Jornal Chave de São Pedro

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ANO 10 • Nº 121 • MARÇO DE 2013 jornalchavedesaopedro O legado deixado pelo Ele continua anunciando Jesus vivo Conheça os símbolos da Semana Santa A grandeza de um homem de fé Papa Bento XVI Dom Sérgio de Deus Borges A Sede de Pedro se tornará vacante Dom Odilo Pedro Scherer

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Março de 2013

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ANO 10 • Nº 121 • MARÇO DE 2013

jornalchavedesaopedro

O legado deixado pelo

Ele continua anunciando Jesus vivo

Conheça os símbolos daSemana Santa

A grandeza de um homem de fé

Papa Bento XVI

Dom Sérgio de Deus Borges

A Sede de Pedro setornará vacante

Dom Odilo Pedro Scherer

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PALAVRA DO PADREcARtA AO LEitOR

Neste mês, os olhos de todo o mundo estão vol-tados para o Vaticano e a eleição do novo papa. A Chave de São Pedro não poderia ser diferente e não abordar de maneira especial este importante momento na história da Igreja.

Estamos na Quaresma, 40 dias para a penitência e a reflexão, e, falando a respeito, o nosso pároco nos alerta sobre como entender espiritualmente esse tem-po. O nosso querido professor Felipe Aquino apontou, especialmente para o nosso jornal, os dez principais trabalhos desenvolvidos por Bento XVI, durante os seus oito anos de pontificado. Quem tem uma história a nos contar e explicar é o nosso Cardeal Arcebispo Dom Odilo, que nos relatou a renúncia do Papa e esclareceu sobre como isso deve ser entendido.

É tempo de Quaresma e o exemplo de humildade de Bento XVI também nos leva a olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer nossas limitações. A matéria de capa fala das orientações da Igreja referentes à Se-mana Santa, com um texto que traz um bom número de curiosidades.

O velho ditado já dizia que prevenir é melhor que remediar, portanto, pedimos ao Corpo de Bom-beiros dicas importantes para a prevenção de aciden-tes domésticos, as quais serão publicadas nas próximas edições. Acompanhe os últimos eventos na Paróquia e já se programe para as diversas novidades de março.

Boa leitura!Equipe Pascom

Paróquia de São Pedro

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idô-neas para exercer adequadamente o ministério petrino. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, quer do corpo, quer do Espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho que reco-nhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado pelas mãos dos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que a partir de 28 de fevereiro de 2013 a sede de São Pedro ficará vacante”.

Esta é a transcrição do discurso de Bento XVI que surpreendeu o mundo.

Nesta hora surgem os especuladores, aqueles que começam a querer prever quem irá ocupar a cá-tedra de Pedro. Será o próximo papa um intelectual?

Renuncia-te a ti mesmoUm marcona história POR PE. EDimiLsOn DA siLVA, jornalista e pároco da Paróquia de são Pedro do tremembé

Midiático? Progressista? Conservador? Como sou pastor, quero alertar as minhas ove-

lhas, confiadas a mim por Jesus Cristo, para que se tranquilizem diante deste cenário. Não se importem com as “apostas”, pois isso não é um jogo, e nem torçam por um favorito. É o Espírito Santo quem vai escolher o sucessor de Pedro. Não pense “são homens imperfeitos”, mas, sim, Deus é quem conduz para que dentre os 118 cardeais saia o próximo papa.

Faço questão de reforçar que não existem favo-ritos a papa. Qualquer um pode ser eleito. E este não favorece o seu país ou continente. Não se trata de troca de favores. E, ainda, Bento XVI não vai influenciar na escolha de seu sucessor.

Portanto, filhos e filhas, enquanto a fumaça bran-ca não cruzar o céu do Vaticano, vamos rezar para que Deus continue a inspirar e iluminar a sua Igreja. E nos trazer um novo Pastor, capaz de anunciar Jesus Cristo no mundo moderno. E que ele nos ajude a nos aprofun-dar cada vez mais nos santos mistérios da Igreja, com base na tradição, no magistério e na Sagrada Escritura.

Bendito o que vem em nome do Senhor!

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EsPEciAL PAPA

O legado deixadopelo Papa Bento XVI1 Não teve medo de enfrentar a “ditadura do

relativismo”, que nega a verdade e ensina que cada um faz a sua, e destrói a família e a sociedade. O papa é o paladino e arauto da verdade que salva (cf. Catecismo §851).

2 Deixou-nos três encíclicas fundamen-tais: Deus caritas est, Spes salvi e Cari-

tas in veritate, que precisam ser estudadas detalhadamente. Proferiu muitas homilias e discursos e, além da realização de via-gens internacionais, visitas apostólicas e catequeses, escreveu, ainda, somando–se às encíclicas citadas acima, outras impor-tantes para a história da Igreja, sem contar cartas e motu proprio, isto é, disposições pontifícias por iniciativa do Papa.

3 Abriu um diálogo profundo com os in-telectuais, especialmente os ateus, com

o Programa “Pátio dos Gentios”, levando o debate com os ateus às maiores univer-sidades do mundo, buscando quebrar o engano de que entre a ciência e a fé há uma dicotomia.

4 Deixou-nos uma quantidade imensa de excelentes livros, especialmente a

série Jesus de Nazaré, escrita durante o pontifi cado.

5 Enfrentou sem medo e sem meias pala-vras a herética Teologia da Libertação

marxista, não receando pedir aos bispos do Brasil, em 05/10/2010, que a eliminem em suas dioceses, tendo em vista o seu grande perigo para a Igreja e para a fé do povo.

Disse o Papa: “As suas sequelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas”.

6 Não teve medo de enfrentar as acusações que recebeu de ter sido omisso diante dos

casos de pedofi lia, agindo com energia para corrigir essa grave falha moral. Não se curvou diante de tantas blasfêmias contra ele, como a famigerada peça de teatro da PUC de São Paulo (Decapitando o Papa).

7 Durante 25 anos como Prefeito da Con-gregação da Fé do Vaticano, enfrentou

as heresias e os hereges de nosso tempo, tendo de sofrer as criticas e ofensas deles, hereges apoiados pela mídia secular.

8 Não se curvou diante de um feminismo vazio, interno à Igreja, e de um mo-

dernismo que lhe quis impor a quebra do celibato sacerdotal, a aceitação da ordena-ção de mulheres e outras exigências que iam contra determinações seculares da Igreja a respeito.

9 Tal como um novo São Bento de Núr-sia (cerca de 480- 547) , deu início ao

reerguimento cristão do Ocidente.

10 Soube sabiamente interpretar e de-fender o Concílio Vaticano II dos

ataques que recebeu tanto dos ultracon-servadores como dos ultramodernos.

POR PROF. FELiPE AQuinO

cLiPPing

FRAtERniDADE E JuVEntuDEA juventude São Pedro se fez presente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, ocasião da abertura da Quaresma e também da Campanha da Fraternidade com o tema: Fraternidade e Juventude e o lema: “Eis-me aqui, envia-me!” (Isaias 6,8). Os jovens foram responsáveis pela Liturgia da Missa, desde a entrada, as leituras e até no canto. Puderam, assim, demonstrar que sua espiritualidade é forte e convicta e está em busca da renovação do ardor missionário da Igreja.

JAntAR bingO bEnEFicEntE DA PARÓQuiA DE sÃO PEDROO Jantar da Amizade aconteceu no último dia 16 de fevereiro no salão paroquia. A ação benefi cente em prol da Creche Pedro Apóstolo foi um sucesso desde a venda dos convites, que esgotaram uma semana antes do evento. O evento contou ainda com a ilustre presença do Bispo Auxiliar de São Paulo, Dom Sérgio de Deus Borges, que entregou, em nome do Pe. Edimilson, placas de agradecimento pela dedicação à Paróquia à Terezinha, Rosângela e aos casais Fátima e Luiz, Marcus Vinicius e Giselle, S. Zezinho e D. Zezinha. Agradecemos a todos que contribuíram com este ato de solidariedade às nossas crianças.

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Complemente sua leitura com o texto de Ricardo Ferrara: “Bento XVI, o humilde intelectual da vinha do Senhor”. Acesse o link: http://ricardoferrara.blogspot.com.br/2013/02/bento-xvi-o-intelectual-humilde-da.html

Jantar da Amizade no salão paroquial

Dom Sergio de Deus e Pe. Edimilson

Bispo, Pe. Edimilson e o casal S. Zezinho e D. Zezinha

Bispo com casal Fátima e Luiz

Pe. Wilson e Bispo Bispo e Pe. Edimilson e Terezinha

Rosangela

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mAtÉRiA DE cAPA

POR QUE TANTAS LEITURAS NA VIGÍLIA PASCAL?A Vigília Pascal é a principal celebração cristã de todo o ano, na qual se condensa todo o Mistério da Salvação em Cristo. Antes da reforma litúrgica, havia 12 leituras do Antigo Testamento e duas do Novo na celebração da Vigília Pascal. As do Novo Testamento permanecem; o número das leituras do Antigo Testamento acabou fi xado em sete. Atendendo às situações locais, podem ser reduzidas a três leituras. Em 2011, na homilia do Sábado Santo na Basílica de São Pedro, o Papa Bento XVI explicou: “A Igreja quer, através de uma ampla visão panorâmica, conduzir-nos ao longo do caminho da história da salvação, desde a criação, passando pela eleição e a libertação de Israel até aos testemunhos proféticos, pelos quais toda esta história se orienta cada vez mais claramente para Jesus Cristo. (...) Tomam-nos pela mão e conduzem-nos para Cristo, mostram-nos a verdadeira luz.”

CÍRIO PASCALA palavra “círio” vem do latim “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na Vigília Pascal como símbolo de Cristo. Desde os primeiros séculos, é um dos símbolos mais expressi-vos da Vigília. Em meio à escuridão (toda a celebração é feita de noite e começa com as luzes apagadas), de uma fogueira se acende o círio, que tem uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Omega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa de Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança hoje. O Círio Pascal tem em sua cera incrustados cinco cravos de incenso, simbolizando as cinco chagas de Cristo.

SÁBADO SANTOo fogo novo. A principal celebração do Sábado de Aleluia é a Vigília Pascal, em que a Igreja se mantém em refl exão para a Ressurreição de Jesus Cristo. A mis-sa é marcada pela bênção do Fogo Novo, com o acendimento do Círio Pascal, que simboliza a Ressurreição, a libertação da escuridão e das trevas. Anuncia que as trevas foram dissipadas e nos encoraja a lutar contra as situações de morte.

No dia 24 de março, depois de 40 dias da Quaresma, começamos a semana litúrgica mais importante do ano para nós católicos: a Semana Santa, em que celebramos a morte e ressurreição de Jesus, razão da nossa fé. Na Semana Santa relembramos a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. No Tríduo Pascal, que começa na Quinta-Feira Santa, temos a oportunidade de participar das celebrações mais profundas da Igreja. Nestas duas páginas, tentamos aprofundar os símbolos da Semana Santa, a começar pelo Domingo de Ramos, quando Jesus é aclamado rei.

O nosso Deus é um

Senhor vivo

POR EDmiLsOn FERnAnDEs

INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIANa Quinta-Feira Santa à tarde, quando se inicia o Tríduo Pascal, a Igreja celebra a instituição do maior dos sacramentos, a Eucaristia. A oferta de Jesus na cruz foi sacramentalmente antecipada na última Ceia: “Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim. Este cálice é a nova aliança do meu sangue, que é derramado por vocês.” (Lc 22, 19-20). Jesus ordenou aos apóstolos que, repetindo o seu gesto, celebrassem sacramen-talmente o Seu sacrifício ao longo da história da Igreja. Ao ordenar aos apóstolos a celebração da Eucaristia, Jesus instituiu o sacerdócio ministerial.

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QUEM PODE COMUNGAR?“Todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portan-to, cada um examine a si mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice, pois aquele que comer e beber sem discernir o Corpo come e bebe a própria condenação.” (I Coríntios 11, 27-29). Será que estamos preparados para comungar?

DOMINGO DE RAMOSA Igreja comemora a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém. De acordo com os evangelistas, Jesus chegou montado num jumento e o povo, em festa, lançou seus mantos e ramos de árvores à sua frente. Segundo São Lucas, pessoas iam acarpetando o caminho com suas roupas, como se recebe a um rei, gente que gritava: “Bendito o que vem, o Rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!” Mas a celebração também lembra que o mesmo Cristo que foi aclamado rei pela multidão no domingo foi crucifi cado sob o pedido da mesma multidão na sexta. Jesus entra como Rei pacífi co, Messias aclamado primeiro e depois condenado.

QUINTA-FEIRA SANTA“Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer. Pois eu lhes digo: nun-ca mais a comerei até que ela se realize no Reino de Deus” (Lc 22, 15-16). Com estas palavras Jesus inaugurou a celebração do seu último banquete e a instituição da Sagrada Eucaristia. Na Quinta-Feira Santa, Cristo ceou com seus apóstolos, se-guindo a tradição judaica do tempo da libertação do povo de Deus no Egito, segundo a qual se deveria cear um cordeiro puro. Para nós, hoje, o cordeiro pascal é o próprio Cristo, que se imo-lou e se entregou em sacrifício pelos pecados da humanidade e é dado como alimento por meio da hóstia consagrada.

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃOadoração da cruz. A Igreja celebra e con-templa a paixão e morte de Cristo, motivo de ser o único dia em que não se celebra a Eucaristia. A veneração da cruz, símbolo da salvação, pretende dar expressão con-creta à adoração de Cristo crucifi cado. A celebração da morte do Senhor consiste na adoração de Cristo crucifi cado. Toda a liturgia deste dia está em função de Cristo crucifi cado. Assim, a liturgia da Palavra pretende introduzir os fi éis no mistério do sofrimento e da morte de Jesus. A cruz é a suprema manifestação do amor de Deus, que se doa totalmente. Mas não podemos parar na cruz. O nosso Deus é um Senhor vivo. Os cristãos não param na Sexta-Feira Santa, na morte do Senhor, na sepultura. Acompanham-no até a ressurreição.

SANTOS ÓLEOSNa “Missa dos Santos Óleos” ou Missa do Crisma, a Igreja celebra a instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos usados nos sacramentos do Batismo, do Crisma e da Unção dos Enfermos. Um dos momentos marcantes da celebração é o “lava-pés”, realizado em memória do gesto de Cristo para com os seus apóstolos antes da Última Ceia.

O MILAGRE DA TRANSUBSTANCIAÇÃOTransubstanciação é a conjunção de duas palavras latinas: trans (além) e substan-tia (substância), e signifi ca a mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e sangue de Cristo no ato da consagração. Signifi ca a pre-sença real de Cristo na Eucaristia. “O pão que eu hei de dar é a minha carne para salvação do mundo; o meu corpo é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida.” A crença da transubstanciação se opõe à da consubstanciação, que prega que o pão e o vinho se mantêm inalterados, ou seja, continuam sendo pão e vinho. A Eucaristia é um mistério da fé. “Toda a explicação teológica que queira pe-netrar de algum modo neste mistério, para estar de acordo com a fé católica, deve assegurar que na sua realidade objetiva, independentemente do nosso entendimento, o pão e o vinho deixa-ram de existir depois da consagração, de modo que a partir desse momento são o corpo e o sangue do Senhor Jesus que estão realmente presentes diante de nós sob as espécies sacramentais do pão e do vinho.” (Papa Paulo VI)

DOMINGO DE PÁSCOAA ressurreição de Cristo é a base do cristianismo. A fé cristã tem o seu ápice no domingo de Páscoa, o dia em que o sepul-cro foi encontrado vazio. “Por que procurais entre os mortos Aquele que vive? Ele não está aqui. Ressuscitou!” (Lc 24,5-6). Celebramos a passagem da cruz à ressurreição, da morte à vida. A noite é vencida pela luz que resplandece. Embora seja um mistério da fé, o testemu-nho da ressurreição é maior do que as notícias falsas espa-lhadas pelos que tramaram a morte de Cristo.

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A grandezade um homem de féPOR DOm sERgiO DE DEus bORgEs, bispo auxiliar de são Paulo e vigário episcopal para a Região santana

EsPiRituALiDADE

No dia 11 de fevereiro, uma das primeiras mensagens que apareceu no meu Facebook foi: “Dom Odilo, Edmar Peron, Sergio Borges,.........contamos com as palavras de vocês e o apoio para nós, leigos, neste momento, para dar forças de Fé ao Povo de Deus”. O autor deste pedido estava admirado com a notícia da renúncia do Santo Padre Bento XVI e pedia uma orientação à Igreja sobre tal notícia que pegou todo mundo de surpresa.

Fez muito bem em pedir que a Igre-ja, através de seus Bispos, se pronunciasse, porque ouvimos nos últimos dias tantas supostas notícias, tantas “histórias” no noticiário das redes de comunicação, que se tornaram causa de admiração até nas pessoas de bom senso e de viva comunhão com a Igreja! Ouvimos tantas coisas, mas como saber o que realmente ocorreu em Roma no dia 11 de fevereiro? O que de fato é verdade em meio a tantas notícias?

A resposta, nós católicos, temos por-que ouvimos da boca do próprio Santo Padre e sabemos que ele é um homem que vive e fala na Verdade: “Cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequada-mente o ministério petrino”. Foi um gesto de grande humildade, que se traduz ainda nestas palavras: “Tenho de reconhecer a mi-

nha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.

Enquanto sua saúde física permitiu, o Santo Padre manteve-se à frente da barca de São Pedro, mas, percebendo que sua con-dição física o impedia de governar a Igreja e de anunciar o Evangelho, decidiu – com os olhos diante do Senhor – que o melhor para a Igreja e para a evangelização seria deixar que outro fosse escolhido para realizar a mis-são que lhe fora confiada há oito anos. Em apenas uma página, o Santo Padre colocou toda a verdade, todos os motivos pelos quais renunciou à missão de governar a Igreja.

É bem verdade que a renúncia nos causou admiração, uma vez que, na história recente da Igreja, não havíamos – até então - convivido com o fato de um papa renunciar, mas é claro que um acontecimento de tal porte faz parte da caminhada da Igreja, que a condução do Povo de Deus seja passada a outra pessoa mais jovem e com mais saúde. Assim aconteceu quando Moisés, já idoso, passa para Josué a sua missão de governar o Povo a caminho da Terra Prometida (Nm 27,15ss); assim, também, ocorreu na história da Igreja dos séculos passados, quando o Papa renunciou para o bem da Igreja fato, que oca-sionou o estabelecimento das próprias normas eclesiásticas, constantes do Código de Direito Canônico, Cânon 332, § 2: “Se acontecer que

o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém”.

Além do agradecimento, devemos renovar a nossa fé na Igreja, porque a Igreja, como nos ensina o Papa Bento XVI, “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus, anun-ciando a cruz e a morte do Senhor até que ele venha (cf. 1Cor 11,26), sendo fortalecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz” (Bento XVI. A Porta da Fé, 6).

DicAs DOs bOmbEiROs

prevenção de acidentesna infância

Proteja a saúde de uma criança

Mantenha cabos de panelas volta-dos para dentro do fogão. Evite que crianças queimem as mãos na porta do forno quente.

Brincadeiras com álcool e fósforos são as principais causas de queima-duras e incêndios em residências.Fonte: Escola Superior de Bombeiros/Laboratório de Resgate

Nós, Povo Santo de Deus, diante de tudo isto, devemos

agradecer a Deus que colocou Bento XVI como guia da Igreja; agradecer ao Papa

Bento XVI por ter conduzido, sob a ação do Espírito Santo, a Igreja de Jesus, Una, Santa, Católica e Apostólica nestes

anos tão difíceis para todos nós e nossas famílias.

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HORÁRiOsPROgRAmAÇÃO | mês DE mARÇOparóquia de são pedro do tremembéTel.: (11) 2203-2159

Casamentos/Batismos/ Intenções de MissasSecretaria: • De 2a a 6a feira: 8h às 12h e 14h às 17h • Sábados: 8h às 12h e 14h às 18h • Domingo: 8h às 12hMissas: 2as feiras, às 19h30 / 3as, 5as e 6as feiras, às 7h30 / Sábados, às 17h / Domingos: às 8h, 10h e 18h30Direção Espiritual e Confissão: Atendimento: 3as feira, 15h às 18h | 4as feira: 20h às 22h | 6as feira: 9h às 12h. Domingo após a missa das 18h30: Diálogo com os casais que buscam ajuda espiritual comunidade nossa senhora aparecidaAv. N. S. Aparecida da Cantareira, 22, TremembéMissas: dom., às 8h30 / Missa todo dia 12 do mês, às 20h

comunidade são José (Itinerante)Missas: todo dia 19 do mês, às 20hMomento de Oração e Estudo Bíblico: 3as feiras, às 20h

comunidade são MarcosRua Luiz da Silva, 24, TremembéMissas: sábados, às 18h30Estudo Bíblico: 5as feiras, às 20h

comunidade são paulo (Itinerante)Adoração ao Santíssimo Sacramento: 3as feiras, às 20h na casa de uma família

comunidade santa rosa de LimaRua Luiz Carlos Gentile de Laet, 1302 Tremembé

sexta-feira, 22/02Missa solene de São Pedro Apóstolo, às 7h30

BatisMo• Inscrições: até o dia 09/03, na Secretaria Paroquial• Curso: Quinta-feira, dia 14/02, Encontro de Preparação para o Batismo, no Salão Paroquial, das 19h30 às 22h• Celebração: Sábado, dia 16/02, Cele-bração do Batismo, às 10h.

canto• Aulas, dias 09 e 23/03, das 10 às 12h.

doMinGo de raMos, 24/03•Missa e Bênção dos Ramos próximo ao Colégio Santa Gema, às 9h e às 18h30

terça-feira, 12/03•Celebração Penitencial, às 20h

terça-feira, 19/03•Dia de São José - Missa Solene, às 15h, na Comunidade São José e às 20h, na Paróquia de São Pedro

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seGunda-feira, 25/03•Missa, às 20h

terça-feira, 26/03•Procissão - Encontro na Praça, às 20h (Nossa Senhora das Dores sairá da Comunidade São Marcos / Nosso Senhor dos Passos sai-rá da Paróquia de São Pedro)

Quarta-feira, 27/03•Missa, às 20h

Quinta-feira, 28/03•Missa: Ceia do Senhor - Lava-Pés, às 20h e Vigília Eucarística, das 22h às 24h

Dia 10 | Domingo•Paróquia de São Pedro do Tremembé, às 20hDia 11 | Segunda-feira•Paróquia de São Pedro do Tremembé, às 19h30Dia 12 | Terça-feira•Comunidade São José,às 20hDia 13 | Quarta-feira•Paróquia de São Pedro do Tremembé, às 19h30Dia 14 | Quinta-feira•Comunidade São José, às 20hDia 15 | Sexta-feira•Praça Mariquinha, às 20hDia 16 | Sábado•Paróquia de São Pedro do Tremembé, às 16h30Dia 17 | Domingo•Paróquia de São Pedro do Tremembé, às 20hDia 18 | Segunda•Paróquia de São Pedro do Tremembé, às 20h

NoveNa De São JoSé

SeMaNa SaNTasexta-feira, 29/03•Adoração ao Santíssimo, das 6h às 15h•Paixão do Senhor - Ação Litúrgica - Adoração da Cruz, às 15h•Procissão do Senhor Morto, às 19h

sáBado, 30/03•Vigília Pascal, às 20h

doMinGo de páscoa, 31/03•Missas, às 8h, 10h e 18h30•Aniversário de Ordenação Diaconal - Diácono Carlaile, na missa das 10h

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EXPEDiEntE - PAscOm

orientador: Pe. Edimilson da Silva | coordenação da edi-ção: Pastoral da Comunicação - [email protected] | editor: Edmilson Fernandes - MTB: 25.451/SP | Jornalista res-ponsável: Tatiane Coraci - MTB: 56.796/SP | produção Gráfi -ca: Giselle Moreno Alves e Marcus Vinicius da Silva | revisão: Oswaldo de Camargo | fotografi a: Marcus Vinicius da Silva | impressão: Metromídia Gráfi ca | tiragem: 3.000 exemplares | colaboraram nesta edição: Prof. Felipe Aquino e Vânia Blasiis.

parÓQuia de são pedro do treMeMBÉ

Av. Maria Amália Lopes de Azevedo, 222 A Tremembé São Paulo | CEP: 02350-000 Tel.: (11) [email protected]

umA HistÓRiA PARA cOntAR

POR cARDEAL DOm ODiLO PEDRO scHERER, arcebispo de são Paulo

Caríssimos bispos auxiliarespadres, diáconos, consagrados/asQueridos leigos e leigasda Arquidiocese de São Paulo

No dia 11 de fevereiro passado, como já foi amplamente divulgado, o Papa Bento XVI anunciou a sua renúncia ao mi-nistério de Sucessor de São Pedro, diante de um grupo de Cardeais que havia convocado para um Consistório Ordinário em vista de algumas novas canonizações de santos.

Portanto, no dia 28 de fevereiro, às 20h de Roma, a Cátedra de Pedro, em Roma, tornou-se vacante; Bento XVI se recolheu num convento, dentro do Vaticano e, portanto, o Colégio dos Cardeais deverá reunir-se em Conclave para escolher um novo Papa para suceder a Bento XVI no governo da “barca de Pedro”, a Igreja.

O próprio Papa explicou os moti-vos desse seu gesto surpreendente: a idade avançada (quase 86 anos) e a diminuição de suas forças, que não lhe permitiam mais exercer de maneira adequada a exigente missão do Papa. Com grande realismo e humildade, Bento XVI reconheceu que seu vigor diminuiu nos últimos meses a ponto de já não se sentir mais em condições de administrar o ministério que lhe foi con-fi ado, como Sumo Pontífi ce.

Assim, agradecendo a colaboração recebida dos Cardeais, Bento XVI usou uma expressão belíssima e de profundo signi-

A sede de Pedro se tornará vacante

fi cado: “agora entregamos a Santa Igreja aos cuidados do seu Supremo Pastor, Nos-so Senhor Jesus Cristo”; indicava, assim, para a verdadeira natureza do ministério do Papa, dos Bispos e de todos os sacer-dotes, colocados a serviço da Igreja: todos eles, de fato, estão a serviço da Igreja em nome de Jesus Cristo e por encargo seu. Ele é o verdadeiro e único Senhor e Pastor da Igreja, que cuida dela e quer o seu bem.

Como é bem compreensível, a de-cisão do Papa, num primeiro momento, deixou muitas pessoas perplexas e sem saber o que dizer. A surpresa foi grande, pois ninguém está acostumado com a idéia da renúncia de um papa e, na história da Igreja, conhecemos apenas um caso de papa que renunciou, depois de ter sido eleito regularmente: trata-se do Papa Celestino V, um monge eremita eleito papa já com idade avançada e que renunciou em 13 de dezembro de 1294. Portanto, este é o segundo caso de renúncia do Papa, eleito em condições regulares, em cerca de 2 mil anos de história. No entanto, o Direito Ca-nônico, que é o código das leis da Igreja, prevê a possibilidade de renúncia do Papa (cf cân. 332 §2).

A decisão do Papa Bento XVI me-rece toda nossa compreensão, respeito e admiração pela sua humildade e coragem e pelo ensinamento de fé que nos deixa no serviço a Jesus Cristo e à Igreja. Não de-vemos estar apegados a cargos e posições,

quando está em jogo o bem maior da Igreja, à qual servimos.

No Ano da Fé, neste momento, também somos levados a fazer um pro-fundo ato de fé na própria Igreja: por um lado, ela é feita de pessoas e instituições humanas que passam, por mais importantes que elas sejam; por outro lado, a Igreja é uma realidade de fé, edifi cada sobre Jesus Cristo e animada pelo Espírito Santo. Por isso mesmo a Igreja é mais do que vemos e constatamos humanamente. Ela é o Corpo do qual Cristo é a Cabeça e o Espírito Santo é a alma vivifi cante; ela é o rebanho, do qual o próprio Jesus continua a ser o Supremo Pastor; ela é ainda o povo que Deus reúne e conduz pela história para a Pátria celeste, enquanto o envia para testemunhar a Vida Nova, tornada possível mediante a vivência do Evangelho e o seguimento de Jesus.

Mais do que nunca, este é o momen-to de reafi rmarmos nossa fé na “Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica” e de confi ar na ação do Espírito Santo, que a assiste, e na palavra de Cristo, que prometeu: “As por-tas do inferno nunca prevalecerão contra ela” (cf. Mt 16,18)... E ainda: “Eu estarei convosco até a consumação dos séculos” (cf. Mt 28,20).

Ao Papa Bento XVI, nossa admira-ção e nosso agradecimento pelo bem que fez à Igreja, mesmo em meio a tantos sofri-mentos e até incompreensões. Somos gratos aoPapa Bento XVI por seus numerosos,

ricos e profundos ensinamentos, pelas suas catequeses e documentos magisteriais, pelas suas encíclicas sobre a caridade, a esperança e a encíclica social - Caritas in Veritate -, sobre as novas questões que o mundo e a Igreja enfrentam. Somos gratos, especial-mente, pela visita do Papa ao Brasil, em 2007, aqui em São Paulo e Aparecida, pela canonização de Santo Antonio de Sant’Ana Galvão, primeiro brasileiro nascido no Brasil. Somos gratos pelo estímulo dado à Igreja para renovar-se na fé, mediante o Ano da Fé, que estamos vivendo. Por ele, continuemos a rezar, para que Deus o con-serve com saúde e serenidade.

E agora, ponhamo-nos em oração ao Espírito Santo, para que fortaleça a fé na Igreja e a renove na fi delidade a Cristo e na dedicação à missão. Ao mesmo tempo, peçamos que o mesmo Espírito de sabe-doria e discernimento oriente os cardeais que deverão escolher o novo Sucessor de Pedro. Que ele seja fortalecido com todos os dons do Alto para exercer tão impor-tante e pesada missão, para o bem de todo o povo de Deus e para que as ovelhas do rebanho do Bom Pastor tenham vida em abundância.

cardeal dom odilo pedro schererArcebispo de São Paulo