Jornal A União

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Ano CXIX Número 160 R$ 1,00 R$ 160,00 Assinatura anual www.paraiba.pb.gov.br Twier > @uniaogovpb jornalauniao.blogspot.com Propaganda eleitoral já gerou mais de 200 denúncias no TRE Um mês depois de libe- rada a propaganda eleito- ral, já foram feitas mais de 200 denúncias ao TRE. Esse número deve dobrar até o fim de agosto. PÁGINA 19 A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012 119 ANOS - PATRIMÔNIO DA PARAÍBA clima & tempo Sertão 30 Máx. 20 o Mín. 31 o Máx. 17 o Mín. 33 Máx. 19 o Mín. Fonte: INMET LITORAL Moeda DÓLAR R$ 2,027 (compra) R$ 2,027 (venda) DÓLAR TURISMO R$ 1,960 (compra) R$ 2,100 (venda) EURO R$ 2,512 (compra) R$ 2,514 (venda) Informações úteis para a semana: CARIRI-AGRESTE Marés Hora Altura Fonte: Marinha do Brasil ALTA ALTA 06h15 18h41 2.5m 2.3m baixa baixa 23h21 12h23 0.2m 0.3m l Marcha pela Humanização do Parto será realizada hoje, às 15h, na Praia de Tambaú l Projeto “Ver Brasil” exibe documentários pernambucanos no Espaço Cultural l Cenated começa a oferecer novas atividades artísticas e culturais ao público l Semam inicia terça-feira programação educativa em parceria com SOS Mata Atlântica Novo Centro de Artesanato da Capital será inaugurado hoje PÁGINA 4 Sol e poucas nuvens Sol e poucas nuvens Sol e poucas nuvens FOTO: Ortilo Antônio BRASILEIROS EM LONDRES Comércio de beira de estrada aquece a economia. PÁGINA 15 O Brasil tem hoje mais uma chance de medalha nos Jogos Olím- picos de Londres. A maratonista Adriana Silva está motivada e promete repetir o ouro do Pan-Americano. PÁGINA 21 CVV recebe 2,9 mil chamadas por mês em JP e Campina Grande PRÓ-VIDA Centro de Valorização da Vida funciona há 26 anos na Paraíba ajudando em casos de depressão. PÁGINA 11 ARNALDO TAVARES PÁGINA 5 E ENCARTE A União traz tela do artista retratando a Festa das Neves FOTO: Augusto Pessoa 427 João Pessoa Geografia, história e tradição conspiram para fazer de João Pessoa uma cidade cheia de fãs apaixonados. PÁGINAS 31 A 42 anos

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Edição 05.08.2012

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Ano CXIXNúmero

160R$ 1,00

R$ 160,00

Assinatura anual

www.paraiba.pb.gov.br Twitter > @uniaogovpb jornalauniao.blogspot.com

Propaganda eleitoral já geroumais de 200 denúncias no TRE

Um mês depois de libe-rada a propaganda eleito-ral, já foram feitas mais de 200 denúncias ao TRE. Esse número deve dobrar até o fim de agosto. Página 19

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMingO, 5 de agosto de 2012 119 anOs - PATRIMÔNIO DA PARAÍBA

clima & tempoSertão

30 Máx.20o Mín.

31o Máx.17o Mín.

33 Máx.19 o Mín.

Fonte: INMET

LitoraL

Altura0.3m

MoedaDÓLAR R$ 2,027 (compra) R$ 2,027 (venda)DÓLAR TURISMO R$ 1,960 (compra) R$ 2,100 (venda)EURO R$ 2,512 (compra) R$ 2,514 (venda)

Informações úteis para a semana:Cariri-agreste

Marés Hora Altura

Fonte: Marinha do Brasil

ALTA

ALTA

06h15

18h41

2.5m

2.3m

baixa

baixa

23h21

12h23

0.2m

0.3m

l Marcha pela Humanização do Parto será realizada hoje, às 15h, na Praia de Tambaú

l Projeto “Ver Brasil” exibe documentários pernambucanos no Espaço Cultural l Cenated começa a oferecer novas atividades artísticas e culturais ao público l Semam inicia terça-feira programação educativa em parceria com SOS Mata Atlântica

Novo Centrode Artesanato da Capital seráinaugurado hoje

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Sol e poucas nuvens

Sol e poucas nuvens

Sol e poucas nuvens

FOTO: Ortilo Antônio

BRASILEIROS EM LONDRES

Comércio de beira de estrada aquece a economia. Página 15

O Brasil tem hoje mais uma chance de medalha nos Jogos Olím-picos de Londres. A maratonista Adriana Silva está motivada e promete repetir o ouro do Pan-Americano. Página 21

CVV recebe2,9 mil chamadas por mês em JP e Campina Grande

pRó-vidA

Centro de Valorização da Vida funciona há 26 anos na Paraíba ajudando em casos de depressão. Página 11

ARNALDO TAVARES

Página 5 E EncaRTE

A União traz tela do artistaretratando a Festa das Neves

FOTO: Augusto pessoa

427João Pessoa

Geografia, história e tradição conspirampara fazer de João Pessoa uma cidade cheia de fãs apaixonados. Páginas 31 a 42

anos

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UN

Se a responsabilidade da escolha do local para a edificação da cidade de João Pessoa tivesse recaído sobre um único nome, fosse de homem ou mulher, de-corridos quase cinco séculos esse nome seria reverenciado, hoje, como sábio ou profetisa, alguém abençoado com a ter-ceira visão.

A capital da Paraíba é uma das mais belas cidades do Brasil. A “Porta do Sol”, como também é conhecida, é banhada a leste pelas águas verdes e tépidas do Atlântico Sul e, a oeste, pelas águas es-curas do Rio Sanhauá, que, dizem, não é rio, e sim braço de mar - uma cidade de braços dados com o oceano.

Do alto das falésias da praia do Cabo Branco divisa-se quase toda a orla marí-tima da cidade e Atlântico, espraiando--se em frente, rememora todos os dias e todas as noites a ancestralidade lusita-na brasileira. Dali, Portugal e África são quase visíveis; basta um pouco de ima-ginação.

Fundada em 1585, no ponto mais oriental das Américas, portanto onde o sol nasce primeiro nas três Américas, foi pioneiramente batizada de Nossa Se-nhora das Neves, tornando-se a terceira Capital de estado mais antiga do Brasil, pois já nasceu com título de cidade.

Apesar das inevitáveis perdas pro-vocadas pelo desenvolvimento econô-mico, a cidade apresenta boa cobertura vegetal, devido, entre outros fatores, ao saudável hábito que tem a maioria de

sua população de plantar árvores frutí-feras e ornamentais, além dos cuidados dos poderes públicos.

As praias de João Pessoa estão entre as mais belas do país, recebendo luz e calor do astro rei durante praticamente todos os dias do ano. Barreiras de corais suavizam as correntes e impedem a pas-sagem de grandes predadores marinhos, tornando as praias verdadeiras piscinas de água salgada.

No início da década de 90, por oca-sião da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvi-mento, mais conhecida, no Brasil, como Eco-92, João Pessoa foi considerada a “segunda capital mais verde do mundo”, perdendo, na época, apenas para Paris, a “cidade luz” dos franceses.

O patrimônio histórico da cidade de João Pessoa apresenta monumentos cuja importância é reconhecida inter-nacionalmente, a exemplo da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. As ar-quiteturas moderna e contemporânea também marcam presença, como mos-tram o Liceu Paraibano e a Estação Cabo Branco.

A cidade de João Pessoa hoje está de parabéns. Não só por estar completando 427 anos de fundação, mas por ter se transformado em um dos lugares mais aprazíveis para se viver, não só do Brasil, mas do mundo inteiro. Prova disso são as inúmeras pessoas que a procuram para morar, vindas de todo o planeta.

João Pessoa não perde por esperar. O que significa um ano a mais para uma cidade que neste domingo chega aos 427? Mesmo que a demora se alongue um pouco, a espera valerá a pena. É que a Universidade Federal da Paraíba tem em mãos um bem elaborado projeto para a restauração de um imóvel que, entre as décadas de 1950 e 60, fez história na cidade baixa, em domínios da área de influência da Rua São Miguel.

Na realidade, o imóvel é vizinho ao Cemitério Senhor da Boa Sentença, vizinhança que não chegava a ser bem sentenciada pelos que, décadas mais tarde, inspirariam o projeto da UFPB. E olhem que, por ironia, eles hoje são imor-tais. Explico: o prédio foi originalmente construído para o Serviço de Verificação de Óbitos (correspondente ao Instituto Médico Legal), mas terminou destinado à Faculdade de Medicina da Paraíba, então criada, razão pela qual está sendo resgatado por iniciativa de membros da Academia Paraibana de Medicina.

O resgate teve como idealizador o doutor (e acadêmico) Manoel Jaime Xavier Filho e contou com a imediata adesão da Casa Humberto Nóbrega, presidida por Antonio Carneiro Arnaud. O projeto, que tem entre seus entusiastas os imortais Jacinto Medeiros e Joaquim Monteiro da Franca Filho, foi elaborado pelo arquiteto Claudino Nóbrega, dos quadros da UFPB, e mereceu o apoio do reitor Rômulo Polari, além da aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Já deveria ter sido

executado, mas houve um contratempo.E ponham contratempo nisso! Um

grupo de sem teto invadiu o local, que es-tava realmente abandonado, e terminou por inviabilizar o início das obras. Criado o impasse, tentou-se por diversos meios a desocupação, até que surgiu uma luz no fim do corredor: como líder influente no PT, vale dizer, com capacidade de inter-locução junto a movimentos sociais, Júlio Rafael, atual superintendente do Sebrae--PB, conseguiu do prefeito Luciano Agra a inclusão do grupo invasor em um dos programas habitacionais da prefeitura da Capital. A casa, portanto, balançou, mas não caiu. E o espaço será liberado para a restauração.

O prédio talvez não tenha valor arquitetônico, mas o seu valor históri-co é inestimável. Especialmente para a memória do ensino médico na Paraíba. Foi ali, afinal, que se instalou a faculdade, então particular, criada pela Socieda-de Paraibana de Medicina, tendo como dirigentes os professores Humberto Nóbrega (ideólogo da criação) e Lauro Wanderley. Só depois, com José Américo governador, é que a faculdade se tornou pública, transferindo-se para o complexo do antigo PAM de Jaguaribe. Mas essa é outra história.

Com a restauração, funcionará no térreo do prédio em desocupação um ambulatório de extensão do Hospital Universitário, reservando-se o primeiro andar para o Memorial da Faculdade de Medicina da Paraíba. Um grande presen-te para a cidade.

Se é verdade que o destino do homem pode ser feito pelo nome de batismo, como disse Balzac, quantos destinos devem causar dó! E por quê? Porque existem no-mes capazes de fazer o dono sofrer muito, quer pelo ridículo ou pelo absurdo, quer pelo grotesco ou pelo estapafúrdio, que a onomástica, em sua mirabolante e surpre-endente variedade, pode envolver.

Se há norma civil que procura prote-ger o cidadão desse nefasto vezo, tal não parece suficiente, pois a subjetividade dos entes cartoriais, não raro, compactua com estranhas, hilárias e inusitadas nomencla-turas. Os apelidos, os apostos, os epítetos, os pseudônimos, muitas vezes vêm em socorro do infeliz que, por motivos óbvios, esconde o verdadeiro nome.

Mauro Mota, em nota introdutória a seu delicioso Barão de chocolate & companhia: apelidos pernambucanos, refere, a título de exemplo, o caso dos poetas Austro Costa e Jaime Altavila, cujos nomes originais eram Austriclínio Ferreira Quirino e Amphilóquio de Mello, respecti-vamente. Pinçados do Fios Sanctorum, do

Padre Diogo do Rosário, obra em 12 volu-mes, editada em Lisboa, em 1870, ainda cita estrambóticas alcunhas da hagiografia portuguesa, a saber: “São Abúndio, mártir romano de 857; São Medardo, profeta e bispo de Noyon; São Cacufate, pregador, supliciado em Barcelona no tempo de Maximiliano”.

Eu mesmo conheci um casal de irmãos lá de Rio Formoso, cidadezinha litorânea de Pernambuco: ele se chamava Londres; ela, Brasil. E, na qualidade de professor, tenho me habituado às listas das cadernetas escolares, onde, aqui e ali, des-pontam etimologias enigmáticas, caverno-sas e dissonantes que me coçam o imagi-nário E o pior: são nomes que constam no registro civil e que os dicionários especia-lizados legitimam. Calícrates, Rutílio, Taia, Isnardo, Itibé, Eucáris, Zulka, Alfesibeu, Baldomaro, Berengério, Tízia, Tercícora, Heládio, Hostílio, Hildegar e Hildeberto são os que me ocorrem momentaneamente ao correr da pena. Dia desses, discorrerei sobre o último e do desgosto de carregá-lo vida afora.

Editorial

UmUm grande presente

Uma cidade aprazível

Nomes infelizes

Já se esboça, entre os despor-tistas do Estado, um movi-mento visando à sucessão na Federação Paraibana de Futebol, dirigida há mais de duas déca-das por Rosilene Gomes. Tirá--la no voto é difícil, visto que o grosso do eleitorado é compos-to por times amadores que ela manipula com maestria, garan-tindo repetidas reeleições. Mas, há um clamor público que já mexeu até na CBF, é possível que a moralidade imponha no-vas regras. A oposição já tem até o nome do candidato para suceder Rosilene: Olavo Rodrigues, ex--presidente do Treze.

Atuante destacado no jor-nalismo de João Pessoa, em jornais e televisão, o jorna-lista Erialdo Pereira “armou barraca” definitivamente, em Campina Grande, onde se for-mou em Direito.Longe das redações, hoje é visto nos fóruns atuando no ramo advocatício.

Cresce a possibilidade de a Paraíba ter tropas federais durante o pleito de outubro. A campanha está muito acirrada em alguns municípios do Ser-tão e Brejo, com ocorrências de violências entre as militâncias.

O governador Ricardo Couti-nho vai anunciar que não há mais nenhuma obra parada no Estado. Quando ele assu-miu, havia mais de 200 obras abandonadas, boa parte liga-da à área da Saúde.

O Complexo judiciário em Campina Grande, é povoado por prédios luxuosos, praxe, em se tratando de instalações da Justiça. Porém, o acesso a ele é uma ginástica digna das favelas de topografias mais acidentadas. Todo malabarismo do moto-rista é acompanhado pelos lixões em volta.Supõe-se que juízes e advogados que ali trabalham chegam de helicóptero.

Por força de liminar, todos defensores públicos inativos poderão votar nas eleições na próxima quarta-feira, quando será eleito o Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado da Paraíba.

XOU ROSILENE!

POLIVALENTE

CHAPA QUENTENOS TRILHOS

DATA VÊNIA

VOTO

UNIÃO ASUPERINTENDÊNCIA DE IMPRENSA E EDITORA

SUPERINTENDENTE

DIRETOR ADMINISTRATIVO

DIRETORA DE OPERAÇÕES

EDITORES SETORIAIS: Geraldo Varela, Glaudenice Nunes,Juneldo Moraes, Nara Valusca, Neide Donato e Renata Ferreira

Fundado em 2 de fevereiro de 1893 no governo de Álvaro Machado

BR-101 Km 3 - CEP 58.082-010 Distrito Industrial - João Pessoa/PB PABX: (083) 3218-6500 / ASSINATURA-CIRCULAÇÃO: 3218-6518Comercial: 3218-6544 / 3218-6526 REDAÇÃO: 3218-6511 / 3218-6509 PROJETO GRÁFICO: Ricardo Araújo, Fernando Maradona e Klécio Bezerra

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DIRETOR TÉCNICO

EDITOR GERAL

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Gilson Renato

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Clóvis Roberto

Dois

Mesmo que a demora se alongue um pouco, a espera valerá a pena. A UFPB tem um projeto para a restauração de um imóvel da cidade baixa.”

Os apelidos, os apostos, os epítetos, os pseudônimos, muitas vezes vêm em socorro do infeliz que esconde o verdadeiro nome.”

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

CONTATO: [email protected] REDAÇÃO: 83.3218-6511/3218-6509

Mesmo tranquilo e com aparente serenidade diante de sua situa-ção na disputa pela Prefeitura de Campina Grande, cujas pes-quisas lidera, o deputado Rome-ro Rodrigues inspira preocupa-ção em seu staff de campanha.É que o homem não leva desafo-ro para casa e quem desacatá-lo na campanha, vai ouvir poucas e boas.

OSSO DURO

EDITORES ASSISTENTES: Carlos Cavalcanti, Carlos Vieira, Emmanuel Noronha, José Napoleão Ângelo e Marcos Pereira

Martinho Moreira Franco - [email protected] Hildeberto Barbosa Filho - [email protected]

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Page 3: Jornal A União

Marcello PiancóHumorista

Horácio [email protected]

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

EXCLUSIVO

humorista Marcello Piancó apresenta todos os dias na Rádio Tabajara o Programa A César o que é de César. Trata-se de um espaço em que ele dedica homenagens aos compositores de grandes sucessos, esquecidos pela grande mídia, gravadoras e público em geral na maioria dos casos. O programa foi criado em 2010 por Piancó e ficou no ar até 2011. No entanto, parou e só foi retomado em maio deste ano. É exibido todos os dias. Às 20h é veiculado uma edição inédita, que é reprisada outras duas vezes ao dia.

O

Uma pesquisa dessa não se faz em um dia?

A pesquisa é a parte mais di-fícil, o mais fácil é escrever. Não tem um tempo. Cada caso é um caso. Quando se tem um bem co-nhecido, é mais fácil. Por exem-plo, um Tom Jobim é fácil. Mas um Genival Macedo, que é um paraibano que tem pouca coisa sobre ele escrita, é mais difícil. Por isso que eu acho que a Paraí-ba precisa de um museu da músi-ca paraibana, onde a gente possa pesquisar essas coisas.

Você lançou uma ideia ago-ra, o que falta para ela?

Eu acho que deveria ter a ini-ciativa das secretarias de Cultu-ra, dos órgãos, da Funesc. Porque é uma coisa necessária, utilitária e que resgata nossa arte, nossa memória. Seria um grande passo.

Quais são os próximos pro-gramas?

Estamos focados em autores paraibanos e música instrumen-tal, que falta fazermos. Temos bons compositores de música instrumental, como Sivuca e Ca-nhoto, grande violonista de Prin-

cesa Isabel. É resgatar esse pes-soal.

Nós começamos de forma geral, fazendo MPB, depois pas-samos para compositores do Nordeste e viemos para a Para-íba. Agora, vamos para a músi-ca instrumental, que vai ser um desafio. Sempre nos baseamos na letra da música para escre-ver o roteiro. Mas e com música instrumental? Não dá. Vamos ter que buscar algo no título das mú-sicas ou em outras coisas.

E quem são os maiores compositores da Paraíba que fazem sucesso no roteiro mais comercial?

Um dos grandes dos anos 80 para cá, que vive bem só de direitos autorais, é o Hebert Viana que é paraibano. Tem ou-tro que é Nino, que faz muito sucesso na voz dos sertanejos, que tem músicas estoradíssi-mas. São músicas bem pop. É um compositor que o grande público não conhece.

Como foi que você se viu como pesquisador?

Eu não digo que sou um pes-

quisador, eu sou um curioso. Pes-quisadores são caras como Ricar-do Anísio, Carlos Anísio. Sou um cara que sempre gostou de mú-sica, fui criado em ambiente que não existia diferenciação de mú-sica boa, forró, brega. Não existe boa música e ruim, antiga e nova. Procuro me inteirar sobre tudo, sem preconceito, embora tenha minhas preferências.

Como você alia isso ao seu lado humorista?

Na minha carreira de hu-morista, sempre aliei a música como parte integrante dos meus shows. Um dos pontos altos são as paródias, com grandes músi-cas da MPB e as do momento. Na realidade, também sou compo-sitor. Esse programa é um pou-co de corporativismo, porque defendo minha classe. Não sou conhecido como compositor, a minha mais conhecida é o Hino das Virgens de Tambaú.

Hino das Virgens é seu?É uma parceria minha com

meu amigo Vilmar Bandeira, da fundação do bloco, mais ou me-nos de 1986.

Tocando o somdos grandes compositores

Qual a proposta do Progra-ma ‘A César o que é de César’?

A proposta do programa é resgatar o compositor, que é a parte mais esquecida da cadeia musical. É ele quem faz a músi-ca, os arranjos também. E, hoje em dia, talvez pela pressa, pois estamos no mundo da veloci-dade, as rádios esqueceram dos compositores. A música é passa-da de maneira sem cuidados, o compositor ficou esquecido. Pen-sando nisso, tive a ideia de fazer um ‘programete’ que, através de grandes clássicos da música, de músicas conhecidas, mostrar que há um compositor por trás, que elas não são apenas os intérpre-tes.

No Brasil, temos o costu-me de só aplaudir o intérprete, quem canta ou dança. Se não ti-vesse o compositor, iriam cantar o quê? Então, criamos ‘A César o que é de César’, usando essa má-xima para dar o valor a quem tem realmente.

Porque as rádios não ci-tam?

Acho que começou com as gravadoras. Elas começaram a colocar cada vez menor o tama-nho dedicado ao nome dos com-positores e alguns nem coloca-vam, para criar a imagem só dos intérpretes. Nos Estados Unidos, ninguém sabe quem são os com-positores de músicas de Michael Jackson e Madonna, por exemplo. Às vezes, são eles mesmos, mas às vezes têm grandes parceiros que o mundo desconhece. Acho que é tudo por causa do Culto do Ídolo. Como o compositor não aparece na mídia, não tem ima-gem, só tem ideia, o espaço é me-nor. Acho que hoje em dia não é interessante vender quem pense, mas sim quem canta, dança. É o culto do pop.

Há algum caso emblemáti-co?

Muitos casos, mas o mais emblemático é o de Flávio José. Ele é um cantor paraibano de muito sucesso, é um grande in-térprete. Eu diria que é um dos grandes representantes da músi-ca nordestina. Sem querer com-parar com o Gonzagão, mas hoje ele faz o papel que o Rei do Baião fazia no passado.

Pois bem, o povo chegava

para mim e pedia: “Toca ‘Caboclo sonhador’, de Flávio José!’. Mas, na realidade, a música é de Ma-ciel Melo. O compositor sempre fica esquecido. Até hoje tem mui-ta gente que pensa que ‘Caboclo Sonhador’ é de Flávio.

Algum compositor chegou para você para agradecer?

Vários. Não só composito-res, como amantes das músicas e fãs também. Eu recebi um elogio muito importante que foi o da fi-lha de Zé Marcolino, que foi um grande compositor paraibano que pouca gente sabe que é de Sumé. Eu fiz um programa es-pecial contando que ele tem vá-rios sucessos na voz de Gonzaga, como ‘Sala de Reboco’ e ‘Fazenda Cacimba Nova’. Vários clássicos da cultura nordestina são dele.

A filha dele, Fátima Marcoli-no, ligou para rádio,fez um elo-gio bem bacana, me agradeceu através de email também. Teve também o compositor Flávio Le-andro, um pernambucano que é, se eu não me engano, de Bodocó e que tem vários sucessos na voz de Flávio José, como ‘De Mala e Cuia’.

O próprio Maciel Melo, que hoje é um grande amigo, tam-bém teceu elogios. O Pinto do Acordeon e teve também os elo-gios do grande Adeildo Vieira, que é um ícone da música pa-raibana. Ele é um paraibano de Itabaiana, que trouxe um jeito novo de compor, de fazer um pop romântico nordestino meio ibérico. Ele fez alguns elogios, inclusive na coluna dele no Jor-nal A União, em que teceu loas.

Eles elogiaram o formato do programa, em que a gente sem-pre usa a letra da música em questão como pano de fundo para fazer o texto que contará a história do compositor.

Como é o processo de pes-quisa?

A gente faz um trabalho de pesquisa às vezes com o próprio autor quando às vezes a gente não consegue com o meu mate-rial, com meus livros, dicionários de música e internet. Eu me valho muito de minha memória, que é excelente. Me valho também pela amizade que tenho com alguns compositores e com parentes e amigos de alguns deles.

“No Brasil, temos o costume de só aplaudir o intérprete, quem canta ou dança.”

Page 4: Jornal A União

Agende-se!

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

PB ganha Centro de ArtesanatoO novo Centro de Artesanato de Tambaú vai ser inaugurado hoje. O evento acontece às 17h, em frente ao Centro Turístico, local onde funciona a Empresa Paraibana de Turismo (PBTur).

Essa nossa bela cidade de Nossa Se-nhora das Neves, que também já foi Fili-peia, Frederika, Parahyba e há oito décadas é João Pessoa, exerce um fascínio sobre to-dos, nascidos ou adotados, moradores ou visitantes. Confesso a minha paixão e per-cebo que com o decorrer dos anos, quanto mais a conheço e ao seu povo, mais esta paixão se faz crescente.

É que a cidade, além do nosso espa-ço de vivência, é também depositária das nossas emoções, sensações, desejos e lembranças e, com o passar do tempo, nos tornamos cada vez mais dependentes do que é mais que amor, é também parceria e cumplicidade.

Nasci ali, em Jaguaribe, na Primeiro de Maio, rua da antiga Escola Industrial e da Igreja do Rosário. A impressão que eu tinha era que o mundo inteiro acontecia naquele bairro. Até hoje, Jaguaribe guarda as mesmas características e mesmo com a migração dos filhos e netos, boa parte da ascendência familiar se mantém no bairro de tantas boas e saudosas lembranças.

Jaguaribe fez nascer um forte movi-mento cultural e de resistência que de lá se irradiou por toda a cidade. A base filo-sófica e conceitual da nossa intervenção cultural na gestão do Município e do Esta-do, com foco na cultura popular e na arte, tem suas bases naquele bairro que legou tantos artistas, intelectuais, professores e profissionais liberais para todo o país.

Lembro do pôr do sol da balaustrada nas Trincheiras. O horizonte aberto, com o verde da Mata da Graça e o azul do céu, ia se fazendo laranja e prenunciando a noi-te. Nem a presença da fábrica de cimento conseguiu sucumbir tanta beleza.

Recordo o cheiro da 24 de Maio re-pleta de jambeiros, do tapete fúcsia que a planta estendia antes de servir o fruto doce; o contraste entre a cor púrpura da casca e o branco da polpa macia e saboro-sa. Os jambeiros ainda nos davam a som-bra reparadora para o cansaço de tantas brincadeiras.

A Pedro II, que tive o prazer de dupli-car quando prefeito, era um caminho anti-go cheio de bambus que nos levava para as águas límpidas do Jaguaribe. O rio ainda abastecia parte da cidade e era o balneário preferido da meninada dos arredores.

João Pessoa é um recanto de muitos cheiros, sabores e cores. O entardecer no Centro da cidade, principalmente na tran-quilidade dos finais de semana, é mais que um passeio; é uma massagem para a alma. Sinto muita falta destes passeios li-vres pela cidade, de percorrer a elegância da Epitácio Pessoa, que mudava as suas cores com o movimento do sol poente. En-contrar a arejada Praça da Independência, que mantém ainda grande parte do seu traçado original, logradouro doado pelo ex-prefeito Guedes Pereira.

Contemplar uma das expressões modernistas dessa cidade, também irre-quieto fórum estudantil, o Lyceu Parai-bano - onde construiremos um parque esportivo brevemente - e chegar à Lagoa, nosso Parque Central, imperial como suas palmeiras, aguardando a implantação das mudanças no sistema de transportes co-letivos que virá com os BRTs. Só assim, finalmente diminuiremos a quantidade de ônibus que transitam pelo Centro para que possamos repensar e resgatar sua condição de parque.

O nosso sítio histórico, tombado pelo IPHAN numa sessão inesquecível da qual tive a oportunidade de participar para de-fender o que era ainda aspiração, se man-tém com todo potencial, mais vivo que nunca. Nos últimos anos, graças a nossa intervenção, um novo Ponto de Cem Réis surgiu imponente, ladeado por uma Du-que de Caxias também requalificada.

A Praça Rio Branco, antigo Largo do Erário, surpreende pela simplicidade e be-leza. O Shopping do Varadouro deu vez e dignidade aos ambulantes que inchavam a Rua Padre Azevedo entre o Terminal de Integração e a Praça Pedro Américo; esta também reformada e revitalizada. A Praça Venâncio Neiva, com o histórico Pavilhão do Chá, também foi reformada e requalifi-cada, e mais uma vez pousa atraente para todos os olhares.

Os fatos comprovam o volume enor-me de investimentos públicos que foram feitos nesses últimos anos em benefício desta cidade de 427 anos. Fizemos esses investimentos não apenas para valorizar a arquitetura e preservar o patrimônio his-tórico, mas porque o nosso Centro antigo continua bastante ativo comercialmente.

Na verdade, o Centro, somado ao bairro da Torre, abrigam mais de 37% do nosso comércio.

A nossa Capital, deliciosamente pro-vinciana e ousadamente cosmopolita, nas-ceu no Varadouro e só no século XX che-gou ao mar. Aqui, a natureza também nos brindou com a singularidade da Ponta do Cabo Branco a contemplar as curvas sinuo-sas das praias ao sul e ao norte. Foi a partir dessas curvas que buscamos outras pro-duzidas pelo talento do grande brasileiro chamado Oscar Niemeyer. Projetamos a Estação Ciência Cultura e Artes, a nossa Estação Cabo Branco e onde havia mais um caso típico de omissão e desprezo das au-toridades, surgiu um espaço que já dialoga com o mundo inteiro.

Essa bela João Pessoa, nossa cúmplice insuperável, chega ao fim da primeira dé-cada do século repleta de novos e velhos desafios. O trânsito talvez seja o principal deles. A violência é outra preocupação contemporânea que tem marcado nosso Estado de forma mais incisiva a partir do ano 2000. A mudança de matriz econômi-ca é também algo que precisa continuar a envolver os melhores esforços e a criativi-dade da nossa gente.

Tudo isso, poderemos tratar em futu-ros “Outros Olhares”. Esse é para celebrar

a sorte ou o destino de ter nascido nessa terra abençoada, de gente sofisticadamen-te simples e de força e determinação insu-peráveis.

Ao comemorar os 427 anos dessa jo-vem Senhora das Neves, só me resta agra-decer a sua gente a honra suprema de ter podido governá-la e a ela dedicar a minha força de trabalho, o meu tempo e o melhor das energias que pude produzir.

Agora, como governador, não podia ser diferente para com a cidade que é de todos os paraibanos, reservamos investi-mentos totais que ultrapassam a marca de 1 bilhão de reais e contemplam demandas fundamentais para o presente e o futuro da nossa Capital.

Hoje, dia 5 de agosto, 18 meses depois de iniciar um grande esforço para solu-cionar tantos problemas e permitir que a Paraíba retome o caminho do desenvlvi-mento, posso afirmar que o Estado se re-encontra com a sua Capital e inicia, final-mente, uma caminhada de passos largos e horizontes definidos.

Parabéns a todos que têm esta cidade como terra mãe, parceira, berço e espaço de vivência. Viva João Pessoa, celebremos os seus 427 anos e busquemos um futuro do tamanho do nosso desejo, nosso amor e nossa capacidade.

Ricardo Coutinho

Cores, cheiros e sabores de uma cidade

OlharesOutros

Twitter: @realrcoutinho

Governador da Paraíba

FOTOs: Evandro Pereira/Marcos Russo

Um novo equipamento do Governo do Estado – que agora passa oficialmente a se chamar Centro de Artesanato de Tambaú – será inaugurado hoje às 17h, em frente ao Centro Turístico de Tambaú, onde funciona a Empresa Paraibana de Turismo (PBTur). A inauguração contará com a participação de grupos culturais e da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba.

Os lojistas e artesãos terão um local bonito, organizado e reformado para atender suas necessidades e que também será atrativo para o turista e o consumidor paraibano. Vinte novos boxes serão entregues aos lojistas – muitos destes alocados no espaço desde os anos 1970. “A expectativa é que, a partir da inauguração, as vendas aumentem em mais de 50%. Finalmente o turista e o paraibano vão se sentir confortáveis e convidados a entrar num ambiente restaurado e agradável”, disse a presidente da PBTur, Ruth Avelino.

Segundo ela, desde 2008 a Empresa paraibana pleiteia esta reforma. “Quando o governador

Ricardo Coutinho assumiu o cargo, ele pressionou para o destravamento e continuidade da obra. Todo o ano de 2011 foi tentando resolver questões legais e este ano, finalmente, começamos a reforma física”, explicou.

Os mesmos lojistas que ali estavam antes da reforma são os que receberão o novo espaço. “Muitos estão aqui desde 1973 – ano da inauguração. Toda nossa assessoria jurídica fez um estudo profundo e encontrou esse respaldo. São pessoas que estão instaladas aí há tantos anos, não seria justo tirá-los”, afirmou.

Ruth Avelino adiantou que o espaço possui novos estatuto e regimento interno, que permite apenas que produtos paraibanos sejam comercializados no local. “Agora, 100% do que eles comercializarem deverá ser produzido na Paraíba. Isso vai beneficiar o artesão e o fabricante típicos da região – como manteiga queijo –, pois alguns vendem produtos gastronômicos também”, explicou.

Centro de Artesanato é inaugurado hoje

Page 5: Jornal A União

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Chico César comenta o primeiro concerto do Prima

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Homenagem a cidade Em 1959, o médico e artista plástico Arnaldo Tavares retratou a Festa das Neves em um bico de pena

Cineastas da cidade de Manaíra lançam sexto filme

Jerry Adriani canta hoje no encerramento da Festa das Neves

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AUDIOVISUAL MÚSICA

O jornal A União circula hoje com um presente especial para o leitor em homenagem ao dia 5 de agosto, dia de Nossa Senhora das Neves, a padroeira da Capi-tal e da Paraíba. Trata-se de um desenho feito em 1959 a bico de pena pelo médico e artista

plástico Arnaldo Tavares (1917-1992), em que retrata os festejos pelo dia da santa nos primeiros anos do século XX, que está encar-tado na edição.

O desenho, cedido pelo artista plástico Flávio Tavares, filho de Arnaldo, é intitulado ‘Alegoria a Festa das Neves’. Apesar de ter sido desenhado em 1959, retrata os festejos de Nossa Senhora das Neves do início do século passado, provalvemente da década de 20.

“Por isso que o nome é uma ‘Alegoria a Festas das Neves’. Ele faz uma lembrança ao começo, aos primórdios da festa. Veja que no primeiro plano do desenho há uma banda. Na-quela época, seguiam pelas ruas em direção ao coreto. A cidade ainda era muito interiorana, apesar de ser Capital, e existia essa tradição. Ele retratou com saudosismo”, explicou o ar-tista plástico Flávio Tavares.

Flávio recorda que o pai, em seus dese-nhos, costumava retratar a vida boêmia da cidade de João Pessoa. “Ele ilustrou muito a cidade, casarios, telhados. Ele amava muito João Pessoa, desenhou muito o Varadouro com bico de pena, ilustrou livros de Walfredo Rodrigues, Juarez da Gama Batista”, recordou.

“Como ele fazia parte daquela boemia com Virgínio da Gama e Mello e com Juarez da Gama Batista, costumava retratar esse lado. Ele circulava muito pelo centro da cidade. Era a vida que pulsava de modo romântico. Retra-tava muito esse mundo entre o Varadouro, a Lagoa, o comércio”, disse Flávio.

Arnaldo Tavares vem de uma família de fotógrafos. Ele era filho de Pedro Tavares, um pernambucano que nasceu em Goiana, que veio para a Paraíba para trabalhar como re-tratista no Palácio.

“Acredito que a maioria daqueles retratos de governadores foi ele quem tirou”, disse. “Meu avô, Pedro Tavares, foi um dos primeiros fotógrafos daqui. Antes de Stuckert, já existia Pedro Tavares”, completou.

O artista plástico Flávio Tavares revela que o talento do pai o influenciou. “Meu pai falava que tinha herdado os traços do pai assim como eu posso dizer isso hoje. Nos colégios e nas famílias, se incentivava bastante esses talentos. Não era coisa anormal não, fazia parte dos currículos”, disse.

“Ele me influenciou de forma magnífica, ao me mostrar desenho, anatomia, perspec-tiva, geometria. Além da própria ligação dele com o folclore, com o Coco de Roda, com a Nau Catarinete. Eu acho que isso influenciou não só a mim, mas propiciou à família toda a ter um entendimento das culturas populares”, disse.

“Não que ele desse aula. Ele não tinha paciência para dar aula sobre desenho, por-que ele achava que era algo natural. Mas eu escutava as conversas dele com Hermano José, que papai considerava um grande talento. Eu via Jackson do Pandeiro sentado lá em casa conversando com ele”, disse.

Para Flávio, o traço em seus desenhos de hoje lembra os do pai. “Todos os meus irmãos

FOTOS: Divulgação

Horácio [email protected]

têm caligrafia muito parecida e o desenho também é caligrafia. Eu acredito que eu tenho muito traço meu, a maneira de mexer com a pena ligada ao sistema dele”, disse.

Desenhar era apenas um dos talentos que o médico Arnaldo Tavares possuía. Nasceu em 1917 na cidade de João Pessoa, se graduou em medicina pela Faculdade Médica do Recife, se especializou em dermatologia e patologia

Arnaldo Tavares em alguns momentos: No bar Buraco da Gia, em Goiânia (à esquerda)., Embarcando para congresso na Europa (acima) e no depar-tamento de Genética da UFPB (abaixo)

e dedicou sua vida à ciência e ao combate de pestes como a Bouba, uma doença parecida com a lepra, que assolou o Brejo paraibano e outras regiões do Nordeste em meados do século passado.

“Ele não era médico de consultório”, recorda Flávio Tavares. “Não usou a medi-cina como mercantilismo. Morreu pratica-mente sem nada, nunca teve cabeça para

trabalhar a medicina com lucro”, disse.Arnaldo Tavares foi fundador da Facul-

dade de Medicina de João Pessoa, que hoje é o curso de medicina da Universidade Federal da Paraíba. Foi professor de diversas cadeiras, mas a principal dela foi patologia. Escreveu livros, em que ele próprio ilustrava.

“Ele fazia muitas ilustrações médicas. Escreveu livros ilustrados por ele, até sobre plantas medicinais”, revelou Flávio Tavares.

As multifacetas de Arnaldo não paravam nisso. Também era compositor, compôs a Or-questra Severino Araújo e tem duas músicas gravadas no disco ‘Recife 400 anos de frevo’.

“Ela era um homem meio renascentista. Ele teve um papel em João Pessoa de forma-ção múltipla de cultura, ciência e também de humanismo”, disse Flávio. “Numa época onde as elites caminhavam muito com o que estava se passando na Europa, papai já olhava para nossa cultura. Tinha visão muito brasileira, via a necessidade para de se conhecer o Brasil”, completou.

O jornal A União, então, presta a homena-gem ao médico, artista e defensor da cultura popular Arnaldo Tavares, que morreu em 1992, publicando encartado na edição de hoje o bico de pena ‘Alegoria a Festa das Neves’.

Arnaldo Tavares foifundador daFaculdade de Medicina de João Pessoa, que hoje é o curso deMedicina da UFPB

Page 6: Jornal A União

UNIÃO A

Vivências

Elaine Santos, presente. Daiane Roque, presen-te. Laiane Silva, presente. Jonathan Ribeiro, presente. Reinaldo Gouveia, presente. Maria Luíza, presente. Bryan Dias, presente. Antônio Cícero, presente. Rodolfo Matias, presente. Felipe Ribeiro, presente. Getúlio Tar-gino, presente. E foi assim: na tarde que entrou noite sem ninguém nem se dar conta, esses 11 adolescentes disseram “presente” em nome dos 70 que marcavam presença no Centro Cultural São Francisco e esperavam pacientemente para dar início ao primeiro concerto oficial do Programa de Inclusão através da Música e das Artes, o Prima.

A maioria veio de Cabedelo mas muitos também vieram do bairro de Mandacaru. Os primeiros para to-car, os segundos para cantar. E outros ainda vieram sa-ber que novidade é essa de instrumentos de orquestra nas mãos de meninos e meninas como eles nascidos na periferia. Vieram ouvir e já ficaram com água na boca os do Bairro dos Novais, sabendo que, logo, logo vão ter esse gostinho também. O Prima vai se espalhar: além de Cabedelo, Mandacaru, Bairro dos Novais chegará ao Alto do Mateus, na Capital, e depois a Tibiri, na cidade de Santa Rita. Daí, interiorizar-se em mais cinco polos até o final do ano.

O Prima não é uma escola de música mas ensina música. Prova disso deram os 70 presentes, que come-çaram a ter contato com os instrumentos e com a músi-ca propriamente dita de março pra cá e já executaram peças de Mozart, Luiz Gonzaga, Vital Farias, Villa-Lobos e até um original maracatu intitulado “Cabedelaço”, do maestro Chiquito, paraibano de Santa Luzia que colabora com o programa. Contando nos dedos, dá espantosos e alvissareiros quatro meses. Na verdade o Prima, através da música, busca ser um catalisador de potenciais humanos e de cidadania.

A ideia não é original: inspira-se na bem-sucedida experiência de “El Sistema”, idealizada pelo visionário José Antônio Abreu, que há quase 40 anos semeia cida-dania nas periferias da Venezuela através do ensino da música e da multiplicação de orquestras. Resultado: cerca de 300 orquestras (!) no país e o atendimento a quase 350 mil crianças (!). Resultado indireto: jo-vens músicos venezuelanos espalhados nas melhores orquestras do mundo inteiro e um exemplo de algo que

funciona para quem quiser copiar. (Para quem quiser saber mais sobre El Sistema sugiro que visite o site de-les: www.fesnojiv.gob.ve/. Eles próprios se dispõem a ensinar o caminho das pedras e a promover intercâm-bios, como o que gerou a Neojibá, a orquestra jovem da Bahia.

A Neojibá é a prima próxima do Prima. Foi nela que as secretarias de Cultura e de Educação da Paraíba buscaram informação para criar e pactuar o programa. Assim, aqui em nosso Estado jovens músicos, formados em música, ensinam seus instrumentos aos adolescen-tes e capacitam monitores no núcleos. Na prática ensi-nam a teoria. Os mais avançados, por sua vez, repassam seus conhecimentos aos mais novos. E assim vai. Claro que isso é pouco ortodoxo. Mas tem funcionado na Ve-nezuela, na Bahia e em todos os lugares que seguiram o exemplo. Pelo que vimos e ouvimos no Centro Cultural São Francisco, cá na terra do genial Sivuca também começa a funcionar. Prima, presente.

O Banco do Nordeste tinha na sua diretoria dois paraibanos: Pedro Gondim e Paulo Gadelha. Ambos se esforçaram para ofe-recer crédito à Paraíba visando o saneamento de suas finanças. O governador Tarcísio Burity vinha pagando aos servidores graças aos famosos saques por anteci-pação de receita, de curto prazo e juros escorchantes. Um empréstimo âncora pagaria os débitos espalhados por bancos priva-dos e concederia ao BNB o título de principal credor do Estado da Paraíba. O erário ganharia prazo de carência e juros oficiais mais confortáveis. A operação evita-ria os constantes apelos do Governo à Justiça em busca de liminares que evitassem os bloqueios de suas contas e, o Paraiban, depois fechado por isso mesmo, entre outras causas, largaria a tarefa de pagar a folha do Executivo usando seus parcos recursos, para cobertura poste-rior. O socorro do BNB seria a salvação.

O governador Burity, na dobra do segundo período do seu

mandato perdera a maioria na Assembleia e, em consequência, o presidente se tornara coman-dante–em-chefe da oposição.Essa maioria aguerrida, à medida em que se aproximavam as eleições, crescia em virulência e arrogân-cia, impedindo que as ações do governo avançassem.

O empréstimo pretendido junto ao BNB foi o cavalo de batalha com que se serviram para im-pedir que o governo equilibrasse as suas finanças e retomasse o processo de desen-volvimento, estagnado por absoluta falta de recursos. O resulta-do foi o que se viu. A Assembleia negou o empréstimo e Burity foi até ofinal do seu mandato graças a

liminares judiciais que impediam bloqueio das contas do Estado. O fechamento do Paraiban foi con-sequência e aumentou o caos.

O cenário atual se assemelha, em parte, ao do passado narrado acima. Isto por que as finanças estaduais estão equilibradas gra-ças ao esforço hercúleo do atual governo, fechando as torneiras do desperdício e direcionando inves-timentos para áreas que facilitem

seu retorno em receitas e emprego. O erário vai bem, obrigado.

A guerra do momento en-volve a Cagepa, única empresa pública de vulto que restou ao patrimônio do povo paraibano. Os déficits acumulados foram sendo cobertos por empréstimos vários, solução a que recorreram vários governos até o presente. O que no passado existia com relação ao Estado da Paraíba, existe hoje com relação àquela empresa.Vários empréstimos com juros de tirar a pele, afogam a operadora de água e esgotos, que precisa ser socorrida. Um banco oficial oferece o guarda-chuva sob cuja proteção serão abrigados todos os empréstimos privados, além de um prazo de carência que permitirá ao afogado respirar por algum tempo e reinvestir na me-lhoria dos seus serviços.

A história muda um pouco, a oposição, porém, não sofreu alteração. Mudaram as siglas e foram trocadas algumas cabeças, mas a oposição prefere patinar na desgraça. Para essa oposição, com raras e honrosas exceções, quanto pior melhor. O momento exige diálogo e o interesse públi-co não pode sucumbir diante de objetivos políticos e eleitoreiros. O péssimo exemplo de ontem, não pode prosperar nos dias de hoje.

Músico e jornalista - [email protected]

Musiclube da Paraíba:Escola de Fazer Escolas

Tínhamos 20 e poucos anos de idade e uma inquietude milenar nos corações e mentes. A inquietude jovem de querer mudar o mundo ou pelo menos pô-lo nos trilhos da dignidade. No caso, a dignidade de poder se expressar com altivez e de ser alvo de respeito ao empunhar nosso instrumento. Nascia ali, no início dos anos 80, o Musiclube da Paraíba para apontar caminhos e aprender a desarmar as armadilhas postas à caminhada, mas também saber obser-var as paisagens e fazer delas música pra enfei-tar a sina estradeira da humanidade. O capitão-de-nau Pedro Osmar chamava os músicos para assumir o leme, dentre eles Milton Dornellas, Paulo Ró, Escurinho, Totonho, Chico César, Júnior Targino, Roberto Araújo, Pádua Belmont e outros tantos companheiros cuja lista ocupa-ria todo o espaço desta coluna. E eu estava lá, enchendo as malas de pensamento pra seguir viagem.

Não era uma escola de música, era muito mais. A convivência com cancioneiros e experi-mentadores geniais eram nossas aulas, a ami-zade e o companheirismo eram nosso curso de licenciatura pra repassar os ensinamentos que a vida solidária nos ensinara. Foi importante saber das energias que põem ou arrancam um artista do palco, de entender das engenharias de poder que manipulam os movimentos das almas que clamam por expressão, de viver os palcos saben-do das plateias e dos bastidores. Mas, sobretudo, foi necessário construir ou fortalecer o compro-misso com a vida, tendo como esteio o respeito aos desejos humanos de se expressar com digni-dade.

Passados 30 anos, continuamos jovens na inquietude. Mentes estrebuchantes que cresceram junto com a barriga, mas que não se abateram ante ao duro exercício de viver. Nossas reuniões já não precisam de espaços físicos, somos reunidos em ideias que se manifestam artística e politica-mente aqui e alhures, onde existir um lampejo de inspiração guerreira. Circunstâncias históricas fizeram alguns dos nossos companheiros assumi-rem o leme de poderes institucionais e, assim po-rem em prática nossos ensinamentos, tendo agora o poder de mediar sonhos com a crueza da vida política e administrativa que rege nossos dias de cidadão. Agora são ideias que saem do poder do pensamento para os birôs onde está estampado o mapa dos desejos de toda uma cidade, de todo um estado.

As ideias gregárias do Musiclube da Paraíba estão embrenhadas em ações de inclusão cultural. Bairros que abrigam oficinas de almas criativas, praças que viraram palcos, palcos que viraram praças para encontros de cidadãos sedentos de palco, artistas que encontraram um foco de luz disponível ao seu deleite estético. Também erros. Erros que se abrem pra fóruns permanentes de discussão na busca de acertos. Esta é a lição de rua de quem aprendeu na rua. Ou mesmo a lição de casa, considerando que as casas não têm porta. O que vale mesmo são terreiros e quintais.

Os “meninos do Musiclube” cresceram. Cresceram, porque aprenderam sua condição perene de aprendizes. E na vida, tanto mais se aprende quanto mais se arrisca a erros e acertos, sem perder o foco da luz vinda da-quele farol. O farol da dignidade, cuja luz iridescente se lança pra guiar as ideias que acredi-tamos.

Adeildo VieiraPrima, presente

Ontem, como hoje

O cenário atual se assemelha ao do passado narrado acima. Isto por que as finanças estaduais estão equilibradas graças ao esforço do atual Governo As ideias

gregárias do Musiclube da Paraíba estão embrenhadas em ações de inclusão cultural. Bairros que abrigam oficinas de almas criativas

Artigo

João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Ramalho Leite Jornalista e presidente da FAC - [email protected]

Chico César Músico e secretário de Cultura da Paraíba - [email protected] vida

Page 7: Jornal A União

Cineastas de Manaíra lançam filmeA Botija II, sexta produção do grupo

Audiovisual

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Roteiro

“Os cineastas do Sertão”, como está sendo chamado um grupo de amigos da ci-dade de Manaíra, no interior do Estado, distante 480 qui-lômetros da Capital, concluí-ram mais um filme. A Botija II: O Homem que Enganou a Morte conta a estória de dois amigos João e Clementino que passam várias aventuras em busca de uma botija dada por um senhor chamado Ma-noel Rodrigues a João esposo de Zefa, que convida a morte para ser padrinho do menino que vai nascer. Mas quando a morte vem em busca de João o mesmo a engana com uma promessa a qual ele nunca irá cumprir.

Com a ideia na cabeça, vontade e persistência, eles já gravaram seis filmes que es-tão sendo vendidos na Paraí-ba e em vários Estados, inclu-sive do Sul do país. Uma das produções já recebeu o reco-nhecimento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O diretor geral dos filmes, Sa-turnino Pereira explicou que a inspiração vem da própria história da cidade. “O que não falta são elementos do passado, histórias típicas da região e fatos corriqueiros do dia a dia que nos inspi-ram a escrever”, comentou. Ele conta que assim que sur-giu a ideia resolveu convidar alguns amigos pra fazer um filme amador e o primeiro foi “A Vingança que teve uma re-percussão boa e ficou sendo o primeiro lugar em locação nas locadoras de nossa cida-de. “Fizemos e depois ven-demos em Manaíra mesmo, a produção foi bem aceita e

* Ruim** Regular

*** Bom**** Otimo

***** Excelente

COTA

ÇÃO

Funesc [3211-6280] Mag Shopping [3246-9200] Shopping Tambiá [3214-4000] Shopping Iguatemi [3337-6000] Shopping Sul [3235-5585] Shopping Manaíra (Box) [3246-3188] Sesc - Campina Grande [3337-1942] Sesc - João Pessoa [3208-3158] Teatro Lima Penante [3221-5835 ] Teatro Ednaldo do Egypto [3247-1449] Teatro Severino Cabral [3341-6538] Bar dos Artistas [3241-4148] Galeria Archidy Picado [3211-6224] Casa do Cantador [3337-4646]

SERVIÇO

então resolvemos continuar produzindo outros e graças a Deus eles são bem aceitos até hoje”, conta Suturnino.

Um dos atores dos fil-mes, Luís Alberto Alves Cos-me, conta que um dos gran-des problemas enfrentados pela equipe é com relação ao apoio financeiro que é pou-co. “A população geralmente nos ajuda, mas falta o apoio daqueles que possui maior poder aquisitivo, o apoio cultural, pois falta projetos em prol da cultura na cidade para valorizar os diversos ti-pos de cultura como a nossa, o cinema ou arte cinemato-gráfica”, lamentou.

Saturnino Pereira expli-ca o filme assim que é feito e logo distribuído. “Uma das produções, o Enganado pelo Diabo foi exibido e acabou

ganhando um certificado da UFPB, campus de João Pes-soa, após ser debatido por uma conterrânea nossa que é universitária e prima de um ex-colega nosso, o Roger, que não está mais na equi-pe, mas ajudou-nos muito”, relembrou.

Ele disse que por causa dos patrocínios que são pe-quenos, os recursos não dão para pagar todos os custos da produção como os cachês dos atores. “Então a única a coisa que agente pode fazer é dar uma cópia do filme a cada um dos atores, claro que se os patrocínios fos-sem melhores os resultados seriam bem melhores”, afir-ma.

Luís Alberto lembrou que no filme Manaíra, A Ori-gem o patrocínio até que foi

bom, tanto que a equipe foi filmar até em Baía da Trai-ção. Mas houve um proble-ma na gravação, porque a filmadora portátil molhou e acabou não tendo mais como consertar. As produ-ções realizadas pela equipe até agora são A Vingança, A Botija, Enganado pelo Diabo, Vida Sofrida, Almas Perdidas e agora A Botija II: O Homem que Enganou a Morte.

Diante dos problemas que quem quiser ajudar a equipe é só ligar para o tele-fone (083) 9663-3121 e fa-lar com Damião Pereira que faz parte da equipe. Tam-bém tem o site da empresa manaira1.blogspot.com e o e-mail de Luís Alberto que também é outro que comer-cializa os filmes que é [email protected].

Planetário do Espaço Cultural será reaberto hoje

Após um período fechado para manutenção de equi-pamentos, o Planetário volta a funcionar normalmente com sua capacidade ampliada de 70 para 135 pessoas. A reabertura será hoje – e somente nesse dia - as sessões serão gratuitas às 15h, 16h e 17h, exibindo o programa Uma Viagem pelo Universo. Para participar, os interessa-dos devem chegar com antecedência e solicitar senhas na bilheteria. As sessões regulares do Planetário ocor-rem terças e quintas-feiras para escolas agendadas com opções às 9h, 10h, 15h e 16h. Aos sábados e domingos, as exibições serão sempre às 17h. A entrada é gratuita para estudantes de escolas públicas da rede estadual e dos mu-nicípios. Para escolas particulares e para o público em ger-al, os preços cobrados são R$ 4 (inteira) e R$ 2 (estudante). O agendamento é feito exclusivamente por telefone.

Calandra já sabe namorar?

Entrou em vigor quase para valer a Lei de Acesso à Informação. Na Paraíba, já aderiram o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas e o Regional do Trabalho. Além do Regional Eleitoral, o Ministério Público, o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa e um sem número de câmaras municipais e prefeituras ainda não entraram na era da divulga-ção das informações salariais de seus servidores. Tomando emprestado o termo tão comum a Mônica Waldvogel, é uma saia justíssima para mui-tos ver seus dividendos disponíveis na internet para quem queira ver.

Novos tempos cumprem uma máxima que deveria ser respeitada desde quando colonizadores chegaram para levar tudo que pudessem revender em terras d’além mar e trás-os-montes. Imaginem: Os portu-gueses saindo com navios abarrotados de especiarias, metais preciosos e os índios conectados na internet, mandando email à ONU com os rela-tórios das pilhagens. “Ei, seu Manoel, volte aqui com o ouro que o senhor roubou da nossa aldeia!”.

Naquela época não havia internet, óbvio, mas, principalmente, não havia a consciência do cidadão a respeito de seus direitos, do conceito do que é público. E o dinheiro que os governos pagam, por direito, sai do bolso de cada brasileiro, a partir da contribuição de seus impostos. Se pagamos mais que qualquer outro país do mundo, em troca devemos ter toda a informação que nos possa ser ofertada. É justo e devido. Acabem-se os salamaleques e frescurites afins.

Por isso, não aguento a ladainha de magistrados reclamando porque seus vencimentos agora são conhecidos. A queixa de um ou outro juizinho no interior já soa arrogante, mas quando o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) Nelson Calandra chega a fazer o mesmo e com argumentação infantil, chega a despertar vergonha alheia. O repre-sentante da entidade disse ao O Estado de S.Paulo: “Qual a mulher que vai querer namorar uma pessoa que ganha mal? Um servidor de qualquer órgão público pode se achar vítima de bullying, porque foi publicada uma relação com seu salário. Se ele era bem cortejado na sociedade, pode sofrer bullying, porque não ganha de acordo com sua aparência”.

Não creio que Calandra seja machista a ponto de acreditar que se-ria o contracheque o elemento mais eficaz na atração de uma mulher. Menos ainda acredito na tese de que um servidor público seja “banido da sociedade”, porque o dinheiro em seu bolso difere do que ele aparenta dispor. Quem recebe salário mínimo não é vítima de bullying. Provavel-mente, porque está ocupado demais tentando sobreviver com tão pouco. As argumentações de Calandra são desculpas sacadas de sopetão para disfarçar o que é evidente: os juízes estão desconfortabilíssimos com essa nova era da informação e querem se agarrar a qualquer tênue pos-sibilidade de ter de volta o encastelamento prazeroso de outrora, quan-do se pensava que a investidura na toga trazia consigo algo de divino e dogmático. A casa caiu!

A situação deve ser estendida a todo e qualquer servidor público. Quem não aguentar, siga o conselho do capitão Nascimento: peça para sair e tenha na iniciativa privada justamente o que ela promete: privaci-dade. Com salário normalmente muito menor.

Cláudia [email protected]

Foto: Divugação

Depois de perder o ator Mads Mikkelsen, ago-ra Thor: The Dark World, o segundo filme de Thor, encontrou um ator para substituí-lo como o vilão do filme. É o britânico Christopher Eccleston, de G.I. Joe - A Origem de Cobra, segundo a Variety. O vilão será o senhor dos elfos negros do mundo subterrâneo: Malekith, o Maldito. Nos quadrinhos o personagem tem o po-der de transitar entre os mundos dos vivos e dos mortos, e sua história mais conhecida envolve a posse de um artefato asgardiano, a Caixa dos Antigos Invernos.

Produção de Thor encontra novo vilão para filme

O Dia Mundial da Foto-grafia é 19 de agosto. Com o objetivo de comemorá-lo, a Casa das Artes Visuais realizará a exposição Foto na Praça. Coordenado por Fernanda Eggers, o evento tem apoio da Funjope e Sedurb e vai ocorrer das 9h às 19h, na Praça Alcides Carneiro, em Manaíra. As inscrições são gratuitas, por meio do envio de e-mail para [email protected], devendo constar o nome, um telefone de conta-to e o título do ensaio. Aberta a profissionais e amadores, cada ensaio deverá ser com-posto de seis fotos, impressas em papel fotográfico no form-ato 20x30 cm e coladas (ou presas com fita dupla-face) na metade inferior de uma carto-lina preta.

CAV promove exposição Foto na Praça

Mídias em destaque

Drops & notas

Assim como os filmes anteriores, A Botija II contou com a ajuda de pequenos patrocinadores

Em cartaz

E aí...Comeu?

Os três amigos conversam o bar em uma cena de E Aí... Comeu?

31 MINUTOS (BRA/CHI, 2008). Gênero: Comédia. Duração: 85 min. Classificação: Livre. Direção Alvaro Díaz e Pedro Peirano, com Márcio Garcia, Daniel de Oliveira, Mariana Ximenes. Juanín atua como produtor no famoso noticiário de TV ‘31 Minutos’. Ele é o último de sua espécie, uma raridade que desperta o interesse de uma malvada colecionadora de animais em extinção conhecida como Cachirula. Ela só precisa dele para completar sua exótica coleção. Contando com a ajuda de Tio Careca, ela dá início a uma caçada pelo último membro dos Juanines. CinEspaço 1: 14h20 e 16h10.

VOU RIFAR MEU CORAÇÃO (BRA, 2011). Gênero: Documentário. Duração: 78 min. Classificação: 12 anos. Direção: Ana Rieper. Documentário que trata do imaginário romântico, erótico e afetivo brasileiro a partir da obra dos principais nomes da música popular romântica, também conhecida como brega. Letras de músicas de artistas como Odair José, Agnaldo Timóteo, Waldick Soriano, Evaldo Braga, Nelson Ned, Amado Batista e Wando, entre outros, formam verdadeiras crônicas dos dramas da vida a dois. CinEspaço 1: 18h10 e 21h50. Hoje não haverá a sessão das 18h10.

O QUE ESPERAR QUANDO VOCÊ ESTÁ ESPERANDO (What To Expect When You’re Expecting, EUA, 2012). Gênero: Romance. Duração: 110 min. Classificação? 12 anos. Direção: Kirk Jones, com Cameron Diaz, Jennifer Lopez, Rodrigo Santoro. Holly queria muito adotar um filho, mas seu marido Nate não tem a menor ideia do que é ser pai e, no fundo, não se sente nem pronto para isso. Pressionado para mudar essa realidade, ele acaba indo parar num grupo de novos pais, liderados por Vic, um cara que se amarra em tirar sarro com a cara dos outros. CinEspaço 3: 14h30, 16h50, 19h10 e 21h30. Manaíra 4: 12h, 14h20, 16h40, 19h15 e 21h45. Tambiá 1: 14h45, 16h45, 18h45 e 20h45.

Fernando, recém separado, passa boa parte do tempo tentan-do compreender o fracasso de seu casamento com Vitória. Já Honório é um jornalista machão casado com Leila. E Fonsinho escritor sol-teiro, metido à intelectual. Juntos, eles buscam entender o papel do homem no mundo atual, povoado por mulheres de ideias modernas.

BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (The Dark Knight Rises, GBR/EUA, 2012). Gênero: Suspense. Classificação: 12 anos. Dublado e Legendado. Direção: Christopher Nolan, com Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy. Oito anos após os eventos ocorridos em Batman - O Cavaleiro das Trevas, o terrorista Bane retorna para Gotham City, provocando o pânico e o desespero. Sem forças para enfrentar o terrível criminoso, sedento de sangue, a polícia da cidade chega ao seu limite, fazendo com que Batman retorne de seu exílio por ter sido responsabi-lizado pelos crimes de Harvey Dent. CinEspaço 4: 14h30, 17h45 e 21h. Manaíra 2: 19h05 e 22h30. Manaíra 3: 15h05, 18h30 e 22h. Manaíra 5: 14h, 17h30 e 21h. Manaíra 6: 13h10, 16h30 e 20h. Tambiá 2: 14h40, 17h40 e 20h40. Tambiá 5: 14h20, 17h20 e 20h20.

VALENTE (Brave, EUA, 2012). Gênero: Animação. Duração: 100 min. Classificação: Livre. Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell. A história acompanha Merida, a princesa de um

reino governado pelo rei Fergus e a rainha Elinor. Determinada em seguir o seu próprio caminho na vida, Merida desafia um antigo costume sagrado que coloca em perigosa o reino e a vida de sua família. Então ela parte em busca de uma velha sábia para tentar consertar seu erro. CinEspaço 2: 14h, 16h, 18h, 20h e 22h. Manaíra 1: 13h20, 15h35 e 18h.Tambiá 3: 14h30, 16h30 e 18h30. Tambiá 6/3D: 14h e 18h.

E AÍ... COMEU? (Brasil, 2012). Gênero: Comédia. Duração: 102 min. Classificação: 14 anos. Direção: Felipe Joffily, com Emílio Orciollo Netto, Seu Jorge e Tainá Müller. Fernando, recém separado, passa boa parte do tempo tentando compreender o fracasso de seu casamento com Vitória. Já Honório é um jornalista machão casado com Leila. E Fonsinho escritor solteiro, metido à intelectual. Juntos, eles buscam entender o papel do homem no mundo atual, povoado por mulheres de ideias modernas. CinEspaço 1: 19h50. Manaíra 8: 13h30, 16h, 18h20 e 20h50.

A ERA DO GELO 4 (Ice Age 4 – Continental Drift, EUA). Duração: 100 min. Classificação: Livre. Gênero: Animação. Dublado. Direção: Steve Mar-tino e Mike Thrumeier. O novo longa-metragem da turminha gelada trata do efeito estufa e o degelo, como pano de fundo, para ilustrar uma série de acontecimentos. Manaíra 2: 12h30, 14h40 e 17h. Tambiá 4: 14h15, 16h15, 18h15 e 20h15. Tambiá 6/3D: 16h.

O ESPETACULAR HOMEM ARANHA (The Amazing Spider-Man, EUA, 2012). Gênero: Ação, aventura e suspense. Duração: 136 min. Classificação: 10 anos. Direção: Marc Webb, com Andrew Garfield, Sally Field, Martin Sheen e Emma Stone. A história de Peter Parker, estudante rejeitado por seus colegas e abandonado por seus pais, ainda criança, mas criado pelo Tio Ben. O adolescente tenta entender quem é, enquanto começa a viver a primeira pai-xão. Manaíra 1: 20h30. Tambiá 3: 20h20. Tambiá 6/3D: 20h.

Foto: Divulgação

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UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Música

A música erudita da Orques-tra de Câmara da Cidade de João Pessoa (OCCJP), a irreverência da Banda Omelete e o romantismo de Jerry Adriani encerram hoje a programação musi-cal da Festa das Neves.

Primeira atração da noite, a Orques-tra de Câmara sobe ao palco de shows do Ponto de Cem Réis às 20h, para executar o Concerto Para a Cidade, com um repertório voltado, na maior parte, para composições de artistas locais, principalmente as com-posições de Genival Macedo (1821-2008), o grande homenageado da Festa das Neves, autor da música ‘Sublime Torrão’, conheci-da popularmente como o ‘Hino da Paraíba’.

No repertório da apresentação tem ainda ‘Hino do Estado da Paraíba’ (Abdon Milanês) e ‘Vozes da Primavera’ (Johann Straub), além de “João Pessoa, Cidade”, com arranjo de Carlos Anísio. De Genival Macedo, a OCCJP executará, também, ‘Ci-dade Jardim’ e ‘Manhã de Esperança’.

Banda OmeleteA Banda Omelete, segunda grande

atração da noite de encerramento da Festa das Neves 2012, promete levar humor e muita descontração para o Ponto de Cem Réis. “Vamos fazer uma ‘caricatura do bre-ga’ neste show”, disse o vocalista do grupo, Sinfrônio Petrônio.

Formada há 19 anos, a Banda Omelete deve subir ao palco com seis componentes e fazer um show para toda a família, com canções de nomes como Odair José, Sidnei Magal, Wando, Evaldo Braga, Waldick So-riano, Reginaldo Rossi, Carlos Alexandre e muitos outros. “Será um show de humor sem palavrão. Um show para pais e filhos”, acrescentou.

Jerry AdrianiNo show deste domingo, o público vai

ouvir sucessos como ‘Broto legal’, ‘Namo-radinha de um amigo meu’, ‘Querida’, ‘Doce

FOTOS: Divulgação

Orquestra de Câmara, Banda Omelete e Jerry Adriani encerram programação musical da Festa das Neves

Irreverência &

romantismo

doce amor’, entre outras canções que mar-caram a carreira de Jerry Adriani, que teve início em 1964, com o LP Italianíssimo.

Nascido Jair Alves de Souza, Jerry gravou, também em 1964, o LP “Credo a me”, e, em 1965, estourou com “Um Grande Amor”, primeiro LP gravado em português.

Além de cantar, o artista comandou, entre 1967 e 1968, na TV Tupi, A Grande Parada, um musical ao vivo que apresen-tava os grandes nomes da MPB, consa-grando-se definitivamente como um dos cantores de maior popularidade em todo o país. Jerry Adriani também fez três filmes como ator e cantor.

No início da década de 90, o cantor gravou um disco que trazia de volta as

origens do rock’n’roll: “Elvis Vive” (um tributo ao rei do rock, do qual sempre foi fã). O álbum foi o 24° de sua carreira.

Em 1999, lançou hits da Legião Urbana em uma versão para o italiano, com as mú-sicas ‘Se fiquei esperando meu amor passar’ ‘Será’, ‘Monte Castelo’, ‘Há tempos’, ‘Giz’, ‘Angra dos Reis’ etc. O CD ‘Forza Sempre’ já ultrapassou as 200 mil cópias vendidas.

Entre 2000 e 2001, o artista gravou Tudo Me Lembra Você, mesmo título da música de trabalho, que também fez parte da trilha sonora da novela ‘Roda da Vida’, exibida pela Rede Record. Em 2006, participou da trilha sonora da novela ‘Ci-dadão Brasileiro’ (Rede Record), com uma releitura atualizada da música “Jailhouse

Rock”, conhecida mundialmente na voz de Elvis Presley.

Brincantes e BagaceiraAlém da Orquestra de Câmara, da Ban-

da Omelete e de Jerry Adriani, no Ponto de Cem Réis, do lado da Rua Duque de Caxias, no tablado, a partir das 18h, se apresentam os grupos da cultura popular do projeto Brincantes Brasileiros na Paraíba.

Este domingo também será a última chance de curtir, na Praça Rio Branco, as atrações da “Bagaceira”, onde, além das barracas de comidas típicas nordestinas e de bebidas, uma programação musical promete animar o público com atrações ao meio-dia e após às 19h30.

A Orquestra de Câmara Cidade de João Pessoa

será a primeira a se apresentar na noite de

encerramento, que terá como grande atração o

cantor Jerry Adriani

Page 9: Jornal A União

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Conheça o trabalho do Centro de Valorização da Vida

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FOTO: Divulgação

O caminho para um tráfego urbano menos poluente no Bra-sil pode estar mais curto graças a projetos pioneiros brasileiros de transporte coletivo e individual limpos, sem emitir poluição nem barulho.

O Laboratório de Hidrogê-nio da Universidade de Campinas (Unicamp) começou a desenvolver na década de 1990 o primeiro carro nacional elétrico movido a hidrogê-nio, que emite apenas água do es-capamento.

Criado três anos antes, só em 2009 entrou em operação no Esta-do de São Paulo o ônibus movido a tração elétrica híbrida (célula de combustível a hidrogênio e bate-rias). Esse projeto foi financiado pelo Ministério de Minas e Ener-gia, Finep e a GEF (Global Envi-ronment Facility)/Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desen-volvimento).

Os ônibus paulistas con-seguem rodar 300 km com hi-drogênio sem reabastecer e, se for preciso, podem andar mais 40 km utilizando apenas bateria. A fumaça lançada pelo ônibus comum (a diesel) é rica em gases poluentes. Nesse processo limpo , a célula de combustível transfor-ma energia química em energia elétrica sem haver combustão, portanto, sem poluição. Atual-mente, no corredor metropoli-tano São Mateus/Jabaquara (SP), um dos quatro ônibus “verdes” já circula e transporta passageiros em período integral.

Em 2010, foi a vez de o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-gra-

duação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apre-sentar o primeiro ônibus movido a hidrogênio totalmente com tec-nologia brasileira. Esses ônibus es-tarão disponíveis para o público até a Copa do Mundo de 2014, no Rio.

Atualmente, mais de 20 em-presas desenvolvem, fabricam ou comercializam veículos elétricos no país.

O preço dos carros elétri-cos é maior do que os movidos a gasolina e/ou etanol, prin-cipalmente pelo alto custo de fabricação das baterias. Os ou-tros inconvenientes são ocupar muito espaço dentro do veícu-lo, a baixa autonomia (exige reabastecimento após andar cerca de 200 km) e a falta de uma ampla rede de abasteci-mento de eletricidade.

IncentivosO Brasil conta com diversos

incentivos para que os consumi-dores utilizem veículos elétricos que, assim como os movidos a hidrogênio, são silenciosos e não poluem. Os proprietários de veícu-los elétricos são isentos de pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) em sete Estados: Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe.

Em outros três (Mato Gros-so do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo) há desconto do imposto. E na capital paulista, os elétricos não estão sujeitos ao rodízio de veículos.

País trabalha projetos de transporte sem poluição

Veículos limpos

O carro elétrico ainda está em fase em-brionária no Brasil, mas não é por falta de dedicação de organizações não governa-mentais e privadas que, em conjunto ou se-paradamente, trabalham para que o Brasil esteja inserido no que há de mais moder-no no setor automobilístico global. Neste sentido, muito se evoluiu na semana da Rio + 20, especialmente no Fórum Global em Mobilidade Elétrica, onde foi discutido, dentre outros assuntos, a viabilidade e o futuro do carro elétrico no Brasil.

O presidente executivo da Associação Brasileira do Veículo Elétrico – ABVE, Pietro Erber, defendeu a importância de ter uma política pública para os VEs priorizando os seguintes pontos: tratamento fiscal dife-renciado, controle de emissões e incentivo ao sucateamento de veículos obsoletos, preços das energias compatíveis com seus custos de obtenção e utilização, cobrança de externalidades negativas para financiar a racionalização dos transportes.

Para Pietro, a difusão do carro elétrico no Brasil, depende de pelo menos três me-didas: a) fiscal - redução de impostos e ta-xas dos VEs (o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA deve ser cobrado proporcionalmente ao consumo e ao espaço ocupado; b) Carregamento - ex-pandir a rede, padronizar conexões, incen-tivar carregamento fora de ponta e obter apoio das empresas distribuidoras; c) Pro-dução local - produzir VEs localmente, criar fontes de financiamento e padronização.

Os veículos elétricos vieram para ficar e quem não se preparar para atender as ne-cessidades do consumidor pagará mais tar-de o preço da decisão. Pensando assim é que a BMW já rodou mais de 16 milhões de qui-lômetros testando os seus carros elétricos e híbridos. Isso é o que garantiu o diretor pre-sidente da BMW Henning Dornbusch.

Apesar de diagnosticar a Ásia, Améri-ca do Norte e Europa como as regiões que mais chances têm de dominar o mercado de VE, Dornbusch diz que o domínio da melhor tecnologia do carro elétrico não se dará por país ou região, mas sim por fa-bricante. Para ele, regiões como Rio e São Paulo têm grande potencial para explorar mercado de carros elétricos. Com relação à aliança do Pacífico, ele acredita que não vai afetar tanto a nossa região, pois “o Brasil é um país de consumo, ao contrário do México que é exportador. Além disso, o potencial do Brasil é de 5 milhões de carros por ano, e hoje são produzidos em torno de 3,6 milhões.”.

Em seu ponto de vista, o veículo elé-trico irá se desenvolver por aqui à medida que houver regulamentação do governo, investimento em infraestrutura , benefícios adequados para os consumidores e desen-volvimento de fornecedores de classe glo-bal que atualmente estão na Ásia, América do Norte e Europa.

Fonte: Ministério de Ciência e Tecnologia e Associação Brasileira do Veículo Elétrico

Inserção do Brasil no que há de mais moderno no setor automobilístico

Page 10: Jornal A União

Tecnologia

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

EDITALRegistro Imobiliário da Comarca de Itabaiana - PB

EDITAL DE LOTEAMENTOREGINA COELI RODRIGUES DA SILVA, na forma da lei. Faz público para ciência dos interessados, em cumprimento ao disposto no art. 2º do Decreto-Lei nº 58 de 10.12.1937, regulamentado pelo Decreto nº 3.079, com modificações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 271 de 28.02.1967, ao qual foi incorporada a Lei nº 4.591 de 16.12.1964, que ANNÍBAL PEIXOTO FILHO, brasileiro, casado, promotor de justiça e professor aposentado, residente e domiciliado na Cidade de Cabedelo/PB, depositou neste cartório, situado na Av. José Silveira, nº 70, Centro, Itabaiana/PB, o memorial, plantas e demais documentos relativos ao imóvel de sua propriedade localizado no Município de Itabaiana/PB, denominado “LOTEAMENTO ALTA VISTA II”, com área de 167.901m2, composto de 21 (vinte e uma) quadras, 294 (duzentos e noventa e quatro) lotes de terreno, dotados com infra-estrutura básica como: ruas, água, energia elétrica, equipamento comunitário e área verde.As impugnações daqueles que se julgarem prejudicados quanto ao domínio do referido imóvel deverão se apresentar no prazo de 15 (quinze) dias a contar da terceira e última publicação do presente edital. Findo o prazo e não havendo recla-mação, será feito o registro, ficando os documentos à disposição dos interessados no horário de expediente.Dado e passado na Cidade de Itabaiana, Estado da Paraíba, 30 de julho de 2012.Eu, Tabeliã do 1º Ofício da Comarca de Itabaiana – PB, que digitei e assino. O referido é verdade e dou fé. Regina Coeli Rodrigues da Silva - 1ª Tabeliã Oficiala do Registro Geral de Imóveis de Títulos e Documentos - Itabaiana Paraíba

Pesquisa continua nas universidades

África e AL têm tecnologia do Brasil

Brasília - Pesquisadores da América do Sul e da África debateram na última sexta-feira experiências na área de agricultura durante o Fórum de 2012: Africa – Brazil – Latin American and Caribbean da Plataforma de Inovação Agro-pecuária.

O Fórum é uma iniciativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Minis-tério da Agricultura, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Segundo informa o diretor da ABC, ministro Marco Farani, o principal resultado dessa iniciativa é um avanço nas áreas de pesquisa de cada um dos países. “Essa inicia-tiva é importante porque aproxima cientistas brasileiros de cientistas latino-americanos e de africanos”.

O diretor-presidente da Em-brapa, Pedro Arraes, disse que a empresa e os parceiros estão dando condições para que os pesquisa-dores desses países possam ter grandes empresas de pesquisa. “Hoje, a tecnologia é global. O que nós estamos fazendo é dar as condições para que eles tenham grandes empresas de pesquisa”.

Foram aprovados 20 projetos de países africanos para fazer parte da plataforma África-Brasil nesse ano, e cinco de países da América do Sul pela plataforma América Latina e Caribe-Brasil de Inovação Agro-pecuária.

Cada projeto tem o valor de cerca de US$ 80 mil. Os pesquisa-dores dos países dos continentes serão capacitados por técnicos da Embrapa.

Rio de Janeiro – A greve nas instituições federais de ensino tem impacto diferente na graduação, na pós-graduação e na pesquisa. Segundo professores ouvidos pela Agência Brasil, embora a graduação esteja parada em praticamente todas as universidades, ainda que alguns cursos não tenham aderido, parte dos programas de pós-gradu-ação manteve seu calendário normal e deve retomar às atividades este mês e é comum os núcleos de pes-quisa das instituições manterem as atividades no período de greve.

“A greve é um estado estranho para nós da academia. Muitas das categorias quando entram em greve assumem as consequências (da paral-isação). Quando terminar a greve, os professores vão ter de repor estas aulas nas férias”, disse o professor associado da Escola de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), André Lemos, representante da área de comunicação no Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí-fico e Tecnológico (CNPq), agência de fomento à produção científica ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo Lemos, os progra-mas de pós-graduação não param. O professor informou que a Coorde-nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão respon-sável pela avaliação dos cursos de pós-graduação stricto sensu no país, enviou documento ao programa do qual ele faz parte na UFBA, que, se-gundo Lemos, deve ter circulado em outros programas de pós-graduação do país, e informou que nenhum calendário será alterado. “Prazo de bolsas, editais, toda a burocracia das agências está mantida, como se não estivéssemos em greve”, disse.

O chip ou Circuito Inte-grado (CI) é um dos semicon-dutores mais importantes em um produto eletrônico moderno, como notebooks ou smartphones. Para aten-der a crescente demanda, o país conta com o CI-Brasil, programa ligado ao Ministé-rio da Ciência e Tecnologia, responsável por desenvolver a indústria nacional de mi-croeletrônica.

Um dos objetivos do CI--Brasil é formar especialis-tas por meio do Programa Nacional de Formação de Projetistas de Circuitos Inte-grados.

Diversas empresas, cen-tros de pesquisa e startups integram o setor de Circuito Integrado no País. Algo bem diferente do Brasil dos anos 50. As primeiras instituições a desenvolverem pesquisas de semicondutores foram o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), a partir de 1953, e o Instituto de Fí-sica da Universidade de São Paulo (USP), nos anos 60, quando a indústria eletrôni-ca brasileira começou a ser implementada.

Em 1968, a Escola Po-litécnica da USP inaugurou o primeiro laboratório de microeletrônica do país, o LME, pioneiro no desenvol-vimento de várias tecnolo-gias, entre elas, a criação do primeiro chip 100% nacional em 1971.

Em 1974, é a vez de a Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fundar o LED (Laboratório de Ele-trônica e Dispositivos), que desenvolveu equipamentos de microeletrônica, como for-

Brasil é pioneiro na América Latina Produção de chiP

FoTo: Divulgação

CI-Brasil é o programa que desenvolve a indústria nacional de microeletrônico

Primeiro chip 100% nacional foi desenvolvido, em 1971, pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, entre outras tecnologias

nos térmicos. O LED é o atual Centro de Componentes Se-micondutores (CSS), respon-sável por pesquisa de ponta em técnicas de micro e nano tecnologias, além de cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão na área.

O mercado de microele-trônica expandiu-se nos anos 70, puxado pelo aumento do consumo de bens de consumo duráveis – geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa etc. Nos anos 80, pouco mais de 20 empresas fabricantes de

componentes eletrônicos já operavam no Brasil.

O setor sofreu uma retra-ção com a Lei de Informática, de 1991. O objetivo era fo-mentar um mercado nacional, mas o efeito foi contrário. Pela legislação, ganhariam isenção

as empresas que cumprissem o chamado Processo Produ-tivo Básico (PPB), que fixava um percentual mínimo de nacionalização. Mas essa na-cionalização era para os pro-dutos finais, e não para a pro-dução dos chips.

Sem incentivos, várias empresas fecharam ou sa-íram do país, que passou a importar chips. Entre 1989 e 1998, a produção nacional de semicondutores caiu de US$ 200 milhões para US$ 54 milhões, de acordo com a Associação Brasileira da In-dústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Só em 2001, com a nova Lei de Informática, a produ-ção de chip voltou a ter for-ça. A partir de então, os fa-bricantes teriam até 97% de desconto do IPI (Imposto de Produtos Industrializados), desde que investissem 5% do faturamento em pesquisa de novas tecnologias. Depois

desta, outras leis ampliaram a possibilidade de isenções fiscais que aceleraram o de-senvolvimento de inovações tecnológicas dentro do Brasil.

O grande marco veio em 2008, com a fundação do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica (Cei-tec), empresa pública federal responsável por desenvolver chips com tecnologia nacio-nal. O Ceitec é a primeira fábrica de chips da América Latina.

Chip orgânicoOutra iniciativa que tam-

bém ganha destaque na cor-rida tecnológica brasileira é a pesquisa em eletrônica or-

Falta de incentivo afugenta empresagânica, ou seja, com produtos baseados em carbono em vez dos tradicionais silício ou co-bre.

O Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (Ineo), integrado ao Instituto de Fí-sica da USP em São Carlos (interior de São Paulo), de-senvolve dispositivos eletrô-nicos a partir de moléculas orgânicas.

Esses componentes são utilizados, por exemplo, em telas luminosas e “displays” de computadores e televi-são com a tecnologia OLEDs (em português, Diodo Orgâ-nico Emissor de Luz). Uma tela com essa tecnologia é composta de moléculas que emitem luz ao serem atra-vessadas por uma corrente elétrica. Além de consumir menos energia, a tela exibe imagens com mais nitidez.

“Os trabalhos do Ineo estão focados, além de outras tecnologias ligadas à eletrô-nica orgânica, no desenvol-vimento de dispositivos con-servadores de energia, que podem simular, por exemplo, uma espécie de fotossíntese para gerar energia”, afirma Roberto Mendonça Faria, co-ordenador das atividades do instituto.

(Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia)

São Paulo – Uma pesquisa desenvolvida pelo Hospital do Cora-ção de São Paulo (HCor) com apoio do Ministério da Saúde pode se trans-formar em uma nova opção de tratamento contra a obesidade mór-bida. O procedimen-to usa um estimulador elétrico para atuar em uma região específica do cérebro ajudando o doente a perder peso. O mesmo método já é re-gulamentado para ou-tros tratamentos, como para aliviar os sintomas do mal de Parkinson.

A diretora clínica de pesquisa neurológi-ca do HCor, Alessandra Gorgulho, explicou que o método já foi testado com sucesso em maca-cos e suínos e agora será experimentado em seis pacientes. Segundo ela, o objetivo é verificar a tolerância do cérebro à estimulação contínua que provocou a diminui-

ção de peso em suínos, provavelmente alteran-do o metabolismo.

Os testes deverão começar em 2013 e, nes-sa primeira fase, termi-narem no final de 2014. Alessandra destaca que apesar do método já ser usado em outras tera-pias, “é a primeira vez que seres humanos se-rão implantados nessa região do cérebro (hipo-tálamo)”.

A pesquisadora es-tima que serão neces-sários pelo menos dez anos de trabalho até que técnica possa ser aprovada para uso tera-pêutico contra obesida-de mórbida.

O objetivo é que a técnica seja uma alter-nativa, menos invasiva, às cirurgias de redução de estômago. “A ideia não é conseguir um efei-to tão dramático como o que se consegue com a cirurgia bariátrica”, ex-plicou Alessandra.

Estímulo elétrico é nova opção para tratamento

oBesidAde mórBidA

Page 11: Jornal A União

Saúde

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Solidão e depressãoCVV recebe 2,9 mil chamadas por mês na PB

FOTO: Divulgação

Um serviço gratuito que ajuda pessoas que sofrem de solidão, de-pressão ou tristeza. Mas também um lugar onde as pessoas podem compartilhar suas histórias vito-riosas com alguém. Assim é o Cen-tro de Valorização da Vida (CVV), que foi criado no Brasil em 1962 e existe na Paraíba há 26 anos, com atendimento em João Pessoa e Campina Grande. Para ser aten-dido, basta ligar ou ir pessoalmen-te ao local. Para ser voluntário o primeiro passo é procurar um dos grupos e se oferecer.

Os atendimentos em João Pessoa e Campina Grande mensal-mente chegam a beneficiar 2.900 pessoas. São aproximadamente 600 chamadas por mês em João Pessoa. Já em Campina Grande são cerca de 2.300 atendimentos men-salmente.

De acordo com Aparecida Melo voluntária especialista e as-sessora de comunicação do CVV João Pessoa, as pessoas procuram alguém que possa ouví-las sem crí-ticas, sem julgamento. “Isso acon-tece porque poucas pessoas se dispõem a ouvir alguém verdadei-ramente nos dias de hoje. E ouvir verdadeiramente não é fácil por-que implica compreender o que a outra pessoa diz com o real senti-do que aquilo faz para ela. Ou seja, é ser empático, é se colocar no lu-gar da outra pessoa e perceber as coisas como ela percebe”, disse.

Aparecida disse que as pes-soas que procuram o serviço, na maioria das vezes apresentam so-lidão, depressão, tristeza, conflitos familiares e perdas em geral como: luto, separação. “No entanto tam-bém nos contam sobre vitórias e conquistas que desejam comparti-lhar com alguém”, comentou.

A assessora explicou que o voluntário do CVV possibilita a quem procura o serviço encon-trar-se, descobrir suas potenciali-dades e seguir adiante em seu ca-minho, independente do que seja abordado, o que mais é almejado é alguém que as escutem. “Essas pessoas têm assegurado seu ano-nimato. Somos amigos tempo-rários e por isso não mantemos contato com as pessoas que pro-curam atendimento.

O que é O Centro de Valorização da

vida é um programa caracteriza-

do pelo oferecimento de apoio emocional, através de conversa, às pessoas que procuram o cen-tro para expor coisas que causam sofrimento. Acredita-se que este meio de ajuda previne o suicídio. É a organização não governamen-tal mais antiga do Brasil, formada exclusivamente por voluntários. Existe no Brasil desde 1962 e na Paraíba há 26 anos.

Em João Pessoa o CVV faz ações comunitárias como pales-tras em empresas, colégios e co-munidades. “São realizados tam-bém cursos e ações destinadas ao público em geral, o CVV está aber-to a parcerias com empresas, e instituições que realizam eventos”, comentou Aparecida.

Lidiane Gonçalves [email protected]

Que mensagem pode nos dei-xar um ato trágico como o suicídio de uma pessoa? Algo tão inusitado, pois vai contra até a um dos instin-tos mais comuns a todas as formas de vida: o da sobrevivência.

A artista Cibele Dorsa deixou explícito, por escrito, algo que a impulsionou a auto destruição: so-lidão.

Note-se que estamos falando de uma personalidade, uma pessoa rodeada de admiradores, persegui-da por fãs, que frequentava as me-lhores festas, enfim, como pode se dizer solitária?

Talvez por pobreza de vocabu-lário, talvez por indiferença huma-na, o senso comum associa solidão à falta de pessoas ao redor, ou seja, é uma situação constatada pela vi-são externa, quando, na verdade, solidão é um estado de espírito, é um sentimento dos mais íntimos e individuais.

E tão difícil quanto entender a solidão é saber lidar com ela, pois é

algo que começa pequeno e vai se avolumando aos poucos. Toma con-ta de todos os outros sentimentos que poderiam nos trazer a felici-dade e a estabilidade emocional. Torna-se arrasadora! Como foi com a Cibele: arrasou sua própria vida e de tantas pessoas que a amavam e carregarão essa sensação de que poderiam ter feito algo.

A razão disto, não está pro-

priamente nessas pessoas, nem na própria Cibele. Nossa socieda-de esconde verdades sob o tapete. Finge que fotos bonitas substituem conversas sobre sentimentos, que amizade é estar junto na festa e não estar ao lado em qualquer si-tuação (principalmente nas mais difíceis).

Matar esse monstro chamado solidão não é fácil, mas é possível. Ouvir alguém sem julgar suas emo-ções, pensamentos e atos, demons-trando que os sentimentos dessa pessoa são importantes para você. Esse ainda é o melhor remédio. Não custa, não tem contra indicações e pode ser praticado em qualquer lo-cal por qualquer pessoa.

Ao invés de simplesmente nos chocarmos, vamos evitar que ou-tros casos surjam. Vamos aprovei-tar o drama da Cibele, com todo o respeito que ela merece, uma refle-xão sobre nosso modo de nos rela-cionar com os outros e com nossos próprios sentimentos (CVV).

A lembrança do Dia das Mães é sempre algo relacionado a fes-tas, almoços em família, troca de presentes, reunião de gerações! Infelizmente, para uma parcela da população é a data de lembrar a perda recente do filho ou da mãe, da angústia de não conseguir en-gravidar, da saudade que ficou.

A tristeza é ainda maior, quan-do fica difícil externar este senti-mento, uma vez que a data instituí-da contagia todos os lugares onde passamos como, trabalho, comér-cio, escolas. E as pessoas ao redor estão planejando o melhor presen-te, o encontro de domingo. Como lidar com isso?

Sabemos que a dificuldade de expressar os sentimentos acaba au-mentando o sentimento de tristeza, que pode gerar angústia e uma sensação de não ter com quem di-vidir. Ouvir as pessoas, sem julgar suas emoções, pensamentos e atos, demonstrando que os sentimentos dessa pessoa são importantes para você pode fazer toda a diferença.

E é acreditando nisso, que o CVV - Centro de Valorização da Vida realiza um trabalho de apoio emocional gratuito e 24 horas para quem precisa, por telefone, chat, pessoalmente, VoIP ou e-mail.

A entidade se propõe a ser o ombro amigo, a escuta atenta das horas difíceis de mais de 1 milhão pessoas que precisam de ajuda, e sentir a melhora na grande maio-ria das ligações reforça a certeza de que às vezes um ato simples pode auxiliar muito. Quantos de nós não temos nossos momentos difícies? Eles não marcam hora e, sim, podem chegar enquanto todos os demais estão comemorando e extremamente felizes!

O preconceito da sociedade em falar sobre os sentimentos aca-ba gerando problemas ainda maio-res como o próprio suicídio, em casos extremos. A cada ano 1 mi-lhão de pessoas morre por suicídio no mundo, o que corresponde a uma taxa de mortalidade de 16 por 100 mil habitantes, isto é o mesmo que uma morte a cada 40 segun-dos. A previsão é de que em 2020 esse número seja de uma morte a cada 20 segundos.

Final de ano é época de festividades, reencontros e no-vos planos. Pelo menos isso é o que nos diz o senso comum.

Por diversos números, sa-bemos que essa situação está longe de ser unanimidade. Existem pessoas que não en-xergam motivos para come-morar, não querem promover reencontros e, muito menos, sentem-se estimulados para fazer novos planos. Essas ati-tudes têm diversas causas que, normalmente, não têm origem no período do Natal em si, mas são agravadas pela proximidade das festividades de final de ano.

Historicamente o CVV per-cebe essa realidade, pois a pro-cura pelo seu serviço de apoio

emocional aumenta conside-ravelmente às vésperas do Na-tal. São, na maioria, pessoas que se sentem sozinhas e pre-cisam conversar com alguém que se coloque ao seu lado, sem críticas ou julgamentos.

Atualmente, o CVV pres-ta esse apoio para as pessoas pelo telefone (número 141, nacionalmente), pessoalmen-te em seus 71 endereços, pelo chat, VoIP e e-mail (já esses três últimos pelo site www.cvv.org.br).

Quem sente a necessi-dade de conversar escolhe a forma que mais lhe convém e recebe o apoio gratuitamente e sob total sigilo. (Alankardec Gonzalez, médico psiquiatra e diretor do CVV)

Apoio emocional deve ser maior durante festas de fim de ano

Verdade escondida debaixo do tapeteSuicídio vai contra até a um dos instin-tos mais co-muns a todas as formas de vida, que é a sobrevivência

Dia das Mães pode significar tristeza

Mais informações sobre o CVV - www.cvv.org.br/

Assistência

nOnde encontrar ajuda na Paraíba?

Em João Pessoa: Av. Rui Barbosa, s/n (Prédio do antigo Lactário da Torre) - Torre - CEP 58040-490, telefone (83) 3224-4111 ou 141, [email protected] - Atendimento das 12h30 às 22h30 por telefo-ne e das 13h às 17h pessoalmenteCampina Grande: Rua Maciel Pinheiro, 170 - Andar Vazado - S/01 - Centro - CEP 58400-100, telefone (83) 3321-4111 / 141, [email protected] Atendimento 24 horas por telefone ou das 8h às 18 pessoalmente

nVoluntariado

Para quem pretende ser um voluntário o canal de comunicação é o telefone 88677560. No entanto, a pessoa precisa seguir alguns requisitos para fazer parte do CVV. “O voluntário tem que ter no mínimo 18 anos, cinco horas livres por semana para o trabalho no CVV, passar por um curso com duração de sete encontros sema-nais e vontade de ajudar as pessoas”, explicou Aparecida Melo, que disse que são apenas 10 voluntários em João Pessoa, por isso o atendimento ainda não é 24 horas. A intenção é formar mais voluntários.

Paciente deve ser ouvido sem críticas e julgamentos

Page 12: Jornal A União

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Social

Ele disse Ela disse

oretti G Zenaide“Confie em seu marido, adore seu marido e passe o máximo que puder para o seu próprio nome”

NELSON RODRIGUES

@[email protected] colunagorettizenaide

Concurso para designersNA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA, a Chilli Beans lançou

concurso cultural que dará a oportunidade a um talento de design integrar a equipe de criação da marca.

A ação é voltada para estudantes e profissionais de todo o país e termina no dia 25 de setembro deste ano, com divulgação dos resultados no site da marca.

Mais informações no endereço http://www.nami-dia.com.br/index.php/chilli-beans-promove-concurso--cultural-para-descoberta-de-novo-designer/

FOTO: Goretti Zenaide

Encontro dos primos Djalma Nunes de Carvalho com Tereza Neumann Vaz e Miriam Carvalho

Francisco e Delânia Andrade, ele é o aniversariante de hoje

Lídia Assis é a aniversariante de hoje

O CENTENÁRIO de nascimento do historiador e fundador da UFPB, Humberto Carneiro da Cunha Nó-brega terá várias homenagens no próximo dia 15, no auditório do espaço cultural do Unipê, em Água Fria.

Com direito a pronunciamentos do médico Ricar-do Rosado Maia, seu ex-aluno, do jornalista Evandro Nóbrega e do escritor Ariano Suassuna. Haverá, ainda, um monólogo com a atriz Zezita Matos e lançamento do livro Humberto Nóbrega: um homem entre livros, de Rosane Coutinho Pereira Lacet. Ao final, será oferecido um coquetel aos convidados, hall que terá ainda uma exposição sobre a trajetória do ilustre paraibano.

Humberto Nóbrega

FOTOs: Goretti Zenaide

Empresáriso Isaú Vieira Lopes, Carlos José de An-drade, Francisco Xavier de Andrade e Marcos Antonio Batista Ramos, senador Cícero Lucena Filho, médi-cos José Eymard Moraes de Medeiros e Gerlane de Oliveira Lima, advogada Niris Montenegro, sras. Lídia Assis e Alba Pereira, estudante Daniela Holanda de Andrade.

Petshops

REUNINDO os petshops de João Pes-soa, o empresário Ro-bson Néry Dantas, do Atacadão do Criador, promoveu encontro com o consultor paulista, Flá-vio Fernandes, que falou e fez demonstração de produtos de higiene e beleza para cães e gatos.

O evento contou com a parceria da em-presa DueClean.

NevesO ARCEBISPO DA

PARAÍBA, Dom Aldo Pagotto comanda hoje as festividades da padroeira da cidade, Nossa Senhora das Neves. Missa às 9h na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves e às 15h a tradi-cional procissão.

Parabéns

Dois Pontos

LUIZ GONZAGA RODRIGUES

CONFIDÊNCIASescritor e jornalista

l Apelido: Nego Gonzagal Melhor FILME: Casablanca, com a belíssima Ingrid Bergman e Os brutos também amam, com Alan Laddl Melhor ATOR: Montgmery Cliftl Melhor ATRIZ: Fernanda Montenegrol Uma MÚSICA: São tantas, mas gosto muito da "Sinfonia no 3 de Brahms” e “Fascinação”, cantada por Elis Reginal Fã do CANTOR: Dick Farney e Charles Az-navourl Fã da CANTORA: Elizeth Cardosol Livro de CABECEIRA: podem dizer que "esse nego é besta", mas tenho três livros de cabe-ceira: “Aos trancos e barrancos - como o Brasil deu no que deu”, de Darcy Ribeiro; “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway e “Dom Casmurro”, do “velho” Machado de Assisl Escritor: Machado de Assisl Uma MULHER Elegante: difícil de dizer, passe adiantel Um HOMEM Charmoso: era Luiz Augusto da Franca Crispim l Pior PRESENTE: não lembro, todo presente é boml Uma SAUDADE: de uma mulher irrevelável...l Um LUGAR Inesquecível: o sítio onde eu nasci, Vitória, em Alagoa Noval VIAGEM dos Sonhos: era percorrer a Amé-rica Latina, descendo pela Argentina, subindo pelo Chile até Bogotá, na Colômbia, onde um jovem prefeito, que até parece Ivonaldo Corrêa nos velhos tempos, está fazendo uma obra de respeito humano, revolucionando o trânsito urbano, priorizando a bicicleta, em primeiro lu-gar, o transporte público em segundo e o carro particular em terceiro. l QUEM você deixaria numa ilha deserta? Paulo Malufl DETESTA fazer: ter de sorrir contra a vontadel Gula: uma manga rosa l Um ARREPENDIMENTO: eu não me arre-pendo de nada

FOTO:Goretti Zenaide

“Viagem dos so-

nhos era percorrer

a América Latina

... até Bogotá, na

Colômbia, onde

um jovem prefeito

está fazendo uma

obra de respeito

humano, revolucio-

nando o trânsito

urbano e priorizan-

do a bicicleta...”

Zum Zum Zuml l l O grupo Pastorial Profano se apresenta hoje no Teatro Geraldo Alverga , em Guarabira, com o show “Um São João Maior que o Mundo”.

l l l Não pude ir, mas soube que foi sucesso o Festival de Morangos promovido por Ana Paula Borges na sua Fina Fatia. A casa está com deliciosas opções à base desta fruta, que vão desde as tortas até coquetéis.

l l A atriz espanhola Penélope Cruz será a estrela do calendário 2013 da Campari.l l Um dos destaques da marca é o vermelho e a cor vai estampar os vestidos, sapatos e acessórios que a atriz usará nos cliques feitos em Milão.

FOTOs:Goretti Zenaide

Mundo afora

A MÉDICA Maricélia Rodrigues de Lucena está em Goiânia, GO, onde participa da pro-gramação científica do XXV Congresso Brasilei-ro de Neurologia. Após o evento, ela segue com Palmari de Lucena para a Califórnia. Eles adoram viajar mundo afora!

Liderança

A ZOOM EDU-CATION e o Zarinha Centro de Cultura inicia na próxima sexta-feira, 10, o segundo módulo do moderno Curso Lego Líder, uma forma de aprendizado com treina-mento empreendedor e robótica.

Trata-se de uma forma inovadora de capacitar os alunos a trabalhar em grupo e a treinar aspectos de liderança, onde eles têm a oportunidade de de-senvolver a criatividade para lidar com problemas propostos.

“Só o cinismo redime o casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro”

JOAN RIVERS

O STAFF DO MAR HOTEL, em Recife, sob a batuta do gerente de marketing, Sérgio Paraíso, já fechou os detalhes da tradicional festa de Reveillon.

A virada de 2012 será sob o tema “Luau Tropical”, com muitas frutas e em clima caribenho, com uma gran-de confraternização às margens do parque aquático do hotel com orquestra, open bar de whisky, espumante e vinho nacional. Os hóspedes do Atlante Plaza também participam do megaevento.

Reveillon

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A UNIÃO 13 João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Cobrança incomoda usuárioestacionamentos

saiba como escolher a universidade certa em meio a tantas opções

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Na Capital, clientes chegam a pagar de R$ 1,50 a R$ 8,00 para estacionar

Tarcineide MesquitaEspecial para A União

As taxas de estaciona-mentos de shopping centers, centros comerciais, faculda-des, hospitais e outros esta-belecimentos semelhantes geram desconforto em boa parte da população.Os usuá-rios desses serviços chegam a pagar de R$ 1,50 a R$ 8,00 para estacionar veículos. Para estacionar motos, os va-lores são reduzidos.

O estacionamento como um comércio, visa o lucro. Assim, o serviço à disposi-ção dos consumidores tem um custo para a garantia de proteção dos veículos, fican-do a cargo dos empresários atribuírem o valor e as con-dições de funcionamento dos estacionamentos.

A Lei de Livre Concor-rência permite que os dife-rentes produtores ou comer-ciantes de um determinado bem ou serviço atuem de forma independente face aos consumidores, com objetivo de alcançar o lucro para o seu negócio. Os empresários, portanto, podem utilizar de diferentes instrumentos, tais como os preços e a qualidade dos produtos.

Segundo Vamberto Ale-xandre de Sousa, chefe da fiscalização do Procon do município, a população está desamparada de leis que protejam os consumidores de cobranças em estaciona-mentos. “Não há em vigor até o momento uma lei mu-nicipal ou estadual nesse sentido. Os estabelecimentos como shoppings ou hospitais que privatizam os estaciona-mentos respondem apenas pelos danos causados em veí-culos dentro desses estabele-cimentos”, afirmou.

Na Câmara Municipal de

Enquanto as leis não saem do pa-pel, restam aos consumidores arcarem com as taxas de estacionamentos de seus veículos. Para o fisioterapeuta Gle-dison Figuereido, cliente de um shop--ping no centro de João Pessoa, a co-brança não é vantagem para o cliente que “além de consumir no interior do shopping tem que pagar para estacio-nar o seu carro”, afirmou.

Além de shoppings e centros co-merciais, a cobrança de taxas de esta-cionamentos ocorre também por parte de instituições de ensino e de saúde em João Pessoa. Nesses estabelecimen-tos, o serviço é oferecido por empresas terceirizadas. Em alguns casos, nem os funcionários das empresas que vão tra-balhar de moto ou veículo são libera-dos do pagamento das taxas.

A Faculdade Maurício de Nassau, lo-calizada na Avenida Epitácio Pessoa, fun-ciona em um edifício-garagem e oferece estacionamento aos seus alunos, funcio-nários e ao público em geral. O serviço é terceirizado e permite estacionamento gratuito aos professores e funcionários da instituição. Os alunos regularmente matriculados que antecipam o paga-mento das mensalidades têm desconto na taxa de estacionamento que cai de R$ 1,50 para R$ 1,00. Aos demais alunos, a

Faculdade oferece uma mensalidade de estacionamento no valor de R$ 22,00.

Segundo a Assessoria da Mauricio de Nassau, a vantagem do serviço pri-vatizado é a segurança e o conforto dos alunos. “Em cada pátio do prédio há um vigilante, visando a proteção do veículo e de seus donos”, comentou a assessoria.

Para o estudante Bruno Henrique, no entanto, o desconto oferecido aos alunos da Faculdade não abrange to-dos os alunos. Bruno que deixou de es-tacionar no prédio da Faculdade para economizar, queixa-se que o ideal seria o valor do estacionamento estar inclu-ído na mensalidade da Faculdade. “O aluno que já paga caro pela mensalida-de, ainda tem que pagar por fora o es-tacionamento”, afirmou o estudante.

O Hospital da Unimed em João Pessoa, que tem o seu estacionamento controlado pela mesma empresa que gerencia o estacionamento da Facul-dade Mauricio de Nassau, disponibili-za além do estacionamento pago, um estacionamento externo gratuito aos seus clientes.Contudo, em ambos os es-tacionamentos há carência de vagas e no estacionamento externo há ainda o risco dos que circulam nas imediações ocupar essas vagas.

O hospital disponibiliza estaciona-mento privativo apenas para os médi-cos cooperados e os funcionários com cargo de gestor ou coordenador. Os de-mais funcionários, cerca de 1500, con-correm as vagas de estacionamentos com os clientes.

“Os hospitais no geral funcionam com esse tipo de serviço de estaciona-mento a exemplo dos hospitais do 1º Pólo Médico como os de São Paulo e o Real Hospital Português em Recife. O cliente não tem opção. Ele pode arriscar e deixar o seu carro na rua, à toa, ou pa-gar para estacionar. Então, a vantagem principal em optar por esse serviço é a segurança total do veículo”, comentou Ricardo Lima, gestor administrativo do Hospital Unimed João Pessoa.

A advogada Rosália Marques, que está com sua avó internada há mais de um mês no hospital, considera que a taxa de estacionamento deveria ser cobrada apenas aos visitantes. “Mesmo pagando, não há vaga de estacionamentos. Para os familiares de pacientes internados deve-ria ser livre o acesso, diferente de quem vem fazer apenas uma visita. O hospital deveria oferecer estacionamento gratui-to”, afirmou a advogada.

De acordo com Ricardo Lima, ges-tor administrativo do Hospital, para os

pacientes como a avó de Rosália Mar-ques, que está mantida no hospital por um longo período, existe a possibilida-de de usufruir de uma mensalidade de estacionamento. “Nesse caso, os fami-liares do paciente podem durante 30 dias sair e voltar do hospital em qual-quer momento. A mensalidade custa R$ 50,00”, afirmou Ricardo Lima.

A mensalidade de estacionamen-tos para os proprietários de veículos que utilizam com frequência esse tipo de serviço pode ser uma saída e garan-tia de descontos. Segundo Vamberto Alexandre de Sousa, chefe da fiscaliza-ção do Procon do município, ainda são poucas as reclamações dos consumido-res sobre questões que tratam de co-branças abusivas de estacionamentos.

O consumidor que de alguma for-ma se sentir lesado pelos preços cobra-dos em estacionamentos pode procurar o Procon como um consumidor comum para reclamar. “Uma outra opção para os consumidores é exigir dos deputa-dos e senadores a aprovação das leis que tratam de estacionamentos. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Ge-rais já existem leis aprovadas sobre isso. Aqui a questão dos estacionamentos está desamparada”, afirmou o chefe da fiscalização do Procon de João Pessoa.

Sem leis, consumidores arcam com as taxas

Foto: ortilo Antônio

Segundo o Procon do Município de João Pessoa, a população está desamparada de leis que protejam os consumidores de cobranças em estacionamentos

João Pessoa, a vereadora San-dra Marrocos (PSB) é autora de Proposta que visa a regu-lamentação das formas de co-brança dos estacionamentos privados na cidade. Confor-me o projeto, fica o fornece-dor de serviços, independen-te do ramo de sua atividade, que ofereça ao público consu-midor área própria ou de ter-ceiros, para estacionamento de veículos automotores, ve-dado de realizar a cobrança

mínima de horas não utiliza-das, como condição de entra-da nos estacionamentos, en-tretanto, para a cobrança de fração de hora será admitido um arredondamento de até a metade de cada hora para facilitação da cobrança do estacionamento, ou seja, caso seja 12h15 pode-se arredon-dar para 12h30.

Um segundo projeto que tramita na Câmara Munici-pal de João Pessoa é de au-

toria do Vereador Mangueira (PMDB) e tenta proibir de vez a cobrança de taxas nos esta-cionamentos de estabeleci-mentos comerciais, institui-ções de ensino ou de saúde, na Capital paraibana.

Na Assembleia Legis-lativa do Estado da Paraíba, aguarda votação o projeto de Lei 803/2012, de autoria do deputado Janduhy Carnei-ro (PEN), que dispõe sobre a suspensão de cobrança de

taxas de estacionamento por shoppings e demais esta-belecimentos comercias no âmbito do estado da Paraíba. Segundo o deputado, a “ex-pectativa é que os deputados possam consentir essa lei que visa, sobretudo, beneficiar a população”, afirmou.

Em âmbito nacional, há ainda a proposta do senador da República, Vital do Rêgo (PMDB-PB), que propõe que os valores cobrados por es-

tacionamentos em shopping centers devem ser estabele-cidos em frações, de acordo com o tempo de utilização. O objetivo do Projeto de Lei é evitar cobranças abusivas nesses estabelecimentos, já que os consumidores não têm alternativas de estacio-namento. Ainda é previsto no Projeto, a gratuidade do valor do estacionamento para os clientes que apresentarem nota fiscal de compra.

Page 16: Jornal A União

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

PB tem 45 universidades particulares em 30 cidades

Os candidatos ao ensino superior têm atualmente um leque de opções de institui-ções. Nos últimos dez anos, houve uma proliferação de

Com a proliferação de faculda-des, estudantes precisam ficar atentos na hora de escolher

Cleane [email protected]

Na Capital, há faculdades para todos os gostos, mas um bom número delas tem a qualidade do ensino muito questionada

FotoS: Divulgação

instituições privadas, cujas mensalidades são as mais di-versas. Com cerca de R$ 200 por mês é possível fazer um curso superior. Esta, no en-tanto, não é uma escolha fá-cil, já que se trata do futuro profissional do estudante.

Segundo o Censo da Educação Superior realizado em 2010, existem mais de 2.378 Instituições de Educa-ção Superior em todo país.

Um aumento de 71% em comparação ao registrado em 2001. Este crescimento foi observado após a altera-ção na legislação ainda nos anos 90, que passou a per-mitir que empresas com fins lucrativos atuassem no ensi-no superior.

Na Paraíba, elas chegam a 45 (reconhecidas pelo Mi-nistério da Educação) e estão espalhadas em mais de 30

municípios. Mas é importan-te que os candidatos ao en-sino superior tenham muito cuidado na hora de escolher uma instituição para prestar vestibular, a fim de evitar aborrecimentos futuros.

Entre os pontos a serem observados, o estudante deve procurar saber se a institui-ção ou curso no qual deseja ingressar é reconhecido pelo MEC.

Publicidade infantil e direito do consumidor

O sentido da publicidade infantil de modo mais conciso, isto é, no âmbito do direito do consumidor, pode ser definido como um meio persuasivo de manipular o comportamento das crianças, através do marketing cuidadosamente planejado pelas grandes empresas.

Tem-se, com o referido conceito, o fato de que tais mensagens publicitárias, de alguma for-ma busca como propósito, formar cidadãos não críticos a esse sistema, e por outro lado, crianças fragilizadas ao apelo do consumismo exacerbado e globalizado.

Assim, o legislador consumeirista, observan-do a condição do público – alvo atingido pelas empresas publicitárias, tipificou como prática abusiva o fato das mesmas, se aproveitarem da deficiência de julgamento ou experiência da criança para incentivar a venda de produto e ser-viços. Pois, tal circunstância, insere-se às crianças como público alvo mais vulnerável e susceptível aos apelos publicitários nas relações de consumo, certa vez que, a depender de sua faixa etária, a criança sequer tem discernimento para distin-guir o sentido da mensagem que lhe esta sendo transmitida, bem como de entender os seus efeitos persuasivos.

Depreende-se então, que a intervenção dos meios de comunicação na vida e no comporta-mento da sociedade é inteiramente marcante e irreversível. Em nosso país, podemos avaliar a considerável influência que tem um comercial de televisão; do mesmo modo, que possuem músi-cas atrativas, e histórias envolventes que abusam da confiança do público consumeirista infantil. É importante destacar, que é comum as pesso-as confundirem publicidade com propaganda, apesar de não ser a mesma coisa. Enquanto que a publicidade tem cunho estritamente comercial e tem objetivo de despertar no consumidor o interesse pela coisa anunciada, a propaganda refere-se à uma técnica de persuasão, porém sem qualquer intuito econômico. A influência que esta visa exercer sobre o homem é no sentido de adesão á alguma idéia política, religiosa, etc.

A norma consumerista de proteção à criança contra a publicidade abusiva está em perfeita harmonia com os valores e deveres constitucio-nais estipulados no art.227 da nossa Constituição Federal, onde traz que é “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, á dignidade, ao respeito, á liberdade, e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Todavia, no que tange também à proteção da criança contra a publicidade inadequada de televisão e rádio, o art. 71 do Estatuto da Criança e do Adolescente, prescreve que “a criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços, que respeitem a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”, isto é, as men-sagens publicitárias, serviços e produtos quando direcionados de fato ao público infantil devem observar a condição peculiar de vulnerabilidade e hipossuficiência deste.

Entretanto, o controle da publicidade, por-tanto, deve caminhar lado a lado com as polí-ticas públicas de educação ao consumo, visto que as conseqüências geradas pelas publicidade ao publico infantil são vastas, senão vejamos: Consumismo infantil;Formação de Valores Ma-terialistas;

Obesidade infantil;Estresse Familiar;Diminui-ção de Brincadeiras Criativas;Violência pela busca de produtos caros, etc.

Algumas destas consequências refere-se ao fato de que a publicidade contribui para a ex-clusão social, já que nem todos podem comprar aquilo que é anunciado. Assim as crianças que não podem ter o que querem, muitas vezes, agem violentamente contra a família e contra a sociedade.

Por tudo que foi exposto, devem os pais ficarem atentos aos meios persuasivos destas publicidades que são lançadas diariamente aos seus filhos (“pequenos consumidores”). Devem observar, as horas que seus filhos passam vidra-dos em frente às televisões, bem como observar a maneira com que essas publicidades são veicu-ladas. Se averiguarem que existe prática abusiva em virtude do que foi lançado deverá procurar os Órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor, a fim de fazer sua denúncia e evitar posteriores danos às crianças.

Em tempo: Sua colaboração é muito im-portante para que este espaço se torne cada vez mais democrático. Envie suas sugestões, dúvidas e críticas para o nosso endereço ele-trônico: [email protected].

Mariene Soares

Relaçõesde consumo

O estudante pode saber se o curso supe-rior tem autorização do Ministério da Educação (MEC) para funcionar no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que informa o desempenho da instituição no Exame Nacional de Desempe-nho de Estudantes (Ena-de) e quais são os cursos que ela está autorizada a oferecer. O endereço é http://portal.inep.gov.br/. Veja algumas dicas:

n Solicitar à institui-ção de ensino o catálogo das condições de oferta dos cursos, que contém todas as informações so-bre a autorização e o pos-terior reconhecimento do curso, suas avaliações;

n Verificar a docu-mentação que comprova o credenciamento da ins-tituição, a autorização do curso e o seu reco-nhecimento. Caso o cur-so tenha sido autorizado recentemente, o estu-dante deve ficar atento aos prazos legais para a

Confira algumas dicas sobre as instituições

instituição solicitar o re-conhecimento;

n Caso o estudan-te já tenha ingressado numa instituição não cre-

denciada pelo Ministério da Educação, ele deve buscar na Justiça comum a restituição dos valo-res pagos pelos serviços educacionais, bem como

o ressarcimento por da-nos causados, tendo em vista que ela é considera-da irregular e não pode emitir diplomas de con-clusão de curso.

Caso o estudante já tenha ingressado, pode buscar na Justiça comum a restituição dos valores

Page 17: Jornal A União

UNIÃO A 15João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Paraíba

As margens dos 1.300 km de rodovias federais que cor-tam a Paraíba vêm aquecen-do a economia dos pequenos municípios e os viajantes já têm à disposição um número incalculável de barracas co-merciais. De olho no poten-cial consumidor provocado por um maior fluxo de carros por dia, postos de combustí-veis ampliam a área comer-cial e pequenas residências se transformam em restaurantes e empórios. Moradores ven-dem de panela de alumínio a móveis rústicos, passando por frutas típicas da região.

O comércio é considera-do irregular pela Polícia Ro-

Comércio de beira de estrada aquece economia no interior

de frutas a móveis

Polícia Rodoviária diz que atividade é irregular, mas não tem como fiscalizar todos

doviária Federal, no entanto, a competência da fiscalização recai sobre o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), conforme garantiu a Assessoria de Co-municação Social da PRF. “Às vezes fazemos a notificação, aconselhamos ao comerciante não proceder a venda, porém, a palavra final é do Dnit”, disse o policial rodoviário federal Valter Motta.

Um dos exemplos desse comércio pode ser visto a me-nos de 100 metros do Posto da PRF, no distrito de Mata Redonda, BR-101 Sul, senti-do João Pessoa-Recife. Insta-ladas às margens da rodovia, os comerciantes, muitos deles agricultores, estão no local há vários anos sem qualquer impedimento. “Trabalhamos aqui há treze anos. Daqui tiro o sustento da minha família. Já comprei carro, casa, melho-

rei minha lavoura, tudo com recursos desta barraca”, afir-mou Rosilda Cordeiro Nunes.

Ela disse que a duplica-ção da BR 101 trouxe alguns prejuízos e as vendas caíram em torno de 80%. “O proble-ma é que antes vendíamos para os viajantes nas duas direções, no entanto, com a duplicação, apenas quem se-gue no sentido João Pessoa--Recife é que faz as compras. Ninguém se arrisca a pular a mureta que fica do outro lado, ou seja, quem vem no sentido contrário”, alegou.

As barracas, todas feitas de pedaços de madeira, estão próximas ao meio-fio da rodo-via. Frutas dos mais variados tipos, além de água mineral fi-cam expostas e algumas delas penduradas em cordões na parte frontal da barraca para dar melhor visibilidade ao via-jante. “As frutas quando estão

em seus períodos, adquirimos por aqui mesmo, nos sítios de nossa região. Quando não é o período vamos buscar no Cea-rá, Salvador e outros Estados”, assegurou Rosilda Nunes.

A Polícia Rodoviária Fe-deral informou que possui um efetivo pequeno e ainda não existe muita preocupa-ção com esses comercian-tes, mesmo sabendo que a prática constitui uma ilega-lidade, principalmente no que diz respeito a estas bar-racas improvisadas à beira da rodovia. “Quando temos conhecimento de que estão construindo barracas de al-venaria ou concreto armado, aí sim, temos uma ação mais preventiva, porém, é bom frisar, compete ao Departa-mento Nacional de Infraes-trutura e Transporte qual-quer tipo de fiscalização”, justificou Valter Motta.

Marcos [email protected]

Em barracas de madeira instaladas no meio-fio da rodovia, comerciantes vendem frutas adquiridas na região, no Ceará e em Salvador

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FOTO: Otilo Antônio

Apesar de ainda não es-tar 100% concluída, pois fal-ta um pequeno trecho locali-zado no município de Santa Rita, Litoral Norte da Paraíba, considerado menos de 5%, a duplicação da BR-101 Nor-deste reduziu em 90% o nú-mero de registros de aciden-tes registrados no Estado. A garantia é do superintenden-te do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transpor-tes (Dnit-PB), Gustavo Adol-fo Andrade de Sá, com base em estatísticas apresentadas ontem. “Caiu também consi-deravelmente o número de mortos”, afirmou ele.

O superintendente as-segurou que dos 129 km de extensão de duplicação da rodovia 101 Nordeste, que corta o Estado da Paraíba, o Exército Brasileiro traba-lha de forma acelerada para concluir o restante do lote 5, que previa a duplicação de 54,9 km, e que apenas resta menos de 5% dos trabalhos, estando os mesmos sendo executados o aterro na lo-calidade de Castanheira, na cidade de Santa Rita. “São pouco mais de 1.200 metros

Número de acidentes já caiu 90%

que ainda restam. Não deve demorar muito”, afirmou Gus-tavo Adolfo.

As obras de duplicação da BR-101 Nordeste tive-ram início há sete anos e, na Paraíba, atravessa o espaço territorial de dez municípios: Mataraca, Rio Tinto, Maman-guape, Santa Rita, Bayeux, João Pessoa, Conde, Alhan-dra, Pedras de Fogo e Caapo-rã, ocorrendo interferências com núcleos urbanos na lo-calidade de Pitanga da Estra-da (Mamanguape), Bayeux e

Mamanguape (apenas o perí-metro urbano).

Ao longo do Estado, a ro-dovia se desenvolve desde a divisa RN/PE até a divisa PB/PE, numa extensão de 129 km, que foi subdividida nos lotes 3, 4 e 5 de projetos das obras. Além da construção e res-tauração das pistas propria-mente ditas, nos trechos sob responsabilidade do Exército Brasileiro constam, ainda, a construção de 10 viadutos, 16 pontes, 17 passarelas e 11 pas-sagens inferiores, bem como a

restauração de quatro viadu-tos e 14 pontes anteriormen-te existentes, obras estas na extensão de todo o trecho da BR-101 Nordeste.

Na Paraíba, as obras de duplicação estão avançadas e acredita-se que sua conclu-são seja realizada em curto espaço de tempo, até mesmo porque, faltam apenas pe-quenos trechos de constru-ção e restauração de pistas, a exemplo de parte de núcleo urbano entre Santa Rita e a entrada de Lucena, Litoral Norte do Estado.

Dentro do Programa de Modernização e Adequação de Capacidade e Restauração da BR–101/NE do Ministério do Transporte, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), as obras na Paraíba são constituídas das cons-truções de uma nova pista em concreto, de viadutos, de passagens superiores, de diversas passarelas para pedestres e ruas marginais, além da restauração da pista antiga, o reforço e o alarga-mento das pontes e dos via-dutos existentes.

Trecho em Santa Rita é o único que ainda não foi duplicado no Estado

Page 18: Jornal A União

UNIÃO A16 João Pessoa, Paraíba - DOMNGO, 5 de agosto de 2012

Paraíba CAMPINA

O 2º Batalhão do Corpo de Bo

A Paraíba conta agora com uma norma específica para a proteção da caatinga, sendo um dos primeiros esta-dos brasileiros a elaborar tal lei. A nova Lei do Bioma Caat-inga foi aprovada pela Assem-bleia Legislativa e publicada no Diário Oficial do dia 6 de julho passado. A lei é fruto de um trabalho conjunto realiza-do pela Superintendência de Administração do Meio Ambi-ente (Sudema), Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Instituto de Terras e Plane-jamento Agrícola da Paraíba (Interpa) e a organização não governamental SOS Sertão.

“A nova Lei do Bioma Caatinga, de iniciativa do deputado Assis Quintans, organiza de forma susten-tável as ações antrópicas, dá os primeiros passos so-bre a conservação da flora da Caatinga, criando a ne-cessidade de se ter uma lista estadual de espécies ameaçadas, e vem trazer critérios técnicos para a utilização de recursos flo-restais de acordo com nor-mas a serem instituídas pela Sudema”, avaliou a superintendente do órgão, Laura Farias.

A advogada da Sudema, Helena Telino, contribuiu na elaboração do projeto.

Bioma caatingaO Bioma Caatinga é o

principal ecossistema ex-istente na região Nordeste, estendendo-se pelo domínio de climas semiáridos, numa área de 73.683.649 hec-tares, 6,83% do território nacional. Esse bioma es-tende-se pela totalidade do estado do Ceará (100%) e mais da metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%).

Sudema comemora a Lei do BiomaProteção dA CAAtINgA

A nova Lei do Bioma Caatinga foi aprovada pela Assembleia Legislativa

Page 19: Jornal A União

Como melhorar a saúde em JPdesafio dos candidatos

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

senadores têm pauta cheia e polêmica no segundo semestre

Página 19Políticas17

Candidatos apresentam propostas para um dos setores mais problemáticos

Foto: Arquivo

João Pessoa abriga hoje mais de 733 mil habitantes. Uma cidade em ascensão, que deve atingir nos próximos anos a marca de 1 milhão de moradores. Quando se trata de saúde, é comum encontrar pacien-tes de diversos municípios paraiba-nos nos consultórios de hospitais municipais da Capital, o que incha ainda mais o número de atendi-mentos realizados pelo serviço pú-blico de saúde.

De acordo com dados do Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE), em 2009, a Capital da Paraíba contava com 152 estabele-cimentos públicos de saúde, sendo 135 – o equivalente a 89% - manti-dos pela Prefeitura Municipal de João Pessoa. Expandir ainda mais a rede e garantir a qualidade dos serviços são alguns dos desafios que deverão ser encarados pelo novo gestor da cida-de, que será eleito pelos pessoenses no próximo dia 7 de outubro.

Nos programas de governo apresentados pelos sete candida-tos a prefeito que vão participar do pleito deste ano, apenas cinco apontam projetos e metas para a área da saúde na Capital. A candi-data do PSOL, Lurdes Sarmento, sequer entregou à Justiça Eleitoral seu programa de governo.

Priscylla [email protected]

Um serviço público que garanta atendimento de qualidade aos pacientes e condições de trabalho aos profissionais da saúde é um dos maiores desafios do novo gestor

Estela tem 38 metas que incluem a transparência

Cartaxo destaca humanização de serviços

Radical defende sistema estatal

Cícero: setor terá prioridade

Renan: fim das terceirizações

A candidata do PSB, Esteliza-bel Bezerra, estabeleceu em seu programa 38 metas que deverão ser cumpridas, caso ela seja eleita a primeira prefeita mulher da cidade de João Pessoa. Entre as ações, es-tão a implantação da Casa de Parto, vinculada à Maternidade Cândida Vargas; ampliação dos leitos de UTI neonatal; informatização da rede de serviços municipais de saúde;

ampliação do acesso a cirurgias eletivas; ampliação do número de consultas para pequenas cirurgias nos serviços ambulatoriais; e au-mento do acesso a medicamentos padronizados.

O programa de governo prevê também o cuidado com os trabalha-dores da saúde, com a criação do Co-mitê Municipal de Desprecarização do Trabalho no SUS e implementa-

ção da Política de Saúde do trabalha-dor do SUS, além de ações para ga-rantir a assistência da Saúde Mental.

“Vamos criar a Casa de Acolhi-mento para adultos, que servirá de suporte ao CAPS AD (Álcool e Dro-gas) e implantar um CAPS infantil no território do Distrito Sanitário III. Além disso, vamos ampliar quatro Residências Terapêuticas e o núme-ro de leitos em Hospitais Gerais para

pessoas com sofrimento psíquico ou necessidades de saúde decorrentes do uso de crack, álcool e outras dro-gas”, informou a candidata.

Estelizabel promete ainda es-tender a participação social e trans-parência pública nas ações vincu-ladas à saúde, disponibilizando a prestação de contas dos recursos nos meios de comunicação e no portal do Governo Municipal.

O senador Cícero Lucena, que disputa a vaga de prefeito de João Pessoa pelo PSDB, não estabelece em seu programa de governo – que foi apresentado ao Tribunal Regio-nal Eleitoral (TRE) durante o regis-tro da candidatura – nenhuma meta para ser realizada na área da saúde, apesar de contar com o médico Íta-lo Kumamoto como seu candidato a vice-prefeito nas eleições deste ano.

Apesar de não expor seu plano de ações para a Justiça Eleitoral, o tucano garante que a saúde será uma de suas prioridades de gover-no, caso seja eleito prefeito de João Pessoa.

“O cuidado com a vida será a prioridade número 1 em meu go-verno e vamos começar com ações nas Unidades de Saúde da Família. Vamos regatar a humanização da saúde, fazendo com que as unidades funcionem com toda a equipe mo-tivada e incentivada por mim e por Ítalo, que é o meu vice”, afirmou.

“Por isso fui buscar um vice da área da saúde, para me ajudar nesse grande desafio, de resgatar a opor-tunidade de realização de cirurgias cardíacas, de prontos-socorros de atendimento cardíaco, alem de uma unidade de atendimento à saúde da mulher”, concluiu.

As propostas de governo apresentadas pelo candidato do PT, Luciano Cartaxo, para a área da saúde, em João Pessoa, des-tacam a humanização do atendi-mento e melhoria da qualidade no serviço, através de indicado-res como o IDSUS. “Vamos inves-tir fortemente em saúde pública, tendo como conceito básico a saúde gratuita e integral como direito de todos, com políticas de prevenção e assistência e amplia-

ção efetiva do acesso”, destaca o candidato, através do documento entregue à Justiça Eleitoral.

Cartaxo garante que, se for eleito prefeito, vai assegurar a existência de médicos em todos os postos de saúde, construir e ampliar unidades específicas para o atendimento do idoso, da mulher, da criança, do negro e outros grupos sociais vulnerá-veis, garantindo ainda a criação do Hospital da Mulher.

Entre as ações elencadas pelo candidato, estão também a am-pliação da rede de atendimento e diminuição do tempo de aten-dimento de média e alta comple-xidade e exames laboratorias. De acordo com Luciano Cartaxo, o combate ao consumo de drogas também será uma das priorida-des da gestão, combinando ações educativas, ampliando a rede de atendimento em saúde, articulada com outras ações psicossociais.

O candidato do PSTU, Antônio Radical, promete estatizar os hospi-tais privados e filantrópicos de João Pessoa, caso seja eleito prefeito no pleito deste ano. Atualmente, a ci-dade conta com aproximadamen-te 300 estabelecimentos de saúde privados. “Vamos trabalhar para garantir que a população tenha acesso a um sistema de saúde de qualidade, exclusivamente estatal e gratuito”, afirmou.

Caso seja eleito, Radical quer estabelecer também um financia-mento mínimo de 6% do PIB para a saúde pública e investir na rea-lização de concursos públicos, ga-rantindo ainda aumentos salariais regulares e revisão do PCCR da ca-tegoria.

O candidato a prefeito pelo PSOL, o professor Renan Palmeira, aponta quatro metas relacionadas à saúde no programa de governo que apresentou durante seu pedido de registro de candidatura. A primei-ra ação prevista pelo candidato é acabar com o processo de tercei-rizações dos serviços públicos de saúde.

Renan promete ainda estabe-lecer um prazo máximo de espe-ra para o usuário dos serviços de saúde, assegurando ressarcimento das despesas realizadas após esse prazo, além da ampliação do hospi-tal Ortotrauma de Mangabeira. “Va-mos ampliar também a quantidade de postos de atendimento básico, a quantidade de medicamentos e também a variedade disponível na rede municipal de farmácias”, enu-mera o candidato.

O candidato José Maranhão elencou 32 ações voltadas para a área da saúde no progra-ma de governo que entregou à Justiça Eleitoral. Caso seja eleito, o peemedebista promete reati-var, de imediato, o funcionamento da Materni-dade Santa Maria. Entre as metas estabelecidas por Maranhão, estão também a implantação de um serviço de hemodiálise, instalação de um cen-tro de imagem e uma central de transplante, com ênfase para a realização de transplantes renais.

Caso seja eleito, Maranhão quer também reformar o Instituto Cândida Vargas (ICV) para transformá-lo em Instituto Municipal de Saúde da Mulher, que passaria a oferecer, além da as-sistência à obstetrícia de alto risco, às especiali-

dades de ginecologia e oncologia. O programa de governo do PMDB prevê

ainda a construção de um hospital infantil e de quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA), além da contratação de serviços privados para suporte da rede assistencial do município.

acessoOs programas de governo apresentados

pelos candidatos a prefeito de João Pessoa podem ser acessados por qualquer cidadão, através da página eletrônica do TRE (http://www.tre-pb.gov.br/), no link Divulgação de Candidaturas, que fica localizado na barra la-teral direita do site.

Maranhão quer reativar Maternidade Santa Maria

Page 20: Jornal A União

TRE já recebeu 200 denúnciaspropaganda irregular

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

geral

Previsão da Justiça Eleitoral é de que esse número dobre até o final do mês

Gledjane [email protected]

uma jovem senhora faz a festa hoje

Como bem ensinou aquele velho professor de História, a cidade de João Pessoa hoje faz aniversário e tem muita coisa pra contar. Como esta, por exemplo:

“À época do descobrimento do Brasil, a Coroa Portuguesa mantinha um grande e rentável comércio de especiarias com as Índias. Esse comércio desmotivou Portugal a explorar economicamente as riquezas brasileiras até a metade do século XVI, porquanto aqui não encontraram, de início, nem o ouro nem a prata, tão valiosos no mercado europeu.

Nesse período, piratas franceses frequentavam o nordeste brasileiro e se davam muito bem com os nativos: traziam quinquilharias e levavam o pau-brasil de cuja casca extraiam um pigmento vermelho muito utilizado para colorir tecidos em toda a Europa.

No início de 1574, a jovem filha de Iniguaçu, chefe potiguara, foi aprisionada pelo proprietário do engenho Tracunhaém na Capitania de Itamaracá, hoje pertencente ao município de Goiana, em Pernambuco. Os potiguaras, por vingança e insuflados pelos franceses, atacaram e incendiaram o engenho, matando todos os moradores, ato que ficou conhecido como “a chacina de Tracunhaém”.

O incidente urgiu Portugal para a necessidade de maior controle da região, visando extinguir a presença de franceses no nosso litoral e evitar, no futuro, qualquer possibilidade de ataque indígena à Vila de Olinda e engenhos da região.

Em resumo, tornou-se urgente garantir o monopólio do açúcar e o poder econômico da Capitania de Pernambuco, principal centro produtivo da colônia, como também iniciar o avanço sobre as terras ao norte.

Assim, no mesmo ano de 1574, o jovem Rei D. Sebastião resolveu desmembrar a Capitania de Itamaracá criando a Capitania Real da Paraíba a partir de Igarassu, no sentido norte, até a Baía da Traição.

Ocorre que grande parte dessa área era habitada pelos índios potiguaras, povo de índole guerreira, e isso foi um complicador que atrasou em 11 anos a conquista do território. Somente após 5 expedições, e com o apoio dos índios tabajaras, os portugueses conseguiram derrotar os potiguaras, expulsar os franceses e fundar a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves no dia 5 de agosto de 1585.

A Cidade de Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade fundada no Brasil do século XVI (1501-1600) após Salvador (1549) e Rio de Janeiro em 1565.

Apesar de derrotados os valentes potiguaras continuaram a infernizar a vida dos habitantes da cidade até 1599 quando, já sem apoio dos franceses que lhes forneciam suprimentos e sob uma epidemia arrasadora de varíola trazida pelos colonos europeus, foram pressionados a assinar a paz com o governador Feliciano Coelho de Carvalho e se retiraram para o Norte.

O marco zero de fundação da cidade foi escolhido 18 Km acima da embocadura do Rio Paraíba, numa colina Vista parcial do centro histórico de João Pessoa que domina todo o atracadouro na margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Paraíba.

Além do cuidado com a defesa da povoação o local visava facilitar o comércio e o apoio militar à vizinha Capitania de Pernambuco. A povoação, por estar sob domínio da União Ibérica desde 1580, teve as primeiras ruas edificadas dentro de uma geometria de traçados regulares, obedecendo aos padrões encontrados nas demais colônias espanholas do continente americano, o que diferia das povoações fundadas pelos portugueses.

A partir do atracadouro temos um aclive em direção à Ladeira de São Francisco que foi a primeira rua da povoação e servia como acesso ao largo formado pela Igreja Matriz, Convento de São Francisco, Mosteiro de São Bento e Igreja da Misericórdia.

Como já foi dito acima, a cidade foi fundada eminentemente com cunho administrativo, para apoio à Capitania de Pernambuco e garantia das terras do norte. A característica de sede administrativa foi fator preponderante para que a cidade permanecesse, durante muito tempo, sem alterações estruturais exceto pelas igrejas, conventos e fortificações militares que simbolizavam o domínio da Casa Imperial.

Essa característica atravessou todo o Brasil colônia e império, razão pela qual a pecha de “cidade de funcionários públicos” perdurou até a metade do século XX, com a implantação de indústrias através da Sudene, órgão governamental criado para fomentar o desenvolvimento regional”.

[email protected]

euflávioZé

Foto: Marcos Russo

Após um mês de libera-ção da propaganda eleitoral nas ruas e na internet, o Tri-bunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) já recebeu mais de 200 denúncias em todo o Estado. A previsão é que esse número dobre até o final deste mês, já que mui-tos candidatos demoraram a fazer o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ, iden-tificação necessária que per-mite a propaganda.

Hoje, se encerra o pra-zo para os Cartórios Eleito-rais julgarem, em primeira instância, mais de 800 im-pugnações de candidaturas recebidas. Casos os candida-tos indeferidos entrem com recursos, os processos serão julgados até o dia 23 deste mês pelo Tribunal.

Para a coordenadora da Corregedoria do Tribunal, Vanessa do Egito, as eleições deste ano estão tranquilas, pelo menos nesse primeiro mês. “A Corregedoria tem a função de prestar auxílio às 77 Zonas Eleitorais espa-lhadas pelo Estado, além de orientar também e fiscalizar todos os cartórios, princi-palmente nesse período das eleições. Todas as demandas, desde denúncias de propa-gandas irregulares, impug-nações de candidaturas ou dúvidas dos promotores quanto à jurisprudência, são encaminhadas para o nosso setor”.

E, para tentar facilitar o acesso do eleitor aos corre-gedores, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou, no dia 6 do mês passado, um ser-viço de denúncias online. “O programa está funcionando no portal da Corregedoria (www.tre-pb.jus.br/CRE), dentro do site do TRE, onde o cidadão pode através da internet fazer sua denúncia quando perceber que ocor-reu infringência eleitoral, no tocante a propagandas irre-gulares dos candidatos. Só

nesse primeiro mês já rece-bemos 41 denúncias através desse sistema, mas não po-demos esquecer que as pes-soas também podem fazer as denúncias nas Zonas Eleito-rais. Nesse caso a demanda é bem maior, já foram encami-nhadas mais de 160”.

Vanessa explica como que o cidadão precisa preen-cher um formulário onde co-locará seus dados pessoais e o número do título de eleitor. Além da descrição do tipo de irregularidade praticada pelo candidato, seu nome e o local onde foi presenciado o abuso de propaganda. “As denúncias são recebidas na mesma hora pela corregedo-ria que está funcionando em regime de plantão aos sába-dos e domingos, das 15h às 17h, para atender as deman-das”. Ela disse que ao receber o formulário os servidores

fazem o processamento do pedido e classificam em qual infringência aquela denúncia se enquadra, e sem seguida encaminham à Zona Eleitoral responsável.

“Após receber a docu-mentação a Zona Eleitoral intima a pessoa que denun-ciou, ou o próprio candidato, para saber se procedem as informações. Caso seja com-provado que não existem provas contundentes para referendar uma punição, en-tão o documento é arquiva-do. Mas se for comprovada a irregularidade e o candidato for punido, ele ainda pode entrar com recurso no Tri-bunal, lembrando que, nos casos de crimes que trans-cendam as Zonas Eleitorais, o caso é encaminhado para o Ministério Público Eleito-ral e, caso ele entenda assim, pode acionar a Polícia Fede-

ral para fazer uma apuração mais detalhada. Já o eleitor poderá acompanhar todos os procedimentos da Justiça através do portal da corre-gedoria”, informou a coorde-nadora.

Comprovar uma de-núncia é complicado para o eleitor e também para a Jus-tiça. Vanessa cita o exemplo de compra de votos e como adquirir provas. A denún-cia mais comum recebida na corregedoria é analisada através de testemunhas e são casos de captação do sufrá-gio. Mas também há alguns casos de assinaturas em re-ceitas, em ordem de entre-gas para recebimentos de cimentos, tijolos ou óculos. “Na última eleição recebe-mos muitas provas infunda-das, mas as denúncias online desse ano até que estão bem fundamentadas e coerentes”.

As demandas quanto à propaganda irregular devem aumentar a partir do dia 21 deste mês, quan-do serão liberadas pela Justiça Eleitoral as propa-gandas em rádio e na TV.

Por enquanto, as de-núncias que estão sendo feitas se remetem ape-nas às propagandas na internet, através de redes sociais e reportagens nos portais de notícia, além da propaganda de rua. “Na internet, as deman-das maiores são com rela-ção ao pedido de respos-ta. Os candidatos ou sua equipe jurídica entram com representações, se-jam para retirar matéria ou para garantir o direito de resposta. Em João Pes-soa, já foram recebidas

12 denúncias”, explicou o chefe do cartório, Fernan-do Henriques.

impunaçõesNas eleições deste

ano, dos 12.304 candida-tos que estão disputando as 2.631 vagas para prefei-tos, vice-prefeitos e verea-dores dos 223 municípios, mais de 800 tiveram regis-tro impugnado pela Justi-ça Eleitoral da Paraíba. O prazo para o julgamento nas Zonas Eleitorais, em primeira instância, dessas candidaturas, se encerra hoje. Caso não sejam de-feridos os registros, os po-líticos ainda podem entrar com recursos no Tribunal Regional Eleitoral da Pa-raíba e, em última instân-cia, se não for realmente

liberado, eles ainda pode-rão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em João Pessoa, 16 candi-datos já desistiram de con-correr após terem indefe-ridas suas candidaturas.

Entre as candidatu-ras que já foram julgadas e indeferidas, há os casos dos candidatos a prefeito de João Pessoa pelo PSOL, Renan Palmeira, e à pre-feitura de Campina Gran-de pelo PP, Daniela Ribei-ro. O juiz Fabiano Moura de Moura indeferiu na última terça-feira a chapa encabeçada pelo candi-dato Renan Palmeira. De acordo com o magistrado, Ana Júlia deixou de apre-sentar as contas de campa-nha referentes às eleições de 2010, quando ela con-

correu ao cargo de vice--governadora na chapa de Nelson Júnior (PSOL).

O juiz da 64ª Zona Eleitoral, Fabiano Mou-ra de Moura, concluiu na última sexta-feira o jul-gamento dos registros de candidatos, para prefeito, vice-prefeito e vereador, no município de João Pes-soa. Com um total de 627 pedidos de registros, 16 candidatos renunciaram à concorrência para vere-ador; 46 requerimentos foram indeferidos por sentença, sendo 44 candi-datos a vereador e 1 a pre-feito, e 1 a vice-prefeito. Os deferidos, por senten-ça, atingiram o número de 565, sendo 6 candidatos a prefeito, 6 a vice-prefeito, e 553 a vereador.

Guia Eleitoral deve aumentar demanda

Vanessa do Egito, coordenadora da Corregedoria, diz que, até o momento, campanha está tranquila

Page 21: Jornal A União

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

PolíticasBRASIL

Este ano, na véspera do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, comemorado em 15 de março, a comissão de ju-ristas encarregada de elaborar o anteprojeto de atualização do Código de Defesa do Con-sumidor (CDC), criado a 22 anos, entregou ao presidente do Senado, José Sarney, o docu-mento preliminar com as pro-posições aprovadas pelo cole-giado. O texto foi encaminhado à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fisca-lização e Controle (CMA).

A comissão apresentou três anteprojetos de lei que aperfeiçoam as disposições atuais sobre o comércio ele-trônico; a disciplina de cré-dito como forma de prevenir o superendividamento; e a disciplina das ações coletivas. Criada em dezembro de 2010, a comissão de juristas realizou 37 audiências públicas com senadores, procuradores da República, organismos de de-fesa do consumidor e outros especialistas.

Além do ministro do

Superior Tribunal de Justiça (STJ) Herman Benjamin, que presidiu os trabalhos, também compuseram a comissão a co-ordenadora do Observatório do Crédito do Superendivida-mento do Consumidor, Cláu-dia Lima Marques; a professo-ra de Direito Processual Penal Ada Pellegrini Grinover; o pro-motor de Justiça de Defesa do Consumidor Leonardo Roscoe Bessa; o diretor da Revista de Direito do Consumidor, Rober-to Augusto Pfeiffer; e o desem-bargador Kazuo Watanabe.

Em 1990, Benjamin, Wa-tanabe e Ada Pellegrini inte-graram a comissão original que elaborou o projeto do atual Código de Defesa do Consumi-dor (Lei 8.078/90).

Em outubro de 2011, de acordo com relatório da co-missão, encontravam-se em tramitação 356 projetos de lei na Câmara e 85 no Senado que visavam regular os três temas sugeridos pelos juristas (co-mércio eletrônico, superendi-vidamento e ações coletivas) e o CDC.

Senado com pauta cheia e polêmicaSEGUNDO SEMESTRE

Senadores buscam acordo sobre MP do Código Florestal para garantir aprovação

O segundo semestre no Senado Federal será rechea-do de temas polêmicos para serem votados. O maior deba-te deve ser em torno do novo Código Florestal, mas também devem entrar na pauta a re-visão do Código de Defesa do Consumidor e a reforma po-lítica, assuntos controversos e que interferem diretamente na vida do cidadão.

Não será tarefa fácil, mas os senadores Walde-mir Moka (PMDB-MS) e Rodrigo Rollemberg (PSB--DF) consideram possível a construção de acordo em torno da medida pro-visória do Código Florestal (MP 571/2012) ainda na comissão mista que anali-sa a matéria. Um texto de consenso, acreditam eles, poderia ser aprovado sem alterações nos plenários da Câmara e do Senado.

“A comissão mista repro-duz a correlação de forças no Congresso”, argumenta Rollem-berg. Para ele, o entendimento tenderá a se reproduzir em ple-nário, neutralizando possíveis tentativas de reapresentação

de emendas por parlamenta-res não contempladas pelo re-lator na comissão mista, sena-dor Luiz Henrique (PMDB-SC).

O relatório de Luiz Henri-que foi aprovado no último dia 12, após muita discussão e ten-tativas de obstrução da Frente Parlamentar da Agricultura. Mas ainda ficou pendente a deliberação sobre 343 pedidos de destaques para votação de emendas em separado. Apesar do grande número de desta-ques, Waldemir Moka consi-dera que não haverá grandes mudanças no relatório.

AlteraçõesA MP foi publicada no

fim de maio, para cobrir la-cunas deixadas por vetos da presidente Dilma Rousseff ao projeto aprovado pela Câmara dos Deputados que deu ori-gem ao novo Código Florestal (Lei 12.651/2012).

A medida promove cerca de 30 alterações na nova lei, algumas delas para facilitar a regularização de peque-nas propriedades onde áreas protegidas foram desmata-das ilegalmente. O governo, por exemplo, propõe reduzir a exigência de recomposição de mata ciliar para pequenos produtores que plantaram em Área de Preservação Perma-

Outra proposta de grande reforma na legis-lação nacional avançou no Senado no primeiro trimestre. Projetos no âmbito da reforma po-lítica foram examinados na Comissão de Consti-tuição, Justiça e Cidada-nia (CCJ) e no Plenário.

Das 12 proposi-ções apresentadas pela Comissão Especial da Reforma Política, seis aguardam inclusão na Ordem do Dia para votação em segundo turno. Duas propostas foram aprovadas pelo Senado e encaminha-das à Câmara dos De-putados. Dois projetos encontram-se na CCJ, onde aguardam reexa-me de relatório e de-signação de relator.

Outras duas pro-posições, a Proposta de Emenda à Constitui-ção (PEC) 39/2011, que acaba com a possibili-dade de reeleição para presidente, governa-dor e prefeito, e a PEC 41/2011, que acaba com a exigência de filiação partidária para candi-datos em eleições muni-cipais, foram rejeitadas pelos senadores e enca-minhadas ao arquivo.

Aguardam inclu-são na Ordem do Dia o PLS 268/2011, que estabelece o finan-ciamento público das campanhas eleitorais; a PEC 38/2011, que muda a data da posse de presidente da Re-pública para o dia 15 de janeiro, e a de go-vernadores e prefeitos

para 10 de janeiro; a PEC 42/2011, que de-termina que qualquer alteração no sistema eleitoral dependerá de aprovação em referen-do popular; a PEC 40/11, que permite coligações eleitorais apenas nas eleições majoritárias (presidente da Repúbli-ca, governador e prefei-to); a PEC 37/2011, que muda as regras para suplência de senador; e o PLS 266/2011, que trata da fidelidade partidária.

Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), aguar-da reexame de relató-rio a PEC 43/11, que ins-titui o sistema eleitoral proporcional de listas fechadas nas eleições para a Câmara dos De-putados.

A matéria, que tra-mita em conjunto com a PEC 23/11, foi rejei-tada na comissão, mas recebeu recurso para votação em Plenário. As propostas voltaram à comissão por conta de requerimento para que tramitem em se-parado.

Aprovadas em ca-ráter terminativo na CCJ, foram encami-nhados à Câmara o PLS 265/2011, que veda a transferência de domi-cílio eleitoral de pre-feitos e vice-prefeitos durante o exercício do mandato, e o PLS 267/2011, que trata da cláusula de desem-penho partidário nas eleições.

Reforma política aguarda definição para votação

Código do Consumidor será atualizado

nente (APP) até 2008.A Presidência da Repúbli-

ca também resgatou normas propostas pelos senadores para o novo código, que foram reti-radas pelos deputados, como o capítulo que regulariza a pro-dução consolidada de camarão e sal em apicuns e salgados, res-pectivamente.

Os vetos e as novas regras introduzidas por meio da me-

dida provisória foram recebi-dos com críticas no Congresso, em especial pelos deputados, resultando na apresentação de 696 emendas à MP 571/2012

O relator acolheu parte das sugestões, atendendo, en-tre outras, demandas para re-gularização de médios proprie-tários rurais e daqueles com terras em áreas de cerrado na Amazônia Legal.

Senador Luiz Henrique, relator do projeto do Código Florestal

FOTO: José Cruz/Agência Senado

FOTO: Pablo Valadares/Agência Senado

Senadores vão enfrentar votações de

temas polêmicos

Page 22: Jornal A União

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Políticas MUNDO

Sírios fogem dos bombardeioscONflitO árabe

O número de cidadãos sí-rios que buscaram refúgio no Líbano por causa do conflito que castiga o país já supera os 35.000, informou o Alto

Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Em seu relatório semanal, a Acnur detalhou que, desse número, um total de 33.664 refugiados sírios foi registra-do, e que prossegue com sua campanha para inscrever ou-tros milhares que chegaram recentemente para prestar-

lhes ajuda e proteção. O orga-nismo humanitário assinalou, além disso, que os refugiados sírios continuam sua entrada no Líbano pela passagem fron-teiriça de Masnaa, e daí são le-vados para diferentes regiões do país, especialmente a Bei-rute, Trípoli e Sidon.

A Acnur disse, igualmente,

que entre os sírios que foram permitidos entrar no Líbano há alguns que foram detidos, por isso que pediu ao Departa-mento de Segurança Nacional libanesa “um processo claro e sistemático” para que possa visitar os detidos que temem retornar à Síria.

“Só desta maneira a Acnur

poderá cumprir com sua mis-são e determinar se seus temo-res são fundados para pedir que não os deporte do Líbano”, ressalta o relatório, em alusão aos 14 cidadãos sírios que na na última quinta-feira foram entregues pelas autoridades libanesas às sírias. Segundo algumas ONGs, quatro desses

expulsos tinham expressado seu medo de serem assassina-dos se retornassem a seu país.

A Acnur também denun-ciou os últimos bombardeios das tropas sírias sobre as áreas libanesas do Nura, De-bebiye e Jerbet, localizadas nas proximidades da fronteira com a Síria.

Número de pessoas que busca refúgio no Líbano já supera os 35 mil

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A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

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Sousa pode garantir a classificação hoje na Série D do Brasileirão

MARATONA OLÍMPICA

Equipe nacional se diz pronta para enfrentar os principais atletas

Brasileiros querem pódio

PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL NA PARAÍBA

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE4ª VARA

EDITAL DE CITAÇÃOEDT.0004.000002-9/2012/SC

PRAZO: 30 (TRINTA) DIAS(ARTIGO 232, IV, CPC)

O Doutor ROGERIO ROBERTO GONCALVES DE ABREU, JUIZ FEDERAL DA 4ª VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAMPINA GRANDE/PB, na forma da lei etc.

FAZ SABER, aos que o presente edital virem, dele notícia ti-verem ou interessar possa, que foi determinada a expedição do presente edital para CITAR o(a) ré(u), Sr(a). EDNALVA PEREIRA DE LIMA, que se encontra em lugar incerto e não sabido, de to-dos os termos da ação EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL nº 0000357-19.2012.4.05.8201, movida por CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF em face de EDNALVA PEREIRA DE LIMA, para, querendo, respondê-la no prazo de 15 (quinze) dias (artigos 297 c/c 300 e 302 do Código de Processo Civil), ficando ciente o(a)(s) réu(é)(s) de que, não contestada a ação no prazo citado, presu-mir-se-ão por ele(a)(s) aceitos como verdadeiros os fatos articu-lados pelo(a)(s) autor(es)(a)(s) e será decretada sua revelia, em se tratando de direitos disponíveis, nos termos dos artigos 285 e 319 do Código de Processo Civil. Ciente que este juízo funciona na Rua Edgard Vilarim Meira, s/n, Liberdade, Campina Grande/PB, com expediente no horário das 09h00 às 18h00, de segunda a sexta-feira. E para que chegue ao conhecimento de todos os interessados e ninguém possa alegar ignorância ou erro, é ex-pedido o presente edital que será afixado no local de costume e publicado uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, em face do que preceitua o artigo 232, III, do Códi-go de Processo Civil. Dado e passado pela Secretaria da 4ª Vara Federal, aos 26/07/2012, na cidade de Campina Grande, Estado da Paraíba. Eu, RODRIGO DINIZ SIQUEIRA, Técnico Judiciário, o digitei. E eu, ALEXANDRE MORICONI CORRÊA, Diretor de Secre-taria da 4ª Vara, o conferi e subscrevo.

Juiz Federal ROGERIO ROBERTO GONCALVES DE ABREUTitular da 4ª Vara Federal/PB

Da cidade paulista de Cru-zeiro, em 1993, quando tinha 12 anos e iniciou no esporte, até os Jogos Olímpicos Londres 2012 se passaram 19 anos. Muitos obstáculos e quilôme-tros tiveram que ser superados pela maratonista Adriana Silva para alcançar seus sonhos. Mas motivação é o que não falta para a medalhista de ouro nos Jogos Pan-americanos Guada-lajara 2011. “O atletismo me abriu novos horizontes. Esta semana passou um filme na minha cabeça desde a minha primeira corrida até a chega-da aqui. Acredito que todas as dificuldades que passei servem para me fortalecer e motivar cada vez mais para a prova des-te domingo (dia 5 de agosto)”.

Além de estar preparada física e tecnicamente, Adriana desenvolve um trabalho de psi-

FOTOS: Divulgação

cologia esportiva para melhorar o equilíbrio emocional. “Desde 2005, quando me lesionei, faço um trabalho com a psicóloga Carla Di Pierro. Nos últimos três anos, passamos a lidar com a ansiedade pré-competição. Eu amadureci muito, cresci nos meus resultados e na minha atitude dentro das provas. É importante também estar pre-parada psicologicamente, pois os Jogos Olímpicos são um mo-mento único e, é claro, existe um pouco de ansiedade”, explica.

Nos últimos três anos a maratonista vem melhorando seu tempo graças ao trabalho desenvolvido desde 2005 com o técnico Cláudio Castilho. Em-bora não goste de fazer uma previsão sobre o tempo que fará na prova, Adriana está oti-mista em chegar em 2h27min. “A medalha de ouro no Pan acabou me ajudando a tra-çar novos objetivos, inclusive olímpicos”, disse. Na maratona masculina, o Brasil será repre-sentado por Franck Caldeira, Marilson dos Santos e Paulo Roberto de Almeida. A prova acontece no dia 12 de agosto e os três fundistas estão confian-tes em estarem presentes no pódio para fazer a festa.

Dezenove anos depois, Adriana está de volta

para representar o Brasil numa competição

de referência

Handebolfeminino vive melhor faseem Londres

A ascensão da seleção brasileira feminina de han-debol no cenário mundial e as vitórias nos Jogos Olím-picos já fazem a equipe ser vista com respeito e livre do menosprezo que era de-monstrado pelas europeias.

Das 14 atletas brasilei-ras que estão em Londres, apenas uma atua no Brasil, e as outras nos principais clubes e Ligas da Europa. O esporte é dominado qua-se que exclusivamente por países europeus, e apenas Brasil e Coreia do Sul fazem hoje frente às principais po-tências. Antes, o time nacio-nal caía sempre facilmente para rivais do Velho Con-tinente. Agora, só nestes Jogos, já venceu Croácia e Montenegro.

Tudo isso faz com que o olhar de pouco respeito das europeias agora não exista mais. “Agora, uma equipe ou outra só ainda subestima a gente. Nós criamos um res-peito que quando entramos em quadra ninguém mais entra de salto alto. Come-çam a temer a nossa equipe, nossas qualidades. Também sinto isso quando voltamos para clubes. Todas respei-tam por ser brasileira, antes não era assim”, falou Duda.

“Com o passar dos anos a gente demonstrou pra elas que é capaz”, falou Alexandra. “Agora estamos mantendo boa regularida-de. Estão olhando pra nós com respeito”, endossou Deonise. Em suas quatro participações olímpicas an-teriores, as brasileiras con-seguiram no máximo um sétimo lugar, em 2004. A equipe já está nas quartas de final.

Page 24: Jornal A União

Meia Maratona dá prêmio deR$ 45 mil hoje em João Pessoa

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

AMADOR

Prova comemora mais um aniversário da cidade e largada será às 8h

Corrida tradicional da Capital, a 11ª Meia Maratona Cidade de João Pessoa, será realizada hoje no Busto de Ta-mandaré. A largada da prova está marcada para as 8h. A or-ganização do evento será feita pela Secretaria de Juventude, Esporte e Recreação (Sejer) da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

De acordo com o per-curso divulgado pela Sejer, os atletas largam no Busto de Tamandaré, percorrem a Avenida Cabo Branco, passam pela Estação Ciência, Pon-ta do Seixas, Avenida Hilton Souto Maior e retornam ao ponto de origem, cumprindo o mesmo percurso de volta, onde será registrada a chega-da. O evento foi homologado pela Federação Paraibana de Atletismo e faz parte do ca-lendário da modalidade no estado todo ano.

Para a edição deste ano, a premiação para os campeões das categorias será a maior de todas. Ao todo, R$ 45 mil serão divididos para os líde-res da prova deste final de semana. Segundo o secretário de Esportes de João Pessoa, Thiago Pacheco, muita gente deixou as inscrições para os últimos dias.

Segundo ele, é algo que sempre acontece. “Nos úl-timos dias a movimentação nos pontos de inscrições foi bem intensa, isso deixa toda a comissão organizadora otimista”, comentou. Na úl-tima quarta-feira, último dia em que os atletas puderam se inscrever, mais de 500 corredores confirmaram a presença na prova deste do-mingo.

Ainda segundo o secre-tário, a expectativa é de um grande evento, já que a orga-nização foi feita para receber uma ótima prova. Para Thia-go, a intenção é cada vez mais fazer com que a Meia Marato-na Cidade de João Pessoa seja uma competição visada pelos adeptos do atletismo. Para isso, a premiação foi aumen-tada nesta edição.

“Demos uma incremen-tada na premiação dessa vez. Além disso, é importante fri-sar que os servidores munici-pais tiveram isenção na taxa da corrida. A expectativa é muito boa, muitos atletas se inscreveram para a Meia Ma-ratona. A gente espera sempre fazer o melhor para o esporte e nosso objetivo é fazer com que essa corrida entre sempre mais na rotina de João Pessoa”, observou.

Mais de 500 atletas devem participar da prova de hoje, segundo previsão dosorganizadores

A arena oficial da Federação Paraibana de Beach Soccer re-cebe hoje, a partir das 8h15, as duas últimas partidas do I Open de Beach Soccer Feminino. A quadra montada nas areias da Praia do Cabo Branco será pal-co do duelo entre CCLB e Clube Atlético Maníacos, que brigam pelo terceiro lugar da com-petição. Após a definição do terceiro colocado, será realizada a grande final entre as equipes ADM/Mauricio de Nassau e San-ta Cruz. A Federação vai premiar os três primeiros colocados com troféus e medalhas. Também serão distribuídas medalhas para a artilheira, melhor jogado-ra, melhor goleira e para a atleta revelação do torneio.

O presidente da FPBS, Ail-ton Cavalcanti, espera que os jogos de hoje proporcionem ao público um espetáculo. “Vai ser um domingo de muito beach soccer, com a final do feminino e do masculino, logo em seguida. Quatro partidas vão abrilhan-tar a manhã deste 5 de agosto, aniversário de 426 anos da nossa Capital paraibana”, disse Ailton, se referindo as últimas partidas da Copa João Pessoa, que serão realizadas após a competição feminina.

O I Open de Beach Soccer Feminino é organizado pela Federação Paraibana de Beach Soccer e chancelado pela Con-federação Brasileira de Beach Soccer. O evento tem o apoio de Waldir Acessórios, F&F Vidros, Palhoça Tropical John Lennon, Menino Jesus Colégio & Curso e Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Decisão do campeão no Open FemininobeAch sOcceR

copa João PessoaA última rodada da Copa

João Pessoa de Seleções de Beach Soccer será disputada também na manhã de hoje, a partir das 10h. A primeira par-tida será entre o selecionado da cidade de Pilar e a Seleção de Jacaraú. Uma hora depois será a vez do duelo entre João Pessoa e Mamanguape.

O grupo que defende as cores da Capital é quem está mais próximo de levantar o troféu de

campeão do evento. A equipe tem seis pontos conquistados e um sal-do de cinco gols. Já o adversário de João Pessoa joga apenas para cumprir tabela. Mamanguape per-deu todas as partidas que disputou e não tem chances de conquistar o primeiro lugar. Tanto Pilar quan-to Jacaraú possuem três pon-tos e, para levantar o título de campeão, precisam vencer com uma diferença de sete gols e torcer por uma derrota do líder da competição por um saldo de

cinco gols de diferença a favor da equipe de Mamanguape.

A Copa João Pessoa de Se-leções de Beach Soccer é uma realização da Federação Parai-bana de Beach Soccer com recon-hecimento da Confederação Bra-sileira de Beach Soccer.

A competição conta com o apoio de Waldir Acessórios, Prefeitura Municipal de João Pessoa, F&F Vidros, Feijoada do Fábio e Palhoça Tropical John Lennon.

Herbert ClementeEspecial para A União

Os jogos do Open Feminino e da Taça João Pessoa estão sendo realizados na arena localizada na Praia do Cabo Branco

A Meia Maratona Cidade de João Pessoa já se tornou uma tradição no aniversário da cidade e reúne competidores das mais diversas idades na Praia de Tambaú

FOTO: Herbert Clemente

FOTO: Arquivo

Pedro AlvesEspecial para A União

Page 25: Jornal A União

Sousa pode garantir classificaçãobrasileiro da série d

FUTebol ParaÍba

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Time paraibano enfrenta o Vitória da Conquista hoje à tarde no Marizão

Participar ou competir?

Vou iniciar a coluna de hoje com uma historinha contada por uma jornalista da minha predileção, que é especialista em cobertura de olimpíadas e já por isso o leitor perceberá que o nosso tema de hoje são os Jogos Olímpicos de Londres 2012. A minha colega cha-ma-se Dorrit Harazin e prontamente informo que tive o prazer de escutar suas experiências como repórter esportiva num congresso de jornalismo investigativo do qual participei em São Paulo, no mês passado.

A história é a seguinte e começa assim: “Cidade do México, 12 de outubro de 1968: Bud Greenspan, o documentarista americano que se consagrou filmando atletas e Jogos Olímpicos por seis décadas, estava a ponto de guardar seu equipamento. Naquele final de tarde, a maratona fora vencida, havia mais de uma hora, pelo etíope Mamo Wolde, e as arquibancadas do Estádio Olímpico Universitário estavam quase deser-tas. Foi quando Greenspan avistou um vulto inespera-do adentrando a pista - tinha um dos joelhos envolto em curativos mal ajambrados, parecia sentir dor, mas ainda corria.

“Chamava-se John Akwari, viera da Tanzânia e era um dos 74 maratonistas que disputavam a prova - só que, àquela altura, até mesmo os juízes imaginavam que quem ainda não surgira no estádio para a arran-cada final era porque tinha desistido no caminho. O documentarista remontou rapidamente seu equipa-mento e filmou os últimos 400 metros daquela figura solitária. Ao final, quis saber por que o fundista não desistira antes:

“Meu país não me fez atravessar um oceano e sete mil milhas de distância só para largar na prova. Me mandou para cá para completar a prova”, disse.

Pego o gancho dessa historinha para tratar aqui da participação do Brasil nessas Olimpíadas de Lon-dres e dizer que o faço por dois motivos óbvios: o fato de ser brasileiro e, claro, torcer por um bom de-sempenho do meu país nos jogos, mas também pelo fato até mais relevante de o Brasil ser a nação que vai sediar a próxima Olimpíada em 2016.

É este fato, creio eu, que faz com que surja uma certa frustração em nós brasileiros quando olhamos o quadro de medalhas dos jogos e verificamos que o Brasil, que é um país gigante e continental, apareça com um desempenho pífio em comparação com as potências olímpicas. Por qualquer análise que façamos dessa realidade antevista no placar geral das Olimpía-das, não tem como não repontar em nós a sensação de que não estamos lá - salvo em raras exceções, entre elas o futebol - para competir, mas, sim, para apenas participar da festa.

Apenas no futebol e no vôlei, isto é, em alguns esportes coletivos, parece que essa sensação é abrandada pela nossa tradição e força. Coloco justa-mente o futebol aqui em destaque (logo ele que nun-ca ganhou uma medalha olímpica) para dizer que acho que chegou a vez do Brasil ir para o pódio com o ouro olímpico. Assevero isso, contudo, não por estar vendo a nossa seleção olímpica de futebol apresentando um desempenho virtuoso e que nos dê confiança. A minha quase certeza do ouro vem do fato de que nós praticamente ficamos sem adversários de peso pela frente.

Acho que o favoritismo da Seleção Brasileira no futebol masculino cresceu após a primeira fase quando os espanhóis e os uruguaios, que viajaram a Londres com jogadores badalados, caíram logo na pri-meira etapa. Sobraram o Reino Unido, donos da casa, o México, que costuma aprontar para cima dos pen-tacampeões mundiais, e equipes com menor tradição, dentre elas o Senegal.

Se for à decisão, o Brasil pode encarar Japão, Egito, México ou Senegal. O Japão foi uma zebra con-tra os brasileiros nos Jogos de 1996, com uma vitória por 1 a 0 devido a uma falha de Aldair e Dida. Senegal pode ser um novo ‘fantasma’ africano, continente que já tirou o a seleção Sul-Americana em 1996, com a Nigéria, e 2000, com Camarões. Entretanto, acho que isso não vai acontecer. O time de Neymar, Oscar, Ganso e companhia vai mesmo conseguir o único título mundial que falta ao nosso futebol. Dessa vez, nessa modalidade, estamos para competir e fazermos a festa.

[email protected]

edônioAlves

Caso empate hoje, às 15h15, contra a Desportiva Picuiense, no Estádio Zezão, no Vale do Piancó, o Cruzei-ro de Itaporanga termina na primeira colocação do grupo do Sertão da Segundona do Paraibano. A Raposa sertane-ja ocupa a segunda posição, com 6 pontos ganhos, contra 7 do líder Atlético de Cajazei-ras, que não atuará mais nesta fase classificatória. Se termina-rem empatados no número de pontos o time cruzeirense leva vantagem no saldo de gols (5 contra 1).

Para este compromisso o treinador cruzeirense, Aldo França, terá os desfalques de Rogério (zagueiro), que será poupado, Roni (volante), cumprirá suspensão auto-mática e José Wilker (lateral direito).

Já a Desportiva Picuien-se, lanterna com um ponto, cumprirá tabela e aprovei-tará o jogo para colocar em ação os atletas da casa.

Miramar x CampinaClassificado para a pró-

xima fase, juntamente com a Desportiva Guarabira, no gru-po do Litoral, o MIramar de Ca-bedelo cumpre tabela amanhã, às 20h30, diante do Sport Club Campina Grande, no Estádio Amigão, em Campina Grande, na última rodada da fase classi-ficatória. O jogo estava progra-mado para hoje, com o mando de campo do Tubarão do Porto, que optou em atuar novamen-te na Serra da Borborema.

O Sousa faz hoje, a par-tir das 16h, o penúltimo jogo da fase classificatória no Es-tádio Marizão - o último será contra o Feirense/BA, no dia 26 de agosto - do grupo A4 da Série D do Campeonato Brasileiro. Uma vitória deixa o Dinossauro mais próximo da vaga para a outra fase, já que ocupa a segunda coloca-ção, com oito pontos ganhos, contra 13 do Centro Sporti-vo Alagoano (CSA-AL), que lidera isoladamente.

Apesar da derrota apa-ra o CSA-AL (2 a 1), no Está-dio Rei Pelé, em Maceió-AL, a palavra de ordem é a rea-bilitação para somar pontos e continuar caminhando em busca de permanecer na dis-puta.

O time entra reforçado com os retornos do zaguei-ro Márcio Paraíba e o vo-lante Xinho, que cumpriram suspensões automáticas. Em compensação, o volante Gideon cumprirá suspen-

Wellington Sé[email protected]

são automática e o atacante Cleiton Cearense continuará vetado pelo Departamento Médico, na recuperação do joelho esquerdo.

Com a obrigação de fa-zer o dever de casa o treina-dor Suélio Lacerda deve uti-lizar o esquema 4-4-2, com a possível escalação de três atacantes, Vitinho, Nilsinho e Esquerdinha.

Para o ex-técnico do Bo-tafogo o Sousa terá que im-por o ritmo de jogo e tentar liquidar o adversário ainda

no primeiro tempo. “Tenta-remos pressionar e não dar espaço para os contra-ata-ques. Só a vitória interessa para que possamos adminis-trar a vaga na próxima fase”, observou. Situação oposta do time paraibano o Vitória da Conquista/BA, que está na lanterna, com um ponto ganho, cumprirá apenas a tabela.

A principal novidade será a estreia do treinador Guilhermino Lima, que subs-tituirá Elias Borges, demiti-

do pela diretoria no meio da semana. Ele ficará no cargo até a Copa Governador do Estado.

O novo comandante do time baiano aproveitará os jogos restantes para dar vez aos atletas da base que serão aproveitados na competição estadual. O trio pernambu-cano ficará responsável pelo espetáculo, com Sebastião Rufino Filho (árbitro), auxi-liado por José Wanderley da Silva e Valdomiro Antônio de Araújo.

De volta ao Marizão, o Sousa espera fazer o dever de casa para assegurar vaga na segunda fase da Série D

Cruzeiro precisade um empatepara terminar em primeiro lugar

O Campeonato Brasi-leiro da Série D começa a se afunilar na sua primeira fase, com os jogos de volta e a importância dos resul-tados para a classificação. Nesse contexto, Baraúnas e Campinense se enfren-tam, logo mais, às 17h, no Estádio Manoel Leonardo Nogueira – “O Noguei-rão”, em Mossoró-RN.

Com dois pontos de folga na liderança, a Ra-posa encara justamente o vice-líder, dando à partida de hoje a velha conotação de “jogo de seis pontos”.

“Todos nós sabemos das particularidades que cercam esse duelo contra o Baraúnas. Então é che-gar lá e pôr em prática o que nós trabalhamos du-rante a semana, porque até o empate é importan-te para garantirmos nossa classificação para a pró-xima fase”, externou seu pensamento o zagueiro Diego Padilha, confirma-do entre os titulares.

Quem não está ga-

rantido na equipe que en-tra em campo na tarde de hoje é o zagueiro Breno, que machucou o braço direito e precisou colocar gesso. Apesar de ter trei-nado durante a semana, a proteção que o defen-sor está usando carece de mais 15 dias de fixação do braço, o que o impede de jogar.

Em contrapartida, o zagueiro e capitão do Campinense, Ben-Hur, vol-ta à equipe, devendo for-mar o trio de zaga ao lado de Padilha e o estreante Celso. Freitas justifica o retorno ao esquema com três zagueiros, pela difi-culdade da partida.

“O campo é duro, não está bom e o jogo vai ser pegado, com muitas bo-las aéreas. Pensando nisso a gente treinou com três zagueiros, para reforçar nossa defesa. Mas isso não significa que o time jogará retrancado, pelo contrário”, comentou o treinador.

Campinense e Baraúnas fazem jogo mais importante da rodada

Vale a lideraNÇa

Conseguir a primei-ra vitória no grupo A da Série C do Campeo-nato Brasileiro é a meta do Treze, hoje, às 16h, contra o Paysandu/PA, no Estádio Amigão, na Serra da Borborema. A equipe fará o segundo compromisso em seus domínios – no primeiro houve empate, diante do Cuiabá/MT (0 a 0) – na tentativa de deixar a lan-terna do grupo, com um ponto ganho. Para este compromisso o treinador Marcelo Vilar deve fazer alterações na equipe, já que terá à disposição o zagueiro Gaspareto e o meia Júlio César, que fo-ram regularizados e po-dem ser aproveitados.

Apesar de algumas mudanças o comandan-te trezeano pretende manter a base que per-deu para o Fortaleza/CE (2 a 1), no Estádio Pre-sidente Vargas, na capi-tal cearense, na última rodada. Segundo ele, o grupo teve um melhor rendimento e desenvol-tura na última partida, conseguindo abrir o mar-cador e com possibilida-de de ganhar o confron-to. “O importante é que houve uma evolução e por pouco não vence-mos o Fortaleza. Com os reforços acredito que possamos ter um melhor rendimento”, comentou.

Treze busca hoje a primeiravitória contrao Paysandu

Campinense e Baraúnas voltam a jogar, agora em Mossoró

FOTO: Jeferson Emanuel/Divulgação

FOTO: Phlipy Costa

Page 26: Jornal A União

A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

NACIONAL& Mundo

Vasco enfrenta o CorinthiansREVIVENDO A LIBERTADORES

Após o confronto difícil nas quartas de final da Taça Libertadores da América, Vasco e Corinthians voltam a se enfrentar, dessa vez pela 14ª rodada do Campe-onato Brasileiro da Série A. Na ocasião, o Timão levou a melhor e conseguiu avançar para a semifinal do torneio com um empate sem gols em São Januário e uma vitó-ria por 1 a 0 no Pacaembu.

Hoje, às 16h, no São Ja-nuário, o time da cruz de malta quer dá o troco para continuar a perseguição ao líder Atlético-MG. Com uma vitória em cima do Corin-thians e um tropeço do time mineiro com o Flamengo, o Vasco pode assumir a lide-rança nessa rodada.

Nesse clima de revan-che, o clube carioca tem um sério problema no sistema defensivo. Melhor zagueiro do Brasileirão do ano passa-do, Dedé está suspenso por isso fica de fora do jogo des-sa tarde diante do alvinegro

paulista. Em seu lugar, Cris-tóvão Borges deve escalar Fabrício ao lado de Douglas para compor a dupla central de zaga. Renato Silva, prin-cipal candidato a substituir Dedé novamente não joga, já que ainda não teve seu novo contrato regularizado.

Por outro lado, Juninho e Nilton estão de voltam e vão para a partida. O meia é esperança do Vasco para dar consistência às jogadas de criação.

No Timão, Tite terá a volta do goleiro Cássio, herói do jogo de volta da Libertadores quando de-fendeu uma bola importan-te, mano a mano, que Die-go Souza chutou no canto, quando a partida ainda es-tava em 0 a 0. Outro herói da conquista continental, o atacante Émerson é dúvida para o duelo de logo mais.

O atleta passou a sema-na em tratamento e a pro-babilidade de Tite escalar o jogar é muito pequena. Uma baixa confirmada é a de Chi-cão. O zagueiro tem um ede-ma no músculo posterior da coxa esquerda e foi vetado. Ainda com o lateral Fagner, o Vasco foi eliminado pelo Corinthians na Libertadores. As duas equipes voltam a jogar hoje em São Januário

O Fluminense está pra-ticamente escalado para a partida do próximo do-mingo contra o Coritiba, às 16h no Couto Pereira, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. Sem novidades, o técnico Abel Braga, no último treinamento, pro-moveu o retorno do volante Edinho, que estava suspen-so no empate com o Atléti-co-MG.

A equipe principal e que deve ir a campo diante do Coritiba atuou com a seguin-te escalação: Diego Cavalie-ri, Wallace, Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean, Deco e Thiago Neves; Wellington Nem e Fred.

A expectativa da torci-da tricolar é que Thiago Ne-ves volte a apresentar um bom futebol. O Tricolor Ca-rioca é o terceiro colocado e joga fora de casa, buscando encostar no Atlético-MG, lí-der da Série A e no Vasco, segundo colocado.

No lado do vice-cam-peão da Copa do Brasil, as boas notícias também são regras. O zagueiro Emerson não preocupa mais o De-partamento Médico, além da possibilidade dos retor-nos do meia Rafinha e do atacante Anderson Aquino que poderão ficar à dispo-sição do treinador Marcelo Oliveira.

O Coxa, atual vice-cam-peão da Copa do Braisl, é o décimo segundo colocado e está na zona intermediária da tabela de classificação. A expectativa é que o time consiga uma série de bom resultado e se afaste da zona de rebaixamento.

Flu encara o Coxa com força máxima

EM CURITIBA

FOTO: Divulgação

Rivalidade cresceu apóso time carioca ter sidoeliminado daquela disputa

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A UNIÃO João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

O umami é um dos cinco gostos básicos do paladar humano

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A cidade não é mais a que já foi um dia...

Peculiaridades da cidade de Bernardino Batista

Jornal de Hontem Curiosidade

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Quando se fala em agosto, o melhor que se faz é cruzar os dedos. Ou ba-ter três vezes na madeira, renegando o nome de um mês que, dizem, só faz juntar tragédias, ao longo dos anos.

Mas, não é bem assim. Otávio Augusto César, o primeiro imperador romano, que emprestou seu nome para este fatídico (?) rol de 31 dias, reinou esplendidamente por mais de quarenta anos e proporcionou um período de relativa paz e prosperidade ao então mais poderoso império do mundo.

Mas, depois que o império romano man-dou substituir o antigo mês sextilis pelo atual agosto, no ano 27 antes de Cristo, a coisa come-çou a desandar. Desta data em diante, Otávio se desentende com Marcus Antonius e sobrevém a famosa batalha de Actium. Perdedor, Antonius se suicida junto com Cleópatra: ele atirando-se sobre um gládium e, ela, apertando uma serpen-te áspide contra o peito.

Para os romanos, o mês de agosto era o período em que surgia um dragão que amea-çava os céus cuspindo fogo. Hoje, os cientistas modernos explicam que os romanos temiam a uma simples ilusão de ótica, provocada pela

aparição da Constelação de Leão no Hemisfé-rio Norte. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram uma novidade: as mulheres não casavam neste mês. Motivo: nesta época os homens válidos de Portugal alistavam-se nos navios e se aventuravam em mar aberto, deixan-do as mulheres carentes.

Na Argentina, existe a crença de que, quem lavar a cabeça em qualquer dia de agosto, está chamando a morte. E, já que é o mês dos frios e dos ventos fortes, é bom rezar bem antes de dormir, para não atrair a companhia de almas penadas. No mais, agosto tem um currículo in-vejável de tragédias, daí ser bom colocar um pé atrás e outro na frente, antes de firmar qualquer coisa em um de seus 31 dias (vocês notaram que 31, invertido é 13?)

Foi em agosto de 1572 que Catarina de Me-dici ordenou o massacre da noite de São Barto-lomeu, ceifando a vida de 1.526 pessoas.

Neste mês (a história não cita o dia) de 1574 aconteceu a tragédia de Tracunahém, na região onde hoje se encontra o município de Goiana (PE). Cerca de dois mil índios potiguaras, chefiados pelo cacique Iniguaçu, mataram 612 pessoas. Foi a resposta do gentio paraibano a uma afronta provocada por Diogo Dias, respon-sabilizado pelo rapto de uma índia.

Também foi em 25 de agosto de 1975 que

um simples passeio de barco matou 38 pessoas na Lagoa do Parque Solon de Lucena, em João Pessoa. O dia completava a Semana do Exército. Uma portada – espécie de ponte móvel utilizada para transpor alagados – foi montada na Lagoa e improvisada como barco de passeio. Uma pane a bordo provocou o desastre. Entre as vítimas, a maioria era de mulheres e crianças.

O primeiro homem eletrocutado na cadeira elétrica foi em 6 de agosto de 1890, em Nova Iorque. A Primeira Guerra Mundial começou no dia 1º de agosto de 1914. Em agosto de 1939 inicia a Segunda Guerra Mundial. Quarenta e cinco mil pessoas morreram entre 6 e 9 de agos-to de 1945 em Hiroshima e Nagasáki, onde os americanos testaram a primeira bomba atômica do mundo.

Quando o dia 24 de agosto lhe surpreender, benza-se três vezes: é o dia consagrado às so-gras. Em agosto de 1980 o furacão Allen afetou as costas dos Estados Unidos, Caribe e México. Causou mais de US$ 1 bilhão de prejuízos e pro-vocou 250 fatalidades, entre mortes e destrui-ções. Em agosto de 1943 o navio Cidade de São Paulo chocou-se com uma das alas da Escola Na-val do Rio de Janeiro e matou 18 pessoas, entre elas o bispo D. José da Afonseca e Silva.

Tragédias de aviões em agosto. 1963 – um choque entre aviões da FAB, que caem no Ga-

leão, mata 10 pessoas. No dia 21 do mesmo ano um DC-8 cai no Galeão e mata 12 pessoas. No dia 8 dois aviões de treinamento da FAB (Força Aérea Brasileira) se chocam em Jacarepaguá(RJ) e matam seis aspirantes. Outro avião caído em Cuiabá faz oito vítimas.

Em seis de agosto de 1960, 59 alunos da Escola Técnica de Comércio Pedro II morrem, quando o ônibus que os conduzia se precipita num abismo. Em 25 de agosto de 1961 Jânio Quadros renuncia à Presidência da República. Em 22 de agosto de 1976, Juscelino Kubitsche-ck, o homem que construiu Brasília, morre de acidente automobilístico.

Em agosto de 1965 o navio Duque de Caxias pega fogo em alto mar e 30 pessoas morrem a bordo. Getúlio Vargas se suicida em 24 de agosto de 1954. Em 22 de agosto de 1976 um Boeing 737 da Vasp explode em Formosa e mata 110 passageiros.

Dizem que na Idade Média o diabo costu-mava andar pelo mundo. Um dia ele baixou na terra mesmo no mês de agosto. Ao dirigir-se a uma praia, acaba assaltado. Entrou no mar e um tubarão comeu-lhe a perna. Socorrido, foi leva-do para um hospital, onde o médico cortou-lhe a perna boa. Satã, quando soube qual era o mês que tinha vindo à terra, sumiu numa nuvem de enxofre e fumaça.

FOTOS: Divulgação

Tragédias e guerras deram origem à fama de mês do azar

o mês do desgosto?Agosto,

Hilton Gouvê[email protected]

Page 28: Jornal A União

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

CURIOSIDADES

Lendas e clãsFamília Gomes foi uma das primeiras a povoar o município paraibano de Bernardino Batista

FOTO: Divulgação

“Grandes obras não são feitas com força, mas a perseverança”.

Samuel Johnson

Hilton Gouvê[email protected]

osé Francisco do Nasci-mento, o Zé de Sinhô, 70 anos, descende de uma estirpe de bravos. E tam-bém, entre outras coisas, é apontado como o homem

que introduziu o capim elefante no lugar onde mora, numa época em que os criadores só conhe-ciam o pasto comum das fraldas de serras. Por isso, ele se orgulha de ser bisneto de João Gomes, o primeiro chefe de família a se es-tabelecer no Sítio Ponta de Serra, na zona rural de Bernardino Ba-tista, a 514 Km de João Pessoa.

O capim elefante contri-buiu para melhorar a qualidade do rebanho então existente em Bernardino Batista e foi tão bem aceito no solo local, que ainda hoje é o principal pasto de gado da região, seja na época das secas ou durante as chuvas. Mas, o que mais chama a atenção em Zé de Sinhô é a memória sempre fres-ca, a lembrar fatos que se passa-ram há muitos anos. O cajueiro que plantou aos 10 anos de ida-de, diante da casa onde mora, no Sítio Ponta de Serra, é visitado por ele diariamente. Há 60 anos saem dali as sementes que deram origem aos milhares de cajueiros hoje cultivados no município.

Quando provocado a puxar

Na Mata do Fundão, um lugar ermo situado nos so-cavões das serras de Bernar-dino Batista, ainda existe a cova onde foi enterrado o cangaceiro Zé de Souza. Bri-guento e ladrão, metido a valente, ele morreu de graça. Ou melhor, morreu, graças a um artifício dos paisanos lo-cais, que lhe armaram uma cilada. E coube a Zé de Abel, um homem aparentemente pacato, matar o cangaceiro Néco de Firmino, na maior tranquilidade.

Abel, que não esquentava com nada, estava sob a mira do bandido que, de olhos in-jetados, gritava em plena fei-ra: “Comece a rezar, Abel, que você vai pro inferno”. Abel olhou calmamente para o ban-dido e disse: “Tu vai me matar com esse revólver de cano tor-to, é?” Néco de Firmino caiu na besteira de ir examinar, aí Abel aproveitou a deixa e foi mais rápido: matou o canga-ceiro com dois tiros na cabe-ça. E ainda comentou: “Esse aí ainda é do tempo de acreditar que revólver de aço entorta o cano”.

Zé de Sinhô conta isso e

dá uma discreta risada, fa-zendo destacar a coroa de metal colocada na prótese dentária. Viana, sempre ca-ladão, acena pausadamente com a cabeça e confirma a história, conhecida da maio-ria dos cidadãos de Bernar-dino Batista. Cangaceiros à parte, este município conhe-ceu e viveu várias facetas da história. Da grande seca de 1932, Zé de Sinhô não lem-bra, porque nem era nascido.

Para ele, a pior estiagem da região foi a de 2001. O gado morria de fome, lam-bendo o chão quente. Não havia, em qualquer serra da região, o mínimo de capim para fazer um pavio. As co-bras abandonavam os jiquis, à procura de lugar mais fres-co. Vieram, então, as chuvas de 2002 e tudo voltou ao que era antes. Atualmente a cida-de dispõe de açudes e de um poço artesiano de boa vazão. No cimo da Serra, Bernardino Batista mantém o aspecto de oásis, em pleno Semiárido.

Quando visitei Bernardi-no Batista, em 2008, admirei a estética da área urbana, sempre limpa, e a expressi-

Esperteza do matuto enganou o cangaceiro

pela memória, Zé de Sinhô não se faz de rogado e larga o verbo, com desenvoltura. Zé do Carmo era um cangaceiro com fama de va-lente, que andava pela zona rural dos atuais municípios de Uiraúna,

Santarém e Bernardino Batista, praticando rapina e outras vio-lências. Por qualquer da cá aque-la palha se atracava com outro na peixeira ou resolvia a parada na base do clavinote.

João Gomes, bisavô de Zé de Sinhô, era calmo, respeitador, muito ético e nunca havia se me-tido numa briga. Pois, não é que Zé do Carmo cismou e foi roubar na propriedade de João Gomes?

Muito polido e de natureza paca-ta, Gomes procurou o cangaceiro e reclamou a devolução de seus bens. O cangaceiro meteu os pés de banda e entendeu aquilo como uma afronta, pois pensava que Gomes estava atrás de um pretex-to para vingar a morte de um seu parente, Silvério Barbosa.

Sempre calmo, João Gomes sa-cou o clavinote e avisou: “Eu num tô querendo confusão, não, Zé, mas se tu qué, a gente se faz nas armas”. E atirou no meio da testa do bandi-do, que revirou os olhos e caiu num borbotão de sangue. Zé de Sinhô, conta essa história de seu ancestral com a maior naturalidade. Diante da reportagem e de Zé de Sinhô, se encontrava Antônio Viana, na épo-ca responsável pela Secretaria de Obras da Prefeitura de Bernardino Batista.

Zé de Sinhô olhou para Viana e disse: “Olha aqui o bisneto de Silvério Barbosa, morto por Zé do Carmo”. Viana Confirmou. Viana, que pertence ao grande clã dos Barbosa, uma das maiores famí-lias de Bernardino Batista, é pri-mo de dona Conceição, mulher de Zé de Sinhô. Outra: Neste curioso município sertanejo, quem vier de fora deve ter o máximo de cui-dado ao falar da vida alheia, pois, com raras exceções, quase todas as famílias são consangüíneas ou, possuem, têm um parentesco bem aproximado.

A área urbana, sempre limpa e bem estruturada, e a expressividade arquitetônica das construções se destacam no município

J

vidade arquitetônica do pór-tico da cidade. Aliás, quem sai de Uiraúna, com destino a esta cidade, se depara com a primeira dica de caminho, na localidade de Cafundó dos An-drades, a cinco quilômetros de distância. É onde um pórtico de alvenaria indica a estrada certa para a sede do municí-pio, com letras grandes e uma seta desenhada.

Bernardino Batista, um dos beneméritos do municí-

pio, nasceu em 21 de março de 1895 e morreu a 21 de julho de 1961. Seu túmulo está situado no centro do Cemitério Muni-cipal, erguido no Sítio Egídio, onde uma rua de apenas 20 metros estabelece os limites dos Estados da Paraíba com o Ceará. Neste cemitério tam-bém está sepultado o homem que mais viveu em Bernardi-no Batista, Nezinato Luís, que morreu em 2003, aos 104 anos de idade.-

Bernardino Batista, um dos beneméritos do município, nasceu em 21 de março de 1895 e morreu a 21 de julho de 1961

Page 29: Jornal A União

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

JOGO DOS 9 ERROS

Bêbado no mar da GalileiaUm certo bêbado passeava na beira do famoso mar em Israel, o mar da Galileia.

Ao longe ele avistou uma frota de barcos de passeio e ao aproximar--se perguntou ao dono que ali estava:

O! parceiro! Quanto que custa uma volta de barco?

Então o homem respondeu com cortesia:

Olha senhor, custa três mil reais!

Ooo loco! tão caro assim!

Mas meu amigo! O Senhor Jesus caminhou por cima dessas águas!

Também! com esse preço! Quem consegue andar de barco!

DIVERSÃO

Piadas

Maria

Zé Meiota

Palavras Cruzadas

Curiosidades

Tirinhas

Água no copo, dedaõ, remendo na camisa, ponta de travesseiro, perna do carneiro, língua do lobo, pé da cama, bigode, balão

Áries

Câncer

Libra

Capricórnio

Touro

Leão

Escorpião

Aquário

Gêmeos

Virgem

Sagitário

Peixes

Esta é a semana da Lua cheia, onde chegam ao ápice as questões relacionadas à vida familiar, afetiva, a relação com crianças. É o momento de perceber a força do coração ariano, que se expressa no poder da vontade e da coragem.

l Olimpíadas em números -10 mil banheiros tem-porários funcionarão até o fim dos jogos olímpicos – o suficiente para atender a população da República de Malta; - Mais de 2 mil “newts”, uma espécie de salamandra local, foram retirados da área durante a construção e levadas para uma reserva ambiental;

l- Gigante, o Parque Olímpico comportaria 357 campos de futebol; - 100 tubos de transformação de energia solar manterão a quadra de handebol ilu-midada;- 53 metros é a altura do Estádio Olímpico – três a mais que o monumento gigantesco da Trafalgar Square, principal praça de Londres.

l “Casa” dos atletas, Vila Olímpica tem 2.818 apar-tamentos para atletas. São 11 blocos residenciais da Vila tem o tamanho de um campo de futebol; Serão servidas 45 mil refeições por dia às delegações; 28 mil edredons e 22 mil travesseiros garantirão o con-forto dos atletas.

O seu planeta regente Vênus está nesta semana em contato com Saturno, beneficiando alianças, parcerias e acordos que tenham reflexos sobre questões financeiras e profissionais.

Nesta semana pode haver uma importante con-cretização vinculada a relacionamentos, à vida afetiva e às questões que envolvem crianças, geminiano. É também a semana da Lua cheia que intensifica as emoções e as reações.

Nesta semana a Lua, seu astro regente, estará na fase cheia, indicando a plenitude do atual ciclo e que indica um momento muito impor-tante em relação à expressão dos seus talentos e à união de recursos que traz reflexos também sobre a vida material.

O Sol em seu signo e a Lua em Aquário caracterizam nesta semana a Lua cheia, um momento muito importante aos leoninos e que expressa a finalização de um ciclo relacionado a questões familiares e emocionais.

É também uma fase de reflexão, mais intro-spectiva, onde você percebe que certas coisas estão chegando ao final. E nesta semana de Lua cheia também é a constatação das questões vinculadas à saúde e à qualidade de vida, como também do trabalho, virginiano.

Nesta semana de Lua cheia chegamos ao ápice deste ciclo e é um momento de importante con-scientização em relação às questões emocionais e profissionais, ao amor e à amizade. Muitos acontecimentos significativos, libriano.

É um momento de integração necessária entre estas esferas, o que também significa dizer da importância de você fazer as coisas com paixão. Desta forma se sentirá satisfeito não somente em termos profissionais, mas internos, escorpiano.

E nesta semana de fase lunar cheia chegamos ao ápice do atual ciclo, onde você percebe que muitas coisas estão tendo que ser transformadas, consci-entizadas, curadas. E a origem dessas situações se dá nas primeiras vivências familiares.

Relacionamentos, vida familiar e sentimentos têm sido as questões evidenciadas ao longo do atual ciclo capricorniano. E nesta semana de Lua cheia chegam ao ápice questões relativas a como você vivencia o poder do coração, o poder conscientiza-dor e transformador de suas emoções.

Em seu signo que a Lua se tornará cheia nesta semana, aquariano, indicando a intensificação das emoções e das reações e também do que envolve os seus relacionamentos. É inclusive uma fase importante para as questões familiares, de saúde e de trabalho.

Intensidade emocional e nas coisas do coração é uma característica do atual momento pisciano. E nesta semana de Lua cheia estão evidenciadas também as questões relativas ao trabalho e à saúde.

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Luiza (?),atriz

cearense

Vínculo confirmadopelo testede DNA

Curva da (?), trechode Interla-gos (F1)

Verniz pa-ra (?): es-malte, emPortugal

Hectare(símbolo)

Compo-nente da

tábua de frios

Cartel dopetróleosediado

em Viena

MargaretThatcher,política

britânica

Deusgrego do

amor(Mit.)

Carta quevale 11pontos

na sueca

Pagamento extra emrestaurantes commúsica ao vivo

Engenho espacial

Claro, em inglês

Ivan (?), o Terrível: oprimeiro czar russo

Viagem de aviãoentre Rio de Janeiro

e São PauloAtrativo da HDTV

Ser criadopela En-genharia

Cede(sangue)

Que veio àtona (fem.)

24 horasObjeto em

forma de sino

Símbolo sagrado de clã ou tribo,é considerado como seu

ancestral ou divindade protetoraExtenso rochedo escarpado

O ditongocomo o de

"sabão"

Que não pode serprotelado (compro-misso)

Alfred No-bel, químico

Roraima(sigla)

AntônioTorres,escritor

Capitão-(?):

distribuíasesmarias

(Hist.)

Poucoprofunda

51, emromanosTia, eminglês

Varre-(?), municípiofluminense

Indicação do Nortena rosa dos ventos

Dean Mar-tin, ator

Adestrar;amansar

Enxergava

Conjunto de númerosreais (símbolo)

Resposta que não éesperada no altar

Genética

O

3/mor — sai. 4/aunt — eros. 5/clear — sonda — totem — unhas.

Tônio

Henrique Magalhães

Joãozinho desatento na Escola ..No meio da aula de matemática a professora vê que Joãozinho está

desatento e resolve fazer uma pergunta: — Joãozinho! Quantos

ovos tem uma dúzia? — Não sei, Fessora! — Muito bonito, né? Você

tem que prestar mais atenção na aula!! — Pode deixar, fessora!

Será que eu posso fazer uma pergunta pra senhora também?…. —

Pode! — responde ela, desconfiada. — O que você quer saber? — A

senhora sabe quantas tetas tem uma porca? — Não! — respondeu

a professora,...Viu, Fessora? A senhora me pegou pelos ovos e eu te

peguei pelas tetas! He, he!

O boletim do Joãozinho da Escola..Assim que Joãozinho chega da escola, o pai já fala: — Quero ver o seu boletim! Joãozinho diz: – Infelizmente não vai dar!… — Como não vai dar?! Joãozinho: - É que eu emprestei para um amigo… Ele queria dar um susto no pai dele!

Page 30: Jornal A União

UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 29 de julho de 2012

O quinto saborA descoberta do uma-

mi, o quinto gosto básico do paladar humano completou 104 anos. Apesar dis-

so, até hoje aprendemos na escola que existem apenas quatro gostos - doce, salgado, azedo e amargo. O que poucos sabem é que em 1908 um pesquisador japonês chamado Kikunae Ikeda descobriu um gosto diferente, algo bem peculiar, bati-zado de umami, que em português pode ser traduzido como “saboro-so” ou “delicioso”.

Mesmo descoberto há mais de um século, o quinto gosto só foi reconhecido cientificamente décadas depois. No ano 2000, es-tudiosos da Universidade de Mia-mi, liderados pela pesquisadora Nipura Chaudhari, confirmaram a presença de um receptor espe-cífico para o Umami na língua, chamado mGluR4. Após a confir-mação, vários outros estudos a respeito começaram a ser realiza-dos, buscando entender melhor as características e peculiaridades do “novo” gosto.

Algumas substâncias são res-ponsáveis por proporcionar o umami. O principal representante é o aminoácido glutamato, pre-sente sobretudo em alimentos de origem animal, como queijos e car-nes. Todavia, outras substâncias, como os nucleotídeos inosinato e guanilato, presentes em alimentos de diversas origens, principalmen-te carnes, vegetais e fungos, tam-bém conferem o quinto gosto.

Hellen Maluly, professora de Bromatologia e Toxicologia de Alimentos da Faculdade Oswal-do Cruz, explica que é difícil des-crever o quinto gosto. “Duas ca-racterísticas principais podem diferenciar o umami dos demais: o aumento da salivação e o pro-longamento do gosto por cerca de alguns minutos após a ingestão do alimento”, diz a professora.

Segundo Hellen o queijo par-mesão, alimento com maior con-centração de glutamato, é um ótimo exemplo para entender o quinto gosto. “Após a ingestão do queijo parmesão, sentimos um gosto que permanece na superfí-cie da língua por alguns minutos. De uma maneira genérica, este é o gosto umami”, ilustra a especia-lista.

Confira a receita

Coluna do vinho

Muita gente se perguntava em meados do século XVII, porque a Inglaterra não tinha um destilado nacional como o uísque na Escócia e na Irlanda que haviam reentrado nas altas-rodas mais ou menos naquela época e, estava longe de ser barato. Sabe-se que depois teve um incipiente destilado próprio, até o momento em que passou a ser governada pelo holandês Guilherme III. A cidra de sua região Sudeste poderia tornar-se o equivalente inglês do Calvados nor-mando, mas o rei Guilherme desencorajou tal indústria a fim de abrir espaço para o gim, invenção dos seus conterrâneos.

Os ingleses pobres tomavam aguar- dentes, sobretudo o gim, que teve aumen-tada sobremaneira a sua produção desde a década de 1720, quando o governo sempre atento aos interesses dos agricultores, liberou a destilação, com o resultado que hoje se conhece graças às tenebrosas gravuras de Hogart, o grande pintor inglês. Nessa época, a população urbana crescera

muito e boa parte dela gastava nas ta-bernas seus salários miseráveis. O gim foi a bebida dos pobres até 1759, quando uma minguada colheita de grãos levou a mu-danças na política governamental. Os ricos consumiam aguardente sob a forma de ponche ou grogues à base de rum ou arak diluídos com água, suco de frutas ou chá, com a poncheira tornando-se indispensável nas reuniões sociais.

Nos fins dos séculos XVIII e começos do XIX, as guerras se sucederam, com Napoleão prestes a transformar a Europa num lago da França. Em 1747, Bonaparte expulsou os austríacos da Itália, para dois anos depois desistir de conquistar o Im-pério Otomano, deixando seu exército no Egito e regressando à França. Nesse mesmo período, o caos da guerra ronda o Porto e Jerez, na época os dois principais centros exportadores de vinhos do mundo e, em menor escala, Málaga. Apesar de sitiadas, nem o Porto nem Cádiz interromperam

Guerra fiscal na Europa há 200 anoso seu comércio. A luta poupou os seus vinhedos. O conflito em Portugal no qual o Duque de Wellington e a nata do exército britânico estavam empenhados, contaram com festins regulares na cidade do Porto, que foram suficientes para que nunca abris-sem mão do vinho local.

Acontece que os tempos de guerra produzem intrincadas tramas entre parcei-ros comerciais, independente de seja qual for a política adotada pelos respectivos governantes. Napoleão tentou impor um “bloqueio continental” ao comércio entre a Inglaterra e os portos europeus, mas não conseguiu porque, essas transações eram tão essenciais para os franceses quanto para seus novos vassalos. Teve que con-ceder isenções aos comerciantes, mas as concessões deram margens a abusos e tra-paças. Dizem que o exército francês chegou a vestir uniforme de casimira de York Shire. O Imperador procurava não comprar produ-tos manufaturados do inimigo, mas não se furtava a vender-lhe vinhos. Apenas prefer-indo que o negócio fosse contrabandeado, de modo a privar o governo inglês de receita.

Por sua vez, o governo britânico esta-va feliz de ter aguardente francesa, assim evitando usar seu trigo que seria utilizado para fazer pão e não gim. Havia a consi- derar outrossim, o fluorescente negócio de reexportação. Dos cinco mil tonéis que importaram da França em 1808, os ingleses venderam mais da metade à Suécia e ao Báltico que estavam sujeitos ao bloqueio francês; sabendo-se que nesse ano e nos seguintes, as docas da Inglaterra ficaram atulhadas com milhões de tonéis de vinhos franceses e espanhóis que se destinavam a terceiros; deixando supor que, mesmo no auge das hostilidades, respeitava-se uma espécie de acordo tácito, segundo qual a França controlaria o comércio da Europa, enquanto os ingleses seriam os carreteiros dos mares.

Mal comparando, essa prática nos faz lembrar uma longa “guerra fiscal” ainda em voga, utilizada pelos Estados da Fede- ração Brasileira, onde se afirma que todas as partes envolvidas, estão ganhando; nos parecendo ser mais um exemplo de “roda quadrada”.

“Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e

ensina-lhe a pescar”.Provérbio chinês

GASTRONOMIA

Joel [email protected]

Rocambole de queijo e tomate

Ingredientes:Meia xícara (chá) de óleo (40g)3 ovos (135g)1 xícara (chá) de farinha de trigo (100g)1 xícara (chá) de leite (200ml)1 colher (sopa) de fermento em pó (10g)Meia colher (chá) de sal (1,5g)

Recheio1 colher (sopa) de óleo (8g)2 dentes de alho picados (15g)4 tomates pequenos, sem sementes, picados (520g)1 e meia colher (chá) de sal (4,5g)150g de mussarela fatiada1 gema batida (15g)3 colheres (sopa) de queijo tipo parmesão ra-lado (30g)

Modo de preparo

Prepare a massa: 1. No copo do liquidificador, coloque o óleo, os ovos, a farinha de trigo, o lei-te, o fermento e o sal, e bata até formar uma mistura homogênea.2. Disponha em uma assadeira retangular grande (27x40cm), forrada com papel-mantei-ga untado, e leve ao forno médio (180 graus), pré-aquecido, por 20 minutos.3. Retire do forno, desenforme ainda quente so-bre um pano de prato úmido e enrole. Reserve.Prepare o recheio: 1. Em uma panela média, coloque o óleo e leve ao fogo alto para aquecer.2. Junte o alho e refogue por um minuto, ou até que doure ligeiramente.3. Acrescente o tomate e o sal, mexa e retire do fogo.4. Desenrole a massa, espalhe o refogado e cubra com a mussarela.5. Enrole novamente, coloque sobre uma as-

sadeira untada, pincele com a gema e polvilhe com o queijo ralado.6. Leve ao forno quente (200 graus), por 10 mi-nutos, ou até gratinar.7. Retire do forno e sirva em seguida.

Dica: para que a massa do rocambole fique bem uniforme, unte a assadeira antes de colo-car o papel-manteiga também untado.Tempo de preparo: 55 minutos

Rendimento: 8 porçõesMedida caseira da porção: 1 fatiaInformação Nutricional (porção 120g) Calorias 237 Kcal Carboidrato 29,1g Proteína 13,3g Gordura Total 7,4g Colesterol 113mg Sódio 314mg Fibras 1,4g

Ao lado de doce, salgado, azedo e amargo, o umami é um dos cinco gostos básicos do paladar humano

FOTOS: Divulgação

Page 31: Jornal A União

A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim. (Luiz Fernando Veríssimo)

Janio de Freitas não perde o equilíbrio: na Folha de 31 de julho, pergunta: “No caso do Mensalão, a imprensa aceita uma decisão do STF que não seja a condenação”?.

O Q.I. das redatoras

Está reclamando do quê?

Contra o mito da gramática

UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Agnaldo [email protected]: @agnaldoalmeida

Na era da internet, quem sabe tudo é “Dr. Google”Sabichão, sabe-tudo, sete-ciências.

Era com estes termos que até recente-mente a gente se referia àquelas pessoas que, sem pestanejar, tinham respostas para tudo. Hoje, nesses tempos inter-náuticos, o velho sabichão virou o “dr. Google”. É dele que se espera explicação para tudo: desde o significado do bóson de Higgs até os efeitos colaterais da aspi-rina, passando pela força propulsora dos foguetes espaciais.

Penso que não conheço hoje ne-nhuma pessoa que tenha em algum mo-mento deixado de recorrer ao Google, o mais importante site de buscas da inter-net. Mas o que mais me impressiona não são as respostas que ali se encontram, mas o fato de todas (?) as perguntas já terem sido feitas.

O leitor pode fazer um teste. Acesse o mecanismo de buscas e in-vente uma pergunta qualquer. A mais estranha possível. Com certeza vai per-ceber que outras pessoas já tiveram a

mesma curiosidade procurando saber aquela bizarrice que pensávamos ser só nossa.

Antigamente quando alguém procurava por um produto ou serviço frequentemente utilizava as páginas amarelas da lista telefônica para encon-trar uma empresa que atendesse às suas necessidades. Agora é cada vez maior o número de pessoas que utilizam a internet para procurar por produtos e serviços e a principal forma de busca na internet são os tais mecanismos de bus-cas. A importância dos mecanismos de busca na internet é tão grande, que só as buscas realizadas no Google correspon-dem a 30% do tempo que os brasileiros gastam na internet.

O Google está bem na frente dos concorrentes (Yahoo, Bling, etc.) e por isso se tornou uma das maiores empre-sas de tecnologia do mundo. Aqui no Brasil o Google é utilizado em mais de 90% de todas as buscas realizadas na in-

ternet. Além disso, o Google também é a proprietária do Orkut que é a rede social mais utilizada pelos brasileiros.

Nisso tudo há um dado preocu-pante: o Google foi promovido a doutor. E os cibercondríacos, pessoas que cos-tumam buscar na internet informações sobre os sintomas que apresentam, existem desde o aparecimento das pri-meiras páginas de busca, e não para de crescer. Todo mundo sabe dos riscos da automedicação. Mas, baseado naquela velha máxima segundo a qual “de médi-co e louco, todos nós temos um pouco” é irresistível a tentação de procurar diagnósticos sem precisar ir ao consul-tório médico.

Recorrer ao Google é prática de-finitivamente incorporada ao exercício de muitas profissões, entre as quais, o jornalismo. Não é um mal, mas é preciso saber separar o joio do trigo. A internet é também um território livre para as informações incorretas.

OLÁ, LEITOR!

Cesta

Fala aí, ó...

Página

A vantagem de se trabalhar em jornal é que em qual-quer Redação sempre tem um piadista, um irreverente, um velho, um tímido e mulheres que costumam levar tudo a sé-rio.

As manhãs de sábado, no tempo dos dromedários, eram em geral bastante animadas. Não só porque já era fim de semana, mas também porque era nesse dia e nesse horá-rio que todos se encontravam – ou pra trabalhar ou pra jogar conversa fora.

Numa dessas manhãs, em mil novecentos e lá vai fuma-ça, com a Redação cheia, o jornalista de A União, Marcos Ta-vares, resolveu provocar:

Deu uma geral no ambiente, percebeu que havia umas duas ou três redatoras, e provocou:

- Na minha opinião, o Q.I. de uma mulher é igual ao Q.I. de uma galinha.

A redatora Cleane Costa, que é uma excelente profissio-nal e não leva desaforo pra casa, reagiu:

- Pois eu sou mulher e sou muito inteligente.Marcos Tavares emendou na hora:- Tá certo, Cleane. O seu Q.I. é igual ao de duas ga-

linhas.A grosseria foi tanta que nem os galos riram.

Já prometi e vou cumprir: estou agendando com Moacir Japiassu, jor-nalista paraibano que só nos orgulha, uma entrevista por email aqui no “Deu no Jornal”.

Mas, leiam o que ele comenta na sua mais recente coluna:

O considerado Roberto Dufrayer, pesquisador no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, nem precisou pesquisar, pois assim de repente, como um bueiro que explode sob nossos pés, ou uma marquise que desaba sobre nossa cabeça, feriu-lhe os olhos a pági-na principal do site da Ascont (Associa-ção do {sic} Servidores da Controladoria Geral do Município do Rio de Janeiro),

Brasileiro reclama, reclama, reclama, mas faz muito pouco para consertar as coisas. Na seara políti-ca, reclama de Lula, de Serra, Dilma, Sarney, Collor, Renan, Kassab, Palocci e Delúbio, entre outros.

Reclamar é quase um estilo de vida do brasileiro. Mas isso não é ruim, é bom. Seria melhor se pudéssemos aliar a isto uma atitude mais consequente, me-nos susceptível às críticas que genericamente são feitas a todos nós.

Sabem o que dizem da gente? Vejam uma nova pesquisa que está circulando na internet.

1 - Coloca nome em trabalho que não fez;

2 - Paga para alguém fazer seus trabalhos (de faculdade, esco-lar, etc.);

3 - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas;

4 - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas;

5 - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infra-ção;

6 - Troca voto por qualquer

coisa: areia, cimento, tijolo, e até dentadura;

7 - Fala no celular enquanto dirige;

8 - Dirige após consumir bebida alcoólica;

9 - Fura filas nos bancos, uti-lizando-se das mais esfarrapadas desculpas;

10 - Pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho;

11 - Faz “gato” de luz, de água e de tv a cabo;

12 - Compra recibo para abater na declaração de renda

13 - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes e ido-sos;

14 - Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata;

15 - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve;

E quer que os políticos sejam honestos! Escandaliza-se com o men-salão, o dinheiro na cueca, a farra das passagens aéreas… Esses políticos que estão aí saíram do meio desse mesmo povo, ou não?

Estilo

Rodapé

Como vai o Português?

Top of Mind Entre Aspas

Começou a temporada dos debates políticos. Tirando o despreparo dos candidatos, que é visível, resta a fórmula burocrática adotada pelas TVs.

Debate bom é debate que estimula o confronto entre os candidatos. Sem as amarras da falsa neutralidade. E sem mediador aparecendo demais.

Em 121 anos, o Supremo Tribunal Federal enfrenta o processo mais complexo e politicamente complicado de sua história. É o caso do Mensalão, com 38 réus, cada um mais importante do que outro. Nas ruas, a opinião é uma só: se a im-punidade vingar, se ninguém for exemplarmente punido, a corrupção no Brasil, que já é grande, não terá freios. A mídia teve papel importante para a elucidação deste caso. Agora, é com a Justiça.

Há professores e pais de alunos que defendem o seguinte: a gramática é a responsável pelo domínio do padrão culto da língua. No caso de alguns pais, eles fazem questão que os filhos aprendam nas escolas exatamente o que eles próprios aprenderam quando eram estudantes.

No livro “Língua e Liberdade”, o professor Celso Pedro Luft lembra que este mito não pode ser verdade. Diz ele: “Grandes escritores como Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade sempre se mostraram avessos aos ‘mistérios’ da gramática, e têm até crônicas e poesias a respeito disso”.

Na opinião de Celso um ensino gramaticalista abafa justamente os ta-lentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo. Os alunos se tornam desconfiados diante da premissa de que sem a gramática não conseguirão se expressar melhor.

De fato, grandes obras como A Ilíada e a Odisséia, escritas no século VI a.C, não dispuseram da gramática como referência. Essas obras influenciam a literatura e as artes até os dias de hoje. Os diálogos de Platão com descrições

Na acessória é fogo!no qual se lê a seguinte chamada para um serviço importante: ACESSÓRIA DE IMPRENSA.

Nesta incrível, fantástica, extraordinária página que torna público o mal que se pode denominar “paroxismo do analfabetismo”, enxer-ga-se -- Você esta aqui: ACESSÓRIA DE IMPRENSA.

Ainda não se sabe qual o tipo, ou modo, estilo, procedimento, arranjo, disposição, jeito como fazem o tra-balho de assessoria na acessória de imprensa que merece ser chamada de “ImprenÇa”, como este jornal fundado há 25 anos, o qual jamais viu nada igual ou sequer parecido.

fascinantes da alma humana, em qual gramática ele fundou seus escritos? Nenhuma.

A gramática existe para fixar regras e padrões, mas não consegue exercer o controle sobre as manifestações linguísticas naturais, já que estas são decorrentes de uma vivacidade e desenvolvimento próprios. A gramática atualmente se asseme-lha mais a um mecanismo que quer ter poder e controle sobre os que não falam de acordo com as normas da língua culta.

Luft reconhece em “Língua e Liberdade” que poderia parecer estranho que um estudioso da gramática seja contra o ensino de Gramática na sala de aula. Esclarece, no entanto, que o que chamamos “gramáticas” não passa de uma tentativa de sistematização de alguns aspectos daquilo que a GRAMÁTICA verdadeira – um conjunto de regras que sustentam o sistema de qualquer lín-gua – contém.

O estudo da língua, portanto, não se limita unicamente ao estudo dos livros de Gramática. A língua é um meio de comunicação, é viva e atual e muda sempre para adaptar-se à realidade de seus usuários, que está em constante mudança.

Depois de ler aqui na coluna (secção Me-mórias Impressas, 22/07) a comparação entre o jornalismo de hoje e o de ontem, feita pelo saudoso jornalista Jório Machado, estudante do curso de Comunicação Social da UFPB quer saber a minha opinião sobre o assunto, já que naquela ocasião me limitei a reproduzir o que Machado havia dito.

Pessoalmente, fico meio sem jeito para responder a J. Andrade por vários motivos. Primeiro porque a questão, embora recorrente, não me parece ter maior importância, justa-mente por suscitar uma comparação quase impossível de ser feita.

Nos anos 1950, 60 e 70, o mundo era

outro, os valores éticos e morais eram comple-tamente diferentes e os jornalistas se impu-nham responsabilidades diversas das que hoje são assumidas nas Redações.

Começa pelo estilo. Os jornalistas costumavam ser intelectuais com veleidades literárias e vários poemas na gaveta. Hoje não. Jornalismo é uma técnica que pouco ou nada tem a ver com a produção de romances, contos, novelas ou poemas.

O leitor também é outro e não abre mais o jornal como fonte acessível para a sua forma-ção intelectual. Quer apenas ser bem informa-do. E tudo muito rapidamente sem lero-lero e virtuosismos.

Os jornalistas de hoje dispõem de meios bem mais velozes para fazer andar a informação e de alguma forma são até atropelados por esta velocidade. Muitas vezes desconhecem o verná-culo – o que não era tão acintoso antigamente – e de certo modo são mais iguais aos leitores, isto é, nada há que os distinga a não ser o fato de dominarem uma técnica. Bem entendido, para os que a dominam.

Mais importante do que comparar o jornalismo de hoje com o de ontem talvez seja investigar o grau de comprometimento da imprensa nos seus vários períodos. Aí sim, a gente poderia chegar a boas e desconcertantes descobertas.

Diferenças do jornalismoMEMÓRIAS IMPRESSAS

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JORNAL DE hONTEMUNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

A cidade não é mais a que já foi um dia... Como nuvens, as cidades mu-

dam num piscar de olhos, na virada das horas. Traça-dos, costumes, referências, pessoas, tudo é alterado

ininterruptamente, sem que seja pos-sível a configuração de qualquer tipo de “controle” sobre tais metamorfo-ses, estáticas ou ambulantes. As ci-dades se transformam, quer se quei-ra ou não. Inevitavelmente, amanhã será diferente de hoje, como hoje foi de ontem, em movimentos contínuos e circulares, para frente ou para trás. As sensações, porém, parecem se re-petir na mesma intensidade, mudan-do apenas o formato emocional.

A cada ano, na passagem das comemorações do aniversário de João Pessoa, o fenômeno reaparece nas páginas dos jornais. A mesma pauta, para informações e fotogra-fias diferentes. Nas “escavações ar-queológicas” do ‘Jornal de Hontem’, matérias, reportagens, artigos e en-saios vão se acumulando para uma futura e ampla junção. No entanto, aproveitando datas “fechadas”, se-guem pequenos recortes de textos semelhantes na queixa recorrente: a cidade se transforma sem pedir licença. Crescendo, crescendo, cres-cendo... Em 5 de agosto de 1972 foi assim, na crônica (sem assinatura) “João Pessoa não é mais aquela”, com enxertos fotográficos de Ed-mundo Dias e Unhandeijara Lisboa:

“(...) João Pessoa não é mais aque-la. O que lhe resta do passado, figura como monumento histórico, obras de arte da arquitetura épica que se foi su-perando com o próprio tempo: Igrejas de São Francisco, Nossa Senhora do Carmo e Misericórdia, Casa da Pólvo-ra e Fonte de Tambiá. O resto do pas-sado está sepultado na literatura dos cronistas e nos registros dos historia-dores. “(...) Os edifícios que se elevam nos ares pessoenses, o viaduto Damá-sio Franca (e outro em construção), os vários conjuntos residenciais, o parque industrial, as boites, o tráfego cada vez mais intenso, o Hotel Tam-baú (principalmente), o comércio que se amplia, as faculdades grassan-do, são elementos sintomáticos que evidenciam esta tranquila Nossa Se-nhora das Neves, Filipéia, Frederiks-tad, Paraíba, ou melhor, João Pessoa, como uma cidade que nascida em um passado tão remoto, mostra que sabe caminhar no ritmo acelerado do pro-gresso atual”.

Mesmo com a expansão urba-na em andamento, há 40 anos ainda era possível identificar alguns as-pectos que na atualidade acredita--se extintos. Menos a moldura que lhe adorna: “Cidade pacata, livre da poluição, dos atropelos das gran-des metrópoles, João Pessoa é filha mimada da natureza, que lhe dotou de recantos de rara beleza”.

Cada época com seu panora-ma. Dez anos depois, também em 5 de agosto, em artigo assinado por Carlos Tavares (que atualmente, em Brasília, carece de energia, so-lidariedade e orações dos amigos e admiradores do seu texto envol-vente), João Pessoa é vista sob o ân-gulo da “aculturação”, assimilando hábitos estrangeiros, “numa brutal interferência ideológica de outras nações do ocidente”. Ao que tudo indica, a antevisão dos primeiros passos de um mundo globalizado.

Na engajada matéria de Tava-res, as “novas” tendências coletivas

FOTOS: Arquivo A União

são vistas com ressalvas, como o surf, por exemplo, hoje um esporte saudável e inocente, bem distante dos guetos daquela época: “Com o surf vieram os acampamentos, a venda das barracas de camping, o consumo de drogas e outros costu-mes oriundos de outras paragens”, advertia o redator. Carlos também identifica como mudança de costu-mes a troca da televisão pelos flipera-mas (“...Muitas crianças preferem ficar apertando os pitocos dos flipperamas do que andar de carrossel ou roda gigante.”), os ‘pegas’ na orla maríti-ma (“Hoje, eles fazem roleta russa. Saem da avenida Flaviano Ribeiro cruzando preferenciais e cortan-do sinais e só param na curva fi-nal da ponta do Cabo Branco”), o surgimento dos motoqueiros (“Há setores comerciais que confessam venderem 15 motos por mês”), os praticantes de skates e patins, e até os “walking man” e seus fones de ouvido (“...que livram o usuário do barulho de freios e buzinas histé-ricas, mas muitas vezes são autên-ticos provocadores de acidentes, principalmente com motos”). Tem-pos agitados, aqueles.

Pela ótica “oitentista”, poucos hábitos se mantinham incólumes nas urbes em mutação. Entre eles, o futebol (“Em praias, terrenos bal-dios e quintais a bola de plástico, de couro ou de meia continua ro-lando”), os bares (“... mais de cem foram inaugurados nos últimos dez anos... todos cheios diariamente”) e o “aconchego” da banca de jornais de Reginaldo, no Ponto de Cem Réis: “Nela, quantas vezes já não se resol-veu o problema brasileiro, já elegeu e depôs presidentes e treinadores de seleções?”

O “antigo” ia sendo triturado

por aqueles dias, dando lugar às no-vas tendências. Se transformando em imagens e lembranças, incluin-do às do próprio repórter:

(...) O Pavilhão do Chá, a sorve-teria Alvear, o bar do Paraíba Palace Hotel, a Bambu, os chás dançantes do Cassino da Lagoa, são agora fotogra-fias de um passado não muito longín-quo de João Pessoa. De um passado que se resume em papos na hora do jantar e lembranças de alguns mais velhos, que se espantam com o pro-gresso da cidade. Outro dia o médico Arnaldo Tavares dizia que a Duque de Caxias mais parece com a Wall Street de Nova Iorque, com seus espaços to-dos tomados por bancos e cadernetas de poupança”.

Dando outro salto no tempo, na edição centenária de 2 de fevereiro de 1993, inspirado pela ‘Velhinha’ e embevecido pelo manto verdejante da cidadela em constante transfor-mação, pincelei minhas próprias impressões sobre a temática, em tons pastéis:

“A União é de todas as cores. Mas sua alma é inviolavelmente verde, como uma redoma etérea a proteger e refletir a pigmentação predominante da cidade que ela viu crescer. Não há registro ine-xorável, nem tutor absoluto. Se a consciência verde, enraizada em cada habitante desta terra inigua-lável, necessita de um pai adotivo para registro, esse será a própria natureza, prodigiosa e benevolen-te desde o início dos tempos.

“Mas ela, por si só, não mante-ria inexpugnável esse oceano vege-tal através dos séculos. Não, com o homem, insaciável, a desvirginá-la continuadamente. Era preciso um acordo. Franco, lúcido, hereditário. E assim foi. E assim será. Em João

Pessoa de 1992 ou Fili-péia de 1585, Homem e Natureza decidiram viver harmoniosamente, aliando a utilidade física à neces-sária e agradável arborização. Uma simbiose estática e cultural.

“E A União aderiu inteira nes-se pacto indissolúvel. Rebentos de suas páginas cuidaram de perpetu-ar, dia-a-dia, o que toda uma cidade sentia. Carlos Dias Fernandes, Jua-rez Batista, Osias Gomes, Virgínius da Gama e Melo, Ascendino Leite, Higino Brito, Firmo Justino, Gon-zaga Rodrigues, Nathanael Alves e dezenas de outros filhos, netos e bisnetos da centenária A União, atuaram como incansáveis guardi-ões de um patrimônio — sabe-se agora — universal.

“Conta a lenda que um incré-dulo, ao folhear as páginas do ma-tutino pessoense, tingiu as mãos de verde, embora preta fosse a tinta impressa.

“O sangue exposto do jornal convertera mais um”.

Ainda será assim?

* * *Ao lado de Irineu Joffily, Iri-

neu Pinto, Celso Mariz e Coriolano de Medeiros, Horácio de Almeida é considerado um dos principais estruturadores da historiografia paraibana. Falecido em 1983, suas pesquisas e livros são clássicos, fon-tes permanentes de referências e elucidações.

Há 30 anos, porém, em 5 de agosto de 1982, Horácio sai dos bastidores da história e se trans-forma, ele próprio, em protagonis-ta da recorrente discussão sobre a mudança do nome da cidade. Em matéria assinada pelo meu colega de ‘língua’, Agnaldo Almeida, o his-

toriador, ‘pessoista’ declarado, admirador e partidário do então presidente João Pessoa (“...maravilhado da sua ação firme, de sua coragem pes-soal, de sua personalidade inteiri-ça...”), propõem, em carta dirigida ao governador Clóvis Bezerra, o re-torno do nome Paraíba à Capital do Estado. “Coragem eu não teria para formular esta proposição se tives-se sido adversário de João Pessoa”, admite, na missiva transcrita pel´A União, em que expõe os argumen-tos bombásticos para lastrear sua ousada sugestão.

Como se sabe, não vingou. O momento exato para a discussão do assunto, na ótica de Almeida, seria o período das comemorações do quarto centenário da Paraíba, que ocorreria dali a três anos. Uma proposição “para ser resolvida em 1985, pelo legislativo estadual”, re-comendava na correspondência, alertando para a necessidade de “serenidade” nos debates em torno do tema.

Extenso, o manuscrito ‘facsi-milado’ (digitalizado) pelo jornal, importante documento para a his-tória da cidade, poderá ser dispo-nibilizado aos que solicitarem por e-mail. Publicado por aqui, poderia reacender a fogueira das paixões, atiçando ainda mais as brasas do período eleitoral. Como não é mote de campanha, mas fonte de pesqui-sa, a carta fica no escaninho até que alguém se disponha a interpretá-la com a devida racionalidade propos-ta pelo autor, “sem derramamento de sangue, como das outras vezes”.

* * *Para Djanira Fialho e Hélio

Flores.

“A União é de todas as cores. Mas sua alma é

inviolavelmente verde,”

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Motivos para celebrar

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A história de João Pessoa começou há 427 anos às margens do rio Sanhauá. O cenário encantador, que diariamente propor-

ciona a visão poética do pôr do sol, pode ser admirado da balaustrada do antigo Hotel Globo, no Centro Histórico. Cercada de belezas natu-rais, a Capital do Estado tem o pri-vilégio de ter nascido entre o rio e

o mar, brindando nativos e turistas com paisagens de tirar o fôlego. Na cidade onde o sol nasce primeiro, ele brilha durante todo o ano. Sem contar que, além de todos esses pri-vilégios, é ainda uma das mais ver-des do mundo. Talvez este conjunto de atributos seja o responsável por tornar a Capital das Acácias tão en-cantadora aos olhos de quem nela vive e de quem por aqui aporta.

Incontáveis riquezas descan-sam no rio Sanhauá que é também um celeiro de onde se retira o sus-

tento de dezenas de famílias e no qual se vislumbra beleza ímpar. O trecho que passa ali no Porto do Ca-pim é o marco do início da história de João Pessoa. Quem diria que ou-trora ele era chamado de Siroí, cujas águas se encontram com o rio São Domingos, hoje Paraíba.

Em 1585, exatamente 84 anos depois do descobrimento da Paraí-ba, João Pessoa foi fundada. Na épo-ca, segundo relatou o historiador Arion Farias, o ouvidor-geral Mar-tim Leitão, que estava em Recife-PE,

enviou João Tavares com uma tripu-lação de 14 homens para Cabedelo. Eles entraram no antigo rio São Do-mingos e navegaram até o Porto do Capim.

No encontro de suas águas com as do rio Sanhauá, Tavares avistou os indígenas e disparou dois tiros de um canhão de peque-no porte. A atitude afastou os ín-dios, que estavam sendo explora-dos pelos europeus, e selou a paz. “Isso aconteceu em 5 de agosto de 1585”, ressaltou.

Martim Leitão viajou 16 dias a pé. Foi bem recebido pelos in-dígenas, e lá encontrou outras 45 pessoas entre pedreiros, car-pinteiros, operários, jesuítas. “Na altura do Varadouro, olhou para o local onde hoje está a Catedral Basílica, chamou um jesuíta e pe-diu que celebrasse uma missa em homenagem a Nossa Senhora das Neves”, contou. No mesmo dia, su-biu a encosta do morro e ordenou que fosse construída a capela com o nome da santa.

João Pessoa

entre o rio e o mar

Naquela época, vivia-se o período Laico, dominado pelo eclesiástico. Por conta disso, era costume dar às descobertas o nome do santo do dia. O Cabo Branco, por exemplo, foi chama-do de São Vicenzo e só ganhou a nomenclatura atual muitos anos depois. O historiador Arion Farias explicou que a mudança está re-lacionada a uma riqueza natural existente ali. “Em seu sopé exis-tem pedras em decomposição chamadas caulim. Elas formam uma massa branca, esponjosa muito utilizada na fabricação de tintas e também de medicamen-to, como o hidróxido de alumí-nio”, acrescentou.

O Cabo Branco foi o local onde Américo Vespúcio foi parar durante um vendaval. O episódio aconteceu enquanto ele fazia um levantamento da costa brasi-leira em 1501, logo após o desco-brimento do Brasil. Àquela altu-ra, o lugar era conhecido apenas como promontório, uma porção de crosta terrestre que avança para o mar, apresentando estrei-tamento da sua largura entre a terra e a sua extremidade.

A primeira rua da cidadeNo mesmo ano de sua fun-

dação, João Pessoa ganhou a primeira rua. A via, localizada a 45 metros acima do nível do mar, foi chamada Rua Nova. Nela foi construída uma capela. Marquês de Herval foi a segunda nomen-clatura que o trecho recebeu, antes de ser batizado de General Osório.

Ali foram erguidos prédios importantes, como a Casa da Câmara do Senado, a cadeia pú-blica e, ao lado, um mercado. Começavam a ser construídas as primeiras igrejas na região, en-tre elas, a de São Francisco. Um forte de taipa foi edificado no Varadouro, mas o prédio acabou sendo destruído antes mesmo da invasão holandesa.

Os nomes da cidadeA cidade que já se chamou

Felipéia de Nossa Senhora das Neves, Frederica, Parahyba só passou a ser João Pessoa em 1930, em homenagem ao presi-dente de mesmo nome, assassi-nado naquele ano.

O fato provocou intensa co-moção popular e nada mais justo do que dar à cidade o nome de seu mártir. Muitos, porém, dis-cordaram desta decisão. Desde então, vários protestos foram

feitos. Até hoje, há quem prefi-ra voltar no tempo e devolver à Capital o nome de Parahyba. A ideia de um plebiscito chegou a ser cogitada, mas o nome perma-neceu.

Mudanças na paisagemEm 10 anos, a população de

João Pessoa teve um crescimento de 21%. O número de habitan-tes, que em 2000 era de 597.934 mil passou para 723.515 mil em 2010, conforme o censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento populacional é responsável por incessantes mudanças na paisa-gem.

Apesar de manter o ar bu-cólico graças aos resquícios de Mata Atlântica, como o Parque Arruda Câmara e a Mata do Bu-raquinho, o verde vem perden-do espaço para a especulação imobiliária. O setor da constru-ção civil avançou, expandido os novos empreendimentos para áreas outrora preenchidas por florestas.

O resultado é que a Capi-tal paraibana ganhou edifícios, praças, parques, prédios e mo-numentos que dão um ar mo-derno à cidade, mas aos poucos

Santo do dia dava nome às descobertas

Lucilene MeirelesEspecial para A União

comprometem o verde que tan-to orgulha o pessoense.

As praias João Pessoa conta com 25

quilômetros de praias que os-tentam coqueiros gigantescos, areias brancas, águas mornas e tranquilas. Entre elas, algumas se destacam por suas especifi-cidades. Cabo Branco e Tam-baú recebem o maior número de turistas e, por isso, são as mais movimentadas; Seixas tem como característica a vila de pescadores; na Praia da Penha, o ponto forte é a religiosidade; no Bessa, a desova da tartaruga marinha é o destaque.

No Cabo Branco, o passeio

náutico até a ilha de Picãozi-nho, banco de areia que surge durante a maré baixa, agrada em cheio quem vem de fora. Sobre a barreira, o famoso fa-rol, com seu mirante que imita folhas de sisal. De lá, uma visão das Praias do Cabo Branco até o Bessa. É ali, na altura da barrei-ra, que fica o ponto mais orien-tal das Américas.

Nascida entre o rio e o mar, João Pessoa se rende à modernidade, mas não per-de sua essência. Talvez seja essa a explicação para que a cidade seja o destino turísti-co para gente do Brasil e do mundo, e o lugar escolhido por outros tantos para viver.

A cidade se expandiu para a orla e a população ultrapassa os 700 mil habitantes

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Andando pelo Centro é possível reviver o passado

História nas ruasLidiane Gonç[email protected]

l -Confira a rota completa dos caminhos (alguns dos monumentos se encontram nas duas rotas)

l - Caminho cidade baixa: Largo de São Frei Pedro Gonçalves, Hotel Globo, Estação Ferroviária, Memorial da Arquitetura Parai-bana, Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, Praça An-thenor Navarro, Associação Comercial da Paraíba, Teatro Santa Roza, Praça Pedro Américo, Batalhão da Polícia Militar da Paraíba, Paço Municipal, Grupo Escolar Thomas Mindello, Mirante - Viaduto Dorgival Terceiro Neto, Antiga Biblioteca Pública Estadual, Casa Sobrado de Peregrino de Carvalho, Igreja da Misericórdia, Praça Rio Branco, Casa do Erário, Solar do Conselheiro, Academia Paraibana de Letras, Praça São Francisco, Conjunto Francisca-no, Antiga Casa dos Padres, Casa da Pólvora, Antiga Fábrica de Vinhos Tito Silva, Loja Maçônica Grande Oriente da Paraíba.

l - Caminho cidade alta: Parque Sólon de Lucena, Praça Dom Adauto, Igreja de Santa Tereza da Ordem Terceira do Carmo, Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Arquidiocese da Para-íba, Casarão 34, Casarão dos Azulejos, Solar do Con-selheiro, Academia Paraibana de Letras, Praça São Francisco, Antiga Casa dos Padres, Casa da Pólvora, Antigo Colégio de Nossa Senhora das Neves, Praça Dom Ulrico, Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, Igreja e Mosteiro de São Bento, Sobrado de Virginius da Gama e Mello, Loja Maçônica Branca

Dias, Viaduto Dorgival Terceiro Neto, Antiga Biblio-teca Pública Estadual, Casa Sobrado de Peregrino de Carvalho, Igreja da Misericórdia, Antigo Colégio dos Jesuítas, Palácio da Redenção, Praça Venâncio Neiva, Academia de Comércio Epitácio Pessoa, Tribunal de Justiça, Praça João Pessoa.

De todos esses locais, podemos destacar as sete igre-jas que existem no Centro Histórico. São construções arquitetônicas que enchem os olhos de historiado-res, de arquitetos e de pessoas comuns.

l-Igreja de Santa Teresa da Ordem Terceira do Carmol-Igreja de Nossa Senhora do Carmol-Igreja de São Bentol-Igreja da Misericórdial-Igreja de São Frei Pedro Gonçalvesl-Catedral Basílica de Nossa Senhora das Nevesl-Igreja de São Francisco- Nela

Mas, podemos destacar também locais com aquele charme especial e muitas vezes desconhecido. O pôr do sol do Hotel Globo já é bastante conhecido, mas existe um outro pôr do sal, tão charmoso quanto, de um mirante que fica em um ponte dento da comu-nidade Porto do Capim que pode ser uma nova experiência.Outro local a ser visitado é o pavilhão do chá, que depois de reformado agora abriga um restaurante de cozinha chinesa, que o deixa ainda mais interessante.

Este pode ser o local escolhido para almoçar durante a realização das duas rotas que podem ser feitas a pé.

O Marco Zero da CidadeApesar de pouco conhecido, o Marco Zero da cidade gera alguns enganos. Os historiadores afirmam que ele fica 18 km acima da embocadura do Rio Paraí-ba, numa colina, á margem direita do rio Sanhauá. No entanto, algumas pessoas confundem o Marco Zero como o Marco Geodésico, que fica ao lado da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves.De acordo com o historiador Nivalson Miranda, o monumento que fica ao lado da Basílica é um Marco Geodésico. “Epitácio Pessoa mandou fazer um marco, de onde se pudesse medir a distância entre a capital e os outros municípios da cidade”, esclareceu.Segundo Adelmo de Medeiros, amante e estudioso da história, no livro História do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, de Luiz Hugo Guimarães, foi realizado em 1922 o Congresso Brasileiro de Geografia e em um dos dias do congresso uma comissão formada pelos participantes dirigiu-se até o local com a finalidade de realizar os estudos que estão descritos na placa. A inscrição da placa, que hoje está quebrada, dizia o seguinte: “Base do instrumento de passagens meri-dianas utilisado pela commissão que determinou as coordenadas geographicas nos estados da Parahyba e do Rio Grande do Norte. 1921-1922”

Monumentos

A praça João Pessoa, também conhecida como Praça dos 3 Poderes, é parada obrigatória para quem quer conhecer mais da história da terceira cidade mais antiga do Brasil

O marco geodésio, ao lado da Basílica, ainda hoje é confundido com o marco zero da cidade Casarão dos Azulejos mantém a fachada e as janelas enormes que chamam a atenção de quem passa

A porta do sol do país tropical, ponto mais oriental das Américas, onde o rei sol escolheu para nascer todas as manhãs, que tem um ver-de que chega a doer. Esta é a cidade de Nossa Senhora das Neves, que já foi batizada de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, Frederica e Parahyba até se tornar a João Pessoa das belas praias e da hospitalida-de. Entretanto a maravilho-sa João Pessoa tem atrativos com raízes na sua fundação. São monumentos, igrejas e casas espalhados pelo centro da cidade. Um passeio pelas ruas da cidade antiga vale a pena tanto para os turistas quanto para os moradores, que às vezes passam, olham, mas não conseguem enxergar a beleza e riqueza espalhadas pelas ruas do Centro Históri-co pessoense.

O turista começa a ver além das belas praias. Se-gundo pesquisa realizada em 2011, a maior parte dos turistas que visitam a capital paraibana aponta o Centro histórico como o atrativo turístico mais destacado. No ano passado os pontos mais visitados do centro foram a Praça João Pessoa; o monu-mento Pedra do Reino, que fica no Parque Sólon de Lu-cena; Cruz na frente da Igreja São Francisco e Hotel Globo.

A Secretaria de Turismo da cidade já atentou para a riqueza que é a arquitetu-ra e a história do Centro e criou duas rotas, que podem ser feitas a pé, inclusive sem ajuda de guias (o que facilita para o habitante da cidade), pois existem ao longo do ca-minho placas indicativas e placas explicativas sobre os monumentos.

O Caminho Cidade Bai-xa é talvez com monumen-tos mais conhecidos, por ter dentro de sua rota a Praça Antenor Navarro, o Hotel Globo e a Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, locais que sempre aparecem em peças publicitárias e que recen-temente foram mostrados em cenas de uma novela. O Caminho da Cidade Alta é igualmente fascinante, com locais que abrigam beleza e história.

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Atrativos naturais e o clima contam a favor

Vocação turísticaJoão Pessoa é o município

de maior participação econô-mica no Estado. Com base nos dados mais recentes do Instituto de Desenvolvimento Estadual e Municipal (Ideme) e Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) da Capital, em 2009, era de 8,6 bilhões, representando 30,12% do PIB da Paraíba. Entre 2002 e 2009, o cresci-mento nominal do PIB foi de 179%, o que levou a cidade da 20ª posição no ranking das capitais brasileiras, em 2002, para a 19ª em 2009.

Na última década, as ati-vidades educacionais, imobi-liárias, da construção civil e o fluxo turístico tiveram um for-te crescimento, sendo funda-mentais para o fortalecimen-to da economia local. Entre as novidades, o setor náutico desponta como promessa para estimular o avanço eco-nômico.

O presidente da Federa-ção do Comércio de Bens e de Serviços do Estado da Paraíba (Fecomércio) Marconi Medei-

ros afirmou que João Pessoa possui várias vocações, entre as quais a atividade turística é a que mais se destaca. “Pri-vilegiada pelo clima, pelas belezas naturais e, principal-mente, por ser uma cidade en-cantadora e gostosa de se vi-ver, a cidade tem, no turismo, uma atividade de grande im-portância, porque colabora na geração de emprego e renda para os moradores”, avaliou.

É uma cidade promissora no setor e, nesse momento, está sendo escolhida como destino turístico por muita gente. Além disso, é um dos municípios mais importantes para a Paraíba e para o Nor-deste pelo seu tamanho e in-fraestrutura que oferece.

Na avaliação de Medeiros, a Capital teve um desenvolvi-mento acelerado nos últimos 10 anos, porque foi escolhi-da para ser sede de grandes empresas do comércio ataca-dista nacional. “Pela localiza-ção, estas empresas mantêm entrepostos comerciais para distribuição de seus produ-tos para o Nordeste”, frisou. O crescimento foi considerável no turismo com a visita cada vez mais frequente de estran-

geiros. Isso, conforme o titular da Fecomercio, vem forçando o aumento no número de lei-tos e unidades habitacionais, sem contar com os restauran-tes, bares, lanchonetes, hotéis, impulsionando o incremento econômico.

Setores se destacamO turismo é um dos se-

tores mais fortes da econo-mia paraibana, seguido pela construção civil, que é o que mais cresce. O secretário da Indústria e Comércio da Pa-raíba Marcos Procópio ob-servou que a importância de João Pessoa para a economia do Estado é fundamental. “O turismo é bastante concentra-do na Capital, o que favorece esse crescimento. Os demais ramos de atividade, como o têxtil, calçadista, softwares, comércio têm seu nível de im-portância, porém, o turismo é uma vocação natural”, avaliou.

Com a construção do Centro de Convenções, a ten-dência é que o movimento da rede hoteleira seja intensifica-do. O equipamento, segundo ele, será um agente fomenta-dor nessa área. Procópio con-sidera João Pessoa o motor de

desenvolvimento do Estado na construção civil, turismo, parte logística, aeroportuária. A Capital paraibana, em sua opinião, consegue reunir toda dinâmica necessária para ala-vancar o Estado.

Na construção civil, de acordo com Marconi Medei-ros, da Fecomércio, o cresci-mento da cidade foi um dos maiores do Nordeste. Ele ci-tou, inclusive, o diferencial dos edifícios modernos e de grande porte.

Outras áreas A dinâmica econômica da

cidade é mais forte nos seto-res da indústria e de serviços, como avaliou o economista Geraldo Lopes, do Ideme. No setor industrial, destaca-se a indústria de transformação, com ênfase nos produtos têx-teis, alimentares e minerais não-metálicos; e a constru-ção civil. No setor de serviços, aparece o comércio varejista e atacadista.

“A Capital é um centro que polariza o comércio em diver-sos municípios, tanto da re-gião metropolitana como das cidades do Brejo e Agreste”, disse. Em seguida vêm as ati-

vidades imobiliárias, de saúde e educacionais, especialmente no ensino superior público e privado. “Economicamente falando, como as demais ca-pitais brasileiras, João Pessoa representa o polo dinâmico da economia paraibana, e é nela que estão concentradas as atividades produtivas no Estado”, afirmou.

Potencial econômicoUm setor ainda latente,

mas com grande potencial para o desenvolvimento é o náutico. Para se ter ideia, João Pessoa ocupa o primeiro lu-gar no índice per capita de barcos do Nordeste, confor-me o secretário da Indústria e Comércio da Paraíba Mar-cos Procópio. “É um setor que está diretamente ligado ao turismo. São setores que se complementam”, enfatizou.

Ganhando espaço estão também os ramos de hote-laria e empresas de turismo, principalmente receptivos. Assim como Procópio, o presi-dente da Fecomércio, Marconi Medeiros, observou que, com a intensificação dos passeios marítimos para Picãozinho, Areia Vermelha e Praia do

Jacaré o setor náutico tende a crescer. Embora o Ideme não possua nenhum estudo específico que aponte novos setores como promessas para alavancar ou ampliar o po-tencial econômico da cidade, o economista Geraldo Lopes observou que o crescimento da economia paraibana está diretamente relacionado com o crescimento da região Nor-deste e do Brasil. “Os setores mais dinâmicos, que agregam mais valor à economia são as atividades da indústria de transformação.

As empresas industriais mais intensivas em capital, com produção voltada para o mercado interno e para exportação, possuem uma potencialidade maior para o crescimento da economia pessoense”, disse.

As atividades turísticas, da construção civil, saúde e educação têm também con-tribuído para o crescimento da economia de João Pessoa nos últimos anos. “O cresci-mento da renda do paraibano é a mola propulsora para o desenvolvimento econômico”, completou Marconi Medeiros, da Fecomercio.

Lucilene [email protected]

Page 38: Jornal A União

C om 427 anos João Pes-soa é uma senhora que abriga quase 20% de toda a população parai-bana. Vivem na cidade

723.515 pessoas das 3.766.528 que habitam o Estado. Mas toda essa gente não tem como terra natal só a Capital. Muitos veem do Sertão, do Brejo, do Cariri, de ou-tras cidades do Litoral, de outros Estados e até de outros países. E essa miscelânea dá a cara que a ci-dade tem. Mas, gera uma dúvida: o povo é acolhedor e hospitaleiro porque na cidade tem muito “fo-rasteiro” ou tem muito “forasteiro porque a população é acolhedora e hospitaleira?

Uma dessas forasteiras que adotou João Pessoa como sua ci-dade é a jornalista Eloisa França, que nasceu em Pombal e está na cidade desde os primeiros meses de vida. “Viajei para a minha ci-dade natal, que é Pombal, durante toda a minha infância e boa parte da adolescência. Hoje é um pouco mais difícil devido à falta de tem-po, mas ainda tenho boa parte da minha família lá, incluindo irmãos e sobrinhos”, contou.

Ela disse ainda que acha que uma das fortes características da cidade é a mistura de costu-me que trazem de outras regiões. “Acho que podemos considerar João Pessoa um resumo da Paraí-ba e também acredito que foi isso que fez a cidade ser conhecida pela sua acolhida e tranquilidade. Nada como se sentir indo à casa de amigos de muito tempo”, disse.

A analista em Mídias Sociais Sílvia Peralta nasceu e morou até os nove anos na cidade de Campo Grande-MG, chegou em João Pes-soa depois que a mãe, funcionária federal, foi transferida. “Quando eu cheguei sequer gostava da ci-dade, afinal por causa dela, eu es-tava me distanciando dos amigos, família, da escola que eu gostava, da minha casa. Logo após o “cho-que”, a cidade passou a me en-cantar. Sua orla farta, o verde por todos os cantos. A bica ficou mar-cada na minha vida, passei várias tardes brincando por lá. Ao longo dos anos minha resistência a João Pessoa foi ficando cada vez me-nor e hoje eu sou completamente apaixonada por essa terra”.

Sobre a mistura de pessoas de todos os cantos, Sílvia comenta que elas trazem cultura. “Pessoas de todas as artes, de todas as co-res, de inúmeros gostos. Em João Pessoa é possível ver um gaúcho na beira-mar, tomando chimarrão, ou, no meu caso, um tereré gela-dinho. Sou muito orgulhosa dessa que hoje é, indiscutivelmente, a minha cidade”, disse.

A mãe de Sílvia, Lídia, disse que é testemunha que João Pes-soa é uma das melhores cidades do país para se viver. “As pes-soas de outros lugares que opta-ram por viver aqui contribuíram para a miscigenação cultural o que naturalmente, aumenta a qualidade de vida da população”, opinou.

De um pouco mais distante veio o músico Didier Guige. Ele nasceu num pequeno vilarejo do Sul da França e quando já morava em Paris surgiu a oportunidade de participar da Orquestra Sin-fônica da Paraíba e do corpo do-cente do Departamento de Música da UFPB. Apesar do contrato de apenas dois anos, desde 1982 ele vive em João Pessoa, pois houve o que ele chama de imediata sinto-nia com a cidade e as pessoas que aqui viviam.

Ele diz que é bem provável que os “estrangeiros” sejam eles de outras cidades da própria Pa-raíba ou de fora do país tenham contribuído para fazer de João Pessoa o que ela é hoje. “Nos anos 80 o dinamismo da UFPB em cha-mar intelectuais de fora do país com certeza deve ter mexido bas-tante no perfil sociocultural da cidade. Mais recentemente, são empreendedores que afluem tam-bém. Todo este pessoal acaba se integrando, trazendo para a po-pulação local sua visão, gostos e perspectivas”, disse..

A jornalista Lilian Pedreira ainda conserva na memória as mais doces lembranças da infân-cia que viveu em Porto Velho-RO. De lá ainda conserva os amigos, com quem começou trocando cartas e hoje em dia os conserva através das redes sociais. Apesar do amor pela terra natal Lilian afirma que é paraibana sim, mas que esqueceu de nascer aqui.

A vinda para João Pessoa aconteceu em 1988, quando a mãe, uma baiana arretada, que duas décadas antes havia ido para o Norte em busca de oportunida-de resolveu voltar para o Nordes-te. E entre os noves Estados, esco-lheu a Paraíba, por perceber que a cidade tinha um bom custo de vida, ser tranquila e ter boas uni-versidades para os filhos. “Amo esta cidade. A princípio quando vi morar aqui tive medo, mas o medo passou e ficou o encanta-mento e o amor por tudo que a cidade tem. Na verdade tenho or-gulho de viver aqui. Acho que a cidade tem tudo o que eu preciso. A nossa relação com João Pessoa é de amor, respeito e gratidão. Sinto saudades da cidade que nasci e de tudo que ficou para trás, mas para morar, só João Pessoa mesmo”, ga-rantiu.

Além de todos os estrangeiros, João Pessoa tem também os filhos da terra, que a amam e dão a maior parte da contribuição para fazê-la ser encantadora como é. Uma des-sas pessoenses é a professora Ju-liana Barros. “É maravilhoso mo-rar em João Pessoa. Morar em João Pessoa me faz bem. Só saio daqui se passar num concurso fora. Pra mim essa é a cidade para formar uma família, criar os filhos, viver bem e feliz”, disse.

Sobre a mistura de gente que faz João Pessoa ela disse que acha essa miscelânea muito agradável. “Isso é sinal de que a cidade é atrativa pra se viver, uma combi-nação de baixo custo de vida e alta qualidade de vida. João Pessoa é a mistura perfeita de cidade praia-na com ‘um quê’ de cidade do in-terior, onde todos se conhecem ou conhece alguém que conhece um parente, sei lá. Eu adoro isso. Sinal que as pessoas “de fora” va-lorizam este lugar como um lugar pra viver e ser feliz”.

5UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 201236

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FOTOS: Marco Russo

Lidiane Gonç[email protected]

Cidade acolhedora

João Pessoa é uma senhora que abriga quase 20% de toda a população paraibana. Vivem na cidade 723.515 pessoas das 3.766.528 que habitam o Estado.

O esporte amador da Pa-raíba, em especial da cidade de João Pessoa, sempre esteve em alta ao longo dos mais de quatro séculos de fundação do nosso Estado. No futebol de praia, futebol de areia, futsal, basquete, handebol, natação, judô, atletismo, dentre outras modalidades esportivas de ca-ráter olímpicas, nossos atletas foram e continuam sendo res-ponsáveis pela boa imagem da cidade no âmbito esportivo na-cional e internacional, superan-do desafios e mostrando que, quando se almeja algo, nada é impossível.

Kay France da Costa Pontes e João Batista Eugênio são al-guns dos muitos conterrâneos que nos deram alegrias no pas-sado. Ela foi a primeira mulher da América Latina a atravessar o Canal da Mancha, numa ex-tensão de 47,1 quilômetros, se-parando a França da Inglaterra. Sua marca, 11h36m, lhe garan-tiu o recorde mundial e o título de primeira mulher a alcançar tal feito. O Canal da Mancha é considerado o maior de todos os desafios da natação de águas abertas.

Ele, foi o primeiro pa-raibano a participar de uma Olimpíada e de um Pan-Ame-ricano. Residente no bairro de Mangabeira, na Capital, João Eugênio foi o quarto homem mais veloz do mundo nos 200 metros rasos (20s30), façanha esta conquistada em Los Ange-les, no ano de 1984. No Brasil, ele continua sendo o homem mais veloz em curva dentro de uma pista de atletismo.

No presente, Kaio Márcio de Almeida, com suas braçadas fortes, é uma das principais re-ferências da natação brasileira e mundial. Brilha nas piscinas e representou a natação do país nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. O nadador, desde dezem-bro de 2005 é o recordista dos 50m borboleta (22s60) em pisci-na curta de 25 metros.

Aline Waleska Rosas (a Ali-ne Pará), no handebol de qua-dra, que por muitas vezes ves-tiu a camisa do Brasil em Jogos Pan-Americano e Olimpíadas é outro exemplo para a Paraíba. A atleta reside atualmente em Santa Catarina e já foi consi-

derada uma das melhores do planeta. Nesta relação, se inclui ainda o velocista Basílio Emídio de Morais, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americano Rio 2007, no Revezamento 4x100 metros. Atletas como eles, ganharam fama e nunca abandonaram suas origens, fazendo questão de enaltecer a antiga Capital Filipéia.

Outros conterrâneos desa-fiaram e continuam desafiando seus limites. Destaques para as judocas Amanda Cavalcante e Raíssa Kilsa (que retornou aos tatames recentemente após uma gravidez). Essas judocas sempre estiveram presentes em pódios do Brasil e do Mundo; a goleira Mayssa, que por mui-tos anos defendeu o Brasil no handebol de areia, atualmente jogando fora do País e que in-tegra a Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Londres; o bas-quete juvenil e infantil, conside-rado o melhor da nação e que, em 2007 se sagrou campeão das Olimpíadas Escolares Brasileiras, entre outros.

O vôlei de praia de João Pessoa também não deixa de ser uma referência para o mun-do. A dupla Jorge/Renatão me-rece mais do que comentários. As belas jogadas, o sucesso com os saques, bem como a maneira como encaram o esporte lhes levaram para os Jogos Olímpi-cos de Pequim (China), em 2008.

Neste esporte não devemos esquecer o atual secretário es-tadual de Juventude, Esporte e Lazer, José Marco da Nóbre-ga (Zé Marco). Até o momento ele é o nosso único medalhista olímpico. Em 2000, em Sidney, na Austrália, conquistou a me-dalha de prata ao lado do baia-no Ricardo no vôlei de praia. Talvez, este ano em Londres, a Paraíba possa ter outros meda-lhistas olímpicos. Hulk, no fute-bol de campo; Mayssa, no han-debol; Jaílma Sales de Lima, no atletismo e Andressa Morais, no lançamento de disco são nossas esperanças. Kaio Márcio, que também esteve nas Olimpíadas, já foi eliminado nos 100 e 200m borboleta.

Mas não foi somente den-tro de quadra, pista de atletis-mo, tatames ou outras praças de esportes que se elevou o nome dos praticantes de moda-lidades esportivos de nossa João Pessoa. Fora dessas praças, polí-

ticas esportivas também con-tribuíram para o crescimento e desenvolvimento do esporte amador. Com destaque para a Lei nº 7.550, de 30 de abril de 2004, que dispõe sobre a criação do programa “Bolsa Atleta”. O programa visa incentivar a prá-tica de esportes, possibilitando, assim, um suporte para o treina-mento e a participação em com-petições regionais, nacionais e internacionais de nossos atletas/para-atletas de alto rendimen-to, mantendo-os radicados no nosso Estado.

Os atletas beneficiados por este programa dedicam-se, exclusivamente, aos estudos, enquanto forem discentes, e à prática de esporte. Outros pro-gramas voltados exclusivamen-te para a prática esportiva do paraibano, em especial, do atle-ta filho de João Pessoa, tam-bém foram desenvolvidos. João Pessoa viveu e vive momento de grandes eventos esportivo.

A Capital paraibana já se-diou competições de âmbito nacional, além de acolher atle-tas e seleções renovadas, seja do próprio país ou do exterior. Nessa extensa relação de even-tos realizados, cita-se por vários anos seguidos o Campeonato Brasileiro de Bicicross BMX; Jo-gos Universitários Brasileiros (Jub´s); Olimpíadas Escolares do Brasil; Campeonato Brasileiros de Judô, entre outras infinida-des. A Capital foi palco também, por várias vezes, da presença da Seleção Brasileira de futsal, vo-leibol e handebol, em suas cate-gorias masculina e feminina.

As praças de esportes são consideradas de alto nível. A Vila Olímpica Ronaldo Mari-nho, antigo Dede, no Bairro dos Estados, em João Pessoa, tem sido palco de grandes exibições da prática de desportos aquáti-cos. É considerada uma das me-lhores do Brasil. E, para melhor abrigar os desportistas, recursos para a melhoria de sua estrutu-ra foram recentemente anun-ciados pelo Governo do Estado. O Governo promete também reforma e urbanização dos es-tádios de futebol Almeidão, Amigão, Perpetão e Marizão. O Ginásio “O Ronaldão”, no bairro do Cristo Redentor, na Capital, também está entre os que terão recursos investidos. Se trata de uma das praças de esportes melhores do país.

Palco de grandes talentos no esporteMarcos [email protected]

João Pessoa é a mistura perfeita de cidade praiana com ‘um quê’ de cidade do interior

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Artistas se rendem aos encantos da CapitalTerra que inspira

Não é necessário nascer em João Pessoa para po-der criar um relacionamen-

to estreito com a cidade. A Capital da Paraíba possui outros atributos para en-redar alguém que não teve a cidade como o seu berço. As belezas naturais, a tran-quilidade que ainda é possí-vel sentir - embora não seja mais dotada do ar provincia-no que ostentava há poucas décadas – e a efervescência cultural, que evoluiu com o passar do tempo, à medida que a urbe foi progredindo, são alguns requisitos apon-tados por alguns artistas que não apenas se sentiram atraídos, mas, em certos ca-sos, decidiram fincar raízes em solo pessoense, chegan-do ao ponto de a utilizarem como inspiração para a cria-ção de obras.

“João Pessoa é uma ci-dade mãe de todo o Estado. Ela abriga todas as famílias, sem nenhum preconceito. Não existe bairrismo, o que é uma característica mui-to importante, a qual não é comum em outras cidades”, disse o artista plástico pa-raibano Chico Ferreira, que reside na Capital há quatro décadas. “João Pessoa é a minha cidade e Catolé do Ro-cha (onde nasceu) é uma ex-tensão, um bairro para mim”, acrescentou ele.

O longo período de Chi-co Ferreira como morador de João Pessoa estreitou sua relação com a Capital, motivando-o a se inspirar para criar seus trabalhos, até como forma de abordar os problemas vividos pela cidade. Exemplos marcan-tes dessa cumplicidade fo-ram três intervenções de cunho artístico e social que realizou em três áreas: A Av. Epitácio Pessoa, a Lagoa do Parque Solon de Lucena e a Praça João Pessoa. “Isso cau-

sou repercussão nacional e me deixou satisfeito, por ter sido feito em João Pessoa há 10, 15 anos atrás”, disse ele.

Chico Ferreira ainda lembrou que até teve opor-tunidade para morar em ou-tros Estados e, inclusive, no exterior. No entanto, prefe-riu continuar residindo em João Pessoa não apenas por já ter conquistado seu espa-ço como artista plástico na cidade, mas também por es-tar inserido no movimento cultural. Na opinião do artis-ta plástico, uma intimidade que passou a manter, ainda, por causa das atrações natu-rais da Capital, tendo admi-tido se sentir “presenteado” por morar na cidade.

Já o artista plástico cam-pinense Chico Pereira con-fessou que sua relação com João Pessoa ocorreu por fa-ses. A primeira ainda na ado-lescência, quando conheceu a Capital, para onde vinha – es-poradicamente – para visitas à orla marítima. “Vivi os tem-pos da história da gameleira, onde nas proximidades ha-via um balneário – agora há uma padaria no local – para guardar as roupas e alugar calções de praia e câmaras de ar de pneu de caminhão para uso como boias”, disse ele.

A segunda etapa ocor-reu nos anos 60, quando Chi-co Pereira passou a visitar mais frequentemente a Capi-tal, época em que conheceu intelectuais como Raul Cór-dula, Sérgio de Castro Pinto, Wills Leal e Unhandeijara Lisboa, que se reuniam em torno de uma mesa na hoje extinta Bambu, que ficava instalada na Lagoa, centro da cidade. “À noite, descía-mos para os bares da praia e voltávamos a pé, pois, de-pois de certa hora, não tinha mais ônibus. Eram momen-tos heroicos da existência, marcados pela rebeldia inte-lectual e artística”, disse ele, que passou a morar em João Pessoa em 1976, ano em que Linaldo Cavalcante assumiu o cargo de reitor da UFPB.

Em 1978, Chico e Raul Cór-dula registraram esses as-pectos da cultura no livro Os Anos 60 – Revisão das Artes Plásticas na Paraíba.

“Tenho uma ligação amorosa com João Pessoa, pois foi na cidade que me tornei testemunha ocular de tudo que aconteceu e da pro-funda mudança da pacata ci-dade Barroca na cidade ver-tical do século XXI. Ou seja, de uma acanhada e nostál-gica cidade para a metrópo-le indecifrável de hoje. Aqui consolidei a minha paraiba-nidade, que vem do Sertão ao Litoral.

Apesar de todas as mu-danças ocorridas, ainda é um belo espaço para se viver. A minha arte tem muito a ver com essas transformações, por isso a minha afinidade com a cidade”, concluiu Chi-co Pereira.

Outro artista que guarda estreito relacionamento com a Capital é o ator Fernando Teixeira. “Adoro e amo João

Pessoa”, declarou-se ele, que se inspira constantemente na cidade para atuar. Ele con-tou que se maravilha com as belezas naturais, a exemplo do verde da vegetação e o mar. E que costuma ouvir de quem é de fora como a cida-de consegue manter espetá-culos que surpreendem. De acordo com Teixeira, se a ci-dade se desenvolveu, o pro-gresso trouxe o crescimento e a oportunidade de mais op-ções culturais.

Já o cineasta campinen-se Marcus Vilar confessou manter “uma ligação muito forte” com a Capital paraiba-na. Uma prova dessa relação, segundo ele, foi o fato de ter começado a fazer cinema – em detrimento da educa-ção física - quando estava morando em João Pessoa. A influência pela sétima arte motivou-se pelas circuns-tâncias, por volta dos anos 60, ao tomar contato com as obras e os profissionais que atuavam na época.

“Tenho um carinho pro-fundo pela cidade de João Pes-soa”, declarou-se o cineasta, que se prepara para realizar - com início das filmagens pre-visto para o mês de novembro – mais um trabalho inspirado na Capital. Trata-se do curta in-titulado O Terceiro Velho, cuja adaptação é de Marcus Vilar e Vinícius Rodrigues do conto original O Terceiro Velho da Noite, do escritor sergipano Antônio Carlos Viana. O proje-to foi aprovado pela Funjope e Vilar antecipou que utilizará áreas da orla marítima, a exem-plo do Cabo Branco e Manaíra, para as cenas.

Natural de Brejo do Cruz, a cantora paraibana Socorro Lira é uma artista que, apesar de radicada em São Paulo, não se desligou de João Pessoa. “É uma das cidades mais bonitas e gos-tosas de morar”, comentou a artista, lembrando que compôs a música intitulada Pessoa em homenagem à Ca-pital. A última visita ocorreu

há três meses e ela ressaltou que sempre que precisa faz a gravação com instrumentos de cordas na cidade. O pró-ximo retorno está previsto para o dia 15 de setembro, para realizar show em local ainda a ser definido.

O poeta Sérgio de Castro Pinto, que nasceu em João Pessoa, também já se inspi-rou em vultos e tipos popu-lares da Capital para escrever poemas, a exemplo de Maca-xeira. “Sou apenas uma tes-temunha esporádica do que acontece na cidade”, disse ele. No entanto, apesar de manter estreita ligação com o lugar aonde nasceu, lamentou ter a cidade perdido, com o pas-sar dos anos, o que considera para si como pontos referen-ciais, a exemplo dos cinemas Municipal, Rex, Brasil e o pré-dio histórico que abrigou o jornal A União, cuja localiza-ção era na Praça João Pessoa, no Centro, demolido para dar lugar à sede da Assembleia Legislativa da Paraíba.

FOTOS: Divulgação

FOTO: João Lobo

O artista plástico Chico Ferreira já teve oportunidade de morar fora, mas prefere ficar na Capital Ator Fernando Teixeira faz uma declaração de amor à terrinha: “Adoro e amo João Pessoa”

Marcus Vilar, cineasta campinense, descobriu a vocação para a sétima arte quando foi morar em João Pessoa

Guilherme [email protected]

Page 40: Jornal A União

5UNIÃO A João Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 201238

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João Pessoa em imagens

Page 41: Jornal A União

Ao longo de sua existência, a Capital da Paraíba acumulou diversas datas históricas, algumas ainda desconhecidas da popula-ção. Por exemplo, em 1599, o Ca-pitão-mor Feliciano Coelho firma a paz com os potiguaras, “pela força das armas”, segundo al-guns autores. Quatro anos antes, Diogo Furtado de Mendonça im-planta o Tribunal da Santa Inqui-sição na Paraíba e, como saldo de suas investigações, confisca os bens de 153 pessoas. Duas delas, embora lendárias – Branca Dias e Luís Valença – foram queimadas num auto de fé, em Lisboa.

Em 1634, quando a Capital só dispunha de, no máximo, 1500 habitantes, ocorre a invasão ho-landesa, que dura 10 anos e oito meses. Neste período, João Pes-soa foi chamada de Fredericks-tad, em homenagem a Frederico, príncipe de Orange. Outras datas se sobressaem na História da Pa-raíba.

1589Martin Leitão, que ordenou

a fundação da atual João Pessoa, acaba preso e remetido a Por-tugal. Foi vítima das intrigas ge-radas entre o Governo Geral do Brasil e a Companhia dos Padres Jesuítas. Morreu pobre e esqueci-do. João Pessoa já nasceu cidade. Isto aconteceu por força da car-ta régia de 29.12.1583. Assim, a Capitania de Parahyba do Norte passou a ser posse da Coroa Por-tuguesa e não, de donatários, como era o costume da época.

João Pessoa nasceu Cidade de Nossa Senhora das Neves. Frutuoso Barbosa, em home-nagem a Felipe II, de Espanha, rebatizou-a Filipéia de Nossa Se-

Dias que marcaram a história

5 de agosto ou 4 de novembro? Eis a questão

O mês de julho de 1585 estava quase no fim quando dois índios tabajaras chegam a Olinda e procuram

falar urgente com o Ouvidor Ge-ral Martin Leitão. Diante da auto-ridade, eles pedem socorro para se livrarem dos índios potiguaras, que a cada dia ameaçam suas al-deias estratégicas, situadas na fronteira de Pernambuco com a Paraíba. Leitão autorizou o Capi-tão João Tavares a equipar uma caravela de guerra e partir em socorro de seus aliados, levando um exército de 25 homens, além de cavalos e muita munição.

Após 96 horas de jornada chegava João Tavares às margens do Sanhauá. Lá, se encontrava Piragibe (Braço de Peixe) e sua gente. O encontro foi realizado às claras, já que os potiguaras não ig-noravam mais a aliança existente entre seus parentes tabajaras e os portugueses. Tavares saudou Pi-ragibe à moda indígena e firmou definitivamente as pazes com a indiada. Também ordenou oito salvas de canhonetas na direção das magens, a fim de espantar al-guma tropa potiguara à espreita. Deu várias voltas com a caravela ao longo do rio, para deixar cla-ro, ao inimigo, que os novos alia-dos dos tabajaras tinham grande poder de fogo. Era a manhã de 5 agosto de 1585. A Paraíba, após diversas tentativas vãs, finalmen-te estava conquistada.

Teria sido esta a data de funda-ção da atual João Pessoa? Escritores de renome – Horácio de Almeida, Guilherme D’Ávila Lins, Durwal Al-buquerque, Wellington Aguiar, José Otávio de Arruda Melo e outros, afirmam que em 5 de agosto de 1585 apenas foi firmada a paz dos portugueses com os tabajaras, então aliados dos potiguaras. João Tavares, que já havia engatilhado aliança com os tabajaras e gozava da confiança de Piragibe, apenas endossou o ato de paz solenemente, ao atender o pedido de socorro de um líder in-dígena, que se sentia ameaçado por seus irmãos selvagens, aliados dos franceses - nesta época, corsários de Dieppe (França) contrabandeavam em larga escala o pau-brasil, para as fábricas de tecidos do Oriente e da Europa. Nesse dia a cidade também foi batizada como Nossa Senhora das Neves, em homenagem ao santo do dia.

Por essas e outras razões, D’ávila Lins, que é professor Emé-rito da UFPB, afirma que a funda-ção oficial da Paraíba se deu com a lavratura da ata, em 4 de no-vembro de 1585, três meses após o dia 5 de agosto, quando Tavares firmou as pazes com Piragibe. “A perpetuação deste erro grosseiro é inaceitável porque agride um de-talhado depoimento manuscrito de confiável testemunha ocular da fundação desta cidade, em 4 de no-vembro de 1585”, diz Guilherme, referindo-se ao jesuíta anônimo, autor de o Sumário das Armadas, que pessoalmente assistiu à cena da fundação da Cidade de Nossa Senhora das Neves. A obra que marca a data de fundação da cida-de é o Forte do Varadouro, iniciado em 5 de novembro de 1585 e con-cluído em 20 de janeiro de 1586.

Data controversaHilton Gouvê[email protected]

nhora das Neves. Nesse ínterim Portugal e suas colônias esta-vam sob domínio espanhol.

A atual ladeira de São Fran-cisco foi a primeira rua de João Pessoa, isto no final do Século XVI para o início do Século XVII.Era um trecho enladeirado entre o Forte do Varadouro e a cape-la de Nossa Senhora das Neves. Foi desmatado e, tempos depois, recebeu uma de suas primeiras construções, a casa da Pólvora.

O primeiro bairro topogra-ficamente criado foi Tambiá, por volta de 1850. O tenente-coronel de ascendência francesa Henri-que Beaurepaire Rohan implan-tou a primeira biblioteca públi-ca. Governou a Paraíba entre 1857 e 1859. O primeiro ramal ferroviário, ligando João Pessoa a Mulungu foi implantado em 7 de setembro de 1883.

Ao retornarem a Paraíba, os Jesuítas fundaram o primeiro co-légio da Capital, em 1748 Foi im-provisado num casarão, doado pelo casal Manoel da Cruz e Lu-zia do Espírito Santo. O Colégio

das Neves foi o primeiro educan-dário particular e esteve em ati-vidade de 1865 a 1875, na Duque de Caxias, onde funcionou o Mu-seu Fotográfico Walfredo Rodri-gues. A escola feminina pioneira nasceu em 18 de abril de 1828, obra do padre Joaquim Antonio Leitão.

A Praça João Pessoa foi cons-truída entre 1879 e 1881. Cha-mava-se, inicialmente, Jardim Público da Capital e depois, Co-mendador Felizardo. Era cercada por gradis de ferro para impedir a entrada da pobreza. Somente a elite tinha acesso ao coreto e ao centro.

O inventor da máquina de escrever, o padre paraibano João Francisco de Azevedo, nas-ceu em João Pessoa, em 1814 e morreu numa casa da Duque de Caxias, em 1880. Seu invento foi copiado pelo anglo-americano Alan Sholes, que vendeu a pa-tente ao fabricante de armas Oli-ver Remington. Este deu início à fabricação em série de uma das máquinas de escrever mais fa-

mosas do mundo, a Remington.1801 marca uma data triste

na Capital. Foi o ano em que o franciscano Frei José de Jesus Maria Lopes, com a ajuda de um índio e um escravo, matou a mulata Tereza, por quem estava apaixonado. Já o dia 12 de ju-nho de 1900 marca o dia em que morreu, no teatro Santa Roza, o mágico sueco Jau Balabrega e seu assistente Loui Bartelle, viti-mas da explosão de um gerador a querosene, que dilacerou seus corpos.

A Assembleia Legislativa pioneira da Paraíba nasceu em 7 de abril de 1835. A primeira legislatura foi de 28 parlamen-tares, sob a presidência de José Lucas de Souza Rangel. De 1835 até o advento da República, em 1889, o mandato parlamentar era de dois anos.

O governador João Macha-do inaugurou o abastecimento d’água da Capital em 1912. Em março do mesmo ano também implantou a energia elétrica, com acesso a residências.

Primeira rua da Capital, a atual ladeira de São Francisco ainda guarda antigas contruções do Século XVII

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FOTOS: Marco Russo

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Personagens que marcaram a história da Capital

Grandes homens

Felipe Camarão, um índio potiguara nascido em Baía da Tração (PB), esteve a ponto de passar para o lado dos holande-ses, alegando desprestígio e humilhação à sua pessoa, por parte dos nobres por-tugueses. Diplomata afinado, D. João IV soube a tempo da intenção do aborígine e o nomeou “Governador dos Índios do Brasil”, além de condecorá-lo com o Hábi-to da Cruz de Cristo e lhe doar uma pen-são de 400 cruzados. Aí, Camarão passou a convidar seus primos, Antônio Paraopeba e Pedro Poty, a passarem para o lado por-tuguês, já que os dois estavam a serviço da Holanda.

Eis a carta de Felipe Camarão aos ín-dios que apoiavam os holandeses:

“Não posso deixar de cumprir as pro-messas e deveres contraidos com meus avós, isso é, de vos guardar assim como a todos os da nossa raça.

Vim, portanto, da Bahia, a fim de vos zelar e garantir, e ainda que tenhais proce-dido mal, tirar-vos das garras dos inimigos, desejando afastar-vos delle, pois o país nos pertence, e se vos conservardes ao seu lado, tereis por fim de ser atacados e ani-quilados.

Por esse motivo, meus amigos, ain-da não quis desenvolver toda a minha força contra os holandeses, para vos poupar; e como a natureza obriga to-dos os animais a amarem os seus filhos e morrerem por eles, assim eu igual-mente mostrarei e provarei o meu amor paterno por vós, empregando todos os

esforços afim de converter a vós meus verdadeiros patrícios.

Vim da Bahia nutrindo a esperança de obter dos da minha raça boa consolação e auxilio, e certo de que se uniriam commi-go; entretanto não recebi até agora res-posta alguma, a fim de poder guardar e garantir o seu bem-estar.

Qualquer de vossa nação que se qui-zer passar para mim deve trazer uma ban-deira branca, tendo-me eu dirigido com a esperança de vossa vinda para a Paraíba, a fim de lá vos guardar.

Soubemos recentemente de fonte limpa e podeis confiar na notícia, que os da Holanda propuzerem, pelos seus em-baixadores ao nosso rei e senhor, D. João IV, restituir esta terra, visto não mais a po-derem sustentar.

Tereis que entregar os poucos fortes, visto que os holandeses hão de os abando-nar e partir nos navios para a sua pátria; e quanto ao esperardes uma esquadra com socorros, ficai avisados que ela só virá para buscar os holandeses e vos deixar como presos nas garras dos portugueses.

Onde vos metereis então, ou vos ocul-tareis de nós?

O mal que os holandeses merecem re-cairá sobre vós.

Comquanto não saibais e penseis que os portugueses nos enganam, a verdade é que os holandeses é que vos enganam.

Se não estais cegos, aceitai o meu per-dão, enquanto é tempo e não acrediteis nos holandeses que ainda poderão ficar

sendo vassalos do nosso poderoso rei, pois bem sabeis que eles mesmos estão incer-tos sobre o resultado da guerra.

Deveis estar bem lembrados que nos velhos tempos, muitos da nossa excellente raça, deixando-se seduzir pelos extrangei-ros, depois perderam a vida.

Não acrediteis nesses herejes e vinde a tempo para vos salvar, recebendo cada um o passaporte que lhe daremos; se não o fizerdes, ficareis abandonados e não vos concederemos quartel, nem perdão, mas vos destruiremos como inimigos.

Fugi dos herejes e vinde tratar da vos-sa salvação. Como pudestes contar com os holandeses, depois delles procederem tão mal com os da vossa nação do Maranhão, pois tendo-lhes feito bellas promessas, justamente como agora, os enganaram e abandonaram, quando os portugueses re-tomaram o país.

Não acrediteis tão pouco nos capitães Antônio Paraopeba e Pedro Poty, haven-do estado na Holanda, ficaram imbuídos das suas ideias e não pensam noutra cousa mais que em os ajudar a vos perder.

Sinto-me atribulado, não pensando em outra cousa senão em procurar um meio para vos colocar sob a minha proteção.

24 anos da morte de João AgripinoNo último dia 6 de fevereiro, se com-

pletou, exatamente 24 anos de falecimen-to do ex-governador da Paraíba, João Agripino, que morreu por volta das 14 e 30 horas no hospital do servidor, no Rio

Governador dos índios do Brasil

oão Pessoa, Felipe Cama-rão, Vidal de Negreiros, padre Francisco João de Azevedo e o ex-governa-

dor João Agripino são lembra-dos, hoje, como figuras históri-cas de relevo na Paraíba, cada um em sua época e seguindo o seu próprio estilo.

Oitenta e dois anos após o sangrento episódio da Confei-taria Glória, em Recife, o nome de João Pessoa, um dos expo-entes da Revolução de 1930, continua vivo em sua terra natal, Umbuzeiro, situada no Cariri Velho da Paraíba, a 238 Km da Capital. Ali, a poucos metros do centro urbano, a Fa-zenda Prosperidade abriga a casa onde nasceu o advogado e político paraibano, em 24 de janeiro de 1878.

Ao lado da casa que ser-viu de berço para João Pessoa - batizado João Pessoa Caval-canti de Albuquerque -, existe outra maior, construída por um primo legítimo, Carlos Pessoa, hoje administrada pelos filhos do falecido de-putado Carlos Pessoa Filho: Carlito, Fábio e Lúcia, familia-res diretos do ex-governador da Paraíba. São eles os res-ponsáveis por documentos e objetos raros, que integram parte do acervo pessoal de João Pessoa.

Na casa de Carlos Pessoa - o primo de quem João Pessoa vivia mais próximo e com o qual mantinha um relacionamento de irmão -, existem relíquias que formavam o acervo do Mu-seu de João Pessoa, implantado

no Governo de Ivan Bichara, na Fazenda Prosperidade, na década de 1970. Atualmente, o museu está desativado. Algu-mas relíquias do ex-governa-dor foram transferidas para a Casa Grande e outras para João Pessoa. Fábio esclareceu que, na Capital, a manutenção téc-nica de fotos e documentos im-pedirá que as relíquias tenham fim. Mesmo assim, o acervo de Umbuzeiro se revela muito útil para os historiadores, pesqui-sadores e similares

Numa cristaleira do iní-cio do século XX, Lúcia e Fábio Pessoa guardam documentos inéditos deste político, que enriqueceriam o acervo de qualquer museu histórico. Um dos objetos que mais chama a atenção dos pesquisadores é a máscara mortuária de João Pessoa, moldada em bron-ze diretamente de seu rosto, poucas horas após a sua mor-te. Esta obra de escultura foi realizada pela empresa EPTM do Recife, na tardinha de 26 de julho de 1930, quando o corpo do estadista estava prestes a ser necropsiado.

No ano de 1908, João Pessoa havia completado 30 anos. Parentes mais chegados se reuniram na Fazenda Pros-peridade, para uma foto. João Pessoa aparece lá, no centro, com o cabelo cortado discre-tamente e exibindo o indefec-tível bigode. Discreto como sempre, o aniversariante qua-se não é notado na fotografia. Quando iniciou a sua carreira política, três anos depois, João Pessoa passou a encomendar fotos em bronze. Na época, era moda. A família Pessoa tem

mais de meia dúzia dessas fo-tos, na Casa Grande da Fazen-da Prosperidade.

Um dos objetos mais usa-dos por João Pessoa, quando ia repousar em Umbuzeiro, era uma bengala preta de peroba, com o punho encastoado em ouro, destacando as iniciais

JP. No meio da tarja de ouro se destaca um rubi vermelho. Fá-bio guarda esta relíquia com grande zelo. A bengala tem mais de 100 anos. Ele morreu aos 52 anos. Seus familiares calculam que o ex-governador adquiriu em Recife, quando ti-nha 20 anos de idade.

Administrador colonial e militar paraibano, André Vi-dal de Negreiros destacou-se como um dos líderes da In-surreição Pernambucana de 1645, o movimento que pôs fim ao domínio holandês em Pernambuco. André Vidal de Negreiros (1606-1682) nas-ce no Engenho São João, filho do proprietário. Aos 18 anos entra para o exército colo-nial e, em 1638, destaca-se na luta pela defesa de Salvador, na Bahia, contra os ataques holandeses comandados por Maurício de Nassau. Viaja para Portugal e Espanha, onde per-manece por oito anos e obtém os títulos de mestre-de-campo e comandante de terço (tropa).

De volta ao Brasil atua no-vamente na insurreição contra os invasores holandeses, desta vez em Pernambuco. Durante o conflito, o rei português dom João IV decide fazer acordos com os holandeses e sufocar a rebelião. Negreiros entra em choque com a Coroa ao dar continuidade aos comba-tes, segundo afirma Horácio de Almeida, em História da Paraíba 1.

Na ocasião declara que prefere subestimar as ordens do rei e ser castigado a com-pactuar com os invasores. Em 1654, os holandeses são definitivamente derrotados e abandonam a região. Ao lado de João Fernandes Vieira, Hen-rique Dias e Filipe Camarão, é

de Janeiro, vítima de embolia pulmonar. Natural de Brejo do Cruz, no Sertão parai-bano, João Agripino, tinha, ao morrer, 73 anos de idade. Deixou viúva, do segundo casamento, a senhora Sônia Maia. Seus sete filhos, com raras exceções, também seguiram a carreira política. Já, como ficou conhecido durante as campanhas, deixou um legado político dos mais nobres já re-gistrado em toda a Paraíba.

O início de sua vida pública, ocorreu, na verdade, em 1946, como deputado fe-deral constituínte, sendo, depois, eleito su-cessivamente, até 1962. Mais tarde, em 65, sagrou-se governador do Estado – o único em todo o Brasíl a ser eleito pelo voto di-reto no regime militar, então comandado por Castelo Branco. Considera-se o marco maior de seu governo a construção do Anel do Brejo, rodovia que interligou os municípios da região.

Luta contra dominação holandesa na cidade

um dos heróis do movimento, com atuação destacada nas batalhas de Guararapes (1648 e 1649). Fica encarregado de negociar a rendição com os ho-landeses e de comunicar dom João IV.

Ao chegar em Lisboa, em 1655, recebe condecorações e é nomeado governador do Maranhão e do Grão-Pará. Em 1657 torna-se governador de Pernambuco, onde fica até 1661 quando assume o gover-no de Angola, colônia portu-guesa na África. Regressa ao Brasil em 1666 e no ano se-guinte é novamente nomeado governador de Pernambuco. Ao morrer, em Goiânia (PE), no ano de 1680, deixou 30 fi-lhos e cinco filhas.

João Pessoa, o mártir que deu nome à Capital paraibana

Militar, Vidal de Negreiros

Índio Felipe Camarão lutou pela cidade

Fotos: Arquivo A União

Hilton Gouvê[email protected]

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UNIÃO AJoão Pessoa, Paraíba - DOMINGO, 5 de agosto de 2012

Curiosidades da mais antiga celebração da Capital

Festa das NevesA suntuosidade da Festa

de Nossa Senhora das Neves, que completa 427 anos como padroeira de João Pessoa, a Capital da Paraíba, nem sem-pre foi alvo de elogios. Ou melhor: um reverendo meto-dista norte-americano, Daniel Kidder, participou pessoal-mente dessa comemoração nos meados do Século XIX, e não atirou flores nela. O bispo católico paraibano D. Adauto de Miranda Henriques proi-biu-a de realizar-se há 114 anos, porque os fiéis da Co-missão Organizadora lhe ne-garam conceder uma parte do dinheiro arrecadado para as festividades. E, para quem não sabe, apesar de possuir um nome de batismo portu-guês, a Nossa Senhora das Neves nasceu das visões de um nobre romano que, não tendo filhos, resolveu consa-grar sua fortuna à glória de Deus e em honra à Santíssi-ma Virgem Maria.

Os historiadores parai-banos acreditam que a pri-meira Festa das Neves pro-priamente dita aconteceu em 1586, um ano após a Fun-dação da atual João Pessoa, na gestão do padre João Vaz Salém, o primeiro vigário da Freguesia de Nossa Senhora das Neves. Salém, que tam-bém era vigário de Olinda, deu-se mal quando aqui chegou o Tribunal da Santa Inquisição, em 1595. Acu-sado de traficar com índios, escravos e negros e a prati-car agiotagem de extorsão, ele foi preso por ordem do inquisidor Diogo de Furtado Mendonça e mandado para Lisboa, de onde nunca mais voltou. Também teve todos os seus bens confiscados.

O primeiro crítico das atrações profanas e religiosas da festa mais tradicional da Paraíba foi o reverendo meto-dista Daniel Parish Kidder, que estava na cidade de Parahyba do Norte em 5 de agosto de 1839. Ciceroneado por um certo “Senhor R”, o norte-ame-ricano, muito preconceituoso, ficou admirado e raivoso ao perguntar aos fiéis o nome da santa reverenciada e só obter resposta negativa. “E apenas souberam nos dizer que essa Nossa Senhora era a mesma Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Rosário e di-versos outros nomes que dão à Virgem Maria”, escreveu ele em “Reminiscências de Viagens e Permanências no Brasil”.

Kidder estava no Nor-deste Brasileiro executando projeto missionário vin-culado à Sociedade Bíblica Americana, uma organização religiosa, segundo historia-dores, “tão radical e precon-ceituosa quanto os Quakers”. Intrigado com a profusão de nomes que hipoteticamen-te identificavam a padroeira da atual João Pessoa, Kidder ainda escreveu: “Duvidamos que a Mitologia Grega ou Romana tivesse sido mais confusa. Essas festas, como todas as outras de grande importância, foram precedi-das de novenas, isto é nove

Hilton Gouvê[email protected]

rezas realizadas em noites sucessivas”.

Ao aportar na Paraíba, Kidder tinha 24 anos de ida-de. Portanto, a opinião dele sobre a Festa de Nossa Se-nhora das Neves não repre-sentava o ponto de vista de um cidadão idoso, alquebra-do pela idade e, portanto es-tranhando o comportamento de um povo católico durante a festa de sua padroeira. Se-gundo o americano “em cada uma dessas noites (da Festa das Neves) havia um diver-timento diferente, do qual se encarregava um cidadão que, naturalmente, procurava su-perar o outro na pompa e no brilho da festa a seu cargo”.

O metodista foi convi-dado pelo “Senhor R” a sair à noite, para mostrar o que a Festa das Neves de 1839 tinha de mais interessante. Kidder, ao que parece, não falou nada de negativo dian-te de seu anfitrião. Mas, ao retornar aos Estados Uni-dos, botou de fora o seu ra-dicalismo e comentou: “A matriz onde se celebrava a festa ficava nas proximida-des. Postamo-nos em uma das extremidades de um pá-tio oblongo (talvez a calçada do Mosteiro de São Bento, na atual Avenida General Osó-rio). A frente da Igreja estava iluminada por velas em lan-ternas quebradas, dispostas em torno da porta e a fren-te de uma imagem colocada em um nicho preso à cúpula. Grandes fogueiras ardiam em vários pontos do pátio. Em torno delas acotovelavam-se negros ansiosos por queimar baterias de foguetes e certos trechos dos atos litúrgicos que se realizavam na Igreja”.

Ainda de acordo com os relatos de Kidder, a Festa das Neves de 173 anos atrás, ocorria assim: “Terminada a novena, todos acorriam ao campo para apreciar os fo-

gos de artifício que se quei-mavam desde as nove horas até depois da meia-noite. Os (fogos) que tivemos ocasião de ver eram muito mal fei-tos. Não obstante, o povo se pasmava e aplaudia frene-ticamente. Se se tratasse de divertimento para africanos ignorantes, essas funções se-riam mais compreensíveis. Mas, como parte de festejos religiosos (em honra à Nos-sa Senhora Padroeira)), ce-lebrados em dia santificado e com a presença entusiás-tica de padres, monges e do povo, temos que confessar francamente que nos chocou bastante e teria sido melhor que não os tivéssemos pre-senciado”.

Não satisfeito com as suas preleções, Kidder ainda informa: “Uma das mais peno-sas impressões que colhemos foi ver famílias inteiras, inclu-sive senhoras e senhoritas, ao ar úmido da noite, admirando cenas que não só tocavam as raias do ridículo, mas, ain-da, eram acentuadamente imorais – e dizer-se que tudo isso se fazia em nome da re-ligião! Retiramo-nos prazei-rosamente logo que nossos companheiros se dispuseram a sair, com a firme resolução de jamais assistir voluntaria-mente a tais profanações do dia do Senhor”.

Cinqüenta e nove anos após os escritos de Kidder, desta vez foi um bispo da Igreja Católica Apóstólica Romana quem se posicionou contra cer-tas manifestações profa-nas da Festa das Neves e, literalmente, proibiu a sua realização. Consta que D. Adauto de Miran-da Henriques solicitou, em 1898, uma parte do dinheiro arrecadado pela comissão. Solicitação ne-gada pelos organizado-res. O bispo proibiu qual-quer manifestação dos festejos, alegando que al-gumas atrações feitas em homenagem à Virgem, não passava, digamos de folguedos pagãos.

O adiamento da fes-ta frustrou toda a socie-dade, que ansiosamente aguardava os festejos já, que na época, segundo o historiador José Otávio de Arruda Mello, a Fes-

ta das Neves funcionava como reguladora de uma instintiva divisão de clas-ses sociais. Segundo ele, os Ricaços ocupavam os Pavilhões, com seus faus-tos, guloseimas e bebidas importadas. Um deles, em 1912, gozou até do privi-légio da energia elétrica, através de um gerador pertencente ao Industrial Sidney Clement Dore.

A classe média alta ficava na calçada do lado esquerdo de quem desce a Avenida General Osó-rio. O povão e o famoso Quem me Quer, busca-vam o meio do passeio. Os estudantes pobres e as prostitutas ocupavam a “Bagaceira”. “Não havia placas indicando frontei-ras entre as classes sociais, mas instintivamente, nin-guém se misturava”, ga-rante o historiador.

Voltemos ao pedido de D. Adauto. Além de

lhe negarem o dinheiro, a sociedade organizado-ra promoveu uma passe-ata e procissão à revelia do Clero. Um verdadeiro carnaval. Rapazes traves-tidos de padres distribuí-am “bênçãos” ao público. Um Judas caracterizando o bispo foi colocado no meio da rua, entre risadas e chacotas.

A população apoiou a manifestação popu-lar de protesto, já que a proibição de D. Adauto privava os paraibanos de festejar o maior feito re-ligioso da Paraíba, ainda hoje não superada por nenhuma similar da Capi-tal ou do Interior. Entre as coisas que D. Adauto in-cluía como extravagantes situava-se uma orquestra de cegos portugueses, contratada para abrilhan-tar a Festa de Nossa Se-nhora das Neves. A peso de ouro.

Polêmica com a Igreja Católica

O dia litúrgico de Nossa Senhora das Neves é 5 de agosto. Este nome foi colocado na Paraíba, por João Tavares, justa-mente porque as pazes seladas entre ele e Pi-ragibe ocorreram nes-ta data, às margens do Sanhauá. Mas, de onde vieram as Neves? A tra-dição conta que no ano de 363 havia em Roma um ilustre descendente de importante família romana. Ele não possuía filhos. E combinou com

a mulher consagrar sua imensa fortuna à gló-ria de Deus e da Virgem Santíssima.

O homem pensava seriamente no assunto quando, na madrugada de 4 para 5 de agosto apa-receu-lhe a Rainha do Céu em sonhos e lhe disse:

“Edificar-me-eis uma Basílica na Colina de Roma que amanhã apare-cerá coberta de neve”.

Ora, os dias 4 e 5 de agosto são os de maior onda de calor na Itália.

Mas, devido ao que foi visto como milagre, o Monte Esquilino ama-nheceu coberto de neve. A população acudiu ao lugar do prodígio.

Até mesmo o Papa Libério, que disse ha-ver recebido a mesma missão da Virgem em sonho, dirigiu-se para lá, acompanhado da cú-pula do Clero. O templo construído no local da aparição é denominado Nossa Senhora das Ne-ves, até hoje.

Um milagre originou o dia

Historiadores paraibanos acreditam que a primeira Festa das Neves propriamente dita aconteceu em 1586

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