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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS JOÃO ANTONIO MATHEUS GUIMARÃES Tratamento de pseudoartrose diafisária de fêmur com infiltração de concentrado autólogo de células mononucleares de medula óssea NITERÓI - RJ 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS

JOÃO ANTONIO MATHEUS GUIMARÃES

Tratamento de pseudoartrose diafisária de fêmur com

infiltração de concentrado autólogo de células

mononucleares de medula óssea

NITERÓI - RJ

2013

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JOÃO ANTONIO MATHEUS GUIMARÃES

Tratamento de pseudoartrose diafisária de fêmur com

infiltração de concentrado autólogo de células

mononucleares de medula óssea

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Ciências Médicas

Orientadoras: Profa Dra Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães

Profa Dra Maria Eugenia Leite Duarte

NITERÓI - RJ

2013

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G963

Guimarães, João Antonio Matheus

Tratamento de pseudoartrose diafisária de fêmur com

infiltração de concentrado autólogo de células mononucleares de

medula óssea.

88f

Orientador: Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães

Orientador: Maria Eugenia Leite Duarte

Tese (Doutorado em Ciências Médicas) - Universidade Federal

Fluminense, Faculdade de Medicina, 2013.

1. Células sanguíneas 2.Fraturas-tratamento 3. Ortopedia. I.

Guimarães, Isabel Cristina Chulvis do Val. II.Duarte, Maria

Eugenia Leite. III. Título.

CDD617.15

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JOÃO ANTONIO MATHEUS GUIMARÃES

Tratamento de pseudoartrose diafisária de fêmur com

infiltração de concentrado autólogo de células mononucleares

de medula óssea

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Ciências Médicas.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Prof. Dr. Jorge Paulo Strogoff de Matos

______________________________________________________

Prof. Dr. Priscila Ladeira Casado

______________________________________________________

Prof. Dr. Moisés Cohen

______________________________________________________

Prof. Dr. Maurício Kfuri Junior

______________________________________________________

Prof. Dr. José Sérgio Franco

NITERÓI – RJ

2013

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iv

DEDICATÓRIA

Para meus queridos e amados pais, Francisco “in memoriam” e

Hilda, pelo amor, carinho e dedicação com que criaram a mim e

meus irmãos, construindo uma família que foi alicerce para a minha

vida.

Para minha querida esposa, Isabel, parceira, amiga, companheira de

tantas jornadas, com todo meu amor e carinho por estes anos

maravilhosos vividos juntos.

Para minha amada filha, Renata, orgulho e paixão deste pai “coruja”

que tanto a admira por ser uma pessoa linda para quem olha e

maravilhosa para quem a conhece.

Aos meus queridos irmãos, Francisco e Luísa, meus segundos pais,

que sempre me apoiaram com amizade e carinho.

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v

AGRADECIMENTOS

Toda minha gratidão a querida orientadora, Profa Isabel Cristina Chulvis

do Val Guimarães, pois sem a sua ajuda e orientação esse sonho em me

graduar nunca se realizaria;

Toda minha admiração a querida orientadora, Profa Maria Eugenia L.

Duarte, por toda a sua competência, sabedoria e tenacidade com que

dedicou seu precioso tempo na elaboração desta tese, superando mesmo

a dor, o meu muito obrigado e gratidão eterna;

Ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia que possibilitou toda a

infra-estrutura necessária para a realização deste estudo;

Ao meu amigo e irmão Francisco Matheus por ter apresentado a

Ortopedia, por quem me apaixonei;

Ao amigo e colega Marco Bernardo Cury Fernandes pela ajuda e

orientação na técnica da punção de medula óssea;

À Profa Priscila Ladeira Casado que foi fundamental na orientação e

elaboração da análise sobre o polimorfismo genético dos pacientes

estudados nesta tese;

Ao Prof. Hélio dos Santos Dutra, que de maneira competente e voluntária,

auxiliou em todas as etapas do preparo do concentrado de células da

medula óssea;

A toda equipe do CTCel do INTO: Amanda, Diego, Danielle, Julia, Emma,

Rafaela e Valquiria pela ajuda na realização deste estudo e o carinho da

convivência diária;

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Aos meus inúmeros colegas e amigos do INTO, Médicos, Enfermeiras,

Auxiliares, Instrumentadoras, Administrativos, Secretárias, Seguranças,

todo pessoal de apoio, esses maravilhosos profissionais que fazem do

INTO um orgulho da Ortopedia do Brasil;

A Coordenação do Programa de Pós Graduação da Universidade Federal

Fluminense pela oportunidade que me foi oferecida através deste

Doutorado;

Ao Prof. Luis Guillermo Coca Velarde pelo apoio e tempo dedicado ao

estudo estatístico desta tese;

Por fim aos meus pacientes, os quais eu sou muitíssimo grato, pois sem a

ajuda e a confiança deles, eu não teria chegado até aqui.

.

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RESUMO

GUIMARÃES, João Antonio Matheus. Tratamento de pseudartrose diafisária de

fêmur com infiltração de concentrado autólogo de células mononucleares de

medula óssea. Niterói, 2013. Tese (Doutorado em Ciências Médicas) –

Faculdade de Medicina, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.

As fraturas da diáfise do fêmur são comuns em adultos jovens e quase sempre

resultam de traumas de alta energia, em consequência de acidentes de trânsito

e de violência urbana. O tratamento deste tipo de fratura é a fixação com haste

intramedular bloqueada (HIMB) visando manter o comprimento, alinhamento e

rotação do fêmur. Apesar do avanço proporcionado pelo uso das HIMB os

índices de pseudartrose permanecem em torno de 13,6%. Considerando-se o

conhecimento atual dos mecanismos biológicos envolvidos no processo de

consolidação óssea, a injeção percutânea de medula óssea autóloga passou a

ser considerada como uma opção para promover um estímulo osteogênico

suplementar em focos de pseudartrose. Neste estudo avaliamos a consolidação

óssea após o tratamento com infiltração local de concentrado autólogo de

células mononucleares da medula óssea (BMMNCs) em 16 pacientes com

pseudartrose após uma fratura da diáfise do fêmur tratadas com HIMB. O

procedimento foi considerado seguro e foi capaz de induzir a osteoformação em

todos os pacientes, embora a magnitude desta resposta não tenha sido

uniforme. A consolidação clínica e radiográfica da pseudartrose foi observada

entre três e oito meses depois do tratamento, em oito pacientes que receberam

um concentrado celular enriquecido com um grande número de BMMNCs. A

evolução do processo de consolidação por um período de até oito meses após a

infiltração celular permite sugerir que as BMMNCs são capazes de restaurar a

biologia do microambiente e o turnover ósseo no foco de pseudartrose. Um outro

resultado deste estudo foi a observação de que a predisposição genética à

pseudartrose, caracterizada pelos polimorfismos dos genes BMP-4, FGFR-1 e

FAM5C, não influenciou na resposta ao tratamento com BMMNCs. A partir

desses resultados acreditamos que a realização de novos estudos randomizados

em maior escala, para aprofundar a investigação neste tipo de tratamento irão

confirmar a nossa hipótese de que o ambiente biológico tem importância

fundamental no processo de consolidação de pseudartrose.

Palavras chave: Concentrado de células mononucleares. Fratura diafisária

femoral. Haste intramedular. Consolidação de fraturas. Pseudartrose.

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ABSTRACT

GUIMARÃES, João Antonio Matheus. The effect of autologous concentrated

bone marrow grafting on the healing of femoral shaft nonunions. Niterói, 2013.

Tese (Doutorado em Ciências Médicas) – Faculdade de Medicina, Universidade

Federal Fluminense, Niterói, 2013.

Diaphyseal fractures of the femur are common in young adults secondary to

high-energy trauma and as the result of traffic accidents and urban violence.

The treatment of this type of fracture is the fixation with locked intramedullary

nail (IM nail) to maintain the length, alignment and rotation of the femur. Despite

the advances provided by the use of IM nail pseudoarthrosis indices remain

around 13.6%. Considering the current knowledge of the biological mechanisms

involved in bone healing, percutaneous injection of autologous bone marrow has

been considered as an option to promote a supplementary osteogenic stimulus

in the site of pseudoarthrosis. Thus, this study evaluated the bone healing after

treatment with local infiltration of concentrated autologous bone marrow

mononuclear cells (BMMNCs) in 16 patients with pseudoarthrosis of the femoral

shaft treated with IM nail. The procedure was considered safe and induced new

bone formation in all patients, though the magnitude of the response was not

uniform. Clinical and radiological union was observed between three and eight

months after treatment in eight patients who received a cell concentrate

enriched with a large number of BMMNCs. The progress of bone healing for a

period of up to eight months after cell infiltration may suggest that BMMNCs are

able to restore the biology of the local microenvironment and the bone turnover

in the pseudoarthrosis site. Another outcome of this study was the observation

that the genetic predisposition to nonunion, characterized by polymorphisms of

BMP4, FGFR1 and FAM5C genes, did not influence the response to the

treatment with BMMNCs. Further studies on a larger scale clinical trial, to further

investigate this type of treatment might confirm our hypothesis that the local

biology is of crucial importance in the healing process of pseudoarthrosis.

Keywords: Concentrate mononuclear cells. Femoral shaft fracture.

Intramedullary nailing. Fracture healing. Pseudoarthrosis

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Imagem esquemática dos tipos de pseudartrose vasculares (hipertrófica) e avascular (atrófica). As vasculares podem ser classificadas em (a) “pata de elefante; (b) “pata de cavalo”; (c) oligotrófica. As pseudartroses avasculares são classificadas em (d) cunha de torsão; (e) fraturas cominutivas; (f) perda óssea; (g) “em ponta de lápis”.

26

FIGURA 2 Obtenção do aspirado medular da crista ilíaca posterior. O aspirado foi obtido por aspiração lenta com agulha do tipo Jamishidi, em alíquotas de 2-4 mL. A cada 10 mL de medula óssea aspirada a agulha era reposicionada para evitar a diluição com sangue.

42

FIGURA 3 Sistema fechado de filtração com sequência de filtros (poros 100, 500 e 800 m) para remoção de material particulado.

42

FIGURA 4 Sistema fechado para redução de volume para concentração de medula óssea (Sepax, Biosafe).

43

FIGURA 5 Manipulação em ambiente estéril da bolsa contendo o concentrado de BMMNCs para retirada das amostras para controle microbiológico.

44

FIGURA 6 Aspiração do concentrado de BMMNCs para infiltração no foco de pseudartrose. 44

FIGURA 7 Infiltração do concentrado de BMMNCs no foco de pseudartrose (A) guiada por controle fluoroscópico (B).

45

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Resultados de séries de fraturas da diáfise do fêmur tratadas com haste intramedular anterógrada fresada.

20

QUADRO 2 Avaliação de consolidação óssea pela escala quantitativa RUST. 40

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Variantes genéticas dos genes investigados.

47

TABELA 2 Resumo dos achados clínicos dos pacientes com pseudartrose da diáfise femoral tratados com HIMB.

52

TABELA 3 de Escores radiográficos segundo a escala RUST antes e depois da infiltração de BM BMMNCs no foco de pseudartrose e tempo de consolidação.

54

TABELA 4 Número de BMMNCs presentes em 40mL do concentrado celular injetado no foco de pseudartrose e o segmento dos pacientes.

56

TABELA 5

Análise dos genótipos nos pacientes com pseudartrose não consolidada e consolidada após tratamento com BMMNCs.

59

TABELA 6 Distribuição dos alelos. 60

TABELA 7 Distribuição dos fatores possivelmente relacionados com a consolidação óssea na pseudartrose da diáfise do fêmur, após a infiltração de BMMNCs. (Valor de p calculado pelo qui-quadrado*; teste t** e teste Mann-Whitney*** )

61

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA Adenina-Adenina

AG Adenina-Guanina

AO Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefragen

AP Anteroposterior

BMMNCs Bone Marrow Mononuclear Cells

BMP Bone Morphogenetic Protein

CC Citosina-Citosina

C Citosina

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CI Confidence Interval

CT Citosina-Timina

DNA Deoxyribonucleic Acid

FAM5C Family with sequence similarity 5, member C

FDA Food and Drug Administration

FGF Fibroblast Growth Factor

FGFR Fibroblast Growth Factor Receptor

GG Guanina-Guanina

HIMB Haste Intramedular Bloqueada

IGF Insulin Growth Factor

IL Interleukin

INTO/MS Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia / Ministério da Saúde

MFA Minor frequency alleles

MFA_PC Minor frequency alleles em pseudartrose consolidada

MFA_PNC Minor frequency alleles em pseudartrose não consolidada

OTA Orthopaedic Trauma Association

PDGF Platelet-derived Growth Factor

PGE-2 Prostaglandin E-2

PTC Peltier Thermal Cycler

RUST Radiographic Union Score for Tibial fractures

SMAD6 Mothers Against Decapentaplegic Homolog 6

SNP Single Nucleotide Polymorphism

TGF-ß Transforming Growth Factor ß

TNF- Tumoral Necrosis Factor

T Timina

TT Timina-Timina

UI Unidade Internacional

VEGF Vascular Endothelial Growth Factor

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 REVISÃO DA LITERATURA 18

2.1 CONSOLIDAÇÃO DE FRATURA DA DIÁFISE DO FÊMUR APÓS OSTEOSSÍNTESE

18

2.2 CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA, FALTA DE CONSOLIDAÇÃO E PSEUDARTROSE

21

2.2.1 Consolidação óssea 21

2.2.2 Pseudartrose 24

2.3 TRATAMENTO DA FRATURA DA DIÁFISE DO FÊMUR COM HASTE INTRAMEDULAR BLOQUEADA

26

2.4 DIAGNÓSTICO DA FALTA DE CONSOLIDAÇÃO APÓS TRATAMENTO COM HASTE INTRAMEDULAR BLOQUEADA

30

2.5 PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA NA PSEUDARTROSE 32

2.6 TERAPIA CELULAR E PSEUDARTROSE 34

3 OBJETIVOS 37

4 PACIENTES E MÉTODOS 38

4.1 PACIENTES 38

4.2 DIAGNÓSTICO DE CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA 40

4.3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS 41

4.3.1 Obtenção e concentração do aspirado de medula óssea

41

4.3.2 Infiltração do concentrado de BMMNCs 44

4.4 ANÁLISE LABORATORIAL 45

4.4.1 Contagem do número de células 45

4.4.2 Avaliação genética de polimorfismo em pacientes com pseudartrose

46

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xiii

4.5 ACOMPANHAMENTO CLÍNICO DOS PACIENTES 48

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 48

5 RESULTADOS 50

5.1 PACIENTES 50

5.2 AVALIAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA APÓS TRATAMENTO COM INFILTRAÇÃO DE BMMNCs NO FOCO DE PSEUDARTROSE

53

5.3 CARACTERÍSTICAS DO INFILTRADO DE BMMNCs 55

5.4 PROCEDIMENTO CIRÚRGICO PARA INFILTRAÇÃO DE BMMNCs

57

5.5 SUSCEPTIBILIDADE GENÉTICA NA PSEUDARTROSE 57

5.5.1 Caracterização genotípica dos pacientes tratados com BMMNCs

57

5.6 AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS COMO PREDITORES DE CONSOLIDÇÃO ÓSSEA

60

6 DISCUSSÃO 62

7 CONCLUSÕES 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78

ANEXOS 89

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1. INTRODUÇÃO

As fraturas da diáfise femoral são lesões frequentes entre adultos em

consequência de traumas de alta energia secundários a acidentes de trânsito,

quedas e lesões por arma de fogo (HILDEBRAND et al., 2004). O tratamento de

escolha para este tipo de lesão é a fixação com haste intramedular bloqueada

(HIMB) visando manter o alinhamento e a rotação do fêmur e evitar o

encurtamento do membro (CLATWORTHY et al., 1998). O emprego da HIMB

contribuiu, também, para a diminuição da incidência de falta de consolidação da

fratura da diáfise do fêmur. Entretanto, com a disseminação do seu uso, aliado a

maiores índices de sobrevida de pacientes com lesões traumáticas mais graves,

os relatos de pseudartroses de fraturas da diáfise do fêmur tratadas inicialmente

com HIMB tornou-se mais freqüente, chegando a índices da ordem de 10-15%

das fraturas de ossos longos. A pseudartrose da diáfise do fêmur resulta em

importante impacto socioeconômico devido ao custo do tratamento e à

incapacidade física gerada por esta condição (LYNCH et al., 2008).

Apesar do crescente avanço no conhecimento dos mecanismos de regulação

biológica da consolidação óssea e de novas tecnologias no desenvolvimento de

implantes ortopédicos, o tratamento da pseudartrose em ossos longos envolve

procedimentos agressivos como a troca de osteossíntese e a enxertia óssea

autóloga. Esses procedimentos quase sempre constituem um importante desafio

para o cirurgião e nem sempre resultam em uma resposta favorável por parte do

paciente (BRINKER e O'CONNOR, 2007).

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Para ocorrer consolidação óssea é necessário que uma sequência de eventos

biológicos, promovidos por células e moléculas bioativas, ocorra sequencialmente

no foco de fratura. A biologia da consolidação da fratura é um processo complexo

desencadeado por uma resposta regenerativa específica que envolve a

expressão de milhares de genes. Este processo é influenciado por inúmeros

fatores, alguns já compreendidos e outros ainda não elucidados (MARSELL e

EINHORN, 2011).

Uma vez excluídos fatores mecânicos e vasculares como causas principais da

pseudartrose, a falta de um estímulo biológico adequado assume papel central na

falha da consolidação óssea. Por isso, é possível observar na clínica que um

grupo específico de pacientes, inicialmente fora do grupo de risco ao

desenvolvimento de pseudartrose, apresenta falta de consolidação adequada de

uma fratura diafisária do fêmur (SOMFORD et al., 2013).

Baseando-se na premissa da possível influencia da variação genética na resposta

individual à consolidação das fraturas e uma potencial predisposição genética ao

desenvolvimento de pseudartrose, cada vez é mais investigada a associação

entre polimorfismo genético e falta de consolidação. No entanto, é importante

considerar que diferentes genes e regiões específicas do DNA orquestram

diferentes fases do processo de consolidação, incluindo a reposta inflamatória, a

proliferação fibroblástica e a diferenciação de células osteoprogenitoras, sendo

esta última etapa de importância inquestionável para a regeneração tecidual

(DIMITRIOU et al., 2011; ZECKEY et al., 2011).

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Levando-se em consideração o conhecimento atual sobre o potencial das terapias

celulares no reparo biológico de lesões ósseas, a infiltração de células obtidas da

medula óssea no local da fratura passaram a ser vistas como uma importante

opção terapêutica. Além de ser um procedimento cirúrgico pouco invasivo, por ser

realizado através da infiltração de pequenos volumes de concentrado celular, a

sua natureza autóloga exclui riscos adicionais de infecção cruzada. O racional da

técnica é simples e baseado no fato de que ao dotar a região da fratura com

elementos celulares adicionais, que irão prover um estímulo osteogênico e

possivelmente angiogênico suplementares, as diversas etapas do processo de

consolidação óssea serão localmente recuperadas e provavelmente reinstaladas

(POUNTOS et al., 2010).

Em casos de predisposição genética ao desenvolvimento da pseudartrose, a

terapia com células da medula óssea pode ser determinante no processo de

consolidação. Dessa forma, constituiu o objeto do presente estudo avaliar em

uma série de pacientes com pseudartrose da diáfise do fêmur, submetidos

previamente a estabilização com HIMB, os índices de consolidação óssea após o

tratamento com infiltração de concentrado autólogo de células mononucleares da

medula óssea (BMMNCs ou bone marrow mononuclear cells).

O melhor conhecimento dos fatores genéticos associados a consolidação de

fraturas poderá servir de base para futuros tratamentos que envolvam

comprometimento intrínseco na reestruturação da função óssea, ultrapassando,

em parte, a base genética da doença. Por este motivo, este estudo irá também

analisar a possível influencia do polimorfismo de alguns genes que participam

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diretamente no processo de consolidação óssea e o resultado do tratamento

proposto.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CONSOLIDAÇÃO DE FRATURA DA DIÁFISE DO FÊMUR APÓS

OSTEOSSÍNTESE

O fêmur é o maior e mais forte osso tubular do esqueleto, (MOORE, 1992;

BUCHOLZ e BRUMBACK, 1996; SCHATZKER, 1996; PLATZER, 2003) e um dos

principais ossos de suporte de carga na extremidade inferior (WHITTLE e WOOD,

2003).

A fratura da diáfise do fêmur está entre as lesões mais comuns do sistema

musculoesquelético (GOZNA, 1982; WHITTLE e WOOD, 2003), sendo na maioria

dos casos resultado de um trauma de alta energia, geralmente associado a lesões

de outros órgãos (BUCHOLZ e JONES, 1991; BUCHOLZ e BRUMBACK 1996;

WHITTLE e WOOD, 2003). É uma lesão que pode ser fatal por conta da

complexidade que envolve a lesão de partes moles, risco de infecção em caso de

fratura exposta, embolia gordurosa, síndrome da angústia respiratória do adulto

(ZALAVRAS et al., 2005) ou mesmo falência múltipla de órgãos resultante de

politraumatismo (BUCHOLZ e JONES, 1991; BUCHOLZ e BRUMBACK, 1996;

KEEL e TRENTZ, 2005). Este tipo de fratura pode ainda determinar grande

incapacidade física, seja pela falta de ocorrência de consolidação ou pela

deformidade óssea decorrente de tratamento inadequado (BUCHOLZ e

BRUMBACK, 1996). As deformidades, mesmo quando acarretam apenas

pequenos graus de encurtamento do membro e desvio angular, podem evoluir

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para artrose pós-traumática (BUCHOLZ e JONES, 1991; BUCHOLZ e

BRUMBACK, 1996).

A arte do tratamento de uma fratura da diáfise do fêmur é o equilíbrio entre a

estabilização óssea, através do alinhamento anatômico, e a reabilitação funcional

precoce do membro (BUCHOLZ e BRUMBACK, 1996). A evolução técnica da

fixação interna mudou por completo o protocolo clássico dos últimos trinta anos

no que se refere ao tratamento da fratura da diáfise do fêmur. A opção pela

estabilização óssea precoce, seja temporária ou definitiva, é o atual padrão ouro

de tratamento destas fraturas, principalmente no paciente politraumatizado (PAPE

et al., 2009).

O emprego da haste intramedular (HIM) fresada para tratamento da fratura da

diáfise do fêmur foi popularizado por Gerhard Küntscher, na Alemanha após a

segunda Guerra Mundial (KÜNTSCHER, 1948). Mais tarde, KLEMM e

SCHELLMANN (1972) introduziram o conceito de parafusos de bloqueio da HIM

que foi, posteriormente, difundido mundialmente (KEMPF et al.,1978).

WINQUIST et al. (1984), analisaram uma série de 300 fraturas de fêmur tratadas

com haste intramedular bloqueada (HIMB) e observaram uma incidência de 6.3%

de consolidação viciosa, 0.7% de infecção e 0.3% de falta de consolidação. A

partir desses excelentes resultados, que foram confirmados por outros relatos em

diversas partes do mundo (QUADRO 1), este procedimento foi definido como a

melhor opção de tratamento para esta lesão.

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20

QUADRO 1 - Resultados de séries de fraturas da diáfise do fêmur tratadas com haste intramedular anterógrada fresada.

Autores N Aberta

(%)

Consolidação

(semanas)

Cirurgia

Secundária

(%)

Consolidação

Viciosa (%)

Infecção

(%)

JOHNSON et al.,1984 24 16.7 13.8 4.2 12.5 0

KLEMM e BÖRNER, 1986 293 16 - 2.4 - 2.4

WISS et al., 1986 112 28.5 - 1.8 9.5 0

KEMPF et al., 1985 52 36.5 19.5 9.6 1.7 2.1

CHRISTIE et al, 1988 120 20 17 1.7 2.5 0

BRUMBACK et al, 1988 87 23 19 2.3 0 1.1

SØJBJERG et al, 1990 40 27.5 12 0 15 0

ALHO et al, 1991 123 12.2 13 0 8.1 0.8

WISS et al, 1990 33 21.2 32 3.3 6.1 0

BRÄTEN et al, 1995 120 10 - 0.8 13.3 0.8

CLATWORTHY et al, 1998 22 14 28.6 14 - 0

REYNDER e BROOS, 2000 54 - 19.6 5.6 0 0

GIANNOUDIS et al, 1997 15 - 20.5 6.7 0 0

TORNETTA e TIBURZI, 2000 83 51.8 11.4 0 2.4 0

Quando comparado com os resultados do tratamento da fratura da tíbia, a falta de

consolidação óssea após a osteossíntese intramedular é um problema clínico um

pouco mais frequente nas lesões do fêmur (WINQUIST et al., 1984; THORESEN

et al., 1985; BRUMBACK et al., 1988; CHRISTIE et al., 1988; SØJBERG et al.,

1990; BRUMBACK, 1996). Em consequência do uso mais disseminado de HIMB

para o tratamento de fraturas diafisárias do fêmur, associado ao aumento do grau

de energia das fraturas que determinam maior lesão tecidual e perda de

segmentos ósseos, o aumento da incidência desta complicação foi objeto de

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21

diversos relatos (CURYLO e LINDSEY, 1994; BHANDARI et al., 2000;

HERSCOVICI et al., 2000; TORNETTA e TIBURZI 2000).

2.2 CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA, FALTA DE CONSOLIDAÇÃO E

PSEUDARTROSE

2.2.1 Consolidação óssea

A consolidação óssea é um processo regenerativo único no organismo e ocorre

de maneira altamente organizada através de duas vias que dependem da

estabilidade mecânica local. A primeira via ocorre em situações especiais,

quando de maneira cirúrgica, se obtém redução anatômica seguida de

estabilidade absoluta dos fragmentos ósseos fraturários, acarretando a

consolidação óssea direta, também denominada de consolidação primária ou

intramembranosa. A segunda via, mais frequente e natural, ocorre quando existe

uma estabilidade relativa no foco de fratura que determina uma consolidação

indireta, denominada de secundária ou endocondral (GIANNOUDIS et al., 2007a).

Independente da maneira que ocorre o reparo ósseo, este processo é

influenciado por vários fatores, alguns conhecidos e outros ainda não descritos,

compreendendo quatro estágios bem definidos, a saber: (1) fase de resposta

inflamatória inicial, (2) formação do calo mole, (3) união óssea inicial e, por fim, (4)

remodelação óssea (MARSELL e EINHORN, 2011). O primeiro estágio inicia-se

com a formação do hematoma resultante da fratura, a partir do sangramento de

origem intramedular e da lesão dos tecidos circundantes. O hematoma formado

no foco de fratura constitui o molde para o futuro calo ósseo e o seu

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22

desenvolvimento é acompanhado por uma resposta inflamatória local. Durante

esta fase inflamatória local, macrófagos e plaquetas infiltram o foco de fratura e

liberam citocinas pró-inflamatórias, incluindo fatores de crescimento derivados de

plaquetas (PDGF), fator beta de crescimento transformante (TGF-ß), interleucinas

1, 6, 11 e 18 (IL-1, IL-6, IL-11 e IL-18), prostaglandina E2 (PGE-2) e fator alfa de

necrose tumoral (TNF-α), que são responsáveis pelo recrutamento de células

inflamatórias e promoção de angiogênese. Esta fase inflamatória precoce inicia-

se nas primeiras 24 horas após o trauma e está completa no sétimo dia. A seguir,

células tronco mesenquimais são recrutadas da medula óssea para o foco de

fratura onde proliferam e se diferenciam em células osteogênicas com objetivo de

promover a neoformação óssea juntamente com a população local de

osteoblastos periosteais, para dar prosseguimento a estruturação do calo ósseo

(PHILLIPS, 2005).

A proliferação das células mesenquimais e dos osteoprogenitores está

intimamente associada à expressão de diversas moléculas reguladoras,

particularmente as proteínas morfogênicas do osso (BMPs), TGF-ß e Fator de

crescimento fibroblástico (FGF). Com a maturação do hematoma há deposição de

matriz colágena que serve de suporte para neoformação vascular. Esta fase

coincide com o aumento da expressão do fator de crescimento endotelial vascular

(VEGF). Os vasos neoformados viabilizam o acesso de novas células

osteoprogenitoras e de células que através da liberação local de fatores de

crescimento mantêm ativo o processo de recrutamento e de diferenciação de

células mesenquimais em progenitores comprometidos com uma das linhagens

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23

mesenquimais. Através desta via, células mesenquimais se diferenciam em

condrócitos que promovem a deposição de cartilagem que é substituída

gradativamente por osso (ossificação endocondral). Nesta fase, predomina a

expressão local de colágenos tipos I e II. Após a fase proliferativa, os condrócitos

hipertrofiam e liberam fatores que estimulam a ossificação da matriz cartilaginosa

recém-depositada no foco de fratura. A conversão da cartilagem hipertrófica em

osso é mediada por diversos fatores, incluindo BMPs, TGF-ß, Fator de

crescimento insulina-like (IGF), osteocalcina e colágenos tipos I, V e XI. A medida

que o osso é formado ocorre aumento da angiogênese local e morte dos

condrócitos por apoptose. A seguir inicia-se gradualmente a ação coordenada

entre osteoblastos e osteoclastos visando a remodelação do osso recém-formado.

Para conclusão desta fase é fundamental que o suprimento sanguíneo seja

adequado e que haja estabilidade mecânica no foco de fratura. A falta de um

desses fatores pode alterar esta sequência de eventos coordenados e acarretar

em pseudartrose (BORRELLI et al., 2012).

A consolidação direta não é um processo natural e só é obtida através de

um procedimento cirúrgico. Para que ocorra a consolidação direta de uma fratura

é necessário que haja uma redução perfeita sem a ocorrência de lacuna entre os

fragmentos ósseos, aliada a uma estabilidade rígida no foco de fratura. Quando

estes requisitos são obtidos, a consolidação ocorre por remodelação direta do

osso neoformado no foco de fratura. Este tipo de consolidação, dependendo do

local do foco de fratura, ocorrerá por contato ou por fenda (ou gap), pois mesmo

após uma redução anatômica e compressão do foco de fratura, sempre existirá

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24

uma pequena fenda em alguma área do traço de fratura. O limite para

consolidação primária óssea direta por fenda (gap) é cerca de 0,5 mm (SCHENK

e WILLENEGGER, 1977).

O tipo de consolidação que ocorre em uma fratura de um osso longo depende do

tipo de tratamento efetuado. Quando a opção é a osteossíntese com uma HIMB,

visando a estabilidade mecânica, será conferida ao foco de fratura uma

estabilidade relativa. Os movimentos controlados pelo implante propiciam a

formação do calo ósseo periosteal (McGIBBIN, 1978; ARO et al., 1985). Com a

estabilidade absoluta através da fixação com placa de compressão, a

consolidação ocorre por formação óssea primária sem a formação intermediária

de um calo periosteal (ALLGÖWER e SPIEGEL, 1979; PERREN, 1979; McKEE,

2000).

2.2.2 Pseudartrose

Embora exista uma grande variação do tempo de consolidação de uma fratura

entre os diferentes sítios do esqueleto, quase todas consolidam em um período

de três a quatro meses após a ocorrência da lesão. Para a Food and Drug

Administration (FDA), a falta de consolidação é diagnosticada “quando uma

fratura não apresenta sinais visíveis de progressão para a consolidação nos

últimos três meses e que tenha, no mínimo, nove meses de evolução desde o

momento do trauma inicial”. A distinção entre retarde de consolidação e falta de

consolidação é arbitrário e pode não existir diferença qualitativa entre as duas

expressões, sendo apenas um lapso temporal que na prática clínica pode ser

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25

impossível de ser distinguido. Já a pseudartrose, está relacionada ao estágio final

de uma falta de consolidação e deve ficar restrita a condições onde existam sinais

radiográficos clássicos, tais como esclerose dos bordos da fratura e um espaço

sinovial entre estes, simulando uma articulação neoformada (FRÖLKE e PATKA,

2007).

A falta de consolidação óssea pode ser classificada de acordo com o padrão

vascular no foco de fratura em hipervascular (hipertrófica) ou avascular (atrófica).

No primeiro grupo existe um potencial biológico de reação através da

vascularização local, ao contrário do segundo grupo que caracteristicamente

possui um baixo suprimento vascular (BRINKER e O`CONNOR, 2008).

Tomando por base algumas das características individuais das faltas de

consolidação, WEBER e CECH (1976) propuseram uma subdivisão das lesões

com potencial biológico em três subtipos: hipertrófica ou em “pata de elefante”,

quando há formação de calo ósseo exuberante devido a uma instabilidade

acentuada do foco de fratura; hipertrófica ou em “pata de cavalo” quando o calo

ósseo é menos exuberante. Este subtipo ocorre quando há instabilidade

mecânica moderada no foco da fratura e o calo não produz estabilidade suficiente

para que ocorra a consolidação óssea total. No terceiro subtipo, oligotrófico, não

há formação de calo ósseo apesar de existir viabilidade no foco de fratura. Este

tipo ocorre em fraturas com desvios acentuados, quando há distração do foco

após realização de osteossíntese ou quando a redução da fratura é inadequada.

As lesões com padrão atrófico (avascular) foram também divididas em quatro

subtipos: (1) lesão com cunha de torsão, quando um fragmento em cunha

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26

apresenta consolidação óssea em apenas uma de suas faces; (2) fraturas

cominutivas, caracterizada pela presença de um ou mais fragmentos ósseos

intermediários desvascularizados; (3) o tipo resultante de perda óssea decorrente

de fraturas expostas ou infecção óssea; e (4) o tipo denominado de pseudartrose

“em ponta de lápis”, que geralmente corresponde a evolução final de um dos

outros tipos de falta de consolidação atrófica (FRÖLKE e PATKA, 2007). A

representação esquemática dos tipos de falta de consolidação estão

representados na FIGURA 1.

FIGURA 1- Imagem esquemática dos tipos de pseudartrose vasculares (hipertrófica) e

avascular (atrófica). As vasculares podem ser classificadas em (a) “pata de elefante; (b)

“pata de cavalo”; (c) oligotrófica. As pseudartroses avasculares são classificadas em

(d) cunha de torsão; (e) fraturas cominutivas; (f) perda óssea; (g) “em ponta de lápis”.

2.3 TRATAMENTO DA FRATURA DA DIÁFISE DO FÊMUR COM HIMB

Devido ao enorme avanço das técnicas cirúrgicas e das opções atuais de

tratamento, a incidência de falta de consolidação óssea da fratura da diáfise do

fêmur após a osteossíntese é um evento raro. Relatos da literatura mostram que

a incidência desta complicação varia entre 0 a 6% (CROWLEY et al., 2007;

TZIOUPIS e GIANNOUDIS, 2007).

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27

A osteossíntese com HIMB, propicia altas taxas de consolidação óssea, sendo

atualmente o padrão ouro de tratamento destas lesões. A opção de osteossíntese

mais utilizada é a haste com bloqueio estático (parafusos de bloqueio proximal e

distal ao foco de fratura) para evitar qualquer tipo de desvio ou encurtamento

ósseo durante o período de consolidação. Mesmo em fraturas mais distais ao

istmo, que é o local mais estreito do canal medular do osso é possível evitar o

desvio com este tipo de osteossíntese. Quando se utiliza haste intramedular

dinâmica (sem bloqueio distal ao foco de fratura), a estabilidade é menor,

podendo ocorrer desvios rotacionais ou mesmo encurtamento do osso em fraturas

com cominuição óssea (BRINKER e O’CONNOR, 2007).

A fresagem do canal medular que é feita durante o procedimento cirúrgico para a

inserção da HIMB pode favorecer a formação do calo ósseo através de dois

mecanismos: por um efeito biológico direto e por um efeito mecânico. O efeito

biológico seria através do aumento da circulação sanguínea periosteal,

consequente a destruição da circulação endosteal, pela ação direta da fresagem.

O aumento do fluxo sanguíneo periosteal no foco de fratura é um estímulo direto

para a neoformação óssea. O efeito mecânico é obtido pela própria haste

intramedular, pois através da fresagem é possível aumentar o diâmetro desta

haste, acarretando maior estabilidade e rigidez da síntese e possibilitando a

colocação de parafusos de bloqueio de maior diâmetro, que permitem suportar

melhor a sobrecarga mecânica durante o período de consolidação. A fresagem do

canal medular pode ainda favorecer a consolidação da fratura através de um

terceiro mecanismo que seria a liberação no foco de fratura de restos celulares e

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teciduais decorrente da destruição mecânica do endósteo. O aporte de células

multipotentes da medula óssea e a consequente liberação local de fatores de

crescimento induziriam uma resposta inflamatória altamente favorável à

instalação da cascata da consolidação óssea (BHANDARI e SCHEMITSCH,

2002; WENISCH et al., 2005).

Desta maneira, quando a consolidação óssea não ocorre no tempo previsto, entre

quatro e seis meses, a HIMB passa a sofrer uma maior sobrecarga mecânica.

Esta sobrecarga pode acarretar em fadiga do metal e quebra dos parafusos de

bloqueio, ocorrendo a dinamização do sistema. Esta complicação acarreta

aumento da instabilidade da síntese e perpetua a falta de consolidação óssea. As

causas de fadiga do implante são a falta de consolidação óssea decorrente de

uma perda óssea extensa, redução inadequada da fratura, erros técnicos de

colocação da HIMB e infecção óssea após a osteossíntese (SOMFORD et al.,

2013).

A falta de consolidação ou retarde de consolidação de uma fratura da diáfise

femoral é uma complicação grave, com alta morbidade e resultados funcionais

insatisfatórios. A maioria dos relatos sobre a falta de consolidação de uma fratura

da diáfise do fêmur são constituídos por grupos heterogêneos de pacientes, sem

levar em consideração o tipo de tratamento inicial da fratura (CHRISTIENSEN,

1973; HARPER, 1984; HEIPKE et al., 1985; KEMPF et al., 1986, KLEMM, 1986;

CURYLO e LINDSEY, 1994). Isto torna difícil a caracterização dos aspectos

típicos e dos problemas que geram pseudartrose após o emprego de HIMB. Em

um estudo de uma série de casos em 35 pacientes (PIHLAJAMÄKI et al., 2002),

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29

foi observado que a pseudartrose da diáfise do fêmur estava relacionada com o

padrão da fratura, com lesão de partes moles e erros técnicos decorrentes da

introdução da HIMB.

CALORI et al. (2007), descreveram dois tipos de fatores de risco para a falta de

consolidação de uma fratura. Os riscos gerais tais como idade, gênero, dieta,

diabetes, osteoporose, tabagismo, uso de anti-inflamatórios não hormonais e

álcool e os riscos relacionados ao mecanismo inicial da lesão como tipo de

fratura, lesão de partes moles, infecção local e grau de energia do trauma.

TAISTSMAN et al. (2009), em estudo de caso-controle com 45 pacientes com 46

faltas de consolidação de fraturas femorais (casos) e 92 pacientes com fraturas

femorais consolidadas (controle), concluíram que tabagismo, fratura exposta e a

demora em iniciar carga no membro fraturado após a osteossíntese, eram fatores

de risco para falta de consolidação óssea da fratura do fêmur tratadas com a

HIMB.

Após osteossíntese as principais causas da falta de consolidação óssea de uma

fratura do fêmur são a mobilidade devido a uma fixação inadequada, a

desvascularização óssea por lesão das partes moles circundantes, a perda óssea

resultante do trauma, por distração iatrogênica com a HIMB e infecção óssea pós-

cirúrgica (LYNCH et al., 2008).

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2.4 DIAGNÓSTICO DA FALTA DE CONSOLIDAÇÃO APÓS TRATAMENTO COM

HIMB

Devido à estabilidade que a HIMB propicia ao fêmur, o paciente pode

caminhar e reabilitar o membro mesmo na ausência de consolidação total da

fratura. O diagnóstico de falta de consolidação, em alguns casos, ocorre apenas

quando o paciente refere dor local e o exame radiográfico revela que houve

quebra do metal por fadiga de um parafuso de bloqueio (BRINKER e

O´CONNOR, 2008).

A radiografia convencional continua a ser o exame complementar mais

simples e útil para o diagnóstico da falta de consolidação de uma fratura. Em uma

revisão de 122 estudos de tratamento de fraturas, que utilizaram critérios

radiográficos para avaliar a consolidação, as radiografias convencionais foram

utilizadas em 98% dos estudos. Apenas 1% dos estudos se baseou em imagens

de tomografia computadorizada e ultrassom (CORRALES et al., 2008). Em casos

especiais a cintilografia óssea, ultrassonografia e tomografia computadorizada

são alternativas que podem auxiliar a esclarecer algum aspecto do diagnóstico.

A tomografia computadorizada talvez seja o exame de maior acurácia,

porém sua aplicação é limitada pelo custo elevado e pela dose excessiva de

radiação sobre o paciente, quando comparada com as radiografias convencionais.

Já a ressonância nuclear magnética, devido a grande quantidade de artefatos que

surgem na imagem devido a presença do implante metálico intramedular, não é a

melhor opção para o diagnóstico (CORRALES et al., 2008).

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A análise precisa do calo ósseo, mesmo na radiografia convencional é

dificultada pela posição intramedular do implante metálico. Por este motivo, na

investigação da consolidação se utiliza preferencialmente um critério de avaliação

radiográfica que considera a análise de cada cortical em separado. A

continuidade cortical, a perda da visibilidade da linha de fratura e a presença de

calo ósseo são os principais achados radiográficos utilizados pela maioria dos

escores para avaliar a consolidação óssea após o uso de HIMB (DIJKMAN et al.,

2010).

Entretanto, foi demonstrado que a aparência radiográfica de consolidação

de uma fratura não está diretamente relacionada à estabilidade mecânica do

osso. McCLELLAND et al. (2007), ao observar a falta de correlação entre os

achados radiográficos e as medidas de rigidez no foco de fratura concluíram que

a avaliação da consolidação óssea, através de radiografias por si só é inexata.

Portanto, a definição de consolidação óssea, depende da associação da

avaliação radiográfica e funcional. A avaliação clínica se baseia na ausência de

dor e mobilidade no foco de fratura, associado a uma boa função do membro,

caracterizada por boa mobilidade articular do quadril e joelho ipsilateral e

capacidade para suportar a carga corporal sem auxílio de muletas no membro

fraturado (BHANDARI et al., 2002).

Face a estas dificuldades em estabelecer critérios para o diagnóstico

preciso de falta de consolidação, KOOISTRA et al. (2010) desenvolveram um

escore para avaliação radiográfica da fratura tibial após osteossíntese

intramedular. Nesta avaliação cada cortical é analisada separadamente, utilizando

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as incidências radiográficas em anteroposterior e perfil, levando em consideração

a presença de calo ósseo e a visualização da linha de fratura. Baseado neste

escore considera-se que uma fratura diafisária de um osso longo do membro

inferior, estabilizada com HIMB, encontra-se consolidada quando o somatório da

pontuação na análise de cada cortical é maior ou igual a 10 pontos.

2.5 PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA NA PSEUDARTROSE

Embora a associação de pseudartrose de um osso longo com alguns

fatores de risco já esteja bem estabelecida na literatura, ainda persistem diversas

incógnitas relacionadas com o desenvolvimento da doença. Independente da

presença de fatores de risco, por que apenas um determinado grupo de pacientes

desenvolvem pseudartrose? Será que fatores sistêmicos ou deficiência na função

celular podem desencadear consolidação inadequada da fratura? (HOFMANN et

al., 2008; DIMITRIOU et al., 2011).

Com o objetivo de avaliar a possibilidade de variantes genéticas

influenciarem no processo de consolidação e, consequentemente, predispor a

pseudartrose, alguns estudos avaliaram a correlação entre genes relacionados

com consolidação óssea. Dentre os resultados encontrados, foram observados

polimorfismos nos genes PDGF (ZECKEY et al., 2011), NOGGIN e SMAD6 na via

de ativação de BMP (DIMITRIOU et al., 2011), que foram apontados como fatores

que podem contribuir para a ocorrência de pseudartrose. Um possível mecanismo

envolvido com a patogenia da pseudartrose seria a existência de polimorfismos

em regiões específicas do DNA relacionadas com algumas fases da

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consolidação, como a resposta inflamatória, a proliferação fibroblástica e a

diferenciação de células osteoprogenitoras (ANEXO V).

Na fase inicial da consolidação, a proliferação de osteoprogenitores e

fibroblastos estão intimamente associados à expressão de BMPs e FGF. A BMP4

é um membro da superfamília TGF-β, está localizada no cromossomo 14q22-23 e

tem origem, estrutura e funções semelhantes a BMP2. Foi demonstrado que a

sua haploinsuficiência pode resultar em alterações esqueléticas em camundongos

(DUMN et al., 1997). Outra característica da BMP4 é o aumento da sua

expressão durante o processo de consolidação de fraturas (NAKASE et al., 1994;

BOSTROM et al., 1995). Em estudo realizado entre membros de uma mesma

família, FURUSHIMA et al. (2002), avaliaram sessenta e quatro genes associados

ao metabolismo ósseo e observaram que apenas a BMP4 preenche os critérios

sugestivos de relação com o metabolismo ósseo.

O FGF regula a resposta celular através da ligação e ativação de um grupo

de quatro receptores tirosina-quinase (FGFR1-FGFR4), que possuem diferentes

funções biológicas (JOHNSON e WILLIAMS, 1993). Os fibroblastos, por sua vez,

são capazes de expressar um amplo número de fatores angiogênicos e

osteogênicos, diretamente envolvidos com o processo de reabsorção óssea.

(TUNYOGI-CSAPO et al., 2007). O antagonismo entre os sistemas de sinalização

de FGF e BMP já foi descrito em diversos estudos (FURTHAUER et al, 2004;

DELAUNE et al., 2005; WEISENGER et al., 2008).

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O gene FAM5C (family with sequence similarity 5, member C) é uma

proteína mitocondrial induzida pelas vias de BMP e ácido retinóico, localizada no

cromossomo 1q31.1, originalmente identificada em cérebros de camundongos

(KAWANO et al., 2004). Este gene está relacionado com a mediação do processo

inflamatório (RIBEIRO et al., 2012) através de diversas funções celulares, tais

como proliferação, migração e apoptose celular. O FAM5C também está

relacionado com algumas doenças como ateroesclerose (SHORTS-CARY et al.,

1997), infarto do miocárdio (CONNELLY et al., 2008) e periodontite agressiva

(CARVALHO et al., 2010). Apesar do gene FAM5C induzir a diferenciação

fibroblástica in vitro a sua função no processo de consolidação óssea ainda é

desconhecida (TANAKA et al., 2012).

2.6 TERAPIA CELULAR E PSEUDARTROSE

Diante do grande número de pacientes que sofrem traumas de diversas

origens nos grandes centros urbanos, a pseudartrose e o retarde de consolidação

passaram a constituir uma patologia de alta prevalência nos centros

especializados em Ortopedia e Traumatologia (EINHORN, 1995). As

complicações musculoesqueléticas a curto e em médio prazo geram um alto custo

social por exigirem acompanhamento médico permanente e incapacidade física,

impedindo que os pacientes, em grande parte jovens, tenham uma vida produtiva

normal. Como o tratamento convencional baseia-se em um procedimento

cirúrgico agressivo, caracterizado pela troca da HIMB por um diâmetro maior, com

fresagem do canal medular e em alguns casos o emprego da enxertia óssea do

ilíaco, a qual pode determinar sequela na área doadora, torna-se necessário que

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35

novas opções terapêuticas menos invasivas sejam desenvolvidas para melhorar a

eficácia das opções já existentes (NAUTH et al., 2011).

As células multipotentes são encontradas principalmente na medula óssea e

tem a capacidade para se diferenciar em gordura, músculo, cartilagem e osso,

dentre outros tecidos especializados (PITTENGER et al, 1999). IWAKURA et al.

(2009) demonstraram que o hematoma fraturário contem células progenitoras

mesenquimais multipotentes, cruciais para a regeneração óssea. O tratamento da

pseudartrose da diáfise do fêmur através da infiltração de concentrado autólogo

de medula óssea, foi descrito como uma opção minimamente invasiva ao

tratamento convencional (HEALEY et al., 1990; CONNOLLY et al., 1991;

HERNINGOU et al., 2005; KIM et al., 2009; CENTENO et al., 2011 ).

Parece existir uma demanda universal por procedimentos cirúrgicos mais

efetivos e menos invasivos, capazes de regenerar as perdas ósseas e de tecidos

musculoesqueléticos em geral, decorrentes de traumas, ressecções cirúrgicas ou

condições ortopédicas que comprometem o esqueleto. Dentro deste contexto, a

bioengenharia ortopédica surgiu como uma alternativa altamente promissora,

capaz de atender integramente a esta demanda através de estratégias que

incluem a utilização de proteínas morfogênicas, fatores de crescimento, citocinas,

suportes estruturais e, principalmente, células. Várias combinações destes

diferentes componentes, adaptados para aplicações específicas em ortopedia e

traumatologia, mostram-se bastante promissores em modelos pré-clínicos e

clínicos. Independentemente da estratégia utilizada, o objetivo final é sempre

induzir a reconstrução tecidual endógena, reduzindo a necessidade de outros

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procedimentos cirúrgicos. Entretanto a medida ideal de cada um desses

componentes dentro de uma única proposta terapêutica seria aquela onde fosse

possível manter o efeito local a longo prazo, sem que houvesse ocorrência de

efeitos colaterais. Em condições favoráveis a estratégia poderia resultar

diretamente na regeneração de perdas ósseas ou na recuperação do potencial de

consolidação óssea. Dentre os elementos que classicamente fazem parte dos

protocolos de bioengenharia ortopédica, as células têm um papel de destaque,

uma vez que qualquer regeneração tecidual requer a presença de células

capazes de formar o tecido desejado. Em consequência, as terapias celulares

constituem a primeira linha de escolha por serem capazes de suprir os locais com

um número substancial de células com características que permitam, não

somente a formação de osso e dos tecidos musculoesqueléticos mas que

principalmente, seja capaz de manter o turnover ósseo durante toda a vida.

Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo investigar a viabilidade

de um protocolo alternativo a cirurgia convencional, menos invasivo, baseado na

infiltração de concentrado de medula óssea autóloga, e sua efetividade na

consolidação de pseudartroses da diáfise do fêmur previamente estabilizadas

com HIMB.

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37

3. OBJETIVOS

Geral

Avaliar a consolidação óssea após o tratamento com infiltração de

concentrado autólogo de células mononucleares da medula óssea (BMMNCs) em

uma série de pacientes com pseudartrose da diáfise do fêmur tratadas com HIMB.

Específicos

1. Avaliar se a idade, gênero, tipo de fratura do fêmur, número de cirurgias

prévias, tipo e duração da pseudartrose e presença de comorbidades

influenciaram na resposta ao tratamento com a infiltração de BMMNCs autólogas.

2. Avaliar a neoformação óssea no foco de pseudartrose por critério radiográfico.

3. Avaliar se o número de BMMNCs injetadas no foco de pseudartrose tem

influencia na ocorrência de consolidação óssea.

4. Avaliar a possível relação entre o polimorfismo dos genes BMP4, FGFR-1 e

FAM5C e pseudartrose da diáfise do fêmur.

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38

4. PACIENTES E MÉTODOS

4.1 PACIENTES

Fizeram parte do presente estudo dezesseis pacientes de ambos os sexos

(11 homens) com idade entre 18 e 60 anos, portadores sintomáticos de

pseudartrose oligotrófica ou atrófica da diáfise femoral e que não responderam ao

tratamento com a inserção de HIMB. Todos foram recrutados no Centro de

Trauma do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad

(INTO/MS) no Rio de Janeiro no período entre janeiro/2010 a janeiro/2011. Antes

de ingressarem no estudo, mediante a assinatura do termo de consentimento livre

e esclarecido, os voluntários foram informados sobre os benefícios e alertados

para possíveis complicações do procedimento com a infiltração de BMMNCs no

foco de pseudartrose. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

do INTO (CEP/INTO no123/06) (ANEXO I).

Todos os pacientes foram diagnosticados com pseudartrose asséptica da

diáfise femoral, tratada com HIMB e com estabilidade mecânica do foco de

fratura. A lesão inicial da diáfise femoral foi classificada segundo os critérios da

Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefragen (AO) e da Orthopaedic Trauma

Association (OTA) (MARSH, 2007) (ANEXO II). As fraturas expostas foram ainda

categorizadas segundo os critérios de Gustilo-Anderson (GUSTILO e

ANDERSON, 1976) (ANEXO III).

O diagnóstico de pseudartrose foi estabelecido em radiografias simples,

oblíquas, anteroposterior (AP) e perfil do fêmur e definida como a ausência de

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consolidação num período de até nove meses após a ocorrência da fratura, e que

evoluiu nos últimos três meses sem sinais de progressão do calo ósseo

(BRINKER e O´CONNOR, 2008). Foram considerados como critério de exclusão

deste estudo:

pacientes com idade menor de 18 anos ou maior de 60 anos;

ausência de estabilidade no foco de fratura;

falha do implante metálico;

outro tipo de osteossíntese que não HIMB;

uso continuado de qualquer medicação que pudesse interferir com o

processo de consolidação óssea como glicocorticóide sistêmico;

tratamento com terapia imunossupressora;

portadores de doenças sistêmicas inflamatórias e autoimunes;

fraturas patológicas;

infecção local ou sistêmica de outra natureza;

portadores de discrasias sanguíneas ou doenças hematológicas

graves;

portadores de neoplasias malignas exceto carcinoma basocelular;

diabetes descompensada;

insuficiência renal crônica;

transplantados renais, cardiopatia grave descompensada;

icterícia à esclarecer;

alcoolismo.

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40

4.2 DIAGNÓSTICO DE CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA

Para monitorizar o desenvolvimento e a evolução do calo ósseo, os

pacientes foram acompanhados através de radiografias simples em AP e perfil

seis semanas, quatro, seis e doze meses após infiltração das células no foco de

pseudartrose. O diagnóstico clínico de consolidação óssea foi estabelecido no

paciente sem queixa álgica no local da fratura e que fosse capaz de sustentar o

peso e deambular sem auxílio ou uso de muletas. O diagnóstico radiográfico de

consolidação da fratura foi feito utilizando-se a escala RUST (KOOISTRA et al.,

2010). Este escore radiográfico de consolidação de fratura diafisária baseia-se na

avaliação de radiografias em AP e perfil, na presença/ausência de ponte óssea

unindo o foco de fratura e na presença/ausência de linha de fratura visível. Esses

parâmetros são quantificados e pontuados segundo a QUADRO 2:

QUADRO 2 – Avaliação de consolidação óssea pela escala quantitativa RUST.

ESCALA DE AVALIAÇÃO DE CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA*

CALO ÓSSEO LINHA DE FRATURA PONTUAÇÃO

Ausente Visível 1

Presente Visível 2

Presente Não visível 3

* Avaliação é feita em cada uma das quatro corticais. A pontuação mínima é de quatro pontos e a máxima de 12 pontos.

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O diagnóstico de consolidação radiográfica foi estabelecido nos pacientes

com escore ≥10 na avaliação pela escala RUST. Foram considerados como não

tendo respondido à terapia celular, pacientes que ao final do período de segmento

ainda apresentavam evidência radiográfica de não consolidação da fratura

(escore ≤10) e que permaneceram com limitação clínica devido a dor no local da

fratura.

4.3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS

4.3.1 Obtenção e concentração do aspirado de medula óssea

A aspiração da medula óssea foi feita com o paciente sob efeito de

anestesia geral, no centro cirúrgico, com o paciente posicionado em decúbito

lateral. Após assepsia local, foi feita uma incisão cutânea, com cerca de 5 mm na

porção posterior da crista ilíaca, onde a agulha de punção (11G x 10cm,

Bloodline, Medolla, Italy) foi introduzida sob pressão, para a aspiração da medula

óssea. As amostras de medula óssea foram obtidas em seringas de 10 mL

homogeneizadas com heparina (2.500UI) em alíquotas de 2-3 mL, para reduzir o

grau de diluição com sangue periférico (MUSCHLER et al., 1997; HERNIGOU et

al., 2006). Para permitir que a aspiração atingisse um amplo território ósseo, a

agulha foi regularmente reposicionada na crista ilíaca (FIGURA 2).

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O conteúdo de cada seringa foi coletado em uma bolsa plástica contendo

heparina (2.500UI) até atingir o volume de 200 mL de medula óssea total. A

seguir, o aspirado medular foi filtrado em um sistema fechado (Bone marrow kit,

R4R 2107; Baxter, Deerfield, Illinois) através de uma sequência de três filtros com

poros progressivamente menores, constituintes do próprio sistema do kit. Através

desta filtração foram removidas partículas de grandes dimensões como glóbulos

de gordura, fragmentos ósseos e coágulos sanguíneos (FIGURA 3).

FIGURA 2 - Obtenção do

aspirado medular da crista

ilíaca posterior. O aspirado foi

obtido por aspiração lenta com

agulha do tipo Jamishidi, em

alíquotas de 2-4 mL. A cada

10 mL de medula óssea

aspirada a agulha era

reposicionada para evitar a

diluição com sangue.

FIGURA 3 - Sistema fechado de

filtração com sequência de filtros

(poros 100, 500 e 800 m) para

remoção de material particulado.

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Após a filtração as células foram coletadas na última bolsa do kit (bolsa de

transferência) e submetidas à centrifugação por cerca de 20 minutos em um

sistema separador de células (Sepax, Biosafe, Geneva, Switzerland) (FIGURA 4).

Através da centrifugação removia-se do aspirado total a maior parte das

hemácias, a maior parte do plasma e de neutrófilos, permanecendo a fração de

células mononucleares onde os progenitores mesenquimais e hematopoéticos

estão contidos. Desta forma, o volume inicial aproximado de 200 mL de aspirado

medular foi reduzido para 40 mL de BMMNCs. Em ambiente estéril (fluxo laminar,

FIGURA 5) e em sistema fechado, as BMMNCs foram coletadas na bolsa coletora

do kit e, no centro cirúrgico, foram aspiradas para uma seringa de 50 mL para a

infiltração no foco de pseudartrose (FIGURA 6).

FIGURA 4 - Sistema fechado

para redução de volume

para concentração de

medula óssea (Sepax,

Biosafe).

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44

4.3.2 Infiltração do concentrado de BMMNCs

Ainda sob efeito da anestesia geral e no mesmo procedimento cirúrgico

para aspiração da medula óssea, o paciente foi reposicionado na mesa cirúrgica e

colocado sob um intensificador de imagens para o controle radiográfico do

procedimento. A seguir, cerca de 40 mL da suspensão celular foi injetada

lentamente, por via percutânea, no foco da pseudartrose e nas extremidades do

osso adjacente (FIGURA 7A). A injeção da suspensão celular foi guiada por

FIGURA 5 - Manipulação em

ambiente estéril da bolsa contendo o

concentrado de BMMNCs para

retirada das amostras para controle

microbiológico.

FIGURA 6 - Aspiração do concentrado de

BMMNCs para infiltração no foco de

pseudartrose.

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fluoroscopia biplanar e feita de forma circunferencial no foco de fratura (região

medial, lateral, posterior e anterior) com uma agulha de punção idêntica à

utilizada para aspiração da medula óssea (FIGURA 7B).

O intervalo de tempo entre o final da coleta do aspirado de medula e a

infiltração das células foi de cerca de 60 minutos.

4.4 ANÁLISE LABORATORIAL

4.4.1 Contagem do número de células

O número de BMMNCs injetadas no foco de pseudartrose foi calculado

multiplicando o volume do concentrado celular pelo número de células

mononucleares obtido no hemograma pós-concentração. A viabilidade celular foi

avaliada numa pequena alíquota pela técnica de exclusão do Azul de Trypan

antes da injeção e expressa em % do total de células. Também foram realizados

FIGURA 7 – Infiltração do concentrado de BMMNCs no foco de pseudartrose

(A) guiada por controle fluoroscópico (B).

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46

teste de esterilidade (hemocultura para identificação e caracterização de agentes

microbianos) numa alíquota de 3 mL da suspensão celular, antes e após o

procedimento de concentração.

4.4.2 Avaliação genética de polimorfismo em pacientes com pseudartrose

Foi realizado um estudo preliminar com 66 pacientes portadores de

pseudartrose e 101 pacientes com fratura consolidada de um osso longo,

selecionados no Centro de Trauma do Instituto Nacional de Traumatologia e

Ortopedia Jamil Haddad durante um ano. A característica genética dos 16

pacientes foi estudada individualmente e correlacionada aos resultados clínicos

obtidos pós-tratamento com BMMNCs, como forma de conhecer a influência da

predisposição genética à pseudartrose no resultado do tratamento. Os dezesseis

pacientes participantes desta série estavam incluídos nesta amostra inicial

(GUIMARÃES et al., 2013).

Seleção do polimorfismo em um único nucleotídeo (SNP) e genotipagem

O DNA genômico foi extraído de amostras de saliva dos pacientes, de

acordo com protocolo já estabelecido (KUCHLER et al., 2012). A quantidade e a

pureza do DNA foram determinadas em espectrofotômetro tipo Nanodrop®

(Thermo Scientific, Wilmington, USA). Todas as amostras de DNA apresentaram

razão A260nm/A280nm maiores do que 1.9, tendo aproveitamento de 100%.

Para genotipagem desses pacientes, foram consideradas as análises das

regiões polimórficas que demonstraram correlação significativa com o

desenvolvimento de pseudartrose (BMP4 rs17563 e FGFR1 rs13317) ou com

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proteção à doença (FAM5C rs1342913) (ANEXO V). Estes SNPs (Single

Nucleotide Polymorphisms) foram selecionados com base no registro do banco de

dados do Centro Nacional de Informação em Biotecnologia

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/SNP/), apresentando menor frequência alélica maior

do que 0.2. A seleção destas regiões teve como base a distribuição étnica e a

participação destes genes no processo de regeneração óssea. O detalhamento

das variantes genéticas está descrito na TABELA 1.

TABELA 1 – Variantes genéticas dos genes investigados.

Gene Cromossoma SNP ID Tipo SNP* Posição do par de base

Alteração na Base **

MFA***

BMP4 Ch14 rs17563 Exon 54417522 C>T

0.371

FAM5C Ch1 rs1342913 Intron 190121025 A>G

0.379

FGFR1 Ch8 rs13317 3`UTR 38269514 C>T

0.275

*Single Nucleotide Polymorphisms; **Segundo Applied Biosystem; ***MFA: frequência do menor alelo segundo o GenBank;

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A genotipagem das regiões selecionadas foi realizada através da reação

em cadeia de polimerase em tempo real utilizando sistema TaqMan (Applied

Biosystems, Foster City, CA) em um total de 1,5 mL / reação em termociclador

PTC-225 (Peltier Thermal Cycler, Bio-Rad Life Science, Corston, UK).

4.5 ACOMPANHAMENTO CLÍNICO DOS PACIENTES

Após a infiltração das células, os pacientes foram submetidos à avaliação

clínica e radiográfica com duas e quatro semanas, respectivamente, depois do

procedimento. A seguir as avaliações tornaram-se mensais até o oitavo mês e

semestral até o final do segundo ano. A avaliação da evolução do processo de

consolidação da fratura e a comparação com o padrão inicial da lesão antes do

tratamento foi realizado em radiografias simples (AP e perfil). O desfecho primário

do estudo foi à ocorrência de consolidação radiográfica avaliada pela escala

RUST e pela avaliação clínica.

4.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A significância das variáveis nominais entre os pacientes foi verificada pelo

teste do qui-quadrado (χ2). O teste de Shapiro-Wilk foi empregado para avaliar a

normalidade da distribuição dos dados das variáveis numéricas. O teste t de

Student foi utilizado para determinar diferenças entre a idade dos pacientes, entre

a variação do valor dos escores radiográficos antes e depois da terapia celular e

entre o número de células injetadas na lesão. O teste não paramétrico de Mann-

Whitney foi utilizado para determinar diferenças entre os tempos de evolução da

pseudartrose. A análise estatística foi feita utilizando-se o programa STATA 11.1

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(StataCorp, Texas USA). Foram consideradas estatisticamente significativas

diferenças com valor de p menor do que 0.05.

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5. RESULTADOS

5.1. PACIENTES

Todos os pacientes preencheram os critérios de inclusão/exclusão do

protocolo do estudo e compareceram a todas as etapas do acompanhamento

clínico (consultas e exames de imagem). Em todos os pacientes o tratamento

com infiltração com concentrado autólogo de BMMNCs foi realizado utilizando-se

o mesmo método de obtenção e concentração dos aspirados de medula total.

Tanto os procedimentos cirúrgicos como laboratoriais foram realizados

integralmente no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad,

pela mesma equipe cirúrgica e laboratorial. Em nenhum dos pacientes foi

observado qualquer tipo de complicação local ou sistêmica, precoce ou tardia.

Todos os pacientes receberam alta hospitalar em menos de 24 horas após o

procedimento cirúrgico.

A fratura da diáfise femoral em doze dos 16 pacientes era fechada e em

quatro pacientes era exposta. A distribuição dos pacientes segundo o tipo de

fratura de acordo com a classificação da AO/OTA foi de oito pacientes portadores

de fratura tipo 32-A, de seis pacientes eram portadores de fratura tipo 32-B e de

dois pacientes do tipo 32-C. Quatro pacientes apresentavam fratura concomitante

(tipo 31-B) do colo femoral já consolidada no momento da terapia celular. O tipo

de fratura exposta presente inicialmente em quatro pacientes foi classificado de

acordo com os critérios de Gustilo-Anderson em tipo I (n=3) e tipo II (n=1).

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Antes do procedimento para infusão das BMMNCs, todos os pacientes,

foram diagnosticados, através da análise de radiografias convencionais nas

incidências anteroposterior e lateral, como tendo estabilidade mecânica do foco

de pseudartrose. Para o diagnóstico de estabilidade mecânica consideramos a

integridade dos implantes, o alinhamento do eixo e da rotação do fêmur e

ausência de sinais de reabsorção óssea em torno dos componentes do implante.

O tipo de pseudartrose classificada segundo o critério de WEBER e CECH

(1976) demonstrou que em sete pacientes a falta de consolidação óssea era do

tipo atrófica e em nove pacientes era do tipo hipotrófica. O tempo médio de

evolução entre a ocorrência da fratura e o tratamento com BMMNCs foi de 41,8

meses (faixa entre 09-97 meses).

Além da intervenção cirúrgica para colocação da HIMB, os pacientes foram

submetidos a um (n=4), dois (n=3) e a três (n=2) procedimentos cirúrgicos

adicionais para tratar eventos relacionados com a consolidação da fratura da

diáfise femoral. Em cinco pacientes havia relato de comorbidades: tabagismo em

quatro e tabagismo e diabetes em um paciente. Os dados demográficos dos

pacientes estão resumidos na TABELA 2.

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TABELA 2. Resumo dos achados clínicos dos pacientes com pseudartrose da diáfise femoral tratados com HIMB.

Sexo/

Idade

Mecanismo

inicial lesão

Tipo fratura

G-A AO/OTA

Cirurgias

prévias

Pseudartrose

Comorbidades

Tipo Tempo*

F, 35 Acidente Auto Fechada, 32A 2 Oligo 95 Não

F, 43 Acidente Auto Fechada, 32A 2 Oligo 50 Não

F, 44 Acidente Auto Fechada 32B, 31B 3 Oligo 71 Não

M, 27 Acidente Moto Fechada, 32B 4 Oligo 48 Não

M, 52 Queda Fechada, 32A 3 Oligo 62 Não

M, 45 Atropelamento Fechada, 32C, 31B 1 Oligo 60 Não

F, 54 PAF Exposta GII, 32B 1 Atrófica 22 Não

M, 28 Acidente Moto Exposta GI, 32A 3 Oligo 69 Não

M, 44 Acidente Moto Fechada, 32C, 31B 1 Atrófica 15 Não

M, 24 Acidente Auto Fechada, 32B 1 Atrófica 09 Tabagismo

M, 45 Acidente Auto Fechada 32A, 31B 1 Atrófica 14 Tabagismo/DM

M, 37 Acidente Moto Exposta GI, 32B 4 Oligo 97 Tabagismo

M, 19 Atropelamento Fechada, 32A 1 Atrófica 15 Tabagismo

M, 30 Acidente Moto Fechada, 32B 1 Atrófica 15 Não

F, 19 Acidente Moto Fechada, 32A 2 Atrófica 12 Não

M, 59 Queda Exposta GI, 32B 2 Oligo 15 Tabagismo

* Tempo em meses.

F = feminino; M = masculino; PAF = projetil de arma de fogo; G-A = Gustilo-Anderson;

AO/OTA = Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefragen (AO) / Orthopaedic Trauma Association (OTA);

Oligo = oligotrófica; DM = diabetes mellitus.

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5.2. AVALIAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA APÓS TRATAMENTO COM

INFILTRAÇÃO DE BMMNCs NO FOCO DE PSEUDARTROSE

A consolidação da pseudartrose da diáfise femoral ocorreu em oito dos 16

pacientes tratados com infiltração de BMMNCs. A avaliação pela escala RUST foi

maior do que 10 pontos em todos os pacientes que evoluíram para consolidação

óssea. Os demais oito pacientes que não consolidaram apresentaram pontuação

menor do que 10 (faixa entre 4 e 9 pontos).

O diagnóstico de consolidação da pseudartrose nos oito pacientes que

responderam ao tratamento foi estabelecido através dos achados radiográficos

quantitativos (RUST) e por exame físico através da demonstração da capacidade

de deambular sem auxílio de muletas e ausência de dor no foco de fratura. Em

todos os pacientes que participaram do estudo, independentemente da ocorrência

ou não de consolidação, a infiltração de BMMNCs no foco de pseudartrose

promoveu aceleração da produção local de osso após 4.75±1.75 meses (faixa 3-8

meses). A variação nos valores do escore da escala RUST foi significativamente

maior nos pacientes que consolidaram em relação àqueles que não responderam

ao tratamento (p<0,00002). Os aspectos radiográficos da fratura antes da injeção

de BMMNCs bem como o segmento individualizado dos pacientes estão

ilustrados no ANEXO III.

A partir do oitavo mês não observamos evolução do processo de formação

óssea, equivalendo dizer que nos oito pacientes que responderam ao tratamento

a consolidação ocorreu num prazo máximo de oito meses. Os valores individuais

da avaliação através da escala RUST antes e depois da infiltração de BMMNCs e

o tempo para atingir a consolidação estão discriminados na TABELA 3.

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TABELA 3. Escores radiográficos segundo a escala RUST antes e depois da infiltração de BMMNCs no foco de pseudartrose e tempo de consolidação.

Escore radiográfico segundo

escala RUST Tempo de consolidação (meses)

Pré Pós* Variação

1 4 8 2 -

2 5 7 2 -

3 5 9 4 -

4 5 11 6 6

5 6 10 4 8

6 6 12 6 6

7 4 11 7 4

8 6 7 1 -

9 4 4 0 -

10 6 12 6 4

11 4 12 8 5

12 4 4 0 -

13 5 7 2 -

14 4 7 3 -

15 5 12 7 6

16 6 12 6 4

* Avaliação feita 12 meses após a injeção de BMMNCs.

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55

5.3. CARACTERÍSTICAS DO INFILTRADO DE BMMNCs

Apesar da padronização de todas as etapas da coleta e do

processamento da medula óssea, observamos uma ampla variação no

número de células mononucleares injetadas nos pacientes. O número

individual de células e a resposta ao tratamento estão resumidos na

TABELA 4. Em nenhum dos pacientes houve crescimento bacteriano nas

amostras de medula óssea total ou no concentrado mononuclear pré e pós-

processamento laboratorial.

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56

TABELA 4. Número de BMMNCs presentes em 40mL do concentrado celular

injetado no foco de pseudartrose e o segmento dos pacientes.

BMMNCs injetadas no

foco de pseudartrose (x 108)

Resposta ao tratamento

(consolidação)

1 10.6 Não

2 7 Não

3 7.4 Não

4 34 Sim

5 17 Sim

6 15.4 Sim

7 8 Sim

8 12.5 Não

9 8 Não

10 22 Sim

11 19 Sim

12 15 Não

13 10.3 Não

14 7.7 Não

15 23 Sim

16 17 Sim

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57

5.4. PROCEDIMENTO CIRÚRGICO PARA INFILTRAÇÃO DE BMMNCs

Um total de 40 mL de concentrado celular mostrou-se suficiente para

originar um hematoma no foco de pseudartrose, mimetizando uma situação

inicial de uma fratura recente. Os casos sintomáticos ou aqueles que não

apresentaram sinais de evolução radiográfica para a consolidação óssea

foram submetidos, posteriormente, à cirurgia convencional para troca de

haste intramedular e enxertia óssea autóloga para correção da pseudartrose.

5.5. SUSCEPTIBILIDADE GENÉTICA NA PSEUDARTROSE

5.5.1 Caracterização genotípica dos pacientes tratados com BMMNCs

Todas as frequências dos alelos e dos genótipos para todos os 16

SNPs avaliados estavam dentro do equilíbrio de Hardy-Weinberg. Os

resultados evidenciaram que não houve diferença estatisticamente

significativa entre os grupos com e sem consolidação pós-tratamento com

BMMNCs, considerando a distribuição dos genótipos (TABELA 5) e dos

alelos (TABELA 6). Os genótipos dos pacientes tratados seguiu o mesmo

padrão de distribuição observado na amostra inicial de 66 pacientes

(ANEXO V), confirmando os resultados da genotipagem genética na

associação da doença: (1) os genótipos polimórficos (CT+TT) foram

predominantes para os genes BMP4 rs17563 (56.2%) e FGFR1 rs13317

(81.2%); (2) não houve diferença entre a distribuição dos alelos menos

frequentes T e C, para os genes BMP4 e FGFR1; (3) o genótipo não

polimórfico em homozigose AA, para o gene FAM5C rs1342913, foi o mais

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58

frequente (total de 68.7%), confirmando a ausência de associação entre este

polimorfismo e pseudartrose.

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58

TABELA 5. Análise dos genótipos nos pacientes com pseudartrose não consolidada e consolidada após tratamento com BMMNCs.

Total Frequência (%)

Gene SNP Genótipos n=16 Consolidada

n=8

Não Consolidada

n=8

P Odds ratio

95%IC

BMP4

rs17563

CC/CT/TT

CT+TT

7(43.8)/4(25)/5(31.2)

9(56.2)

3(37.5)/3(37.5)/2(25)

5(62.5)

4(50)/1(12.5)/3(37.5)

4(50)

0.51

0.50

1.6

0.22-12.22

FAM5C rs1342913 AA/AG/GG

AG+GG

11(68.7)/3(18.8)/2(12.5)

5(31.3)

5(62.5)/2(25)/1(12.5)

3(37.5)

6(75)/ 1(12.5)/1(12.5)

2(25)

0.80

0.49

1.8

0.21-15.40

FGFR1 rs13317 CC/ CT/TT

CT+TT

3(18.8)/6(37.4)/7(43.8)

13(81.2)

1(12.5)/4(50)/3(37.5)

7(87.5)

2(25)/2(25)/4(50)

6(75)

0.56

0.49

2.3

0.16-32.58

59

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TABELA 6. Distribuição dos alelos.

Gene SNP ID A1 Total MFA_PC MFA_PNC p Odds Ratio

95% CI

BMP4 rs17563 T 0.43 0.44 0.43 0.75 0.96 0.22-4.1

FAM5C rs1342913 G 0.17 0.25 0.07 0.20 0.23 0.02-2.3

FGFR1 rs13317 C 0.40 0.38 0.43 0.52 1.25 0.28-5.4

A1: Menor alelo (baseado na amostra total)/ MFA_PC: menor frequência alélica nos pacientes com pseudartrose consolidada (PC) e MFA_PNC: menor frequência alélica nos pacientes com pseudartrose não consolidada (PNC). *p calculado pelo teste do qui-quadrado.

5.6 AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS COMO PREDITORES DE

CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA

A idade, gênero dos pacientes, tipo de fratura, número de cirurgias

prévias à infiltração celular, tipo e tempo de evolução de pseudartrose e

presença de comorbidades não influenciaram na resposta do paciente ao

tratamento com BMMNCs. A análise estatística mostrou que a variação no

escore RUST e o número de BMMNCs injetado no foco de pseudartrose foi

significativamente maior nos pacientes que responderam ao tratamento

(p<0,00002 e p<0,0005 respectivamente). Os oito pacientes que responderam

ao tratamento, receberam através da injeção percutânea no foco de

pseudartrose 19.42±7.47 x108 BMMNCs enquanto que os pacientes que não

responderam ao tratamento receberam 9.81±2.84x108 (TABELA 7).

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TABELA 7. Distribuição dos fatores possivelmente relacionados a consolidação óssea da pseudartrose da diáfise do fêmur, após a infiltração de BMMNCs. (Valor de p calculado pelo teste do qui-quadrado*; teste t** e teste Mann-Whitney*** ).

CASUÍSTICA

P Consolidado

(n=8)

Não Consolidado

(n=8)

Idade (anos)

Média±DP

Mediana

(Min;Max)

35±8,94

36

(19; 44)

40,6±15,18

45

(19; 59)

0,38**

Gênero masculino

6 (75%) 5 (62,5%) 0,50*

Tipo de Fratura Fechada

Exposta

6 (75%)

2 (25%)

6 (75%)

2 (25%)

0,70*

>1 procedimento cirúrgico

4 (50%) 5 (62,5%) 0,50*

Tipo de Pseudartrose

Oligotrófica

Atrófica

4 (50%)

4 (50%)

5 (62,5%)

3 (37,5%)

0,50*

Tempo de evolução (meses)

Média±DP

Mediana

(Min;Max)

30,25±22,54

18,5

(9; 62)

53,12±34,74

59,5

(15; 95)

0,08***

Tabagismo

2 (25%) 3 (37,5%) 0,50*

Diabetes

1 (12,5%) 0 (0%) 0,50*

Variação escore RUST

Média±DP

Mediana

(Min;Max)

6,25±1,16

6

(4; 8)

2±1,6

2

(0; 4)

0,00002**

Número BMMNCs injetadas (x108)

Média±DP

Mediana

(Min;Max)

19,42±7,47

18

(8; 34)

9,81±2,84

9,15

(7; 15)

0,0005**

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62

6. DISCUSSÃO

Apesar do avanço na tecnologia dos implantes ortopédicos e do

aprimoramento das técnicas cirúrgicas, o tratamento das pseudartroses de

ossos longos ainda é um problema de difícil solução na prática ortopédica. Por

cursar com um quadro de dor e incapacidade física importante, frequentemente

a pseudartrose de ossos longos está associada com alcoolismo, abuso de

drogas e o uso excessivo de medicamentos analgésicos. Outra consequência

direta da falta de consolidação de uma fratura de um osso longo é o alto custo

do tratamento para o sistema público e privado devido aos períodos

prolongados de hospitalização, com procedimentos cirúrgicos e pelo longo

tempo de inatividade física.

No nosso meio o problema pode ser dimensionado pelo elevado número

de pacientes com pseudartrose que aguardam cirurgias atualmente no Instituto

Nacional de Traumatologia e Ortopedia, órgão vinculado ao Ministério da

Saúde. A maior parte desses pacientes são indivíduos jovens com sequelas de

fraturas de ossos longos decorrentes de acidentes de transito e violência

urbana, que geram um alto custo social e financeiro para o SUS.

Alguns conceitos sobre o processo de consolidação das fraturas foram

recentemente revisados por CALLORI e GIANNOUDIS (2011). Através de uma

nova ótica, designada pelos autores de “Conceito Diamante” foi proposto um

conjunto de elementos complementares e indispensáveis para que ocorra a

consolidação de uma fratura: células osteogênicas, moléculas osteoindutoras,

condições estruturais para osteocondução, estabilidade mecânica e

vascularização adequada no foco de fratura. A falta ou o déficit de um ou mais

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desses elementos, numa extensão capaz de comprometer a sequência

fisiológica do processo de consolidação, poderia predispor a ocorrência de não

consolidação em 5-30% dos pacientes com fratura de um osso longo

(GIANNOUDIS et al., 2008).

A importância da vascularização no foco de fratura para o processo de

consolidação óssea já está bem estabelecida na literatura especializada

(COURT-BROWN et al, 1995). O potencial tecidual local para desenvolver uma

rede vascular é mediado principalmente pelo fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF) e repercute diretamente sobre o processo de consolidação.

Em termos gerais, é atribuída ao VEGF a mediação da invasão capilar que

constitui um pré-requisito para o processo de ossificação endocondral

(JACOBSEN et al., 2008).

A fratura exposta normalmente determina uma maior desvascularização

local. Na nossa série, em quatro pacientes a fratura diafisária do fêmur era

exposta, sendo que ocorreu consolidação óssea em dois casos. Nos pacientes

com fratura fechada (n=12) seis responderam ao tratamento com a infiltração

de BMMNCs. Acreditamos que a diáfise do fêmur, por apresentar uma melhor

cobertura muscular e consequentemente um bom aporte sanguíneo, mesmo

nas fraturas expostas graus I e II de Gustillo, não ocorre desvascularização

significativa. Por outro lado, nas fraturas expostas da diáfise da tíbia, a qual

apresenta uma extensa face subcutânea, a desvascularização é um achado

frequente que pode estar relacionado com o desenvolvimento de pseudartrose

(CHATZIYIANNAKIS et al., 1997). Da mesma forma, o número de cirurgias

prévias ao tratamento com BMMNCs não influenciou o resultado desta série.

Este achado provavelmente também está relacionado com a presença deste

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envelope de partes moles, que garante uma vascularização adequada à diáfise

do fêmur e protege a região das agressões cirúrgicas.

A importância da genética como causa ou fator predisponente para

certas doenças é um fato inquestionável, sendo atribuído à constituição

genética individual os diferentes comportamentos e variações biológicas. As

alterações na sequência de informação contida em um segmento de uma base

de DNA no gene ou na região promotora, o polimorfismo genético, podem estar

relacionadas com a falta de consolidação óssea (GIANNOUDIS et al., 2007b).

Os dezesseis pacientes desta série foram selecionados aleatoriamente

de uma matriz inicial de 66 pacientes com pseudartrose (ANEXO V). Esta

etapa do estudo objetivou identificar se mesmo na presença de predisposição

genética, o tratamento com células seria capaz de promover a consolidação

óssea e, se os diferentes genótipos associados aos pacientes com

pseudartrose diferenciariam a resposta ao tratamento. Os resultados do

tratamento com BMMNCs mostraram, do ponto de vista genético, que os

pacientes que consolidaram e os que não consolidaram, não diferiram em

relação à distribuição dos genótipos para BMP4 rs17563, FGFR1 rs1342913 e

FAM5C rs13317, assim como a distribuição dos alelos. No entanto, o

percentual genotípico foi semelhante ao encontrado na matriz primária,

sugerindo que o tratamento com BMMNSc ultrapassa a predisposição genética

individual, considerando a função dos genes alvo deste estudo.

Os achados genéticos dos pacientes da matriz favorecem a hipótese de

que existe uma associação entre pseudartrose e BMP4/FGFR1, além de

evidenciar que FAM5C pode participar do processo de consolidação óssea,

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agindo como fator protetor ao desenvolvimento de pseudartrose. No entanto,

para estabelecer uma relação precisa entre genética e pseudartrose serão

necessários estudos futuros com um maior número de amostras, de forma a

confirmar estes resultados. Pode-se especular que a biologia local deficiente no

foco da fratura representa uma predisposição genética que reduz o potencial

regenerativo do osso. Consequentemente, o maior conhecimento dos genes

envolvidos com o processo de consolidação poderá ampliar o conhecimento

atual da medicina genômica no âmbito da ortopedia.

Em contrapartida, apesar de este estudo confirmar a predisposição

genética à pseudartrose, o tratamento com BMMNCs, mesmo na presença de

predisposição genética, foi capaz de promover a consolidação óssea em

metade dos pacientes estudados. Este fato pode significar que a predisposição

genética a uma determinada condição não é expressa igualmente em todos os

tipos celulares. Apesar do DNA ter as mesmas características em todas as

células de um mesmo organismo, as regiões expressas diferenciam um tipo

celular do outro, explicando porque as células infiltradas, mesmo apresentando

os polimorfismos intrinsecamente, atuaram de forma a possibilitar a

consolidação óssea. Além disso, dependendo do número de células infiltradas

no foco da pseudartrose, os diferentes mediadores que dificultam a

consolidação óssea, no caso de predisposição genética, não influenciam na

permanência da pseudartrose. É possível que as características das BMMNCs,

com seus mediadores, suprimam a expressão inicial associada ao

desenvolvimento de pseudartrose no foco de fratura, possibilitando a

consolidação óssea. É importante salientar que a predisposição genética é um

dos fatores responsáveis, mas nem sempre o fator determinante para a

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66

presença de doença.

Além da interferência das variações genéticas individuais, o

desenvolvimento de pseudartrose pode estar relacionado com outros fatores de

risco. PATEL et al. (2013) avaliaram o possível impacto do tabagismo sobre a

consolidação óssea a partir de relatos extraídos da literatura ortopédica. Treze

dentre dezessete relatos concluíram que o habito de fumar induz ao retarde de

consolidação e pseudartrose em fraturas localizadas em diversos sítios

anatômicos. Entretanto, GIANNOUDIS et al. (2000) em um estudo realizado

com 32 fumantes com fraturas da diáfise do fêmur não confirmaram a

associação entre o tabagismo e a falta de consolidação óssea. Apesar da

nossa série incluir cinco pacientes tabagistas, dos quais três evoluíram para a

consolidação após a infiltração de BMMNCs, o tamanho da nossa amostra não

nos permite considerar o tabagismo como um fator de risco para pseudartrose.

Similarmente, apesar de o diabetes mellitus estar bem estabelecido na

literatura como sendo um fator que interfere negativamente com a consolidação

óssea (HERNANDEZ et al., 2012), a inclusão de apenas um paciente diabético

na nossa série não nos permite confirmar ou afastar esta hipótese.

O atual padrão ouro para o tratamento de pseudartrose do fêmur

estabilizada com HIMB consiste na troca da haste. A haste original é

substituída, após fresagem do canal medular, por outra haste bloqueada de

maior diâmetro (CROWLEY et al., 2007). Entretanto, o percentual de

consolidação de fraturas assépticas da diáfise femoral, tratadas com este

método, varia de 58 a 100% como demonstrado em diversas casuísticas (WU e

CHEN, 1997; FURLONG et al., 1999; HAK et al., 2000; WERESH et al., 2000;

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WU e CHEN, 2002; PIHLAJAMÄKI et al., 2002; FINKEMEIER e CHAPMAN,

2002; BANASZKIEWICZ et al., 2003; CROWLEY et al., 2007; SHROEDER et

al., 2009). Na nossa casuística excluímos fatores mecânicos como causa da

pseudartrose. Previamente ao tratamento com a infiltração de BMMNCs, foi

feita em todos os pacientes uma avaliação radiográfica criteriosa que mostrou

que a HIMB estava bem posicionada, sem osteólise e com componentes

íntegros. Além da estabilidade mecânica, também garantimos em todos os

pacientes que as células foram injetadas da mesma forma no local da lesão.

Utilizamos uma broca canulada através de um fio guia, criando um túnel

através do qual as células eram injetadas circunferencialmente na lesão.

Através desta estratégia, descrita previamente por HERNIGOU et al. (2006),

garantimos o acesso das células ao local da pseudartrose, estabelecendo um

compartimento com alto potencial biológico no centro e na periferia da lesão.

No momento da terapia com BMMNCs, sob o ponto de vista ortopédico,

os pacientes desta série de casos era constituída por um grupo homogêneo de

indivíduos. Nenhum deles apresentava fatores que pudessem estar

relacionados com a falta de consolidação da fratura, tais como instabilidade

mecânica por falha da síntese prévia, desvios rotacionais ou angulares,

presença de infecção óssea ou de partes moles, perda óssea maior que 10 mm

e sinais clínicos de doença sistêmica que pudesse comprometer a formação de

calo ósseo. Considerando ainda que todos eram portadores de fraturas da

diáfise do fêmur, que evoluíram para pseudartrose com características

oligotróficas e atróficas, ou seja, de baixa perfusão vascular, com baixo aporte

celular através da circulação sistêmica, nos parece razoável considerar que as

deficiências biológicas no microambiente da fratura possam ter interferido com

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68

o processo de consolidação.

Na nossa série de casos, o suprimento de uma população extra de

células osteoprogenitoras no local da pseudartrose resultou em uma resposta

osteoformadora em todos os pacientes. Observamos, contudo, que esta

resposta osteogênica não foi uniforme. Oito dos dezesseis pacientes tratados

com a infiltração de BMMNCs apresentaram consolidação clínica e radiográfica

da pseudartrose entre três e oito meses (média de 5,3 meses) após o

tratamento e retornaram a sua plena condição funcional de anterior à fratura.

Nos outros oito pacientes a resposta osteoformadora no foco de pseudartrose

não foi suficiente para promover a consolidação óssea.

Outra observação de cunho prático do nosso estudo foi a possibilidade

de avaliar a magnitude da resposta osteoformadora utilizando a escala RUST.

Os valores obtidos pré e pós-infiltração de BMMNCs mostraram uma relação

direta com a ocorrência de consolidação (p<0,00002). Independentemente da

observação ou não deste desfecho favorável, 14 dos 16 pacientes

apresentaram aumento do escore radiográfico da escala RUST após a terapia

celular, o que confirmou a osteoformação no foco de pseudartrose sem,

contudo atingir a consolidação óssea. Um bom exemplo foi o caso 3 (ANEXO

III), em que ocorreu um grande estímulo a formação óssea, comprovado

radiograficamente, mas que devido a falha da síntese por quebra da haste não

ocorreu a consolidação. A correlação entre o diagnóstico clínico de

consolidação e a avaliação radiográfica mostrou que todos os pacientes

assintomáticos, quanto a dor no foco de pseudartrose e capacidade para

deambular sem auxilio de muletas, apresentavam um escore igual ou maior do

que 10 pontos pela escala RUST.

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69

A técnica clássica para obtenção de aspirado de medula óssea com a

finalidade de concentrar no produto final o maior número possível de

osteoprogenitores preconiza que a aspiração seja feita por punções repetidas

de pequenos volumes (1-4 mL) para evitar a diluição excessiva com sangue

periférico (MUSCHLER et al., 1997). Esta técnica foi recentemente confirmada

por HERNINGOU et al. (2013) ao demonstrar que a frequência de

osteoprogenitores era 300% maior em aspirados totais obtidos por punções

repetidas de volumes menores em relação àqueles obtidos por volumes

maiores. Na nossa experiência, o único inconveniente da aspiração da medula

em pequenas amostras foi o tempo para a obtenção de 200 mL de medula

óssea total. A punção de pequenas amostras de 3-4 mL, com

reposicionamento da agulha a cada 30-40 mL demorou em média 40-60

minutos. Se considerarmos que os pacientes que foram tratados com um maior

número de células e, potencialmente, com um maior número de

osteoprogenitores, responderam favoravelmente ao tratamento, a coleta em

pequenas amostras foi preponderante sobre o tempo demandado no

procedimento.

Além da técnica de coleta do aspirado de medula óssea, um outro

aspecto que pode influenciar na qualidade do produto final é o sítio anatômico

aonde é realizada a punção óssea. HYER et al. (2013) compararam a

frequência de osteoprogenitores em aspirados obtidos da crista ilíaca, metáfise

tibial e calcâneo e observaram que a frequência de progenitores osteogênicos

no ilíaco era significativamente maior. Em outro estudo, PIERINI et al. (2013)

compararam os aspirados de medula óssea obtidos da crista ilíaca anterior e

posterior e observaram que na região posterior a concentração de progenitores

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osteogênicos é 1,6 vezes maior do que na região anterior. Sob o ponto de vista

de potencial biológico, os autores não observaram diferença entre as células

obtidas das duas regiões anatômicas. Considerando este conjunto de relatos

da literatura e a nossa experiência no tratamento desta série de pacientes,

sugerimos que para o tratamento de condições ortopédicas onde haja

necessidade de neoformação óssea, que o aspirado de medula óssea total seja

obtido da crista ilíaca posterior, por punções repetidas em pequenas alíquotas

de 3-4 mL, sempre com o reposicionamento da agulha no osso a cada 30-

40mL de medula aspirada.

A infiltração de BMMNCs autóloga no foco de pseudartrose mostrou ser

um procedimento clinicamente seguro. Nenhum dos pacientes desta série

apresentou qualquer tipo de complicação local ou sistêmica, imediata ou tardia,

relacionada com a infiltração do concentrado celular. Acreditamos que a coleta

da medula óssea total, se feita como no presente estudo em um sistema

fechado contendo uma sequência de filtros com poros progressivamente

menores, capaz de remover do aspirado glóbulos de gordura e espículas

ósseas, praticamente elimina riscos de complicações como embolia gordurosa

ou de medula óssea.

A implantação percutânea de BMMNCs para o tratamento da

pseudartrose é um procedimento de baixo custo, com pouco risco para o

paciente e com um alto potencial biológico (NISHIMORI et al., 2001). O

primeiro relato do uso clínico de medula óssea para tratar pseudartrose foi

publicado na década de 80. CONNOLLY et al. (1986) relatam a consolidação

de oito dentre dez pacientes com pseudartrose de tíbia após a injeção de 100-

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150mL de medula óssea total. A partir deste relato, a técnica foi reproduzida

por outros grupos para o tratamento de pseudartrose em outros sítios

anatômicos como úmero (GARG et al., 1993; SIM et al., 1993; SIWACH et al.,

2001; WILKINS et al., 2003), antebraço (GARG et al., 1993; SIWACH et al.,

2001; SEN et al., 2007), clavícula (TETREAULT e OUELLETTE, 2007), fêmur

(MATSUDA et al., 1998; SIWACH et al., 2001; WILKINS et al., 2003), além da

tíbia (GARG et al., 1993; SEBECIC et al., 1999; SIWACH et al., 2001; WANG et

al., 2001; GOEL et al., 2005). Neste conjunto de relatos foram tratados 327

pacientes com pseudartrose distribuídos entre tíbia (75.7%), fêmur (9.8%),

antebraço (8.2%) e úmero (6.1%), com índices de consolidação que variaram

entre 57-94%. A diversidade das características dos pacientes, dos sítios

anatômicos das lesões e, sobretudo, pelo tratamento ter sido realizado com

medula óssea total, constituída em cerca de 50% por hemácias, torna difícil

estabelecer um paralelo com estes resultados.

A casuística que mais se assemelha com a nossa, sob o ponto de vista

do tipo de produto celular injetado no foco de pseudartrose, foi publicada por

HERNIGOU et al. (2005). Esta casuística incluiu 60 pacientes com

pseudartrose atrófica asséptica de tíbia, tratados com BMMNCs, obtido da

crista ilíaca e concentrado em volume em um sistema fechado de separação de

células. A técnica de aspiração e o processamento para a obtenção do produto

final foram similares a presente série. Contudo, os autores incluíram no estudo

pacientes com seis meses de evolução de falta de consolidação, lesões

mecanicamente instáveis tratadas com diferentes formas de estabilização

(fixação interna e externa) e lesões localizadas em diferentes locais anatômicos

da tíbia. A despeito da heterogeneidade da amostra os autores relatam um

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índice de consolidação de 88% dos pacientes.

A nossa casuística, embora menor, é representada por uma amostra

mais homogênea. Todos os pacientes da nossa série foram diagnosticados

com pseudartrose com mais de nove meses de evolução, a fratura era

localizada na mesma região anatômica do fêmur e em todos havia

estabilização mecânica do foco de fratura através da inserção de uma HIMB

antes do tratamento com BMMNCs. Além dessas características em comum,

os nossos pacientes não diferiram quanto a idade, gênero, tempo de evolução

e tipo da pseudartrose, natureza da fratura (fechada ou exposta), número de

cirurgias prévias antes da injeção de BMMNCs e ainda quanto a associação

com comorbidades que pudessem interferir com a consolidação óssea

(diabetes e tabagismo). A única diferença observada entre os pacientes que

consolidaram a fratura e os que não responderam ao tratamento foi o maior

número de BMMNCs injetadas no foco de pseudartrose (19,42±7,47 versus

9,81±2,84, p<0,0005). A variação no escore radiográfico RUST, como previsto,

refletiu a consolidação clínica nos pacientes que responderam ou não ao

tratamento (6,25±1,16 versus 2±1,6 respectivamente, p<0,00002).

A relação entre o número de células osteoprogenitoras injetadas no foco

de pseudartrose e a ocorrência de consolidação já foi descrito anteriormente

por HERNIGOU et al. (2005). Neste relato pioneiro, eles demonstraram que

existe uma relação direta entre o numero de osteoprogenitores que é injetado

em um foco de pseudartrose e o percentual de pacientes que consolidam a

fratura. Eles também salientam que poderia ser considerada uma vantagem

deste tipo de produto celular, para o tratamento de falhas de consolidação

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óssea, o fato do concentrado de BMMNCs conter progenitores osteogênicos e

angiogênicos.

Mais recentemente, FERNANDEZ-BANCES et al. (2013) relataram que

a associação de enxerto de osso de banco com BMMNCs promoveu a

consolidação de pseudartrose de um osso longo em uma série de casos com

sete pacientes. Apesar da limitação dos resultados deste estudo pelo pequeno

tamanho da amostra, pela falta de padronização do local e da forma de

estabilização das fraturas e pela obtenção de BMMNCs a partir de um pequeno

volume inicial de medula óssea total (50-60 mL), é possível que, como nos

nossos pacientes, a resposta favorável ao tratamento esteja relacionada com o

componente celular adicionado ao foco de pseudartrose. Em outro estudo

clínico, ALVAREZ-VIEJO et al. (2013) relataram a ocorrência de consolidação

em três pacientes tratados com BMMNCs sem contudo especificar o local das

pseudoartroses, o volume inicial e final do concentrado celular, a forma de

injeção e os critérios clínicos de consolidação da pseudartrose.

Já é fato bem estabelecido na literatura que a medula óssea humana

possui características próprias no que diz respeito à composição celular. Essas

características individuais podem ser ainda modificadas por fatores como

idade, sexo e associação com doenças sistêmicas (QUARTO et al., 1995;

MUSCHLER et al., 1997; D’IPPOLITO et al., 1999; MUSCHLER et al., 2001;

HERNIGOU e BEAUJEAN, 1997; HERNIGOU e BEAUJEAN, 2002;

HERNIGOU e BEAUJEAN, 2003). O resultado final é uma grande variação da

celularidade e na capacidade de diferenciação dos progenitores angiogênicos e

osteoblásticos, mesmo entre indivíduos de uma mesma etnia (PHINNEY et al.,

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1999; SIDDAPPA et al., 2007).

Alguns relatos da literatura apontam para uma relação inversa entre

idade e redução na capacidade de formação óssea, atribuída à redução do

número de células com potencial pró-angiogênico e pró-osteogênico, ou seja, a

uma redução funcional gradativa da medula óssea (STENDERUP et al., 2003;

KHAN et al., 2011; CHOUDHERY et al., 2012). STOLZING et al (2008)

observaram uma relação inversa entre idade e o número de progenitores

mesenquimais presentes na medula óssea. Já HYER et al. (2013) não

confirmam que a idade, sexo, tabagismo e diabetes sejam fatores preditivos do

número destes progenitores no concentrado de BMMNCs.

Como já mencionado anteriormente, o número de células injetadas no

foco de pseudartrose dos pacientes desta série foi significativamente maior no

grupo que consolidou a fratura. Apesar das limitações impostas pelo tipo de

estudo e pelo tamanho amostral, podemos sugerir que o ambiente biológico,

renovado pelas BMMNCs no local da pseudartrose, atuou favoravelmente no

processo de consolidação. Nesta linha de raciocínio, nos sentimos tentados a

especular que o efeito biológico positivo no microambiente da pseudartrose

exercido pelas BMMNCs foi real e autossustentável uma vez que se manteve

ativo durante pelo menos 3-8 meses, período no qual ocorreu a consolidação

nos pacientes que responderam ao tratamento.

Em conclusão, acreditamos que a terapia com infiltração de BMMNCs

autólogas, como tentativa para induzir a consolidação de pseudartrose

diafisária asséptica do fêmur é um procedimento consideravelmente menos

invasivo do que a maioria das opções cirúrgicas, inclusive a troca de HIMB.

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Com a padronização da técnica para a infiltração das BMMNCs e com a

exclusão de fatores mecânicos como causa da pseudartrose, nossa hipótese é

de que a falta de um estímulo biológico adequado possa estar relacionado com

a não consolidação das fraturas nesta série de casos. A não consolidação

óssea, por ausência de um ambiente biológico e/ou genético favorável poderia,

a princípio, ser revertida através da suplementação local com um estímulo

osteogênico. Este estímulo pode ser implementado através da infiltração local

de BMMNCs autólogas, que podem ser obtidas da crista ilíaca, concentradas e

injetadas no paciente em um único procedimento cirúrgico. Apesar de termos

observado a ocorrência de consolidação em oito dos 16 pacientes estudados

será necessário o desenvolvimento de um estudo clínico randomizado em

maior escala para aprofundar os nossos achados e confirmar a nossa hipótese.

Um dos maiores desafios de estudos futuros nesta linha de pesquisa será a

padronização dos produtos celulares. A grande variação individual na

composição da medula óssea deverá ser compensada por métodos

laboratoriais reproduzíveis que permitam que, em um mesmo volume,

possamos concentrar um número elevado de BMMNCs rico em progenitores

osteogênicos e angiogênicos.

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7. CONCLUSÕES

1- A infiltração de BMMNCs autólogas, obtidas por aspiração de medula óssea

e concentradas por centrifugação fracionada no mesmo tempo cirúrgico,

mostrou ser um procedimento seguro e desprovido de complicações locais ou

sistêmicas.

2- A infiltração de BMMNCs autólogas no foco de pseudartrose da diáfise

femoral induziu a osteoformação em maior ou menor extensão, na maioria dos

pacientes desta série.

3- A evolução do processo de consolidação por um período de até oito meses

após a infiltração celular, constitui uma observação indireta de que a infiltração

de BMMNCs é capaz de restaurar a biologia do microambiente e o turnover

ósseo no foco de pseudartrose.

4- Nesta série de pacientes, a variável idade, gênero, tipo de fratura, número

de cirurgias prévias, tipo e duração da pseudartrose, tabagismo e diabetes não

influenciaram a resposta ao tratamento com a infiltração de BMMNCs.

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5- A escala radiográfica RUST mostrou ser uma boa ferramenta para avaliação

e acompanhamento da progressão da consolidação de pseudartroses de fêmur

tratadas com HIMB, por correlacionar numericamente a imagem radiográfica

com o quadro clínico.

6- A osteoformação resultou em consolidação da pseudartrose nos pacientes

que receberam um concentrado celular enriquecido com um grande número de

BMMNCs.

7- O aporte biológico através da infiltração de BMMNCs foi capaz de superar a

predisposição genética à pseudoartrose identificada pelos polimorfismos dos

genes BMP-4, FGFR-1 e FAM5C.

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ANEXOS

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ANEXO I

Ministério da Saúde

Secretaria de Atenção à Saúde

Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia

Rua Washington Luis, 61 – Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP: 20230-024

Tel.: 55 (21) 3512-4703 | Fax: 55 (21) 2242-1069

www.into.saude.gov.br / [email protected]

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Rio de Janeiro, 29 de maio de 2006,

Certifico que a pesquisa intitulada “tratamento da falta de consolidação de fratura diafisária dos ossos

longos com infiltração com concentrado de medula óssea autóloga”, protocolo número 123/2006, sob a

responsabilidade do Dr. João Antonio Matheus Guimarães, está de acordo com os Princípios de Ética em

pesquisa estabelecidos pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovada em

29/05/2006 pelo Comitê de Bioética do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia do Ministério da

Saúde (INTO-MS).

Sérgio Eduardo Vianna

Presidente do Comitê de Bioética

Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia

Ministério da Saúde

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ANEXO II

Classificação da fratura da diáfise do fêmur pela AO/OTA (MARSH, 2007).

Fêmur = 3 / Diáfise = 2

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ANEXO III

Classificação de Gustilo-Anderson (GUSTILO e ANDERSON, 1976)

Tipo I – Lesão de baixa energia, ferida limpa com menos de 1 cm, mínima lesão de partes moles e cominuição óssea.

Tipo II – Lesão de energia intermediária, ferida com mias de 1 cm, com moderada lesão de partes moles e cominuição. O grau de comprometimento de lesão das partes moles frequentemente define uma ferida com menos de 10 cm e sem descolamento periosteal.

Tipo III A – Fratura com ferida com mais de 10 cm de extensão, com tecido esmagado e contaminação, mas geralmente com adequado tecido para a cobertura óssea.

Tipo III B – Fratura com ferida com mais de 10 cm de extensão, com tecido esmagado e contaminação, sem tecido para a cobertura óssea e associado a descolamento periosteal, frequentemente necessitando de transferência de tecido vascularizado para a cobertura.

Tipo III C – Fratura exposta associada a uma maior lesão vascular que requer reparo para o salvamento do membro.

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ANEXO IV Radiografias dos pacientes estudados.

Caso 1 - Mulher, 35 anos, vitima de acidente automobilístico, com fratura fechada do

fêmur (32A), submetida a 2 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose oligotrófica com 95 meses de evolução. Após a infiltração de 10.6x108

BMMNCs o escore RUST variou 4 pontos (4 para 8). Ausência de consolidação.

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Caso 2 - Mulher, 43 anos, vitima de acidente automobilístico, com fratura fechada do

fêmur (32A), submetida a 2 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose oligotrófica com 50 meses de evolução. Após a infiltração de 7x108

BMMNCs o escore RUST variou 2 pontos (5 para 7). Ausência de consolidação.

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Caso 3 - Mulher, 44 anos, vitima de acidente automobilístico, com fratura

fechada da diáfise (32B) e do colo do fêmur consolidada (31B), submetida a 3

cirurgias na diáfise antes da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose oligotrófica

com 71 meses de evolução. Após a infiltração de 7.4x108 BMMNCs o escore

RUST variou 4 pontos (5 para 9). Ausência de consolidação e quebra da HIMB.

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Caso 4 - Homem, 27 anos, vitima de acidente de motocicleta, com fratura fechada do

fêmur (32B), submetido a 4 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose

oligotrófica com 48 meses de evolução. Após a infiltração de 34x108 BMMNCs o

escore RUST variou 6 pontos (5 para 11). A consolidação clinica e radiográfica ocorreu

seis meses após a infiltração celular.

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Caso 5 - Homem, 52 anos, vitima de queda, com fratura fechada do

fêmur (32A), submetido a 3 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose oligotrófica com 62 meses de evolução. Após a infiltração de

17x108 BMMNCs o escore RUST variou 4 pontos (6 para 10). A

consolidação clinica e radiográfica ocorreu oito meses após a infiltração

celular.

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Caso 6 - Homem, 45 anos, vitima de atropelamento, com fratura fechada da diáfise

(32C) e do colo (31B) do fêmur consolidada, submetido a 1 cirurgia da diáfise antes

da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose oligotrófica com 60 meses de evolução.

Após a infiltração de 15.4x108 BMMNCs o escore RUST variou 6 pontos (6 para

12). A consolidação clinica e radiográfica ocorreu seis meses após a infiltração

celular.

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Caso 7 - Mulher, 54 anos, vitima de PAF, com fratura exposta do fêmur (GII,

32B), submetida a 1 cirurgia antes da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose

atrófica com 22 meses de evolução. Após a infiltração de 8x108 BMMNCs o

escore RUST variou 7 pontos (4 para 11). A consolidação clinica e radiográfica

ocorreu quatro meses após a infiltração celular.

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Caso 8 - Homem, 28 anos, vitima de acidente de motocicleta, com fratura exposta

do fêmur (GI, 32A), submetido a 3 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose oligotrófica com 69 meses de evolução. Após a infiltração de

12.5Cx108 BMMNCs o escore RUST variou 1 ponto (6 para 7). Ausência de

consolidação.

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Caso 9 - Homem, 44 anos, vitima de acidente de motocicleta, com fratura

fechada da diáfise (32C) e do colo (31B) do fêmur consolidada, submetido a 1

cirurgia da diáfise antes da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose atrófica com

15 meses de evolução. Após a infiltração de 8x108 BMMNCs o escore RUST

permaneceu inalterado (4 e 4). Ausência de consolidação.

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Caso 10 - Homem, 24 anos, vitima de acidente automobilístico, com fratura

fechada do fêmur (32B), submetido a 1 cirurgia antes da infiltração com

BMMNCs. Pseudartrose atrófica com 9 meses de evolução. Após a infiltração de

22x108 BMMNCs o escore RUST variou 6 pontos (6 para 12). A consolidação

clinica e radiográfica ocorreu quatro meses após a infiltração celular.

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Caso 11 - Homem, 45 anos, vitima de acidente automobilístico, com fratura

fechada da diáfise (32A) e do colo (31B) do fêmur consolidada, submetido a 1

cirurgia da diáfise antes da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose atrófica com

14 meses de evolução. Após a infiltração de 19x108 BMMNCs o escore RUST

variou 8 pontos (4 para 12). A consolidação clinica e radiográfica ocorreu cinco

meses após a infiltração celular.

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Caso 12- Homem, 37 anos, vitima de acidente de motocicleta, com fratura

exposta do fêmur (GI, 32B), submetido a 4 cirurgias antes da infiltração com

BMMNCs. Pseudartrose oligotrófica com 95 meses de evolução. Após a

infiltração de 15x108 BMMNCs escore RUST permaneceu inalterado (4 e

4). Ausência de consolidação.

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Caso 13 - Homem, 19 anos, vitima de atropelamento, com fratura fechada do

femur (32A), submetido a 1 cirurgia antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose atrófica com 15 meses de evolução. Após a infiltração de

10.3x108 BMMNCs o escore RUST variou 2 pontos (5 para 7). Ausência de

consolidação.

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Caso 14 - Homem, 30 anos, vitima de acidente de motocicleta, com fratura fechada

do fêmur (32B), submetido a 1 cirurgia antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose atrófica com 15 meses de evolução. Após a infiltração de 7.7x108

BMMNCs o escore RUST variou 3 pontos (4 para 7). Ausência de consolidação.

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Caso 15 - Mulher, 19 anos, vitima acidente de motocicleta com fratura fechada

do fêmur (32A), submetida a 2 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs.

Pseudartrose atrófica com 12 meses de evolução. Após a infiltração de 23x108

BMMNCs o escore RUST variou 7 pontos (5 para 12). A consolidação clinica e

radiográfica ocorreu seis meses após a infiltração celular.

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Caso 16 - Homem, 59 anos, vitima de queda, com fratura exposta do fêmur (GI,

32B), submetido a 2 cirurgias antes da infiltração com BMMNCs. Pseudartrose

oligotrófica com 15 meses de evolução. Após a infiltração de 17x108 BMMNCs o

escore RUST variou 6 pontos (6 para 12). A consolidação clinica e radiográfica

ocorreu quatro meses após a infiltração celular.