Jornal Brasil Atual - Jandira 01

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Jornal Regional de Jandira www.redebrasilatual.com.br JANDIRA nº 1 Janeiro de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA O PSDB comandou o maior roubo no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões BONS DE BICO A aventura de ser um dos passageiros dos vagões metropolitanos Pág. 6 CPTM TRENS MALAS Na trilha do senhor Leopoldo dos Santos, jandirense de verdade Pág. 7 MEMóRIA VELHA GUARDA A briga para matricular uma criança nas creches da cidade Pág. 2 EDUCAçãO FALTAM VAGAS PRIVATARIA TUCANA ESCâNDALO DO ORçAMENTO Controle do governo Alckmin na Assembleia tropeça nos aliados. E surge areia no esquema Pág. 4-5 COMO OS DEPUTADOS FORJAM AS EMENDAS Verônica Serra Ricardo Sérgio FHC José Serra

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velha guarda faltam vagas bons de bico MeMória trens malas educação verônica serra Distribuiçã o Pág. 4-5 nº 1 Janeiro de 2012 Pág. 7 Pág. 2 Pág. 6 josé serra A briga para matricular uma criança nas creches da cidade www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Jandira A aventura de ser um dos passageiros dos vagões metropolitanos Na trilha do senhor Leopoldo dos Santos, jandirense de verdade

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Jornal Regional de Jandira

www.redebrasilatual.com.br jandira

nº 1 Janeiro de 2012

DistribuiçãoGratuita

O PSDB comandou o maior roubo no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões

bons de bico

A aventura de ser um dos passageiros dos vagões metropolitanos

Pág. 6

cPTM

trens malas

Na trilha do senhor Leopoldo dos Santos, jandirense de verdade

Pág. 7

MeMória

velha guarda

A briga para matricular uma criança nas creches da cidade

Pág. 2

educação

faltam vagas

PrivaTaria Tucana

escândalo do orçaMenTo

Controle do governo Alckmin na Assembleia tropeça nos aliados. E surge areia no esquema

Pág. 4-5

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expediente rede Brasil atual – Jandiraeditora gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Leonardo Brito (estagiário) revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008tiragem: 4 mil exemplares distribuição gratuita

educação

a briga para encontrar uma vaga Mães tentam matricular os filhos, mas quase nunca conseguem

A Prefeitura de Jandira fir-mou um Termo de Ajustamen-to e Conduta (TAC) com o Mi-nistério Público do Estado para preencher a demanda de 800 vagas nas creches da cidade em 24 meses. Foi estabelecido um cronograma para o cumpri-mento do TAC: em seis meses, serão criadas 600 vagas; em 12 meses, outras 100; e em 24 meses, serão criadas todas as vagas para atender à demanda. Caso a Prefeitura não cumpra o acordo, ela terá de pagar multa diária de R$ 500,00 por criança não atendida.

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jornal on-line

as crianças da cidade precisam de mais creches

TrânsiTo

Ônibus, carros e gente: paradosEm Jandira é um verdadeiro salve-se quem puder

Em Jandira há 110 mil ha-bitantes, distribuídos em 17,5 km². A cidade sofre com o trânsito local – há pessoas que deixam de usar o transporte coletivo e vão trabalhar com seus carros. Os moradores dos bairros do Figueirão e Lindo-mar, por exemplo, sofrem com o movimento de carros, ônibus e caminhões nas Ruas Carmi-ne Gragnano, Hidelbrano e na Avenida Presidente Costa e Silva, que dão acesso a outros bairros da cidade – tais como Teresa, Vale do Sol e Fátima –, que dificulta a travessia das ruas, principalmente de ma-nhã, devido à movimentação

de entrada na escola Oswaldo Sammartino-Sagrada e a cre-che Comunidade Kolping.

Por isso, a professora Mar-ly Lobato, moradora do bairro Figueirão, conversa com o de-putado estadual Luiz Cláudio Marcolino e o federal João Paulo Cunha, ambos do PT, e com lideranças locais e orga-niza um abaixo-assinado para que a Prefeitura abra uma via de acesso na divisa de Jandi-ra com o Jardim Silveira, em Barueri, para facilitar o acesso aos moradores dos bairros Jar-dim Heneide, Sol Nascente, Velho Sanazar, Antônio Porto, Jardim das Margaridas, Vale

Verde, São Nicolau e Fátima. Assim, eles terão outra possi-bilidade de acesso à Avenida Presidente Costa e Silva e Re-gião Central.

entenda como será o acesso:

A via começa ao lado do Atacadista Lopes – na divisa entre Jardim Silveira, em Barueri, e Jandira –, passa

pelos lotes 1º de Maio, Pesqueiro do Jardim

Heneide e termina ao lado do Salão de Festas Viva Flores, chegando ao acesso do Teresa e

toda região.

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ediTorial

Esta edição traz um bom exemplo de como atua a velha mídia brasileira, apelidada de PIG – Partido da Imprensa Golpista. Para não perder seus privilégios, ela não dá vazão às denúncias de cor-rupção no governo tucano. Exemplo disso é a Assembleia Legis-lativa de São Paulo, há muito tempo um escritório de despachos de governos do PSDB. Pois um parlamentar da base aliada, Roque Barbiere, do PTB, disse que 30% dos deputados “vendem” suas cotas de emendas ao Orçamento paulista todos os anos – infor-mação confirmada pela líder comunitária tucana Tereza Barbosa.

O assunto ameaçava romper um velho laço aliado, formado pelos partidos da coalizão ao governo Alckmin, e podia dar numa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Mas o PIG fez-se de “migué” e pôs uma pedra no assunto: não sabe e não viu. Nós não. Contamos como se dá o trambique. E falamos do clima de contestação que começa a surgir naquela Casa.

Uma coisa é certa: aos tucanos não faltam professores de malandragem. Está nas livrarias o livro A Privataria Tuca-na, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que nos revela como o PSDB operou a maior falcatrua brasileira, nos tempos da pri-vatização. Bons de bico, esses tucanos. É isso. Boa leitura!

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a PrivaTaria Tucana

Privatização: livro denuncia serra, família e amigos

as perdas

E conta como o PSDB comandou a maior falcatrua no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões Os tucanos comandaram o

processo de privatização das empresas públicas na década de 1990, que movimentou US$ 2,5 bilhões e distribuiu propinas de US$ 20 milhões, segundo o li-vro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., de 320 páginas – 200 de tex-to jornalístico e 120 de repro-dução de provas. Baseado em documentos, Amaury mostra como o PSDB vendeu o patri-mônio público a preço de bana-na. Entre a compra e a venda, funcionava a lavagem de di-nheiro e suas conexões com a mídia e com o mundo político.

Os envolvidos são gente

do alto tucanato: o livro liga o ex-candidato do PSDB à pre-sidência, José Serra, a um es-quema de desvio e lavagem de

dinheiro e o acusa de espionar adversários políticos. “Quando ministro da Saúde, Serra criou uma central de montagem de

O governo FHC arreca-dou R$ 85,2 bilhões com a venda das empresas públicas. Mas o país pagou R$ 87,6 bilhões para as empresas que assumiram esse patrimônio – R$ 2,4 bilhões a mais do que recebeu. O prejuízo veio por-que o governo absorveu as dívidas das empresas, demi-tiu um monte de gente, em-prestou dinheiro do BNDES aos compradores e aceitou como pagamento o uso de “moedas podres”, títulos do governo que valiam metade do valor de face. A “costu-ra”, feita por Ricardo Sérgio, envolvia o pagamento de propina dos empresários que participavam do processo. O dinheiro era lavado em pa-raísos fiscais. Promoveu-se um desmonte das empresas públicas, fazendo-as pare-cer mais inoperantes do que eram – assim, quase foram pelo ralo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Para a presidenta do Sin-dicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o livro prova a importância do combate do movimento sin-dical ao processo de privati-zação. “A velha imprensa não repercute as graves denúncias e mostra a sua parcialidade. Esperamos que o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem esses crimes de que trata o livro e retomem para os cofres públicos todo o dinheiro desviado.”

dossiês na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi-sa), no governo FHC.” O livro afirma também que o esquema era feito por meio de empre-sas off-shore das Ilhas Virgens Britânicas, e foi idealizado pelo ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesou-reiro da campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Olivei-ra. Outros esquemas semelhan-tes eram realizados pelo genro dele, Alexandre Bourgeois, por sua filha Verônica – que manti-nha empresa em sociedade com a irmã do banqueiro Daniel Dantas – e pelo seu sócio, Gre-gório Marin Preciado.

serra, a filha verônica, fHc e ricardo sérgio: tucanos no livro

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a entrevista com o autor das denúnciasComo era o esquema de corrupção dos amigos e parentes de José Serra?O tesoureiro do Serra, o Ri-cardo Sérgio, criou um modus operandi de operar dinhei-ro do exterior, e eu descobri como funcionava o esquema. Eles mandavam o dinheiro da propina para as Ilhas Virgens, um paraíso fiscal. Depois, si-mulavam operações de inves-timento para a internação de dinheiro. Usavam umas off- -shores que simulavam inves-tir dinheiro em empresas que eram deles mesmos no Brasil, numa ação muito amadora.Como você pegou isso?As transações estão em cartó-rios de títulos e documentos.Movimentou bilhões?Bilhões. Os banqueiros, li-gados ao PSDB, formados na PUC do Rio, com pós-

-graduação em Harvard, sofis-ticaram a lavagem de dinheiro. A gente é simples, formado em jornalismo na Cásper Líbero, mas aprendeu a rastrear o di-nheiro deles. Eles inventaram um marco para lavar dinheiro, seguido por criminosos como Fernando Beira-Mar, Georgi-na (de Freitas que fraudou o INSS). Os discípulos da Ge-

orgina foram condenados por operações semelhantes às que o Serra fez, que o genro dele, Alexandre Bourgeois, fez, que o Gregório Preciado fez, que o Ricardo Sérgio fez, que o banqueiro Daniel Dantas, que comandava a corrupção, fez.Serra espionava o Aécio?Está documentado. Ele contra-tou a Fence Consultoria, em-presa que faz varreduras contra grampos clandestinos, no Rio de Janeiro. O Serra gosta de espionagem e manda espionar os inimigos dele. Ele contratou a empresa de um coronel baixo nível da ditadura. O pretexto era que fazia negócio de con-traespionagem. O doutor Ênio (Gomes Fontenelle, dono da Fence) trabalhou na equipe dele. Para espionar o Aécio.E a ex-governadora mara-nhense Roseana Sarney?

Está no Diário Oficial. O agente era o Jardim (Luiz Fernando Barcellos), ligado ao Ricardo Sérgio. Mas a imprensa defende o Serra e não divulga. Dilma contra-atacou com arapongas também?Não. As pessoas que tra-balhavam na campanha da Dilma eram ligadas ao mer-cado financeiro. Me chama-ram porque vazava tudo. Os caras faziam uma reunião e, no dia seguinte, estava na imprensa. Eu achava que era coisa do (ex-deputado tucano Marcelo) Itagiba ou do (candidato a vice-presi-dente, deputado do PMDB, Michel) Temer. Aí veio a surpresa: era o fogo-amigo do PT, de Rui Falcão (atual presidente do PT e deputado estadual).

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escândalo do orçaMenTo

surge areia no esquema da assembleia legislativa

alesp atua como escritório de despachos dos tucanos

Alguns deputados “vendem” as emendas e abocanham parte dos recursos liberados Por Raoni Scandiuzzi

O domínio do Executivo na Assembleia combina in-dicações a cargos públicos, divisão do poder regional e administração da liberação de recursos das emendas par-lamentares ao Orçamento do Estado. Porém, falhas no ge-renciamento dos partidos da base levaram alguns deputa-dos do PTB a se incomodar com o governo Alckmin. Por causa do desprestígio e da re-dução de recursos repassados à Secretaria de Esporte, nas mãos dos petebistas, o cacique do partido, Campos Machado, cobrava atenção do governo às questões do partido. Até que o deputado Roque Bar-biere (PTB) chutou o balde. Em entrevista ao site do jornal Folha da Região, de Araçatu-ba, em setembro, afirmou que de 25% a 30% dos deputados “vendem” as emendas a que têm direito anualmente em troca de abocanhar parte dos recursos liberados. E assegu-rou que o governo Alckmin foi alertado disso.

O secretário estadual de

Meio Ambiente, deputa-do licenciado Bruno Covas (PSDB), confirmou o esquema ao jornal O Estado de S. Paulo, e citou o caso de um prefeito que lhe ofereceu 10% de uma emenda – R$ 50 mil –, que ga-rantiu não ter aceitado. Convi-dado a se explicar ao Conselho

de Ética da Alesp, Covas não apareceu. Enviou carta afir-mando que seu relato era uma situação hipotética e didática, usada em palestras, encontros e conversas. No Ministério Público do Estado, o promotor Carlos Cardoso abriu inquérito para apurar o escândalo. Para

ele, não pareceu ser apenas um exemplo didático.

Um levantamento divulga-do no site do deputado Bruno Covas indicava que, em 2010, ano eleitoral, seu gabinete re-passara R$ 9,5 milhões em emendas para várias cidades paulistas – embora o limite

de cada deputado seja R$ 2 milhões anuais. Procurado, ele silenciou. Sua assessoria justificou que o levantamen-to trouxe emendas de anos anteriores, pagas em 2010, e outras obras eram pedidos do governo, e não dele.

Em 12 de outubro, o gover-no disse que divulgaria os re-cursos oriundos de emendas no site da Secretaria da Fazenda. A relação foi publicada em 4 de novembro. Nela, o presiden-te da Alesp, deputado Barros Munhoz (PSDB), é campeão de indicações, empenhando R$ 5,6 milhões no ano passado. Segundo o documento, Bruno Covas tem R$ 2,2 milhões em emendas. Mas a lista oficial não é confiável – o site do de-putado licenciado informara um montante quase cinco ve-zes maior. Outro exemplo: tan-to sua página eletrônica como a da prefeitura de Sales divul-gam uma emenda no valor de R$ 100 mil para a construção da Praça Floriano Tarsitano na cidade. Na relação do governo o recurso nem aparece.

A Assembleia Legislati-va do Estado de São Paulo (Alesp) tem 94 deputados, 3.000 funcionários e orçamen-to anual de R$ 660 milhões. Desfruta da camaradagem da imprensa comercial – que se indigna com denúncias de Bra-sília e blinda o governo pau-lista. A maioria dos parlamen-tares submete-se em silêncio ao Palácio dos Bandeirantes,

onde, desde 1995, a morada do chefe do Executivo é também um ninho tucano. Em troca de apoio aos seus interesses elei-torais, deputados da base aliada mantêm o governador do Estado livre de qualquer dor de cabeça.

É na Alesp que se discute e aprova o Orçamento do Estado – R$ 140 bilhões em 2011 – e onde se deve fiscalizar sua cor-reta aplicação. É lá que se dis-

cutem leis, desde a que proibiria a venda de porcarias de alto teor calórico em cantinas de escolas públicas até as que autorizaram o governo a vender o patrimô-nio estratégico – como do setor elétrico, do Banespa e da Nossa Caixa, a concessão de estradas e ferrovias. Lá é onde o gover-no sabe que denúncias e pedi-dos de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

serão varridos para baixo do tapete. Quantas vezes você leu, ouviu ou viu notícias de que os deputados paulistas investigaram uma suspeita de superfaturamento em contra-tos do Metrô ou os abusos da Polícia Militar – seja na forma violenta como age na USP, seja quando persegue pobres na periferia ou reprime movi-mentos sociais?

o tucano Geraldo alckmin, o fiel escudeiro campos Machado (PTb) e bruno covas: zorra total

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líder comunitária conta como funciona o trambiqueTereza Barbosa, 59 anos,

coordena um instituto que atende crianças em Campo Grande, zona sul da capital. Ela conta: “Entrei em vários gabinetes e eles diziam assim: ‘Olha, eu dou o dinheiro para a senhora, mas a senhora me devolve a metade, para uma entidade minha, que não tem documentação’”. Dona Tereza descreve outra conversa. “Um prefeito me contou que eles dão a verba para a Prefeitura, mas quem contrata as empre-

sas para fazer a obra é o deputa-do, e a construtora repassa 40%. Por isso a gente vê essas obras malfeitas. Uma vez fui reclamar

com uma construtora da Cidade Ademar e o dono me falou: ‘A gente não pode fazer nada com material de primeira, porque precisa devolver o dinheiro que chega pra gente’.”

Dona Tereza, uma “apaixo-nada pelo PSDB”, não revela nomes por medo de sofrer re-presálias. Mas dá pistas. “Exis-te esquema em vários partidos – PSDB, PTB, PDT”. Por ex-periência própria, ela afirma que Roque Barbiere falou a verdade. “Ele não mentiu, não.

Só acho que a porcentagem é maior do que ele disse. Eu co-locaria que uns 40% a 45% dos deputados vendem emenda.”

A líder comunitária con-firmou que, se convidada, iria ao Conselho de Ética. Como a apuração já estava sepultada, o promotor Carlos Cardoso foi ouvi-la. “Ela solicitou a deputa-dos que patrocinassem emendas para financiar a entidade que ela preside. Uma parte deles, uns dez deputados, condicionaram o apoio à entidade à transferên-

cia de parte dos recursos para ONGs que eles indicariam. Ela achou estranho e não acei-tou” – diz Cardoso.

Terezinha não revelou nome de deputado algum. Mas o relato dela trouxe avanços na investigação. “Isso confirma que há uma prática pouco ou nada líci-ta por parte de alguns de-putados, que manipulam as emendas, sem transparência e com propósito ilícito” – garantiu o promotor.

fala o deputado que denunciou outros deputadosRoque Barbiere reafirma que levará o esquema de venda de emendas ao Ministério Público

Como o senhor se sente por ter feito as denúncias?Fiquei magoado pela maneira como o presidente da Assembleia (Barros Munhoz, PSDB) e o go-verno trataram do assunto, ten-tando me desqualificar, exigindo que eu desse nomes, quando a própria Constituição me ampara. Eles fingiram que não me conhe-ciam. O governo me ignorou por completo, como se eu tivesse dito a maior mentira do mundo, como se ninguém tivesse nem cogita-do que algo semelhante pudesse ocorrer na Assembleia.O governo se sentiu atingido pelas denúncias?

Talvez, mas a denúncia foi para o bem, não para o mal. Alguém do governo estadual conversou com o senhor?Não. Nem na boa, nem na ruim. Virei um leproso politi-camente falando, porque, no governo, ninguém tem cora-gem de chegar perto de mim.O que achou de o governo dizer que Bruno Covas gas-tou R$ 2,2 milhões em 2010?Ele primeiro disse que um pre-feito ofereceu propina pra ele, depois que foi hipoteticamen-te. Do Covas eu gostava muito era do Mário.O senhor se arrepende da entre-

vista em que disse que 30% dos deputados vendem emendas?Não. Depois dela, tenho cer-teza de que vão sobrar mais recursos para o povo de São Paulo, as pessoas vão pensar dez vezes antes de fazer algu-ma coisa de errado.A base do governo rachou?Não sei como está, estou ten-do pouco contato por causa dos problemas pessoais.Está descartada a hipótese de o senhor deixar a base?Não está nada descartado. Vou esperar aprovar o Orçamento, cumprir minha obrigação com o povo de São Paulo, depois,

no ano que vem, vou me posi-cionar politicamente.Por que o presidente do PTB, deputado Campos Ma-chado, defendeu o governo?O Campos Machado é apaixo-nado pelo governador Alckmin, que realmente é uma pessoa ca-tivante. Mas temos de separar o governador do governo. O Campos Machado não faz isso. O compromisso dele é apoiar o governo, dando certo ou errado. Não seria o momento de o senhor dizer algum nome, para não esfriar o assunto?Não posso, para satisfazer uma parte, prejudicar o todo.

Vou conversar com o promo-tor. Depois, se ele seguir o ca-minho, ele chegará aos nomes.Dona Terezinha, presiden-ta da ONG Centro Cultural Educacional Santa Terezi-nha, disse que 45% dos de-putados vendem emendas...Isso é insignificante. Se 0,5% da Assembleia vender emen-das, o Parlamento já está sujo. Isso aqui não é uma casa de anjos. Se com Jesus, que tinha 12 apóstolos, tinha um traidor, um falso e um incrédulo, ima-gine numa Assembleia com 94 deputados. Mas volto a dizer, a maioria daqui é gente boa.

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Em sexto mandato, o deputado estadual Roque Barbiere, do PTB, é da base aliada do governo há 16 anos. É dele a afirmação de que entre 25% e 30% dos deputados paulistas “vendem” as emendas ao Orçamento a que têm direito todos os anos. De acordo com o esquema, quando o recurso é repassado para pagar uma obra ou serviço, alguns deputados embolsam a “comissão”. Barbiere reafirmou que levará as informações de que dispõe ao promotor Carlos Cardoso, do Ministério Público – a investigação corre em segredo de Justiça, o que garante proteção aos acusados

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TransPorTe

cPTM, ou a companhia Paulista do “Trem Mala”

nova estação, velhos problemas

Enquanto se fala em Trem Bala, o Corredor Oeste continua com trens dos anos 1970 Por Leonardo Brito

O governador Geraldo Al-ckmin (PSDB) inaugurou a nova etapa de transportes en-tregando 36 trens novos, dia 24 de março, para as estações Júlio Prestes e Itapevi. Porém, algumas semanas depois, eles foram trocados por trens usa-dos, que faziam a linha Osasco-Grajaú há mais de seis anos.

Há estações que foram ma-quiadas para a inauguração,

mas estão inacabadas, como é o caso de Jandira e Barue-ri. Na estação de Jandira, por exemplo, no banheiro, havia papel jornal picado no lugar de papel higiênico e papel toalha. Tudo, claro, reforçado pelo fato de os trens estarem sempre hiperlotados e, muitas vezes, atrasados, graças so-bretudo ao arcaico sistema de sinalização.

aventura diária O trem para, umas portas

abrem, outras não. Lá dentro, meio escuro, as pessoas vão espremidas. É duro embar-car, mas, se você entra, não há como se mexer. É uma briga certa com a porta ou com ou-tros usuários. Tem gente que segura as portas. Os passagei-ros estão estressados. A com-posição parte.

O pior do trem em horário de pico é a situação das mulhe-res. É um encosta-encosta cons-trangedor. Tem gente que se aproveita disso. Outra composi-ção chega. Homens e mulheres disputam o trem, caibam ou não no vagão. É como se, nos trens da CPTM, a lei da física de que dois corpos não ocupam o mes-mo espaço fosse abolida.

Lá vai um homem com uma pequena bolsa de mão.

A reforma na estação de trem de Jandira, da Compa-nhia Paulista de Trens Me-tropolitanos (CPTM), durou quatro meses e foi entregue à população há um ano. Ela fez parte do plano de moderniza-ção de toda linha, cuja ideia era trazer conforto e agilida-de, transformando-se em me-trô de superfície – a empresa garantia que o intervalo entre os trens cairia de 9 minutos para 5 minutos, aumentando a circulação de pessoas de 334 mil para 414 mil. O in-vestimento na reforma, recu-peração de trens e implanta-ção de novos sistemas foi de R$ 280 milhões.

Para o jandirense Carlos Alberto da Silva, 47 anos, bancário sindicalista de Osasco, “a superlotação nas plataformas e a demora dos trens continuam. A escada rolante só começou a fun-cionar três meses depois da inauguração. Quando cho-ve, trechos da estação ficam molhados e o piso escorre- d

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o trem é como coração de mãe, sempre cabe mais um

um mês por anoPesquisa revela: o

paulistano perde um mês por ano no transporte pú-blico, em deslocamentos na cidade.

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Não há espaço para entrar. Ainda assim, ele coloca o pé na pequena passarela metáli-ca, que reduz o vão entre os vagões e a plataforma de em-barque. O tempo passa, e ele continua com um pé fora da máquina. Uma de suas mãos apoia-se por dentro da porta. Depois, feito alavanca, ele força seu corpo para dentro. Com o aviso de fechamento da porta, ele se esforça mais um pouco. Um guarda o ajuda a caber no trem. Enfim, a porta se fecha. E ele se vai no meio do bafo quente. Como ele en-trou com a mão abaixada, não terá como erguê-la, pois não dá pra se mexer. É preciso ter força nos braços para se segu-rar no trem. Ele é um dos mi-lhares num vagão do transpor-te coletivo.

gadio. Saio de casa uma hora antes, mas corro o risco de chegar atrasado no trabalho. O trajeto Jandira-Osasco devia demorar 30 minutos, mas levo quase uma hora e meia, pois não consigo entrar no trem, que vem muito lotado de Ita-pevi” – conta Carlos.

O intervalo entre os trens causa tumulto na estação. A média de espera é de 10 a 15 minutos, embora o site da CPTM informe que no pico da manhã (05h38 às 09h12) ela seja de seis minutos. Para ame-

nizar o lotação, as pessoas podem descer em Barueri e utilizar o sistema “loop”, uma estratégia da CPTM para oferecer mais lugares nos horários de pico – entre os trens que fazem o percur-so Júlio Prestes-Itapevi, há sempre um que faz o trajeto Júlio Prestes-Barueri-Júlio Prestes. Mas Carlos diz que a solução não é eficaz, pois, “embora ele parta menos lotado, após duas estações, em Carapicuiba, fica cheio novamente”.

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MeMória

Quando a cidade não remunerava seus governantes

a primeira câmara

seu leopoldo quase foi padre começo: dias duros

“os vereadores varavam a noite ouvindo críticas”

A professora Vera Barbosa, filha do seu Leopoldo, viaja no tempo com a história de JandiraA primeira luta foi montar

uma comissão para a indepen-dência do município, assinada pelo governador Adhemar de Barros, em 1964. Na cidade, havia 896 eleitores – hoje há mais de 70.000; um vereador só é eleito com mais de 3.000 votos. No dia 7 de março de 1965, realiza-se a primeira eleição para prefeito. É eleito, com 450 votos, Oswaldo Sam-martino. Na época, com 35 anos, Leopoldino dos Santos, o seu Leopoldo, é eleito verea-dor com 43 votos, com mais oito legisladores.

Na época, os vereadores não ganhavam salário para desempenhar a função, mas se dedicavam por amor à cida-de – eles detinham apenas um cargo honorífico. O trabalho era feito de casa em casa. To-dos varavam a noite ouvindo críticas e sugestões e se tor-navam melhores administra-dores. Trabalhavam de portas

A Prefeitura funcionou por 14 anos no prédio número 51 da praça, vizinho a um grupo escolar de madeira. Seu Leo-poldo contou, em entrevista ao jornal Cidades Alertas, como eram as enormes dificuldades de um município sem recur-sos. O prefeito teve, então, a ideia de pedir ajuda ao gover-nador, que, em troca de apoio político, liberou dois milhões de cruzeiros. Houve festa. Um churrasco foi oferecido no sítio

A Câmara funcionava na sala de música do JMC. As sessões eram realizadas nas noite das sextas-feiras, à luz de vela, pois não havia dinheiro para pagar energia elétrica. A

Seu Leopoldo nasceu em 9 de agosto de 1928, em Ita-pevi, no município de Co-tia, e chegou em Jandira em

a primeira estação de trem de jandira

cada sessão, um vereador tra-zia as velas. No final de 1965, a Câmara é transferida para a Avenida Conceição Sammar-tino, 149, com aluguel rateado entre os nove vereadores.

1936. Seu pai, Benedito dos Santos, trabalhava na estrada de ferro. A família foi morar nas casas de Turma Sete, um conjunto residencial da Soro-cabana, cujas ruínas, próximo ao hospital, estão tombadas. O menino, de 8 anos, era ar-reliento. Fez o primário na escolinha mista do Sítio das Palmeiras, o secundário no Instituto José Manoel da Con-ceição – o JMC. Queria ser

Pedra Branca para o pessoal do Palácio. Mas o governador não veio, enviou um repre-sentante. Seu Leopoldo tocou sanfona a festa toda. Outra pessoa que ajudava, segundo o Seu Leopoldo, era Virgílio Nogueira Vessoni, advogado e dono da loteadora Companhia de Melhoramentos de Jandira, que doou móveis e máquinas e pagou aluguel do prédio da Prefeitura e o salário de alguns servidores.

padre e estudou no Semi-nário Menor Metropolitano de Pirapora do Bom Jesus, mas aos 19 anos apaixonou--se por Maria Serra Santos, com quem casou e teve oito filhos – quatro adotados. Seu Leopoldo, ferroviário como o pai, elegeu-se ve-reador em 1965 pelo Parti-do Socialista Democrático (PSD) – cargo que voltou a ocupar em 1972.

abertas. O primeiro projeto de seu Leopoldo foi o de número 16/65, de 30 de abril de 1965, que propunha a construção de uma estrada que ligaria o Cen-tro de Jandira ao Jardim Sil-veira, a Avenida João Balhes-teiro, homenagem a um dos comerciantes mais antigos de nossa história. Seu Leopoldo morreu em 6 de julho de 1995.

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vista do centro nos anos 1960, na região da Praça dr. nilo de andrade amaral

Page 8: Jornal Brasil Atual - Jandira 01

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Horizontal – 1. Centro de Controle Operacional; Cada uma das partes distintas da corola2. Instrumento de cordas, de forma triangular, tocado com os dedos; Partir 3. Nome de árvore que fornece madeira resistente e dura; (Pl.) Unidade de medida de capacidade, correspondente ao volume de um decímetro cúbico 4. (Abr.) Cruzeiro; Dois, em algarismo romano 5. Herbívoro da África, de pele grossa, patas e cauda curta, cabeça grande e focinho largo 6. Que não está contido7. Pedido de socorro; Interjeição usada para chamar a atenção de alguém; Composição poética do gênero lírico 8. (Abr.) Boletim de serviço; Aguardente que se obtém pela fermentação e des-tilação do melaço de cana-de-açúcar 9. Nome da letra p; Sovaco; 10. Nome de um planeta; Ilha de coral 11. Cidade de São Paulo; Membro das aves guarnecido de penas, que serve para voar

vertical – 1. Galanteador importuno de uma senhora casada ou viúva; 2. Relativos ou seme-lhantes à cabra ou ao bode; (Abr.) Rádio Patrulha 3. Reze; Partidos Comunistas; Alimento feito de farinha, especialmente de trigo, amassada e cozida no forno 4. Ação de voar; Nome comum a vários cervídeos que habitam as partes boreais da Europa, Ásia e América 5. Sigla em inglês de Phase Alternating Line; Cobertura de borracha com que calçam as rodas dos automóveis e outras viaturas 6. Muito boa, excelente 7. Falatório, murmuração; Soberanos, na língua persa8. Diz-se do galo que, na rinha, ferido ou cansado, não podendo manter-se de pé, sustenta-se apoiando a cabeça no solo; Pedra, em tupi-guarani 9. Medida que se usa para as proporções nos corpos arquitetônicos 10. Limpo o nariz; Fila, separada por um espaço

Palavras cruzadas

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