Jornal Brasil Atual - Limeira 19

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Jornal Regional de Limeira www.redebrasilatual.com.br LIMEIRA nº 19 Fevereiro de 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual O Ecoponto, em São João, vira um triste cartão-postal de Limeira Pág. 3 ECOLOGIA UM LIXÃO Fechado há mais de dois anos, restaram no zoo os animais Pág. 7 ZOOLóGICO NEM BICHO ATURA Onze pessoas têm seus bens bloqueados pela Justiça na cidade Pág. 2 INVESTIGAçãO SAAE SOB SUSPEITA Silvio Félix deu início a muitas delas, mas não acabou nenhuma. E o dinheiro? HERANçA MALDITA OBRAS INACABADAS SAúDE Obesidade infantil, uma doença séria que atinge as pessoas mais pobres do País Pág. 4-5 CRIANçAS GORDAS, PERIGO à VISTA Central de Ambulâncias Centro Cultural Nova Biblioteca Shopping Popular

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Jornal Regional de Limeira

www.redebrasilatual.com.br limeira

nº 19 Fevereiro de 2013

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

O Ecoponto, em São João, vira um triste cartão-postal de Limeira

Pág. 3

ecologia

um lixão

Fechado há mais de dois anos, restaram no zoo os animais

Pág. 7

zoológico

nem bicho atura

Onze pessoas têm seus bens bloqueados pela Justiça na cidade

Pág. 2

investigação

Saae Sob SuSpeita

Silvio Félix deu início a muitas delas, mas não acabou nenhuma. E o dinheiro?

Herança maldita

obras inacabadas

saúde

Obesidade infantil, uma doença séria que atinge as pessoas mais pobres do País

Pág. 4-5

crianças gordas, Perigo à vista

central de ambulâncias

centrocultural

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expediente rede brasil atual – limeiraeditora Gráfica atitude ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Ana Lucia Ramos, Enio Lourenço, Ivanice Santos, Lauany Rosa e William da Silva revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman telefone (19) 9708-0104 / (11) 3295-2800 tiragem: 15 mil exemplares Distribuição Gratuita

editorial

contratos do saae: sob suspeita

câmara aprova nova cPi

investigação

Onze pessoas têm bens bloqueados na JustiçaEm 23 de janeiro, a Justiça

de Limeira bloqueou os bens do ex-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Renê Soares Filho, do vereador recém-eleito Ed-mílson Gonçalves (PSDC), e de mais nove pessoas. A ação é resultado de uma investigação iniciada no ano passado pelo Ministério Público (MP), que apura denúncias de corrupção em licitações públicas durante o governo Félix, inclusive do próprio prefeito cassado.

O MP aponta três favoreci-mentos à empresa do vereador

Edmílson na impressão de in-formes publicitários e de carti-lhas: em 2009, de R$ 73.128,00; em 2010, de R$ 76.507,27; e em 2011, de R$ 77.100,00. Segun-

do o MP, as propostas comer-ciais das empresas concorrentes na licitação obedeceram à mes-ma formatação, contendo até os mesmos erros gramaticais.

O prefeito Paulo Hadich, assim que tomou conheci-mento da ação do Minis-tério Público, afastou os servidores que são réus in-vestigados. Os funcionários acusados pelo MP de inte-grarem as comissões de li-citação e de participarem do processo no qual a empresa do vereador Edmílson Gon-çalves saiu vencedora são: Antônio da Silva dos Reis Neto, Maria Rita Inocêncio, Noêmia DiCagnin, Israel Domingos das Neves, José Augusto Ottani, Mônica Cristina da Silva Camargo e Silvana Aparecida da Silva Francisco. Todos eles tive-ram seus bens bloqueados por ordem do Juiz da Vara

da Fazenda Pública, Adilson Araki Ribeiro.

Já na Câmara Municipal de Limeira foi instaurada, em 28 de janeiro, uma Comissão Par-lamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades

envolvendo o SAAE, desde setembro de 2007. Segundo o consultor jurídico do Le-gislativo, José Evangelista de Arruda, constatando-se irregularidades em relação ao vereador Edmílson Gon-çalves, a CPI poderá sugerir ao plenário a formação de Comissão Processante (CP), que tem poderes para a cas-sação.

Fazem parte da Comis-são os vereadores: presi-dente, Wilson Cerquei-ra (PT); relator, Edvaldo Soares Antunes, o Dinho (PSB); André Henrique da Silva, o Tigrão (PMDB); José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSB); e Nílton dos Santos (PRB).

Limeira viveu mal e porcamente nos últimos anos. E tanto a população da cidade, quanto a gente, do jornal Brasil Atual, testemunhamos essa fase de estertor que tivemos de aguentar, com um prefeito corrupto sendo colocado para fora a fórceps pela população. Ganhamos. Além de impichar o safardana e exigir que ele devolva o que nos gatunou, a gente elegeu um novo prefeito – Paulo Hadich, do PSB –, que conta com o nosso apoio neste início de governo. Sabemos bem que a hora é de somar, para evitar que a divisão nos desuna.

Todavia, é bom mantermos a vigilância para – como di-ziam nossos avós – que o uso do cachimbo não deixe a boca torta. E por que dizemos isso? Porque a cidade ficou sob a vi-gilância dos inabordáveis, dos que se recusam a falar de pro-jetos e planos de governo. A enfática resposta das assessorias de imprensa é de que os casos “estão sendo estudados” pelos secretários, que aguardam para se manifestar sobre o assunto.

Procurados em seus gabinetes, eles nunca são encontra-dos, mas são os primeiros a proibir a entrada de jornalistas nas obras em construção e a comandar perseguições a qualquer um que tente se aproximar, por exemplo, do novo zoológico ou de qualquer local que possa virar notícia por conta da an-tiga negligência e do velho abandono. As atitudes lembram a repressão que outrora assolou jornalistas e trazem a dúvida sobre que tempos aguardam Limeira. Será mais do mesmo? Acreditamos que não. Basta apenas uma correção de rota. Porque há os que estão para administrar. Há os que estão para fiscalizar. Cada um no seu papel. É isso. Boa leitura!

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ecoponto do bairro são João vira lixãoecologia

Moradores sofrem com ratos, escorpiões e usuários de drogas na vizinhançaUm terreno repleto de so-

fás, pneus, entulho, lixo e de-jetos é o triste cartão-postal do bairro São João. Aquele que foi o maior ecoponto de Li-meira tornou-se um lixão a céu aberto. Caminhonetes chegam a todo instante para despejár o lixo; os motoristas arremes-sam sacos e utilizam pás para empurrar quilos de entulho e móveis velhos. Segundo os moradores, o ecoponto fun-cionou apenas no ano em que foi criado. Além do mau chei-ro causado pelo lixo, pneus com água parada são criadou-ros do mosquito da dengue e o grande número de resíduos faz com que ratazanas, baratas e escorpiões pretos e amarelos se reproduzam e invadam as propriedades próximas.

Montanhas de lixo for-mam-se no terreno, que se transforma num grande ater-ro. Crianças de chinelos, sem proteção alguma, procuram

materiais para reciclar. Mais afastados, carroceiros obser-vam os carros e aguardam que algo de valor seja despejado. Dois barracos precários de madeira e lona viraram ponto de prostituição. À noite, eles servem de lugar para usuários de crack, que formam uma mi-nicracolândia em Limeira.

O terreno da Prefeitura ocupa um quarteirão. A mo-radora Regina Chanquete, de 42 anos, diz que a prefeitura abandou a construção de uma praça, que deveria ter qua-dra poliesportiva e espaço de lazer para a população. O operador de máquinas Sandro Marques, de 35 anos, mora

em frente ao ecoponto e se preocupa com o ambiente em que os dois filhos crescem. “Dá medo de eles pisarem em caco de vidro, prego. Já teve moleque que saiu daqui com o pé sangrando.”

A aposentada Maria Al-meida, de 66 anos, mora no bairro há 39 anos e recorda

saudosista do tempo em que o terreno era repleto de árvo-res. “Aqui era tudo limpinho. Eu fico triste de ver as coisas assim, pago meu imposto di-reitinho e a Prefeitura não faz nada.” Dona Margarida Ga-briela, de 53 anos, tem artrose e mora em frente ao terreno há 30 anos e diz que não aguen-ta os problemas trazidos pelo lixão. “Eu não venço comprar veneno, esse lixo traz muito bicho para dentro de casa.”

A Prefeitura e a Secre-taria de Meio Ambiente de Limeira não declararam que providências serão tomadas para combater os problemas do ecoponto do bairro São João. Em nota, a Secretaria de Comunicação informou que um projeto ambiental será elaborado para recupe-rar as estruturas do ecopon-to e conscientizar a popula-ção de que não deve jogar lixo no local.

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Festa teve escolas de samba, blocos e trios elétricoscarnaval

Carnafamília foi realizado no Centro Municipal de Eventos e teve 5 mil pessoas por diaO carnaval de 2013 con-

tou com o desfile da Escola de Samba Paraíso Imperial, de blocos com fantasias, trios elétricos e carros ale-góricos. No domingo e na terça-feira, foram realiza-dos os bailes com matinês, a partir das 16 h – na terça-feira, a Banda Oklahoma fez a festa com a criançada.

Segundo o secretário de

Cultura, Nivaldo Pereira de Menezes, a mudança de local e as chuvas impossibilitaram a presença maior de público. A Secretaria dos Transportes disponibilizou esquema espe-cial com ônibus urbanos para atender a população – uma li-nha ligava o Terminal Central Urbano ao Centro Municipal de Eventos e outro, expresso, percorria o Anel Viário. a

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as verdadeiras causas da obesidade infantil Por Cida de Oliveira

a gordura abdominal é mais comum entre os pobres

São duas: a publicidade de alimentos industrializados e o consumo de produtos quase sem nutrientes

saúde

Enfim, Thaina Pereira de Souza, de sete anos, já veste calças jeans no tamanho ade-quado para a sua idade. Até pouco tempo, ela só usava peças de malha, com numera-ção para adolescentes. Thaina mudou de hábitos alimentares. Passou a comer carnes grelha-das, verduras, legumes, arroz e feijão no lugar de frituras e massas. E um prato basta; não precisar repetir. “Não foi fácil convencê-la de que, para ema-grecer, ela não poderia mais co-mer como antes” – diz a mãe, a dona de casa Manuela Pereira Sales. Com casos de obesida-de na família e parentes dia-béticos, Manuela diz que tudo começou há dois anos, quando a pequena entrou na pré-escola

em Itaquera, na zona leste pau-listana. “Na creche já haviam me alertado sobre o excesso

de peso dela, mas a ficha só caiu quando me chamaram no-vamente a atenção, dois anos

“Entre os riscos imediatos estão os psicoemocionais. As crianças são estigmatizadas, sofrem bullying e são despre-zadas pelos colegas. Na ado-lescência, são afetadas pela preocupação excessiva com a imagem” – afirma o diretor da Sociedade Brasileira de En-docrinologia e Metabologia, Amélio de Godoy Matos.

As implicações físicas co-meçam a partir dos oito anos, com aumento das taxas de co-lesterol e da pressão arterial. Na adolescência surge a re-sistência à insulina, processo que pode levar ao diabetes. E na fase adulta aparecem as doenças cardiovasculares – as que mais matam no Brasil –, entre outras.

Outro dado preocupante, segundo Amélio Godoy, é que uma pesquisa do Insti-tuto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede), do Rio de Janeiro, revelou que 40% dos jovens acima do peso têm gordura abdomi-nal, pressão alta, grande con-centração de açúcar, triglicé-rides e colesterol no sangue e até diabetes, alterações que, mesmo isoladamente, aumentam o risco de infarto e derrame.

O especialista alerta para a facilidade de acesso aos alimentos industrializados calóricos, ricos em gorduras e carboidratos processados, como farinhas e açúcares,

e pouco nutritivos. É o caso dos refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados e outras porcarias. “O aumento da oferta barateou os preços. Es-ses produtos chegam hoje às mais distantes regiões do país. Outro fator é a desinformação, pois a obesidade cresce mais entre as populações pobres dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Quanto menor a escolaridade, maior a obesidade” – afirma.

A nutricionista Maysa To-loni pesquisou o tema para seu mestrado e doutorado pela Uni-versidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entrevistou mães de crianças matriculadas em cre-ches públicas e filantrópicas e

observou que muitos bebês de três meses ou menos já tomam refrigerante na mamadeira. E 80% dessas crianças, antes de completar um ano, têm na die-ta danoninhos, miojos, salgadi-nhos de pacote e biscoitos re-cheados. “Esses alimentos têm muita gordura, sódio – nocivo à

circulação do sangue –, açúcar e proteínas que, em excesso, fa-zem mal às crianças, causando obesidade e aumentando o co-lesterol” – diz. Outra revelação: as mães mais jovens, menos escolarizadas e de menor renda são as mais suscetíveis a esses erros alimentares.

“A maioria das pessoas desconhece a gravidade da obesidade. Para elas, não parece doença séria; muitas alegam ter sido gordinhas e acreditam que a criança obesa vive normalmente e vai emagrecer. E só se pre-ocupam quando a situação já se agravou” – afirma a psicóloga Gisela Solymos, gerente do Centro de Recu-peração e Educação Nutri-cional (Cren), de São Paulo. A entidade capacita equipes de saúde e de creches e aten-de crianças com distúrbios nutricionais, como desnutri-ção e obesidade, moradoras em comunidades carentes da cidade.

atrás” – lembra. A mãe acre-ditava que a filha emagreceria conforme crescesse. Mas exa-mes clínicos feitos em Thai-na revelaram colesterol alto e obrigaram Manuela a seguir à risca as orientações médicas de cortar os biscoitos rechea-dos, as massas e as frituras. A pizza semanal virou mensal. Hoje, o irmão Felipe, de um ano, compartilha o novo car-dápio da família.

No Brasil, 30% das crian-ças entre cinco e nove anos estão acima do peso recomen-dado. Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo IBGE, revelou que entre os jo-vens de 10 a 19 anos, o sobre-peso saltou de 3,7%, em 1970, para 21,7%, em 2009.

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reclames suculentos são digeridos pelas criançasApesar de indireta, a pu-

blicidade dirigida à criança por televisão, rádio, out do-ors, revistas e internet, entre outros meios, é outra causa da epidemia – aponta Ekaterine Karageorgiadis, advogada e integrante do Conselho Na-cional de Segurança Alimen-tar (Consea). São anúncios, jogos “educativos” em sites de fabricantes de alimentos, blo-gs que atestam uma suposta qualidade nutricional de deter-minado alimento, brindes co-lecionáveis e a exposição dos produtos ao alcance das mãos, em embalagens chamativas, com heróis da TV. Para piorar, conforme dados da Universi-dade de Brasília (UnB), mais de 90% desses anúncios são de redes de fast food, salgadi-nhos de pacote e refrigerantes, entre outros.

O assédio dos fabricantes para fixar sua marca entre as crianças e fidelizar o consu-mo inclui merchandising em programas infantis, além de campanhas em escolas, como as com personagens conheci-dos de cadeias de fast food. “Embora não estejam ali in-citando as crianças a comer

hambúrguer, eles e o produto que representam são reconhe-cidos” – diz Ekaterine. Se-gundo ela, não é à toa o inves-timento em publicidade para os pequenos. Como assistem diariamente à televisão por cinco horas e 17 minutos, se-gundo o Ibope, e passam tan-tas outras diante do computa-dor, são futuros consumidores em potencial que influenciam os pais na hora da compra. Pesquisas mostram que 80% de tudo que é comprado, ex-ceto planos de saúde e segu-ros, leva em consideração a opinião das crianças – daí

até fabricantes de produtos de limpeza usarem heróis em seus anúncios. Produtos para bebês, como fraldas e papi-nhas, são pouco anunciados.

Os anunciantes contam com recursos como a lingua-gem infantil, músicas, per-sonagens conhecidos da TV, prêmios, brindes, animações, jogos e a presença de crianças em anúncios, que leva à iden-tificação direta com o produto. Segundo especialistas, só aos 12 anos a criança desenvol-ve plenamente o raciocínio abstrato. Até aí, ela é incapaz de distinguir programa e pro-

paganda e de entender que a mensagem publicitária é para incentivá-la a comprar algo, mais e mais. Só depois ela percebe essa diferença, em-bora nem sempre a intenção da venda. “Essa publicidade é proibida pela Constituição Fe-deral, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pelo Códi-go de Defesa do Consumidor, mas são necessárias novas re-gras mais específicas” – afir-ma Ekaterine.

Em todo o país tramitam projetos de lei para discipli-nar os horários de exibição do anúncio e proibição da venda

casada de brindes e alimen-tos, como já acontece em Flo-rianópolis, por exemplo. Em Belo Horizonte, as empresas passaram a ser obrigadas a in-formar que o brinquedo pode ser vendido separadamente do sanduíche e de outros alimen-tos. Em 2009, as indústrias firmaram acordo de autorre-gulamentação da publicida-de, como em outros países, mas os critérios adotados são subjetivos. “Um fabricante de suco informa que seu produ-to é benéfico por não conter açúcar, apesar de ser pobre em nutrientes e rico em corante” – lembra a advogada. “É claro que a regulação pode ser mais efetiva com leis que a discipli-nem, mas as empresas podem fazer seu papel com a produ-ção de alimentos mais saudá-veis e anunciar somente para adultos”, diz. Cabe aos pais informarem-se melhor sobre os alimentos, mudar os hábi-tos, escolher produtos naturais e voltar a fazer as refeições com os filhos, longe da tela da TV e do computador. “Todos são responsáveis. A obesidade é um problema social, não in-dividual.”

na fritura de salgadinhos há óleo para um batalhãoApesar de as informações

nutricionais de cada alimento estarem nos rótulos, surpreende saber que com o óleo usado na fritura de um pacote de certos salgadinhos devorados pela ga-rotada daria para cozinhar para um batalhão. E, com o açúcar presente no refrigerante, seria possível adoçar muitas receitas para se deliciar com modera-ção. Também impressiona ver

a chegada de barcos da Nestlé a lugares distantes da Amazônia, levando seus produtos, bem como indígenas mandando ver no macarrão instantâneo. Tudo isso é retratado no documentá-rio Muito Além do Peso, da di-retora Estela Renner. “O filme é para que os pais entendam o que estão comprando para seus filhos” – disse a cineas-ta à repórter Marilu Cabañas,

da Rádio Brasil Atual, após a pré-estreia, em novembro, em São Paulo. Segundo a ci-neasta, sua preocupação é fa-zer filmes de cunho social em defesa da criança. “A partir do momento em que são 30% das crianças brasileiras acima do peso, pensamos que a cau-sa merecia uma ferramenta audiovisual para ampliar esse debate.”

a publicidade colabora para que a juventude tenha umas gorduras a mais

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obras seguem paradas há mais de dois anosDurante o governo do ex-prefeito Silvio Félix, grandiosas obras e reformas começaram a ser feitas. Porém, quebras de contrato entre a Prefeitura e as construtoras fizeram com que elas fossem paralisadas. Em vários pontos da cidade, podem--se ver terrenos com obras inacabadas, mato alto e sujeira. Entre elas estão as do Shopping Popular, da nova Biblioteca Municipal, do Centro Cultural Coronel Flamínio, da Central de Ambulâncias de Limeira e do Zoológico que, fechado, permanece com os bichos no lugar desde 2010 Por Lauany Rosa

central de ambulâncias

centro cultural

shopping Popular

O Shopping Popular co-meçou a ser construído no fim de 2010, no terreno da antiga Machina São Paulo, imóvel histórico que abrigava a em-presa considerada berço da industrialização limeirense. O projeto de R$ 7,6 milhões previa a restauração das an-tigas paredes da Machina, a construção de um Centro Co-mercial com 73 boxes e praça de alimentação. Seria ponto de comerciantes informais e artesãos, que facilitaria o turismo e a visitação popu-

O prédio do Centro Cultu-ral Coronel Flamínio Ferreira de Camargo é uma construção histórica e abrigava um gran-de acervo do Museu Histórico Major José Levy Sobrinho e da Biblioteca Pública Municipal Professor João de Souza Ferraz. Em 2007, ele foi fechado ao pú-blico, sob pretexto de que have-ria uma reforma, algo que só co-

meçou em 2009, com previsão de entrega da obra para 2010. Porém, esse prazo foi adiado para o dia 1º de abril de 2012, mas a data também não foi cumprida. Em junho passado, a Prefeitura cancelou o contrato com a empresa S. Engenharia Construções, responsável pela restauração, e até hoje as refor-mas continuam paradas.

a velha biblioteca fechou, mas a nova não abriuA Biblioteca Municipal

ficava no Centro Cultural de Limeira, mas foi desati-vada para a restauração do prédio. Uma nova biblioteca começou a ser erguida, em

Herança maldita

ausência de portões causam insegurança a quem chega ao local. O galpão que abriga as ambulâncias tem problemas: falta piso cimentado – da ter-ra vermelha levanta-se poeira a cada veículo que passa –, faltam telhas, o reboco está caindo e os ninhos de pombo proliferam no local.

lar. O terreno foi cercado e a estrutura básica do shopping construída. Porém, a Prefei-tura rompeu o contrato com a RTA Engenharia e Constru-ções Ltda. e as obras foram abandonadas. O que antes era uma piscina, serve de cria-douro para mosquitos da den-gue. O lugar virou abrigo de moradores de rua, que ergue-ram barracos de madeira nas antigas instalações da Ma-china. Pelo terreno há varais com roupas, animais mortos, lixo e muita sujeira.

fevereiro de 2011, no Par-que Cidade. Mas as obras da nova biblioteca foram para-lisadas em 2012, já na fase final – faltava pintar o inte-rior do prédio e mobiliá-lo;

o lado externo estava aca-bado. Hoje, o prédio virou um refúgio de animais – as paredes e portas estão cheias de excrementos de pom-bos. Como a restauração do

Centro Cultural também foi paralisada, o prédio da velha biblioteca foi depre-dado: ele teve as paredes pichadas e os vidros que-brados.

A Central de Ambulâncias é vizinha ao terreno do Sho-pping Popular. Suas instala-ções são as mesmas que eram utilizadas pelo antigo galpão da fábrica de máquinas Pit-tler. A estrada que vai até lá é esburacada e de terra batida. O matagal próximo à porta-ria, a falta de iluminação e a

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os bichos estão abandonados no zoológicoUm lugar inóspito e de por-

tões fechados. Eis a cena com que se deparam moradores e turistas que visitam o Zoo-lógico Municipal de Limeira. Fechado desde 2010 – ano em que um novo zoo, no Horto Florestal, deveria estar pronto –, árvores e plantas crescem sem poda. Folhas secas e uma crosta esverdeada cobrem o que foi um lago habitado por patos, gansos e garças. O lu-gar, que já foi um bonito ponto turístico da cidade, está aban-donado e cheio de bichos que até hoje aguardam a ida para o novo zoológico.

A aposentada Marta Do-mingues, de 70 anos, diz com tristeza: “Era um lugar bom de vir esticar as pernas; agora não tenho mais onde passear”. A açougueira Solange Martins, de 40 anos, questiona a demo-ra na entrega do novo zoo e afirma não gostar da mudança de local, “Nem todo mundo tem transporte para ir até o horto. Eles falam que haverá ônibus, mas ele só passa uma vez por dia e lá é muito lon-ge.” A estudante, Yolanda No-gueira, de 15 anos, lembra que

participou de excursões para o zoológico, mas agora con-sidera o espaço “um grande desperdício, pois poderia ser transformado num parque”.

Inaugurado em 1968, o Zo-ológico Municipal tem o estilo dos antigos zoos. São 22.155 m² cercados de muros baixos, que permitem a quem passa na Rua da Boa Morte ver o des-caso do local. À tarde, o estur-ro de uma onça pintada que-bra o silêncio do quarteirão. A fera está numa pequena jaula, de chão de concreto e grades de metal, sob sol quente e sem espaço. Seu rugido, alto e me-lancólico, faz com que a mo-

radora Carmem dos Santos, de 53 anos, o defina como “um triste grito de socorro”. Acos-tumado ao barulho, o varre-dor de rua Otair Zentia, de 60 anos, afirma: “O zoológico não está nada bem. Dá tristeza ver o lugar largado. Até os bi-chos estão sentindo”.

Numa madrugada de março de 2012, um grupo de ativistas invadiu o zoológico e filmou as condições em que os animais viviam. Eles flagraram cadea-dos abertos, jaulas destranca-das, pichações, rachaduras e sujeira dentro e fora dos am-bientes destinados aos bichos. A diretora de comunicação

roubosEm 2012, foram rou-

bados seis jabutis, um bo-tijão de gás e 150 quilos de carne, comprados para alimentar os animais. A Prefeitura abriu sindicân-cia, mas o caso ficou sem solução. Para afugentar os ladrões, construiu-se um posto da Guarda Mu-nicipal ao lado do zooló-gico. Mas quem faz uma ronda por lá, à noite, é um guarda da Base I, que fica no Centro.

novo zoo deve abrir no fim do ano com 250 animaisCom área de 44.246 m²,

o novo zoológico começou a ser construído em 2008, per-to do Horto Florestal, com previsão de entrega para junho de 2010. Mas com os atrasos nas obras e os problemas no projeto – não havia setores de nutrição, quarentena e ambulatório veterinário –, a entrega foi adiada. No ano passado, o Ibama fez uma vistoria e de-

do solo, troca da madeira das grades de proteção por metal e de telhas de amianto pelas de cerâmica ou termoacústicas. A previsão de inauguração então ficou para março de 2013 e, agora, para dezembro, depois que o Ibama realizar outra vistoria no zoo para permitir a transferência dos animais, que deverão passar por uma fase de adaptação de 40 dias. Não se permitiu a entrada do jornal

Brasil Atual no novo zooló-gico. Procurado, o secretário de Meio Ambiente, Alquer-mes Valvassori, recusou-se a dar entrevista. Em nota, a Secretaria de Comunicação informa que “as questões referentes ao zoológico vêm sendo agilizadas para que o problema seja resolvido”. E conclui: “O secretário aguarda definições para se manifestar sobre o assunto”.

da Associação Limeirense de Proteção aos Animais (ALPA), Milena Pacheco, explica que o espaço dado aos animais é me-nor do que o determinado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama): “O am-biente é ruim, muitos ficam do-entes porque o local é fechado demais”. O correto seria um re-cinto maior, com uma ambien-tação parecida com o habitat natural. Limeira não tem condi-ções de manter um zoológico” – diz ela, que quando morava perto do zoo “via os saguis na rua, pois eles ficavam soltos e pulavam o muro”.

A ALPA e outras associa-ções de defesa dos animais pe-diram, este mês, o fechamento definitivo do zoológico e o encaminhamento dos animais para um santuário, em Cotia, mas o projeto não foi aprova-do pela Câmara. Ficou decidi-do, então, que Limeira terá um Conselho de Bem-Estar Ani-mal, que contará com uma de-legacia contra os maus-tratos, com programas de castração e fiscalização das condições dos animais do zoológico.

terminou que o local passasse por adequações para ser inau-gurado – aumento do recinto

do tigre, impermeabilização de lagos e jaulas, mudança da toca do lobo para debaixo

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Foto síntese – Jatobá

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Palavras cruzadasPalavras cruzadas

respostas

Palavras cruzadas

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As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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Horizontal – 1. Arte que usa a linguagem escrita como meio de expressão 2. Amarelar 3. Museu da Imagem e do Som; Berne; Instrumento usado para cavar ou remover terra 4. Antigo Testamento; Ação ou resultado de usar; Vermelho, em inglês 5. Tabaco em pó, usado para cheirar; Porção, quantidade incerta 6. Que não está cozido; Sexta nota musical; Exprime dor ou alegria 7. Qualquer fecho ou selo inviolável; Radio Patrulha 8. Que está vazio, oco; Raiva 9. Ao longo de; Associação dos Alcoólicos Anônimos; Polícia nazista 10. Mem de, governador-geral do Brasil; Símbolo do álcool; Central Única dos Trabalhadores 11. Grande extensão que separa um espaço do outro.vertical – 1. Carlos, revolucionário brasileiro; Pronto Socorro 2. Reproduzir, arremedar; Tecido semelhante à musselina, fabricado com fios muito finos e torcidos, de aparência leve e transparente 3. Contração de te+as; Saltar 4. Exército Revolucionário; Sigla de União Europeia; A preposição a com o artigo definido masculino o; Em, em inglês 5. Pessoas julgadas por um crime ou processadas em ação cível; Lei complementar; Abreviação de álgebra 6. Escárnio, zombaria 7. Chá, em inglês; Época 8. Universidade de Coimbra; Sigla, em inglês, de ácido ribonucleico; Ânus 9. Tornar a dizer ou expressar-se; Sul, em espanhol 10. Instrumento para lavrar a terra; Doença epidêmica grave e contagiosa.

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Palavras cruzadas

LITERATURAAMARELECERMISURAPAATUOREDRAPETAnTOCRULAAIALACRERP

VAOIRAEPORAAASSSAOLCUT

LOnGITUDE