Jogo Didatico Cadeia Alimentar Ciencias

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PUBLICAÇÃO Referência: Anais do IV Fórum Ambiental da Alta Paulista Abrangência do Evento: Nacional Instituição Organizadora: ANAP – Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista Período de Realização do Evento: 21 a 24 de julho de 2008 Local do Evento: Estância Turística de Tupã/SP TRABALHO Categoria do Trabalho: Acadêmico / Artigo Completo Eixo Temático: Educação Ambiental Forma de Apresentação: Oral Forma de Publicação: Eletrônica em CD-Rom PERIÓDICO DO ELETRÔNICO Nome: Fórum Ambiental da Alta Paulista ISSN: 1980-0827 Páginas: Será fornecida no CD-Rom Volume: IV Ano: 2008 ATENÇÃO – MODELO DO CD-ROM PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO ALTERNATIVO PARA O ENSINO DO CONCEITO PIRÂMIDE ECOLÓGICA: UM SUBSÍDIO A EDUCAÇÃO CIENTIFICA E AMBIENTAL Daniele Cristina de Souza 1 Gilsonia Lucia Pigozzo de Andrade 2 Antônio Fernandes Nascimento Júnior 3 1 Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas, Pós-graduanda em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Londrina-PR, [email protected] 2 Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas 3 Professor Assistente Doutor do Programa de Pós-graduação Projeto, Arte e Sociedade da Faculdade de Arquitetura, Arte e Comunicação da Universidade Estadual Paulista campus Bauru.

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PUBLICAÇÃOReferência: Anais do IV Fórum Ambiental da Alta PaulistaAbrangência do Evento: NacionalInstituição Organizadora: ANAP – Associação Amigos da Natureza da Alta PaulistaPeríodo de Realização do Evento: 21 a 24 de julho de 2008Local do Evento: Estância Turística de Tupã/SP

TRABALHOCategoria do Trabalho: Acadêmico / Artigo CompletoEixo Temático: Educação AmbientalForma de Apresentação: OralForma de Publicação: Eletrônica em CD-Rom

PERIÓDICO DO ELETRÔNICONome: Fórum Ambiental da Alta PaulistaISSN: 1980-0827Páginas: Será fornecida no CD-RomVolume: IVAno: 2008

ATENÇÃO – MODELO DO CD-ROM

PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO ALTERNATIVO PARA O ENSINO DO CONCEITO PIRÂMIDE

ECOLÓGICA: UM SUBSÍDIO A EDUCAÇÃO CIENTIFICA E AMBIENTAL

Daniele Cristina de Souza1

Gilsonia Lucia Pigozzo de Andrade 2

Antônio Fernandes Nascimento Júnior3

1 Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas, Pós-graduanda em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual de Londrina-PR, [email protected] Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas3 Professor Assistente Doutor do Programa de Pós-graduação Projeto, Arte e Sociedade da Faculdade de Arquitetura, Arte e Comunicação da Universidade Estadual Paulista campus Bauru.

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RESUMO: Uma das grandes dificuldades encontradas pelos professores de Ciências é o planejamento e a

organização do conteúdo a ser ensinado, de forma que esse seja melhor assimilado e aprendido pelos

educandos. Considera-se que o aluno ao construir seu conhecimento terá um aprendizado mais efetivo, para

isso é necessário que o educador dê a ele oportunidade de aprender a argumentar e exercitar a razão, não

fornecendo-lhe respostas prontas e definitivas ou lhe impor o próprio ponto de vista. Neste processo educativo

a utilização de material didático-pedagógico que possibilite a manipulação e visualização do conteúdo é uma

ferramenta relevante, possibilitando um aprendizado experiencial. Diante disso, o presente trabalho tem por

objetivo descrever a produção e um material didático-pedagógico alternativo, um jogo educativo, apresentando-

o como auxiliar no ensino do conceito, Pirâmide ecológica. Para a produção do jogo utilizaram-se: caixas de

fósforos, fita crepe, E.V.A (Evenil venílico acetílico), papel do tipo con-tact transparente, fotos de espécies

brasileiras, velcro, cola instantânea, folha adesiva A4, conceitos científicos de ecologia. O jogo produzido mais

do que ajudar aprender o conteúdo tem também como propósito contribuir para a tomada de consciência da

importância da preservação das espécies para a manutenção do “equilíbrio” dos ecossistemas.

Palavras-chave: Ensino de Ciências; Educação Ambiental; Jogo educativo

1 INTRODUÇÃO

Na educação o ensino foi e é amplamente discutido. Piletti (1997) faz um breve

levantamento sobre a evolução do seu conceito. Olhando sua etimologia, ensinar do latim

signare “é colocar dentro, gravar no espírito”, isto é ensinar é gravar idéias na cabeça do

aluno. Seu método de ensino consiste em marcar e tomar a lição. A partir desse conceito

surge o conceito tradicional de ensino: “ensinar é transmitir conhecimento”, com esta

abordagem o método de ensino utilizado são principalmente aulas expositivas e explicativas.

[email protected]

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No final do século passado surge um novo conceito de ensino e educação, ficando

conhecido como Escola Nova ou Escola novismo, saindo do ensino tradicional passa a

valorizar aspectos que antes não eram valorizados no processo educativo como o

sentimento; o psicológico; os métodos e processo pedagógico; o interesse; uma pedagogia

de inspiração experimental, etc.; onde o importante não é aprender, mas aprender a

aprender. Embora essa corrente tenha tido grande destaque, sendo apresentada como uma

educação ideal, teve vários problemas, pois para ocorrer na prática é muito oneroso,

favorecendo apenas à elite. (PILETTI, 1997)

Surgiu também a concepção tecnicista de ensino, a qual possui como princípios a

razão, a eficiência e a produção. A educação e o ensino são planejados de forma a evitar as

interferências subjetivas que possam por em risco sua eficiência. Sua questão pedagógica

fundamental é “aprender a fazer”, onde o professor e aluno ficam sujeitos a executar

processos predeterminados e delegados pelos chamados especialistas (PILETTI, 1997)

Como se percebe o conceito de ensino sofreu várias modificações, “aprimoramentos”

e até o presente momento há uma grande discussão e preocupação quanto a melhor forma

de ensinar, visto que no Brasil enfrentamos grandes problemas educacionais, sobretudo, na

escola pública. No ensino de ciências não deixa de ser diferente, encontra-se em Carvalho

(2004) a discussão sobre o ensino, onde se trata o ensino aprendizado apresentando estes

dois conceitos como estando bastante ligados. Uma vez que, segundo Pileti (1997) “há uma

relação intrínseca entre ensino o aprendizagem. Não há ensino se não há aprendizagem.”

Carvalho (2004) sugere mudanças frente à problemática enfrentada durante a “aculturação

cientifica”.

Carvalho (2004) sugere mudanças na forma de ensino frente a problemática

observada durante a “aculturação cientifica” demonstrando a necessidade de uma

concepção de ensino-aprendizagem onde o educando é o sujeito na construção de seu

conhecimento e o professor um mediador que sabe organizar o conteúdo a ser ensinado,

sabe fazer com que seus alunos aprendam a argumentar, sabe criar um ambiente propicio

para que os alunos reflitam sobre seus pensamentos, aprendendo a reformulá-los através da

contribuição dos colegas, mediando conflitos pelo diálogo e tomando decisões coletivas.

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Com a mesma perspectiva Colognese e Nascimento Júnior (2004) apontam tentativas

de mudanças no ensino de ciências, na busca de renovação frente à forma com que o

conhecimento cientifico está sendo visto pela sociedade atual, destacando dificuldades no

âmbito do ensino brasileiro em especial, o ensino de ciências, onde, dentre os “vários

problemas estruturais que permeiam este tema, um dos mais dramáticos é a

indisponibilidade de material pedagógico, seja em função do custo, da disponibilidade no

mercado e da dificuldade na existência de treinamento para utilização dos recursos

disponíveis” (COLOGNESE e NASCIMENTO JÚNIOR, 2004 p.8891).

Diante das dificuldades observadas na educação, alguns pesquisadores da área do

ensino de ciências preocupados em colaborar com o desenvolvimento educacional produzem

e apresentam matérias didático-pedagógicos alternativos (Kits) como forma de possibilitar

acesso aos professores alguns instrumentos auxiliares à prática pedagógica, demonstrando-

lhes que a partir de materiais encontrados no cotidiano e de baixo custo, é possível se

propiciar aulas mais atraentes e motivadoras, nas quais os alunos são envolvidos na

construção de seu conhecimento.

Colognese e Nascimento Júnior (2004) apresentam a confecção de material didático-

pedagógico alternativo durante a formação acadêmica, como uma forma de contribuir para o

ensino-aprendizado da biologia celular, fisiologia, anatomia, biofisica, etc., sendo esta prática

uma maneira simples e barata de se aprender a saber-ensinar.

No ensino de Ciências naturais, na Geografia, podemos encontrar a proposta de

produção de material didático para o ensino de solos, como um aporte para o ensino do

conteúdo relacionado ao conceito, o qual possibilita ao aluno experimentar e desenvolver

habilidades cientificas através de uma atividade experimental, onde o aluno tem a

possibilidade de observar e realizar analogias com a natureza. (FALCONI e NASCIMENTO,

2005).

No ensino de ecologia a confecção de material pedagógico alternativo também vem

sendo desenvolvida, com intuito de possibilitar a divulgação e difusão do conhecimento

cientifico dessa ciência, de forma atrativa, acessível e contextualizada pelo entorno através

da demonstração da ecologia regional, como no caso de jogos por Souza e Nascimento

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Júnior (2005a), Souza e Nascimento Júnior (2005b), máscaras em papel cartão por Neiverth

et al. (2005), artesanato em garrafa PET por Costa et al. (2005), Souza et al. (2006).

Com o mesmo intuito dos trabalhos de produção de material didático-pedagógico

citados até o momento, o trabalho tem por objetivo descrever a produção de um material

didático-pedagógico alternativo para auxiliar no ensino do conceito – Pirâmide ecológica, e

para contribuição na tomada de consciência da importância das espécies para a manutenção

do “equilíbrio” nos ecossistemas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a produção do jogo educativo sobre pirâmide ecológica seguiu-se metodologia

descrita por Souza e Nascimento Júnior (2005a). Primeiramente realizou-se uma pesquisa

bibliográfica sobre o conteúdo, em Odum (1988) no capitulo 3. Selecionaram-se as espécies

que representariam os componentes da pirâmide ecológica sendo eles: Onça-pintada

(Panthera onca). Quero-quero (Vanellus chilensis), Vespa (Polistis sp.), Jabuti (Geochelone

carbonaria), Campim, Siriema (Cariama cristata), Veado-bororó (Mazama bororo),

Jaguarundi (Herparlius yagouaroundi), Capivara (Hidrochaeus hidrochaeris), Bem-te-vi

(Pintangus sp.), Cateto (Tayassu tajacu), Gavião-real (Harpia harpyja), Jacaré (Caiman sp.),

Queixada (Tayassu pecari), Anta (Tapirus terrestris), Pacu (Piaractus mesopotamicus),

Lagarto verde (Ameiva ameiva), Jaguatirica (Leopardus pardalis), Araucária (Araucaria

angustifolia), fungo Aracnóide e Jabuticabeira (Myeciaria cauliflora), fazendo uma pesquisa

sobre as mesmas e elaborando uma cartilha contendo as informações pesquisadas. Para

representar cada nível trófico da pirâmide ecológica, fizeram-se blocos nos quais há

possibilidade de colar e descolar a imagem das diversas espécies apresentadas, a partir dos

blocos com as imagens monta-se a pirâmide ecológica seguindo os princípios básicos do seu

conceito.

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Materiais utilizados: Caixas de fósforos, fita crepe, E.V.A (Evenil venílico acetílico), papel do

tipo con-tact transparente, fotos das espécie selecionadas impressas em folha adesiva A4,

velcro, cola instantânea e conceitos científicos ligados ao conceito de pirâmide ecológica

(níveis tróficos, transferência de energia, cadeia alimentar, etc.).

Confecção do jogo: Pegam-se 48 caixas de fósforo juntando-as 2 a 2 e envolvendo cada

par com fita crepe até que fiquem bem unidas e com bom acabamento, sendo que na face

maior fixa-se um pedaço pequeno de velcro com cola instantânea, formando os blocos que

constituíram a pirâmide. Num segundo momento, as fotos das espécies foram manipuladas

em um software grátis (Photo Filtre) para que todas ficassem na medida da caixa de fósforo,

isto é, 5cm x 3,5cm escrevendo o nome popular da espécie na imagem. Essas fotos foram

impressas em papel adesivo A4 sendo impermeabilizadas com papel do tipo con-tact

transparente com intuito de proteger as figuras, após isso, foram fixadas em E.V.A e

recortadas na medida da caixa (5cm x 3,5cm) colando no lado oposto à foto a outra parte

do velcro formando as peças que serão aderidas nos blocos.

2.1 Principais conceitos utilizados na confecção do jogo educativo

Para a estruturação teórica do jogo foi necessária a compreensão de conceitos

básicos relacionados ao conceito Pirâmide ecológica (cadeia alimentar, níveis tróficos,

produtores, consumidores primários, secundários, terciários fluxo energético, autótrofos e

heterótrofos) realizando-se uma integração entre todos os elementos, portanto estes são

demonstrados direta ou indiretamente no jogo educativo produzido.

Os conceitos:

Cadeia alimentar: “a transferência da energia, desde a fonte nos autótrofos (plantas),

através de uma série de organismos que consomem e são consumidos’ (ODUM, 1988).

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Autótrofos: organismos que sintetizam seu próprio alimento (ODUM, 1988)

Heterótrofos: organismos que necessitam de fontes alimentares externas, pois não

sintetizam seu próprio alimento (ODUM, 1988).

Produtores: “organismos autotróficos, principalmente as plantas verdes, que manufaturam o

alimento a partir de substâncias inorgânicas simples”. (ODUM, 1988).

Consumidor primário: “são os herbívoros, alimentando-se diretamente de plantas vivas ou

parte de plantas” (ODUM, 1988).

Consumidor secundário: “são os carnívoros, predadores de consumidores primários ou de

outro consumidor secundário (tornando-se assim um consumidor terciário)” (ODUM, 1988).

Níveis tróficos: categorias nas quais os organismos se enquadram de acordo com a sua

nutrição (ODUM, 1988).

Fluxo energético: movimento de energia (ODUM, 1988)

Biomassa: Peso da matéria seca total de cada organismo (ODUM, 1988)

Pirâmide ecológica: é uma representação gráfica dos níveis tróficos existentes em uma

cadeia alimentar de um determinado ecossistema, visto que podem ser de três tipos: a

Pirâmide de números, de biomassa ou de energia. (ODUM, 1988).

A Pirâmide de números representa graficamente os níveis tróficos a partir do número

de indivíduos de cada nível. Já a Pirâmide de energia representa através da quantidade de

energia disponível em cada nível trófico, mostrando o fluxo energético e/ ou a produtividade

em níveis tróficos sucessivos, onde a largura de cada nível representa a quantidade de

energia disponível para o nível seguinte. A Pirâmide de biomassa representa a massa de

matéria orgânica de cada nível trófico (ODUM, 1988).

A Pirâmide de número e de biomassa podem ser invertida, por outro lado a pirâmide

de energia deve ter sempre uma forma piramidal reta, sendo esta que proporciona de longe

um melhor imagem geral da natureza funcional das comunidades, uma vez que a pirâmide

de números atribui importância excessiva a organismos pequenos, enquanto que a de

biomassa atribui importância excessiva a organismos grandes. Sendo assim a de fluxo de

energia fornece um índice mais adequado para comparar todo e qualquer componente de um

ecossistema. (ODUM, 1988).

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3 RESULTADO

Como resultado do trabalho obteve-se o jogo educativo composto por 48 blocos (figura

1a, 1b) e 50 peças com as imagens das espécies as quais podem ser colocadas e removidas

do bloco (figura 2) e uma cartilha trazendo informações sobre as espécies referentes a

morfologia corporal (altura, coloração, peso) a distribuição geográfica e habitat, tipo de

alimentação, tipo de predadores e grau de ameaça.

figura 1a – Blocos formando uma pirâmide

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figura 1b- Pirâmide de energia

Figura 2 - Demonstração das imagens que podem ser

coladas e descoladas (notar o velcro)

Para utilizá-lo é necessário que os alunos já tenham o conhecimento do que é cadeia

alimentar, uma vez que a pirâmide ecológica e uma forma gráfica de sua representação. A

partir disso, após uma breve abordagem sobre pirâmide ecológica (o que é e para que

serve), divide-se grupos formados por 4 a 5 alunos. Em seguida se entregam os blocos, as

imagens e a cartilha, dando aos alunos a tarefa de construírem sua própria representação da

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pirâmide ecológica (piramidal reta e a invertida), a partir dos conhecimentos que possuem e

das informações encontradas na cartilha. Durante a montagem do jogo pelos alunos o que é

levado em consideração são tipo de alimentação e os predadores de cada espécie, ou seja,

os alunos deverão ser capazes de realizar a classificação trófica de cada ser vivo a partir das

informações encontradas na cartilha para conseguirem diferenciar os níveis que formarão a

pirâmide, para então montarem a representação gráfica.

Nesta atividade o professor estará auxiliando, esclarecendo dúvidas e avaliando o

conhecimento dos seus alunos sobre o conteúdo, verificando no momento da montagem da

pirâmide se eles já haviam compreendido os conceitos de classificação trófica (produtores,

consumidor primário, secundário e terciário) sendo verificado a partir da observação dos

critérios que os alunos utilizam para montar a pirâmide, isto é, como constituirão seus níveis,

quais e quantas espécies que utilizarão, enfim qual o raciocínio utilizado na montagem da

pirâmide.

A partir do jogo confeccionado, além de possibilitar a representação da pirâmide

ecológica verificou-se que o mesmo conduz a discussão de questões ambientais, como

extinção de espécie e a perda da biodiversidade, quando essa for a preocupação do

professor que o estiver aplicando, pois a partir de suas características ilustrativa e

manipulável permite a realização de simulação de extinção de espécies, da seguinte forma:

1) Se retiram as imagens (blocos) correspondentes a um determinado nível trófico de

uma cadeia alimentar de um ecossistema hipotético, em seguida pede-se aos

alunos para que montem a pirâmide. Os próprios alunos chegarão á conclusão de

que sem um nível trófico (as espécies correspondentes a ele) é impossível

construir uma pirâmide completa, isto é, com produtores, consumidores primários,

secundários, terciários e decompositores.o caso de se tirar todos os blocos

correspondentes aos produtores (araucária, capim e jabuticabeira) é impossível

construí-la, pois os organismos autótrofos em um ecossistema constituem a base

da pirâmide. A partir dessa constatação levanta-se a questão da importância de

cada espécie para a manutenção do “equilíbrio” ecológico do ecossistema.

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2) Abordando de forma similar à anterior, realiza-se a montagem de um pirâmide bem

grande e com todos os níveis tróficos, em seguido retira-se alguns blocos

alternados a fim de verificar se a pirâmide continuará constituída ou não, a partir

disso abre-se uma discussão sobre o observado (figura 3), levantando-se

hipóteses sobre o que ocorre quando uma determinada espécie é extinta, ou sobre

o que ocorre na natureza devido a tal fato, o que isso pode acarretar ao homem, o

que isso afeta diretamente na vida do planeta terra, etc. Podendo surgir neste

momento uma boa oportunidade para realização de atividades de pesquisa sobre o

assunto, ou mesmo proporcionar momentos de reflexão sobre as questões

ambientais.

Figura 3 – Simulação de extinção de espécies

O jogo permite também a montagem de cadeias alimentares (figura 4) e teia

alimentares (figura 5).

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figura 4- Cadeia alimentar (Araucária é alimento da cutia que é alimento da jaguatirica, que pode ser alimento

da onça e todos são decompostos pelo fungo)

figura 5 – Teia alimentar

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4 DISCUSSÕES

O jogo educativo produzido é simples de ser confeccionado e de baixo custo, por

utilizar materiais de fácil acesso e recicláveis, sendo por isso apresentado como uma

alternativa para auxiliar o trabalho pedagógico do professor. Para a confecção desse jogo

pode haver o envolvimento do próprio aluno, onde ele irá separar os materiais necessários e

mesmo confeccionar em grupo o seu próprio material, o que facilitará ainda mais o trabalho

do professor, uma vez que alguns dos obstáculos no uso e confecção de jogos por parte de

professores levantados por Borges e Schwarz (2004) são a falta de tempo e dificuldades

econômicas.

Na estrutura do jogo foram utilizadas espécies brasileiras, visando produzir um

material que demonstre para os alunos a pirâmide ecológica através de elementos locais,

principalmente de espécies que se encontram nos ecossistemas do Paraná, tanto durante a

sua montagem em grupo na sala de aula ou mesmo quando realizar houver a confecção

conjunta do material pedagógico pelos alunos, em atividades lúdicas e práticas. Cruz et al.

(2004) também demonstram a elaboração e produção de material didático-pedagógicos

alternativos que transmitem informações cientificas a partir de elementos regionais, como

forma de contribuir para o ensino sobre as relações ecológicas e para Educação Ambiental.

Sato (2001) fazendo considerações gerais para o ensino fundamental e médio diz que este

tipo de metodologia é recomendada no desenvolvimento da Educação Ambiental, “pois

possibilitam trazer para sala de aula situações reais que muitas vezes são impossíveis de ser

vivenciadas. Além disso, essas atividades possibilitam que os alunos sejam avaliados por

suas atitudes, seus comportamentos ou suas atuações participativas” (SATO, 2001, p. 29).

Para Souza e Nascimento Júnior (2005b, p. 137) “os jogos ecológicos podem ser um

importante instrumento tanto no ensino de ecologia quanto na Educação Ambiental. Por que

os mesmos possibilitam aos seus jogadores a representação e aproximação dos

componentes do meio ambiente (...)”. Chapla et al. (2005) também destaca os mesmos

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pontos em seu trabalho. Assim como, Souza e Nascimento Júnior (2005a) através da

construção de material alternativo procuram contribuir para a instrumentalização no ensino

de ecologia e na Educação Ambiental visando uma alfabetização cientifica e ambiental.

A atividade com o jogo deve ser feita em grupos na sala de aula havendo a mediação

da situação pelo professor. Borges e Schwarz (2004, p.) colocam “jogos pedagógicos

oferecem uma situação mediada que evidência as várias formas de inter-relações praticadas

pelo grupo e permitem aos professores intervir, orientando para atitudes mais eficientes e

éticas”.

Para possibilitar o cumprimento da tarefa estipulada com o jogo os alunos

necessitarão realizar a articulação entre o conteúdo que já possuem com novos conteúdos,

propiciando sua aprendizagem e desenvolvimento, sendo este um aspecto interessante que

atividades com jogos educativos propiciam, pois Caporalini (2003, p.) destaca que ao

professor é necessário levar o aluno a “pensar criativamente, a resolver problemas, a

manipular idéias, a fim de propiciar-lhe também liberdade para explorar e experimentar em

fim, de conduzi-lo à reflexão e à ação”.

O jogo possibilita trabalhar com o conceito Pirâmide ecológica, mas também permite

abordar sobre cadeia alimentar, rede alimentar e outros conceitos relacionados aos temas,

sendo estes de extrema importância serem compreendidos pelos alunos, pois possibilitam a

realização da ligação entre a ciência e os problemas ambientais cotidianos, onde o aluno

será capaz de perceber a importância de cada ser vivo para a existência da vida no

ecossistema assim como afirma Depresbiteris (2002).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jogo educativo produzido tem o intuito de facilitar o ensino do conceito pirâmide

ecológica, entretanto que sua utilização pelos professores não seja realizada de forma

estritamente ilustrativa. Sua aplicação em atividades construtivistas, fundamentadas

Page 15: Jogo Didatico Cadeia Alimentar Ciencias

teoricamente e orientadas pelo professor possibilita ao aluno a experimentação através da

montagem da pirâmide em um exercício conjunto, no qual é necessária observação,

elaboração mental, discussão entre os componentes do grupo, síntese e analogias.

O material apresenta-se como uma ferramenta auxiliar no planejamento pedagógico

do professor, onde através do mesmo ele pode criar um ambiente propicio para que os

alunos aprendam de forma participativa e significativa para a sua realidade, devido à vivência

do processo durante a construção do jogo.

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