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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
JOGO E PSICOMOTRICIDADE DESENVOLVENDO O SER INFANTIL
MARIA DE FÁTIMA CARVALHO ROCHA BARBOSA
RIO DE JANEIRO,
JUNHO DE 2002
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
CURSO DE PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
JOGO E PSICOMOTRICIDADE DESENVOLVENDO O SER INFANTIL
ALUNO: Maria de Fátima Carvalho Rocha Barbosa
ORIENTATOR: Jorge Tadeu Vieira Lourenço, M. Sc.
RIO DE JANEIRO,
JUNHO DE 2002
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
CURSO DE PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
JOGO E PSICOMOTRICIDADE DESENVOLVENDO O SER INFANTIL
Maria de Fátima Carvalho Rocha Barbosa
Trabalho Monográfico apresentado como
requisito parcial para a obtenção do
Grau de Especialista em Psicomotricidade
RIO DE JANEIRO,
JUNHO DE 2002
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que me deu inteligência
para aprender tudo com certa facilidade
e poder transmitir meus conhecimentos
ao meu próximo.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Ana e Wenceslau,
aos meus filhos, Lívia e Fernando,
ao meu marido, Lúcio,à minha amiga
Heide, que sempre incentivaram-me,
cada um a seu modo, mas sempre
presentes nas vitórias que conquistei.
EPÍGRAFE
“Conhecimento não é aquilo que se sabe, mas o que você faz com aquilo que sabe.”
Michael Korda
vii
RESUMO
Com a pesquisa deste trabalho constatei um grande número de crianças não
portadoras de problemas escolares, apresentando pequenas dificuldades psicomotoras
de base que são superadas pelo próprio crescimento e desenvolvimento natural, também
poderão ser desenvolvidos aspectos psicomotor,cognitivo, intelectual, sensório-motor e
afetivo dessas crianças usando a psicomotricidade com objetivo de trabalhar o corpo
através de brincadeiras objetivando um melhor aproveitamento, permitindo que
profissionais da educação consigam um ser integrado com seu corpo em harmonia.
Através deste trabalho será possível desenvolver habilidades e concentração
colocando de maneira variada algumas possibilidades na brincadeira com jogos.
Este trabalho tem como objetivo um melhor desempenho na área
psicomotora e educacional tornando essa criança mais feliz com suas vitórias e
fracassos.
viii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
1 Os Jogos e a Aprendizagem 10
1.1 Características do Jogo no Desenvolvimento Infantil 11
1.2 Relação entre o Jogo e a Educação 14
2 A Psicomotricidade Atuando nas Dificuldades de Aprendizagem 15
3. Como os Jogos Contribuem na Aprendizagem 19
3.1 Tipos de Jogos 20
CONCLUSÃO 22
BIBLIOGRAFIA 23
ANEXO(S) 24
Anexo A – Comprovantes Acadêmicos 24
........................A.1 – De estágio 24
........................A.2 – De participação em eventos culturais 25
9
INTRODUÇÃO
O jogo e a psicomotricidade podem desenvolver o ser infantil, através das
funções psicomotoras auxiliando as crianças no processo de aprendizagem e
podendo proporcionar aos profissionais da educação um melhor aproveitamento da
criança como um ser integrado com seu corpo em harmonia , objetivando um melhor
aproveitamento da educação infantil, através de jogos que permitam trabalhar o
corpo, o intelecto e o afetivo da criança, determinando assim um melhor domínio
entre funções psicomotoras e o desenvolvimento cognitivo.
No primeiro capítulo falaremos sobre jogos e aprendizagem determinando
assim um melhor domínio entre funções psicomotoras e o desenvolvimento cognitivo
e como os jogos com suas características servem de alavanca podendo assim
favorecer o ensino escolar aliado ao diagnóstico da personalidade, ajustando o
ensino às necessidades infantis.
O segundo capítulo trata das dificuldades da aprendizagem. E o terceiro e
quarto capítulos trata-se de tipos de jogos.
Serão desenvolvidos aspectos psicomotor, cognitivo, intelectual, afetivo e
sensorio-motor, podendo observar em atividades extraclasse (jogos) ao estagiar
com crianças da 2a série observando uma maior concentração e socialização dessas
crianças.
No trabalho em questão constatei um grande número de crianças não
portadoras de problemas escolares, apresentando pequenas dificuldades
psicomotoras de base que serão superadas pelo próprio desenvolvimento natural.
10
CAPÍTULO 1
Os jogos e a aprendizagem
Durante muito tempo confundiu-se “ensinar com transmitir” e nesse
contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um
transmissor não necessariamente presente nas necessidades do aluno. Achava-se
que aprendizagem era repetir, quando o aluno não conseguia aprender era
responsável por sua própria deficiência, por isso havia castigo.
Hoje esta atitude é absurda e não existe ensino sem que ocorra a
esperada aprendizagem, e só acontece pela transformação, pela ação do professor
no processo de busca do conhecimento que deve sempre partir do aluno sendo
orientado pelo seu professor.
O interesse do aluno acabou transformando o sentido do que se entende
por material pedagógico e cada estudante, independente da idade, passou a ser um
desafio à competência do professor.
O interesse passou a comandar o processo de aprendizagem, suas
experiências e descobertas.
Quando se pronuncia a palavra jogo, cada um pode entendê-la de modo
diferente. Mas na infância que se pode projetar a esperança na criança, porque é a
idade do possível, podendo estimular a esperança de mudança, de transformação
social e renovação moral.
Através do jogo a criança consegue expressar seus sentimentos, suas
fantasias, seus medos, aprendendo a ter um domínio maior sobre seu corpo
tornando sua aprendizagem mais prazerosa, já que, a aprendizagem antecede o
desenvolvimento. Isto significa que os dois processos não coincidem e não
acontecem de modo simultâneo e paralelo, mas estabelece entre eles uma
interdependência complexa e dinâmica, sendo a aprendizagem uma alavanca do
desenvolvimento.
Repetência e evasão escolar tem sido muito debatida e estudada por
profissionais mas continua a ser um problema de solução difícil tanto para os
professores, psicólogos, pediatras e tanto quanto para os pais.
11
No Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são
empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação
desse campo.
No passado, o jogo era visto como inútil, como algo não sério. Já no
período do Romantismo o jogo era destinado a educar a criança.
O sucesso na escola não é totalmente desvinculado do desenvolvimento
do indivíduo. Por exemplo, a leitura, a escrita e a matemática podem se entremear
apoiando o desenvolvimento da inteligência. Hoje, a imagem de infância é
enriquecida também com o auxílio de concepções psicológicas e pedagógicas, que
reconhecem o papel de brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento e construção
do conhecimento infantil.
Quando o aprendizado é pessoalmente significativo, útil e interessante,
não é esquecido. Como a criança vive num intenso processo de desenvolvimento
corporal e mental, dessa forma a criança expressa a própria evolução e exige a cada
instante uma nova função e exploração de novas habilidades, impelindo-a a procurar
um tipo de atividade que permita manifestar-se de forma mais completa.
1.1 Características do jogo no desenvolvimento infantil
O jogo permite à criança desenvolver um ego mais forte, por meio de
manipulação simbólica do ambiente.
Jogo ou brinquedo, como atividade agradável, não pode ser confundido
no sentido de partidas, competições que podem significar obrigação, treinamento,
atividade difícil, fanatismo e ansiedade, etc.
O jogo brinquedo é de natureza criativa entre seus participantes que faz
do jogo uma atividade prazerosa , podendo assim extravasar suas fantasias,
emoções, controlando até sua ansiedade.
Toda vez que o elemento competitivo ou agressivo se manifesta, os
demais atributos do jogo brinquedo, esse passa ser jogo vício ou jogo obrigação,
isso não quer dizer que a brincadeira infantil deixe de ser séria.
12
Quando brinca, toda criança cria uma certa distância da vida real
cotidiana para entrar num mundo imaginário, por isso os psicólogos discutem o
papel do jogo na construção da representação mental e da sua realidade.
Regras em todos os jogos é uma característica marcante. Há regras
explícitas , como no xadrez ou amarelinha, regras implícitas, como na brincadeira de
faz de conta, em que a criança se faz passar pela mãe que cuida da filha. Tais
jogos, embora recebam a mesma denominação, têm suas características. No faz de
conta , existe uma forte presença da situação imaginária, já no xadrez regras
padronizadas permitem a movimentação das peças.
Brincar na areia, sentir o prazer de vê-la escorrer pelas mãos , encher e
esvaziar copinhos com areia requer a satisfação da manipulação do objeto. Já a
construção de um barquinho exige não só a representação mental do objeto a ser
construído, mas também a habilidade manual para executa-lo.
Ao descrever o jogo como elemento da cultura, Huizinga em 1951, omite
os jogos de animais e analisa apenas os produzidos pelo meio social, apontando as
características: o prazer, o caráter “não-sério”, a liberdade, a separação dos
fenômenos do cotidiano, as regras, o caráter fictício ou representativo e sua
limitação no tempo e no espaço.
Embora predomine, na maioria das situações, o prazer como objetivo do
jogo, existem casos em que o desprazer é o elemento que o caracteriza. Vygotstky
afirma que nem sempre o jogo possui essa característica, porque, em certos casos,
existe esforço e desprazer na busca do objetivo da brincadeira.
O caráter “não-sério” apontado por Huizinga não implica que a brincadeira
infantil deixe de ser séria. Quando a criança brinca, ela faz de modo bastante
compenetrado, ao brincar a criança toma certa distância da vida cotidiana e entra no
mundo imaginário.
Embora Huizinga não aprofunde essa questão, psicólogos discutem o
papel do jogo na construção da representação mental e da realidade.
Jogo é uma atividade voluntária do ser humano. Se imposta deixa de ser
jogo.
Quando a criança brinca, ela não está preocupada com a aquisição de
conhecimento ou desenvolvendo qualquer habilidade mental ou física. No jogo,
nunca se sabe os rumos da ação do jogador, que dependerá de fatores internos, de
motivações pessoais e de estímulos externos como a conduta de outros parceiros.
13
Observa-se nas brincadeiras infantis duas situações que são idênticas,
em que a criança diz: “Agora eu não estou brincando” , mas logo expressa a mesma
conduta: “Agora estou brincando”, a intenção da criança é criar uma certa dificuldade
para realizar pesquisas sobre o jogo infantil.
Recentemente, Christie (1991) rediscute as características do jogo infantil,
apontando pesquisas atuais que os distinguem de outros tipos de comportamentos.
Utilizando estudos de Garvey (1977), King (1979), Rubim e outros (1983) ,
Smith e Vollstedt (1985), a autora elabora os critérios para identificar seus traços.
1- A não-literalidade: As situações de brincadeira caracterizam-se por um quadro
no qual a realidade interna predomina sobre a externa.
2- Efeito positivo: O jogo infantil é normalmente caracterizado pelos signos do
prazer ou da alegria, entre os quais o sorriso. Quando brinca livremente e se
satisfaz, a criança o demonstra por meio do sorriso. Esse processo traz
efeitos positivos aos aspectos corporal, moral e social da criança.
3- Flexibilidade: As crianças estão mais dispostas a ensaiar novas combinações
de idéias e de comportamento em situações de brincadeira. Assim, brincar
leva a criança a tornar-se mais flexível e buscar alternativas de ação.
4- Prioridade do processo de brincar: Enquanto a criança brinca, sua atenção
está concentrada na atividade em si e não em seus resultados ou efeitos. O
jogo infantil só pode receber esta designação quando o objetivo da criança é
brincar.
5- Livre escolha: O jogo infantil só pode ser jogo quando livre e espontâneo pela
criança. Caso contrário, é trabalho ou ensino.
6- Controle interno: No jogo infantil, são os próprios jogadores que determinam o
desenvolvimento dos acontecimentos.
1.2 Relação entre o jogo e a educação
Antes da revolução romântica, três concepções estabeleciam as relações
entre o jogo infantil e a educação:
14
1- Recreação;
2- Uso do jogo para favorecer o ensino de conteúdos escolares;
3- Diagnósticos da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino
às necessidades infantis.
O jogo visto como recreação desde a antiguidade greco-romana, aparece
como relaxamento necessário a atividades que exigem esforço físico, intelectual e
escolar (Aristóteles, Tomás de Aquino, Sêneca, Sócrates). Por longo tempo, o jogo
infantil fica limitado à recreação. O jogo serviu também para divulgar princípios de
moral, ética e conteúdos de história, geografia e outros. Já no Renascimento, o
período de compulsão lúdica à brincadeira é vista como conduta livre que favorece o
desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo.
É na época do Romantismo que o jogo aparece como conduta típica e
espontânea da criança. Nesse período, devido a consciência poética do mundo,
reconhece na criança uma natureza boa, considerando o jogo sua forma de
expressão, um ser em desenvolvimento com características próprias, embora a
criança seja vista como um ser que imita e brinca, com responsabilidade e liberdade.
A inclusão do jogo infantil nas propostas pedagógicas remete-nos para a
necessidade de seu estudo nos tempos atuais.
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CAPÍTULO 2
A psicomotricidade atuando nas dificuldades de aprendizagem
A psicomotricidade é uma ciência cujo objetivo de estudo é o homem,
através do seu corpo em movimento nas suas relações com seus mundos interno e
externo.
Para a maioria das crianças que passam por dificuldades escolares, a
causa do problema não está no nível da classe a que chegaram, mas bem antes, no
nível das bases.
São necessários alguns pré-requisitos do ponto de vista psicomotor, para
que a criança aprenda a ler e escrever. Como condição mínima ela deve possuir um
domínio do gesto e do instrumento, tais como, esquema corporal, lateralização,
estruturação espacial, percepção temporal, discriminação auditiva e visual.
Esta educação deve começar antes mesmo que a criança pegue um lápis
na mão. A criança nasce com habilidade para aprender, mas a aprendizagem em si,
ocorre com a experiência.
Aprendizagem, portanto, é uma forma de adaptação ao ambiente, é o
poder de tomada de consciência das necessidades postas pelo social, para que se
construa os conhecimentos a partir do repertório que se possui.
Mas, a aprendizagem na infância possui limitações impostas pela
maturidade. Por mais que a mãe insista, uma criança não aprenderá a andar antes
que seus membros estejam prontos para suportá-la.
“Quando a criança brinca, está feliz ... Ë em grande parte, no brinquedo e pelo brinquedo, que a criança se prepara para tal estado (o estado do homem).”
Leif e Delay, 1968
Aspectos psicomotores do comportamento da criança podem constituir
condições para o desenvolvimento de determinados aspectos cognitivos, ambos
podem determinar modificações no desenvolvimento afetivo-social. Condições
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emocionais constituem a base necessária para determinadas aquisições ou para
criar bloqueios do desenvolvimento cognitivo e psicomotor.
O próprio corpo é o primeiro jogo da criança, e nisto inclui o corpo da
mãe. O jogo faz integrar, em parte a pessoa do jogador, nos jogos de ficção onde a
imagem ou modelo do fim perseguido é importante. Representa um progresso na
função de representação, chave da vida mental.
Os jogos de aquisição começam desde cedo, e para cada idade existem
alguns mais apropriados. As habilidades psicomotoras incluem a destreza manual e
digital, a coordenação mãos-olhos, a resistência à fadiga, o equilíbrio físico, a visão
periférica, etc..
A escrita é um conjunto de movimentos coordenados que permite a
criança expressar com gestos seus sentimentos, frustrações e prazer, através de
seu corpo seja brincando ou aprendendo.
“A criança é antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício. Coloquemos o ensino mais no nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigo.”
Claparéde, 1958
Tentar organizar em categorias os vários trabalhos que estudam as
relações entre os jogos ou atividades lúdicas e o desenvolvimento humano é uma
tarefa complexa, principalmente se levarmos em conta a variedade desses estudos e
o grande número de esquemas de classificação das variáveis que caracterizam o
desenvolvimento. Dada a natureza deste trabalho, no entanto, em que há estreita
ligação com determinados objetivos educacionais, adotamos a seguinte classificação
para descrever o desenvolvimento dos aspectos: psicomotor, cognitivo e afetivo-
social.
Entre os aspectos psicomotores encontramos várias habilidades
musculares e motoras de manipulação de objetos, da escrita e aspectos sensoriais.
Do ponto de vista psicomotor, as crianças podem criar condições para o
desenvolvimento cognitivo e os dois , por sua vez, determinam modificações no
desenvolvimento afetivo-social, condições emocionais e motivacionais vão criar
bloqueios ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor.
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Segundo Bloom e outros (1973), os aspectos cognitivos do
desenvolvimento dependem com os demais de aprendizagem e motivação, variam
desde simples evocação de material aprendido até modos altamente originais e
criativos de combinar idéias, propor soluções, delimitar problemas.
No que se refere ao aspecto cognitivo vamos encontrar conceitos e
habilidades de operação que impliquem no uso de conceitos, a linguagem oral e
escrita.
Quando analisamos os aspectos psicomotores e cognitivos podemos perceber
que a falta de um determinado pré-requisito, como conceitos, habilidades,
vocabulário, ou um nível de inteligência mais baixo prejudicam ou impedem a
aprendizagem pela ausência. Já no campo afetivo, porém, a questão é muito mais
complexa.
Numa situação de aprendizagem e não podendo aprender por deficiência
cognitiva ou psicomotora já é perturbador para qualquer criança, ela pode não
aprender por não ter atitudes, interesse e valores que favoreçam a aquisição de
novas competências. Além disso, há aspectos emocionais que são obstáculos à
aprendizagem como, conflitos, ansiedade, autoconceito negativo.
A função dos jogos e brinquedos na obtenção de melhor equilíbrio
emocional de crianças foi percebida e utilizada na área educacional antes que a
psicologia aplicasse seus métodos de investigação para melhor conhecimento das
relações entre as variáveis referentes aos jogos, sua delimitação e importância.
Na área pedagógica, existem, hoje, métodos mais elaborados. Henz
(1970) , afirma que o método terapêutico trata, de modo educativo, crianças difíceis
dentro do âmbito normal da educação por meio de conversação, encorajamento,
jogos, etc.
Os aspectos afetivos-sociais, incluem sentimentos, emoções, atitudes de
aceitação ou rejeição, de aproximação ou afastamento, variam desde fenômenos
muito próximos dos cognitivos com atenção seletiva, até preferências, interesses,
qualidades do caráter, a consistência e organização dessas qualidades e hierarquia
de valores.
“O jogo põe em função, de maneira extremamente variada todas as possibilidades da criança: força muscular, flexibilidade das articulações, resistência ao cansaço, respiração, precisão de gesto, habilidade e rapidez de execução, agilidade, prontidão de respostas, reflexos, espairecimentos e equilíbrio.”
Jacquim (1963)
18
CAPÍTULO 3
Como os jogos contribuem na aprendizagem
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Embora os jogos em grupos proporcionem possibilidades únicas para o
desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança, às vezes podem ser
usados de maneira incorreta e inútil.
Alguns professores têm uma visão limitada do valor dos jogos e ficam tão
preocupados que as crianças joguem corretamente, pressionando-as com muitas
ordens.
A primeira pista que o professor deve seguir para adaptar as regras é
simplesmente acompanhar a maneira como as crianças jogam, quando quase todas
as crianças transformam um jogo competitivo num ritual. Não há necessidade de
modificar as regras.
Uma das qualidades mais importantes para a construção da
aprendizagem é a confiança na própria capacidade de encontrar soluções através
dos jogos, tornando-se mais habilidosas, concentradas, críticas e confiantes na sua
capacidade de resolver questões e dizer honestamente o que pensam.
Se nosso objetivo fosse ensinar a criança a jogar, seria razoável corrigi-la
quando cometesse erros. O objetivo é poder ajudar as crianças a construir regras e
a pensar de modo que elas entendam possibilitando um melhor aprendizado. Para
pessoas que acreditam que a aprendizagem é comprovada através de exames de
leitura, o jogo parece apenas destinado à diversão e recreação.
3.1 Tipos de jogos
a) Corrida de colheres (1a série)
Cada jogador equilibra uma bola de tênis numa colher de sobremesa e
corre até o fim de uma linha demarcada. O primeiro que conseguir colocar
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a bola num recipiente disposto no fim da linha, sem deixa-la cair é o
vencedor.
b) Troca de cadeiras (2a série)
As crianças ficam sentadas em cadeiras e uma fica de pé. Quando a
criança que está em pé gritar “trocar”, todos os jogadores devem trocar de
cadeira, enquanto a criança que estava de pé tentar arranjar um lugar
para sentar. O jogador que ficar sem cadeira recomeça o jogo.
c) Tom, Tom, corra para jantar (3a série)
Uma criança escolhida corre ao redor de círculo formado pelos outros
jogadores. Ela pára, estende um dos braços entre dois jogadores e diz:
“Tom,Tom, corra para jantar.”
Os dois jogadores devem correr cada por um lado, dando a volta pelo
círculo, voltar e tocar o braço estendido do líder. O primeiro que conseguir
fazer a tarefa se torna o líder.
d) Pega-pega (1a série)
Todo mundo deve correr do pegador, que tenta pegar alguém. Pode-se
demarcar uma zona neutra onde ninguém pode ser pego. Quem for pego
será o novo pegador.
“O jogo tem , sobre a criança, o poder de um exercitador universal: facilita tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas, intelectuais e morais.”
Jacquim, 1963
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CONCLUSÃO
Tentar organizar em categorias os vários trabalhos relacionando jogos ou
atividades lúdicas e o desenvolvimento humano é uma tarefa complexa. Dada a
natureza desse trabalho, no entanto, há estreita ligação com determinados objetivos
educacionais. Portanto, a brincadeira infantil está muito mais relacionada à estímulos
internos que à continências exteriores.
O jogo põe em função, de maneira extremamente variada, todas as
possibilidades da criança.
São vários conceitos básicos para a caracterização desse trabalho,
inicialmente pode-se destacar aqueles mais imediatos, presente no próprio título,
como: Jogo e Aprendizagem infantil.
Este trabalho possibilita pesquisas mais elaboradas no sentido de
proporcionar um melhor aproveitamento de jogos objetivando soluções.
22
BIBLIOGRAFIA
CELSO, Antunes. Jogos para Estimulação das Múltiplas Inteligências.
9a ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
CHELOTTI, Vera Lúcia; DE MORAES, Zilca Rossetto. Cirandas para a
Geração do Novo Século. 1a ed. Santa Maria: Palloti, 1997.
KAMII, Constance; DEVRIES, Rheta. Jogos em Grupo na Educação
Infantil: Implicações da Teoria de Piaget. 1ª ed. São Paulo: Trajetória
Cultural, 1991.
ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do Jogo e Aprendizagem Infantil. 1ª
ed. São Paulo: Livraria Pioneira, 1979.
VÁRIOS AUTORES. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e Educação. 4a ed.
São Paulo: Cortez, 2000.
23
ANEXO A
Comprovantes Acadêmicos
A.1 - De estágio
A.2 – De participação em eventos culturais
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