Jornal da UFOP - Edição 189 - 2012

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Edição 189 - setembro e outubro de 2012 PÁGINA 03 PÁGINAS 04 e 05 PÁGINA 06 PÁGINA 07 Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto Incentivo ao conhecimento em diversas áreas Programa de capacitação a partir da reciclagem do lixo Avaliação positiva de 20 cursos reflete investimentos UFOP, Escola de Minas e ICEB comemoram aniversários Considerado o evento mais importante da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o Encontro de Saberes reuniu estudantes de diversas áreas para troca de conhecimento e de experiências no campo da pesquisa científica e de projetos e programas de extensão, estes direciondados IV Encontro de Saberes à sociedade. A partir da realização do XIII Seminário de Extensão (Sext), o XX Seminário de Iniciação Científica (Seic) e a V Mostra Pró-Ativa foram reunidos no Encontro 1.151 pôsteres, 143 apresentações de trabalhos orais e 23 minicursos. PÁGINA 08 Pró-reitor adjunto fala sobre políticas de cotas Entrevista:

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Jornal da UFOP Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto Edição 189 - Dezembro de 2012

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Edição 189 - setembro e outubro de 2012

PÁGINA 03

PÁGINAS 04 e 05 PÁGINA 06

PÁGINA 07

Jornal da Universidade Federal de Ouro Preto

Incentivo ao conhecimento em diversas áreas

Programa de capacitação a partir da reciclagem do lixo

Avaliação positiva de 20 cursos reflete investimentos

UFOP, Escola de Minas e ICEB comemoram aniversários

Considerado o evento mais importante da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o Encontro de Saberes reuniu estudantes de diversas áreas para troca de conhecimento e de experiências no campo da pesquisa científica e de projetos e programas de extensão, estes direciondados

IV Encontro de Saberes

à sociedade. A partir da realização do XIII Seminário de Extensão (Sext), o XX Seminário de Iniciação Científica (Seic) e a V Mostra Pró-Ativa foram reunidos no Encontro 1.151 pôsteres, 143 apresentações de trabalhos orais e 23 minicursos.

PÁGINA 08

Pró-reitor adjunto fala sobre políticas de cotas

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Reitor: Prof.Dr.João Luiz MartinsVice-Reitor: Prof. Dr. Antenor Rodrigues Barbosa JúniorChefe de Gabinete: Profª Drª Margarete Aparecida SantosAssessor de Comunicação: Prof. José Armando AnsaloniCoordenador de comunicação institucional:Rondon MarquesCoordenação de Jornalismo: Ady CarnevalliEdição: Ady Carnevalli e Edwaldo CordeiroProjeto Gráfico e Diagramação: Mateus Marques

Redação: Bruna Fontes, Bruna Alves, João Gabriel Alves e Kamilla AbreuFotografias: Nathália ViegasRevisão: Milena GalleraniTiragem: 1.000 exemplaresImpressão: MJR Editora e Gráfica

Assessoria de Comunicação Institucional (ACI): Centro de Convergência / Campus Morro do Cruzeiro, Ouro Preto/MG, CEP 35400-000. Telefax: (31) 3559-1222 • Site: www.ufop.br • Email: [email protected]

Possivelmente a topografia é uma das ciências mais antigas da história da humanidade e vem sendo utilizada desde os primórdios para delimitar as áreas ur-banas, rurais, acidentes geográficos, entre outros.

No Setor de Topografia é possível acompanhar a evolução tecnológica ocor-rida desde o início do século XX nos ins-trumentos de topografia, particularmente na exposição de teodolitos.

O teodolito é um equipamento usa-do para medir distâncias e ângulos tanto verticais (perpendiculares a um terreno nivelado, horizontal) como ângulos hori-zontais (paralelos a um terreno nivelado). Possui uma luneta como instrumento de pontaria e medida de distâncias verticais (alturas). Montado sobre um tripé, o apa-relho trabalha junto com a balisa (haste vertical) e a mira (régua graduada), que servem de alvo para a luneta.

Por meio dessas informações sobre distâncias verticais e ângulos, realizam-se cálculos e determinam-se pontos que poderão ser representados graficamente em uma planta topográfica que exibe as feições do relevo de uma localidade, por exemplo.

O setor de Topografia do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas/UFOP funciona anexo aos setores de As-

Coluna do Museu

Teodolito

tronomia e Desenho aos sábados, das 20h às 22h.

Os Setores de Mineralogia I e II, História Natural, Mineração, Metalurgia, Física, Ciência Interativa, Química e Biblioteca de Obras Raras estão abertos à visitação pública de terça a domingo das, 12h às 17h. O Setor de Transporte Ferroviário está aberto à visitação pública de terça a domingo, das 09h às 17h, na Estação Ferroviária de Ouro Preto do Pro-jeto Trem da Vale. O Setor de Siderurgia atende ao público de quarta a sexta, das 13 às 17h, no Centro de Artes e Conven-ções da UFOP.

Escolas e grupos podem agendar vi-sitas em horários e dias a combinar pelo contato: 31-3559-3118 / [email protected] /www.museu.em.ufop.br.

Teodolito da marca Gurley – Nova Iorque/EUA

Formado por alunos do curso de Ar-tes Cênicas da UFOP, a peça “Ó o Sol”, do grupo de teatro “Meninos do Bacuri”, ganhou três prêmios dos cinco que dispu-tou na 6ª edição do Festival Nacional de Teatro de Juiz de Fora, no mês de setem-bro: o de melhor espetáculo na categoria adulto; melhor atriz, com Adriana Maciel, e o de melhor iluminação, com Everton Lampe.

Grupo de teatro recebe três premiações das cinco que disputou em festival nacional

Para Henrique Manoel Oliveira, di-retor da peça, a premiação é o reconheci-mento do trabalho realizado pelo grupo. Ele destacou a satisfação de se fazer teatro e a importância do festival para a carreira dos estudantes: “Nós fizemos pelo prazer, mas é claro que essas conquistas contri-buem para os nossos currículos e se tor-nam um reconhecimento registrado”.

Fotografia: Leonardo Homssi

Foto: Naty Torres

A todos que contribuíram para o crescimento da Universidade Federal de Ouro Preto e acreditaram na força da educação para promover igualdade, desenvolvimento e justiça social, registramos nossos agradecimentos.

Que a paz, a realização e a renovação nos guiem, em 2013, neste percurso de constante evolução.

João Luiz Martins,

Reitor da UFOP

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O Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) recebeu, no início do mês de novembro, o IV Encontro de Saberes. O evento reuniu 1.151 pôsteres de várias áre-as do conhecimento, 143 trabalhos orais e ofereceu 23 minicursos, e integra o XIII Seminário de Extensão (Sext), o XX Semi-nário de Iniciação Científica (Seic) e a V Mostra Pró-Ativa, das pró-reitorias de Ex-tensão, de Graduação e de Pós-Graduação e Pesquisa, respectivamente.

Segundo o reitor da UFOP, prof. João Luiz Martins, o Encontro de Saberes é re-levante para a formação estudantil: “Esse tipo de evento vai levar a inovações”, ob-servou. Martins ressaltou a criação do 33º curso de pós-graduação da Universidade e o doutorado em História, o primeiro na área de Ciências Humanas da Instituição.

A coordenadora da área de Iniciação Científica, profª Christiane de Lyra No-gueira, agradeceu a todos que participa-ram da organização. “Este evento foi feito por vocês e para vocês”. O pró-reitor de Extensão, prof. Armando Maia Wood,

Encontro dedicado à troca de conhecimento

Encontro de Saberes reuniu 1.151 pôsteres, 143 apresentações de trabalhos orais e ofereceu 23 minicursos

Por Edwaldo Cordeiro lembrou a trajetória do Encontro, da Mostra Pró-Ativa, atividade em que os alunos são a atração. “Em três dias, tudo pôde ser mostrado em termos de trabalho. Cada aluno pôde ver os projetos de outras áreas”, disse. Wood destacou o desenvol-vimento de 150 projetos de extensão e 11 programas, sendo um deles o “UFOP com a Escola”, que atua em cinco municípios da região de Ouro Preto.

Um dos convidados da mesa de abertura do evento, o prof. Gustavo Bal-duíno, secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), elogiou o Encontro pela integração das diversas áreas do conhecimento. Ele res-saltou a expansão das universidades fede-rais nos últimos anos: “Entraram 300 mil novos alunos, 30 mil novos professores, isso refletirá no ensino, na pesquisa e na extensão”.

Para o pró-reitor de Graduação, prof. Jorge Adílio Pena, o Encontro é a verda-deira festa do conhecimento, já que um dos objetivos é a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Pena elogiou os avanços da Universidade nas três áreas,

Apresentações orais abordaram diversos temas

Por Nathália Viegas

A diversidade das atividades do Encontro de Saberes chamou a aten-ção de quem participou do evento. Entre elas estavam as apresentações orais das pesquisas. Rodolfo Ribeiro Gregório, estudante da área de Edu-cação, apresentou seu trabalho “A montagem de Pedro: O Universo das Travestis de Almodóvar”. Ele disse que o Seic é uma forma de finalizar o processo de pesquisa e mostrar os resultados. O trabalho de Gregório é orientado pela profª. Margareth Diniz.

“A Ocupação Pré-Colonial da Região Metropolitana de Belo Ho-rizonte: Uma Proposta de Síntese Analítica” foi a pesquisa apresentada pela estudante do curso de Museolo-gia, Denise Yonamine. Segundo ela, o trabalho parte do levantamento de informações colhidas em museus de Ouro Preto, com o objetivo de estudar os processos de ocupação dos índios no entorno da cidade. O trabalho é orientado pela profª. Ana Paula Lou-res de Oliveira.

além do aumento de 134% no número de ofertas de vagas devido à expansão das instituições federais de ensino superior. O prof. Tanus Jorge Nagem, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, disse que “o conhecimento não ocupa lugar; ele, ao contrário, amplia os horizontes”.

Por fim, o secretário nacional de De-senvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, prof. Álvaro Toubes Prata, proferiu palestra a convite da UFOP. Ele falou sobre a evolução histórica da ciência e do respeito que se deve ter ao homem, à história, à tecnologia e à herança cultural proveniente disso.

Trabalhos

Estudantes de vários cursos apresen-taram diversos trabalhos. Um deles, na área de Engenharia de Produção, visa au-xiliar e ampliar a metodologia de ensino da disciplina de Engenharia de Processos Mecânicos, por meio da criação de mate-rial didático para o curso. Na 3ª Edição do Edital Pró-Ativa, o projeto “Integração Aluno-Professor para Melhoria da Qua-lidade do Ensino Através da Produção de Material Didático de Qualidade” é coordenado pelo prof. Maurício Rodri-gues Silva, e conta com a participação da estudante de graduação Camila Fulscaldi de Castro.

Isabela Cristina Filardi Vasques, estudante de graduação do curso de Enge-nharia Ambiental, apresentou a pesquisa “Questão Envolvendo a Geração de Ener-gia Elétrica em PCH: a Sustentabilidade em Xeque. Segundo ela, o objetivo é avaliar o nível de sustentabilidade das Pequenas Centrais Hidrelétricas na Bacia do Rio Santo Antônio, em Minas Gerais, verificando qual tipo de impacto elas cau-sam à natureza.

Fotos: Nathália Viegas

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Apesar da crise mundial, a economia brasileira tem apresentado bons resultados. A taxa de desemprego, por exemplo, mostra-se praticamente estável. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE), os números apurados em seis regiões metropolitanas, entre elas Belo Horizonte, avançaram para 5,4% em setembro. O resultado mostra leve alta em relação aos 5,3% verificados em agosto, fican-do abaixo do desemprego de 6% da População Economica-mente Ativa (PEA) registrada em setembro de 2011.

Ao analisar dados estatísticos como os apresentados acima, a coordenadoria do “Programa Cátedra UNESCO: Água, mulheres e desenvolvimento” — implantando na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), juntamente com a Rede UNITWIN, estabelecido em 2006 — entende que esses nú-meros poderiam ser mais baixos, pois a falta de qualificação da mão de obra é ainda um grande entrave para o setor econômico.

Em Ouro Preto, o cenário da economia não é diferente do restante do Brasil. Com a falta de qualificação profis-sional, a dificuldade para a população de se inserir no mercado de trabalho cria uma lacuna e separa o cidadão de uma participação efetiva no crescimento da cidade com a ampliação da renda familiar. Para a equipe do Programa Cátedra, uma das possíveis alternativas para estimular mu-danças é oferecer condições reais de profissionalização e inclusão. E isso pode ser bastante simples.

Programa II

O “Programa de Capacitação Continuada da Cátedra UNESCO: Água, mulheres e desenvolvimento II” — coor-denado pelas professoras do Departamento de Química Priscila Schroeder Curti, Ângela Leão Andrade e Ana Pau-la Romani — surgiu com o intuito de qualificar a mão de obra de Ouro Preto, por meio de formação de atores sociais a partir da realização de cursos que se integram em vários tipos de categoria, como “Capacitação para Cuidador de Pessoas”, “Manipulação de produtos de Higiene e Limpe-za”, “Produção de sabão artesanal” e “Valorização do lixo que não é lixo.”

Valorização

A partir do trabalho desenvolvido pelas professoras e equipe, o programa “Valorização do lixo que não é lixo: conscientização e agregação de valor a materiais recicláveis” oferece à comunidade de Ouro Preto e vizinhança capaci-tação de modo contínuo, tendo por objetivo desenvolver uma consciência sustentável por meio de cursos que visam à formação metodológica, humanística e socioambiental, oriundos das informações, aprendizagens e técnicas de reci-clagem de materiais.

A profª. Priscila Schroeder Curti explica que a ideia partiu da necessidade de orientar e aplicar conhecimento

Do lixo à capacitação profissional na cidade de Ouro Preto

Agregação de valor a materiais recicláveis permite à comunidade ouropretana capacitação profissional e conscientização socioambiental, e resultado dessa ação pode refletir positivamente na economia nos próximos anos

teórico e prático a pessoas em vulnerabilidade social. Ela destaca: “O curso foi pensado justamente para mostrar às pessoas de todas as idades que, de uma forma geral, nem tudo o que a gente joga fora, que na nossa concepção é lixo, de fato é. Ter consciência ambiental de que determinadas coisas descartadas podem ser reutilizadas e atribuir a isso um valor agregado, como, por exemplo, aquela garrafa que às vezes a pessoa descarta indiscriminadamente na rua, ou joga num lixo comum em casa, pode ser trabalhada e trans-formada em um novo produto”.

Ramificado em várias outras áreas que vão além do simples ato de reciclar, o curso é dividido em módulos para que, de forma didática, facilite e direcione o aprendi-zado de maneira específica, gerando melhor entendimento e capacitação dos participantes. Em três módulos, 20% são destinados à formação humanística, visando elevar a autoestima e a capacidade de liderança; outros 20% são para formação de uma consciência ambiental; e os 60% restantes são para a formação técnica.

Na primeira etapa, a profª. Vera Guarda ensina aos alunos métodos que implicam na qualidade das relações

interpessoais. É ensinado compromisso, ética, qualidade de vida, modos de elaborar um currículo e como se por-tar em entrevistas. No segundo módulo, ministrado pela profª. Ângela Leão, é desenvolvido o conceito de Edu-cação Ambiental. A água é o foco principal do estudo, tendo em vista as suas peculiaridades, como tratamento, economia, higienização, possíveis transmissões de doen-ças e abrangência residuária. Referente ao lixo, trabalham-se a coleta seletiva, a compostagem e o aproveitamento de alimentos. No último módulo, provido pela profª. Priscila Schroeder, o artesanato é o ponto central dos estudos. A cada aula novas técnicas e metodologias são inseridas e trabalhadas a partir de um determinado material reci-clável. O resultado se dá na produção de porta-retratos, bijuterias, cestarias e flores criadas a partir de garrafas de plástico.

Além da teoria e da prática, outra atividade importan-te que o curso proporciona é a destinação dos materiais confeccionados. Por ser uma cidade turística, Ouro Preto recebe uma demanda forte de visitantes em curtos espa-ços de tempo, havendo, assim, circulação significativa de

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Do lixo à capacitação profissional na cidade de Ouro Preto

Agregação de valor a materiais recicláveis permite à comunidade ouropretana capacitação profissional e conscientização socioambiental, e resultado dessa ação pode refletir positivamente na economia nos próximos anos Por Bruna Fontes

pessoas que sempre procuram levar alguma lembrança. “A cidade tem esse apelo e existe esse nicho que poderia ser explorado”, observa a profª. Priscila.

Devido à sua abrangência, o curso conta com oito participantes no turno da noite, que em geral são senho-ras, mães e donas de casa da comunidade. Juntamente com o programa “UFOP com a Escola” – “Projeto Novos Talentos”, escolas públicas do Ensino Médio da região de Ouro Preto servem de base para o curso. Atualmente, cerca de 20 alunas das Escolas Estaduais Desembargador Horácio Andrade e Coronel Benjamim Guimarães fre-quentam as aulas, isso no período da tarde.

A profª. Vera Guarda considera que a intenção é ca-pacitar, levando sempre em conta a consciência ambien-tal e como a pessoa pode se comportar no mercado de tra-balho. “Procuramos transmitir isso para dar consciência às pessoas, para que possam observar as aulas práticas e aprender. Não tem a necessidade de ninguém ter habili-dades, mas apenas de saber visualizar o material reciclável e a partir disso, com uma técnica simples, chegar ao pro-

duto artesanal sem precisar adquirir muitos materiais para executar aquela técnica, podendo até se tornar vendável.”, completa a profª. Priscila Curti.

A estudante de Farmácia Waléria de Paula, 21, ingres-sou como bolsista no programa pelo fato de lidar direta-mente com pessoas. Ela diz: “O curso não é fechado em um laboratório e aborda uma proposta ambiental”. Thaís Faco, 20, também bolsista do Programa, diz que o processo de lidar com as pessoas vai além da sala de aula: “Criamos um vínculo de amizade muito forte”, considera.

Conscientizando e atribuindo valor, o curso se tornou importante em todos os âmbitos, “seja científico ou infor-mal”, como lembra a profª. Priscila Curti. Além do lazer, é uma oportunidade de empreender a partir de materiais que a princípio nem precisariam ser adquiridos.

Rosilene de Matos Vieira, 30, escolheu frequentar as aulas após perceber a importância em reciclar tudo aqui-lo que, na concepção geral, não passava de detritos. Para a recepcionista, frequentar o curso é valoroso, pois tudo se traduz no aprimoramento dos conhecimentos obtidos. “Sabemos que podemos utilizar tudo aquilo que se tornou ‘lixo’, transformando-os em um novo material. Antes não sabíamos como, mas, com o curso, estou descobrindo o que podemos produzir com o que achamos de lixo.” Rosile-ne pretende presentear amigos e parentes com os produtos confeccionados a partir da reciclagem. “A minha expectati-va é ensinar aos familiares a arte de reciclar e mostrar que o que é lixo pode sempre se transformar em um produto valioso”, acrescenta.

Lúcia Gonçalves Rodrigues, 40, estudante da E. E. Co-ronel Benjamim Guimarães, faz parte do projeto “UFOP

Atingindo a marca de 7 bilhões de pessoas existentes no mundo, o planeta nunca lidou com tamanha dificul-dade quando o assunto é dar fim ao lixo. O descarte de forma correta é um dos principais problemas na atualida-de, já que apenas 327 dos 5.560 municípios brasileiros têm programas de coleta seletiva, segundo levantamento realizado pela ONG Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).

De acordo com o IBGE, diariamente no Brasil são produzidas cerca de 230 mil toneladas de lixo. Esse núme-ro compreende o orgânico (52%), papel e papelão (26%), plástico (3%), metais (2%), vidro (2%) e materiais diver-sos configurados como outros (15%). Entretanto, apenas 55% das garrafas PET, categorizadas como plástico, são recicladas, enquanto 97% das latinhas de alumínio, clas-sificadas como metais, são reaproveitadas.

O aproveitamento do lixo inorgânico (papéis, plás-tico, metais e vidros), além de solução para a produção

com a Escola”, parceiro do Programa de Capacitação. Ela diz que, de agora em diante, vai usar o que iria jogar fora para ajudar a natureza, além de obter renda com a recicla-gem. Com as técnicas aprendidas, Rodrigues decora a casa e explica que escolheu o curso com o intuito de ter uma profissão, pois acredita que aprenderá mais a partir disso, além de repassar seus conhecimentos.

Também aluna do curso, Lunária Siqueira Santos, 17, considera que o incentivo dado é crucial e que o curso acrescenta diversas coisas em sua vida, como, por exemplo, a aprendizagem e a valorização das coisas simples do dia a dia. A adolescente quer ajudar a construir um mundo melhor: “Escolhi frequentar o curso porque não sabia nada em que eu poderia fazer para modificar o mundo, até a primeira aula que tive. A minha expectativa para o futuro é um mundo melhor”, assinala.

Para sua plena execução, o “Programa de Capacitação Continuada da UNESCO: Água, mulheres e desenvol-vimento” conta com apoio do Programa Hidrológico In-ternacional da UNESCO (PHI), da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH), do Centro de Referência de Assistência Social de Ouro Preto (Cras), da Empresa de Transportes Rodoviários Transcotta e da Vale. Outro subsí-dio importante é o da Associação Ouro Branco pela Vida, que, além de apoiar, incentiva a iniciativa de todos: “A maior expectativa é implantar o curso em Ouro Branco”, espera a profª. Priscila Curti.

Aproveitamento do lixo rende R$ 7 bilhões por ano

desenfreada de materiais de difícil decomposição natural, colabora para o fortalecimento de captação de recursos fi-nanceiros, uma vez que essa é a atividade de aproximada-mente 500 mil brasileiros catadores de lixo. Distribuídos em quase 500 cooperativas criadas em parceria com o po-der público, empresas privadas e ONGs, os trabalhadores que trabalham com o reaproveitamento do lixo lucram, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, R$ 7 bilhões por ano.

Devido ao grande impacto da produção de detritos, a reciclagem deixou de ser mera solução emergencial para a preservação do meio ambiente. Para quem exerce essa função, os trabalhos manuais são muito mais do que a contribuição para diminuir significativamente a poluição do solo, da água e do ar. Além do retorno rentável, as técnicas se tornaram parte do cotidiano, transformando-se, na maioria dos casos, em lazer.

Foto: Nathália Viegas

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Empresajúnior

O Brasil é hoje o país com o maior número de empresas juniores do mun-do. De acordo com a entidade que representa o setor, a Confederação Bra-sileira de Empresas Juniores (Brasil Jú-nior), são 1,2 mil associadas. Em 2009, o faturamento conjunto delas superou a marca dos R$ 8 milhões, apresen-tando crescimento de 100% em dois anos. Naquele ano foram realizados 2.500 projetos pelas empresas juniores confederadas.

Uma das representantes desse setor na Universidade Federal de Ouro Pre-to (UFOP) é a Inova Consultoria Jr., empresa gerenciada por estudantes do curso de Engenharia de Produção do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (ICEA), de João Monlevade. Sem fins lucrativos, os resultados das atividades realizadas por ela contribuem indire-tamente para a economia do Brasil. O estudante e diretor de projetos da Ino-va, Aloisio Soares, afirma que a empresa busca oferecer serviços de qualidade nas áreas de gerência de produção, engenha-ria de qualidade, engenharia econômi-ca, engenharia de trabalho, engenharia de processos de produção e engenharia de produto. De acordo com ele, a em-presa júnior do curso possibilita aos seus membros atuar profissionalmente antes de ingressar no mercado de trabalho: “É oportunidade de alinhar conhecimento e experiência a uma consultoria de qua-lidade e com baixo custo”, ressalta.

Criada em 2009, no ano seguinte já figurou entre as 40 melhores empresas juniores do Brasil. Segundo Soares, a maior barreira do negócio é o descon-

Entre as melhoresA Inova Consultoria Jr. esteve entre as melhores do país em 2010; capacidade de produção do setor rende mais de R$ 8 milhões indiretamente para a economia brasileira

Por Kleiton Borges

forto dos empresários na hora de con-tratar os serviços, pois “a desconfiança por parte dos clientes com relação ao trabalho feito por estudantes é uma das dificuldades enfrentadas; porém, res-saltamos que todos os nossos serviços são acompanhados por professores com experiência na área”.

Ainda, segundo o diretor de proje-tos, o público da empresa é geralmente pequenas e médias empresas. A Inova atende a esse recorte de organizações empresariais principalmente em João Monlevade e região do médio Piracicaba.

A Inova Consultoria Jr. é ligada à Federação das Empresas Juniores de Mi-nas Gerais (Fejemg), o que a torna uma EJ diferenciada. Os projetos da empresa são regulamentados pela Federação e Confederação (Brasil Júnior), garantin-do a qualidade dos serviços prestados. Ela diferencia-se ainda, segundo a diretoria, por não só se preocupar em atender às necessidades dos seus clien-tes, mas também com o “Movimento Empresa Júnior” no país.

Início

A primeira Empresa Júnior surgiu na França em 1967, na L´Ecole Supérieu-re des Sciences Economiques et Commercia-les de Paris (ESSEC). Desde então este movimento vem se difundindo e pode ser considerado como um fenômeno econômico e empresarial. No Brasil, as primeiras empresas juniores foram cria-das na década de 1980; hoje, elas abran-gem diversas atividades econômicas.

A revista Guia do Estudante, da Edi-tora Abril, avaliou 20 cursos da UFOP em 2012. Segundo a publicação, quatro deles receberam nota máxima (05). Foram eles: Nutrição, em Ouro Preto, Sistemas de In-formação (Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas – ICEA), em João Monlevade, Letras e História (Instituto de Ciências Humanas e Sociais – ICHS), em Mariana. Outros 12 foram avaliados e alcançaram a nota 04, e quatro conquistaram nota 03.

O ICHS recebeu duas notas máximas. O coordenador do curso de Letras, prof. Emílio Maciel, reconheceu que a avalia-ção refletiu a seriedade e o empenho dos professores e estudantes.

Para o coordenador do curso de História, prof. Luiz Estevam de Oliveira Fernandes, a avaliação foi importante para se obter um parâmetro da qualidade. Ele destacou os esforços conjuntos do corpo docente, discente e de técnicos: “O curso busca sempre se atualizar e acabou de implantar a reforma curricular, para aproximar ainda mais ensino e pesquisa”.

A coordenadora do curso de Nutri-ção, profª Renata Nascimento de Freitas,

Avaliação reflete bom desempenho de cursos

recebeu a notícia sobre a nota 05 com sa-tisfação. Segundo ela, a publicação reper-cute isso nacionalmente. “Isso contribuiu para a divulgação do trabalho sério e com-prometido com a formação dos alunos. Trabalhamos pela melhoria da qualidade das nossas atividades de extensão, pesqui-sa e ensino, de graduação e pós-graduação. Não posso deixar de comentar que, longe de nos acomodar, o resultado nos desafia a continuar melhorando nosso desempe-nho”, observou.

Para o prof. Leonardo Vieira dos Santos Reis, coordenador do curso de Sistemas de Informação, a avaliação irá ampliar a visibilidade do curso. “Podemos atrair o interesse dos vestibulandos para João Monlevade’’. Reis ressaltou que a nota 05 é uma forma de atestar o trabalho que está sendo bem reconhecido.

Os 12 cursos avaliados com nota 04 foram Engenharia de Produção, tanto o de João Monlevade como o de Ouro Pre-to, Ciências Biológicas, Direito, Engenha-ria Ambiental, Engenharia Civil, Enge-nharia de Minas, Engenharia Metalúrgica, Farmácia, Geologia, Química e Turismo.

Dois projetos da UFOP na área da saúde foram aprovados para serem financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). O total de recursos liberados foi de R$ 72.547,55. O “Programa Mais Saúde: Conhecer, Ouvir, Aprender e Ensinar sobre Plantas Medicinais e Medicamentos Utilizados em Hiperten-são, Diabetes e Doenças Respiratórias”

Mais de 70 mil em aportes financeirosreceberá o aporte de R$ 44.362,50, e o Projeto de Prevenção e Tratamento de Tendinopatias na População de Ouro Pre-to (Preventt) contará com o investimento de R$ 28.185,05. A entidade financiadora aprovou mais 63 propostas de diversas universidades de Minas Gerais, totalizan-do R$ 2 milhões em financiamentos.

Coordenado por Rosana Gonçalves Rodrigues das Dores, o “Programa Mais

1º lugar em prêmio do CNPqPor Kamilla Abreu

O estudante do 6º período de Medici-na da Universidade Federal de Ouro Pre-to (UFOP) Diógenes Coelho conquistou o 1º lugar nacional na área de Ciências da Vida, referente ao Prêmio Destaque do Ano em Iniciação Científica e Tecnológi-ca do Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico (CNPq). A premiação ocorreu em Brasília no dia 16 de outubro, data em que era realizada a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na cidade. Coelho recebeu R$7 mil, uma bolsa de mestrado, mais passagem aérea e hospedagem para participar da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Pro-gresso da Ciência – SBPC, em 2013.

O projeto em questão trata-se do “Estudo da variabilidade genética do Trypanosoma cruzi no desenvolvimento das lesões ateroscleróticas coronarianas de-pendentes de apoliproteína-E”. O estudo está integrado ao Programa de Pós-gradu-ação em Ciências Biológicas (NUPEB). A doutoranda Vivian Paulino Figueiredo é co-orientadora de Diógenes e a orientação é do prof. André Talvani.

Segundo a professora, a relevância do estudo consiste no fato de ele ampliar o entendimento de como a infecção pelo T. cruzi pode interferir no perfil patológico da aterosclerose. Ainda, segundo ela, isso permitirá compreender também a interferência da variabilidade genética do parasita junto a seu hospedeiro, e essas constatações são elementos essenciais para estudos futuros.

Coelho recebe recursos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Tecnológi-ca (PIBIT), do CNPq. Para o prof. André Talvani, é fundamental para o Brasil que existam bolsas de Iniciação Científica. O professor elogia como a Universidade cres-ceu neste aspecto ultimamente. “A bolsa deve ser incentivada e, nos últimos anos, a UFOP expandiu muito esse critério”.

O estudante afirma que “a importân-cia de uma premiação dessas vai além de um simples prêmio. A repercussão que ela possui atinge todo um grupo de pesquisa, mostrando a qualidade do trabalho de toda Universidade”, declara.

Saúde” é um trabalho institucional do Centro de Saúde da UFOP, que presta serviços à população moradora do entor-no do campus universitário no Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto. Ela resume o objetivo do Programa: “A comunidade usa muito as plantas medicinais. O nosso trabalho foca a orientação das informa-ções que ela já possui sobre essas plantas”.

Já o Preventt objetiva a pre-venção e o tratamento de doenças nos tendões, as Tendinopatias, quadro que

acomete principalmente atletas e traba-lhadores que exercem tarefas repetitivas. As Tendinopatias podem causar dor, inchaço, vermelhidão e provocar dificul-dade em executar atividades da rotina. O coordenador Gustavo Pereira Benevides afirma que “a população de Ouro Preto será beneficiada tanto com o tratamento como com as palestras de prevenção ofere-cida aos trabalhadores”. Os dois projetos contam também com apoio do Ministério da Educação (MEC).

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A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) celebrou 43 anos no dia 21 de agosto. Para celebração do aniversário, que aconteceu no dia 26 de outubro no Centro de Artes e Convenções, foram pre-paradas várias homenagens. Para acompa-nhá-las estavam autoridades, professores, servidores técnico-administrativos e estu-dantes. Durante a comemoração foram ressaltadas a história da Instituição, as

O Instituto de Ciências Exatas e Bio-lógicas (ICEB) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) completou 30 anos em 2012. Para comemorar o aniversário foram reunidos, no auditório da unidade acadêmica, professores, servidores na ati-va, alguns com mais de 25 anos de traba-lho, e aposentados.

Na cerimônia realizada em outubro, o reitor prof. João Luiz Martins falou do bom momento do Instituto: “Fico feliz em saber que o ICEB está firmado. Algumas questões importantes devem ser discu-tidas, principalmente o diálogo entre as ciências, que precisa ser mais próximo. O Instituto não pode se dividir, ele deve con-solidar os departamentos para que eles possam sempre interagir na construção do conhecimento”.

Antônio Claret Soares Sabioni, di-retor do ICEB, relembrou a trajetória do Instituto nessas três décadas: “É com orgulho que vejo o ICEB chegar ao seu jubileu de pérola sendo a maior unidade da UFOP. Reconheço e agradeço os es-forços de técnicos, professores e alunos”. Além disso, o diretor advertiu sobre novos

1969Ano de fundação da Universidade Federal de Ouro PretoInstituição descende das Escolas de Farmácia e de Minas

Número de estudantes atualmente ultrapassa 10 mil, distribuídos em 45 cursos presenciais; 60% do corpo docente possui doutorado e 30% mestrado; e o número de técnicos-adminstrativos é de 767

Por Edwaldo Cordeiro e João Gabriel Nani

dificuldades e os progressos alcançados desde a sua criação.

Fundada em 1969 a partir da fusão entre a Escola de Farmácia e a de Minas, a UFOP, segundo a Pró-Reitoria de Gra-duação (Prograd), tem, atualmente, mais de 7 mil estudantes presenciais em Ouro Preto, mais de 2 mil em Mariana e mil e 100 em João Monlevade, distribuídos em 45 cursos de graduação. Os que estudam

a distância passam de 4 mil. De acordo com a Pró-Reitoria de Administração (Proad), o número de professores efeti-vos está em 744 — 60% deles possuem doutorado e 30% mestrado. O quadro de técnicos está em 767. Os dados aci-ma referentes a professores e técnicos podem ser alterados devido a concursos em andamento, bem como o de estu-dantes por causa dos processos seletivos.

Segundo o reitor prof. João Luiz Martins, “a UFOP se tornou algo com-pletamente diferente nos dias de hoje, com novos técnicos, novos professores e novos cursos. Fico feliz em ver que, apesar das dificuldades, ela alcançou um grande progresso nos últimos anos”.

Na cerimônia de comemoração foram homenageados com a outorga da “Medalha Universidade Federal de Ouro Preto” os professores Renato Go-dinho Navarro e Jaime Mendes Pereira Pinto; a técnica-administrativa Cynthia Maria Alves de Brito Andrade e Barros e o maestro Márcio Pontes, pelas con-

tribuições à Instituição. Além da entrega das medalhas, o curso de Direito recebeu o “Selo de Qualidade do Programa OAB Recomenda”, que a Ordem dos Advoga-dos do Brasil-MG confere à UFOP pelo padrão de qualidade e excelência na for-mação de profissionais na área.

A UFOP é resultado da união da Es-cola de Farmácia, fundada em 4 de abril de 1839, e da Escola de Minas, fundada em 12 de outubro de 1876. Embora seja uma Instituição jovem de ensino superior, a Universidade possui raízes no século XIX, somando 173 anos de história.

A missão da UFOP não se resume à formação de profissionais na graduação e pós-graduação, mas, também, de cidadãos comprometidos com a sociedade. Sem perder de vista a responsabilidade junto à comunidade, ela mantém diversos proje-tos científicos, socioeducativos e culturais como forma de valorização e diálogo com a sociedade, principalmente aquela do seu entorno.

Marcado por lançamentos de li-vros, missa, homenagens a professores centenários e jantar de confraterniza-ção, evento festivo da Escola de Minas este ano foi para comemorar os 136 anos de sua fundação, ocorrida no dia 12 de outubro de 1876.

As celebrações começaram no dia 11 com a missa de Ação de Graças realizada na Igreja Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto. Em seguida aconteceu assembleia no Salão No-bre da EM no centro da cidade, para inauguração da placa comemorativa ao centenário dos ex-professores Joel Campos Maynard e Reinaldo Otávio Alves de Brito. A homenagem foi or-ganizada pela Associação dos Antigos Alunos, A3EM. A Associação também foi homenageada pelos seus 70 anos, com apresentação da visita virtual do Museu de Ciência e Técnica.

No dia 12 houve Sessão Solene com entrega da “Medalha Escola de

Escola de Minas comemora 136 anos

Minas”, no Centro de Artes e Con-venções da UFOP. Depois, no mesmo local, foi realizado o lançamento dos livros ’’Todos cantam sua terra‘‘, de David Dequech; “Fechamento de Mina: Aspectos Técnicos, Jurídicos e Socioambientais”; e “A História da Escola de Minas”. Mais tarde, o Está-dio Genival Alves Ramalho recebeu o jogo entre os ex e os atuais atletas da Associação Desportiva da Escola de Minas; por fim, aconteceu jantar de confraternização dos ex-alunos, no Parque Metalúrgico Augusto Barbosa, no Centro de Artes e Convenções da UFOP.

A direção da EM ressaltou que as solenidades vão além da importância da confraternização entre estudantes, pois são oportunidades para encon-tros de negócios. Além disso, a direção destacou o crescimento da área de pós-graduação na UFOP nos últimos anos.

Maior unidade acadêmica, ICEB completa 30 anos

Por Kleiton Borges

desafios a partir de agora. “Após a reestru-turação e expansão, surgem agora novos desafios”, destacou o diretor.

Na comemoração foram entregues os tradicionais prêmios “Destaque do Ano” a docentes, servidores e discentes. Na categoria técnico-administrativo, rece-beu a homenagem Roberto Pacheco de Carvalho; na categoria professor, foram Maria Lúcia Pedrosa e Djalma Nardy Do-mingues; e o aluno destaque foi Leonardo César de Morais Teixeira, que disse: “Me sinto orgulhoso e honrado. Entre tantos bons alunos que o Instituto possui ser escolhido destaque é um sentimento imensurável. Agradeço aos professores e aos colegas do ICEB pela oportunidade”.

Após a cerimônia, foram inauguradas as novas instalações do Departamento de Computação, Estatística e de Matemáti-ca. Claret ressaltou o papel do Plano de Reestruturação e Expansão das Universi-dades Federais na ampliação do Instituto: “Graças ao Reuni e à captação de recursos através de nossos pesquisadores, foram criados novos cursos e a construção do bloco três em 2009”.

Foto: João Gabriel Nani

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ENTREVISTA

8 Edição 189 - setembro e outubro de 2012

Adilson Pereira dos SantosPor João Gabriel Nani

“O papel das ações

afirmativas no ensino superior

é o de corrigir distorções

históricas”...

“Uma universidade, quando adota tais Políticas, passa a refletir melhor a sociedade”

Como é a Política de Ação Afirmativa adotada pela UFOP?

No segundo semestre de 2008, a UFOP aprovou, pela Resolução CEPE 3.270, a Política de Ação Afirmativa, por meio da qual em cada curso de graduação deveria ser matriculado pelo menos 30% de candidatos egressos de escolas públicas (ensino médio cursado integralmente).

Até o momento, somente alunos vindos de escolas públicas são beneficiários da política de cotas? Haverá alguma mudan-ça quanto a isso, como novas propostas e critérios para ingresso na UFOP?

Até o momento, a política de cotas destina-se somente a alunos de escolas

Mesmo depois de dez anos de sua implantação, várias são as discussões e opiniões acerca da chamada “Política de Ação Afir-mativa”. Alguns especia-listas em educação as veem com bons olhos, outros não. Na Universidade Fed-eral de Ouro Preto, ela passou a ser adotada em 2008 e estab-eleceu 30% das vagas de cada curso de graduação a estudantes oriundos de escolas públicas. Mais quais são ainda as princi-pais dúvidas sobre esse modelo educacional? Quais os resultados? Para explicar o assunto, Adilson Pereira dos Santos, pró-reitor ad-junto de Graduação, conta sua experiência profissional com a adoção das cotas na UFOP e diz que a “Política de Ação Afirma-tiva” “não trata da violação dos direitos dos não cotistas, pois o próprio Superior Tribunal Fe-deral já discutiu tal ponto”.

Embasado em constatações científicas, Santos defendeu sua dissertação de mestrado com o tí-tulo “Políticas de Ação Afirmati-va: novo ingrediente na luta pela democratização do ensino superior — a experiência da Universidade Federal de Ouro Preto”, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunica-ção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O pró-reitor adjunto procurou definir na pesquisa o perfil dos alunos que ingressaram na UFOP no ano letivo de 2009, investigando se a Política poderia ser definida como mecanismo concreto de de-mocratização. Entre os resul-tados verificados, acerca do coeficiente dos estudantes dos quatros cursos analisados por ele, a média dos estudantes cotistas foi igual ou su-perior a dos demais não cotistas. No curso de Medicina, por exem-plo, a média dos não cotistas foi de 7,50, enquanto a dos cotistas ficou em 8,0.

públicas; porém, a partir do primeiro se-mestre de 2013, com o advento da Lei de Cotas 12.711 de 29 de agosto de 2012, a UFOP incluirá, na sua atual política, os critérios de renda e etnia. Dos 30% de vagas destinadas aos egressos de escolas públicas, 50% deverá ser para candi-datos com renda per capita menor ou igual a 1,5 salários mínimos, das quais 53,66% reservadas para pretos, pardos e indígenas. Conforme determinam o Decreto 7.824 e a Portaria 18 de 11 de outubro de 2012, até 2016 o percentual de vagas reservadas para alunos de es-colas públicas deverá ser ampliado para

50%, respeitando-se os critérios de ren-da e etnia.

Como se dá o ingresso dos cotistas? Deve haver uma inscrição diferenciada no pro-cesso seletivo?

Se dá através do Sistema de Seleção Unificado (SiSU), do Ministério da Edu-cação (MEC), em que a inscrição é feita

de sua democratização e universalidade?

Esta constatação está correta em identificar este tipo de medida: as “Ações Afirmativas” como política com-pensatória e paliativa. Melhor seria se houvesse vagas para todos. O que não é o caso. O acesso ao ensino superior brasileiro é marcadamente elitista. His-toricamente esteve a serviço de alguns em detrimento de outros. A inexistên-cia de vagas para todos e a utilização do mérito como critério único para o aces-so fez e faz com que alguns grupos ou segmentos sociais tenham mais dificul-dades de acesso. Seja em função da baixa qualidade da escola pública na qual se formou, devido aos efeitos perversos do racismo que fez e ainda faz com que os descendentes de escravos, especialmente os pretos, em face da discriminação, ten-ham também dificuldades que o mérito em si desconhece. O mesmo poderia ser dito em relação a mulheres, indígenas, pessoas com deficiências entre outros. Por isto as AA’s se destinam a tais gru-pos. Diante do seu caráter paliativo, como disse, não podemos desconsiderar também a necessidade de que inves-timentos e que outras políticas sejam empreendidas no sentido de reduzir as desigualdades destes grupos alvos das AA’s. Chamo a atenção para a mais im-portante de todas: melhorar a qualidade da escola pública de ensinos fundamen-tal e médio.

É notável em tal perspectiva a importân-cia das cotas. Porém, como fica a questão do mérito? O aluno se prepara para o vestibular, no caso o SiSU, e mesmo com um bom coeficiente de acertos pode não se classificar devido às vagas resguardadas pelas cotas. Não seria então uma violação dos direitos do não cotista?

Pelos argumentos já apresentados, os quais encontram respaldo inclusive em Decisão do Superior Tribunal Fe-deral, não se trata de violação de di-reitos dos não cotistas, haja vista que o próprio STF já discutiu esse ponto e declarou como inválida tal argumenta-ção, de acordo com a resolução de abril de 2012.

“A UFOP incluirá, na sua atual política, os

critérios de renda e etnia. Dos

30% de vagas destinadas aos

egressos de escolas públicas, 50% deverá ser para candidatos com renda per capita menor ou igual a 1,5

salários mínimos, das quais 53,66% reservadas para pretos, pardos e

indígenas”.

pela internet. Lá, os candidatos deverão indicar a qual grupo de vagas pretende se candidatar, desde que respeitem os critérios estabelecidos.

Com a atual configuração de Políticas Afirmativas, há um percentual estimado de quantos alunos são oriundos de esco-las públicas em toda a UFOP?

Na configuração original da política da UFOP, ingressavam em média 45% de alunos de escolas públicas, nenhum curso com menos de 30%.

Já foi realizado algum estudo ou algu-ma pesquisa sobre o rendimento destes alunos?

Em 2010 o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) analisou estudo realizado pela Pró-Reitoria de Graduação, que recomendou a continu-idade da política. O referido estudo é parte anexa da Resolução CEPE 4.182. Além disso, em 2011 defendi disserta-ção de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação da UERJ, acerca do tema. Em sua dissertação, fica claro que os alunos cotistas possuem rendimento em média igual ou superior aos alunos que ingressaram na universidade sem fazer uso da política de cotas?

Sim. Não há indicativos de que es-tes alunos apresentem um rendimento mais baixou ou inferior aos não cotistas.

Como esse sistema contribui para as uni-versidades federais?

Particularmente por ampliar a com-posição social, racial e étnica das Institu-ições de Educação Superior (IES). Uma universidade, quando adota tais políti-cas, passa a refletir melhor a sociedade.

Essas políticas são essenciais para a ex-pansão da IES federais?

Não. Sozinha a política não pode ter este efeito. Pelo contrário, o estudo que desenvolvi em nível de mestrado revela inclusive as “Ações Afirmativas” expres-sadas na forma de cotas como mais um ingrediente na luta pela democratiza-ção. Para além das “Ações Afirmativas”, defendo a ampliação do número de vagas oferecidas. É preciso deixar claro que o papel das “Ações Afirmativas” (cotas) no ensino superior é o de corri-gir distorções históricas, decorrentes da descriminalização que faz com que cer-tos grupos (egressos de escolas públicas, pretos, pardos, indígenas, pessoas com deficiências, pobres etc.) não estejam representados nas universidades públi-cas na mesma proporção de que estão na sociedade.

É valido afirmar que as cotas apresentam, ainda que como medidas paliativas, um progresso para a educação no país, além