Jogos cooperativos na Melhoridade · Ana Paula Peron JOGOS COOPERATIVOS NA TERCEIRA IDADE...

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UNIMONTE CENTRO UNIVERSITÁRIO MONTE SERRAT JOGOS COOPERATIVOS NA TERCEIRA IDADE ANA PAULA PERON PÓS GRADUAÇÃO EM JOGOS COOPERATIVOS SANTOS 2002

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UNIMONTE

CENTRO UNIVERSITÁRIO MONTE SERRAT

JOGOS COOPERATIVOS

NA TERCEIRA IDADE

ANA PAULA PERON

PÓS – GRADUAÇÃO EM JOGOS COOPERATIVOS

SANTOS

2002

Ana Paula Peron

JOGOS COOPERATIVOS

NA TERCEIRA IDADE

Monografia apresentada à Banca

Examinadora do Programa de

Pós-Graduação em Jogos Cooperativos da

UNIMONTE, como exigência parcial para

obtenção do titulo de Especialista em Jogos Cooperativos

Orientadora : Márcia Perides Moisés

SANTOS

2002

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 7

2 SEGUINDO O CAMINHO............................................................................................ 14

3 O QUE É ENVELHECER ............................................................................................. 18

3.1 O ENVELHECIMENTO E SEUS ASPECTOS DEMOGRÁFICOS ....................... 22

3.2 EXPECTATIVA DE VIDA / LONGEVIDADE ...................................................... 23

3.3 ASPECTOS SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO .................................................. 25

3.4 COMPORTAMENTOS – ATITUDES .................................................................... 28

4 O NOVO VELHO ........................................................................................................... 31

4.1 ENCONTRANDO A SUA TURMA... ..................................................................... 33

5 IDOSO E A ATIVIDADE FÍSICA ............................................................................... 36

6 EXPERIÊNCIA QUE NOS FAZ APRENDER E CRESCER ................................... 40

7 JOGOS COOPERATIVOS: UMA LIÇÃO DE VIDA ............................................... 42

7.1 DE ONDE VIERAM ESTES JOGOS? ..................................................................... 47

8 PORQUE O JOGO ? ...................................................................................................... 49

9 JOGOS COOPERATIVOS E UM ENVELHECER MAIS SAUDÁVEL... ............. 57

10 O INÍCIO DE TUDO... .............................................................................................. 60

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 63

1 INTRODUÇÃO

A ciência e a tecnologia têm o propósito de criar condições para uma existência mais prolongada. Não basta simplesmente sobreviver: é necessário viver e participar da civilização. Não basta simplesmente prolongar a existência: é necessário dar maior vida a estes anos. A capacidade de mover-se, andar e atuar está ligada a esta percepção corporal; o estar consciente e presente no corpo (Rosemary Rauchbach, 2002, p.25).

Para iniciarmos qualquer consideração a respeito da terceira Idade é

preciso ressaltar que o aumento da população de idosos tem propiciado

enriquecer sobremaneira as pesquisas sobre o envelhecimento, englobando

várias áreas de estudos como a Geriatria, a Gerontologia, a Psicologia, a

Educação Física, entre outras, abrindo portas para inúmeras possibilidades de

trabalhos inovadores.

Com muitos estudos tratando das potencialidades das pessoas idosas,

vejo ser este um excelente momento para estudar sobre as práticas corporais na

área do desenvolvimento e crescimento pessoal, entendendo o idoso como um

Ser de múltiplas possibilidades.

Este trabalho tem por finalidade apresentar levantamento e pontos de

discussão sobre a aplicação dos Jogos Cooperativos em atividades corporais

para idosos.

O idoso tem muito a aprender, sonhar e a se desenvolver. A idade é

apenas uma convenção social, não um destino que se encerra na inatividade e

no isolamento.

Através das experiências corporais, entendo, que o idoso pode vivenciar

sensações já experimentadas e esquecidas ao longo de sua vida. Sensações

estas que o ajudaram a tornar-se o que é hoje.

Considerando-se a extensão da possibilidade de aprendizagem, propõe-

se vivências corporais para que o idoso possa, inclusive, re-significar sua

imagem corporal. Contribuindo, desta forma, para a condução de novas

investidas, novas propostas pessoais e novas argumentações e expectativas.

Sobre este tema encontramos em Vargas (apud Meireles, 1997, p.09),

texto que reputo ser da maior importância para este trabalho.

Somos além do que pensamos. Estamos além do corpo e da alma, além dos dualismos, das dicotomias, das cisões, das tensões, dos dogmas, das ideologias. Mas acredito que o corpo é o caminho real para se chegar à alma. Não existe outra estrada, outra conversão, outra inteireza: só o corpo leva à alma e ao mais humanamente divino de nós mesmos. “O corpo vive, pensa, sonha, trabalha e brinca. Ele não é o simples objeto. (...) O corpo vivente está além do pensamento analítico, acima dos dualismos e liberto das lógicas das ciências positivas. Para Santini o corpo lúdico é o da “criança que faz coisas não produtivas”. E eu acrescento: o corpo lúdico é o do velho que faz coisas não produtivas, mas carregadas do significado de uma vida vivida que deseja se eternizar livremente com a força de quem começa a espiritualizar sua própria vivência. Descubro que envelhecer é um testemunho de amor à vida. Envelhecer com lucidez e dignidade, em pleno corpo e em pleno espírito, é a realização total da aventura humana no planeta em que vivemos e sobrevivemos.

Os idosos têm vivido sob o paradigma da competição exacerbada além de

terem vivenciado, também, uma época de poucas possibilidades corporais, a

grande maioria conviveu com muita repressão, dominação, desqualificação do

próprio prazer e a partir de uma supervalorização da produção ou do “ser

produtivo”, levando-os a um distanciamento da família e da sociedade.

Pouco ouviram falar sobre as possibilidades da cooperação (objeto de

estudo deste trabalho), sobre jogar junto por um objetivo coletivo, sobre a

possibilidade de todos vencerem ou ainda sobre o quanto eles têm a contribuir

na construção de um mundo melhor.

Embora, os idosos tenham bastante competência para cooperar, é comum

encontrarmos os que apenas aprenderam a aceitar a condição da passividade,

de servir os outros sem participar ativamente da vida de sua comunidade.

Um ser servil não é sinônimo de um ser participativo e cooperativo, a

cooperação pressupõe que todos ganhem juntos. Que todos tenham

oportunidades de estar uns com os outros e de Ser uns com os outros.

É inegável que ocorrem muitas perdas com o envelhecimento, mas da

mesma forma pode-se afirmar que também existem ganhos. Platão já falava

sobre a velhice ser uma época de se desfrutar da sabedoria e espiritualidade

elevadas, enquanto Aristóteles defendia ser esta a fase da decrepitude, onde as

perdas físicas eram tão dramáticas que faziam da velhice o mais terrível dos

males.

Podemos observar melhor sobre estas visões contraditórias em Meirelles

(1997, p.15)

Quanto mais se enfraquecem os outros prazeres – os da vida corporal – tanto mais crescem, em relação às coisas do espírito, minhas necessidades e alegrias. Os mais idosos devem mandar e os jovens obedecer. Platão

Porque viveram inúmeros anos, porque muitas vezes foram enganados, porque cometeram erros, porque as coisas humanas são quase sempre, más os velhos não têm segurança em nada, e seu desempenho em tudo está manifestamente aquém do que seria necessário. Vivem mais da lembrança, do que da esperança. Aristóteles

Parece justo, no entanto, que saibamos valorizar ambos os aspectos,

tanto o corpo quanto o espírito precisam ser estimulados e fortalecidos afim de

que o idoso possa desfrutar de sua integralidade.

A mudança das crenças sobre o envelhecimento oferece um vasto campo

para conquistas. São muitos os exemplos de transformações vivenciadas por

pessoas que acreditaram que podiam fazer diferente, que podiam viver a partir

de valores transformados e aprendidos na idade madura.

A partir da própria transformação os idosos podem ajudar a transformar,

também, a ingênua crença de que esta é a fase de “pendurar as chuteiras”.

Existem crenças que precisam ser construídas, outras precisam ser re-

significadas e outras, ainda, que precisam ser descartadas.

Desta forma, para poder desenvolver meu trabalho, tive que caminhar na

busca por trabalhos multidisciplinares re-significando ou descartando minhas

crenças e entre os tantos caminhos encontrei-me com a Bioenergética, a

Psicologia, a Neurolinguística, a Meditação, a Ginástica Holística e,

principalmente, com os Jogos Cooperativos.

Inspirada, também por Jung que diz:

... para o homem que envelhece é um dever e uma necessidade dedicar atenção séria ao seu próprio Si-mesmo. Depois de haver esbanjado luz e calor sobre o mundo, o Sol recolhe os seus raios para iluminar-se a si mesmo (apud Costa, 1998, p.39).

Elegi alguns pressupostos que julguei pertinentes ao desenvolvimento de

atividades que agregassem valores e que considerassem o ser humano por

inteiro. São eles:

O idoso precisa viver sucessos – Criar espaço, oportunidades

para que as pessoas vivenciem experiências de sucesso Os idosos

precisam descobrir que são capazes de realizar-se plenamente.

Foco no positivo – Descobrir e reconhecer as situações e

realizações positivas em sua vida e incentivar que seu foco se volte

para suas conquistas pessoais.

Necessidade de pertencer a um grupo – Sair do isolamento e

descobrir qual é a sua turma: um grupo de amigos que tem muito a

aprender e trocar (e não um grupo de idosos ociosos). E mais...

pertencer a um grupo, ser amado e respeitado, amar e respeitar. Falar

de si mesmo e saber do outro.

Valorização das competências – Todos nós temos competências

e podemos desenvolvê-las em qualquer tempo de nossas vidas,

valorizar estas competências é reconhecer o Ser de cada um.

Redescoberta da alegria e da espontaneidade - Entrar em

contato com a nossa criança interior, auxiliando assim, a descobrir

o prazer nas atividades corporais, porém jamais tratando o idoso

como criança, ou acreditando que ele volte a ser uma criança.

Reapropriação do corpo – Estabelecer um maior contato consigo

mesmo, com seus desejos, redescobrir o prazer através de seu

corpo. Tornando-se sujeito das próprias ações.

Participação Ativa – Participar das ações e também dos

processos decisórios. Tomar às mãos suas escolhas.

Educação para o possível – A maneira como fazemos as coisas

pode variar dependendo de nossas competências, de qualquer

forma, é preciso saber que muitas atividades que julgamos

impossíveis não o são, existindo somente a necessidade de

adaptações.

Convivência e Crescimento a partir das diferenças – Quando

envelhecemos tornamos ainda maiores as nossas diferenças, e

pode ser libertador descobrir que podemos aprender e conviver

com estas diferenças, respeitando o outro e nos fazendo respeitar.

Abrir-se para o novo - abrir mão do velho – Para aprender novos

caminhos, é preciso abrir mão de “velhas estradas”, velhos hábitos

e costumes - verdades que serviam para um outro momento da sua

biografia, mas que podem não servir mais.

Auto-valorização – A partir do auto-conhecimento e da auto-

estima, desenvolver a auto-valorização.

Foi caminhando de mãos dadas com estes pressupostos, que elaborei um

programa de Atividades Corporais para a Terceira Idade, apresentando os Jogos

Cooperativos como fundamento às atividades que realçassem os valores e as

potencialidades dos grupos, criando um clima de comunhão, compromisso

consigo e com o outro e principalmente, alegria e descontração.

Percebo, em meu cotidiano, que os idosos são bastante solidários,

especialmente na dor e na perda. Entretanto, por vezes, desconhecem o direito e

a capacidade de fazerem parte do processo de transformação de si próprios e

dos que os cercam.

Precisamos nos transformar enquanto sociedade e abrir nosso coração

para a sabedoria e energia próprias do idoso, afim de que possamos evoluir

juntos.

Para que tenhamos algum sucesso na intenção de aprender sobre os

idosos necessitamos estar conectados com o novo paradigma do

envelhecimento: Envelhecer é estar em constante desenvolvimento.

2 SEGUINDO O CAMINHO

Olhar para um corpo que traz expresso suas histórias, suas alegrias, tristezas, ansiedades, etc. é ver além das medidas, é ver o humano (Rauchbach,2001, p.73).

A escolha deste tema, para a monografia, teve seu ponto de partida na

prática desenvolvida nos Centros Esportivos da Prefeitura do Município de São

Bernardo do Campo. Quando se percebeu a necessidade da formação de uma

turma especial para idosos, pois o trabalho com a ginástica feminina tinha como

objetivo melhorar a performance e condicionamento físico e, no caso do grupo

de idosos, compreendeu-se que seria importante uma alteração destes objetivos,

devido às necessidades especiais desta clientela.

Meu trabalho, como professora de Educação Física para idosos, tem sido

desenvolvido na Prefeitura de São Bernardo do Campo, mais precisamente, na

Secretaria de Esportes deste Município, sob a coordenação da diretoria que

responde pelas atividades comunitárias.

Em 1990, a Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo, iniciava a

formação de grupos de terceira idade, através do Departamento de Promoção

Social, grupos estes, que participavam de "pontos de encontro", para discutir

problemas, buscar soluções além de promover atividades sociais, como bailes,

passeios e palestras.

Desde 1992 atendi, pessoalmente, um número aproximado de 1500

alunos de terceira idade. Entre cursos, palestras e vivências, tenho confiança

que muito tenho aprendido com este maravilhoso grupo de pessoas tão

especiais.

Em 1992, fui convidada a formar um grupo de “Ginástica para Terceira

Idade”, no Centro Esportivo da Vila Paulicéia. Iniciei uma turma com 20 pessoas,

e nesta época a idade mínima era de 45 anos porque poucas pessoas acima

desta idade procuravam o Centro Esportivo. No ano seguinte já contávamos com

o dobro do número de alunas.

Com o crescimento do Projeto Pedagógico, hoje, a Secretaria de Esportes

de São Bernardo do Campo atende atualmente, cerca de 1200 alunos de terceira

idade divididos em vários Centros Esportivos. Ocorrendo, portanto, um aumento

de profissionais atuantes na área, assim como de locais de atendimento e

conseqüentemente, de munícipes participantes.

O curso de Atividades Corporais para a Terceira Idade, hoje, consiste em

aulas de educação física, ministradas duas vezes por semana, com duração de

70 minutos.

Para conseguir uma vaga, os alunos passam por um sorteio no início de

fevereiro, o que, democraticamente, garante a renovação das turmas a cada

ano, dando igual oportunidade a todos os interessados.

A partir de uma visão holística, com o foco voltado para as possibilidades

de transformação da realidade do idoso foi possível desenvolver um programa

abrangente e diversificado.

Com relação ao programa de curso, entre os objetivos específicos

propostos com a terceira idade, destacam -se :

incentivar a autonomia,

propiciar o auto-cuidado,

melhorar a auto-estima,

promover a auto-consciência,

ampliar as possibilidades de experiências vivenciadas pelos

alunos, principalmente fora do ambiente doméstico e

reintegrar o idoso no “processo da vida”.

É importante ressaltar que os objetivos gerais da educação física sempre

estiveram presentes, são eles:

melhorar as capacidades cárdio-respiratória e cárdio-

circulatória,

melhorar a força e flexibilidade,

melhorar as condições físicas para a realização das

atividades da vida diária e

incentivar o convívio social.

Até o início deste trabalho a literatura sobre atividade física para idosos

era escassa e se limitava a estudos e pesquisas de alunos de pós-graduação de

poucas universidades.

No decorrer destes anos, muitos estudos surgiram e espero que este

trabalho, também, possa oferecer sua contribuição no sentido de ampliar as

possibilidades de atuação na área das atividades corporais para idosos.

3 O QUE É ENVELHECER

A velhice, não é a conclusão necessária da existência humana; é uma fase da existência, diferente da juventude e da maturidade, mas dotada de um equilíbrio próprio, e deixando aberta ao indivíduo ampla gama de possibilidades - Simone de Beauvoir.

Confort (1979) nos diz que “O envelhecimento é caracterizado pela

incapacidade de manutenção da homeostasia em condições de sobrecarga

funcional”.

Marcelo Antônio Salgado (1982) propõe que seja a velhice entendida

como uma etapa da vida na qual, em decorrência da alta idade cronológica,

ocorrem modificações de ordem biopsicossocial que afetam a relação do

indivíduo com o meio.

Chopra (1993) nos fala da “hipnose do condicionamento social” uma

ficção na qual coletivamente concordamos em participar. Para ele, nós

envelhecemos porque assim o aprendemos. Nossos corpos vêm aprendendo

como envelhecer com o passar dos tempos.

Chopra, na mesma obra, ainda estabelece o que chama de uma

Alternativa Quântica para o envelhecimento que foge sobremaneira aos padrões

adotados por nossa sociedade, mas que encontra respaldo em culturas

distantes. E cita ainda, um dos maiores sábios da Índia: Shankara, que afirma

que “as pessoas envelhecem e morrem porque vêem as outras envelhecer e

morrer “.

Chopra (1993) define que nossa expectativa herdada de que o corpo deve

se desgastar com o tempo, associada a crenças profundas de que somos

destinados a sofrer, envelhecer e morrer cria o fenômeno biológico que

chamamos envelhecimento. Vida é consciência em ação. A crença cria a

biologia.

Nosso corpo é como um carro novo que nós compramos, mas não

cuidamos devidamente, não trocamos o óleo ou revisamos o motor, ou mesmo

não cuidamos dos pneus, deixamos sob chuva e sol sem proteção, em poucos

anos este carro que deveria durar muitos anos, está completamente corroído,

estragado. O mesmo ocorre com nossos corpos, que sem receber os devidos

cuidados passam a ter menor tempo de vida.

É importante sabermos que, segundo Chopra (1993), o homem

contemporâneo raramente morre de velhice, morre-se por conseqüência de

várias doenças oportunistas, mas dificilmente de velhice.

Estudos gerontológicos evidenciaram que as pessoas idosas que

concordam em adotar hábitos mais saudáveis aumentam sua expectativa de vida

em dez anos, podendo, desta forma, fazer com que o tempo se desloque

rapidamente para frente ou até mesmo para trás. Bortz (1995).

Chopra (1993) propõe que nossas idades podem ser medidas de três

formas distintas:

Idade Cronológica: refere-se a quantos anos se tem segundo o calendário

Idade Biológica: refere-se qual a idade do seu corpo em termos de sinais críticos da vida e processos celulares

Idade Psicológica: refere-se a idade que você sente que tem.

Segundo o autor, somente a primeira idade é fixa, e as pessoas precisam

se dar conta de que as idades psicológica e biológica podem ser mudadas

diminuindo sua idade composta. Desta forma podemos nos tornar mais jovens

depois de anos de mudanças de estilo de vida.

O envelhecimento é uma profecia que se realiza a si mesma. Se você acredita que não consegue, está certo, se acredita que consegue, está certo também. Conseguimos o que determinamos. (Bortz 1995, p.124).

A velhice, pelo que se entende, é uma categoria socialmente produzida.

Pesquisas Antropológicas demonstram que a idade não é um dado da natureza,

não é um princípio naturalmente constitutivo de grupos sociais, nem um fator

explicativo dos comportamentos humanos (Guita Gebert, 2001, p.9).

Entender a velhice sob uma ótica holística e multidisciplinar, parece-nos

mais apropriado, pois, entende-la somente como um processo de degeneração

física é resultado de um olhar detido, única e exclusivamente, na ciência

biológica.

Terceira Idade foi um termo criado pelo gerontólogo francês Dr. Huet na

década de 50, para caracterizar pessoas com mais de 60 anos. Segundo a

Organização Mundial da Saúde (OMS) é definida pela idade cronológica, da

seguinte forma (Costa, 1998, p.34):

Meia-idade de 45 a 59 anos;

O idoso de 60 a 74 anos;

O velho 75 anos e acima;

O muito velho 90 anos ou mais

Entretanto, são muitas os conceitos encontrados sobre o início da velhice

e segundo Alves Junior, 2002, “(...) São bastante mutáveis estas definições o

que desqualifica qualquer aventura simplista e redutora que procura rotular as

pessoas pela sua idade cronológica”.

Há muita controvérsia sobre a nomenclatura mais adequada e o termo

Terceira Idade, na verdade, encontra muitas restrições, principalmente, por parte

dos próprios idosos, que também não chegam a um acordo sobre como querem

ser chamados.

A velhice é para alguns um aprisionamento, sinônimo de apatia e

desânimo, onde qualquer tentativa de libertação parece em vão. Para outros é a

consciência de seu momento atual como mais um capítulo de uma vida de

realizações, que deve ser vivido com o mesmo empenho e amor das outras

fases da vida. Para outras, ainda, é um privilégio, uma conquista que deve ser

vivida experimentando, com interesse, cada fase.

O envelhecimento individual é uma experiência heterogênea. Segundo

Fries (apud Néri, 1993, p.37), três fatores contribuem para esta variabilidade:

1. A maneira peculiar como cada pessoa organiza seu curso de vida, a partir de suas circunstâncias histórico-culturais,

2. A incidência de diferentes patologias durante o envelhecimento normal,

3. A interação entre fatores genéticos e ambientais.

3.1 O ENVELHECIMENTO E SEUS ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

Considerando que o envelhecimento tem sido um tema vastamente

discutido em vários setores da sociedade, muitas pesquisas têm sido veiculadas

em revistas especializadas, jornais, e trabalhos acadêmicos, com o objetivo de

otimizar os trabalhos com esta população.

Geriatras, psicólogos, professores de educação física, gerontólogos,

assistentes sociais, entre outros profissionais, têm escrito e pesquisado sobre

esta população de idosos, contribuindo, cada qual, em seu espaço profissional,

na busca de oferecer mais subsídios para um amplo atendimento.

Todo este interesse por assuntos pertinentes ao envelhecimento tem uma

forte razão de ser, tendo em vista o aumento significativo do número de pessoas

na faixa de idade acima de 60 anos.

Segundo o Plano Integrado de Ação Governamental para o Desenvolvimento da Política Nacional do idoso de 1997, o principal impacto na composição etária na sociedade brasileira, nesta segunda metade de século, tem sido proporcionado pelo aumento absoluto e relativo da população adulta e idosa, a faixa etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce em termos proporcionais. Segundo as projeções estatísticas da OMS, entre 1950 e 2025 a população de idosos no Brasil crescerá 16 vezes, ao passo que a população total crescerá 5 vezes. Este crescimento é o mais acelerado do mundo.

Os idosos que representavam 7.5% da população em 1991 (11 milhões) poderão atingir 15% em 2025, o que significa a atual proporção de idosos na maioria dos países da Europa estes dados colocarão o Brasil no 6º lugar mundial em número de idosos, com aproximadamente 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos (Rauchbach, 2001, p.13).

Este crescimento populacional se deu principalmente na segunda metade

deste século. Foi somente a partir de 1960, que começou a ocorrer um aumento

proporcionalmente maior do grupo com 60 anos ou mais, enquanto que a

população jovem já se encontrava em processo de desaceleração. O

crescimento da população idosa tem sido proporcionalmente maior nos países

de terceiro mundo.

3.2 EXPECTATIVA DE VIDA / LONGEVIDADE

Sabe-se que a expectativa de vida tem sido largamente discutida, e o elixir

da longa vida ainda é uma aspiração que apaixona a muitos. Para alguns

cientistas, o homem pode chegar aos 200 anos. Para outros, já atingimos nosso

limite.

Entretanto, o questionamento que se faz imperioso é: para que tipo de

vida estamos caminhando?

Nos últimos dez anos diversos estudiosos têm reconhecido a importância de um significado para a existência, a fim de se obter satisfação pessoal. Têm afirmado e constatado empiricamente que prolongar a vida, sem garantir à mesma algum significado, não é a melhor resposta para o desafio do envelhecimento (Deps, apud Néri, 1995, p.58).

A luta por ampliar nossa vida não pode se restringir ao tempo, ela precisa

ser ampliada e seu foco precisa estar voltado para a qualidade e o significado

que se quer para este tempo de vida.

É incontestável que melhoramos sobremaneira as condições básicas para

que pudéssemos obter resultados tão significantes do ponto de vista do aumento

da expectativa de vida.

No Brasil, no início do século XX, a expectativa de vida era de 33,7 anos de idade, atingindo 43,2 anos em 1950 e 55,9 anos de idade em 1960. Na década seguinte, ela passou a 57,1 anos e em 1980 atingiu 63,5 anos. Observou-se, entretanto que em 50 anos, isto é, entre 1900 a 1950, houve um acréscimo de apenas 9,5 anos, enquanto que a partir de meados deste século até 1980 a expectativa de vida cresceu 20,3 anos. A expectativa média americana de 49 anos em 1900 saltou para 75 anos em 1990 o que equivale a dizer que o tempo de vida que ganhamos em menos de um século é o mesmo que as pessoas tiveram como o total de sua existência durante mais de quatro mil anos, pois desde a pré-história até a Revolução Industrial, a população em geral, tinha um tempo médio de vida de 45 anos. Nesta época somente 10% da população chegavam a 65 anos, mas hoje 80% vivem por tanto tempo (Schoueri Jr, Ramos e Papaléo Neto 1990, p.20).

Existem projeções feitas por especialistas norte americanos para o ano

2025 de que chegaremos aos 116 anos. Segundo Bortz (1995) nossa

longevidade biogenética máxima é de 120 anos, ou seja, cerca de um milhão de

horas.

Considerando os dados de uma expectativa média de 70 anos, podemos

dizer que teremos pela frente, pelo menos, mais 40 ou 50 anos, o que,

certamente, joga por terra a crença de que sessenta anos é a idade de se

“pendurar as chuteiras”.

3.3 ASPECTOS SOCIAIS DO ENVELHECIMENTO

Não precisamos olhar nos olhos de um idoso para julgarmos seu passado, mas com certeza é a oportunidade que nós temos para refletir sobre nosso futuro (jornal O Estado de SP - 17/07/97).

Em algumas sociedades, o idoso é reverenciado por sua sabedoria,

mantendo um importante papel na transmissão das tradições e dos

conhecimentos do seu povo. Entretanto, nossa sociedade, extremamente

competitiva, discrimina e marginaliza o idoso, reforçando a crença de que este

cidadão é improdutivo e, portanto, não merece mais atenção.

Simone de Beauvoir trata com aparente pessimismo esta questão e nos

remete às idéias de grandes pensadores, que traduzem com igual pessimismo a

questão do envelhecimento. Ao percorrer seus depoimentos torna-se viva a

imagem da velhice decadente.

A velhice denuncia todo o fracasso de nossa civilização. É o homem inteiro que é preciso refazer, são todas as relações entre os homens que é preciso refazer, são todas as relações entre os homens que é preciso recriar, se quisermos que a condição do velho seja aceitável. Um homem não deveria chegar ao fim com as mãos vazias e solitário (Beauvoir apud

Meirelles, 1997, p.23).

Da mesma forma. Beauvoir nos brinda com a resposta para nossas

inquietações com relação à velhice, onde, com grande sabedoria e nos dá uma

grande lição:

A velhice não é um fato estático: é o término e o prolongamento de um processo. Em que consiste este processo? Em outras palavras o que é envelhecer? Esta idéia se acha ligada à de transformação. Mas a vida do embrião, do recém nascido, da criança, constitui uma incessante transformação. Seremos levados a concluir, como o fizeram alguns, que nossa existência é uma morte lenta? Certamente não. Semelhante paradoxo desconhece a verdade essencial da vida: ela é um sistema instável no qual se perde e reconquista o equilíbrio a cada instante; a inércia é que é o sinônimo da morte. A lei da vida é mudar (Beauvoir, 1970, contracapa).

Considerando o aumento da idade, os efeitos do declínio do nosso

organismo podem ser minimizados ou agravados por condições como

alimentação, utilização adequada da sua capacidade, doenças ou estados

emocionais.

Para Néri (1995), mesmo assumindo a possibilidade de ganhos e

compensações de perdas desenvolvimentais na velhice, é forçoso admitir que

ocorre um aumento progressivo nas perdas. Estas perdas biológicas, cognitivas,

motivacionais e sociais são não só um dado objetivo e observável, como também

fazem parte das expectativas de pessoas de todas as idades em relação à

velhice.

O idoso precisa de apoio para superar a tristeza e o desânimo que podem

advir como efeitos do declínio do organismo e da diminuição da eficiência

funcional, alem da solidão muitas vezes provocada pela perda dos familiares e

amigos.

Além disto o idoso se encontra também à mercê de outras perdas

significativas, como a perda do seu espaço dentro da família, da sociedade, e

muitas vezes da sua própria identidade.

Todavia, tantas perdas biológicas e psicossociais não podem e não

devem ser traduzidas na perda da dignidade. Este, talvez seja o maior peso

sobre os idosos, que se habituam a ver sua dignidade se deteriorar de forma

brutal.

É importante ressaltar que programas baseados em atividades que

separam o idoso do resto do mundo, tratando-o como parte de um grupo isolado,

podem trazer a este idoso resultados inversos aos desejáveis, formando mais

um gueto em nossa sociedade.

Segundo Alves Jr, 2001. No Brasil têm se desenvolvido muitos projetos desde o início dos anos 90, muitas vezes de forma segregativa, isolando os ditos idosos do contato intergeracional. Defendemos que projetos de intervenção baseados em atividades de lazer, sejam culturais, artísticas ou esportivas, levem em consideração a importância da interação dos idosos e aposentados com pessoas de outras gerações.A participação neste tipo de vida associativa não deve se resumir a participação em bailes ou de atividades que infantilizem (Alves Junior, 1998) e alienem os idosos dos problemas da sociedade a qual estão inseridos.

A situação em que se encontra o idoso é somente mais um reflexo de

uma sociedade injusta que segrega e discrimina. Para que vislumbremos uma

melhoria para esta situação é imperioso que pensemos criticamente que não

precisamos de uma política específica para quem está idoso, mas sim de uma

política que pense o envelhecimento como um processo que se inicia desde

muito cedo.

3.4 COMPORTAMENTOS – ATITUDES

Para Chopra (1993, p.91) os seguintes fatores psicossociais precisam ser

considerados para determinar com precisão se o processo de envelhecimento

está sendo acelerado ou retardado:

Obs. Os itens precedidos de asterisco referem-se aos de maior importância.

Fatores negativos que aceleram o envelhecimento:

*Depressão

Incapacidade de expressar emoções

Sentir-se incapaz para modificar-se e modificar os outros

Viver sozinho

Solidão, ausência de amigos

*Insatisfação com o trabalho

Ter que trabalhar mais de 40 horas por semana

Dificuldades financeiras, dívidas

Preocupação habitual ou excessiva

Arrependimento por sacrifícios feitos no passado

Irritabilidade, enraivecer-se com facilidade ou ser incapaz de exprimir a raiva que sente

Criticar demais a si mesmo e aos outros

Fatores positivos que retardam o envelhecimento:

*Casamento feliz (ou relacionamento satisfatório)

*Satisfação no trabalho

*Sensação de felicidade pessoal

Capacidade de rir com facilidade

Vida sexual satisfatória

Capacidade de fazer e manter amigos íntimos

*Rotina diária regular

*Rotina de trabalho regular

Tirar pelo menos uma semana de férias por ano

Sentir-se capaz de controlar a própria vida (pessoal)

Tempo de lazer agradável, hobbies satisfatórios

Capacidade de exprimir os sentimentos facilmente

Visão otimista do futuro

Sentir-se financeiramente seguro, viver de acordo com suas possibilidades

Como podemos observar são os fatores comportamentais os que mais

aceleram o processo de envelhecimento.

Uma mudança de atitude está extremamente vinculada a uma mudança de percepção, quando a pessoa percebe o mundo ao seu redor de uma forma diferente, tem a oportunidade de agir de forma diferente também, isso o leva a experimentar novas possibilidades, obtendo respostas novas do meio. Essas novas respostas podem ser mais satisfatórias e mais compensadoras que as antigas o que vai trazendo à pessoa uma forte necessidade de mudar de fato, a fim de continuar recebendo aquele tipo de resposta mais satisfatória. Portanto para uma pessoa mudar de fato, ela precisa comprometer-se com a questão e desejar muito, pois mudanças desta natureza exigem esforço e cuidados constante (Maturana apud Teixeira, 2002, p.13).

A crença sobre a decrepitude ou a falência do corpo necessita ser

transformada. É possível aprender a viver uma velhice bem sucedida.

É, aparentemente, mais cômoda a manutenção de nosso “script de vida”,

vivendo da forma como aprendemos a viver e perpetuando velhos

comportamentos, entretanto, é preciso saber que esta é só uma escolha e que

outras possibilidades se delineiam, desde que se esteja pronto a caminhar e

encontrar novos rumos.

Nossas programações internas, por vezes, nos roubam a possibilidade de

fazermos escolhas positivas que nos tirem do círculo vicioso da estagnação e de

comportamentos auto-destrutivos.

Ao tomarmos consciência desses comportamentos, assim como das

novas possibilidades, abrimos portas para superar o maior inimigo da

transformação que é o hábito.

Chopra novamente nos ajuda a compreender esta questão:

A capacidade de adaptação pode ser definida simplesmente como liberdade para pensar ou agir sem condicionamentos. Permanecer aberto às mudanças, aceitar o novo e dar as boas vindas ao desconhecido é uma escolha que envolve talentos pessoais definidos; pois deixada por conta da inércia, a mente tende a reforçar seus velhos hábitos e cada vez se deixar prender mais e mais pelos condicionamentos (Chopra, 1993, p.95).

4 O NOVO VELHO

Felizmente, somos convidados à reflexão por novos rumos sobre os

estudos do envelhecimento a partir da psicologia do envelhecimento.

Distintamente do estudo do envelhecimento biológico, que se caracteriza pelo estudo do declínio e das perdas de potencialidades morfo-funcionais do homem, o estudo do envelhecimento psicológico, atualmente tem como foco de atenção não às perdas, mas às mudanças que podem ser descritas em termos de ganhos ou perdas. A partir de um novo conceito sobre o envelhecimento (Okuma, 1998, p.73).

Da mesma maneira, destaco outras considerações igualmente positivas

sobre os novos conceitos a respeito do envelhecimento.

Nossos conceitos sobre o envelhecimento têm sido drasticamente modificados no decorrer das duas últimas décadas. No início dos anos 70, os médicos começaram a notar pacientes de 60 e 70 anos cujos corpos ainda funcionavam com o vigor e a saúde da meia idade. Estas pessoas se alimentavam moderadamente e cuidavam de seus corpos. Embora exibissem alguns dos sinais aceitos da velhice - pressão arterial e colesterol elevados e tendência à obesidade, vista cansada e audição reduzida - não havia nada de senil naquela gente. A nova velhice - como veio a ser chamada - havia nascido (...) A “velha velhice” fora marcada por declínios irreversíveis em todas as frentes - física, mental e social. Por séculos e séculos as pessoas esperavam atingir a idade avançada - se é que viessem a atingir - frágeis, esclerosadas, socialmente inúteis, doentes e pobres. Para reforçar esta perspectiva melancólica, havia fatos igualmente melancólicos: apenas uma de cada dez pessoas vivia até os 65 anos antes deste século (...) A “nova velhice” entrou em cena após mais de meio século de condições de vida melhorada, e intenso progresso da ciência médica (Chopra, 1993, p.81).

Os paradigmas sobre o envelhecimento nos foram criados a partir de uma

sociedade de jovens que não previu seu próprio envelhecimento. Esta sociedade

inclui os velhos que também precisam mudar a visão negativa sobre seu próprio

envelhecimento, valorizando e exaltando seus aspectos positivos, encarando

como um processo e não como um fim, as reais características desta idade.

O envelhecimento, saboreado a partir de uma ótica positiva, é uma idéia

bastante nova em nossa sociedade, até pouco tempo atrás não ouvíamos falar

dos ganhos decorrentes do avanço da idade e o envelhecimento encarado como

uma fase de novas oportunidades, opondo-se ao envelhecimento como um

prenúncio da morte é a grande transformação que buscamos.

Entender e aceitar o idoso como um ser digno, é função da sociedade

como um todo, e esta questão está longe de simplesmente mudar a imagem do

idoso, mas, principalmente de mudar paradigmas, crenças, hábitos, atitudes e

comportamentos, assim como criar oportunidades para que o idoso se sinta

como um ser integrado ao seu meio e não simplesmente um peso para a

previdência e principalmente para sua família.

Encontramos nas palavras de Gaiarsa provocações para uma reflexão

sobre a importância de transformar conceitos:

Ser velho, além de um fato, é um conjunto de convenções sociais da pior espécie. Não sei o que pesa mais sobre os velhos: se a idade ou a idéia que eles fazem de si mesmo, movidos pelo modo como são tratados, levados por idéias tantas vezes negativas que orientam o comportamento (Gaiarsa apud Pereira, 1996, p.21).

4.1 ENCONTRANDO A SUA TURMA...

O sentido de pertencer a um grupo é vital para o ser humano. Nós

precisamos nos sentir fazendo parte de algum grupo ou comunidade. Nós

existimos no convívio com o outro, é através do outro que percebemos quem

somos.

Sobre este aspecto pode-se dizer que os idosos perdem a cada dia um

pouco do contato com o mundo e por conseqüência perdem o sentido de

afiliação, fazendo com que sintam que este mundo não lhe é próprio (Okuma,

1999).

O idoso se diferencia muito de si mesmo e, principalmente, dos seus

contemporâneos. Além disto, é preciso que lembrar que somos frutos de uma

educação voltada ao descarte do que é velho.

A sociedade de consumo da qual estamos inseridos, só valoriza o novo, descartando tudo aquilo que representa o antigo. Sem repensarmos o nosso passado, somos levados ao não questionamentos das injustiças que são cometidas com os envelhecidos. De uma maneira geral, os problemas que afligem a população idosa são universais. Porém, no Brasil eles acentuam-se, levando a sociedade a aceitar como normal a volta ao trabalho de aposentados, do sistema asilar, da mendicância dos idosos, do isolamento e do esquecimento dos mais velhos (Alves Júnior, 2002).

O envelhecimento pressupõe uma longa história de vida, com

experiências vividas muito diversas umas das outras e com aprendizados

igualmente diferenciados. Podemos perceber os efeitos destas diferenças,

cotidianamente, nas relações familiares.

Para que haja mudanças estruturais e funcionais precisamos mudar as

crenças sobre a velhice, é necessário que novos valores se estabeleçam com

relação a esta nova visão em que esta fase da vida se apresenta.

O aprendizado destes novos valores deve proceder desde a infância, para

que crianças cresçam olhando com orgulho e respeito para seus avós, fazendo

com que o envelhecer deixe de ser um drama na vida das pessoas.

O desenvolvimento humano é atemporal, portanto é desumano que

façamos do envelhecer uma época de estagnação, pois se os idosos já não

fazem parte do mercado de trabalho, passam a ter mais tempo para se dedicar a

outras atividades, principalmente no que diz respeito ao próprio desenvolvimento

e ao prazer.

Estudar, assumir seu papel de agente na sociedade, desenvolver

trabalhos assistenciais, dedicar-se à prática de atividades físicas ou artísticas,

enfim, cuidar-se passa a ser plausível devido ao tempo livre em decorrência da

aposentadoria ou dos filhos independentes.

Quando decidimos tomar às nossas mãos tarefas que julgamos não

serem adequadas ao idoso estamos, na verdade, causando-lhe um grande mal,

colaborando com seu distanciamento do mundo e da necessidade básica do ser

humano: a autonomia.

Contrapondo-se a este quadro percebemos que quanto maior a

diversidade de atividades oferecidas aos idosos, tanto melhor para aumentar sua

participação na sociedade. Ele terá aumentado seu sentimento de auto-valia,

pois, ele terá mais possibilidades de atuação.

Sua auto-confiança e sua auto-estima se fortalecerão e,

conseqüentemente, sua qualidade de vida se tornará cada vez melhor.

5 IDOSO E A ATIVIDADE FÍSICA

A Atividade Física é um excelente caminho para que as pessoas se libertem de preconceitos, percam complexos e redescubram a alegria e a espontaneidade, reintegrando-se à sociedade (Rauchbah, 2001, p.15).

O velho paradigma sobre o envelhecimento nos diz que esta é uma época

em que se diminui o ritmo ou se aposenta. E este diminuir de ritmo está,

freqüentemente, associado à ociosidade ou sedentarismo.

Contrariando esta crença, a atividade física vem largamente sendo

defendida como um excelente caminho para auxiliar os idosos a melhorarem

suas competências e sua qualidade de vida. Em palestra proferida sobre o

envelhecimento e a atividade física (Santos, 1999) Dr. Jacob Filho relata que

“Não existe nada que modifique a curva do envelhecimento com a magnitude da

atividade física”

Durante os programas de atividades físicas para idosos coordenados por

mim, foram relatadas melhoras nas atividades de vida diária (AVDs) como, fazer

as tarefas de casa, cuidar-se com atividades de higiene pessoal, caminhar pelas

ruas, subir nos ônibus. Mas, relatam também melhoras nos relacionamentos

familiares, mais paciência, menor valorização dos pequenos problemas rotineiros

e melhora no relacionamento com o cônjuge.

Em 2000 realizei uma pesquisa com alunos de duas turmas do curso de

educação corporal para a Terceira Idade. O grupo contemplava 99 alunos, de um

curso anual com duas sessões semanais de 70 minutos cada.

A pesquisa se deu a partir de um questionário que continha uma só

pergunta: O que a atividade corporal, realizada neste centro esportivo,

significa em sua vida?

Esta pergunta permitiu que todos os participantes da pesquisa

respondessem conforme suas próprias percepções quanto ao aspecto físico-

motor, afetivo-social ou orgânico. De maneira suscinta cada participante deu foco

ao que mais lhe interessou.

Foram 99 questionários respondidos com abreviadas opiniões. Assim

sendo, pude colocar como critério de seleção de dados, as palavras mais

citadas, considerando seu sentido no contexto do programa.

Desta forma obtive os seguintes dados: 9 alunos manifestaram mudança

no comportamento e 10 que mudaram o modo de viver; 9 disseram que a

atividade exercita a mente e o corpo; 15 que se consideram mais felizes; 14 que

se divertem, esquecem os problemas e se sentem mais leves; 8 perceberam que

os dias que lhe restam tem mais valor agora; 13 sentiram aumentado o grau de

amizades; 13 manifestaram se sentirem muito bem; 7 que modificaram seu

comportamento no ambiente familiar; 20 alunos disseram ser muito bom para a

saúde; 14 disseram sentirem satisfação, realização e mais disposição e 4 não

têm mais a depressão. Uma pessoa relatou que antes não queria mais viver e

agora valoriza cada dia de sua vida. Entre outras falas importantíssimas, mas

que não se repetem mais que 5 vezes está, por exemplo a de que se sentem

mais desinibidas, confiantes e que sentiram um tipo de paz interior.

Enfim, o que se percebe, na prática, é que os idosos, ao participarem de

atividades corporais passam a dar um novo sentido para suas vidas fazendo

deste o seu grupo de amigos, de pessoas com quem se pode Ser, sem se

preocupar com as diferenças. O grupo passa a ser um porto seguro, um local de

acolhimento e amizade. De grandes risadas e de fortes vínculos.

Nas duas reflexões que seguem podemos entender melhor os efeitos da

atividade física para o idoso e a importância da compreensão destes efeitos.

(...) Os benefícios da atividade física (...) Reconhece-se sua forte relação com o bem estar psicológico, comumente indicado por sentimentos de satisfação, felicidade e envolvimento. Sabe-se também, que pessoas que estão seguras de que dispõem das competências necessárias para um adequado funcionamento intelectual, físico, afetivo e social, ou seja, que se sentem eficazes, são beneficiadas no que tange à auto-estima e aos motivos de realização (Nery apud Okuma, p.11).

A descoberta das potencialidades está diretamente ligada ao estado emocional. Quanto mais descontraído e feliz está o idoso, mais facilmente consegue se superar. O mais importante na observação deste idoso é verificar se este tem prazer na execução do movimento, e isto está expresso em seu rosto, em seu corpo (Rauchbach 2001, p.101).

Na redescoberta de suas possibilidades corporais e na aceitação de suas

eventuais limitações o idoso se redescobre um ser humano livre, um Ser que têm

escolhas e por este motivo pode optar por viver de forma mais saudável e

prazerosa.

Além disto, na atividade física os idosos voltam a tomar contato com seu

próprio corpo e no contato físico consigo mesmo e com os companheiros de

turma, ele pode desfrutar do toque como linguagem de carinho, afeto e

autodescoberta.

O prazer gerado pela "reapropriação" do corpo torna-se cada vez maior

levando os idosos a se sentirem mais felizes e plenos.

6 EXPERIÊNCIA QUE NOS FAZ APRENDER E CRESCER

Em primeiro lugar é essencial promover a saúde física ao longo do curso de vida. Outra providencia relevante seria a educação continuada na vida adulta e na velhice. Incluindo oportunidades para treinamento compensatório. Finalmente, mas não menos importante, deve ser encorajada a flexibilidade individual social (Néri, 1993, p.47).

A partir de minha experiência, como professora de educação física, no

curso de atividades corporais para idosos, senti a necessidade de ampliar minha

atuação, apresentando propostas que considerei mais estimulantes do ponto de

vista das relações com o mundo, com o outro e consigo mesmos.

Diversificando minhas aulas através dos Jogos Cooperativos, focalizando

o auto-conhecimento e buscando elaborar aulas diferenciadas de uma rotina

normal de educação física, em pouco tempo, começaram a aparecer resultados

positivos relacionados à liberação de movimentos, aumento de espontaneidade,

alegria e o sentido de grupo tomavam corpo.

Em um processo de adaptação progressiva, o trabalho foi ajustado

conforme a avaliação feita pelos alunos.

A metodologia e as estratégias pertinentes à educação física também

eram desenvolvidas, dividindo espaço com novas técnicas. As aulas ficavam

muito divertidas e desafiadoras, todos os alunos podiam participar

independentemente de seus problemas de saúde ou mobilidade. A inclusão

sempre foi um ponto crucial para este trabalho.

Os exercícios dirigidos (calistênicos) ou conduzidos com certo vigor, impedem o idoso de reconhecer o seu próprio ritmo e de descobrir os diferentes ritmos individuais para as diversas atividades diárias (Rauchbach, 2001, p.63).

O sucesso destas aulas era evidente, inclusive aos olhos dos mais céticos

e tradicionalistas. Já não se podia mais afirmar que aquelas aulas não eram

sérias ... Eram divertidas aulas sérias...

Havia um comprometimento grupal crescente, o sentido de amizade,

respeito, solidariedade, cooperação e um vínculo amoroso muito grande, todos

princípios fundamentais para uma aula de educação física.

Desta maneira, vivenciando desafios motores cooperativos, pode-se

alcançar mudança de comportamento do grupo, gerando novo conceito de

trabalho grupal.

Lembro-me das primeiras aulas, quando eu propunha um jogo e alguns

alunos logo se dispunham a competir, tentando mostrar quem era o melhor do

grupo. Eu estava segura de onde desejava chegar, portanto, sustentei a intenção

de continuar buscando a cooperação e em um pouco mais de tempo uma

solução vinha à tona, como uma descoberta cooperativa do grupo.

7 JOGOS COOPERATIVOS: UMA LIÇÃO DE VIDA

Num mundo que se convulsiona e onde a turbulência virou norma, falar em Cooperação não é romântico nem quimérico. É princípio (Neyde Marques apud Brotto., 2000, p.90).

Para investirmos na sociedade que desejamos, precisamos rever nossas

ações, nossas práticas cotidianas e nossas crenças. Somos os responsáveis

pela transformação, tanto quanto pela perpetuação de crenças ultrapassadas a

respeito das relações humanas.

Precisamos desenvolver uma consciência grupal e segundo Saraydarian

(1990, p.15), o princípio básico da consciência grupal é ajudar a elevar e iluminar

as pessoas, para que elas, em troca, elevem e iluminem você.

Neste sentido, já não existe mais o tempo de se falar em educação para

crianças e adolescentes, temos que nos educar a todos.

Brotto (2001) estuda vai a fundo nas questões sobre Jogos Cooperativos,

e nos fala da sua importância nas relações interpessoais. Para o autor:

Tanto no jogo quanto na vida estamos permanentemente sendo desafiados a solucionar problemas, harmonizar conflitos e realizar objetivos (...). É vital que superemos o paradigma do individualismo e da competição exacerbada, porque ninguém joga ou vive sozinho. Bem como, ninguém joga ou vive tão bem, em oposição e competição contra os outros, como se jogasse ou vivesse em sinergia e cooperação com os todos (Brotto ,2001, p.7).

O conceito dos Jogos Cooperativos nos leva a desfazer as barreiras e

construir pontes entre as pessoas, diminuindo as distâncias criadas a partir de

conceitos e ações discriminatórias. Pontes são criadas a partir do respeito do

meu Ser e do Ser do outro.

Pontes são criadas a partir do momento em que vejo o outro como meu

parceiro e não mais como um adversário, quando passo a jogar com o outro e

não mais contra o outro, quando acredito num universo de abundância e não

de escassez, quando passo do isolamento e do medo para o amor, quando

saio da solidão e da insegurança para a comunhão.

Para Brotto (2001, p.60), podemos vivenciar os Jogos Cooperativos como

uma prática re-educativa, capaz de transformar nosso condicionamento

competitivo em alternativas cooperativas.

Nosso maior jogo é o jogo da vida que, a partir de nossa consciência e

abertura, poderá ser vivido baseado em uma nova prática – a cooperação.

Brotto (2001, p.61), propõe um modelo de Jeitos de ver-e-viver o jogo

da vida.

Percepção /

Ação

OMISSÃO (Individualismo)

COOPERAÇÃO (Encontro)

COMPETIÇÃO (Confronto)

Visão do jogo Insuficiência.

É impossível.

Separação.

Suficiência.

Possível para todos.

Inclusão.

Abundância X

Escassez.

Parece possível só

para um. Exclusão.

Objetivo Ganhar sozinho.

“Tanto faz"

Ganhar...juntos. Ganhar...do

outro.

O outro "Quem?" Parceiro, amigo. Adversário,

inimigo.

Relação Independência.

“Cada um na sua”

Interdependência.

Parceria e Confiança.

Dependência,

rivalidade e

Desconfiança

Ação Jogar sozinho.

Não jogar.

“Ser jogado”.

Jogar COM.

Troca e criatividade.

Habilidades de

relacionamento

Jogar CONTRA

Ataque e Defesa.

Habilidades de

rendimento

Clima do Jogo Monótono.

Denso

Ativação, atenção e

descontração.

Leve.

Tensão, stress e

contração.

Pesado.

Resultado Ilusão de vitória

individual.

Sucesso

Compartilhado

Vitória às custas

dos outros.

Conseqüência Alienação,

conformismo e

indiferença.

Vontade de

continuar jogando...

Acabar logo com

o jogo.

Motivação Isolamento Amor Medo

Sentimentos Solidão.

Opressão.

Alegria (para

muitos). Comunhão (entre

todos).

Satisfação,

cumplicidade e

harmonia.

Diversão (para

alguns). Realização(para

poucos)

Insegurança,

raiva, frustração.

Símbolo Muralha Ponte Obstáculo

Maslow (apud Orlick, 1989, p.94), descreve as características mais

representativas de pessoas saudáveis psicologicamente:

Aceitação de si mesmo, dos outros e da natureza

Espontaneidade, simplicidade, naturalidade

Criatividade

Constante espírito de renovação e apreciação das boas coisas básicas da vida

Centralização nos problemas (em vez de no próprio ego)

Relações interpessoais profundas e intensas

Forte caráter democrático (e não autoritário)

Autonomia, independência, autodeterminação, responsabilidade

Senso de humor

Percepção eficiente da realidade e boa relação com ela

Resistência a cultuar a sociedade tal como ela existe

Fortes padrões éticos e morais

Capacidade de ter e gostar de experiências extremas

Capacidade de apreciar a solidão e a privacidade

Profundos sentimentos de identificação, simpatia e afeição pelos outros.

Então, podemos concluir que o fortalecimento das experiências

cooperativas podem contribuir para a formação de indivíduos psicologicamente

mais saudáveis. E que, ao contrário, o fortalecimento de experiências

competitivas podem nos desviar para padrões de comportamentos menos

saudáveis do ponto de vista psicológico.

Segundo Brotto (2001, p.27)

Cooperação: é um processo onde os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os resultados são benéficos a todos

Competição: é um processo onde os objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são individualistas e somente alguns se beneficiam dos resultados.

Para Saraydarian (1990, p.39), “Cooperação é uma inclusividade sempre

progressiva no interesse de todas as partes envolvidas”.

(...) cada omissão na cooperação, é um testemunho da ausência de sabedoria, testemunho de que as pessoas não questionam o suficiente para encontrar alternativas para divergências, guerra e derramamento de sangue (Saraydarian,1990, p.40).

Para o ensino-aprendizagem dos Jogos Cooperativos, Brotto (2001, p.63)

propõe uma dinâmica de que considera como um dos principais eixos da

Pedagogia da Cooperação.

Esta dinâmica parte da convivência para a consciência e finalmente para

a transcendência.

Convivência: Ter a vivência compartilhada como o contexto

fundamental para a aprendizagem. É preciso experimentar para poder

re-conhecer a si mesmo e aos outros.

Consciência: Criando um clima de cumplicidade entre os

praticantes, incentivando-os a refletir sobre a vivência do Jogo e sobre

as possibilidades de modificar comportamentos, relacionamentos e até

o próprio Jogo, na perspectiva de melhorar a participação, o prazer e a

aprendizagem de todos.

Transcendência: Ajudando a sustentar a disposição para dialogar,

decidir em consenso, experimentar as mudanças propostas e integrar

no Jogo e na vida, as transformações desejadas.

Desta forma entendo que o processo de aprendizagem se dá de maneira

integral, fazendo-nos agentes da transformação que desejamos.

7.1 DE ONDE VIERAM ESTES JOGOS?

Os JOGOS COOPERATIVOS começaram há milhares de anos quando membros de comunidades tribais se uniam para celebrar a vida (Terry Orlick, apud Soler, 2002, p.19).

Considera-se que o início da sistematização dos Jogos Cooperativos se

deu na década de 50, nos Estados Unidos através do trabalho de Ted Lentz em

suas pesquisas para a paz.

Os Jogos cooperativos surgiram da preocupação excessiva com a valorização dada ao individualismo e à competição exacerbada, na sociedade moderna, mais especificamente, na cultura ocidental. Considerada como um valor natural e normal na sociedade humana, a competição tem sido adotada como uma regra em praticamente todos os setores da vida social. Temos competido em lugares, com pessoas e em momentos que não precisaríamos, e muito menos, deveríamos. Temos agido assim como se fosse a única opção (Brotto, 2001, p.45).

Jim Deacove, David Platts e Dan Davis, são outros importantes nomes

nas pesquisas e ações com os Jogos Cooperativos.

O canadense Terry Orlick é um dos principais autores sobre o tema e seu

livro Vencendo a Competição (1989) é reconhecida fonte de conhecimento e

inspiração sobre os Jogos Cooperativos. Assim como o livro Jogos Cooperativos

Teoria e Prática de Guillermo Browm (1994).

Com dois livros publicados – Jogos Cooperativos – Se o Importante é

Competir o Fundamental é Cooperar! (1997) e Jogos Cooperativos – O jogo e o

Esporte como exercício de convivência (2001) - Fábio Otuzi Brotto é a maior

expressão na divulgação e estudos sobre os Jogos Cooperativos, hoje no Brasil.

A partir do seu trabalho iniciado na Universidade de São Paulo, na década

de 80, depois com a criação do Projeto Cooperação em 1992, cuja organização

é dedicada à difusão dos Jogos Cooperativos e da Ética da Cooperação, assim

como dos Festivais de Jogos Cooperativos e da criação do curso de Pós-

Graduação Lato Senso em Jogos Cooperativos podemos, atualmente, encontrar

muitos focos cooper-ativos.

Mas, os Jogos Cooperativos tem se tornado uma importante fonte de

inspiração e estudos para as várias áreas do conhecimento humano, divididas

em 4 grupos por Brotto (2001, p.46): Organizações, Educação, Comunidade e

Descoberta Pessoal.

8 PORQUE O JOGO ?

Para o ser humano,“entrar na brincadeira” significa entrar no simbólico, ter a capacidade de superar os significados das coisas concretas e manipulá-las em novos arranjos. O brincar, por isto mesmo, é uma atividade básica, tanto na socialização de qualquer cultura, como na criação ou transformação dela (Alba Zaluar, apud Nori, 2002, p.61).

O jogo é a manifestação da criatividade e da imaginação. E a imaginação,

por sua vez, faz parte da natureza humana, assim como a visão para uma águia,

a audição para um morcego. A imaginação está para o homem como uma

função básica, primordial, como seu dom natural.

Ao longo de suas vidas as pessoas são tolhidas do direito de imaginar, de

fantasiar, nos bancos escolares alunos são levados a abandonar alegria e

criatividade na busca por suas competências, e isto se manifesta de maneira

ainda mais dramática no ambiente de trabalho, na fase adulta.

Quando jogamos, manifestamos verdadeiramente quem somos, e por

conseqüência podemos manifestar o que há de melhor em nós.

Para que a diversão possa florescer , os grilhões do medo de fracassar devem ser removidos. O sentimento de aceitação parece ser uma condição necessária para a diversão e geralmente vem junto com ela. A ajuda mútua e a interação positiva criam condições para a diversão. Partilhar experiências torna a diversão ainda maior. Nos Jogos e nos Esportes, se pudermos focalizar nossa mente na auto-aceitação, na cooperação e no divertimento, contribuiremos com algo de grande valor para a qualidade de vida de nosso filhos (Terry Orlick,1989, p.103).

E eu tomo a liberdade de acrescentar que também terá grande valor para

a qualidade de vida de nossos irmãos, pais, avós, tios, amigos, etc.

A alegria, a espontaneidade e o riso nos trazem para dentro de nós

mesmos e entramos em contato direto com o tempo em que podíamos criar,

experimentar, e enquanto nos divertíamos produzíamos verdadeiras obras de

arte, de engenharia e de convivência.

Quando jogamos nosso corpo está vivenciando as situações do jogo e,

como nosso cérebro não distingue o que é real e o que é imaginário, ele

responde da mesma forma como se fosse uma situação real.

(...) conforme estudos de neurociência - ciência que estuda o funcionamento da mente -, o cérebro não faz distinção entre o real e o imaginário. É por isto que acordamos de um pesadelo com as mesmas reações fisiológicas e psicológicas que teríamos se a experiência fosse real. (...) O cérebro tem, portanto, a capacidade de extrair aprendizagens de quaisquer simulações e transferi-las para outras circunstâncias em que os mesmos elementos estejam contidos (Vila ; Falcão, 2002, p.04).

Numa situação de simulação, o jogo nos permite elaborar um grande

acervo de respostas mentais e corporais para diversas situações e da

capacidade de generalização de cada um dependerá a aplicação desta vivência

do jogo nas ações cotidianas.

A vivência corporal produz um saber cinestésico, imprimindo em nosso

corpo respostas e soluções acessíveis para os momentos de solicitação.

É preciso lembrar que o aprendizado se dá a partir de quem aprende e

não de quem ensina.

Através de modelos positivos nós podemos ajudar a construir valores de

convivência e conviver é antes de tudo saber que o outro não é igual a mim e,

portanto pode agir de forma diversa.

Para Brown (1994, p.24), “Nos jogos podemos ir desenvolvendo certas

atitudes que são importantes”:

A empatia – é a capacidade de pôr-se no lugar do outro – a raiz da palavra significa sinto contigo.

A cooperação – é a capacidade de trabalhar em prol de uma meta comum.

A estima – é a capacidade de reconhecer e expressar a importância do outro: suas percepções, suas contribuições e suas necessidades.

A comunicação – é a relação do diálogo: o intercâmbio dos sentimentos, conhecimentos, estima, problemas e perspectivas.

Os jogos que jogamos, por toda a vida, podem dizer respeito ao outro à

medida que aprendo que o outro joga comigo, que preciso dele para viver este

momento, que posso compartilhar com ele momentos de alegria e que juntos

podemos jogar melhor.

Gostaria de destacar, dentre as várias dimensões da convivência oportunizada pelo Jogo, aquela que nos permite aperfeiçoar a convivência com os outros existentes dentro de nós mesmos. Cuidar desse relacionamento íntimo, procurando conhecer, aceitar e dinamizar harmoniosamente os aspectos da nossa própria personalidade é uma das principais atenções sinalizadas pelos Jogos Cooperativos.

Por isso, o Jogo é tão importante para o desenvolvimento humano em todas as idades. Ao jogar, não apenas representamos simbolicamente a vida, vamos além. Quando jogamos estamos praticando, direta e profundamente, um Exercício de Co-existência e de Re-conexão com a essência da Vida (Brotto,2001, p.11).

Quando analiso questões que ouço, mais freqüentemente, sobre os Jogos

Cooperativos posso perceber que muitas das dúvidas estão diretamente ligadas

à crença de que só é possível jogar se alguém vencer ou perder o jogo.

Entretanto, se houver uma compreensão do jogo como uma manifestação

ampla do relacionamento humano, passaremos a entender que jogo não é

sinônimo de esporte, e tampouco de competição. O jogo está muito além desta

concepção que, em muitos momentos, lhe é atribuída.

Nesta forma ampliada da visão do jogo estão inseridos os Jogos

Cooperativos.

Entendendo a diferença básica entre cooperação e competição, podemos

dizer ainda que os objetivos por vezes podem se confundir na simples

elaboração de um jogo, podemos ter cooperação num jogo competitivo e

podemos ter competição num jogo cooperativo. Precisamos, portanto, estar

atentos às infinitas possibilidades dos jogos assim como às possibilidades

humanas de competir e cooperar.

Observemos o que acontece na prática quando pessoas são incentivadas

a competir indiscriminadamente, ocorre a inversão dos valores e a transformação

da vida. As relações pessoais e cada ato humano é transformado em atitude

competitiva.

Atitudes hostis e por vezes violentas são aceitas como normais sob a

alegação de que o importante é o resultado, é preciso competir e ganhar sempre.

Desta maneira, em nossas ações cotidianas, já se tornou bastante difícil escolher

formas cooperativas de convívio.

A reprodução irracional de padrões comportamentais se reflete na

destruição das relações pessoais por atitudes competitivas sem que isto seja

necessário ou desejável.

Na defesa da idéia de que precisamos ensinar a competir caso contrário

não estaremos preparando as pessoas para a vida, nós educadores estamos

incentivando um clima de animosidade, rivalidade e violência cada vez mais

acirrado.

Sabemos que valores como fraternidade, compaixão, entendimento, e

solidariedade entre as pessoas são imprescindíveis para a construção de um

mundo melhor.

Sendo assim, precisamos rever nossos conceitos e objetivos, pois nossa

prática tem caminhado na direção oposta deste nosso desejo de um mundo

melhor.

Vamos nos lembrar do pressuposto básico da competição que é o de um

vencedor e um perdedor e num processo de generalização vamos pensar em

quantos são estes perdedores e quantos são os vencedores. Pouquíssimos

vencedores para milhares de perdedores. E como diz Orlick (1993) “em breve

seremos todos perdedores”.

A ilusão que precisamos aprender a perder é um mito e como tal, merece

uma reflexão: o que realmente aprendemos quando perdemos, qual nossa

sensação diante da perda?

Auto-estima elevada, encorajamento, motivação? Ou será de frustração,

de revolta, de menos valia, de incompetência de raiva e de medo?

O que realmente estamos ensinando aos perdedores, e o que estamos

ensinando aos vencedores? Será que os que vencem são melhores e valem

mais do que os que perdem?

Da mesma maneira como posso ensinar alguém a pintar, ajudando-o a

tornar-se um bom pintor, eu posso ensinar alguém a perder e ele poderá se

tornar um bom perdedor. A quem interessa ser um bom perdedor ?

Na transformação para um mundo melhor acredito nas inúmeras

possibilidades dos Jogos Cooperativos e na superação desta lógica competitiva

que nos é imposta.

Acredito que podemos transformar nossa prática a partir da consciência

dos atos que, costumeiramente, entendemos por adequados, mas que devem

ser objetos de nossa reflexão para escolhas mais positivas em nosso processo

de aprendizagem para viver uma Comum-Unidade.

Como diz Brotto (2001, p.99) “Escolher é sempre uma atitude pessoal e

uma ação interpessoal”. Portanto é importante que estejamos preparados para

fazer nossas escolhas e responder por elas.

A visão do jogo como uma manifestação primária das relações humanas,

deve ter seu horizonte ampliado e é necessário que se entenda que o esporte é

tão somente um tipo de jogo, sendo assim pode servir apenas como uma

ferramenta para nosso trabalho.

No meu entender o esporte pode e deve ser usado como um meio, mas

jamais como um fim para a educação ou mesmo para a educação física.

O esporte como um fim em si mesmo é orientado para atletas e a função

maior das nossas atividades enquanto educadores, nas escolas, é orientar para

se viver corporalmente da forma mais ampla possível.

Entendo, também que gincanas, festas e comemorações têm outro caráter

que não o competitivo, pois se queremos incentivar a participação, a inclusão e a

integração precisamos rever estas atividades que, na maioria das vezes, vêm

permeadas por campeonatos, torneios e festivais com jogos de competição.

Nas salas de aula o mesmo ocorre quando, inadvertidamente, dizemos

aos nossos alunos que serão premiados pelo melhor desenho ou pela melhor

redação, por um concurso de beleza ou mesmo pela vitória numa olimpíada.

Alinhados no compromisso com nossos objetivos enquanto educadores,

somos convidados a refletir sobre as diferenças básicas entre o jogar

cooperativamente e o jogar competitivamente do ponto de vista da nossa

percepção e da nossa ação no jogo.

Segue um quadro de Percepção /Ação, proposto por Walker (apud Brotto,

2001, p.56), onde não existe a intenção da oposição de uma forma ou outra de

jogo, mas sim da ampliação da nossa percepção sobre as dimensões do jogo.

JOGO COMPETIVIVO JOGO COOPERATIVO

São divertidos apenas São divertidos para todos

A maioria tem um sentimento de derrota Todos têm um sentimento de vitória

Alguns são excluídos por sua falta de

habilidade

Há mistura de grupos que brincam juntos

criando alto nível de aceitação mútua.

Aprende-se a ser desconfiado Todos participam e ninguém é rejeitado ou

excluído

Os perdedores ficam de fora do jogo e

simplesmente se tornam observadores.

Os jogadores aprendem a ter um senso de

unidade e a compartilhar o sucesso.

Os jogadores não se solidarizam e ficam

felizes quando alguma coisa de

“ruim”acontece aos outros

Desenvolvem autoconfiança porque todos

são bem aceitos

Pouca tolerância à derrota desenvolve em

alguns jogadores um sentimento de

desistência face às dificuldades

A habilidade de perseverar face às

dificuldades é fortalecida.

Poucos se tornam bem sucedidos Para cada um o jogo é um caminho de co-

evolução.

9 JOGOS COOPERATIVOS E UM ENVELHECER MAIS SAUDÁVEL...

Antes que escolhamos nossas ferramentas e técnicas devemos escolher nossos sonhos e valores, pois algumas tecnologias os favorecem, enquanto outras os tornam impraticáveis (Editorial em Rain: The Journal of Appropriate Technology, citado por Ferguson).

A forma como encaminhamos nossas ações cotidianas diz muito a

respeito de nossas crenças, além de perpetuar comportamentos.

Sendo assim, voltemos nossa reflexão para a questão das escolhas para

uma nova etapa da vida e imaginemos pessoas idosas, que entram numa fase

onde são realizados balanços de vida, tendo reforço em paradigmas como os da

competição. Qual a possibilidade deles desenvolverem uma auto-estima

positiva?

É importante refletir sobre os paradigmas que devem prevalecer, se são

os que destroem pelo sentimento do fracasso, ou se são aqueles que constroem

por considerar a qualidade das relações e a oportunidade de continuar jogando

com respeito e fraternidade.

Se quisermos a paz precisamos plantar e cultivar a paz, se quisermos

igualdade, precisamos plantar e cultivar a igualdade, se quisermos parcerias

precisamos abrir nossos corações para encontrar parceiros. em qualquer tempo

de nossas vidas

Desta forma, concordo com Orlick (1989) quando nos adverte que “Jogos

de aceitação devem substituir os jogos de rejeição (Orlick. 1989, p105).

Na cooperação somos muito cúmplices uns dos outros, nosso com-tato é

para nos abraçarmos, nos apoiarmos. Enquanto que na competição ficamos

estrategicamente distantes, deixando o com-tato para ser usado contra o

adversário, o com-tato utilizado como uma arma para impedir que o adversário

conquiste seu objetivo

O processo natural de envelhecimento pode vir acompanhado, e

freqüentemente o é, de uma sensação de menos valia, pois comparativamente o

idoso se entende como menos capaz. Esta sensação é incrementada pelo

valorização excessiva do “ter que ser o melhor”.

Entendo os Jogos Cooperativos como um caminho para que possamos

oferecer aos idosos oportunidades evolução.

Entendo que ao incentivarmos concursos de beleza, olimpíadas para a

terceira idade sob o pretexto de que são momentos de integração, estaremos

sim, reforçando padrões que não nos levaram a conquistas pessoais que

desejamos.

Ora, então porque não oferecermos verdadeiramente momentos de

integração, ao invés de disfarçá-los com competições hipócritas que só fazem

reforçar a idéia de que uns somos melhores do que outros, e de que os

vencedores merecem prêmios e os perdedores têm que se conformar e aplaudir.

Como seres que buscam a evolução, os idosos têm um importante papel

na sociedade e portanto, merecem trabalhos sérios que lhes ofereça uma

oportunidade de, também, construir uma sociedade melhor, mais fraterna, mais

justa.

Para Brotto (2001, p20)

Viver em sociedade é um exercício de solidariedade e cooperação destinado a gerar estados de bem-estar para todos, em níveis cada vez mais ampliados e complexos. Sendo um exercício, carece da com-vivência consciente de atitudes, valores e significados compatíveis com essa aspiração de felicidade interdependente.

Competir não é a única opção, ao contrário, propomos aqui novas

possibilidades de envolvimento com o jogo da vida.

Partilho da opinião de Neyde Marques (2001), “Eu creio, afianço e aposto

que se nos alfabetizarmos em Jogos Cooperativos, teremos criado uma nova

linguagem capaz de melhorar os homens-mulheres e, conseqüentemente, de

melhorar o mundo...”. Para a autora, a Cooperação é uma síntese genuína da

ÉTICA.

Cada um de nós, quer queira quer não, liga-se por todas as suas fibras

materiais, orgânicas e psíquicas a tudo que o circunda Teilhard de Chardin

(apud, Pereira, 1996, p.87).

10 O INÍCIO DE TUDO...

O IDOSO SE TRANSFORMA E TRANSFORMA...

Entre a sociedade que fazemos e a sociedade queremos, existe um

enorme abismo. Acredito ser, exatamente, o aprendizado da transposição deste

abismo para uma nova forma de viver, o grande caminho para a transformação.

Por este motivo entendo que os Jogos Cooperativos podem contribuir

sobremaneira para o desenvolvimento de uma nova velhice.

Como resultado de minha experiência em atividades corporais para idosos

em Centros Esportivos da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo,

pude observar algumas mudanças no comportamento dos alunos depois de

inserir os Jogos Cooperativos no programa de atividades corporais.

Como fruto deste trabalho e de uma análise mais aprofundada tento

apresentar neste trabalho fundamentações para esta percepção de modo a

ampliar as possibilidades de trabalho com idosos.

Reconheço a competência e a necessidade de se estar Junto-Com-o-

Outro de Sentir-se Parte-de-um-Grupo, assim como a necessidade de viver

experiências de sucesso, encontrando, por conseqüência, uma referência

positiva para esta nova fase da vida, que se apresenta repleta de possibilidades.

Entendo que a busca da melhor qualidade de vida passa primeiramente

pela auto-estima, autovalorização e pela qualidade das relações. Neste sentido

uma nova história de convivência precisa ser construída a partir de uma

consciência do coletivo, onde sejamos agentes de ações cooperativas em busca

de um mundo melhor.

Acredito que a Educação Física pode ampliar seus objetivos para além do

desenvolvimento do corpo, focalizando o indivíduo holístico, jogando,

contribuindo ainda mais para melhorar a qualidade de vida, promovendo uma

transformação social, pois jogando que criamos laços de identidade com os

outros, formando verdadeiras comunidades.

Desta forma, entendo que o idoso precisa jogar cooperativamente,

descobrindo assim novas possibilidades de relação com o outro e consigo

mesmo para Co-existir e Re-conectar com sua essência.

Este viver cooperativo, dá muita segurança às pessoas, de que podem vencer desafios (Sidnei Soares, 2002).

Acredito que o desenvolvimento humano seja atemporal, desta forma

precisamos investir em promover novas experiências a fim de aumentar nossas

competências para lidar com o cotidiano.

Jogando Cooperativamente o sentimento de competência se eleva a cada

dia, pois os Jogos Cooperativos tem caráter associativo, promovendo a inclusão,

a valorização das diferenças, e a alegria como um potencial de crescimento

pessoal e coletivo.

Os Jogos Cooperativos têm sido mais que um simples instrumento de

trabalho, têm sido uma fonte onde todos bebemos do compromisso de criar uma

nova forma de Com-Viver de uma maneira amorosa e construtiva.

Acreditando e vivenciando que todos podem VenSer juntos, que ninguém

precisa perder e que é seguro ser quem somos, experimentamos a leveza de

poder Ser... E quando jogamos somos quem somos.

Esta sociedade que discrimina, que exclui e que maltrata não é um ser

sem rosto, esta sociedade é feita por todos nós. Tomemos às nossas mãos esta

transformação.

Então, desejo fortemente que as mudanças possam começar em nossa

prática cotidiana, e que possamos oferecer aos idosos possibilidades mais

diversificadas de atividades corporais, com mais significado e que considere o

potencial criativo e transformador de cada um.

Desejo que a proposta dos Jogos Cooperativos possa estar inserida nos

programas de atividade física para idosos.

Faço aqui um convite para que todos conheçam os Jogos Cooperativos e

que comecem a experimentar um pouco da alegria e irmandade que eles

promovem.

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VILA, Magda; Falcão, Paula. Focalização de jogos em t&d. Rio de

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Acorda, o dia já nasceu!

Olha o sol, olha a chuva,

olha a vida acontecendo...

Abre teus olhos e sente, são teus olhos

que vêem e experimentam todas as cores,

são tuas mãos que tocam o mundo,

é teu espírito que toca a vida,

trazendo ao teu coração a certeza de que tudo está

disponível para

que tu despertes contente.

Tantas coisas te esperam neste dia...

Dá a chance para que teu ser

esteja presente a cada momento,

dá a oportunidade para que teu ser cresça, expanda rumo à

luz amorosa que sempre

está a te iluminar mesmo quando

não sentes a sua presença...

Dá tempo, dá carinho a ti mesmo.

Ouça a tua verdade, tuas necessidades...

Dá amor, dá alegria para ti e a todos aqueles que cruzarem o

teu caminho neste dia.

Alimenta este estado, pois tua vida

começa aqui, agora, neste momento.

Preserva as águas límpidas que banham teu ser, rega as flores

que perfumam tuas mãos,

trás o silêncio para dentro de ti quando teus olhos se fecharem

na ânsia de sentir a amorosidade que avança, mostrando,

pouco a pouco, que és parte desta grande celebração que é a

vida, a tua vida!

(Autor Desconhecido)