Jornal "a farinhada"

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a farinhada Jornal www.vozdomovimento.org www.mst.org.br JULHO / 2015 - EDIÇÃO 03 - ANO III ESCOLA POPULAR DE AGROECOLOGIA E AGROFLORESTA EGÍDIO BRUNETTO Centenas de produtos são vendidos em seis Feiras Agroecológicas Página 03 A ofensiva do capital na luta pela terra Página 02 Plantas medicinais na produção dos trabalhadores Página 03 Educação Agroecológica, uma conquista do MST Página 04

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a farinhadaJornal

www.vozdomovimento.orgwww.mst.org.br

JULHO / 2015 - EDIÇÃO 03 - ANO III

ESCOLA POPULAR DE AGROECOLOGIA E AGROFLORESTA EGÍDIO BRUNETTO

Centenas de produtos são vendidos em seis Feiras

Agroecológicas Página 03

A ofensiva do capital na luta

pela terraPágina 02

Plantas medicinais na produção dos

trabalhadoresPágina 03

Educação Agroecológica, uma conquista do MST

Página 04

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EDITORIAL

A ofensiva do capital na Luta

pela TerraPor Coletivo de Comunicação do

MST na Bahia

Vivemos um momento de intensas lutas no campo e na cidade.

Diversas manifestações e ocupações mobilizam toda classe trabalhadora contra perca de direitos e a criminalização das lutas populares. Embora as forças do capital estejam em todos os lugares, as contradições delas aumentam e isso nos coloca num cenário de mudanças. O agronegócio, inimigo declarado da agricultura camponesa e familiar, segue na ofensiva para o controle e concentração da terra, dos recursos naturais, da mineração, água e sementes. Priorizando os monocultivos de soja, milho, carnes e celulose. Além disso, pautam junto à sociedade através dos veículos de comunicação de massa, a necessidade da liberação de mais sementes transgênicas e com isso, o uso de mais venenos na produção de alimentos. Este modelo de sociedade imposto na perspectiva capitalista aumenta a concentração da produção de riquezas, impedindo o desenvolvimento das regiões. Os agrotóxicos envenenam, destroem a biodiversidade

e causam problemas de câncer e de saúde pública. A poluição causada por estas empresas estão mudando o clima, afetando as grandes cidades e nos colocando a dependência do mercado externo. Qualquer problema na China, por exemplo, terá efeitos imediatos no Brasil. Diante desta realidade, o Movimento Sem Terra e outras organizações do campo e da cidade lutam contra o uso dos agrotóxicos das empresas do agronegócio. Para isso, estamos construindo lutas e dialogando com a sociedade sobre a importância de se discutir um modelo produtivo que respeite a saúde humana e a natureza. Nossa proposta é a produção de

alimentos agroecológicos, sem o uso de venenos. Precisamos o mais rápido possível construir alianças com os trabalhadores da cidade e exigir do Governo Federal uma Reforma Política com a convocação de uma Assembléia Constituinte. Articulando com a juventude e construindo comitês que representem a unidade da classe trabalhadora. Temos grandes desafios para enfrentar junto com a sociedade baiana, entre eles, construir grandes mobilizações locais com caráter nacional e pautas comuns, em defesa de um novo projeto de agricultura. Precisamos peitar o governo com mobilização de massa contra o latifúndio

e o agronegócio, a fim de colocar a Reforma Agrária na agenda política. É necessário também, disputar os espaços de educação nos Institutos Federais, Universidades, escolas e encontrar soluções urgentes para as famílias acampadas. Nossa tarefa é desqualificar o “sucesso” econômico do agronegócio. Defendido inclusive pelo governo e aliados. Quando na verdade são parasitas do Estado e de toda a sociedade. A Reforma Agrária Popular é uma pauta de todos os trabalhadores. Com isso, estar nas ruas levantando as bandeiras e fortalecendo esta luta é uma tarefa que precisa ser assumida por todos.

Extremo Sul pela VIDA, agrotóxico ZERO!

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Feiras Agroecológicas distribuem alimentos saudáveis em todo extremo sul

Em fevereiro, o bloco “MST Folia”, ocupou as ruas do Prado no carnaval de 2015 com muita animação, alegria e companherismo. As festas envolveram centenas de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra de toda a região do extremo sul baiano. Em junho as famílias nos acampamentos e assentamentos se mobilizaram e promoveram em todas ás áreas da Reforma Agraria a tradicional festa junina. Protagonizaram também, a tradicional festa na cidade de Itamaraju. Motivados pelo samba, axé, afro reggae, forró, e letras que valorizam a identidade camponesa, os trabalhadores divulgam a campanha “Extremo Sul pela Vida: Agrotoxico Zero”, denuncia as contradições do agronegócio e defende a Agroecologia e a produção de alimentos saudáveis sem veneno para toda a população do campo e cidade.

Nas festas populares a Reforma Agrária é pautada com alegria

Plantas Medicinais na produção dos Trabalhadores

Famílias Sem Terra do extremo sul estão potencializando o intercâmbio das diversas práticas e conhecimentos tradicionais em torno da saúde, a partir do projeto “Saúde Popular e Agroecologia”. O projeto visa contribuir com o Desenvolvimento sócio ambiental e sanitário através da inserção de plantas medicinais em sistemas produtivos agrofloecológicos. Um dos desafios apontados é a construção de políticas públicas de saúde no Campo e os limites do Sistema Único de Saúde (SUS).

Juventude Sem Terra do Extremo Sul da Bahia está realizando seminários nas seis brigadas que compõe a regional com o objetivo estudar o cenário político atual e avançar na construção de lutas em defesa da Reforma Agrária e contra o capital. Alem disso, os seminários preparam os jovens para o Encontro

Regional da Juventude do Extremo Sul que será realizado em outubro, com aproximadamente 1 mil jovens. Os jovens protagonizam espaços de debate e desenvolvem novas ferramentas de lutas através da produção artística, a pluralidade cultural, a identidade de gênero e o próprio corpo como métodos de luta e resistência.

Seminários preparam Jovens Sem Terra para Encontro

Regional

Oficinas desenvolveram ferramentas de

socialização das mídias do MST e a construção de

novas.

Centenas de quilos de alimentos produzidos por famílias assentadas

e acampadas no extremo sul da Bahia foram vendidos a preços acessíveis em seis feiras agroecológicas realizadas em diferentes municípios da região. Com objetivo de apresentar a sociedade uma diversidade de alimentos, os Sem Terra levantaram a bandeira da Reforma Agrária e mostraram que agricultura camponesa é o melhor modelo produtivo para o país. Frutas, artesatos, doces, hortaliças, temperos e verduras eram alguns dos produtos encontrados pelos visitantes e consumidores. O diferencial desta produção é o modelo adotado pelas famílias, que traz em sua matriz o respeito à

natureza e ao ser humano. Está diversidade de alimentos é fruto da agroecologia. Que além da produção, está ligada ao modo de vida e as relações de respeito e igualdade entre os seres humanos. Ou seja, os Sem Terra estão dando uma aula no campo da produção e das relações sociais, construindo sujeitos mais sensíveis e capazes de analisar criticamente a realidade imposta pelo capitalismo. José Mota, da direção estadual, acredita que as feiras possuem um significado especial para o MST por desconstruir a ideia que os trabalhadores são baderneiros e preguiçosos. “Nossa feira traz o suor do povo e a cara da soberania. O que queremos

construir é uma sociedade em que os frutos da terra sejam repartidos e que o desenvolvimento social seja popular e não ditado por minoria e para uma minoria”, explica Mota. Com as Feiras, os Sem Terra reafirmaram a luta pela Reforma Agrária e defenderam que é possível produzir alimentos saudáveis e garantir qualidade de vida para toda a população.

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Educação agroecológica, uma conquista do MST

Sem Terra no Extremo Sul comemoram diversas conquistas no setor de educação. Dentre elas, está o projeto cubano “Sim eu Posso” que pôs fim ao analfabetismo em sete áreas da Reforma Agrária, alfabetizando 180 trabalhadores Sem Terra. Outra conquista é abertura de cinco novas escolas nos seis primeiros meses do ano. Houve também, aprovação da agroecologia como disciplina na grade curricular das escolas do campo nos municípios de Albobaça e de Santa Cruz Cabralia. Além disso, diversas oficinas e seminários de capacitação técnica e agroecologia foram realizados através da Escola Popular Egídio Brunetto, que propõe construir mecanismos educativos para fortalecer o debate da agroecologia nos Assentamentos de Reforma Agrária.

Famílias Sem Terra conquistam dois assentamento no extremo sul baiano

Motivados pela simbologia das ferramentas de trabalho e participação de homens e mulheres na construção da Reforma

Agrária, cerca de 2 mil trabalhadores Sem Terra estiveram presentes no dia 30/04 no Ato de Imissão de Posse dos Assentamentos Jaci Rocha e Antônio Araujo, localizados no município do Prado no Extremo Sul baiano. O ato foi marcado pela assinatura do decreto de imissão de posse da fazenda Colatina e Cotia pelo Governador da Bahia Rui Costa, o Ministro da Defesa Jaques Wagner e o Ministro de Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias. Os 4 mil hectares da área conquistada estavam sendo utilizados para produção de gado e eram visados pelo agronegócio para desenvolver a monocultura de eucalipto. Agora são assentadadas 227 famílias em lotes de 10 hectares, organizadas em núcleos de família.

Na luta contra homofobia, Sem Terra levantam a bandeira pelo

fim da violênciaTrabalhadores Sem Terra no Extremo Sul da Bahia em diversas ações denunciaram e anunciaram os drásticos índices de violência que sofrem os homossexuais no Brasil, por entenderem que negar e reprimir a diversidade

de identidades existentes no meio dos trabalhadores significa reproduzir a lógica de segregação e violência imposta pelo capitalismo. Pensando nisto, os trabalhadores se comprometem cada vez

mais em pontuar as questões relacionadas à identidade de gênero e fortalecer o processo de luta contra todo tipo de comportamento e discurso taxativo e homofóbico.

O Jornal “a farinhada” foi produzido pelo Coletivo de Comunicação do MST na Bahia, composto por jovens militantes de 10 regiões do estado.

Para mais informações acesse www.mst.org.br ou www.vozdomovimento.org