Jornal-Da-Biomedicina-UFU-JUN 2016 Versão final EDITÁVEL · no nosso dia a dia levantam ......

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Universidade Federal de Uberlândia Ano 1 N° 1 | Jun/2016 O Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM), como uma das unidades acadêmi- cas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), teve sua origem em 2000. Nesta época contava apenas com o Programa de Pós Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas. Hoje, dezesseis anos depois, responde também pelo Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Estrutura Aplicadas e pelo Curso de Graduação em Biomedicina, um dos mais bem conceituados do país. Como unidade predo- minantemente ofertante de componente curriculares, ministra conteúdos à diversos cursos de graduação das diferentes áreas do conheci- mento. Com seus mais de 100 servidores, entre docentes e técnicos administrativos, trilha seus dias na busca de somar à ciência e ao ensino, retor- nando à socie- dade no atendi- mento a suas necessi- dades. Instituto de Ciências Biomédicas O curso de Biomedicina nasceu em São Paulo, mais precisamente na então Escola Paulista de Medicina, hoje UNIFESP, inaugurado em 1966 pelo então professor de Farmacologia, Prof. Dr. José Leal Prado, com a proposta de ser um curso formador de prossionais que se dedicassem à pesquisa e ao ensino da educação superior. Assim, os alunos daquela escola se espalharam e alguns vieram fazer parte do quadro de professores e pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU- ICBIM, na Universidade Federal de Uberlândia. Em 2007 assistimos entrada da nossa 1ª turma. Vinte e cinco jovens motivados que apostaram na importância da prossão e constituíram o nosso primeiro elenco. Hoje, temos gratas notícias de que nossos egressos estão exercendo a prossão escolhida, participando intensamente de todas as atividades cientícas na área de ciências biomédicas, inclusive no exterior. Agora, dez anos se passaram, novos jovens cada vez mais interessados em participar do desenvolvimento cientíco nacional, continuam chegando e dividindo o sucesso do curso, realizando também atividades sociais que valorizam o ser humano. Um curso que desde seu início está posicionado entre os cinco melhores do país, elogiado em todos os âmbitos de avaliações, o que nos enche de orgulho e satisfação. Este ano o curso de Biomedicina da Universidade Federal de Uberlândia, celebra seu 10º aniversário com a primeira edição do seu próprio Jornal. Que, assim como o curso, este leve a todos conhecimento, saberes e entreteni- mento. O Curso de Biomedicina Editorial O Jornal da Biomedicina foi idealizado por alunos e professo- res do curso de graduação em Biomedicina do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU, o ICBIM. A ideia é tornar assuntos da área biomédica acessíveis tanto aos alunos da universidade, quanto a população em geral. A grande curiosidade e preocupa- ção geradas por acontecimentos no nosso dia a dia levantam questões que serão discutidas em nossas edições. Como exemplo, a atual situação das epidemias resultantes das infecções pelo vírus da Zika e H1N1 tem preocupado toda a população no Brasil e no mundo, e nos mobilizado para uma maior conscientização e combate a tais doenças. Portanto, é com imensa satisfa- ção que apresen- tamos o primeiro volume do Jornal da Biomedicina. Trabalhamos bastante, e a edição inaugural é o resultado de muita dedicação e carinho com a informação que gostaríamos de disponibilizar à comunidade. Certamente, também vivenciamos um sentimento de graticação frente aos resultados e com todos que nos auxiliaram. De minha parte, tenho o orgulho de participar de uma iniciativa dos alunos que trará conhecimento a todos. O tema dessa edição é “As epidemias atuais causadas por vírus”. Na primeira página, o ICBIM é apresentado por nosso diretor Prof Roberto Bernardino Júnior, assim como a Profa Benvinda Rosalina dos Santos apresenta o curso de Biomedicina. Seguinte, convidamos os leitores a uma melhor compreensão sobre as viroses epidêmicas, iniciando pelo elegante relato histórico sobre o vírus da Infuenza A H1N1 do Dr Aripuanã Watanabe. De forma esclarecedora, o Prof. Dr Alberto da Silva Moraes discute a relação entre o vírus da Zika e a microcefalia, e a Prof. Dra Ana Carolina Bernardes Terzian descreve informações importan- tes sobre as diferentes arboviroses humanas detectadas no Brasil. A aluna Débora Moraes de Oliveira, do curso de Biomedicina da UFU, elucida as particularidades do vírus da febre Chikungunya e a busca de novas terapêuticas. Por m, temos o depoimento da Dra Zsoa Igloi, posdoc da Universidade de Leeds e pesqui- sadora visitante na UFU, sobre o trabalho voluntário realizado por ela no surto de Ebola na África. Uma ótima leitura! Profa. Dra. Ana Carolina Gomes Jardim, ICBIM - UFU Prof. Dr. Roberto Bernardino Junior, ICBIM - UFU Profa. Dra. Benvinda Rosalina dos Santos, ICBIM - UFU Índice: Página 2 - Vírus da Gripe: Doença Antiga e Novos desafios - Zika Vírus e a Microcefalia - Situação Epidemiológica do Influenza A - H1N1 - Chikungunya: Uma doença da atualidade - Arboviroses: Muito além de Dengue, Zika e Chikungunia - Você sabe diferenciar esses sintomas? - Mitos e Verdades - Experiência com o Vírus Ebola - Como é feito um diagnóstico laboratorial de uma virose? Página 3 Página 4

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Universidade Federal de Uberlândia Ano 1 N° 1 | Jun/2016

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM), como uma das unidades acadêmi-cas da Universidade Fede ra l de Uber l ând ia (UFU), teve sua origem em 2000. Nesta época contava apenas com o Programa de P ó s G r a d u a ç ã o e m Imunologia e Parasitologia Aplicadas. Hoje, dezesseis anos depo i s , r e sponde também pelo Programa de Pós Graduação em Biologia Celular e Estrutura Aplicadas e pelo Curso de Graduação em Biomedicina, um dos mais bem conceituados do país. Como unidade predo-minantemente ofertante de componente curriculares, ministra conteúdos à diversos cursos de graduação das diferentes áreas do conheci-mento. Com seus mais de 100 servidores, entre docentes e técnicos administrativos, trilha seus dias na busca de somar à ciência e ao ensino, r e t o r -nando à s o c i e -dade no atendi-mento a s u a s necessi-dades.

Instituto de Ciências Biomédicas

O curso de Biomedicina nasceu em São Paulo, mais precisamente na então Escola Paulista de Medicina, hoje UNIFESP, inaugurado em 1966 pelo então professor de Farmacologia, Prof. Dr. José Leal Prado, com a proposta de ser um curso formador de prossionais que se dedicassem à pesquisa e ao ensino da educação superior. Assim, os alunos daquela escola se espalharam e alguns vieram fazer parte do quadro de professores e pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU-ICBIM, na Universidade Federal de Uberlândia.Em 2007 assistimos entrada da nossa 1ª turma. Vinte e cinco jovens motivados que apostaram na importância da prossão e constituíram o nosso primeiro elenco. Hoje, temos gratas notícias de que nossos egressos estão exercendo a prossão escolhida, participando intensamente de

todas as atividades cientícas na área de ciências biomédicas, inclusive no exterior.Agora, dez anos se passaram, novos jovens cada vez mais interessados em participar do desenvo lv imento c ien t íco nacional, continuam chegando e dividindo o sucesso do curso, realizando também atividades sociais que valorizam o ser humano. Um curso que desde seu início está posicionado entre os cinco melhores do país, elogiado em todos os âmbi tos de avaliações, o que nos enche de orgulho e satisfação.Es t e ano o c u r s o d e Biomedicina

da Universidade Federal de Uberlândia, celebra seu 10º aniversário com a primeira edição do seu próprio Jornal. Que, assim como o curso, este leve a todos conhecimento, saberes e entreteni-mento.

O Curso de Biomedicina

EditorialO Jornal da Biomedicina foi idealizado por alunos e professo-res do curso de graduação em Biomedicina do Instituto de Ciências Biomédicas da UFU, o ICBIM. A ideia é tornar assuntos da área biomédica acessíveis tanto aos alunos da universidade, quanto a população em geral.A grande curiosidade e preocupa-ção geradas por acontecimentos no nosso dia a dia levantam questões que serão discutidas em nossas edições. Como exemplo, a atual situação das epidemias resultantes das infecções pelo vírus da Zika e H1N1 tem preocupado toda a população no

B r a s i l e n o mundo, e nos mobilizado para u m a m a i o r conscientização e combate a tais doenças.Portanto, é com imensa satisfa-ção que apresen-tamos o primeiro volume do Jornal da Biomedicina. T r a b a l h a m o s b a s t a n t e , e a edição inaugural

é o resultado de muita dedicação e carinho com a informação que gostaríamos de disponibilizar à c o m u n i d a d e . C e r t a m e n t e , t a m b é m v i v e n c i a m o s u m sentimento de graticação frente aos resultados e com todos que nos auxiliaram. De minha parte, tenho o orgulho de participar de uma iniciativa dos alunos que trará conhecimento a todos.O tema dessa edição é “As epidemias atuais causadas por vírus”. Na primeira página, o ICBIM é apresentado por nosso diretor Prof Roberto Bernardino Júnior, assim como a Profa Benvinda Rosalina dos Santos apresenta o curso de Biomedicina.

Seguinte, convidamos os leitores a uma melhor compreensão sobre as viroses epidêmicas, iniciando pelo elegante relato histórico sobre o vírus da Infuenza A H1N1 do Dr Aripuanã Watanabe. De forma esclarecedora, o Prof. Dr Alberto da Silva Moraes discute a relação entre o vírus da Zika e a microcefalia, e a Prof. Dra Ana Carolina Bernardes Terzian descreve informações importan-tes sobre as diferentes arboviroses humanas detectadas no Brasil. A aluna Débora Moraes de Oliveira, do curso de Biomedicina da UFU, elucida as particularidades do vírus da febre Chikungunya e a busca de novas terapêuticas. Por m, temos o depoimento da Dra Z s o a I g l o i , p o s d o c d a Universidade de Leeds e pesqui-sadora visitante na UFU, sobre o t r a b a l h o v o l u n t á r i o realizado por ela no surto de Ebola na África.Uma ót ima leitura!

Profa. Dra. Ana Carolina Gomes Jardim, ICBIM - UFU

Prof. Dr. RobertoBernardino Junior, ICBIM - UFU

Profa. Dra. BenvindaRosalina dos Santos, ICBIM - UFU

Índice: Página 2

- Vírus da Gripe: Doença Antiga e Novos desafios

- Zika Vírus e a Microcefalia

- Situação Epidemiológica do Influenza A - H1N1

- Chikungunya: Uma doença da atualidade- Arboviroses: Muito além de Dengue, Zika e Chikungunia

- Você sabe diferenciar esses sintomas?- Mitos e Verdades

- Experiência com o Vírus Ebola- Como é feito um diagnóstico laboratorial de uma virose?

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Desde a Grécia antiga já se conhecia uma doença do sistema respiratório que causava febre, dores no corpo, dor de cabeça, nariz escorrendo, tosse e dor de garganta. Posteriormente essa doença foi denominada gripe sendo o seu agente causador o vírus inuenza.

O termo pandemia signica q u a l q u e r

epidemia de d o e n ç a infecciosa

q u e s e e s p a l h e por uma g r a n d e

região geo-gráca, como

um continente ou até mesmo todo o mundo. A pior pandemia de uma doença infecciosa foi a gripe espanhola que ocorreu no ano de 1918 e matou cerca de 50-100 milhões de pessoas.

No início do ano de 2009 uma nova variante do vírus inuenza surgiu no México e em poucos meses já havia se espalhado para mais de 160 países, causando a pandemia conhecida como gripe suína. No nal deste mesmo ano mais de 12 mil pessoas haviam morrido em decorrência da infecção por este novo vírus que foi popularmente denominado de vírus inuenza A H1N1.

A partir do ano de 2013 o H1N1 passou a ser considerado um

vírus da gripe comum. No entan-to este vírus ainda apresenta um comportamento diferente, vari-ando de baixa circulação e doen-ça leve em alguns anos até epide-mias de doença grave em outros anos.

No ano de 2016 a gripe H1N1 causou diversas mortes no Bra-sil, além disso, a circulação do vírus foi atípica, ocorrendo no início do ano (verão). Até a terce-ira semana de Maio foram conta-bilizadas 289 mortes causadas pelo vírus H1N1 somente no estado de São Paulo.

A melhor maneira de se prevenir contra a gripe é a vacinação e o governo adotou a estratégia de vacinar somente populações de

risco como idosos e crianças menores de 5 anos. Outras medi-das de prevenção incluem lava-gem frequente das mãos, cobrir o nariz e boca ao tossir ou espirrar, evitar aglomerações e ambientes fechados.A prevenção e trata-mento da gripe continua a ser um desao para cientistas e médicos, porém avan-ços signi-c a t i v o s nesta área d e e s t u d o t ê m s i d o alcançados nos últimos anos.

Vírus da gripe: doença antiga e novos desafios

Recentemente, fomos bombarde-ados com notícias sobre a epidemia de Zika vírus que tomou conta do Brasil, e da sua relação com o aumento de casos de microcefalia nos recém nascidos.O Zika vírus foi encontrado no sangue de macacos africanos que viviam na Floresta Zika (daí o nome do vírus), em Uganda, em 1947. Na ocasião, viu-se que esse vírus causava febre somente quando injetado no cérebro de camundongos, demonstrando sua predileção pelo Sistema Nervoso, o que foi conrmado por estudos posteriores.Os bebês humanos são gerados dentro de uma bolsa no útero materno e seu contato com a mãe se dá através do cordão umbilical e da placenta. Sangue fetal e sangue materno raramente entram em contato, pois entre eles há uma barreira formada pela placenta, que dentre diversas funções protege o feto em desenvolvimento, de substâncias e microorganismos que possam estar presentes no sangue materno.Mas como nem tudo na natureza é perfeito, essa barreira é vulnerável, e permite a passagem de algumas substâncias, alguns vírus (o da Rubéola é um caso), e até mesmo de certos protozoários (o que causa toxoplasmose, por exemplo).O Zika vírus também passa pela placenta, cai no sangue fetal, e chega ao feto através do cordão umbilical, atacando assim o sistema nervoso preferencial-m e n t e , p r e j u d i c a n d o s e u desenvolvimento e causando a microcefalia. Isso acontece

porque esse vírus parece “gostar” de uma proteína (proteína AXL) presente nas membranas de células que formarão os neurôni-os, por exemplo, e usam essa proteína para entrar nessas células, causando problemas no funcionamento dos genes e prejudicando o crescimento e divisão celulares.Com isso o sistema nervoso não se desenvolve direito e temos a microcefalia. Entretanto, muito ainda precisa ser estudado para entender essa relação, já que nem todos os fetos expostos ao v í r u s ( p o r s o r t e a m a i o r i a ) desenvolvem a microcefa-lia.

Prof. Dr. Alberto da Silva Moraes, ICBIM- UFU

Dr . A r i p u a n ã W a t a n a b e ,FAMERP - São José do Rio Preto

Zika e a Microcefalia Situação epidemiológica do vírus

inuenza A - H1N1

São Paulo (394); Rio Grande do Sul (297); Paraná (289); Goiás (192); Pará (129);

Santa Catarina (111); Rio de Janeiro (89); Distrito Federal (89); Mato Grosso do Sul (78);

Bahia (77); Espírito Santo (66); Minas Gerais (55);Pernambuco (39); Ceará (19); Rio Grande do Norte (13);Paraíba (13); Alagoas 12); Mato Grosso (7); Amapá (6);

Rondônia (4); Acre (2); Sergipe (2); Amazonas (1);Roraima (1); Maranhão (1) e Piauí (1).

NÚMERO DE CASOS DE H1N1

TOP 10 Estados mais afetados

NO BRASIL

São Paulo (271), Rio Grande do Sul (56); Goiás (34); Paraná (31); Rio de Janeiro (30);

Santa Catarina (29); Espírito Santo (17);Bahia (17); Minas Gerais (16); Pará (16);

Mato Grosso do Sul (15); Pernambuco (12);Distrito Federal (10); Paraíba (8); Ceará (7);Rio Grande do Norte (6); Mato Grosso (4);Amapá (4); Alagoas (3) e Maranhão (1).

NÚMERO DE ÓBITOS DE H1N1

NO BRASIL

Fonte: Ministério da saúde (Boletim 19 -24/05/2016)

1º) SP2º) RS3º) PR4º) GO5º) PA

6º) SC7º) RJ8º) DF9º) MS10º) BA

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CHIKUNGUNYA ZIKADENGUEFebre alta,

dor no corpo

e atrás dos

olhos,

fraqueza,

vômitos.

Dores e

inchaços nas

articulações

dos pés,

mãos,

tornozelos

e pulsos.

Manchas vermelhas

na pele,

coceira,

febre leve,

dores

musculares

ou nas

articulações.

Microcefalia

em fetos

Sérios danos

neurológicos

Ultimamente, três doenças têm recebido destaque no Brasil, d e n t r e e l a s a “ F e b r e Chikungunya”. Embora todos acredi tem ser uma doença recente, ela foi descrita pela p r ime i r a vez em 1952 na Tanzânia, no continente Africano, e a partir de então tem se dissemi-nado por todo o mundo. É causada pelo vírus chikungunya (CHIKV) e transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.A palavra “Chikungunya” deriva da língua maconde e signica “aqueles que se dobram”, d e s c r e v e n d o a a p a r ê n c i a encurvada de pessoas que se contorcem pelas dores nas articulações. No Brasil, o sinal de alerta é devido ao clima tropical ser propício ao desenvolvimento da larva do mosquito transmissor.Apesar de apresentar sintomas gerais como febre e dores musculares, o que difere tal doença de outras arboviroses são as artralgias. A febre chikungu-nya pode passar de doença aguda para crônica e o principal relato dos acometidos são as dores articulares graves, principalmen-te em regiões das falanges, pulsos

e em tornozelos que podem durar anos.Não existe vacina contra o vírus CHIKV e estudos a procura de antivirais contra o CHIKV têm sido realizados em muitos países. Como exemplo, pesquisas em antivirais derivados de compos-tos extraídos de plantas já demostraram potencial atividade para diversos vírus.Agora é uma questão de tempo para que sejam desenvolvidos potentes inibidores da replicação do vírus e consequente melhora na qualidade de vida de toda população. Como ainda não existe terapêutica ecaz, a solução em curto prazo ca sendo a eliminação dos focos do mosqu i to , p revenção com repelentes e a busca de novas informações p a r a u m m a i o r c o n t r o l e d e s s a s d o e n ç a s emergentes.

Chikungunya: Uma doença da atualidade

As arboviroses são doenças emergen t e s causadas po r a r b o v í r u s , q u e s ã o v í r u s t r a n s m i t i d o s p o r v e t o r e s (mosquitos, carrapatos, etc) ao homem e animais e são um risco para a saúde pública. Esses vírus estão distribuídos em todos os continentes, mas predominam nos trópicos, pelo clima ser mais favorável a reprodução do vetor.Mais de 210 espéc ies de arbovírus foram detectadas no país. A maioria é vírus de RNA com importância médica e veterinária. Alguns representan-tes, muitos deles desconhecidos da população e dos prossionais da saúde, têm sido responsáveis por mais de 95% dos casos de arboviroses humanas no Brasil, como os vírus Dengue, Febre Amarela, Encefalite de Saint Louis, Rocio, Zika, Oropouche, Chikungunya, Mayaro e as Encefalites Equinas, entre outros. A maioria desses vírus são transmitidos pelos mosquitos Aedes sp e Culex sp, que estão infestando todas as regiões do Brasil. No homem, após a picada

de um mosquito infectado, o vírus é transmitido para a corrente sanguínea o n d e o c o r r e a mult ipl i-cação viral e o aparecimento dos sintomas. O problema é que os sintomas clínicos não são especícos, o que diculta o diagnóstico pelo médico. Os sintomas geralmente são febre, dor no corpo, dor de cabeça, enjoo e vômito, muito parecidos com um resfriado comum. Pode acontecer algum sintoma mais especico como no caso de uma artralgia persistente, mas essa pode ser causada tanto pelo Chikungunya quanto pelo Mayaro. Para evitar epidemias causadas por esses vírus deve h a v e r u m t r a b a l h o c o n j u n t o e n t r e a população, governo e p r o s s i o -n a i s d a saúde.

Débora Moraes de Oliveira, Biomedicina - UFU

Prof. Dra. Ana Carolina Bernardes Terzian, FAMERP São José do Rio Preto

Arboviroses: muito além de Dengue, Zika e Chikungunya

1) O Aedes aegypti só ataca durante o dia?R: Parcialmente verdade. O inseto tem hábitos diurnos, então, o mais comum é que ele faça suas vítimas durante o dia. Porém, nada o impede de atacar durante a noite.2) Se não forem diagnostica-das a tempo, as doenças

podem levar a pessoa à morte?R : V e r d a d e . A

doença, principalmente a d e n g u e , e m s u a v e r s ã o hemorrágica, pode agravar o quadro clínico do paciente se não diagnosticada e tratada a tempo.3) H1N1 é sempre o mesmo vírus? Por que todo ano temos que tomar vacina?

R: Parcialmente verdade. O H1N1 é o mesmo vírus, porém ele sofre alterações ao longo de sua replicação e transmissão conforme o passar do tempo, podendo car menos ou mais resistente. Tomar a vacina todo ano é necessário para adquirir imunidade contra a nova forma do vírus.4) Éverdade que a microcefa-lia foi causada por um lote

vencido de vacina contra rubéola?R: É um mito que já foi desmisticado pelo Ministério da Saúde.5) O suor e o chulé atrai os mosquitos?R: É verdade! A exalação de s u b s t â n c i a s p e l o n o s s o organismo, pelo corpo, acaba sendo atrativa para o mosquito.

ADAPTADO DE: http://www.saude.ba.gov.br/novoportal/index.php?option=com_content&id=9496&Itemid=17

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Equipe Editorial:Docentes: Prof, Dr. Ana Carolina Gomes Jardim, Prof. Dr. Benvinda Rosalina dos Santos. Discentes do Curso de Biomedicina-UFU: Amanda de Oliveria, Amanda Rodrigues Nogueira, Amanda Soares Santos, Denise Yochimura, Giulia Magalhães Ferreira, Igor de Andrade Santos, Karla Martins Gonçalves, Karolline Monteiro Vieira da Silva, Maria Vitória Quartim Viesti Manfredi, Matheus Henrique Silva, Natasha Marques Cassani, Paulo Costa Alves Junior, Raphael Teixeira Borges, Sthefany Gabrielly Silva e Victória Riquena Grosche.

I studied Microbiology at univer-sity and I got involved with viruses during my PhD. In 2014 the Ebola virus outbreak became so severe, that in the UK, help was requested from people with any medical, nursing or biology background. Several countries were involved in the response and treatment centers and labora-tories for Ebola diagnostic were established.

I've been deployed as a labora-tory technician, following a 5 day intensive training in high con-tainment facility. We were 12 people in my team, most of us never met before, but all had some sort of biological back-ground. The whole team was equally responsible for precise and quick diagnostic work and the general functioning of the laboratory.

I spent 3 months in total in Sierra Leone, a tiny West African coun-try and an ex-British colony. It has beautiful landscape with beaches and mountains. The people were, even during and after this terrible epidemic, so optimistic and friendly, that it should serve as an example.

I arrived rst time in April 2015, when the epidemic was mostly under control, but it still took another 7 months until the coun-try was declared Ebola f r e e o n 7 t h November 2015. I went back in Octo-ber and helped opening new labo-ratories, part of the long-term agreement between UK and Sierra Leone, to help improve the countries prepared-ness not only for Ebola, but other infectious disease like tuberculo-sis, malaria, HIV.

It was very hard work but it was the most rewarding thing I've ever done in my life and made studying biology worthwhile! Also, it inspired me to do more humanitarian work and re-train as public health microbiologist to work with epidemics in the future.

Eu estudei Microbiologia na Universidade e me envolvi com os vírus durante o meu doutora-

do. Em 2014, o surto de Ebola se tornou tão severo, que no Reino Unido, um pedido de ajuda foi requisitado a pessoas com qualquer formação médica, em

enfermagem ou biologia. Vários p a í s e s f o r a m envolvidos como resposta, e cen-tros médicos e

laboratórios para diagnóstico de Ebola foram criados.

Eu fui enviada como uma técnica de laboratório e recebi 5 dias de treinamento intensivo em uma área de alta contenção (nível de risco biológico). Nós éramos um time de 12 pessoas, os quais a maioria nunca havia se encontra-do antes, mas todos tinham algum tipo de formação em bio-logia. Todo o time era igualmente responsável por realizar diagnós-tico preciso e rápido, e pelo funci-onamento geral do laboratório.

Eu passei 3 meses no total em Serra Leoa, um pequeno país no oeste Africano que é ex-colônia Britânica. O local possui uma

paisagem bonita, com praias e montanhas. Mesmo durante e após esta terrível epidemia, as pessoas foram tão otimistas e amigáveis, que deveria servir como exemplo. Eu cheguei pela primeira vez em abril de 2015, quando a epidemia já estava sob controle, mais foram necessários outros 7 meses até que o país fosse declarado livre do Ebola, em 7 de Novembro de 2015. Eu retornei em outubro e auxiliei na abertura de novos laboratórios, parte de um acordo de longo prazo entre Reino Unido e Serra Leoa para ajudar a preparação dos países não apenas para o Ebola, mas também contra outras doenças infecciosas como tuber-culose, malária e HIV.

Foi um trabalho muito difícil, mas foi a coisa mais graticante que eu z em minha vida, e fez o estudo em biologia valer a pena! Isto também me inspirou a reali-zar mais trabalhos humanitários e me treinar novamente como uma Microbiologista de saúde pública para trabalhar com epidemias no futuro.

My experience with Ebola virus - a personal narrative Minha experiência com o Vírus Ebola - uma narrativa pessoal

Traduzido pela equipe editorialdo Jornal da Biomedicina UFU

* * *

O corpo humano é uma máquina quase perfei ta . Possuímos diversos mecanismos de defesa atuando a todo momento. Apesar disso, podemos ser atacados por diversos patógenos.

Muitas das doenças causadas por estes patógenos ocasionam sintomas parecidos, principal-mente as viroses, não sendo possível se concluir um diagnós-tico preciso. Por este motivo, são necessários exames laboratoriais am de se determinar qual o vírus causador da doença. As viroses, em geral, podem ser diagnosticadas através de duas técnicas laboratoriais: ELISA e PCR. De uma forma simples, o ELISA (teste imunológico)

avalia se o paciente possui anticorpos contra vírus ou se o próprio vírus está presente na amostra do paciente. Já a PCR (teste molecular) baseia-se na detecção do material genético (DNA ou RNA) do vírus na amostra do paciente. É possível se detectar baixas quantidades de material genético já que a PCR ampl ica e multiplica o material encontrado até que seja possível sua análise.A Promega orgu lha-se de

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Como é feito o diagnóstico laboratorial de uma virose?

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