Jornal ABRA - 27ª edição

8
Santa Maria, Agosto de 2013 Jornal Experimental do Curso de Jornalismo - UNIFRA 27ª IMPRESSÃO #Abra27 #Propaganda estimula #ecommerce #pg3 #Música local para #download #pg4 #Necessidade de #existência virtual #pg5 #Usodasredes afeta a #contratação #pg 5 #EAD é a #educação do #presente #pg6 #Brinquedostecnológicos e #infância #pg7 FOTO: GUILHERME BENADUCE A bolha da internet

description

Jornal ABRA - 27ª edição, de agosto de 2013. Jornal laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Santa Maria - RS

Transcript of Jornal ABRA - 27ª edição

Page 1: Jornal ABRA - 27ª edição

Santa Maria, Agosto de 2013 Jornal Experimental do Curso de Jornalismo - UNIFRA

27ªIMPRESSÃO

#Abra27

#Propaganda estimula #ecommerce #pg3

#Música local para #download #pg4

#Necessidade de #existência virtual #pg5

#Usodasredes afeta a #contratação #pg 5

#EAD é a #educação do #presente #pg6

#Brinquedostecnológicos e #infância #pg7

FOTO

: GU

ILH

ER

ME

BE

NA

DU

CE

A bolha da internet

Page 2: Jornal ABRA - 27ª edição

2 ABRA 27ª IMPRESSÃO

AGOSTO 2013

ExpEdiEntE

Jornal experimental interdisciplinar produzido na disciplina de Redação Jornalística III do curso de Jornalismo do Centro

Universitário Franciscano (Unifra)

Reitora: Iraní RupoloPro-reitora de Graduação: prof.ª Vanilde BisogninCoordenadora do curso: prof.ª Sione Gomes

Produção de textos: acadêmicos de Redação Jornalística III Amanda Santos, Bibiana Fantinel, Bernardo Mayer Steckel, Camila Porciuncula, Deborah Alves, Fabiana Lemos, Franciele Marques, Guilherme Benaduce, Lucas Amorin, Luana Iensen Gonçalves, Lucas Schneider, Nathalia Ruviaro, Priscila Tolledo, Rafael Marques De Bem, Renan Mattos, Rodrigo Ledel, Ricardo Hoffmann, Maiquel Machado e Suellen Krieger Galvagni

Edição: Professor Carlos Alberto Badke (MTb 5498)

Fotos: acadêmicos Amanda Santos, Guilherme Benaduce, Joana Günther e Lucas Schneider, e acervo do Laboratório de Fotografia e Memória, sob coordenação da professora Laura Fabrício.

Diagramação: Francesco Ferrari, sob coordenação do prof. Iuri Lammel (Laboratório de Jornalismo Multimídia - MULTIJOR)

Foto da Capa: Guilherme Benaduce

Impressão: Gráfica Gazeta do Sul

Tiragem: 1000 exemplares

Distribuição: gratuita e dirigida

Editorial

Downloads, touch-screen, i-pad, tablet, smartphones, stre-aming, sharing, like, hashtags, tweets, trend topics. Todas estas expressões e mais outras tantas em inglês já fazem parte do cotidiano de milhões de jovens e adolescentes. A geração que nasceu e convive com a internet navega pelos mais diferentes dispositivos e se conecta ao mundo virtual com habilidade espantosa. Essa é uma realidade que não tem volta. A partir desta constatação a turma de Redação Jor-nalística III decidiu ir às ruas e ver como é a vida dentro e fora do que chamamos a bolha da internet. As oito pági-nas desta 27ª edição do ABRA abordam os cuidados com a superexposição em redes sociais, as possibilidades de educação à distância e o comércio eletrônico. Outros temas relevantes incluem a utilização da internet para divulgar o trabalho de bandas e músicos independentes, bem como os malefícios que o excesso de horas em frente às telas pode causar a crianças e adolescentes. Não se pode esquecer que o ABRA é uma produção experimental, que visa oportuni-zar o exercício da reportagem aos acadêmicos do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano. Eles são os responsáveis pelos textos, com a colaboração dos voluntá-rios do Laboratório de Fotografia e Memória, sob a coorde-nação da professora Laura Fabrício. A partir desta edição, o ABRA conta com a edição do professor Maurício Dias. Saia da bolha e entre no mundo dos impressos. #boaleitura

Bebeto Badke - editor

Estamos vivendo numa grande era digital, onde a capacidade de se manter conectado 24 horas por dia se tornou algo vital. Poder con-versar com pessoas de todos os lugares do mundo e manter contato com seus amigos toda hora em qualquer lugar é com certeza algo brilhante.

Jovens e adultos por muitas vezes ‘‘esquecem’’ da vida fora do computador, tor-nando o mundo virtual um vício, algo parecido com uma droga, no qual o dependente químico não consegue ficar um minuto quer se desabaste-cido da substância.

Às vezes por carência de amigos ou familiares, muitas pessoas acabam criando a

ilusão de que um relaciona-mento e uma conversa online conseguem suprir sua carência afetiva e social. Sem a necessi-dade de precisar sair de casa para interagir com amigos e conhecer novas pessoas, essa geração de hoje está ficando cada vez mais tímida e antissocial, já que o con-vívio social está se resumindo a uma tela de computador.

Bom mesmo eram os anos 80 e 90, quando os jovens se reu-niam para fazer um programa juntos nos finais de semana, levar uma garota que tinham conhecido alguns segundos atrás para ir ao cinema. Eram pequenos momentos que faziam tudo ficar mais diver-tido e intenso.

É triste que situações como

estas estejam se tornando cada vez mais raras, já que existem pessoas que preferem o mundo virtual ao real. Ima-gino que não demorará muito para nós termos clínicas de reabilitação para pessoas viciadas em internet e igrejas virtuais onde serão realizados casamentos onlines.

Precisamos rever antigos conceitos para não se perder grandes laços de sociabili-dade, conversar online com amigos e familiares é muito bom, mas nada substitui a velha conversa olhos nos olhos realizada por horas e o contato pessoal com as pes-soas e o mundo real.

Rafael Marques De Bem

Vícios Virtuais

O mundo está em transfor-mação. Com o advento da internet e sua popularização, mudaram-se os hábitos, as rela-ções intergrupais e o comporta-mento das pessoas. É também neste âmbito de mudança que estamos sempre recebendo novas informações: o que se enquadra como novidade hoje pode ser tornar ultrapassado amanhã. No entanto, estaría-mos nós compartilhando indi-vidualidade ou interatividade?

Uma era onde o mundo real já não se parece tão atrativo

aos olhos quanto o virtual. O importante hoje é “curtir”. Compartilhar, postar e comen-tar tornou-se algo rotineiro e até necessário nas redes sociais dos internautas, mas o que realmente se busca é “apare-cer”, identificar-se e ser aceito diante do mundo cibernético. Quase uma neurose.

O que torna essa virtuali-zação tão atraente e viciosa é o poder de interatividade e produtividade que a inter-net proporciona, fazendo de qualquer pessoa capaz de ela-

Metamorfose ou Neurose?

O controle da nossa expressão nas redes sociaisO que se deve postar ou

não no Facebook? Essa é uma pergunta que nunca vamos ter uma resposta certa ainda mais que hoje temos o direito de expressão. Parece que temos uma necessidade de se expressar, reclamar e desaba-far nas redes sociais e de um certo modo sempre somos “ouvidos” às vezes com cri-ticas é claro e outras com curtidas. O Facebook hoje se tornou uma plataforma de informações compartilhadas, onde muitas vezes nos torna-mos fora do mundo quando não temos uma internet em casa ou móvel.

Mas um grande problema que ele nos proporciona também é os conteúdos diga-mos, indesejáveis, que são

lançados na nossa página de atualizações, que estão cau-sando grande polêmica e o setor de segurança irá aumen-

tar essa supervisão de mensa-gens e fotos postadas na rede. A quantidade de usuários do Facebook aumentou nos últi-mos anos e, quem sabe, por causa disso que eles resolve-

ram “liberar” qualquer tipo de informação, páginas e usuários da rede. Existe uma filtragem automática na rede social e isso ajuda um pouco a manter o conteúdo

O que é da nossa responsa-bilidade é tomar cuidado com o que colocamos nas redes sociais, pois estará para todos que estão nela ver. O moni-toramento de crianças é claro que se dever ter sempre ao uso desses meios da internet.

Devemos ter certo equilí-brio do que divulgar ou não, para quem e aquilo que eu quero ver. Não é uma tarefa muito fácil, pois não conse-guimos controlar nem mesmo alguns desejos.

Camila Porciuncula

Devemos ter equilíbrio do que divulgar

ou não

borar a forma de “ser visto” pelos demais.

Embora todas as facilidades que o mundo online pode pro-porcionar, a sociedade está deixando de lado a comuni-cação verbal, face a face. Os vínculos sociais estão ligados por uma conexão via cabos de computador. Entre trans-formações diárias, de um minuto ou clique a clique, a prioridade do mundo passou a ser virtual.

Amanda Santos

OPINIÃO

Page 3: Jornal ABRA - 27ª edição

ABRA 27ª IMPRESSÃO 3

AGOSTO 2013

Sem trânsito, sem filas e no conforto do lar os maiores sho-ppings do mundo chegam até as mais diversas residências, proporcionando ao consumidor facilidade nas compras e uma diversidade de marcas e pro-dutos que não se encontra em qualquer vitrine ou prateleira dando sopa por aí.

O e-commerce, no vocabu-lário popular mais conhecido como comércio eletrônico ganha cada vez mais espaço na vida virtual dos brasileiros, hoje é possível receber mercadorias de diversas partes do mundo e até mesmo encontrar verdadei-ras relíquias que já não estão mais disponíveis no mercado.

A procura se divide pelos mais diversos setores: vestu-ário, perfumaria, eletrônicos, acessórios automotivos, livra-rias entre outros. As facilida-des são muitas. Com o avanço

da tecnologia é possível fazer compras on-line até mesmo pelos tablets e celulares. No topo da lista de sites brasileiros com maior número de consu-midores, destaca-se o Mercado Livre, um dos pioneiros desse aspecto no país. Já no âmbito mundial evidenciam-se os populares Ebay, Saks, Amazon e Deal Extreme.

Para Rosane Carvalho, dire-tora comercial da Dolcekell, empresa online de perfumaria de São Paulo, o crescente número de aderentes ao e-commerce se deve ao fato de um maior investimento em publicidade na internet: “Para o crescimento da nossa empresa, foi fundamental o uso de toda e qualquer ferra-menta de publicidade, divulga-ção feita nas páginas de redes sociais como o Facebook pro-porcionam um retorno muito satisfatório”, constata.

Nos primórdios do e-com-merce, grande parte do público que recorria às com-pras on-line correspondia a uma parcela mais jovem da sociedade, fato que se deve

a contemporaneidade com a tecnologia da web. Hoje se percebe a presença das mais diversas faixas etárias e clas-ses sociais, como é o caso do advogado e empresário Sami Paskin, 52. “Sou um super- fã do e-commerce, compro

com muita frequência não só pra mim. Procuro utilizar as facilidades de entrega e pre-sentear amigos em diversas partes do mundo”, declara.

A segurança das compras é um item importante a ser dis-cutido já que existem, assim como no mundo real, diversos golpes aplicados nesse mundo virtual.

Uma das principais dicas é observar se a reputação do vendedor, os comentários de satisfação de outros clientes, a disponibilidade de entrega e se a compra é protegida.

Há casos frequentes de clien-tes que nunca receberam as suas encomendas e não tive-ram nem mesmo a devolução do dinheiro.

Felipe Campos, acadêmico de Direito, 23 anos foi vítima de um golpe após comprar uma câmera digital. “Quando com-

prei não havia notado que não tinha nenhuma declaração de outros clientes e que eu tinha entrado em uma furada. Preci-sei de dois dias para aceitar que eu havia perdido 1.800 reais”.

No caso de Felipe, a compra não foi feita com ferramenta online como, por exemplo, o PagSeguro, que garante a segu-rança nas transações. Por esse motivo, ficou inviável o recebi-mento do valor através de pro-cesso judicial.

Como a aquisição foi efe-tuado em um site internacio-nal, resultaria em um esforço muito grande por parte do consumidor, que precisa pro-curar um tribunal adequado para exigir seus direitos. Isso acaba gerando custos e incer-teza de um processo no exte-rior.

Nathalia Ruviaro

Marketing, pop-ups, links. Esses termos fazem parte da rotina das pessoas que uti-lizam a internet. Grandes empresários fazem uso dessas propagandas virtuais criadas por agências de publicidade para atingir o público-alvo. A publicidade online surge na forma de pequenos anún-cios, em sites patrocinados, e-mails ou ainda pop-ups indesejáveis com links dire-cionados ao site do produto.

O estudante de Publicidade e Propaganda Gustavo Miram-bel, 26 anos, avalia que a publi-cidade online está tomando proporções muito maiores frente à off-line, porque propõe interação. “Através destes anúncios é possível pegar um público direcionado, podendo escolher classes e idades. Ela dá um resultado maior, pois consegue dar o número de pessoas que clicou e comparti-lhou”, explica.

Para algumas pessoas, como Luiz Almeida Neto, acadêmico de Filosofia, os anúncios recebidos por e-mail ou mesmo nas redes sociais incomodam e inva-dem a privacidade: “É muita poluição, o que se torna chato. Há uma apelação total, porque se a pessoa pode fechar a publicidade, ela tem

direito de querer ver ou não, mas, às vezes, até quando a página é fechada já abre uma nova janela. Aquilo impõe à pessoa conferir o material mesmo não querendo”.

Por outro lado, há os con-sumidores que se beneficiam

destas propagandas para suprir suas necessidades. “Comprar pela internet é a melhor coisa do mundo, por- que se encontra tudo o que é preciso sem sair de casa e a cada dia isso fica mais fácil. As grandes marcas e lojas já

aderiram”, comenta Nicolas Lopes, 19 anos. Segundo ele, a exclusividade que os anún-cios de lojas internacionais proporcionam é a aquisição de produtos não encontrados no Brasil.

As campanhas publicitárias

estão cada vez mais voltadas a vender um estilo de vida e não unicamente o produto, se utilizando de estratégias per-suasivas, através de slogans e testemunhos reais para fideli-zar seus adeptos. O psicólogo Lucas Motta Brum, 31 anos, reforça essa teoria. Para ele, todo merchandising desperta no indivíduo um desejo, ou seja, se manifesta no compor-tamento das pessoas.

Conforme Brum, é mais rentável vender uma merca-doria idealizada, que produza a sensação de conforto. “A publicidade nasce das teorias da psicologia e psicanálise, que acreditam que somos seres faltosos. Ao comprar, temos esse falso sentimento de preenchimento, que é ins-tantâneo”, avalia o psicólogo.

A aquisição de produtos através das novas tecnolo-gias é a principal causa do aumento da mídia online como veículo de divulgação. Ainda que os anúncios tradi-cionais não tenham se extin-guido, sua superioridade no mercado terminou por dar lugar a uma nova tendência como centro de consumo.

Amanda Santos, Deborah Alves

e Priscilla Toledo

Comércio virtual ganha força no Brasil

Nicolas Lopes é uma apreciador das compras online, pois encontra todos os tipos de produtos na rede

AMANDA SANTOS

Mercado Livre, Ebay, Amazon são os sites mais acessados

Anúncios digitais reforçam consumismo

Page 4: Jornal ABRA - 27ª edição

4 ABRA 27ª IMPRESSÃO

AGOSTO 2013

Trabalhos de bandas santa-marienses estão na webO cenário da música vem

sendo reinventado a cada dia com o auxílio da internet e das novas plataformas. Com a evolução do uso das mídias, a indústria musical achou uma nova forma de impulsio-nar e ampliar as fronteiras do globo. Antes, apenas artistas filiados a grandes gravadoras tinham espaço nas pratelei-ras das lojas e uma chance de arrecadar fãs ao redor do mundo. Com a criação de inúmeros sites de download e hospedagem de aquivos, o nicho da música indepen-dente viu uma nova forma de romper as fronteiras e ganhar novas proporções.

Tratando de música bra-sileira, o precursor e mais importante site de divulgação de bandas e artistas indepen-dentes, o Trama Virtual, que encerrou suas atividades no final de março deste ano. A gravadora buscou na internet a possibilidade de criar uma comunidade musical, com a possibilidade de unir os artistas e impulsionar a liber-dade de criação e divulgação de seus trabalhos. Criado pela gravadora independente Trama, o site inovou com o download renumerado, que permitiu aos artistas recebe-rem verba sem que o usuá-rio gastasse suas economias. Cada download gratuito efe-tuado, o artista acumulava mais dinheiro.

O cenário musical em Santa Maria sempre foi importante

em razão das grandes univer-sidades. Uma das bandas que mais se destacou no ramo musical da cidade foi a Rino-ceronte, formada em 2007 por Paulo Noronha, Vinicius Brum e ‘’Alemão’’ Luiz Hen-rique. O trio lançou em abril a inédita Quanto Mais Vive. O novo som foi disponibilizado no site da banda, para divulgar o novo álbum, recém lançado para streaming. Também foi postado na página do grupo no Facebook. "Pra gente é um baita momento, princi-palmente pelo desafio que constitui chegar ao segundo disco depois da boa recepti-vidade do primeiro", postou a banda na página. Brum, bai-xista, conta que o grupo usa mais o Twitter e o Facebook para divulgar seu trabalho. Para ele, há mais aproxima-ção pela rede social. "Acre-dito que o Facebook tem um alcance maior, pela intera-ção com a galera", comenta. Brum também afirma que o novo disco será investido nos dois formatos, físico e digi-tal, ao mesmo tempo. O show de lançamento ocorreu no Theatro Treze de Maio, com a venda do formato físico.

Outra banda da cidade, a Lugh, desde 2009 em ati-vidade, retornou após um hiato lançando material na internet. Com seu som influenciado pelo punk celta da Irlanda, usam o Face-book como principal meio para fazer convergência com

outros canais, como o Sound Cloud, YouTube e Toque no Brasil. Através de um clipe lançado no ano passado e músicas disponibilizadas na rede, conseguiram romper fronteiras e chegar às rádios da Alemanha, Polônia e Espanha. Sobre essa experi-ência, Rafael Miranda, voca-lista e guitarrista, comenta: "Emoção indescritível. Mesmo que tenha sido divulgado em canais pequenos, foi para nós uma revelação no que diz res-peito a aceitação do nosso som. Nosso foco era trabalhar com nossa música apenas em Santa Maria, e para nós foi uma surpresa".

O quinteto, que já lançou um EP, já tem um disco em pré-produção e quer usar a internet como principal pla-taforma de divulgação. Pela facilidade de circulação e

grande retorno do público nas redes, Miranda acrescenta: "O marketing e a divulga-ção feita com entusiasmo e profissionalismo são auto-máticos para nós. E além da preocupação com a perfor-mance e execução, a divul-gação é fundamental. Com a facilitação das redes esse retorno tem sido muito bom e tem nos poupado muita grana".

Já a banda Smallpox cos-tuma divulgar seu trabalho gratuitamente pela rede vir-tual. Kauê Wienandts Flores, 20 anos, guitarrista e voca-lista, conta como funciona o método de divulgação mais recente: "Minha banda divulga o material gratuito pelo Facebook, YouTube, Sound Cloud e blogs indepen-dentes". Pretendem continuar lançando suas músicas de

forma gratuita. ‘’Acho bas-tante interessante e inovador, mas creio que isso perdeu um pouco de força. Hoje em dia os artistas divulgam seu tra-balho mais gratuitamente’’, finaliza Wienandts.

Lucas Schneider, Renan Mattos e

Rodrigo Ledel

Banda Rinoceronte disponibiliza músicas de seus CDs na internet

SITE REPRODUÇÃO

Saiba mais

Site oficial da Rinoce-ronte: www.rinoceronte-rock.com

Download: baixar con-teúdo disponibilizado na internet.

Streaming: distribui-ção de material multimí-dia pela internet, sem a possibilidade de baixar o arquivo.

YouTube: site que dis-ponibiliza vídeos (www.youtube.com)

Soundcloud: site usado por músicos para a divul-gação (www.soundcloud.com)

Toque no Brasil: site utilizado por músicos como ferramenta de tra-balho (www.toquenobra-sil.com.br)

EP: disco de no máximo 20 minutos com até oito músicas.

Brasil chega à marca de 264 milhões de linhasO ano era 1973 e a novi-

dade tecnológica era um artefato de 1,1 quilo prestes a revolucionar a telefonia de uma maneira em geral. Seu criador Martin Cooper saia às ruas de Nova Iorque com o que seria o primeiro aparelho celular para um teste, ligar para o escritório da AT&T. Teste bem sucedido por sinal.

A primeira versão dos celu-lares foi batizada de DynaTAC 8000X e colocada à venda, tendo ficado no mercado por quase 15 anos, sem grandes alterações em seu design.

Passados 40 anos deste marco na telefonia, o celu-lar se tornou o maior com-panheiro dos seres humanos.

No Brasil, em 1990, chega-ram ao país os primeiros tele-fones celulares, no mês de abril deste ano, foi alcançado o número de 264 milhões de linhas ativas no país.

De acordo com o Censo de 2010, do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatís-ticas (IBGE), o Brasil possui 190.755.799 habitantes, isto indica cerca de 40% a mais de linhas de celulares ativas no país do que habitantes.

Deste número de 264 milhões, a Agência Nacional de Telecomunicações divul-gou que somente no mês de fevereiro foram registradas mais de 65 milhões de linhas.

Ao trazer estes números

para o universo de Santa Maria, e com dados coletados junto às empresas OI e TIM o número de linhas vendidas chega ao montante de 150 e 200 chips por dia.

O gerente de vendas da TIM, Celiomar Rocha, declara que houve um aumento de 30% na venda de linhas; “isso se deve ao fato das pessoas quererem estar conectadas”.

A gerente de vendas da loja OI, Regina Erthal de Souza, explica que há 400 mil linhas ativas na cidade e região, e em média ‘‘são vendidos cerca de 150 chips por dia’’.

Existem pessoas com apenas um aparelho e um chip mas também com dois

ou mais, para diversos fins. É o caso do bombeiro Marcelo Policarpo, que possui dois celulares e dois chips: ‘‘tenho um aparelho particular e um do trabalho, o do trabalho uti-lizo somente para questões de serviço, já o particular utilizo para comunicação em geral com amigos e acesso à redes sociais’’,explica Policarpo.

Por outro lado o advo-gado Juliano Vieira da Costa possui um aparelho e um chip: “utilizo ele para tra-balho, particular e acesso à redes sociais, mas mais para ligações mesmo”.

Com o decorrer dos anos, o celular evoluiu de sua função primordial que seria apenas

fazer ligações para um verda-deiro computador de bolso, de onde se pode acessar a internet, tirar fotos e até indicar lugares e caminhos a serem seguidos por meio do Global Position System, o popular GPS.

Portanto o aparelho celular se tornou um item indispensável aos seres humanos, inclusive como um grande companheiro. Além de que em apenas um artefato se encontram diversos outros equipamentos, o que torna a vida mais prática e com quase tudo de que se necessita em suas mãos.

Ricardo M. HoffmannRafael Marques De Bem

Page 5: Jornal ABRA - 27ª edição

ABRA 27ª IMPRESSÃO 5

AGOSTO 2013

Uma foto do almoço, check-in de onde está e um desabafo ao fim do dia. Esses são alguns hábitos que se tor-naram diários e até mesmo necessários para algumas pessoas que utilizam as redes sociais. Os motivos da neces-sidade de expor a rotina em meios virtuais podem ser diferentes para cada indiví-duo, conforme a psicóloga Elisabeth Cataldi. “Devem existir diferentes motivações, como não saber se relacionar, solidão. Têm pessoas exibi-cionistas, outros necessitam de autoafirmação”, explica.

Essa exposição pode pare-cer inofensiva, mas depen-dendo do conteúdo, pode gerar prejuízos até mesmo na vida profissional. Muitas empresas analisam o perfil nas redes sociais do candi-dato ao cargo de funcionário. Em relação a isso, a psicó-loga é categórica. “Quem expõe demais sua própria intimidade, provavelmente vai expor a empresa na qual

trabalha. É um jeito de saber como a pessoa se comporta”, conclui Elisabeth.

Para esta matéria, foram contatadas três empresas de Santa Maria, atuantes em diferentes setores, que foram denominadas A, B e C para preservar a imagem de cada uma delas.

As empresas A e B afirma-ram não analisar o perfil do candidato antes da contrata-

ção. Segundo os proprietá-rios, nunca houve demissão decorrente das redes sociais, porém a proprietária da empresa A conta que, após a demissão de um funcionário, o mesmo expôs a indignação no seu perfil de uma rede social e, após um tempo, desculpou-se com o ex-chefe. A proprietária da empresa B diz estar atenta às redes sociais em função de alguns comentários publicados

por funcionários. Se o problema persistir, ela resolve na conversa.

Já o proprietário da empresa C costuma analisar o perfil do candidato e estar sempre de olho no mundo virtual. “O comportamento social demonstra algumas caracte-rísticas das pessoas e define uma contratação ou não”, salienta o proprietário.

Um exemplo de consequ-ências profissionais por supe-rexposição na internet foi a demissão dos quinze mineiros australianos, que fizeram um vídeo com a dança “Harlem Shake”, sensação do YouTube no primeiro semestre de 2013. Pelo mesmo motivo, uma funcionária da biblioteca da Universidade de Oxford, na Inglaterra, seis funcionários de um fórum em Novo Ham-burgo, no Rio Grande do Sul, e um professor búlgaro foram demitidos. A justificativa para a demissão foi o comportamento, considerado inaceitável.

A advogada Rosane Leal da Silva alerta: “O empregador

poderá despedir o empregado sem qualquer causa que jus-tifique a rescisão do contrato de trabalho, desde que pague as verbas rescisórias e multas devidas pela despedida imo-tivada”. Segundo Rosane, em algumas situações, o com-portamento do funcionário nas redes sociais pode levar à demissão por justa causa. Entre elas, manifestações públicas contra o empregador em redes sociais, publicação de fotos que mostrem nudez ou embriaguez, revelação de segredos da empresa ou vio-lação de outras normas e, principalmente, danificar a imagem do empregador.

Por isso, tome cuidado antes de tratar as redes sociais como diário pessoal, já que tudo o que vai para web vira público e pode gerar consequências graves. Pense bem antes de se expor, pois seu chefe pode não curtir seu post.

Bibiana Fantinel e Fabiana Lemos

Superexposição na internet pode gerar consequências profissionais

Quem usa redes sociais está acostumado a ver pipocarem na tela fotografias de “look do dia”, viagens, refeições e mesmo de situações impróprias, como momentos de embriaguez. Pelos mais diversos motivos, inúme-ros internautas são adeptos deste comportamento e outros incontá-veis os criticam, alegando, sobre-tudo, a exposição demasiada, característica da internet.

A estudante Giulia Bitten-court, 15 anos, utiliza redes sociais, mas afirma que não publica fotos suas. Segundo ela, muitas das pessoas com quem tem contato na internet não são amigos íntimos. “Mostrar fotos da minha vida pessoal, seja a rotina, os gostos ou com quem eu convivo para pessoas que não são íntimas seria abrir a vida dos meus amigos e a minha, ou seja, me expor”, declara Giulia. A estudante ironiza, dizendo que somente alguém que não se importa em se submeter ao julga-mento dos demais pode ter este tipo de comportamento.

Ainda mais radical é a

professora de ensino básico Thaise Monfardini, 18 anos, que assegura: “Não acho legal todo mundo ficar sabendo o que tu faz ou deixa de fazer”. Ela defende que as redes servem para que os usuários possam se comu-nicar, não para mostrarem sua intimidade. Thaise con-

sidera até mesmo o Twitter, site onde apenas podem ser compartilhadas mensagens curtas, invasivo em excesso.

Diferente da professora, a apo-sentada Laurentina Madeira, 80 anos, é adepta de compartilhar seus registros com os amigos vir-tuais. “Gosto de mostrar as fotos das vezes que viajei para Miami,

visitando minha neta que mora lá. Só não coloco no Facebook as fotos nas praias de nudismo”, conta com bom humor. Também fazem parte de seu acervo virtual os álbuns de uma visita ao estádio Beira Rio, em Porto Alegre, e de sua festa de 80 anos, mostrados com orgulho pela aposentada.

A professora da disciplina de Jornalismo Digital da Unifra, Daniela Hinerasky estuda a comunicação nas novas mídias e a construção de identidades. Ela afirma que o compartilha-mento de “quem eu sou” não é algo novo, mas que apenas é um processo mais democrático com a internet. A miniaturização dos aparelhos eletrônicos tornou mais simples que cada um crie seu espaço na rede e as pessoas querem ver e serem vistas.

Segundo Daniela, rotular os usuários de narcisistas, entre-tanto, é precipitado. "Eu não parto dessa teoria de que é um movimento narcisista. Esse movimento é o mesmo de quando as pessoas viajavam e colocavam as fotos em porta-

-retratos. É normal querer viver através do outro", esclarece. Existem críticas apontando que as pessoas estão fotografando ao invés de viver, mas a professora discorda, pois acredita que não há como ignorar a reconfigura-ção das práticas sociais devido às inovações tecnológicas. “A gente quer compartilhar, antes levava meses para uma carta chegar, mas as pessoas mandavam. A diferença é que agora é instantâ-neo”, explica.

Se o impulso que leva os internautas tornarem públicas suas vidas privadas é algo novo ou uma reconfiguração de hábi-tos antigos, não altera o fato de que é um comportamento cada vez mais comum. Se por nar-cisismo ou vontade de dividir bons momentos, é imprescindí-vel o uso responsável das ferra-mentas, já que depois de uma fotografia é colocada nas redes, não há como saber quem pode tê-la copiado e que uso fará da imagem.

Guilherme Benaduce

Ser, ou não, visto nas redes sociais digitais

Daniela Hinerasky não considera narcisistas os usuários das redes

LUCAS SCHNEIDER

Mobilidade facilita o uso das redes sociais, como o Facebook

GUILHERME BENADUCE

Page 6: Jornal ABRA - 27ª edição

6 ABRA 27ª IMPRESSÃO

AGOSTO 2013

A idade dos consumidores de tecnologia diminuiu junto com o tamanho dos apare-lhos. É o que as pesquisas mostram. Próximo a um terço das crianças de dez anos têm seu próprio celular.

Isto comprova que é impos-sível não falar de infância hoje sem mencionar os gran-des recursos que há nos ele-trônicos e a facilidade de alcance. Será que as novas mídias ajudam a incentivar e a ensinar as crianças a utilizar aparelhos eletrônicos? Isso traz benefícios ou prejuízos à infância de uma criança?

Esse tema tem gerado dis-cussão dentro de casa, nas escolas e, principalmente, nos consultórios pediátricos. O pediatra e terapeuta familiar José Otavio Binato diz que o primeiro estímulo do uso da tecnologia é dado pelos pais ao acreditarem que os filhos precisam estar incluídos no mundo virtual. O problema, segundo o pediatra, é que na maioria dos casos, o uso se torna desregrado e acaba por afastar a criança das demais. “O ser humano precisa da aproximação de outras pes-soas para que a tecnologia não cause isolamento fami-liar e social” comenta.

O mundo das crianças é cheio de fantasias e elas con-somem um comercial com a mesma intensidade de um desenho animado, até mesmo por não saberem distinguir a propaganda ao programa que assistem.Os pais não têm

mais controle sobre os dese-jos de consumo das crianças, fazendo com que elas não conheçam a negação.

Tatiana Borges, 35 anos, auxiliar de escritório, diz que sua filha Carina, de oito anos, sabe utilizar celulares melhor que todos de sua casa, apenas olhando propagandas na TV e vídeos na internet. Mas, res-salta que, sempre está atenta ao conteúdo con-sumido pela filha.

B u s c a n d o uma relação entre a criança e o consumo, p e r c e b e m o s que a publici-dade e o incen-tivo das lojas especializadas em eletrônicos também teve um grande aumento. Em Santa Maria, duas lojas do Centro mudaram suas vitrines para alcançar os pequenos consumi-dores. William Rosa, 20 anos, e Elizandra Limana, 34 anos, vendedores de lojas distintas, contam que jogos, celulares e acessórios eletrônicos são o alvo das crianças ao entrarem nas lojas.

Passou o tempo em que as crianças se contentavam com presentes feitos em casa, como a boneca de pano e o carrinho de rolimã. Cada vez mais, esses pequenos clien-tes se tornam mais exigen-tes, gerando maiores lucros para o comércio. Uma causa disso são os apelos comer-

ciais onde os produtos mais procurados no comércio são exibidos nas propagandas nos horários nobres.

Hoje no comércio qual vai ser o futuro dos brinque-dos? Onde a boneca de uma criança pode ter inúmeras histórias, nomes e diferentes roupas, comparando a um game, ou tablet com jogos e aplicativos a criança irá brin-

car e notar que o “brin-quedo” não vai mudar de cor, de estilo. Qual seria o aprendizado dela nisso? O uso da cria-tividade e desenvoltura não haveria,

pois no aparelho já esta tudo pronto: play e stop.

Isso poderá prejudicar a formação social que as crianças precisam, aprender quando pequenas a brincar e a lidar com outras crianças. Sabemos que o uso do com-putador na rotina das pessoas esta cada vez mais comum o que não estamos muito pre-parados é que vire parte do dia-a-dia de crianças.

O que muitos acreditam no lado positivo do uso das novas mídias na infância, onde muitas vezes a criança troca o lápis por um teclado, não temos dúvidas de que a geração de hoje tem muito mais facilidade ao aprendi-zado do que anos anteriores

por isso temos que ter muito cuidado com o que está nas mãos das crianças.

Em Santa Maria, algumas escolas trabalham para unir as tecnologias às crianças sem que isso seja uma distra-ção entre os estudos. Segundo a vice-diretora do Colé-gio Franciscano Sant’anna, Helena Rodi, o contato da criança com as tecnologias começa a partir da quarta série do ensino fundamental, fazendo uso de celulares, not-books e tablets dentro da sala. “Existe respeito à legislação, mas quando a tecnologia é utilizada para fins pedagógi-cos, é bem útil.” diz Helena.

Para realizar um acom-panhamento, o serviço de orientação educacional da instituição trabalha as pos-sibilidades do uso das tec-nologias como ferramentas de estudo com as crianças a partir dos seis e sete anos.

Este fenômeno traz mudanças nos negócios e a necessidade de reestruturar instituições, como a escola. Reformulação que preci-sou se tornar mais cautelosa a partir de 2008, quando a então governadora Yeda Crusius sancionou a lei que proíbe o uso de celulares nas salas de aula.

Uma infância ideal seria aquela onde as crianças teriam o seu tempo para a diversão, educação e informação.

Camila Porciúncula e Lucas Amorin

Pouca idade e muita tecnologia

No mundo de hoje, onde tudo se compartilha a todo o tempo, também surgem afinidades, amizades e até namoros. Esses últimos iniciados nos sites de relacionamentos e nos chats, podendo se tornar reais.

Segundo uma fonte que pre-feriu não se identificar, seu relacionamento de quatro anos começou e terminou no mesmo lugar: o meio virtual. Ela conta que conheceu o rapaz pelo Orkut em 2008, por intermédio de um primo. O rapaz vive em Ijuí, e a moça em Santa Maria. Após um mês de relacionamento virtual, os dois se conheceram de fato, e então a internet que era antes o meio principal da relação, passou

a ser um complemento para ame-nizar a saudade e a distância.

Ela diz que a distância atra-palhou o relacionamento que só dava certo quando estavam juntos e que, pelo meio virtual, os desencontros e palavras mal expressadas ocasionavam situ-ações de discussão e tristeza. E por isso ela não tentaria namo-rar alguém que conhecesse pelo meio virtual.

Já com o casal Francis Teixeira e Larissa Rabelo, as coisas acon-teceram um pouco diferente. Eles se conheceram em um congresso de sua religião, o espiritismo, em 2009. Na época Larissa residia em Três Rios, no Rio de Janeiro, e Francis em Santa Maria.

Segundo ele, a relação teria sido impossível se ocorresse há dez ou quinze anos, pois não haveria tantos meios para se comunica-rem e o telefone seria caro.

Eles utilizavam o Skype para se comunicar, pois assim podiam se ver e se ouvir, como se estivessem juntos. Como eles já se conheciam, a internet foi apenas um complemento. Francis conta que apesar de ajudar a amenizar a saudade, a internet também atrapalhou causando mal-entendidos, que eram apenas resolvidos com uma conversa frente a frente. Hoje casados, eles residem em Santa Maria.

Segundo o psicólogo Marcos

de Medeiros, toda a relação amo-rosa traz consigo um componente internamente virtual, na medida em que um não se aproxima do outro como de fato ele é, mas sim da imagem que se constrói dessa pessoa. A virtualidade também já estava presente no passado com as cartas de amor e a admiração secreta. Na visão de Medeiros, o maior problema das relações via internet, seria cair numa vir-tualização da existência, onde o casal ou apenas um deles prefere apenas o meio virtual, evitando o contado corpo a corpo, que é fun-damental para se construir expe-riência de vida.

Bernardo Mayer Steckel

Em busca da alma gêmea nas redes

Utilizada para fins militares em plena Guerra Fria, além de servir de meio de comunicação entre estudantes e professores uni-versitários, principalmente nos Estados Unidos, a rede mundial de computadores, ou Internet, foi criada. Hoje, a internet é conside-rada a maior criação tecnológica, depois da televisão.

Desde sua invenção, a internet avançou muito. Antes, a conexão era feita por meio de uma linha telefônica, a chamada Inter-net Discada, que, devido a sua baixa velocidade, perdeu espaço quando surgiram formas de conexões mais rápidas.

Em 2006, com o surgimento das novas redes sociais, o uso da internet se tornou muito maior.

A portabilidade permite que as pessoas se conectem o tempo inteiro, de qualquer lugar. Tor-nou-se comum os estabeleci-mentos comerciais deixarem disponível o acesso à internet, como forma de atrair clientes.

Em Santa Maria, há muitos locais que oferecem o serviço. No posto Ipiranga, na Av. Ângelo Bolsson, de longe, é possível ver um adesivo na porta da loja de conveniências, destacando que lá há internet para os clientes.De acordo com a vendedora Fabiana Mayer Pacheco, 26, que trabalha na loja, a inten-ção do dono era obter mais clientes: “Trabalho só pela parte da manhã e desde cedo percebo que o pessoal vem aqui para tomara café e apro-veita para usar a internet”.

O vendedor Pedro Alves, 19, conta que: “sempre venho aqui sozinho, então me sinto mais à vontade por poder usar a inter-net. Foi um bom investimento”.

Desde 2012 a Prefeitura tem disponibilizado o sinal wi-fi em alguns locais públicos como no Calçadão: “Qualquer pessoa pode se conectar por até uma hora diária por equi-pamento”, explica o secretário de Município de Desenvolvi-mento Econômico, Inovação e Projetos Estratégicos, Luiz Alberto Flores.

Bibiane Fillipin, 31, recep-cionista, acha útil ter internet no Calçadão: “Eu moro no Centro, então nos domingos venho tomar chimarrão e acesso a rede”.

Outros locais com sinal wi-fi gratuito é a Praça do Mallet, no bairro Passo da Areia, o Santa Maria Shopping, e o Theatro Treze de Maio.

Suellen Krieger Galvagni

Wi-fi degraça

Tecnologia não pode

causar isola-mento familiar

e social

Page 7: Jornal ABRA - 27ª edição

ABRA 27ª IMPRESSÃO 7

AGOSTO 2013

Na atual sociedade de rede, muitos vivem conectados e resolvem quase tudo num click. Entre as facilidades pro-porcionadas à população pela web está a educação à distân-cia (EAD). Essa modalidade de estudo oferece desde a educa-ção de jovens e adultos (EJA) até graduação e pós-graduação. Hoje, no Brasil, tem-se 3,5 milhões de estudantes nessa modalidade que está em cons-tante crescimento.

Em Santa Maria, não é dife-rente. Entre as instituições de ensino superior que ofere-cem a EAD, estão a UFSM, a Unifra e a Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA). A UFSM oferece 21 cursos de Educação à Distância; A FISMA oferta a EJA e a Unifra cursos de extensão. Além desses cursos oferecidos, em Santa Maria, há nove polos de Educação a Distância (EAD).

Segundo o professor de Jor-nalismo da Unifra Iuri Lammel, a ideia de iniciar a EAD na Unifra surgiu com a prepara-ção de conteúdos digitais que foram disponibilizados num portal próprio, o MAIS Unifra, que possui ainda uma rede social exclusiva. As atividades no ano de 2011 começaram com a organização da docu-mentação necessária e vincu-lação do portal MAIS Unifra a essa modalidade de ensino. A docente do curso de Letras da instituição, Valéria Iensen Bor-toluzzi, integrante da equipe de professores que projetou o

MAIS Unifra, afirma que EAD evolui com cuidado porque prioriza a qualidade.

Para Solange Marques, 58 anos, funcionária pública em Caçapava do Sul, a esco-lha pela EAD se deu por ser a oferta disponibilizada e também por não precisar sair da cidade. “Acredito que a dificuldade inicial foi a ausência presencial do professor na sala de aula”, afirma Solange. Ela ainda garante que as vantagens são maiores, pois se vê na obriga-ção de acompanhar as aulas e utilizar todas as ferramen-

tas que a instituição oferece para aproveitar bem o curso e o aprendizado que nos é ofertado. Luana Filipetto, 25 anos, professora, também afirma que é muito válido os cursos EAD. A pós-gradua-ção que ela cursou, UNICID--SP, foi totalmente EAD, não havia encontros mensais presenciais, apenas as provas eram realizadas no polo, com sede na Exattus.

Os alunos EAD, no Brasil, se concentram no Sudoeste com 2,1 milhão de matrículas. E a região Sul aprece em segundo lugar, com 625.184 estudantes.

O censo afirma que a maior parte dos alunos dessa moda-lidade são mulheres. Lammel comenta que o perfil dos estu-dantes é variável, mas tem um ponto em comum, são pessoas ocupadas que trabalham ou estudam e buscam esse tipo de ensino por poderem fazer seu horário. Percebe-se esse ensino como o futuro da educação. Aliás, Lammel afirma que não vê “a EAD como o futuro e sim como o presente e quem não está nessa, está no passado”.

Franciele Marques e Luana Iensen Gonçalves

A educação à distância é o presente, não o futuro

EAD no Brasil em números

No Brasil, tem-se 3,5 milhões de estudantes nessa modalidade, con-forme dados do Censo EAD.BR 2011. A maior parte dos estudantes EAD está matriculada no ensino superior (75%). A pós-graduação responde por 17,5% dos estudantes

Polos de Educação a Distância – EAD – Santa Maria

Além dos cursos de ensino a distância das instituições presenciais, Santa Maria conta com nove polos de EAD:

- Sistema Educacional Galileu (SEG)

- Universidade Aberta do Brasil (UAB)

- Universidade Anhan-guera (Uniderp)

- Universidade Regio-nal do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijuí)

- Centro Universitário UniSEB Interativo

- Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisi-nos)

- Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)

- Universidade Pri-vada do Norte do Paraná (Unopar)

- Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Professor Iuri Lammel conta que o perfil dos alunos do MAIS Unifra é variável

LUCAS SCHNEIDER

“Pera, uva, maçã ou salada mista? Diz o que você quer, sem eu dar nenhuma pista”. Se há 10 anos, nas brincadei-ras, as crianças relembravam o nomes das frutas, hoje, a realidade com que elas convi-vem são doces e tecnologias.

Conforme a nutricionista Miriam Delevati, “os hábi-tos alimentares mudam cons-tantemente em função dos alimentos disponíveis em determinada época e cul-tura. Além disso, o advento do fast-food alinhado a uma pressão de tempo no mundo do trabalho empobreceu a mesa, fazendo com que as

pessoas optem por alimentos já processados”.

Com a mudança alimen-tar, percebeu-se também a mudança comportamental das crianças, ou seja, as brincadei-ras ao livre foram trocadas pelo videogame e jogos on-line.

"A internet é um meio de comunicação importante, mas deixa as crianças sedentárias, ainda mais como alguns têm o hábito de fazer a refeição na frente da televisão ou do computador, prejudicando a mastigação, digestão e longe do convívio da família na hora da refeição", afirma a nutricio-nista Gorete Dotto.

Bernadete Flores Tambara, 40 anos, enfermeira, e Sabrina Londero Rossato, 30 anos, professora, mães, respecti-vamente, de meninos com 7 e 6 anos, relatam que foi necessário controlar o horá-rio de uso do computador dos filhos, senão eles passariam horas direto na frente da tela. “Entre uma brincadeira física e o computador, ele esco-lhe direto as tecnologias”, afirma Sabrina. Quanto ao excesso de peso dos peque-nos, elas perceberam que eles estão acumulando gorduras devido à falta de exercícios. Mesmo com incentivos, eles

não abrem mão dos jogos on--line, concordaram Bernadete e Sabrina.

Conforme relata o educador físico Ruan Ruiz da Costa, as atividades físicas das crianças de hoje não são muito diferen-tes das de alguns anos atrás. A diferença é que hoje não se veem essas atividades em áreas publi-cas. “Como os pais não deixam as crianças saírem de casa para brincar, como elas vão se entre-ter? A internet acaba sendo uma fuga para essas crianças se divertirem, mas os pais devem ter cuidado com horários e conteúdos acessados”.

A internet pode ser uma

aliada na busca de atividades físicas, conforme Costa, exis-tem conteúdos que motivam a essa prática, “é natural da criança brincar ao ar livre, e cabe aos pais que incentivem e proporcionem essas atividades, só a educação física escolar não é suficiente”.

Para que as crianças voltem a cantarolar nas ruas, é preciso dosar o tempo entre o uso dos computadores e a brincadeiras de rua. Atividades que envol-vam tanto a turma de amigos como a escola.

Franciele Marques e Luana Iensen Gonçalves

Obesidade infantil na sociedade em rede

Page 8: Jornal ABRA - 27ª edição

AGOSTO / 2013

Jornal Experimental do Curso deJornalismo - UNIFRA

27ª IMPRESSÃO

Você consegue viver fora da bolha da Internet?

Flávio Pereira ,32, motorista

Fico desconectado somente no trabalho, utilizo a internet para estar em contato com os amigos.

Alisson Coletto, 27, estagiário

Não, pois hoje faço tudo pela internet do celular: pago contas, leio e-mails e acesso com facilidade as informa-ções que me interessam.

Tanira Hoffmann, 15, estudante

Não sou de Santa Maria, sem estar conectada ficaria difícil me comunicar com amigos, teria que ler livros e tocar violão para passar o tempo.

Brenda Paz, 14, estudante

Sem estar conectada eu passaria dormindo o tempo todo.

Graça Almeida, 54 anos, funcionária pública

Me sentiria alienada. Apesar de assinar um jornal, leio ele na internet, bem como a bíblia diariamente. Utilizo a internet também para evangelizar.

Carlos Nunes, 59 anos, radialista

Sim, usaria a criatividade, o telefone para entrar em contato com os amigos e ouviria muito o rádio.

Simone Oliveira, 32, esteticista

Não, pois utilizo a rede para pesquisa, leitura e infor-mações para o meu dia a dia. Sentiria muita falta se ficasse desconectada.

Fabiana Neto, 31, estudante

Não, ficaria desamparada, pois na internet encontro um recurso que me permite acessar com facilidade infor-mações, notícias e revistas do meu interesse.

Renan Gonçalves, 20, militar

Não, pois ficaria desinformado e longe dos meus amigos e familiares.

Giovana Silveira, 18, estudante

Busco informações e me atualizo na internet, sem ela me sentiria perdida.

leia na próxima ediçãoFOTOS: JOANA GÜNTHER