSENTAMENTO CHE GUEVARA ---------------------------------------------------------------------------- CG1 Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado

Ap 0-20 5,1 0,7 0,5 0,51 0,4 3,47 1,25 1,65 4,72 24 26 1,2 1,05 1,8 27,8 Bw 100 5,5 0,4 0,2 1,69 0,0 1,32 0,77 0,77 2,09 0 37 2,1 0,29 0,5 11,2

CG7 Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado Ap 0-20 6,2 2,7 0,6 0,33 0,0 1,65 3,63 3,63 5,28 0 69 0,6 1,69 2,9 40,0

CG5 Argissolo Vermelho- Amarelo distrófico típico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado Ap 0-20 5,1 1,2 0,5 1,30 0,2 2,64 1,83 2,03 4,47 10 41 1,2 1,10 1,9 49,0 Bt 100 5,2 0,6 0,4 0,18 0,0 0,99 1,02 1,02 2,01 0 51 0,4 0,17 0,3 16,7

CG6 Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico típico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado Ap 0-20 5,4 1,2 0,5 1,48 0,0 2,31 1,85 1,85 4,16 0 44 1,0 1,10 1,9 46,7 Bt 100 6,2 2,1 0,4 0,23 0,0 1,49 2,52 2,52 4,01 0 63 0,6 0,52 0,9 36,7

CG9 Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado Ap 0-20 6,1 1,8 1,2 3,15 0,0 1,82 3,31 3,31 5,13 0 65 2,7 1,57 2,7 40,0 Bt 100 6,1 0,7 0,6 0,95 0,0 1,15 1,39 1,39 2,54 0 55 1,7 0,35 0,6 28,7

CG10 Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo ondulado (sopé da encosta) Ap 0-20 4,5 0,4 0,1 0,74 1,0 4,13 0,57 1,57 4,70 64 12 1,2 1,28 2,2 38,2

CG3 Cambissolo Háplico Tb eutrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso forte ondulado Ap 0-20 5,8 2,8 0,7 2,35 0,0 1,82 3,74 3,74 5,56 0 67 1,0 1,45 2,5 46,7

CG8 Cambissolo Háplico Tb eutrófico A moderado textura argilosa fase Floresta subperenifólia relevo montanhoso a forte ondulado Ap 0-20 5,8 1,5 0,7 2,71 0,0 1,49 2,47 2,47 3,96 0 62 1,4 1,05 1,8 53,7 B 100 5,8 1,1 1,2 0,64 0,5 1,15 2,36 2,86 3,51 17 67 0,1 0,06 0,1 42,2 C 200 5,9 2,1 2,5 0,33 0,9 1,49 4,63 5,53 6,12 16 76 0,1 0,00 0,0 49,0 Cr 400 5,8 0,5 0,6 0,59 0,2 0,49 1,16 1,36 1,65 15 70 0,8 0,00 0,0 53,7

Rocha-Feldspato 500 5,6 0,4 0,8 34 0,87 1,15 1,29 2,79 2,44 54 53 0,4 0,00 0,0 51,3

CG2 Pf 2. Gleissolo Háplico Tb distrófico relevo plano Ap 0-20 5,5 0,6 0,2 27 0,3 3,96 0,87 0,69 4,83 26 18 4,0 3,14 5,4 40,0

CONCLUSÕES

Os solos avaliados apresentam baixa fertilidade, sendo necessário a adição de corretivos e adubos

para a melhoria das condições nutricionais para as plantas. Torna-se indispensável à adoção de sistemas de

manejo que propicie um incremento no teor de matéria orgânica para contribuir para a redução da adsorção

de fósforo. O fornecimento desse elemento é fundamental para um melhor desenvolvimento da produção.

No que diz respeito às formas de uso desses solos, há a necessidade de práticas de manejo

conservacionistas (mecânicas e vegetativas) que protejam melhor o solo e reduza o escoamento superficial e,

conseqüentemente, seus efeitos erosivos, para assim, reverter a situação atual de degradação na área.

A aptidão agrícola pode auxiliar no melhor planejamento do uso dos solos no Assentamento Che

Guevara.

Referências Bibliográficas

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306 p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Levantamento de reconhecimento de solos do Estado do Espírito Santo. Rio de Janeiro: 1978. 461p.

LEMOS, R.C., SANTOS, R.D. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 3. ed. Campinas: BCS;SNLCS, 1996. 84p.

MÜNSELL. Soil Color Charts. Maryland, 1994.

RAMALHO FILHO, A., BEEK, K.S. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 3a. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1994. 65p.

RADAMBRASIL - PROJETO RADAMBRASIL. Levantamento de recursos naturais – folha SF. 23/24. Rio de Janeiro/Vitória. Rio de Janeiro: 1983. 780 p.

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