Jorge r. Montenegro Gomez - A Ancoragem Institucional Do Desenvolvimento Territorial Rural Na...

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A ANCORAGEM INSTITUCIONAL DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL RURAL NA AMÉRICA LATINA: UMA REDE DE SABERES, PRÁTICAS E PODERES PARA O CONTROLE SOCIAL Montenegro Gómez, Jorge Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná e membro do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/UNESP) e-mail: <[email protected]> A construção de um novo paradigma de desenvolvimento para o meio rural exige uma dada “arquitetura” institucional: complexa e eficaz. Complexa, porque deve dar conta de integrar as mais diversas escalas (desde a global até a local) na elaboração, implementação e difusão do paradigma. Eficaz, porque o prestígio do desenvolvimento como instrumento que assegura a reprodução do capital e como pauta que ordena a dinâmica social não se pode abandonar em mãos de instituições incapazes, com recursos humanos e financeiros limitados. A ênfase nas questões territoriais que desde os anos 1970 comparece nos estudos sobre o desenvolvimento e que nos anos 1990 ganha uma relevância que vem crescendo até o momento atual 1 , retroalimenta-se com a conformação de uma forte estrutura institucional de suporte. Analisar essa estrutura, essa âncora institucional que ampara a consolidação e divulgação do desenvolvimento territorial rural é o nosso objetivo neste trabalho. Em um primeiro momento, nos propomos identificar quais são as principais instituições envolvidas, para posteriormente mostrar alguns dos mecanismos usados para buscar o fortalecimento e difusão do novo modelo. Para tanto, escolhemos como recorte territorial a escala regional latino-americana, em virtude de ser neste âmbito onde o paradigma do desenvolvimento territorial rural se encontra mais avançado, onde encontramos um elenco de instituições mais completo e melhor articulado no intuito de promover sua implementação nos diferentes países da região 2 . Um conjunto de instituições que através de uma poderosa aparelhagem de estudos, relatórios, eventos, missões de cooperação técnica, concursos, legislações etc., tentam direcionar os passos das diferentes estruturas nacionais ligadas ao desenvolvimento rural. Instituições que são cientes do papel fundamental dos investimentos em produção e gestão de saberes e práticas para conseguir um controle maior sobre o tipo de desenvolvimento 1 Em Beduschi e Abramovay (2004), Schneider (2004) e Schejtman e Berdegué (2004) podemos ver detalhes da integração dos aspectos territoriais nos estudos e políticas públicas de desenvolvimento. 2 Entre todos eles, o caso do Brasil é o mais adiantado. Em outros trabalhos já mostramos as principais características do exemplo brasileiro, ver Montenegro Gómez (2006a e b). 1 2º ENCONTRO DA REDE DE ESTUDOS RURAIS 11 a 14 de setembro de 2007, UFRJ, Rio de Janeiro (RJ) GT6 - SABER E PODER NO CAMPO

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  • A ANCORAGEM INSTITUCIONAL DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL RURAL NA AMRICA LATINA: UMA REDE DE SABERES, PRTICAS E PODERES PARA O CONTROLE SOCIAL

    Montenegro Gmez, Jorge Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paran e membro do

    Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/UNESP)

    e-mail:

    A construo de um novo paradigma de desenvolvimento para o meio rural exige

    uma dada arquitetura institucional: complexa e eficaz. Complexa, porque deve dar conta

    de integrar as mais diversas escalas (desde a global at a local) na elaborao,

    implementao e difuso do paradigma. Eficaz, porque o prestgio do desenvolvimento

    como instrumento que assegura a reproduo do capital e como pauta que ordena a

    dinmica social no se pode abandonar em mos de instituies incapazes, com recursos

    humanos e financeiros limitados.

    A nfase nas questes territoriais que desde os anos 1970 comparece nos estudos

    sobre o desenvolvimento e que nos anos 1990 ganha uma relevncia que vem crescendo

    at o momento atual1, retroalimenta-se com a conformao de uma forte estrutura

    institucional de suporte. Analisar essa estrutura, essa ncora institucional que ampara a

    consolidao e divulgao do desenvolvimento territorial rural o nosso objetivo neste

    trabalho. Em um primeiro momento, nos propomos identificar quais so as principais

    instituies envolvidas, para posteriormente mostrar alguns dos mecanismos usados para

    buscar o fortalecimento e difuso do novo modelo.

    Para tanto, escolhemos como recorte territorial a escala regional latino-americana,

    em virtude de ser neste mbito onde o paradigma do desenvolvimento territorial rural se

    encontra mais avanado, onde encontramos um elenco de instituies mais completo e

    melhor articulado no intuito de promover sua implementao nos diferentes pases da

    regio2. Um conjunto de instituies que atravs de uma poderosa aparelhagem de estudos,

    relatrios, eventos, misses de cooperao tcnica, concursos, legislaes etc., tentam

    direcionar os passos das diferentes estruturas nacionais ligadas ao desenvolvimento rural.

    Instituies que so cientes do papel fundamental dos investimentos em produo e gesto

    de saberes e prticas para conseguir um controle maior sobre o tipo de desenvolvimento

    1 Em Beduschi e Abramovay (2004), Schneider (2004) e Schejtman e Berdegu (2004) podemos ver detalhes da integrao dos aspectos territoriais nos estudos e polticas pblicas de desenvolvimento. 2 Entre todos eles, o caso do Brasil o mais adiantado. Em outros trabalhos j mostramos as principais caractersticas do exemplo brasileiro, ver Montenegro Gmez (2006a e b).

    1

    2 ENCONTRO DA REDE DE ESTUDOS RURAIS 11 a 14 de setembro de 2007, UFRJ, Rio de Janeiro (RJ)

    GT6 - SABER E PODER NO CAMPO

  • que ser implementado, e conseqentemente sobre os mecanismos de reproduo do

    capital e de ordenamento social.

    Nova institucionalidade no lanamento de uma nova grife: as instituies do desenvolvimento territorial rural na Amrica Latina Uma pesquisa bibliogrfica e documental ampla sobre desenvolvimento territorial

    rural, na Amrica Latina, revela que o tema est fortemente concentrado temporalmente. Os

    primeiros trabalhos que encontramos sobre o assunto so de finais de 1990, mas ser

    sobretudo a partir de 2000 que nos deparamos com a maior parte da produo.

    Institucionalmente, tambm h uma intensa concentrao dos trabalhos,

    documentos, organizao de seminrios etc. As principais instituies que promovem

    estudos e encontros, para abordar o tema do desenvolvimento territorial rural, na Amrica

    Latina, so: o IICA (Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura), a CEPAL

    (Comisso Econmica para Amrica Latina e Caribe), o Banco Interamericano de

    Desenvolvimento (BID), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrcola (FIDA) e a

    Sociedade Alem de Cooperao Tcnica (GTZ).

    Alm dessas instituies, podemos destacar a presena de dois institutos de

    pesquisa e capacitao, que catalisam uma parte importante dos estudos, reunies, cursos

    e oficinas envolvendo questes de desenvolvimento territorial rural: a Rede Internacional de

    Metodologia de Investigao de Sistemas de Produo/Centro Latino-americano para o

    Desenvolvimento Rural (RIMISP), com um perfil mais centrado na pesquisa, e o Projeto

    Regional de Cooperao Tcnica e Formao em Economia e Polticas Agrrias e de

    Desenvolvimento Rural na Amrica Latina (FODEPAL), com um perfil mais voltado para a

    formao.

    Completando o staff que sustenta o discurso e a prtica do desenvolvimento

    territorial rural, na Amrica Latina, temos a Organizao das Naes Unidas para a

    Agricultura e a Alimentao (FAO), o Banco Mundial (BM) e a Agncia dos Estados Unidos

    para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

    Com o objetivo duplo de coordenar esforos, tanto no plano das aes a serem

    implementadas (agenda nacional e regional de desenvolvimento, melhorar o retorno das

    inverses realizadas etc.), como no plano de gerir o conhecimento (capacitao, assistncia

    tcnica, difuso de experincias de sucesso etc.), em 2000, o IICA, a CEPAL, o BID, o

    FIDA, a GTZ e a FAO se renem no Grupo Interagencial para o Desenvolvimento Rural em

    Amrica Latina e Caribe, que se completa, em 2001, com o BM, e, em 2002, com a USAID.

    Na Figura 1, podemos ver as logomarcas da nova institucionalidade do desenvolvimento

    territorial rural na Amrica Latina. Instituies que conformam o Grupo Interagencial e que

    2

  • se repetem numa combinatria reiterativa, ao longo de boa parte da literatura e dos eventos

    sobre o tema.

    Figura 1. As logomarcas do desenvolvimento territorial rural na Amrica Latina

    Fonte. Organizao prpria (2005).

    Segundo a prpria apresentao do Grupo Interagencial [200-], diante da mais que

    comprovada relutncia dos ndices de pobreza rural reduo na regio latino-americana,

    busca-se um novo projeto que invista

    [n]o desenvolvimento da economia rural no seu conjunto,

    complementando o marco de polticas macroeconmicas com

    estratgias sociais, territoriais e setoriais que logrem mudanas

    estruturais no desenvolvimento do capital humano e social, assim

    como na qualidade de vida da populao rural. Neste sentido, as

    estratgias de reduo da pobreza rural devem incorporar uma

    concepo territorial e de manejo sustentvel dos recursos naturais

    que abranja aspectos multisetoriais e elementos diferenciais

    baseados na singular heterogeneidade de situaes rurais na

    Amrica Latina e Caribe. (p. 1, grifos nossos)

    Banco Interamericano de Desenvolvimento

    (BID)

    Instituto Interamericano de Cooperao para a Agricultura (IICA)

    Agncia dos Estados Unidos para o

    Desenvolvimento Internacional (USAID)

    Organizao das Naes Unidas para

    a Agricultura e a Alimentao (FAO)

    Banco Mundial (BM)

    Comisso Econmica para Amrica Latina e Caribe (CEPAL)

    Fundo Internacional de Desenvolvimento

    Agrcola (FIDA)

    Agncia Alem de Cooperao

    Tcnica (GTZ)

    Rede Internacional de Metodologia de

    Investigao de Sistemas de P

    PCoope

    roduo Centro Latino-americano para o

    Desenvolvimento Rural

    rojeto Regional de rao Tcnica para a

    Formao em Economia e Polticas Agrrias e de

    Desenvolvimento Rural em Amrica Latina

    A necessidade de reforar a coordenao interagencial, a partir de um enfoque

    comum e com uma vocao de trabalhar todas as escalas, est muito presente nos

    3

  • pressupostos do Grupo. Como se refora na apresentao, uma das aes acordadas pelo

    Grupo ser

    continuar a cooperao interagencial prevista no nvel regional

    (mediante o intercmbio de informao, a realizao de estudos

    conjuntos, o apio cooperativo a pequenos projetos de pesquisa,

    oficinas e seminrios, e estgios de pessoal tcnico em alguma das

    agncias integrantes do grupo); no nvel nacional (mediante o apio

    cooperativo s organizaes nacionais correspondentes para o

    desenvolvimento de estratgias nacionais de desenvolvimento rural,

    e atravs da preparao e execuo de atividades conjuntas

    interagenciais) e no nvel local cooperando na conceituao,

    execuo e avaliao de projetos especficos. ([200-], p. 3, grifos do

    autor)

    A difuso capilar (e notadamente escalar) de uma concepo determinada de

    desenvolvimento, sob os auspcios de instituies poderosas, tanto nos campos do

    conhecimento como na distribuio espacial e no volume de recursos financeiros que

    mobilizam, arremeda o lanamento publicitrio de uma nova imagem de marca: neste caso,

    o desenvolvimento territorial rural. Uma nova panacia para oferecer ao pobre e desigual

    meio rural latino-americano. Um novo experimento social para ser provado.

    Associado a esse poder da marca, a estratgia de desenvolvimento territorial rural,

    promovida pelo Grupo Interagencial, apresenta diversas linhas de trabalho ([200-], p. 3-4):

    1. Consolidao das reformas de polticas pblicas, no sentido de reduzir as

    distores dos mercados.

    2. Modernizao do setor pblico agropecurio, o desenvolvimento de servios

    bsicos e de uma nova institucionalidade, que repense as funes dos ministrios

    de agricultura e desenvolvimento rural, fortalea a sociedade civil e o setor

    privado, e caminhe para um sistema de informao integrada, o qual permita um

    enfoque de desenvolvimento territorial.

    3. Desenvolvimento de uma poltica de terras que fomente o acesso e assegure a

    legalidade da propriedade.

    4. O desenvolvimento de mercados financeiros rurais que fomentem os

    investimentos de longo prazo.

    4

  • 5. O manejo sustentvel dos recursos naturais, a gesto de riscos e a conservao

    do meio ambiente, considerando os servios ambientais ao resto da sociedade

    (sumidouros de carbono, emisso de oxignio, conservao do solo, gua,

    biodiversidade e beleza esttica), capitalizando ao mesmo tempo os interesses

    urbanos, no meio ambiente rural.

    6. As atividades econmicas rurais no-agrcolas como complemento ao

    desenvolvimento agroalimentcio.

    7. A infra-estrutura rural orientada a melhorar a produo e a qualidade de vida.

    8. O desenvolvimento do capital humano e social, no sentido de melhorar a

    capacitao e os nveis de educao, e tambm promover a cultura

    empreendedora e capacidade de gerenciamento das comunidades rurais.

    Uma agenda de intervenes, refletindo um acordo mnimo entre os programas de

    ao de cada um dos organismos e institutos. Um programa de consenso para coordenar

    esforos, elevar a eficincia das intervenes e homogeneizar (e hegemonizar), atravs de

    uma proposta respaldada pelos organismos que na escala regional tm o controle do

    aparelho institucional de desenvolvimento. Uma ao comum em reas consideradas

    estratgicas como o mercado, a segurana dos investimentos, a diversificao produtiva e a

    proviso de infra-estruturas adequadas para o bom andamento dos investimentos privados

    (includa a educao).

    No Quadro 1, podemos ver um breve resumo do que as instituies internacionais

    que formam o Grupo Interagencial so e as aes que empreendem, na promoo do

    desenvolvimento.

    Quadro 1. Caractersticas e propostas das instituies do Grupo Interagencial3

    NOME CARACTERSTICAS AES PARA O DESENVOLVIMENTO

    Agncia Alem

    para Cooperao

    Tcnica (GTZ)

    Empresa pblica de direito

    privado, propriedade do Governo

    Alemo que trabalha em parceria

    prioritria com o prprio Governo

    Alemo, mas tambm com a

    Expandir a democracia, a participao da sociedade civil e melhorar a administrao

    pblica

    Prevenir crises e conflitos Manejo sustentvel de recursos naturais e

    3 O BID majoritariamente empresta recursos com os custos dos mercados internacionais de capital, ao contrrio da USAID ou a GTZ, que trabalham com emprstimos concessionais, ou seja, com custos menores que os de mercado.

    5

  • Unio Europia, o Banco Mundial

    e as Naes Unidas,

    gerenciando, em 2005, 2.700

    projetos em 130 pases

    desenvolvimento rural sustentvel

    Agncia dos

    Estados Unidos

    para o

    Desenvolvimento

    Internacional

    (USAID)

    Agncia federal independente,

    responsvel pelo planejamento

    e gerenciamento da economia

    externa e da assistncia

    humanitria dos EUA, que

    baseia sua atuao num modelo

    de parcerias pblico-privadas

    denominado Aliana para o

    Desenvolvimento Global

    Educao, melhora na alfabetizao e competitividade

    Reduo da pobreza e incremento no comrcio

    Melhora da qualidade e acesso sade Conservao dos recursos do hemisfrio

    ocidental

    Minimizao dos desastres naturais e ajuda na reconstruo

    Luta contra as drogas e desenvolvimento alternativo

    Preveno e educao sobre HIV/AIDS NOME CARACTERSTICAS AES PARA O

    DESENVOLVIMENTO

    Banco

    Interamericano de

    Desenvolvimento

    (BID)

    Banco criado pela Organizao

    de Estados Americanos (OEA) e

    gerenciado por 26 pases da

    Amrica Latina e Caribe (com

    50% dos votos), Estados Unidos

    (30%), Canad (4%), Europa,

    Israel e Coria do Sul (11%) e

    Japo (5%). A maioria dos seus

    emprstimos no so

    concessionais3

    Consolidao de programas de reformas econmicas e apoio transio

    Reforma do Estado e servios para o setor agrrio

    Desenvolvimento de mercados de capital e financeiros e gerenciamento de riscos

    Desenvolvimento de mercados de terras Desenvolvimento de recursos humanos e

    infra-estrutura rural para a produo e

    melhora na qualidade de vida nas reas

    rurais

    Banco Mundial

    (BM)

    Banco criado dentro dos

    Acordos de Bretton Woods, com

    o objetivo de ajudar na

    reconstruo da Europa ps-

    Segunda Guerra Mundial e que

    Enfatizar a natureza integral do desenvolvimento rural

    Criar um marco adequado de polticas macroeconmicas e setoriais

    6

  • prolonga at hoje essa tarefa de

    reconstruo e, principalmente,

    orientando-se atualmente

    reduo da pobreza

    Criar uma nova institucionalidade Promover a produtividade, a

    competitividade e uma maior participao

    do setor privado como motores-chave do

    crescimento

    Comisso

    Econmica para

    Amrica Latina e

    Caribe (CEPAL)

    Comisso regional das Naes

    Unidas (uma das cinco

    existentes), fundada em 1948

    para contribuir com o

    desenvolvimento econmico de

    Amrica Latina

    Promove o desenvolvimento econmico e social, mediante a cooperao e a

    integrao regional e subregional

    Presta servios de assessoria aos governos, a pedido destes, e planifica,

    organiza e executa programas de

    cooperao tcnica

    Organiza conferncias e reunies de grupos inter-governamentais e de

    expertos e patrocina cursos de

    capacitao, simpsios e seminrios

    Contribui a consolidao de uma perspectiva regional, a respeito dos problemas mundiais e

    nos foros internacionais, e aponta, nos

    mbitos regional e sub-regional, questes de

    interesse mundial

    Fundo

    Internacional de

    Desenvolvimento

    Agrcola (FIDA)

    Agncia especializada das

    Naes Unidas, criada em

    resposta s crises de fome

    acontecidas na frica, nos anos

    1970. A partir de crditos e

    doaes, tenta erradicar a

    pobreza rural dos pases em

    desenvolvimento

    Apoio s comunidades nativas e minorias tnicas

    Eliminao das desigualdades entre os sexos, nas zonas rurais

    Potenciao e fortalecimento do capital social

    Competitividade e globalizao dos mercados

    Desenvolvimento de tecnologia para pequenos agricultores e pequenas

    empresas rurais

    Desenvolvimento de micro-empresas e regulao dos mercados de trabalho

    rurais

    7

  • Acesso terra e aos direitos de propriedade

    Instituto

    Interamericano de

    Cooperao para

    a Agricultura

    (IICA)

    Organismo especializado em

    agricultura da OEA, que visa ao

    desenvolvimento agrcola e ao

    bem-estar rural. Promotor da

    modernizao agrcola at os

    anos 1990, atualmente se

    orienta ao desenvolvimento

    sustentvel da agricultura

    Desenvolver atividades de capacitao, cursos de ps-graduao etc., orientados a

    funcionrios de entidades pblicas e privadas,

    nacionais e locais, envolvidos na formulao,

    execuo, seguimento e avaliao de

    estratgias polticas, programas e projetos de

    desenvolvimento rural com enfoque territorial

    Elaborar marcos conceituais, metodolgicos e prticos para a

    implementao do enfoque territorial do

    desenvolvimento rural sustentvel

    Sistematizar e disseminar experincias de sucesso em temas de desenvolvimento

    rural

    Promover o desenvolvimento de uma rede hemisfrica de conhecimento acerca

    de desenvolvimento rural que integre

    expertos, profissionais, instituies

    educativas e de pesquisa

    NOME CARACTERSTICAS AES PARA O DESENVOLVIMENTO

    Organizao das

    Naes Unidas

    para a Agricultura

    e a Alimentao

    (FAO)

    Agncia especializada das

    Naes Unidas que conduz as

    atividades internacionais

    encaminhadas erradicao da

    fome, servindo como foro de

    negociao entre todos os

    pases

    Oferecer informao utilizando a experincia do seu pessoal

    (agrnomos, engenheiros florestais,

    expertos em pesca, em pecuria e

    em nutrio, cientistas sociais,

    economistas, estatsticos e outros

    profissionais) para compilar, analisar

    e difundir informao que ajude ao

    desenvolvimento

    Compartilhar conhecimentos especializados em matria de

    polticas, ajudando na elaborao de

    8

  • polticas agrcolas, na redao de leis

    eficazes e a desenhar estratgias

    nacionais para alcanar o

    desenvolvimento rural e a reduo da

    pobreza

    Levar o conhecimento ao campo, atravs de suas habilidades tcnicas

    e uma fonte limitada de financiamento

    Projeto

    FODEPAL-

    Projeto Regional

    de Cooperao

    Tcnica e

    Formao em

    Economia e

    Polticas Agrrias

    e de

    Desenvolvimento

    Rural na Amrica

    Latina

    Projeto executado pela FAO,

    com financiamento da Agncia

    Espanhola de Cooperao

    Internacional (AECI) e o

    assessoramento acadmico da

    Universidad Politcnica de

    Madrid (UPM) e outras 13

    universidades na Amrica

    Latina, com o objetivo de

    capacitar funcionrios pblicos,

    de organizaes sociais e

    formadores de opinio no

    sentido de promover o

    desenvolvimento rural

    sustentvel na Amrica Latina

    Promover um programa regional de capacitao em economia e polticas

    agrrias e de desenvolvimento rural

    Preparar um conjunto de materiais de formao, que possam ser

    amplamente utilizados por diversas

    Instituies e Centros de ensino

    RIMISP-Rede

    Internacional de

    Metodologia de

    Investigao de

    Sistemas de

    Produo/Centro

    Latino-americano

    para o

    Desenvolvimento

    Rural

    Organizao que promove

    inovaes que melhorem a

    qualidade de vida nas regies

    rurais, fundada em 1986 e

    atuando em colaborao com

    104 organizaes de todo o

    mundo (universidades, ONGs,

    organismos internacionais,

    governos etc.)

    Acesso de pequenos produtores e empresrios rurais a mercados

    dinmicos

    Aproximao dos novos movimentos sociais rurais e a governana local

    Incentivo e capacitao em atividades rurais no agrcolas em funo das

    mudanas nas preferncias e

    demandas principalmente dos

    consumidores urbanos

    Fortalecer redes e processos encaminhados ao aprendizado social

    9

  • e reflexo crtica perspectivando a

    mudana no meio rural

    Fonte. ; ; ; ; ;

    ; ; ;

    e

    Nesse leque amplo de instituies, percebemos que uma das aes prioritrias para

    todas consiste na formao, na capacitao, no treinamento de multiplicadores, em todas

    as instncias. To importante como elaborar e investir em planos eficientes, em propostas

    sintonizadas com as necessidades e as demandas dos destinatrios, a gesto do

    conhecimento, criar saberes, difundi-los adequadamente, por meio de pessoas bem

    preparadas e nos mbitos apropriados (ministrios, universidades, ONGs, movimentos

    sociais etc.).

    As perspectivas, os objetivos e as aes de todas as instituies analisadas

    convergem ao redor das reformas institucionais, do aprofundamento dos mecanismos de

    mercado, da focalizao do combate pobreza sem questionamento de suas causas

    originrias; no entanto, apresentam-se sob a luz da nova parafernlia politicamente

    correta: a sustentabilidade, a preocupao com o gnero e as diferenas tnicas,

    participao da sociedade civil etc4.

    Na escala regional latino-americana, encontramos uma engrenagem multi-

    institucional bem lubrificada, para promover um enfoque de desenvolvimento para o meio

    rural ornamentado com os ltimos avanos do marketing social (meio ambiente, gnero,

    capital social e humano etc.), legitimado pelos fins mais ntegros e louvveis (combate

    pobreza, fome, ao analfabetismo etc.), ancorado no saber prestigioso dos mais reputados

    expertos.

    4 Apenas a USAID se apresenta com um discurso e uma prtica sem subterfgios, mostrando suas duplas funes de promotora de acordos de livre-comrcio e reduo da pobreza, falando de crescimento econmico e no de desenvolvimento etc.

    10

  • Alm dessa aurola imaculada, a proposta de desenvolvimento das instituies

    analisadas, cada uma por si e juntas, no Grupo Interagencial, no passa de uma quinta-

    essenciada e atualizada verso das contradies, erros, problemas etc., que acompanham o

    desenvolvimento desde suas origens: o desenvolvimento que subjaz ao desenvolvimento

    territorial rural, pensado e dirigido por essas instituies e esse Grupo, continua evitando

    qualquer mudana estrutural do capitalismo; as ajudas que recebem os pases so

    majoritariamente emprstimos que vo aumentar sua dvida e que, alocados em

    investimentos em geral pouco rentveis, como so os projetos de desenvolvimento,

    afundam ainda mais esses pases na dependncia; a persistente manuteno dos ndices

    de pobreza e de desigualdade no meio rural no leva as instituies promotoras do

    desenvolvimento a uma autocrtica radical, ao contrrio, serve de libi para novos enfoques,

    novas estratgias e novas aes, como o desenvolvimento territorial rural, cada vez mais

    flexveis a pequenas mudanas em campos marginais e mais rgidas quanto ao ncleo duro

    da proposta.

    Como estratgia contemporizadora, diante do fracasso geral e dos objetivos no

    cumpridos, escolhem-se sucessos pontuais, ilhas de xito que se apresentam como

    exemplos, atrativas iscas que funcionam como incentivo para mobilizar o meio rural, em prol

    da integrao no mesmo sistema.

    A seguir, exibimos um breve elenco desses projetos paradigmticos que as

    instituies do Grupo Interagencial sugerem, como exemplos a serem seguidos.

    Projetos de sucesso(?) no desenvolvimento territorial rural: novas lendas rurais O Fondo Minka de Chorlav, um mecanismo de concurso anual destinado a

    financiar projetos de sistematizao ou pesquisa aplicada e experincias inovadoras de

    transformao institucional e/ou produtiva das sociedades rurais de Amrica Latina, como

    aparece no site da instituio (, traduo nossa), nos servir

    como fonte de informao para conhecer o tipo de projetos que so selecionados como

    referencias para a elaborao e implementao do desenvolvimento territorial rural5.

    O Fundo faz parte do Grupo Chorlav, uma iniciativa destinada aprendizagem

    social em projetos de transformao institucional e produtiva de territrios rurais pobres de

    Amrica Latina e Caribe, cuja secretaria executiva est a cargo da RIMISP e que,

    anualmente, organiza um concurso de projetos que devem girar em torno de um tema

    determinado.

    Desde 2001, primeiro ano do concurso, os temas tm abordado a ao coletiva, o

    desenvolvimento territorial rural, a governana ambiental descentralizada, os territrios

    5 Em Montenegro Gmez (2006a) destacamos tambm as boas prticas em polticas pblicas de desenvolvimento territorial rural que vo sendo construdas nos diferentes pases de Amrica Latina e impulsionadas pelas instituies citadas.

    11

  • rurais pobres e tradicionalmente marginalizados da Amrica Latina e Caribe, que tiveram

    sucesso na vinculao a mercados dinmicos, e o papel dos governos locais e a

    descentralizao no fortalecimento das estratgias que permitem revalorizar territrios rurais

    pobres e marginalizados. O tema desenvolvimento territorial rural foi o escolhido em 2002 e,

    no Quadro 2, oferecemos uma seleo dos ganhadores do concurso, com um resumo dos

    objetivos de cada projeto.

    Quadro 2. Propostas ganhadoras do concurso desenvolvimento territorial rural, do Fondo Minka de Chorlav, 2002

    PAS(ES) TTULO OBJETIVOS

    Argentina

    Uruguai

    Brasil

    Desenvolvimento

    local, a partir da

    sensibilizao em

    turismo rural como

    estratgia geradora de

    um movimento

    participativo e

    sustentado, no

    territrio urbano-rural

    das Trs Fronteiras

    Produzir um relatrio sobre a estratgia de ao implementada que sirva como estmulo criao de micro e pequenas

    empresas

    Determinar a influncia dos acordos entre as trs municipalidades sobre as mudanas de atitude dos atores locais

    Pesquisar se as metodologias de extenso rural so vlidas como instrumento para o desenvolvimento de negcios de

    servios

    Elaborar um mapa das necessidades dos atores locais que defina requerimentos de treinamento, planos de negcios e

    aspectos de financiamento a serem incorporados no Projeto Trs

    Fronteiras

    Argentina Sistematizao da

    experincia de uma

    cooperativa de

    apicultores em La

    Pampa, Argentina

    Discutir e refletir sobre os problemas de implementao e/ou elaborao de instrumentos normativos de

    sustentabilidade das prticas apcolas e do trabalho

    administrativo das cooperativas

    Induzir a participao democrtica na organizao cooperativa e, em particular, a dos jovens e mulheres em

    novas atividades produtivas associadas apicultura

    Generalizar as lies aprendidas e estabelecer um modo de comunicao e aproveitamento das mesmas,

    por parte dos grupos de interesse local e de outros

    interessados

    PAS(ES) TTULO OBJETIVOS

    12

  • Bolvia

    Equador

    Peru

    Experincias de

    trabalho integral em

    trs programas

    (reas) de

    desenvolvimento

    territorial (ADTs) de

    Ayuda en Accin:

    Santa Elena, em

    Equador, Nueva

    Bambamarca, em

    Peru, e Licoma, em

    Bolvia

    Sistematizar as aes desenvolvidas nas reas de Desenvolvimento Territorial, centrando-se na anlise das

    aes ou projetos de gerao de economias locais; de

    satisfao de necessidades bsicas e de fortalecimento

    da participao social eqitativa na gesto local do

    desenvolvimento

    Avaliar as experincias ou aes com maior relevncia ou impacto, no mbito econmico-produtivo, de satisfao de

    necessidades bsicas e da participao social,

    contemplando a gerao de capacidades de gesto

    locais de desenvolvimento em cada mbito

    Difundir e apresentar essa sistematizao em oficinas de intercmbio de experincias com instituies pblicas,

    redes de ONGs e organizaes de base

    Bolvia Sistematizao de

    experincias de

    desenvolvimento rural

    com enfoque territorial

    em trs municpios de

    Bolvia.

    Caracterizar e analisar a situao econmica (recursos endgenos, transformao institucional, transformao

    produtiva, crescimento econmico, eqidade,

    vinculao entre os atores locais e com instituies

    pblicas e privadas, participao social etc.) dos

    municpios escolhidos

    Analisar as mudanas experimentadas nos municpios escolhidos e suas redes de relacionamento com

    instituies governamentais e privadas

    Analisar a incidncia scio-econmica (renda, melhora na produtividade etc.), a partir das

    percepes e avaliaes das famlias produtoras

    envolvidas no programa de desenvolvimento

    Brasil Desenvolvimento Local:

    As lies aprendidas na

    construo e

    implementao dos

    planos de

    desenvolvimento rural

    sustentveis, em trs

    municpios da Zona da

    Difundir entre organizaes e entidades que atuam na rea de Desenvolvimento Rural, especialmente

    ONGs e organizaes de agricultores(as), as

    experincias e as lies aprendidas com o trabalho

    de Desenvolvimento Local Sustentvel do Centro de

    Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA

    ZM) e as organizaes parceiras

    Definir uma abordagem para a sistematizao

    13

  • Mata de Minas Gerais,

    Brasil

    participativa das experincias que envolvem

    parceiros diversos

    El

    Salvador

    A gesto territorial

    participativa, buscando

    meios de vida rurais

    sustentveis: o caso da

    Mancomunidad de La

    Montaona.

    Capacitar e fortalecer recursos humanos locais nos processos participativos para a gesto do territrio e

    estratgias de mdios de vida

    Contribuir para o desenvolvimento das capacidades e oportunidades dos setores sociais marginados

    Mxico Uma estratgia para a

    sobrevivncia comum:

    a gua e a relao

    entre o municpio

    indgena de

    Tatahuicapan e a

    regio industrial de

    Coatzacoalcos

    Minatitln, no sul de

    Veracruz, Mxico

    Gerar uma proposta de financiamento para abastecimento de gua para uso antrpico

    Gerar uma proposta de regulao que permita a superviso participativa do abastecimento

    Gerar uma proposta de educao ambiental dirigida populao rural e urbana

    Proposta de gesto para ser incorporada no Plano de Desenvolvimento Municipal

    Fonte. .

    As informaes apresentadas nesse quadro so um breve resumo de projetos mais

    amplos que retratam realidades ainda mais complexas, no entanto, servem-nos como

    indicadores do tipo de iniciativa considerado de desenvolvimento territorial, na escala local,

    no marco das instituies que analisamos na escala latino-americana.

    O meio rural latino-americano, em geral, est fortemente atravessado pelos conflitos

    e pela pobreza. Disputas por terra e pelos recursos naturais, dominaes atvicas,

    expropriaes histricas que se atualizam cotidianamente, pobrezas seculares, territrios de

    populaes indgenas e tradicionais em disputa etc. formam parte do dia-a-dia da dinmica

    rural na Amrica Latina, ainda que esses projetos premiados deixem transparecer a

    desativao dos temas conflituosos. Elementos como a promoo de negcios supra-

    municipais, a consolidao de iniciativas empresariais que incorporem o cuidado com o

    meio-ambiente, promover as economias locais de forma a melhorar a qualidade de vida e a

    participao social, o fortalecimento de arranjos institucionais, o apoio difuso das boas

    prticas ou a melhora na capacitao dos recursos humanos envolvidos so algumas das

    linhas privilegiadas mostram um distanciamento com problemas estruturais das

    comunidades rurais na Amrica Latina.

    14

  • A estratgia de olhar para frente, que reivindicam muitas dessas iniciativas, com

    sugestes para superar os problemas existentes, em muitos casos apenas consiste em um

    olhar para outro lado, que no enfrenta os problemas essenciais, nem os tem em conta,

    para construir propostas realmente transformadoras. O resultado de um desenvolvimento

    territorial, cujo territrio est desativado de conflitos, um desenvolvimento de via nica

    capitalista, temperado de consensos reificados.

    Essa seria uma das caractersticas principais do desenvolvimento territorial rural

    promovido pelo pool de instituies proprietrias do novo paradigma. Seu foco est

    direcionado aos problemas mais urgentes das camadas menos favorecidas, porm, suas

    propostas no abordam as razes dos problemas, no incorporam os conflitos mais tensos.

    A etiqueta territorial, desta forma, resulta excessiva para o produto que vende, ainda que,

    complementa perfeitamente o desenvolvimento com que trabalham as instituies

    analisadas: um desenvolvimento que fracassa como instrumento para melhorar as

    condies de vida da populao, porm cumpre com a misso de criar esperana, uma

    iluso comum que consiga dinamizar a sociedade no sentido da ordem vigente, a ordem

    capitalista, e portanto, resulta altamente efetiva como estratgia de controle social.

    Consideraes finais A anlise das instituies aglutinadas em volta do desenvolvimento territorial rural em

    Amrica Latina, que temos realizado at aqui, condiz com uma noo de desenvolvimento

    entendido como uma rede de saberes, de prticas e de poderes: saberes que se

    concretizam nos objetos, conceitos, teorias etc. que a ele se referem e que ele produz;

    prticas em que se materializam esses saberes; e poderes que o sustentam, por meio de

    instituies polticas, acadmicas, econmicas etc.

    No seria, portanto, um ente personificado (num pas, numa instituio, menos ainda,

    numa pessoa) que atua de forma homognea e decide autonomamente sobre os rumos da

    sociedade. Nem s uma estratgia econmica orientada reproduo do capital. Esse

    desenvolvimento se refere tambm a uma urdidura de saberes, prticas e poderes

    caracterizados por: a) serem instrumentos eficazes de controle social que ganharam o

    status de verdade incontestada, atravs de uma propaganda insistente e efetiva promovida

    por instituies amplamente capazes; b) fortalecerem os princpios econmicos, sociais,

    polticos e culturais da sociedade capitalista, consolidando-a como nica opo possvel de

    articulao social; c) serem funcionais reproduo e acumulao desigual do capital e, em

    nenhum caso, melhorarem substancial e generalizadamente a situao econmica ou o

    bem-estar social da populao.

    Saberes, prticas e poderes articulados, portanto, sob a pretenso de privilegiar o

    controle social, conformando uma ao sutil, quase imperceptvel, criadora de subjetividades

    15

  • e fundamentalmente auto-disciplinadora. Muitos profissionais, muitos recursos e muitos

    interesses agrupados com o propsito de preservar o papel do desenvolvimento como um

    poder produtivo, que cria saber, que incita discursos, que provoca aes, um poder no

    apenas negativo e cerceador6. O desenvolvimento, esse saber/poder que se erige como

    utopia capitalista essencial, como sonho de consumo desta sociedade de fantasias

    reificadas.

    Referncias bibliogrficas ABRAMOVAY, Ricardo; BEDUSCHI FILHO, Luiz Carlos. Desafios para o desenvolvimento

    das regies rurais. Nova Economia. Belo Horizonte, v. 14, n. 3, p. 35-70, set./dez. 2004. FOUCAULT, Michel. Histria da sexualidade I: a votade de saber. 14. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2001 [1976].

    GRUPO INTERAGENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL EM AMRICA LATINA

    E CARIBE. Objetivos e atividades. [200-]. Disponvel em: . Acesso em: 06 abr. 2005.

    MONTENEGRO GMEZ, Jorge R. Desenvolvimento em (des)construo. Narrativas escalares sobre desenvolvimento territorial rural. 2006a. 438 f. Tese (Doutorado em

    Geografia) Faculdade de Cincias e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista,

    Presidente Prudente, 2006.

    MONTENEGRO GMEZ, Jorge Ramn. El desarrollo rural contra la reforma agraria:

    propuestas para el medio rural brasileo en conflicto (1995-2005). Conciencia social, v. VI, p. 74-86, 2006b.

    SCHEJTMAN, Alexander; BERDEGU, Julio A. Desarrollo territorial rural. Debates y temas rurales, Santiago de Chile, n. 1., 2004. Disponvel em: . Acesso em: 31 jul. 2004.

    SCHNEIDER, Sergio. A abordagem territorial do desenvolvimento rural e suas articulaes

    externas. Sociologias, Porto Alegre, ano 6, n. 11, p. 88-125, jan./jun. 2004.

    Sites consultados BANCO MUNDIAL. .

    BID. .

    CEPAL. .

    FAO. .

    FIDA. . 6 Esse um dos argumentos principais do livro Histria da sexualidade I. A vontade de saber, de Michel Foucault (2001 [1976]). Ao contrrio da idia tradicionalmente concebida de um poder negativo, repressivo, que probe e sempre diz no, Foucault argumenta que, para que o poder seja tolervel, deve ser produtivo, positivo, formar saberes e produzir discursos.

    16

  • FODEPAL. .

    Fondo Minka de Chorlav. .

    GTZ. .

    IICA. .

    RIMISP. .

    USAID. .

    17