Jorge de Sena
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Jorge de Sena
Jorge de Sena nasceu em Lisboa (2 de novembro de
1919) e morreu em Santa Bárbara, Califórnia (4 de junho
de 1979). A sua infância de filho único é marcada pelas
expectativas que o pai, comandante da marinha
mercante, alimentava de o ver como oficial da Armada Portuguesa. No entanto, a viagem de instrução no Navio-
Escola Sagres não corre bem e é excluído da Marinha em
março de 1938. Parte destas vicissitudes deveu-se ao endurecimento das normas na instrução dos cadetes, em
consonância com a fascização do Estado Novo por ocasião
da Guerra Civil de Espanha. Frequenta a Universidade do Porto, licenciando-se em Engenharia Civil (1944) e
seguidamente desempenhando funções na Junta
Autónoma de Estradas, entre 1948 e 1959, ano em que se
exila no Brasil, receando as consequências do golpe falhado de 11 de março de 1959, em que esteve envolvido.
No Brasil dedica-se ao ensino da literatura, conclui um
doutoramento em Letras e naturaliza-se brasileiro. Aí permanecerá até 1965 Durante esse tempo escreve a
novela O Físico Prodigioso, investiga e publica sobre Luís
de Camões, trabalha na edição do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, escreve para teatro e inicia o
romance Sinais de Fogo. Após o golpe militar no Brasil em
1964, muda-se para os Estados Unidos.
Dizia uma vez Aquilino...
Dizia uma vez Aquilino que em Portugal
os filósofos se exilavam ainda em seu país
(v.g. Spinoza). O curioso porém
é que também ninguém foi santo lá:
os nascidos em Portugal foram todos sê-lo noutra parte
(St. António, S. João de Deus, etc.)
e outros santos portugueses, se o foram,
terá sido, porque, estrangeiros que eram e em Portugal
vivendo, não tiveram outro remédio
(v.g. Rainha Santa) senão ser santos,
à falta de melhor. Oh país danado.
Porque os heróis também nunca tiveram melhor sorte
(Albuquerque e outros que o digam) a menos que
tivessem participado de revoluções feitas
*em vez de* (v.g. o Condestável que fez
fortuna e a casa de Bragança e acabou só Santo quase).
Jorge de Sena