Jornal Circulando - 400

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ANO 14 NÚMERO 400 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE - MAIO/JUNHO DE 2012 CIRCULANDO DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Comércio irregular de produtos veterinários Biblioteca especializada em GV Consumo excessivo em sites de compras coletiva Página 5 Curso de Jornalismo disputa Expocom Estudo revela: não existem “pessoas burras” Aniversário de edições Venda de medicamentos fracionados, vencidos, sem registro no MAPA e ausência de médico veterinário como responsável técnico estão entre as principais infrações Pet shops e supermercados (foto) estão entre os estabelecimentos que infringem a legislação Profissionais da área cultural e estudantes formam o grande público da Biblioteca Cidade Futuro A utilização incorreta de produtos de uso veterinário pode gerar danos ao meio ambiente e também à saú- de humana e animal. A Resolução 592/1992 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a Por- taria 84/1993 do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e o Decreto Federal 5.053/2004 regulamentam o registro e a fiscalização desses pro- dutos. Os mesmos devem ser regis- trados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e para serem comercializados, os esta- belecimentos devem ser registrados no IMA e possuir médico veterinário como responsável técnico, que esteja devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). Consumidores podem con- tribuir por meio de denúncias junto aos órgãos competentes. Página 5 Com um acervo distribuído entre as áreas de economia da cultura, ges- tão do patrimônio cultural, história regional, políticas públicas, terceiro setor, comunicação e clássicos da literatura brasileira e estrangeira, a Bi- blioteca Cidade Futuro funciona há três anos no Centro de Governador Valadares. O projeto é de iniciativa da Ong Núcleo Cidade Futuro e se revela como uma oportunidade diferenciada para os leitores. A Biblioteca Cidade Futuro é aberta a toda a comunidade e os empréstimos são gratui- tos. Confira reportagem completa na Página 7. Em 1975, um psicólogo da Uni- versidade de Harvard, nos Estados Unidos, chamado Howard Gardner, desenvolveu a Teoria das Inteligên- cias Múltiplas. Suas pesquisas con- cluíram que a inteligência não se resume a um bloco indivisível, mas pode ser considerada por meio de competências distintas. Ao todo, se- gundo Gardner, o ser humano pode desenvolver sete tipos de habilida- des que estão relacionadas à heran- ça genética e cultural. Página 6 Três produções de egressos do curso de Jornalismo da Univale disputam o prêmio de melhor trabalho acadêmico na Exposição de Pesquisa Experimen- tal em Comunicação/Etapa Sudeste. O curso inscreveu trabalhos de ex-alu- nos nas modalidades: jornal impresso (foto), revista impressa e documen- tário em vídeo. A Expocom acontece durante o XVII Congresso de Ciências da Comunica- ção na Região Sudeste entre os dias 28 e 30 de junho de 2012, na Universi- dade Federal de Ouro Preto (UFOP). Alunos-líderes dos trabalhos e profes- sores marcarão presença no evento, considerado o maior na área de comunicação do Brasil. Confira mais detalhes desta e de outras ações do curso na Página 8. Fernanda Melo Bernardo Baião O jornal-laboratório Circulando, fundado em abril de 1999, chega à marca de 400 edições. Para re- memorar parte dessa caminhada ininterrupta que completa 13 anos, convidamos egressos de diferentes turmas do curso Jornalismo - pro- fissionais atuantes no mercado de trabalho local - e também ex- coordenadores para registrarem suas vivências e aprendizados na redação do Circulando. Conheça ainda um pouco mais sobre a his- tória do Circulando que, em 2003, ganhou o prêmio de melhor jornal- laboratório do Brasil conferido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Página 3 400

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Jornal Universitário da Universidade Vale do Rio Doce - Governador Valadares/MG

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ANO 14 NÚMERO 400 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE - MAIO/JUNHO DE 2012

CIRCULANDODISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Comércio irregular deprodutos veterinários

Biblioteca especializada em GV

Consumo excessivo em sites de compras coletiva Página 5

Curso de Jornalismo disputa Expocom

Estudo revela: não existem “pessoas burras”

Aniversário de

ediçõesVenda de medicamentos fracionados, vencidos, sem registro no MAPA e ausência

de médico veterinário como responsável técnico estão entre as principais infrações

Pet shops e supermercados (foto) estão entre os estabelecimentos que infringem a legislação

Profissionais da área cultural e estudantes formam o grande público da Biblioteca Cidade Futuro

A utilização incorreta de produtos de uso veterinário pode gerar danos ao meio ambiente e também à saú-de humana e animal. A Resolução 592/1992 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a Por-taria 84/1993 do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e o Decreto Federal 5.053/2004 regulamentam o registro e a fiscalização desses pro-dutos. Os mesmos devem ser regis-trados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e para serem comercializados, os esta-belecimentos devem ser registrados no IMA e possuir médico veterinário como responsável técnico, que esteja devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). Consumidores podem con-tribuir por meio de denúncias junto aos órgãos competentes. Página 5

Com um acervo distribuído entre as áreas de economia da cultura, ges-tão do patrimônio cultural, história regional, políticas públicas, terceiro setor, comunicação e clássicos da literatura brasileira e estrangeira, a Bi-blioteca Cidade Futuro funciona há três anos no Centro de Governador Valadares. O projeto é de iniciativa da Ong Núcleo Cidade Futuro e se revela como uma oportunidade diferenciada para os leitores. A Biblioteca Cidade Futuro é aberta a toda a comunidade e os empréstimos são gratui-tos. Confira reportagem completa na Página 7.

Em 1975, um psicólogo da Uni-versidade de Harvard, nos Estados Unidos, chamado Howard Gardner, desenvolveu a Teoria das Inteligên-cias Múltiplas. Suas pesquisas con-cluíram que a inteligência não se resume a um bloco indivisível, mas pode ser considerada por meio de competências distintas. Ao todo, se-gundo Gardner, o ser humano pode desenvolver sete tipos de habilida-des que estão relacionadas à heran-ça genética e cultural. Página 6

Três produções de egressos do curso de Jornalismo da Univale disputam o prêmio de melhor trabalho acadêmico na Exposição de Pesquisa Experimen-tal em Comunicação/Etapa Sudeste. O curso inscreveu trabalhos de ex-alu-nos nas modalidades: jornal impresso (foto), revista impressa e documen-tário em vídeo.

A Expocom acontece durante o XVII Congresso de Ciências da Comunica-ção na Região Sudeste entre os dias 28 e 30 de junho de 2012, na Universi-dade Federal de Ouro Preto (UFOP). Alunos-líderes dos trabalhos e profes-sores marcarão presença no evento,

considerado o maior na área de comunicação do Brasil. Confira mais detalhes desta e de outras ações do curso na Página 8.

Fernanda Melo

Bernardo Baião

O jornal-laboratório Circulando, fundado em abril de 1999, chega à marca de 400 edições. Para re-memorar parte dessa caminhada ininterrupta que completa 13 anos, convidamos egressos de diferentes turmas do curso Jornalismo - pro-fissionais atuantes no mercado de trabalho local - e também ex-coordenadores para registrarem suas vivências e aprendizados na redação do Circulando. Conheça ainda um pouco mais sobre a his-tória do Circulando que, em 2003, ganhou o prêmio de melhor jornal-laboratório do Brasil conferido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom). Página 3

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2CIRCULANDOMaio/Junho de 2012

O exercício da cidadania vai mui-to além do simples fato da popula-ção se dirigir à urna de dois em dois anos ou de quatro em quatro anos e confiar o seu voto em um deter-minado candidato. Exercer a cidada-nia plena demanda, cotidianamente, participação efetiva e constante nas diversas questões que dizem respei-to à sociedade na qual estamos in-seridos. Afinal, cidadania pressupõe não só direitos, mas também deve-res. Quando a pessoa adquire algo sabendo que é ilegal ou não cobra políticas públicas que atendam às necessidades de uma determinada parcela da sociedade deixa a desejar em seu exercício de cidadania.

As leis existem e, em sua maioria, são bem formuladas e dão conta de atender as demandas sociais. Contu-do, o que observamos com frequên-cia é que, na prática, não funcionam.

Por que será? Uma das razões é a falta de fiscalização. E para que os órgãos responsáveis realizem com sucesso as atividades de fiscalização que lhe com-petem, o engajamento da sociedade é fundamental. Denunciar é dever do cidadão que deve exigir o cumprimen-to dos seus direitos e também, claro, cumprir com seus deveres.

No compromisso de contribuir para a melhoria da nossa sociedade, o jor-nal-laboratório Circulando faz nesta edição dois importantes alertas que afetam diariamente a comunidade: a comercialização irregular de produtos veterinários e a falta de adaptação fí-sica de órgãos públicos e de estabele-cimentos coletivos para o amplo e li-vre acesso de pessoas com deficiência. Ambos os assuntos envolvem toda a sociedade, já que a mesma tem o de-ver de ajudar os órgãos competentes na tarefa de fiscalizar.

CHARGE

Em Brasília, muita movimentação nos bastidores acirrados da política brasileira. Um turbilhão de manchetes da suposta máfia do jogo do bicho e as afinidades com figurinhas políticas carimbadas do eleitor: o senador goiano Demóstenes Torres (DEM) com um lamaceiro de denúncias e acusações fortes sobre a sua “amizade” com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso no presídio da Papuda, no Distrito Federal.

Mas, sob a fumaça nebulosa que cobre a capital do Brasil, já se especulam as eleições municipais que podem definir futuras alianças importantes nacionalmente. Em Minas um caso mais específico evidencia o posicionamento de partidos com determinadas alianças. Buscando a reeleição para a prefeitura de Belo Horizonte, o prefeito Márcio Lacerda (PSB) sofre pressão do Partido dos Trabalhadores (PT) para recusar o apoio do Partido Socialista Democrático Brasileiro (PSDB), ao qual pertence o senador da República Aécio Neves.

Vale lembrar que, em 2008, o partido do senador tucano ajudou, e muito, na eleição de Lacerda para a prefeitura da capital mineira. Numa união emblemática, PT, PSB

O Jornal-Laboratório Circulando é uma publicação bimestral do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC).

Fundação Percival FarquharPresidenteEdvaldo Soares dos Santos Universidade Vale do Rio DoceReitora Profa. Ana Angélica Gonçalves Leão Coelho Diretora de Área das Ciências Humanas e SociaisProfa. Cláudia Gonçalves Pereira Coordenadora do Curso de JornalismoProfa. Nagel Medeiros Editora e Jornalista ResponsávelProfa. Fernanda Melo (MG11497/JP)

Revisão TextualJosé Ilton de Almeida (5º Período de Letras) sob a supervisão da Profª Elisângela Rodrigues Andrade Vieira Helal

Editoração EletrônicaProf. Brian Lopes Honório (Editora Univale) Impressão / TiragemInforgraf / 500 exemplares RedaçãoLaboratório de Jornalismo Carlos Olavo da Cunha PereiraRua Israel Pinheiro, 2.000, Bairro Universitário - Campus Antônio Rodrigues Coelho - Edifício Pioneiros, Sala 4 - Governador Valadares/Minas Gerais - CEP: 35.020-220.Contatos: (33) 3279-5956 / [email protected]

Corrida presidencial já começou

EDSON NUNES LIMA / 5O PERÍODO DE JORNALISMO

Cidadão engajado, sociedade fortalecida

ARTIGO

EDITORIAL

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e PSDB resolveram apoiar um único candidato. Uma coisa ficou bem clara nessa relação: Aécio Neves tem muito prestígio entre o eleitorado da terra do pão de queijo. Ainda que Lula e toda a sua tropa tentem demarcar território na política mineira, vai demorar muito para uma mudança de opinião entre os admiradores do ex-governador mineiro.

Claro que a máquina pública é um fator fundamental nessa disputa de poder no executivo de Belo Horizonte. Afinal, o governador do estado, Antônio Augusto Anastasia, também pertence ao mesmo grupo político do senador Aécio Neves. Do outro lado, Lacerda conta com o apoio do Planalto, mais especialmente do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O petista trabalha a todo vapor para cortar as asas daquele que aparece como forte candidato para postular a posição de presidente da república em 2014, Aécio Neves.

E as manobras do PT chegam ao maior colégio eleitorado do Brasil. O estado de São Paulo tem hoje mais de 30 milhões de eleitores. Na soma do eleitorado mineiro e paulista, o número chega a quase 45 milhões. Na terra da

OPINIÃO

garoa, quem manda na política é o partido do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Neutralizar as ações dos tucanos em dois estados que detêm grande potencial de votos, esse parece ser o grande desafio para Lula e a presidente Dilma Rousseff. Na capital paulista, o ex-ministro da educação, Fernando Haddad, tem a incumbência de quebrar o domínio do PSDB. Missão fácil? Creio que não, porque, assim como Minas, a tradição dos seus representantes é muito forte

nesses dois estados. Novos capítulos deverão ser escritos nos próximos meses, com grande vantagem para aqueles que estão no poder em Brasília.

Para Aécio, resta comer quieto pelas beiradas, como verdadeiro mineiro. E, para alçar o voo mais alto de sua carreira, vai precisar de muitas parcerias e torcer para que até 2014 o Brasil esteja sofrendo com a inflação, juros altos e a crise de corrupção na Copa do Mundo. Caso contrário, Dilma poderá ter caminho aberto para sua reeleição.

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3CIRCULANDOMaio/Junho de 2012

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ESPECIAL

A edição número 1 do jornal-laboratório Circulando foi publica-da em abril de 1999. O nome, dado pelos alunos da turma pioneira do curso de Jornalismo (1998-2001), surgiu na intenção de que o jornal circulasse em áreas diferentes da cidade. Nasceu com o objetivo de permitir às pessoas que não tinham acesso aos jornais impressos rece-ber uma publicação que pautasse a realidade de seu cotidiano. Assim, o Circulando se fez presente e atuan-te na região do bairro Santa Paula em 1999, na região dos bairros Sir e São Pedro em 2000, no bairro San-ta Rita em 2001, na Região da Ibi-turuna de 2002 a meados de 2011 e, atualmente, na região central. Em 2003, além de conquistar a atenção e o respeito dos leitores, o Circulando conquistou o prêmio de

400edições

melhor jornal-laboratório do Brasil conferido pela Sociedade Brasilei-ra de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

O Circulando fez e continua fazendo história no jornalismo valadarense. Com frequência re-cebemos elogios de leitores de diferentes localidades da cidade, formadores de opinião, políticos, lideranças e empresários locais. As críticas também chegam e são muito bem recebidas. Afinal, por meio delas identificamos pontos a serem melhorados e, assim, bus-camos acertar o passo do Jornalis-mo com o interesse público.

Caro leitor, agradecemos a sua atenção e fidelidade nestas 400 edi-ções e esperamos contar com você nas próximas 400. Vida longa para o jornal-laboratório Circulando!

“Quero parabenizar o jornal Cir-culando nestas 400 edições, bem como seus editores, superviso-res, colaboradores e alunos que se dedicam para manter esse importante veículo de comunica-ção. Como jornalista, tenho or-gulho de ter contribuído - quan-do estudante - com reportagens e artigos para o Circulando. Isso foi fundamental para a minha carreira, principalmente, porque sou apaixonado pelo impresso, a base do jornalismo.

Fred Torres de Seixas, egresso e, atual-mente, editor de política e economia do Diário do Rio Doce

“Guardo com zelo as matérias que produzi para o Circulando. Tam-bém as leio sempre, avaliando minha evolução no decorrer dos anos. Para mim foi uma oportu-nidade única poder criar e expe-rimentar no jornal-laboratório, tendo a certeza que profissionais experientes me auxiliavam, evi-tando que eu cometesse erros que pudessem ferir minha condu-ta profissional. Essa experimen-tação contribuiu para que eu me tornasse uma comunicadora ma-dura e mais consciente da minha responsabilidade social. Parabéns ao Circulando e a toda equipe!

Flávia Carvalho, egressa e, atualmente, ana-lista de projetos do Sesc/MG e assessora de comunicação da Associação Cidade Futuro

“A formação acadêmica é relevan-te e determinante nesse domínio de linguagens, no preparo para uma profissão em que o que será escrito ou dito, não basta que o seja de forma clara, concisa e objetiva, mas tem de ser enun-ciado de modo que não possa ser entendido doutra forma, tal o nível de precisão que a infor-mação exige para ser eficaz, para servir a quem dela necessita.

Jaider Batista, idealizador e ex-coordena-dor do curso de Jornalismo

“Não fui o aluno mais regular com o Circulando, confesso. Não es-crevia toda semana. Mas foi nesse jornal a minha primeira experi-ência como repórter, o primeiro contato com uma história que precisava ser, digamos, descober-ta, contada. O que aprendi da mi-nha jovem rotina na reportagem é que o que importa, no fundo, são as informações e as pessoas. E o Circulando tem uma atenção es-pecial com quem quer falar, o que quer falar e como quer falar. En-tão, parabéns ao Circulando pelas 400 edições! Pelas 400 tentativas de mostrar e mudar alguma coisa em algum lugar.

Maurício Cancilieri, egresso e, atualmente, repórter da InterTV (afiliada TV Globo)

“No Circulando vivi pela primeira vez experiências apaixonantes do jornalismo: conhecer tantas realidades, lidar com gente (e muita gente diferente...), ler – sem palavras – o que está ao redor, contar histórias, aprender tantas coisas a cada matéria e honrar o sagrado direito à in-formação. Informação boa, de qualidade e interesse social que me permitiu também comemo-rar em 2003, o título de melhor jornal-laboratório do País. Para-béns a todas as equipes autoras do Circulando e à comunidade que, há 400 edições, é a obra-prima desse trabalho!

Hélida Patrícia Silva Palmeiras Henriques, egressa da primeira turma e, atualmente, assessora de imprensa concursada da Prefeitura de Governador Valadares

“O nosso Circulando nasceu junto com o curso de Jornalismo. Fo-mos nós, da primeira turma, que o batizamos assim. Já passou por diversas fases, como tudo que tem vida e está em movimen-to. Em 2003, viveu seu grande momento: foi premiado como o Melhor Jornal-Laboratório do País na Intercom/Expocom, concorrendo com jornais das federais, das PUCs e de todas as mais famosas faculdades de Jornalismo do Brasil. Fez história nas nossas comunidades pelo seu compromisso e seriedade com o interesse público. Já foi maior, menor, mudou a diagramação, o público, mas nunca deixou de ser o cartão de visita do curso. Ele é bem mais do que uma exigên-cia legal. É o resultado do nosso aprendizado, do nosso esforço, da nossa ousadia.

Nagel Medeiros, egressa da primeira turma e, atualmente, coordenadora do curso de Jornalismo

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4CIRCULANDOMaio/Junho de 2012 CIDADANIA

Transformação pela Economia Solidária

Humor para tratar de assunto sério

SÔNIA MIRANDA5º PERÍODO DE JORNALISMO

Imagine você trabalhar num local onde não há patrão, nem emprega-do; onde as pessoas são responsáveis umas pelas outras, a solidariedade e o cooperativismo são base para o bom andamento da execução das tarefas e o trabalho em equipe é primordial para o sucesso do negócio. É assim que, há sete anos, no Vale do Rio Doce, especialmente em Governador Valadares, muitas pessoas encontra-ram um jeito diferente de produzir, gerar renda e contribuir para a sus-tentabilidade do planeta.

Na contramão do capitalismo de-senfreado dos tempos atuais, várias pessoas que trabalham com doces, biscoitos, mel, leite, açúcar mascavo, hortaliças, artesanato, reciclagem, la-vanderias comunitárias e cooperativas populares buscam provar que exis-te uma nova maneira de gerar renda sem exploração do outro e sem causar danos ao meio ambiente.

Na Economia Solidária, os empre-endimentos se organizam através dos Fóruns Regionais. O Fórum Regional de Economia Popular Solidária do Vale do Rio Doce foi criado em 2003, a partir pequenos grupos que atuavam de forma isolada. Renato de Oliveira,

representante da Secretaria de Desen-volvimento e Secretário Executivo do Forúm, explica que, atualmente, 450 pessoas são indiretamente beneficia-das pela Economia Solidária na região. Segundo ele, os grupos se encontram para atividades de formação e partici-pam de feiras solidárias para divulgar e vender seus produtos.

SatisfaçãoSérgio Lúcio Amâncio Alves,

membro da Associação Boi Figueira, diz que o Fórum da Economia Soli-dária é espaço de discussão e forma-ção, no qual os grupos se articulam para divulgação e comercialização dos produtos e contam com apoio do poder público e outras institui-ções para se manterem no mercado. De acordo com Alves, um grande desafio é conseguir mobilizar to-das as secretarias municipais para que façam parte do Fórum. Hoje, somente a Secretaria de Desenvol-vimento e a de Saúde apoiam. Para ele, a participação das Secretarias de Educação, Assistência Social e Meio Ambiente são essenciais para o de-senvolvimento da Economia Solidá-ria na cidade e região.

Para Graça da Silva, membro da Associação Comunitária Ilha Funda, que atua no campo da Agricultura

Familiar, participar da articulação da economia solidária “é uma oportuni-dade de vender e divulgar os produ-tos, tornando-se grupo reconhecido; é também um espaço de formação e troca de experiências”. Meirilene Simplício, membro da Associação Rio Limpo, há dois anos participa do Fó-rum e concorda que “é muito gratifi-cante a troca de experiência e ter no-vos meios para a geração de renda”.

O coordenador do Centro de Infor-mação e Assessoria Técnica (CIAAT), Antônio Carlos Linhares Borges, afir-ma que a economia solidária enqua-

dra um público específico que busca a solidariedade e o trabalho coletivo; é também um processo educacional e, muitas vezes, funciona como te-rapia ocupacional. Ele explica que o CIAAT oferece a alguns grupos do Fórum assessoria multiprofissional, principalmente na gestão financei-ra, visando o cooperativismo como forma de se organizarem e motivan-do a geração de trabalho e renda. “É muito gratificante ver o resultado do trabalho intenso dos grupos, per-cebemos que vale a pena investir e apoiar estas iniciativas”, declara.

Arquivo CIAAT

You Tube

A Associação Rio Limpo, fundada em 2008, produz sabão ecológico e integra o Fórum

O vídeo denuncia o desrespeito às leis que garantem o livre acesso às pessoas com deficiência física

AMINY ANNY TEIXEIRA GUSMÃO5º PERÍODO DE JORNALISMO

Indignado com o descaso de órgãos públicos e o comércio local em rela-ção às pessoas com deficiência física, o historiador e professor Brunno Bar-bosa, 33 anos, decidiu fazer um vídeo mostrando essa realidade em Gover-nador Valadares. Ele aproveitou um projeto pessoal, o “Antena Falante” - uma proposta de programa de TV que abordava diversos assuntos de in-teresse público, mas que acabou sen-do vinculado apenas à internet - para protestar. O programa tem o formato parecido com o CQC, programa hu-

morístico da Rede Bandeirantes, apre-sentado pelo jornalista Marcelo Tás, que visa produzir um humor inteli-gente, abordando assuntos relaciona-dos, principalmente, à política.

Brunno, inclusive, aderiu à moda CQC – terno preto e óculos de sol – para apresentar sua matéria. Além disso, abusou da criatividade na edição para deixar o vídeo ainda mais bem humo-rado, mesmo tratando de um assunto tão sério como a falta do cumprimento da lei que exige adequações nos espa-ços públicos urbanos às necessidades das pessoas com deficiência física.

Vestido a caráter, foi às ruas da cidade comprovar sua denúncia. Co-

meçou a matéria em uma das prin-cipais praças do Centro da cidade, a Praça Serra Lima. De lá, saiu andan-do com uma cadeira de rodas como forma de sentir na pele o que essas pessoas sofrem para realizar simples atos, como o de atravessar a rua. Logo nos primeiros minutos, já se deparou com diversas dificuldades, como: an-dar em ruas esburacadas, subir no meio fio, transitar em meio aos pe-destres e, o principal, entrar nas lo-jas. Na maioria dos estabelecimentos comerciais não havia rampa, tão pou-co os proprietários se prontificaram a ajudar o suposto deficiente fisico. Quando Brunno perguntava sobre a possibilidade de construírem uma rampa, alguns nem ao menos cogita-ram a ideia. Devido à abordagem em tom irônico e debochado, alguns ven-dedores, inclusive, se irritaram com o repórter. “Além de estarem errados, eles me trataram mal”, afirma.

Na Câmara Municipal de Governa-dor Valadares, Bruno encontrou uma enorme dificuldade para subir ao ple-nário, mas, em seguida, foi instruído por um funcionário a usar o elevador. Um elevador velho e pequeno que nem cabiam, sequer, repórter e cinegrafis-ta juntos. Outro lugar que Brunno fez questão de ir foi à Biblioteca Pública Professor Paulo Zappi. Lá, pôde com-

provar que realmente não tinha alter-nativa a não ser subir de escada.

O vídeo, de aproximadamente 12 minutos, foi postado no site You Tube e hoje, quase três anos depois, contabiliza 693 acessos. Quem se in-teressar pela produção pode acessar o material na íntegra pelo endereço migre.me/9e5BR. Brunno diz que já passou pelas lojas que aparecem no vídeo várias vezes, mas nenhuma fez as devidas adaptações; nem mesmo aquelas que se comprometeram du-rante as gravações.

Na maioria dos estabele-cimentos comerciais não

havia rampa, tão pouco os proprietários se prontifi-caram a ajudar o suposto

deficiente físico.

Atualmente, Bruno atua como professor de História em escolas do Ensino Médio e faz shows no forma-to stand up comedy em bares da cidade. “Tenho aptidão pelo humor desde a adolescência. Vejo muitos filmes e se-riados e ainda pretendo investir um dia, quem sabe, no meu projeto An-tena Falante”, conclui.

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5CIRCULANDOMaio/Junho de 2012 CONSUMIDOR

Produtos veterinários são comercializados de forma irregular em Valadares

Alerta para as compras por compulsão

PRISCILLA PEREIRA5º PERÍODO DE JORNALISMO

Cresce o número de estabelecimen-tos que vendem produtos de uso veteri-nário de forma irregular em Governador Valadares, como antibióticos, vacinas, desinfetantes, carrapaticidas. A utiliza-ção incorreta desses produtos pode ge-rar danos ao meio ambiente e também à saúde humana e animal. A Resolução 592/1992 do Conselho Federal de Me-dicina Veterinária (CFMV), a Portaria 84/1993 do Instituto Mineiro de Agro-pecuária (IMA) e o Decreto Federal 5.053/2004 regulamentam o registro e a fiscalização desses produtos.

O médico veterinário Aníbal Souza Felipe da Silva esclarece que todos os produtos de uso veterinário devem ser registrados no Ministério da Agricultu-

ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O profissional explica ainda que para serem expostos à venda, os estabeleci-mentos devem ser registrados no IMA e possuir médico veterinário como res-ponsável técnico, que esteja devida-mente registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV). Silva assevera que a utilização incorreta e a venda indiscriminada desses produtos é uma forma de expor a população e seus animais a riscos de contaminação ambiental e intoxicações. “Há também produtos que podem levar ao óbito se utilizados sem a correta orientação e controle”, alerta.

Para combater a comercialização de produtos de uso veterinário de forma irregular em Governador Valadares, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) planeja ações. “Já recebemos di-

versas denúncias sobre a comercializa-ção indevida desses produtos e estamos nos preparando para executar a fisca-lização. Mas essa é uma atividade que precisa de planejamento e cautela, para que seja uma fiscalização massiva, de impacto”, explica Marcelo de Aquino Brito Lima, fiscal do IMA. Para Lima, os problemas maiores são os pet shops. “Esses estabelecimentos abrem e fe-cham com muita facilidade, dificultan-do a fiscalização. Os supermercados co-mercializam uma pequena quantidade, mas os pet shops compram e vendem produtos o tempo todo e, na maioria das vezes, de forma irregular”.

Para alguns comerciantes da cidade a fiscalização desenvolvida pelo IMA é eficaz. Essa é a opinião de Maxwel Monteiro, diretor geral de uma loja de ração e produtos veterinários localiza-

da na região central da cidade. “Prati-camente todas as semanas, principal-mente na época de vacinação contra febre aftosa, eles [os fiscais] estão aqui na loja. Conferem os vencimentos dos produtos veterinários, o estoque das vacinas e as receitas dos produtos vete-rinários. Ao ser perguntado se os clien-tes sabem do perigo de se comprar em estabelecimentos que não possuem médico veterinário responsável, Mon-teiro afirma que a maioria dos con-sumidores tem total consciência, pois grande parte chega à loja comentan-do que comprou. “Existem locais que indicam e vendem anabolizantes de animais para humanos. É um absurdo, pois essa prática pode deixar sequelas e até mesmo matar”, enfatiza.

A orientação do fiscal Marcelo aos consumidores é de que, ao se depa-rarem com estabelecimentos que co-mercializem esses produtos de forma irregular, avisem imediatamente ao IMA para que as devidas providên-cias sejam tomadas; além, claro, de não adquirir nenhum produto vete-rinário no referido estabelecimento. Para mais informações, o consumidor pode se dirigir ao IMA, situado na Rua Dom Pedro II, nº 377, no Centro, ou ligar para 3271-1490. Os consumi-dores também podem formalizar suas denúncias pelo endereço www.ima.mg.gov.br/formdenuncia.

PATRÍCIA BRASIL5º PERÍODO DE JORNALISMO

Um dos setores que mais cresce na internet é o de sites de compras coleti-va. A facilidade de pagamento e, prin-cipalmente, os descontos levam muitas pessoas a aproveitarem ao máximo as oportunidades de comprar um produto pela metade do preço ou mesmo com 90% de desconto. As ofertas vão desde pacotes em clínicas de estética, roteiros de viagem até comidas variadas.

Débora Menezes Gomes, 18 anos, já perdeu as contas de quantos pro-dutos comprou através dos sites de compra coletiva. A última aquisição foi um pen-drive por apenas R$ 8,00. Mas o que seria economia acabou em prejuízo. A estudante gastou mais de R$ 680,00 do cartão de crédito da mãe com sapatos, pacote de massagem redutora, escova progressiva, hidra-tação capilar, depilação a laser e um

fim de semana em um hotel fazen-da por R$ 120,00, com direito a café da manhã, almoço e jantar. “É tão barato que eu nem vejo o que estou comprando. Às vezes, nem sei se vou usar, mas é quase de graça, aí eu aca-bo comprando. Outro dia comprei um sapato de R$ 200,00 por R$ 49,90. Ainda não usei, está lá no armário”. A mãe, Neuza Alves Menezes, 42 anos, cancelou o cartão assim que chegou a fatura. “Quando vi, só tinha empre-sas de compras coletiva. Quase caí pra trás. O pai dela ficou furioso, mas não falou nada. Como sempre, sobra pra mim que sou mãe”, conta.

O site Compralia, inaugurado há oito meses, já cadastrou quase nove mil pessoas. O gerente, Edison Rodri-gues, diz que o lucro está diretamen-te ligado às parcerias com empresas que disponibilizam uma quantidade grande de produtos. “Quanto mais promoções, melhor”, explica. O ge-

rente ressalta que o mercado tem momentos de aquecimento e desace-leração, mas que no balanço mensal o saldo é positivo. “O setor está cres-cendo muito. É um negócio rentável onde todos saem ganhando”.

DescontroleDe acordo com especialistas, a com-

pra em caráter compulsivo é antece-dida de um desejo incontrolável e, no ato da compra, a pessoa vivencia um grande sentimento de alívio, prazer, ou mesmo a sensação de poder e feli-cidade. A esse sentimento seguem-se em geral a culpa e o remorso. Este caso é mais frequente entre as mulheres e seu início tende a ocorrer na juventu-de, por volta dos 18 anos, idade em que os pais costumam presentear os filhos com a liberação de talões de cheque ou cartões de crédito. Maquiagem, joias, roupas, bolsas, sapatos e perfumes são os objetos mais comprados.

Para o psicólogo Neudelon Soares Rocha Azevedo, atitudes como as de Débora podem desencadear proble-mas como a compulsão. Azevedo es-clarece que se as compras em excesso for um caso isolado pode não signifi-car uma patologia, mas de qualquer forma é preciso investigar o que levou a tal atitude. “As pessoas encontram nas compras uma forma de aliviar a ansiedade”, afirma. Para ele, não so-mente o preço, mas também as con-dições de pagamento são os maiores atrativos dos sites de compra coleti-va. O especialista ressalta ainda que o diagnóstico preciso é essencial para detectar a causa do excesso de com-pras e proceder ao correto tratamen-to. “É preciso observar os motivos da aquisição; o que levou a pessoa a com-prar sem limites. Os pais ou respon-sáveis devem procurar ajuda médica assim que perceberem que o limite foi ultrapassado”, orienta.

Produtos como o mosquicida (detalhe) são danosos à saúde e devem ser utilizados mediante orientação de um médico veterinário

Para que os produtos sejam expostos à venda, os estabelecimentos devem ser registrados no IMA e

possuir médico veterinário como responsável técnico.

Fernanda Melo

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6CIRCULANDOMaio/Junho de 2012 EDUCAÇÃO

Inteligências Múltiplas: como aproveitar suas habilidades para aprender mais

GEORGE GONÇALVES5º PERÍODO DE JORNALISMO

Quem nunca quis ser mais inte-ligente? Dominar assuntos de dife-rentes áreas do conhecimento com a mesma facilidade? Será que isso é possível? Alguns estudiosos dizem que a genialidade realmente existe. Podemos encontrar pelo mundo afo-ra pessoas que conseguem ser boas em praticamente tudo. Mas isso não é muito comum. Então, se você é uma pessoa “normal”, sem grandes talentos, saiba que isso pode ser po-tencializado através de uma educa-ção bem planejada. É o que explica a Teoria das Inteligências Múltiplas, do psicólogo Howard Gardner, da Universidade de Harvard, nos Esta-dos Unidos.

Desenvolvida em 1975, a teoria prevê a existência de várias compe-tências que podem ser atribuídas a diferentes perfis. Em seus estudos, Gardner concluiu que a inteligência não se resume a um bloco indivisível, mas pode ser considerada por meio de várias competências. Assim, ele colo-cou em cheque o famoso teste de Quo-ciente de Inteligência, popularmente conhecido como QI, que avaliava a capacidade do sujeito de acordo com perguntas estritamente racionais. O pensamento é aperfeiçoado ao longo dos anos, porém os primeiros resul-tados classificam as habilidades em sete: linguística, lógico-matemática, motora, espacial, musical, interpes-soal e intrapessoal.

Relacionada à facilidade de apren-dizado e domínio das palavras, atra-vés da expressão oral e escrita, a inte-ligência linguística é a mais comum entre as pessoas. Quem gosta de se aventurar pelo mundo dos números, geralmente desenvolve a habilidade lógico-matemática; já bons atores e bailarinos, têm a predominância da inteligência motora, intimamente ligada à expressão corporal. A espa-

cial se refere à facilidade de localiza-ção a partir de uma percepção visual apurada.

Quem leva jeito para a música, seja para compor ou executar, desenvolve a inteligência musical. Com a inteli-gência interpessoal é possível ter um relacionamento equilibrado e sadio com o público em geral. Já através da inteligência intrapessoal, considerada pelos especialistas a mais rara, é pos-sível ter autoconhecimento maduro.

Cada sujeito desenvolve habilidades predominantes, basicamente, por dois motivos: a herança genética e cultu-ral. Em uma família de violonistas, por exemplo, uma criança pode ter aptidão para a música sem mesmo ter conta-to com os estudos teóricos. É o caso de Álvaro Leite, de 39 anos. “Aprendi a tocar violão vendo meu irmão mais ve-lho tocar. Nunca fiz aula para entender o instrumento. Com o tempo, apren-di a tocar contra-baixo também. Mi-nha filha Auryane, de 16 anos, está no mesmo caminho. Sem ter ido sequer a uma aula, ela já toca violão, e muito bem por sinal”, conta sorridente.

Aplicação na educaçãoQuando o assunto é educação, to-

das as ferramentas de aprendizado ao alcance do estudante e do profes-sor devem ser exploradas. Principal-mente se estiverem relacionadas a um melhor rendimento em sala. As competências são desenvolvidas ain-da na infância. Por isso, os professo-res devem observar atentamente o potencial de cada aluno e descobrir suas potencialidades para usá-las a favor dele futuramente.

Com 17 anos de atuação na área da Educação Infantil, a pedagoga Marilene Aparecida Santos, 48 anos, leciona hoje para 18 crianças, de 4 a 5 anos. No pro-cesso ensino-aprendizagem, identifica as aptidões de seus alunos e as destaca no parecer semestral que faz. “Ao per-ceber que a criança tem facilidade em determinado assunto, como línguas ou música, eu falo com os pais para inves-tirem nessa área. A interação entre a família e a escola, nesse sentido, é fun-damental. Até porque existe a possibi-lidade de a criança mudar de escola e eu não poder acompanhá-la mais. Com

essas informações no parecer, o outro professor pode saber qual o perfil da criança e qual área deve ser trabalhada com mais atenção”, explica.

A pedagoga Eliene Nery Santana Enes lembra que, através da Teoria das Inteligências Múltiplas, é possí-vel desconstruir um paradigma que se arrastou por anos pelos corredores das escolas: o de que existem pessoas “burras”. Existem diferentes habili-dades, que devem ser exploradas, tan-to pelo aluno quanto pelo professor. “Vejo muitos alunos com baixo rendi-mento em uma matéria, mas que são excelentes em outras. É justo dizer que esses alunos não são inteligen-tes?”, questiona.

Ainda segundo Eliene, é preciso que o estudante seja visto de forma global pelo professorado. “Por isso, é importante o conselho de classe. É nesse momento que os professores vão avaliar o aluno como um todo. Com essa percepção mais detalhada, podemos estudar diferentes formas de abordagem para um melhor aprendi-zado”, finaliza.

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7CIRCULANDOMaio/Junho de 2012 CULTURA

Filatelia preserva culturas e desperta paixõesADRIANO FÉLIX5º PERÍODO DE JORNALISMO

Cuidado, atenção, zelo e paciência. Essas são algumas características que definem um filatelista, pessoa que co-leciona selos, carimbos, folhas come-morativas, entre outros. O aposentado Luciano Baleeiro, 59 anos, é um cole-cionador apaixonado. Em várias pastas guarda, com todo carinho, os mais de 25 mil selos que reúne desde a década de 1970. “Meu tio me deu de presen-te e eu continuei a coleção porque me encantei; colecionar selos se tornou um hobby para mim”, revela. Lucia-no guarda com orgulho uma réplica do exemplar conhecido como “olho de boi”, primeiro selo brasileiro, surgido em 1843. Ele alerta que para manuse-ar o acervo é necessário o uso de luvas e uma pinça para evitar que o contato com a pele danifique as peças.

A filatelia se tornou um hobby também para o pintor industrial Cle-berton Batista Pacheco. Com 25 anos, ele conta que coleciona desde os 13,

quando percebeu que nas correspon-dências de Natal que seus pais rece-biam de vários países, os selos conta-vam uma história do lugar de origem. “Eu tinha parentes na Austrália, Esta-dos Unidos, Portugal, e todos os anos eles mandavam cartas. Eu comecei a prestar atenção nos selos e pedi para os meus tios mandarem mais para mim. Juntando com os do Brasil, eu passei a colecionar. Hoje, tenho mais ou menos 8 mil selos”, conta.

Segundo Joelma Teodoro da Silva, gerente da Agência Central dos Cor-reios de Governador Valadares, o ór-gão tomou a iniciativa de disponibili-zar um guichê exclusivo para atender os colecionadores. “Um profissional foi especialmente treinado e vai ficar à disposição dos filatelistas. O objetivo desse atendimento especializado, além de incentivar novos colecionadores, é mostrar como este hobby pode trazer conhecimento para o colecionador”, esclarece. Em Governador Valadares, já existe nos Correios, o cadastro de 17 pessoas que colecionam selos. O aposentado Luciano Baleeiro coleciona selos desde 1970 e possui cerca de 25 mil peças

Os primeiros livros foram doados pelos membros da Ong; hoje, somam cerca de 500 obras

Adriano Félix

BibliotecaCidade FuturoDe iniciativa da Associação Cidade Futuro, o acervo conta com jornais, revistas, documentários e livros sobre a área cultural, educacional e até mesmo literatura estrangeira

ALEKS ANDRADE5º PERÍODO DE JORNALISMO

Com o objetivo de servir como base de consulta e capacitação para os gestores da área cultural, a Bi-blioteca Cidade Futuro, estruturada há cerca de três anos pela Associa-ção Cidade Futuro, vem se tornando referência. O acervo é formado por diversas obras literárias brasileiras e estrangeiras e livros especializados na área cultural, além de documen-tos históricos da cidade.

Segundo a produtora cultural res-ponsável pela gestão do espaço, Lucia-na Dal Col Alves, o acervo possui cerca de 500 obras, que são divididas entre as áreas de gestão cultural, economia da cultura, gestão do patrimônio cul-tural, história regional, políticas pú-blicas, terceiro setor, comunicação e clássicos da literatura brasileira. “Con-tamos também com documentários audiovisuais. Como uma das linhas de atuação do Núcleo Cidade Futuro é a preservação da memória regional, a biblioteca tem diversos exemplares de livros, monografias e documentos que retratam a história da cidade e re-gião”, explica. Ainda de acordo com Luciana, os primeiros livros foram comprados pelos próprios membros da Ong que, após a leitura, doavam os exemplares à biblioteca. Assim, pou-co a pouco, esse importante espaço de leitura foi se ampliando.

Para quem é apreciador de jornais e revistas, Luciana esclarece que a bi-blioteca recebeu do governo federal, até o final do ano passado, 12 publi-cações sobre as temáticas da cultura, política e educação. Assim, ao visitar a biblioteca, o visitante pode apreciar mais de 120 exemplares de títulos di-versos como o Jornal Rascunho, as re-vistas Almanaque Brasil, Caros Ami-gos, Cult, Le Monde Diplomatique Brasil, Piauí, e RollingStone.

Aprovação do públicoPara a estudante Geiciane Novais

Gomes, de 17 anos, a Biblioteca Cida-de Futuro é um projeto de grande re-levância. “Sou usuária há cerca de dez meses, procuro ter acesso a todos os tipos de obras. O legal é que, além de um acervo diversificado, a biblioteca fica no Centro da cidade, em um lo-cal de fácil acesso”. Para Camila Paula de Resende, de 18 anos, que também é estudante e assídua na biblioteca, a proposta é interessante. “Trata-se de um projeto muito bacana, pois a bi-blioteca é aberta à comunidade sem cobrança de tarifa. Há um ano visito o acervo e geralmente pego livros literá-rios”, conta.

Com relação ao espaço da biblio-teca, Luciana afirma que ainda é pe-queno, mas o projeto tem plano de ampliação. “A biblioteca já foi pa-trocinada por dois projetos financia-

dos pelo Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais. Agora, já estamos buscando mais recursos para que o acervo seja ampliado. Nosso objetivo é que o projeto cresça e se torne um grande acervo cultural para a comu-nidade”, frisa.

Interação com a comunidade

Na expectativa de que a comuni-dade tenha conhecimento dos exem-plares do acervo, periodicamente são encaminhados boletins informativos aos usuários e parceiros com peque-nos resumos de livros e novidades da biblioteca. Para se tornar um usu-ário da Biblioteca Cidade Futuro, os

interessados devem comparecer à sede com documento de identidade, CPF e uma foto 3x4. Em cada em-préstimo são liberados dois livros e o prazo de leitura é de sete dias, podendo ser renovado até três vezes por e-mail ou telefone.

O horário de funcionamento é de 8h às 11h e de 14 às 18h. A biblioteca fica localizada na Rua Peçanha, nº 662, sala 819, no oitavo andar da Galeria Wilson Vaz, no Centro. A Biblioteca Cidade Fu-turo aceita doações de obras literárias e culturais. Para mais informações, os in-teressados podem entrar em contato pelo telefone (33) 3271-8228 ou pelo e-mail [email protected].

Bernardo Baião

Trata-se de um projeto muito bacana, pois a biblioteca é aberta à comunidade sem cobrança de tarifa.

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8CIRCULANDOMaio/Junho de 2012 CURSO DE JORNALISMO

Trabalhos acadêmicos concorrem a prêmio

Experiênciacultural

Vem aí!“Expressão Mur

al”, novo

produto do Laboratório

de Jornalismo (LabJor).

Lançamento previsto

para junho.

A expectativa dos egressos, alunos e professores do curso de Jornalismo pelo resultado dos trabalhos selecionados para concorrer ao prêmio Ex-posição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom Sudeste 2012) como melhores da região Sudeste é grande. Ao todo, o curso de

Jornalismo da Univale inscreveu três produtos em três modalida-des distintas. São eles: 3° Setor em Pauta: Jornalismo

que transforma (jornal impresso avulso); Revista-Laboratório GIRÔ: olhares plurais para a comunicação (revista impressa avul-sa); e Narrativas Vida: a arte da reportagem em TV (documentário em vídeo avulso). Caso os trabalhos alcancem o primeiro lugar, concorrerão na etapa nacional, realizada em setembro deste ano em Fortaleza (CE).

A Expocom acontece durante o XVII Con-gresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste entre os dias 28 e 30 de junho de 2012, na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Trata-se do maior evento de Comunicação do País, organizado pela Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

Participação em eventoA coordenadora do curso de Jorna-lismo, Profª Nagel Medeiros (à di-reita), e a Profª Fernanda de Melo Felipe da Silva marcaram presença no 14° Encontro Nacional de Profes-sores de Jornalismo, realizado em abril, em Uberlândia (MG). Ambas apresentaram trabalhos científicos no evento que teve como tema “A formação superior como elemento constituinte e legitimador do cam-po do Jornalismo”.

Estudantes dos cursos de Jornalismo (à esquerda), Pedagogia, História e Serviço Social da Univale participaram, no dia 22 de abril, de uma vi-sita à aldeia dos índios pataxós, localizada no município de Carmésia. O evento foi organizado pelo Serviço de Assistência Social do Comércio (SESC) em comemoração ao Dia do Índio. Além de trocas culturais, teve como objetivo unir forças para agilizar a legalização da terra da aldeia.

Os universitários conheceram a cultura e as dificuldades enfrentadas pelos pataxósPriscilla Pereira

Aleks Andrade

Jairo Taborda