Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...

5
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís Publicado por: Publindústria URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29922 Accessed : 11-Mar-2018 19:43:23 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

Transcript of Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...

Page 1: Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de

acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença.

Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s)

título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do

respetivo autor ou editor da obra.

Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

Jornada técnica: o fogo bacteriano

Autor(es): Franco, Luís

Publicado por: Publindústria

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29922

Accessed : 11-Mar-2018 19:43:23

digitalis.uc.ptimpactum.uc.pt

Page 2: Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...
Page 3: Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...

Como as plantas infetadas não têm meca-nismos de defesa contra a Erwinia amylovora, a bactéria sobrevive sempre nos tecidos dos hospedeiros e pode também sobreviver nos re-síduos do solo durante algumas semanas. Até provocar a morte, os cancros contaminam os gomos foliares e florais, a bactéria alastra-se pelos ramos e tronco constituindo uma fonte de contágio para outras plantas, devido ao ex-sudado e ao pólen contaminado. Os agentes de dispersão como a chuva, o vento, os insetos, as abelhas, as aves e as más práticas culturais são também meios de dispersão e contaminação.

A temperatura e a humidade relativa ele-vada são os principais fatores que favorecem o desenvolvimento da bactéria.

A doença identificada pela primeira vez na América do Norte, no ano de 1883, foi in-troduzida na Europa através da Inglaterra, no ano de 1957. Portugal foi durante quase meio século o único país europeu com toda a sua área livre de Fogo Bacteriano. O primeiro foco da doença foi assinalado em 2006, no concelho de Fundão, na região Centro, tendo sido erra-dicado na sequência da aplicação de medidas de proteção fitossanitária. Em 2010, surgiram

A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte realizou no dia 22 de abril, no Au-ditório Municipal Padre Bento da Guia, em Moimenta da Beira, uma jornada técnica sobre o fogo bacteriano.

O concelho de Moimenta da Beira tem centralidade numa sub-região prepon-derante na produção de maçã, o Douro Sul, que contribui com quase metade da

produção nacional (cerca de 100.000 toneladas). As macieiras (Mallus spp) são espécies hospe-deiras com grande sensibilidade infeciosa ao fogo bacteriano com grave impacto económico e epidemiológico, a par de outras fruteiras comuns em Portugal como as pereiras (Pyrus spp), os marmeleiros (Cydonia spp), as nespereiras (Eriobothrya japonica), as ameixeiras japonesas (Pru-nus salicina), e rosáceas como as roseiras japonesas (Rosa rugosa), as silvas (Rubus spp), os pilritei-ros (Crataegus spp), os mostajeiros (Sorbus spp), as piracantas (Pyracantha spp), as cotoneasteres (Cotoneaster spp) ou as fotínias (Photinia spp). Em síntese, todas as árvores e arbustos da família Rosaceae são suscetíveis ao problema.

O fogo bacteriano é uma patologia provocada pela ação da bactéria de quarentena Erwinia amylovora. A designação comum deve-se ao efeito visual das necroses de cor castanha a negra presentes nas partes infetadas dos hospedeiros, que aparentam um aspeto de queima. Sendo o pe-ríodo crítico o início de cada ciclo vegetativo, dos ápices afetados geram-se raminhos necrosados (“queimados”) sempre aderentes à planta que ganham a forma de bordão (efeito cajado de pastor) e frutos, no caso do vingamento das flores, imaturos e mumificados. As folhas também adquirem cor castanha a negra dependendo do hospedeiro em causa. Os ramos e troncos apresentam lesões de cor avermelhada na zona sub-epidérmica e nos feixes lenhosos que tanto podem provocar o definhamento do órgão como originar cancros, surgindo a presença de exsudado bacteriano (líquido oleoso).

JORNADA TÉCNICA O FOGO BACTERIANO

Por: Luís FrancoArboricultor de [email protected]

Revisão: Maria Manuel G. MesquitaEngenheira e Diretora de Serviços da [email protected]

© D

RA

PN

-DP

CF

© D

RA

PN

-DP

CF

52

PROTEÇÃO DE CULTURAS

Page 4: Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...

novos focos da doença que atingiram os municípios de Alcobaça, Bombarral, Caldas de Rainha e Torres Vedras, da região Oeste. No ano seguinte, foram também identificados focos em alguns conce-lhos da já referida região Oeste, nos concelhos de Viseu e da Guarda, da região Centro, e de Alandroal e de Ferreira do Alentejo, da região do Alentejo. E no ano passado, nos concelhos de Coimbra, da região Centro, e de Campo Maior, da região do Alentejo. Os pomares com resultados positivos confirmados laboratorialmente foram sujeitos às medidas de erradicação previstas na Portaria nº 287/2001, de 31 de outubro, acompanhadas pelos inspetores fitossanitários das Dire-ções Regionais de Agricultura.

Tendo Portugal o estatuto de zona protegida do fogo bacteria-no, a produção, comercialização e exportação de maçãs e peras e dos vários materiais de propagação vegetativa destas fruteiras não tem restrições, sendo por isso imperioso a manutenção deste estatuto, que passa pela erradicação dos focos da doença que surgiram e dos que venham a surgir, sob pena de podermos vir a ser obrigados a apenas exportarmos para os países onde a doença já exista. O plano de ação nacional para o controlo envolve, para além dos serviços ofi-ciais do MAMAOT, um conjunto vasto de parceiros e tem vindo a ser aplicado através: de reuniões com os produtores; da visita e inspeção de pomares, viveiros de árvores fruteiras e ornamentais, campos de pés-mãe, pontos de comercialização como centros de jardinagem, mercados locais e locais de receção de fruta, e em jardins públicos e espaços urbanos; de observações e recolhas de amostras; de ações de formação, de divulgação, de investigação e de experimentação; de preparação de técnicos das organizações produtoras habilitados pela DGAV; da colaboração com Câmaras Municipais e Juntas de Fregue-sia, por causa das ornamentais dos espaços públicos, e do Ministério da Agricultura espanhol, para concertação de sinergias nas regiões fron-teiriças. A prospeção tem vindo a intensificar-se, assim como o contro-lo sobre os locais de produção de materiais de propagação vegetativa.

Os fruticultores são os principais interessados em protegerem os seus investimentos e obterem rendimentos da atividade. Como ainda não existe qualquer tratamento químico eficaz para a Erwinia amylovora de nada lhes vale desvalorizar sintomas suspeitos, ocultar infeções e aguardar soluções naturais, pois o pior cenário da conta-minação será a destruição de todas as árvores, quer seja em pomares, como em campos de pés-mãe, viveiros ou pontos de comercialização. Para tal não acontecer é fundamental o adequado acompanhamento técnico, a observação visual em especial no período crítico da flora-ção e a procura de necroses, exsudados ou cancros em ramos, tron-cos, e a introdução apenas de materiais de propagação vegetativa com passaporte fitossanitário e a marca ZP preenchida com a sigla b2.

“Para além dos técnicos

e produtores, o combate compete

a todos, pois de nada valerão os

esforços dos principais intervenientes

quando pomáceas e rosáceas

presentes em quintais, jardins, vales

e montes sejam fontes da dispersão.

© D

RA

PN

-DP

CF

Page 5: Jornada técnica: o fogo bacteriano Autor(es): Franco, Luís ...

A intervenção rápida perante sintomas suspeitos, a comunicação e coordenação com a respe-tiva Direção Regional são ações que se aconselham, assim como boas práticas culturais: utilizar apenas materiais de propagação que confiram garantias de segurança e evitar origens duvidosas; não permitir o contacto de materiais removidos com outras árvores; destruir pelo fogo todos os materiais removidos de árvores suspeitas; e desinfetar devidamente todas as ferramentas e uten-sílios utilizados nos cortes e podas. Destes procedimentos até ao arranque e destruição de árvores pelo fogo, a luta cultural ainda é o meio mais indicado para a contenção da Erwinia amylovora.

No entanto, soluções de lutas química e biológica já dotaram a profilaxia de meios que visam proteger as árvores das infeções do fogo bacteriano. Os produtos indutores de resistência dos sis-temas (SAR) são bioestimulantes que visam incrementar a espessura da parede celular, ativar os mecanismos de defesa natural das plantas e auxiliar os novos crescimentos, estando disponíveis no mercado e autorizadas as aplicações de fungicidas como o oxicloreto de cobre, o fosetil-Al, o prohexadiona-cálcio, o acibenzolar-S-metilo e o extrato da alga Laminaria digitata. A introdu-ção de micro-organismos possibilita a ação de agentes antagonistas da Erwinia amylovora por competição de nutrientes e espaço, pela criação de condições desfavoráveis de desenvolvimento e de prevenção da infeção, sendo a aplicação dos produtos derivados do fungo Aureobasidium pullulans e da bactéria Bacillus subtilis autorizada. No entanto, as soluções químicas e biológicas são apenas preventivas, devem ser utilizadas no período da floração, são ineficazes nas plantas

“Tendo Portugal o estatuto de zona protegida do fogo bacteriano,

a produção, comercialização e exportação de maçãs e peras e dos vários

materiais de propagação vegetativa destas fruteiras não tem restrições,

sendo por isso imperioso a manutenção deste estatuto, que passa pela

erradicação dos focos da doença (...)

”©

DR

AP

N-D

PC

F

infetadas pelo fogo bacteriano como já referi-do e existem ainda muitas dúvidas e possíveis problemas quanto à interação entre os vários produtos. De qualquer forma, a estratégia de proteção passa por uma solução integrada das lutas cultural, química e biológica.

Para além dos técnicos e produtores, o com-bate compete a todos, pois de nada valerão os esforços dos principais intervenientes quando pomáceas e rosáceas presentes em quintais, jar-dins, vales e montes sejam fontes da dispersão. Quem detetar seja onde for, e pertençam a quem quer que seja, árvores e arbustos com raminhos necrosados, e o facilmente identificável caja-do de pastor, ramos ou troncos anormalmente “queimados” em plena primavera ou excreções sem qualquer tipo de corte deverá alertar a Junta de Freguesia, a Câmara Municipal ou a Direção Regional de Agricultura e Pescas.

A sessão de Moimenta da Beira, presencia-da por cerca de 150 técnicos e produtores, foi aberta pelo Presidente da Câmara Municipal, Dr. José Eduardo Ferreira, teve a participação do Presidente da Associação dos Fruticultores da Beira Távora, Humberto Matos, e as inter-venções “A Doença do Fogo Bacteriano, bio-logia e sintomatologia, hospedeiros, impacto económico e meios de controlo” pela Dra. Leo-nor Cruz do INIAV, “Plano de Ação Nacional para o controlo do Fogo Bacteriano” pela En-genheira Clara Serra da DGAV, “A prospeção do Fogo Bacteriano na Região Norte” pela En-genheira Maria Manuel Mesquita da DRAPN, e “Proteção fitossanitária: produtos homolo-gados” pela Engenheira Assunção Prates da DGAV, tendo sido encerrada pelo Diretor Re-gional de Agricultura e Pescas do Norte, Dr. Manuel Cardoso.

A Agrotec também marcou presença para a divulgação de uma iniciativa louvável de conhecimento e esclarecimento do problema, das ações e medidas em prática, da preparação para o combate e de consciencialização de to-dos os agentes para um trabalho que poderá vir a ser árduo, duradoiro e dispendioso mas que muito contribuirá para uma agricultura nacio-nal segura, de qualidade e de excelência.

54

PROTEÇÃO DE CULTURAS