Jornal do DCE - UnB

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1 “Há racismo no Brasil, uma vez que há racismo no mundo inteiro. É descabido falarmos em mais ou menos racismo, pois ele é inaceitável em qualquer nível, mas acredito poder afirmar que nosso país não é um dos mais racistas do mundo; porém, é complicado falar que a sociedade brasileira é racista. Fica parecendo que é uma característica do nosso povo. Não é. O pensamento racista não está arraigado por aqui. O fato de existirem brasileiros racistas não faz com que o racismo seja um traço da sociedade brasileira, assim como o fato de existirem brasileiros neonazistas não faz ninguém dizer que a sociedade brasileira é neonazista.” (mais na pg. 4) “É muito evidente que, embora haja momentos de confluência, a questão da população negra no Brasil não é unicamente socioeconômica, uma vez que esta mesma população carrega em seus corpos as marcas de uma história e de um presente de desumanização; corpos que são continuamente desqualificados por sua origem cultural e suas características. Os reflexos disso, não apenas ditos por mim, mas pelas estatísticas, evidenciam uma enorme ausência de pessoas negras em postos de poder/relevância/mídia/padrões hegemônicos, e a elevada presença dessas pessoas nos índices de marginalização.” (mais na pg. 4) Cotas! 2˚ Ano 3˚ Edição “Neste último semestre de 2009, o CAD (Conselho de Administração da UnB) iniciou o processo de apreciação do pedido de recadastramento da Finatec, fundação de apoio à universidade; porém, este debate antecipa a necessária e inevitável reflexão sobre o papel das fundações públicas de direito privado nas universidades federais brasileiras, além da discussão quanto a uma suposta ilegalidade na vinculação de cargos executivos da universidade às direções de fundações privadas de apoio e do fato de docentes ocuparem cargos nessas fundações.” (mais na pg.5) Calourada UnB 2˚/2009 Entre os dias 25 e 30 de agosto vai rolar a Calourada da UnB! Serão várias atividades em todos os campi! Debates, oficinas, cineclubes e muitas novidades! (mais na pg. 7) Fundações

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Jornal do DCE da UnB. Primeira edição feita pela Gestão Pra Fazer Diferente (2009/2010).

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“Há racismo no Brasil, uma vez que há racismo no mundo inteiro. É descabido falarmos em mais ou menos racismo, pois ele é inaceitável em qualquer nível, mas acredito poder afirmar que nosso país não é um dos mais racistas do mundo; porém, é complicado falar que a sociedade brasileira é racista. Fica parecendo que é uma característica do nosso povo. Não é. O pensamento racista não está arraigado por aqui. O fato de existirem brasileiros racistas não faz com que o racismo seja um traço da sociedade brasileira, assim como o fato de existirem brasileiros neonazistas não faz ninguém dizer que a sociedade brasileira é neonazista.” (mais na pg. 4)

“É muito evidente que, embora haja momentos de confluência, a questão da população negra no Brasil não é unicamente socioeconômica, uma vez que esta mesma população carrega em seus corpos as marcas de uma história e de um presente de desumanização; corpos que são continuamente desqualificados por sua origem cultural e suas características. Os reflexos disso, não apenas ditos por mim, mas pelas estatísticas, evidenciam uma enorme ausência de pessoas negras em postos de poder/relevância/mídia/padrões hegemônicos, e a elevada presença dessas pessoas nos índices de marginalização.” (mais na pg. 4)

Cotas!2˚ Ano3˚ Edição

“Neste último semestre de 2009, o CAD (Conselho de Administração da UnB) iniciou o processo de apreciação do pedido de recadastramento da Finatec, fundação de apoio à universidade; porém, este debate antecipa a necessária e inevitável reflexão sobre o papel das fundações públicas de direito privado nas universidades federais brasileiras, além da discussão quanto a uma suposta ilegalidade na vinculação de cargos executivos da universidade às direções de fundações privadas de apoio e do fato de docentes ocuparem cargos nessas fundações.” (mais na pg.5)

Calourada UnB 2˚/2009

Entre os dias 25 e 30 de agosto vai rolar a Calourada da UnB! Serão várias atividades em todos os campi! Debates, oficinas, cineclubes e muitas novidades! (mais na pg. 7)

Fundações

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Esse Jornal do DCE abre o semestre da UnB trazendo várias novidades. De cara nova, trazemos várias discussões importantes sobre a universidade, sobre o movimento estudantil e sobre a Grande Calourada desse semestre. Essa edição do jornal mostra nosso pensamento sobre um movimento estudantil diferente. Por acreditarmos que a sociedade precisa de mais vozes, devemos começar abrindo espaço para que elas se manifestem na comunicação do DCE! E é isso que fizemos nesse Jornal do DCE: abrimos para que qualquer pessoa enviasse artigos. Essa é a primeira vez que isso acontece e recebemos vários artigos de pessoas de dentro e de fora da UnB. Mesmo que as opiniões não reflitam a da coordenação do DCE, publicamos os textos. A sessão especial sobre as cotas mostra dois artigos com posicionamentos opostos sobre essa questão. Além dessa inovação, apresentamos a proposta da Calourada 2˚/2009, que se inicia no próximo dia 25 e, pela primeira vez, será um grande evento espalhado pelos quatro campi da universidade. Além desse avanço na integração da UnB, estamos construindo, em conjunto com vários CAs, o acampamento que será realizado no Campus Darcy Ribeiro, com estudantes de todos os campi e o Trote Solidário, que será realizado na sexta-feira, dia 28/8, na escola CAIC Bernardo Sayão, em Ceilândia. Concretizamos na prática a melhoria do nosso meio de comunicação. Um movimento estudantil DIFERENTE deve apresentar coerência entre ideais e práticas, reivindicações e

O DCE itinerante é um programa que leva o DCE mais próximo da comunidade acadêmica. O objetivo da realização de tal projeto é buscar um diálogo com os centros acadêmicos, a Casa do Estudante e os grupos de trabalho – sejam grupos pet, grupos de extensão, empresas juniores ou outros. A partir desta idéia queremos criar uma ligação maior com esses grupos e seus estudantes e, assim, envolver toda a comunidade nos assuntos relativos à universidade. Esse programa não pretende simplesmente informar. O objetivo do DCE itinerante é dialogar; queremos prestar contas de nossas realizações e queremos que os grupos compartilhem conosco os seus trabalhos, as suas lutas e de que forma o DCE pode ajudá-los. Por meio dessa ação, o DCE quer trazer de volta às suas pautas os interesses individuais de cada grupo da UnB, sem deixar de lado a visão global de universidade.Para o 2° semestre de 2009, o DCE itinerante já elaborou um calendário de atividades e conta com sua ajuda para traçar seu itinerário e suas metas. Se você deseja que o DCE vá até você, contate-nos: [email protected].

O que é DCE itinerante?Raimundo Ferreira de Melo Neto, estudante de Física e Coordenador Geral do DCE.

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Jornal do DCEExpediente:

Editor: Jeronimo Calorio.

Facilitadores: Yuri Soares; Raul Cardoso.

Revisão Textual: Luciana Pereira de Arruda

Colaboradores: Raimundo Neto; Kim Gibson; Emanuel Holanda; Rafael Anjinhu; François Moiter; Jeronimo Calorio; Florentino Júnio; Yuri Soares; Bruno Borges; Guilherme Oliveira; Natália Machado; Bruno Elias; Raduan Meira; MPL.

Tiragem: 10 mil.

Site: www.dce.unb.br E-mail: [email protected] Telefone: 3107-6302

O atual Estatuto da UnB não corresponde às expectativas da comunidade acadêmica, gerando revolta e indignação dos estudantes, professores e funcionários. O princípio de uma universidade pública, gratuita e de qualidade, tão propagado pelos corredores da UnB foi colocado em cheque, principalmente depois de sucessivos escândalos ocorridos na nossa universidade nos últimos anos. Marca disso é o CONSUNI – Conselho Universitário –, que, com uma composição de 70% de professores, realizou emendas obscuras ao Estatuto. Uma das mudanças que feriram este princípio tirava poder das principais atribuições do CONSUNI e relegava várias atribuições ao Conselho Diretor da FUB – Fundação Universidade de Brasília, que é composto pelo reitor e mais cinco professores. Dentre estas atribuições, está aquela que abre inquérito para apurar as responsabilidades do Reitor. Percebam a ironia: o Conselho Diretor da FUB, presidido pelo reitor, precisa aprovar um inquérito que investiga os atos do próprio reitor! Precisamos urgentemente avançar para uma gestão de

“O ESTUDANTE NÃO É OTÁRIO,

QUER UM CONGRESSO ESTATUINTE PARITÁRIO!”

Por um Congresso Estatuinte Paritário

EditorialRaul CardosoCoordenadoria Geral do DCE

fato democrática. Precisamos de mais espaços de cogestão, em que os três segmentos possam trabalhar em conjunto pela UnB e lutar para que haja uma ampla participação da população e dos movimentos sociais na definição das prioridades e do planejamento da Universidade. Precisamos que as receitas orçamentárias da Universidade possam ser geridas e definidas por meio da participação ampla da comunidade acadêmica e da sociedade.

O Congresso Estatuinte foi aprovado no CONSUNI após a ocupação e temos como obrigação, garantir sua ocorrência e intervir nesse processo. Essa oportunidade deve ser abraçada por toda a comunidade, para que façamos uma UnB diferente. Só assim poderemos fazer da Universidade não só um espaço de produção e reprodução do conhecimento científico, mas um espaço de livre manifestação política, cultural, filosófica e artística da sociedade, onde a democracia participativa seja incentivada e aplicada de forma ampla e transparente,

formando não só profissionais, mas cidadãos e cidadãs responsáveis e críticos para uma atuação efetiva na sociedade. Neste sentido que convidamos toda a comunidade universitária a construir uma nova fase da Universidade de Brasília, onde cada um dos três setores possa ter voz e voto em cada um dos conselhos, fazendo com que a universidade se torne mais justa e democrática.

ações inovadoras. Esses são os nortes dessa nossa gestão e que se refletem nesse Jornal do DCE. Boa leitura e um bom semestre!

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Que definição dar à universidade pública? Ensino laico? Gratuito? Livre? Independente? Se as universidades públicas brasileiras são laicas e gratuitas, a entrada não é livre. A porta fica fechada pela maior parte dos candidatos que passam, em cada semestre, no vestibular. Esta prova geral seleciona os alunos que tiveram a melhor preparação. Nem são os melhores estudantes do País. Falamos de um treinamento intensivo sem nenhuma noção intelectual: tragar dados até vomitar, para esperar atingir a “elite” do País. O vestibular, como qualquer prova que limita o ingresso ao saber, é um regalo às

A UnB cresce, aumenta o seu número de estudantes e fica mais próxima da população. Isso é o retrato da expansão, a construção dos novos campi está melhorando a qualidade do ensino superior público no DF, e facilitando o acesso ao mesmo. Contudo, o movimento estudantil não se expande. Os campi avançados não participam das escolhas, das pautas e muito menos do estabelecimento das diretrizes do ME.O movimento estudantil não acompanhou a UnB. Ele não se expande; continua restrito a grupos de pensamento que não representam efetivamente o pensamento da universidade – um exemplo disso é o abandono e o descaso do Diretório Central dos Estudantes com alguns campi avançados. O movimento estudantil começa a caminhada nesses novos espaços da UnB; porém, não recebe o apoio necessário de entidades de maior expressão, como o DCE. Expandir por expandir, não é esse o desejo. E para expandir com qualidade necessitamos de um movimento estudantil forte e inteligente. Por um DCE presente em toda a UnB, junto com todos os estudantes!

São muitas as coisas que estão em profunda transformação na UnB desde o início do ano corrente, não só pelo fato de termos uma nova administração na reitoria e um novo grupo de estudantes à frente do DCE, mas também pela grande reestruturação pela qual está passando a Atlética, grupo responsável por coordenar eventos relacionados ao esporte e à cultura na UnB. Tal entidade é a responsável pela organização dos Jogos Internos da UnB (JIUnBs), sobre os quais irei discorrer.

Esse semestre que se inicia trará consigo mais uma edição do JIUnBs, evento que ocorre anualmente e que reúne atletas e amadores de todos os campi da UnB para um nobre objetivo: promover a cultura do esporte. Nesta edição temos mais motivos ainda para prestigiar tal evento, pois a Atlética promete: o evento deste ano trará mais modalidades e terá mais festividades.

Os JIUnBs, além de serem uma forma de estimular os estudantes a estabelecerem um maior contato com o mundo esportivo dentro de sua própria universidade, também configura uma das etapas dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs). Dessa forma, aqueles que se destacarem nos jogos internos estarão pré-selecionados para os jogos em nível regional (JUDF, no nosso caso) e, os que obtiverem êxito nessa nova etapa, por sua vez, serão encaminhados para fazerem parte das competições em nível nacional.

Os Jogos são, portanto, uma grande oportunidade para todo estudante da UnB integrar-se mais à sua universidade e desenvolver suas habilidades esportivas. Além disso, esse é um evento que reúne pessoas dos mais variados cursos, o que corrobora para o fortalecimento do caráter interdisciplinar da universidade. Os JIUnBs seriam, então, uma grande ponte que interliga os universitários da UnB por meio do esporte, fornecendo uma oportunidade ímpar para os estudantes interagirem; também é um importante gancho para aqueles que pretendem participar de competições maiores, pois fornece a chance de levar alguns estudantes a participarem dos jogos regionais e/ou nacionais, como foi dito anteriormente.

Por todo o exposto, deixo aqui o convite para que todos se sintam encorajados a participar dos JIUnBs, sejam atletas, ex-atletas ou apenas amantes dos esportes. Não deixem de fazer parte deste que será um grande evento da Universidade de Brasília, pois não estarão apenas prestigiando sua universidade; cuidarão também de sua saúde!

Universidade pública?

A UnB se expande; e o movimento estudantil?

François, ex-aluno da UnB, voluntário no Equador.

empresas privadas. O Estado não prepara seus alunos para entrar na universidade. O serviço preparatório é uma exclusividade do setor privado. Cada um tem que pagar e, às vezes, endividar-se, para dar mais chances à sua futura careira universitária. Os preços não correspondem às possibilidades da classe baixa do povo; só a burguesia pode se oferecer tal luxo. E o paradoxo da universidade brasileira. Totalmente gratuita, onde um aluno sem recurso pode seguir um curso com a ajuda de bolsas sociais, mas, antes de estudar, tem que passar por obstáculos financeiros, que se chamam Sigma, Galois & cia. e roubam o povo, vendendo a chave da universidade. Uma chave que foi dada pelo estado sem nenhuma contraparte. Um presente às empresas privadas em um leilão da educação nacional em favor da dívida externa (decisão imposta pelo FMI contra empresto).

Florentino Júnio, estudante de Gestão em Saúde / Saúde Coletiva – Campus Ceilândia

JIUnBs!

Independente, também não é. O sistema de financiamento pelas fundações orienta a pesquisa universitária, que ajuda no desenvolvimento do País no futuro. Deixar as transnacionais decidirem o tema dos trabalhos dos universitários significa deixar o progresso do País nas mãos deles. No ano passado, vimos também que este sistema obsequioso fica mais opaco e ajuda para corromper a uma oligarquia universitária protegida. A comunidade universitária tem que ser soberana para decidir o interesse do trabalho de pesquisa sem que o dinheiro possa influenciar o processo. Estamos em um lugar de conhecimento e de ciência. A ciência tem que ficar no centro das decisões. Não podemos deixar construir um mercado da educação, vergonha de um capitalismo decadente. Se o Brasil é, ou não, o país de todos, a universidade tem que ser de tod@s, sem que seja dos patrões.

Kim GibsonEstudante de HistóriaCoordenadoria de Esporte, Arte e Cultura

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Porque estamos aqui? O Movimento Estudantil da UnB realizou muitas lutas no último período. Após uma ocupação vitoriosa da reitoria, derrubamos uma gestão corrupta, conquistamos eleições paritárias e tivemos uma participação estudantil expressiva e decisiva nas eleições para reitor. Estamos agora na luta por um Congresso Estatuinte Paritário para mudar o estatuto da universidade, na luta por uma expansão da universidade com qualidade, que leve em conta os anseios dos estudantes. Também estamos presentes em lutas gerais, como a construção da Conferência Nacional de Comunicação, por mais verbas para a assistência estudantil e pelo passe livre no transporte coletivo. Por isso, o DCE da UnB acredita que pode contribuir na discussão dos rumos do Movimento Estudantil local e nacional, assim como discutir a situação e os rumos da UNE, tendo como ponto inicial a experiência cotidiana local na relação com a UNE e os seus espaços deliberativos. O que achamos deste Conune? O congresso da UNE deve ser um espaço de organização, articulação e realização de lutas de todo o Movimento Estudantil nacional. Infelizmente este Conune possui um caráter muito institucional, cheio de ministros, secretários e políticos em geral. Porém, perguntamos: onde estão os estudantes? O que menos se vê nas mesas dos principais espaços são jovens e estudantes, de DCEs, ONGs, grupos de extensão e outras entidades onde os estudantes estão presentes. Acreditamos que muitos estudantes de todo o país possuem acúmulo teórico e prático em diversas pautas e lutas e que deveriam compor as mesas do encontro de sua entidade nacional. Os próximos Conunes devem dar prioridade à articulação estudantil e ao debate. Como é a relação do Cuca-DF com o DCE da UnB? Inexistente. O Centro Universitário de Cultura e Arte – Cuca-DF, apesar de ser ligado à UNE e estar alojado na UnB, não busca relação alguma com o DCE; o Cuca-DF serve única e exclusivamente para ser aparelhado pela tendência majoritária da UNE, não dialoga com outras entidades estudantis e não serve como ponto de debate e organização do conjunto do Movimento Estudantil nas pautas culturais. Para termos um Cuca-DF que seja verdadeiramente de todos os estudantes, propomos que se realize um encontro local do Cuca, para discutirmos entre as entidades do ME local acerca da função e dos rumos que devemos dar a ele, ao mesmo tempo promovendo encontros regionais em outros estados e um encontro nacional que discuta nacionalmente o Centro Universitário de Cultura e Arte. Queremos o Cuca para os estudantes! E onde fica a UNE nas lutas em que o DCE da UnB participa? Bem que gostaríamos de ter mais ajuda da UNE nas lutas do Distrito Federal, porém a UNE no DF somente nos convoca para eventos institucionais na Câmara dos Deputados, como sessões solenes, entre outros. Nas lutas mesmo, a UNE do DF pouco ajuda, seja na luta por mais assistência estudantil, pela garantia de um projeto de ampliação da universidade com qualidade (chegando ao ponto de apresentar uma postura mais recuada que a reitoria em determinados momentos!) ou na construção da Conferência de Comunicação, em que a UNE, mesmo compondo oficialmente a Comissão Pró-conferência, não participa de sua construção nem dos atos pela sua realização. Pra democratizar a UNE, o que precisamos? Para fazer uma UNE diferente, com a cara do estudante, que seja mais democrática e transparente, precisamos, no mínimo, da criação de um conselho fiscal, para esclarecer como anda a

gestão das finanças da entidade. É essencial também a criação de um Conselho Editorial da UNE, que discuta a sua política de comunicação, tornando-a mais plural e dando espaço para outras entidades do movimento para a construção da comunicação do Movimento Estudantil nacional. Democratização da comunicação não deve ser apenas uma expressão vazia no papel, mas uma prática a ser executada também pelas entidades estudantis, desde as entidades de base até a UNE. Expansão da universidade e o papel dos estudantes? Após vários anos de sucateamento do ensino superior público, vivemos hoje uma expansão inédita das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Temos um aumento do financiamento e, consequentemente, um aumento de vagas de estudantes, técnicos administrativos e docentes. O Governo Federal prevê, por meio do Reuni: 1- diminuição da evasão; 2- aumento de vagas, especialmente no turno noturno; 3- revisão da estrutura acadêmica; 4- diversificação das modalidades de graduação; 5- ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil; 6- articulação da graduação com a pós-graduação e com a educação básica.

Na UnB já vemos o Reuni em implementação: o projeto aprovado no Conselho Universitário e encaminhado ao MEC, discutido em seminários; a Comissão Executiva do Reuni – na qual há um representante

discente –, as obras e os concursos para a contratação de técnicos administrativos e docentes. A UnB hoje vive os sabores e dissabores de uma expansão em um prazo curto, até porque ou as verbas são gastas no prazo ou devem ser devolvidas à União. Porém, também encontramos problemas nesse processo, pois o Governo Federal não dialoga com a comunidade universitária para adequar o Reuni à realidade das universidades, não debate com a UNE nem convoca os estudantes a participarem dos espaços de construção do projeto. Em julho houve um seminário do MEC com reitores, decanos, representantes do governo e empresários. Mas, e os estudantes? Onde ficam nessa história? Outro problema é que, no geral, as

discussões giram apenas em torno de aspectos quantitativos do programa, seja a quantidade de verbas, o número de vagas, a quantidade de prédios, de docentes, entre outros. Muitas vezes os professores também tratam as necessidades dos estudantes, que são a maior e mais vulnerável categoria da universidade, como a última prioridade. O Diretório Central dos Estudantes da UnB vem lutando para construir um projeto de expansão que leve em conta as demandas do corpo discente, na luta pela aceleração das obras que nos são prioritárias, como os RUs nos novos campi, a construção da nova casa do estudante e dos novos blocos de ensino, além da ampliação nacional e local das verbas para assistência estudantil. Também alertamos para a importância de ultrapassarmos os marcos quantitativos do projeto e avançarmos também na reestruturação da universidade, discutindo os projetos pedagógicos, a estrutura administrativa, as formas de acesso e permanência, assim como o papel de uma universidade pública custeada pela sociedade. A UnB, desde a sua criação, sempre passou por dificuldades. Numa conjuntura de discussão quanto ao estatuto da universidade, que ocorrerá no Congresso Estatuinte e no processo da Conferência Nacional de Educação, que discutirá a estrutura e os rumos da educação, precisamos estar conscientes de nosso lugar na construção de uma outra universidade, e realizarmos essa luta nacionalmente, a partir de cada curso e de cada universidade. Acreditamos que a expansão do ensino superior público é possível e necessária, e que é papel dos estudantes universitários, em diálogo com outros setores da comunidade universitária e da sociedade em geral pressionar o governo para que se criem espaços de construção e reestruturação da universidade, expandindo-a com qualidade, excelência e democracia.

Yuri Soares FrancoEstudante de HistóriaCoordenador Geral do DCE

O que achamos deste conune?

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Neste último semestre de 2009, o CAD (Conselho de Administração da UnB) iniciou o processo de apreciação do pedido de recadastramento da Finatec, fundação de apoio à universidade; porém, este debate antecipa a necessária e inevitável reflexão sobre o papel das fundações públicas de direito privado nas universidades federais brasileiras, além da discussão quanto a uma suposta ilegalidade na vinculação de cargos executivos da universidade às direções de fundações privadas de apoio e do fato de docentes ocuparem cargos nessas fundações.

Elas intercedem dentro da instituição, na comercialização de serviços acadêmicos, cobrando para isso uma taxa administrativa. Foram criadas na década de 90, com o intuito de auxiliar projetos de pesquisa, ensino, extensão e desenvolvimento institucional de interesse das universidades federais. Para que ocorra o credenciamento que as vincule à universidade, as fundações devem apresentar uma série de documentos e a ata do conselho superior da entidade apoiada, concordando com o vínculo, que deve ser renovado a cada dois anos junto ao MEC.

A Constituição Federal prevê que as fundações de apoio às instituições de ensino público superior são de direito privado, submetidas às regras de direito civil, sem fins lucrativos; entretanto, como visto nos escândalos que envolveram a universidade no ano passado, esse preceito não é obedecido. Seria legalmente um patrimônio privado posto ao interesse social, mas a inversão que ocorre é notória, estando seus serviços orientados quase que exclusivamente para interesses outros que não os de uma instituição de ensino. Tais instituições valem-se do renome das universidades públicas às quais estão atreladas, além de se apropriarem de seus recursos humanos e materiais para efetivar os projetos.

É de conhecimento corrente o fato dessas fundações, por meio da cobrança de taxas administrativas e vendas de serviços, se tornarem milionárias, repassando via de regra para as universidades apenas 5% do total arrecado; ou seja, sua natureza legal já não condiz com a finalidade da oferta de uma educação pública, com autonomia para a produção de conhecimento, escondendo, na verdade, a prerrogativa aberta para que o Estado venha a se esquivar do seu dever de fomentar, com recursos próprios, a produção de conhecimento dentro das instituições.

O caso apreciado pelo conselho,

nesse primeiro momento, é ainda mais escandaloso: a parceria com a Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos) representa toda a falta de transparência e controle de recursos públicos envoltos neste tipo de sociedade com o setor privado. Servindo para burlar a lei de licitação e contratações, que em sua grande maioria é terceirizada e precária, é utilizada também como ferramenta política de controle e benefício de determinados grupos dentro da universidade.

Entre os argumentos daqueles que defendem a perpetuação destas relações está o de que apenas essas instituições, com caráter privado, seriam capazes de mobilizar o montante que a instituição pública demandaria. Argumentação essa que demonstra a má fé ou o desconhecimento de quem as pronuncia, uma vez que é de conhecimento comum o êxito de fundações públicas no apoio a outras universidades federais. O caso mais simbólico seria o da FUSP (Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo), que mobiliza uma grande quantidade de recursos, gerindo-os com excelência e proporcionando, além de incentivo e facilitação para que as pesquisas sejam efetivadas, atividades de apoio cultural, social e ambiental.

Porém, para muitos, a argumentação dos contrários à existência dessas fundações se ampara demasiadamente no plano da moralidade e transparência, não sendo economicamente vantajosa para a instituição – até por uma suposta dependência orçamentária da universidade junto às fundações. Sendo assim, vamos recorrer aos números; utilizarei, a título de comparação, o repasse financeiro das duas instituições citadas – FUSP e Finatec:

A primeira repassou à USP, no ano de 2008, cerca de R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais), cobrando uma taxa de administração de 5,5% do montante total arrecadado. A Finatec, por sua vez, dificulta o acesso da discriminação dos recursos repassados à Universidade de Brasília; os poucos disponibilizados pela própria fundação ao Conselho de Administração contabilizavam, no ano de 2008, o repasse de apenas R$ 750.000,00 (setecentos e

cinqüenta mil reais) para o fomento de pesquisa, a participação em congressos e o auxílio à publicação, mesmo tendo arrecadado em torno de R$ 87.000.000,00 (oitenta e sete milhões de reais).

DEMONSTRATIVO DAS REALIZAÇÕES DE APOIO À USP

DESCRIÇÃO 2007 2008Fundo de Pesquisa 867.899 859.000

Fundo de Cultura e Extensão 1.286.901 1.317.804Repasse às unidades da USP 1.584.951 3.540.428Bens transferidos para USP 2.127.955 1.601.443

Bolsas concedidas a estudantes 2.116.014 2.478.230Apoio social 109.920 62.554

Outros apoios à USP 1.597.303 1.883.2955% de taxa administrativa não

cobrada sobre Administração de Projetos com Órgãos Federais 195.928 168.953

Projeto Pequeno Cidadão 773.301 584.940TOTAL GERAL (A) 10.660.172 12.496.647

Recursos recebidos de projetos (B) 62.866.237 82.640.918Representatividade dos apoios à

USP em relação aos recebimentos (C = A/B)

17,0% 15,1%

Taxa de administração (D) 3.532.824 4.535.006Representatividade da taxa de

administração da FUSP em relação aos recebimentos (E = D/B)

5,6% 5,5%

Fonte: http://www.fusp.org.br/

Sendo assim, o movimento estudantil majoritariamente defende o não recredenciamento da Finatec e de qualquer instituição com o mesmo caráter político-legal; defende que o incentivo e a mobilização de recursos para estes fins seja responsabilidade da FUB (Fundação Universidade de Brasília), que possui todas as condições para gerir o mesmo, como bem mostra, por meio do gerenciamento de um dos centros de maior respeitabilidade no País, no que tange à promoção de concursos e seleções, o Cespe. Na última reunião do CAD, no início de julho, deliberou-se que oito integrantes do Conselho de Administração não poderiam votar por serem recém-empossados no conselho fiscal e superior da fundação, ou seja, estariam decidindo o recredenciamento de uma instituição à qual são filiados, caracterizando impedimento por conflito de interesses. Lembro que o impedimento está presente no texto da Lei n.º 9.784, que impede servidor público federal de participar de ato administrativo (no caso, o recredenciamento da Finatec) em que tenha interesse direto ou indireto na matéria. Decidiu-se, então, pela necessidade de um maior diálogo na universidade acerca do tema. A reitoria responsabilizou-se em elaborar seminários e grupos de debates no início do segundo semestre deste ano, para

que a comunidade acadêmica tenha um acesso maior aos fatos que circundam todo o vínculo da universidade com as fundações, para que, assim, os conselheiros possam vir a tomar a decisão mais acertada e amparada pela vontade de seus representados.

Fundações.Bruno Borges Ciências SociaisCoordenadoria de Integração Estudantil do DCE

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Há racismo no Brasil, uma vez que há racismo no mundo inteiro. É descabido falarmos em mais ou menos racismo, pois ele é inaceitável em qualquer nível, mas acredito poder afirmar que nosso país não é um dos mais racistas do mundo; porém, é complicado falar que a sociedade brasileira é racista. Fica parecendo que é uma característica do nosso povo. Não é. O pensamento racista não está arraigado por aqui. O fato de existirem brasileiros racistas não faz com que o racismo seja um traço da sociedade brasileira, assim como o fato de existirem brasileiros neonazistas não faz ninguém dizer que a sociedade brasileira é neonazista. O racismo é uma ideologia repugnante, segundo a qual a cor da pele ou a origem genealógica faz com que as pessoas sejam fundamentalmente diferentes umas das outras. É fácil, portanto, concluir que o racismo recusa a ideia de miscigenação, já que, para o pensamento racista, cada cor representa um grupo humano com suas características próprias, sendo então inconcebível que alguém faça parte de dois, ou mais, ao mesmo tempo. Ora, a miscigenação é um dos estandartes do Brasil. Temos orgulho de nossa cultura diversa, resultado da mistura entre os povos que aqui chegaram e chegam. Um país que abraça com tanto carinho a miscigenação não pode nunca ser considerado racista em sua essência, apesar de ter seus indivíduos e grupos racistas – que são numerosos, mas não caracterizam toda a sociedade. O sistema de cotas raciais parte de duas premissas equivocadas, a primeira delas racista. Segundo a primeira premissa, ou você é negro ou você é branco (ou melhor, “não negro”). Não haveria pardos, mulatos, cafuzos; ou melhor, haveria, mas seriam todos também negros. Como explicar isso? Como ignorar cinco séculos de construção da identidade nacional, relegando-os ao veredicto de uma comissão julgadora? Mais do que apenas uma classificação pelo falso conceito de “raças”, o sistema de cotas da UnB é uma forma de segregação, pois toma como base o pré-conceito da cor da pele para conceder tratamento diferenciado. A segunda premissa é igualmente perigosa. Ela faz crer que há empecilhos institucionais no caminho dos estudantes negros para o ingresso na universidade. Não há. Todos que prestam o vestibular pagam a mesma taxa, devem respeitar os mesmos horários, respondem às mesmas questões e estão sujeitos às mesmas normas de seleção. O fato de um(a) vestibulando(a) ser negro(a), por si só, não é determinante para minar suas chances de cursar o ensino superior. O sistema de cotas, ao criar um “vestibular-dentro-do-vestibular”, passa a impressão de que existem obstáculos regulamentares no caminho de determinados indivíduos de acordo com a cor da sua pele; o que não é verdade. Se há menos estudantes negros nas universidades (e isso é um fato real e verificável), é porque a maior parte da população das camadas sociais mais pobres é afrodescendente, e todos sabemos que os cidadãos brasileiros mais humildes são tratados como tudo, menos como cidadãos. Dependem de uma educação pública deficitária e incapaz de lhes dar o básico necessário para concorrer dignamente a vagas no ensino superior. Está aí o verdadeiro problema. É isso que deve ser mudado. O fato de os segmentos pobres da sociedade serem constituídos em grande parte por negros é parte da horrenda herança da escravidão, resultado de uma história que, infelizmente, não pode ser mudada. É compreensível que se tente fazer justiça, mas apegar-se a um método atravancado e mal concebido não é a solução. Ações afirmativas são bem-vindas, por serem a chave para abolir o racismo em todas as suas manifestações, mas é preciso analisar muito bem a aplicação desse tipo de medida na universidade, que é um espaço meritocrático, onde não cabe uma distorção do processo seletivo. É óbvio que a pluralidade é desejada no espaço universitário, mas ela só será legítima quando alcançada em um contexto de igualdade de tratamento e de condições.

Contra o sistema de cotas.Guilherme Oliveira,

Estudante do 7º semestre de Comunicação Social

É muito evidente que, embora haja momentos de confluência, a questão da população negra no Brasil não é unicamente socioeconômica, uma vez que esta mesma população carrega em seus corpos as marcas de uma história e de um presente de desumanização; corpos que são continuamente desqualificados por sua origem cultural e suas características. Os reflexos disso, não apenas ditos por mim, mas pelas estatísticas, evidenciam uma enorme ausência de pessoas negras em postos de poder/relevância/mídia/padrões hegemônicos, e a elevada presença dessas pessoas nos índices de marginalização. A mobilidade social no Brasil é dificílima, mas pode-se aumentar a renda; também troca-se de roupa, mas nunca de corpo. Não basta matemática financeira para resolver algo tão complexo e, ainda que ocorra uma revolução de valores que revejam esse fenômeno, são necessárias medidas emergenciais. Trata-se de vidas tolhidas; a lentidão de processos históricos arbitrários não dá conta da urgência dessas demandas de humanidade. Mesmo sanada a questão econômica – o que geralmente não ocorre e torna tudo ainda mais difícil –, as marcas da discriminação continuam a prejudicar a trajetória de quem passa por isto; não é uma natureza inferior, mas uma socialização inferiorizante, a questão é sociológica e não biológica – não custa reafirmar. É como se uma/um negr@ tivesse que correr uma maratona com toneladas nas costas, toneladas impostas, as toneladas do racismo; as cotas são uma espécie de corretor dessa distorção. O sistema de cotas é um sucesso e em todo o país tem formado profissionais excelentes e com o adicional da diversidade de origens culturais. Isso é fato irrefutável. Ganham @s cotistas, ganham as universidades, ganha-se em conhecimento, toda a sociedade se beneficia. Ações contrárias são mostras da reação de quem não enxerga o diferente como digno e quer manter a exclusão para assim também manter privilégios. Tod@s @s cotistas são aprovad@s no vestibular; não há critérios facilitadores, há apenas concorrência específica: negr@s concorrem com negr@s dentro daquele percentual de vagas; as provas e os critérios são os mesmos. E, mesmo assim, além do mérito da prova, pessoas negras, assim como outras pessoas de grupos preteridos, possuem o mérito de uma trajetória de superação. Há menos de 150 anos o Brasil mantinha senzalas e ainda hoje as mantém em seus padrões de exclusão desumanizadora. Não há esforço individual capaz de ignorar a força das condicionantes de origem estrutural. As cotas são importadas dos EUA? Absolutamente não, e ainda que fossem, importa-se tudo, moda e teorias científicas, inclusive vícios e dominação, por que agora é errado importar medidas positivas? Não há importação e sim esforço transnacional conjunto e adaptado à realidade de cada país; o Brasil é signatário de acordos internacionais que prevêem essas medidas e que aqui representam força de lei. Não há aí inconstitucionalidade, mas reparação de uma dívida histórica. Cotas mudam imagens, possibilidades profissionais, padrões culturais, dinâmica de espaços de poder; criam novas combinações intelectuais a partir da proximidade de pessoas antes apartadas, podendo, inclusive, gerar novas ideias e resoluções; afetam toda uma estrutura e não apenas sujeitos individualizados, levam a sociedade a rever suas regras e a experimentar o poder de nelas intervir; não desqualificam outros grupos ou outras questões – antes, abrem espaço para a ampliação da noção de igualdade em todas as formas que esta pode assumir –; não excluem outras medidas, como a melhoria do ensino no geral ou a distribuição de renda, mas fazem parte desse esforço conjunto para a superação das desigualdades de todas as origens. Nada disso é fácil de ser alcançado, assim como não é fácil dar continuidade ao atual estado das coisas. Para coabitarmos este mundo não há saídas possíveis fora do esforço de transformação.

Em prol das cotas para a população negra nas universidades.Natália Maria Alves MachadoEstudante de Ciências SociaisFórum de Mulheres Negras do DF – FMN/DF

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“De quem depende que a opressão prossiga? De nós. De quem depende que ela acabe? Também de nós. O que é esmagado, que se levante! O que está perdido, lute!” (Bertold Brecht) Em tempo de volta às aulas, somos forçados a refletir sobre uma prática infelizmente presente no ingresso de novos estudantes à universidade: o trote tradicional. Requentada por uma tradição que se arrasta há centenas de anos, a prática do trote é uma violência à cultura democrática da universidade e deve ser combatida de maneira firme pelo movimento estudantil. Longe de ser uma brincadeira, a imposição de humilhantes condições aos calouros compõe um ambiente universitário onde a cultura da violência é perpetuada e a existência de dominantes e dominados é vista como natural. Além disso, é lugar-comum que a prática do trote acompanhe e reforce manifestações de machismo, racismo e homofobia nas universidades. No trote, a desigualdade e a hierarquia são legitimadas na relação

Bruno EliasDiretor da União Nacional dos Estudantes na gestão 2007/2009.

Estudantes não são “bixos

estabelecida entre veteranos (“superiores”) e calouros (“inferiores”). Esses últimos, considerados “bichos” a serem “trotados” e domesticados, são submetidos a toda sorte de violência física e psicológica. Lamentavelmente, como num ciclo vicioso, parte dos explorados de hoje serão animados opressores dos calouros de amanhã. Por sua vez, a ideia de que o trote promove a integração dos estudantes à universidade não é amparada pela realidade. Como bem afirma o professor Paulo Denisar Vasconcelos, em “A violência no escárnio do trote tradicional” (Santa Maria, UFSM, 1993), o trote seria um rito de passagem, de iniciação à vida universitária às avessas, por representar valores contraditórios quanto aos valores humanistas próprios de uma universidade. Romper com essa cultura entranhada na academia é algo indispensável para a construção de uma universidade que tenha sua formação e produção de conhecimento orientada por valores emancipadores e voltados para o interesse das maiorias. É tarefa a ser assumida por todos os setores progressistas da universidade, menos dependentes da lógica punitiva de novas leis ou medidas disciplinares internas, atualmente propostas no Congresso

Nacional e nos Conselhos Superiores de algumas instituições. A recepção dos calouros deve ser encarada pelo movimento estudantil como uma manifestação política e cultural, de integração do estudante à vida da universidade e deste com a comunidade que lhe abriga, a partir de valores humanistas e solidários. Trata-se de um momento privilegiado de combate à reprodução da violência física e simbólica presente no trote tradicional e uma oportunidade para apresentar o movimento estudantil, as suas entidades e lutas, despertando o interesse de participação entre os novos estudantes.

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Calourada UnB 2˚/2009 Esse semestre vai começar agitado: exposições, oficinas, debates, festas e ainda um acampamento na universidade. Essas são atividades da Calourada da UnB, que acontecerá do dia 25 ao dia 30 de Agosto e tem como principal objetivo fazer com que os novatos levem a vivência universitária a sério, aproveitando tudo que a universidade tem a oferecer, muito além das salas de aula. Agora é a hora dos veteranos acolherem seus calouros e mostrarem algumas das possibilidades da vida universitária, como movi-mento estudantil, projetos de extensão, Pro-IC, Empresas Juniores, comer no R.U e tudo mais. A Calourada vai agitar o semestre com espaços para discussões sobre a universidade, movimento estudantil, meio ambiente, diversidades, ações afirmativas e outros temas interessantes. Além disso, não faltarão atividades culturais para todos se integrarem e fazerem novas amizades, como os Happy Hours, a grande festa da Calourada UnB e o inédito Acampamento da Calourada(dia 27). Faça logo sua inscrição! Lá vamos ter festas, Futebol de Sabão, Gincana, Volei, Oficinas e muito mais! Outro evento que vai mobilizar toda nossa comunidade acadêmica é a 3ª edição do Trote Solidário da UnB. O Trote Solidário acontecerá na sexta-feira (28) da semana da Calourada. É uma grande ação social, na qual levaremos muita diversão, conscientização e amparo para crianças do CAIC B. Sayão da Ceilândia. Várias atividades estão programadas: gincanas, oficinas, museus, exposições cientificas e muitas brincadeiras. Participe desse projeto. Além de se divertir, e levar a Universidade para além dos seus muros, você vai conhecer outrxs calourxs e veteranxs comprometidos com a construção de outra realidade social Envolva seus calouros e calouras do seu curso e participe!

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Conferência Livre na UnB!

A Comunicação é um direito de todxs, exercido diariamente a partir das relações interpessoais e sociais, e que deve ser ga-rantido. Esse direito não serve apenas para proporcionar o diál-ogo, mas também contribui para reivindicar e assegurar outros direitos básicos como a saúde, educação, alimentação e mora-dia. O acesso à informação, gerado pela Comunicação, permite fiscalizar as ações do governo. Produções audiovisual, impressa e online servem como mecanismo de denúncia e cobrança do poder público. Para garantir a participa-ção plural na Comunicação e o acesso a direitos humanos faz-se necessária, contudo, a modi-ficação das estruturas de aces-so aos meios de Comunicação atuais. Deve ser permitido que mais pessoas possam produzir conteúdos. A lógica de que so-mos apenas receptores precisa ser quebrada, pois essa visão é totalmente desconexa com o novo período que vivemos: da interatividade e convergência das mídias, e das áreas do con-hecimento. No Brasil, os principais espaços formais de Comunica-ção como o Rádio e a TV ab-ertos também são restritos aos interesses de poucos. São eles, inclusive, que influenciam o de-senvolvimento de políticas públicas no país e contribuem para a ausência de uma política nacional de Comunicação coerente com os princípios constitucionais de valorização da cultura e regional-ização do conteúdo. Apesar desse cenário negativo, movimentos sociais de comunicação e de outras lutas se juntaram para reivin-dicar uma participação mais efetiva da sociedade na Comunica-ção brasileira. Graças a esse árduo esforço, recentemente o Gov-erno Federal anunciou a realização da 1ª. Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá em dezembro de 2009. A Conferência será voltada para o debate e consolidação

Jeronimo Calorio PintoEstudante de Comunicação SocialMembro do CACOM

de diretrizes que orientarão o rumo da Comunicação do Brasil. Mas só a realização da Conferência não basta. Para que o processo seja efetivo, é preciso que a sociedade se mobilize e ocupe todos os fóruns possíveis de discussão. Vale lembrar que há interesse dos controladores da “grande mídia” em manter o cenário atual ou restringi-lo ainda mais. Dessa forma, mais movimentos sociais, grupos e indivíduos podem dar suas contribuições (de acordo com

seu perfil de mobilização), para que a democracia prevaleça na Conferência. Quem ansiava por uma oportu-nidade de dar a sua crítica, elogio, sugestão e voz sobre a comunica-ção no Brasil vai ter a sua opor-tunidade! Na segunda metade de setembro, será realizada uma Conferência Livre de Comunica-ção na UnB. As Conferências Livres configu-ram parte do processo para a 1ª Conferência Nacional de Comuni-cação (CONFECOM), que acon-tecerá em dezembro deste ano. Elas são um espaço de acúmulo importante para que se chegue às conferências estaduais e distritais com certa profundidade nos temas

abordados. A CONFECOM este ano contará com setores da sociedade civil, dos empresários e do governo. Cada um está se mobilizando como pode para levar suas contribuições em um evento que já vem há anos para acontecer, e desencadeou uma grande discussão so-bre a importância da mídia como influenciador da sociedade atual. Na UnB não será diferente. Serão realizados painéis, segui-dos de grupos de trabalho para se discutirem melhores os temas. A partir deste debate acumulado, serão encaminhadas sugestões, que serão analisadas e aprovadas em plenária final. Todos, sejam do setor de comunicação ou não, podem e devem participar deste processo. Dentre os temas abordados, podemos encontrar TVs uni-versitárias, políticas de comunicação, criminalização dos movi-mentos sociais, monopólios da mídia, rádios comunitárias ou livres e muitos outros. A organização do evento também se dará de forma plural. Para a realização do evento, se disponibilizaram o Projeto de Co municação Comunitária, o Laboratório de Políticas de Comunica-ção, os Centros Acadêmicos de Direito e de Comunicação Social da UnB, o Projeto Dissonante, a rádio livre Ralacoco, o Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães a Executiva Nacio-nal dos Estudantes de Comunicação Social somados a alguns es-pecialistas na área. O intuito é que esses colaboradores não só organizem estruturalmente a conferência, mas participem na facili-tação dos debates também. É válido lembrar que conferências são importantes espaços de conexão entre sociedade civil e governo, para o incentivo de políticas públicas e de reflexão. A Conferência Nacional de Comu-nicação em especial foi uma demanda não só dos setores de co-municação, mas de todos os movimentos sociais, tendo em vista a larga abrangência e importância que esse assunto tomou nos dias de hoje. Fazer e receber comunicação são direitos humanos. Mas não basta idealizarmos nossos planos, temos de difundi-los. A Con-ferência Livre vem no sentido de trazer essa difusão para perto da sociedade como um todo.

Para saber mais informações sobre o que é, a quantas anda e como

participar da conferência nacional de comunicação:

www.proconferencia.org.br

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É difícil pensar que Brasília começou bem. A não ser que você passeie de carro pela auto pista que cruza a cidade, trabalhe nos prédios monumentais da esplanada e/ou viva da especulação imobiliária e outros negócios, tal como os nossos governadores, você não foi recebido calorosamente por aqui. Primeiro aqueles e aquelas que levantaram a cidade com trabalho sobre-humano e semiescravo foram expulsos(as) para bem longe. Depois, cada vez mais, essa expulsão passou a ser feita não apenas de maneiras explícitas, como com a criação de Campanhas de Erradicação de Invasões (nossa querida C.E.I.lândia), mas de maneiras mais sutis, como as tarifas altíssimas e os horários restritos do transporte coletivo do DF, que são ótimos exemplos da lógica desta cidade. Tanto governos declaradamente de direita, como governos ditos progressistas, trabalharam em prol desse projeto sucessivamente, ano após ano; a cidade foi recriada para gerar mais lucros, consolidando seu funcionamento burocrático, racista e machista, excluindo de seus centros (de poder, de lazer, de serviços) todos aqueles(as) que não se encaixassem em seu ideal branco, rico e masculino. O transporte coletivo exerceu – e exerce – papel fundamental nessa história toda. O nosso direito de ir e vir foi, desde sempre, vendido para os empresários que

compram suas mansões, bichos exóticos e carros importados com aquele suado dinheiro que entregamos à cobradora antes de passar na catraca. Sem contar que nem mesmo se quiséssemos pagar o absurdo preço das passagens poderíamos voltar de ônibus para casa depois de certa hora, já que o toque de recolher está aí, presente, firme e forte. Portanto, vemos o transporte entregue ao controle de empresários que não querem nada além do lucro. E, para isso, vão transformar a vida das(os) usuárias(os) e trabalhadoras(res) do transporte na pior das vidas, para que possam ganhar dinheiro e investir em novos negócios – principalmente nas eleições. Com esse intuito transformam Brasília na cidade ideal para os carros e para quem os tem. Hoje, o transporte coletivo é uma mercadoria, organizada e controlada por mafiosos. Felizmente, aqueles e aquelas que não

participam desse ideal de cidade também se organizam e, por sinal, muito bem. Foi graças a lutas históricas e mobilizações dos movimentos sociais e comunitários que Brasília é, apesar de tudo, sobrevivível, e que essa lógica cretina de segregação não se impôs sobre nós com ainda mais peso. É por esse caminho, que nós chamamos de luta, que: terras foram conquistadas para moradia; cidades criadas a quilômetros de distância passaram a ter água, luz e escolas; o vale transporte e a meia passagem foram implementados; o passe livre esta sendo citado o tempo todo como se todos fossem a favor desde sempre. É pelo caminho da organização, da ação direta, que nós todas e todos, que participamos dos distintos movimentos sociais de Brasília, temos criado “na marra” o nosso Direito à Cidade, que é o direito não só de usufruir dos serviços urbanos, mas de decidir e gerir o espaço em que vivemos, de acordo com as nossas necessidades e vontades, no rumo oposto ao do lucro. Nós, do Movimento Passe Livre, acreditamos que uma das vias para reconstruir essa cidade como nossa é a transformação do transporte em bem público. Hoje em dia nós pagamos pela nossa mobilidade como pagamos por qualquer outra mercadoria. A nossa proposta, a TARIFA ZERO, é que o transporte seja pago indiretamente, por meio de impostos dos mais ricos – como tudo que é direito e verdadeiramente público. Cansamos de discutir os aumentos da tarifa; agora queremos discutir a própria tarifa. É com essa bandeira que agora seguimos nessa longa caminhada, aquela que nossos antepassados(as) têm trilhado desde muito tempo: a de construir uma cidade vinda de baixo.

se transporte é um direito, tarifa zero é o caminho!MPL - Movimento Passe Livre

A questão da segurança, infelizmente, tornou-se presente na vida de todos. No campus Darcy Ribeiro já foram confirmados diversos arrombamentos de carros, furtos e sequestros, gerando uma onda de insegurança. Além disso, a situação no campus de Planaltina e da a comunidade que está inserido, a Vila Nossa Senhora de Fátima, passa por sérios problemas. Lá, estamos sujeitos a estupros e assaltos a mão armada. Além disso, sabemos da onda de

insegurança que existe em diversas regiões do Distrito Federal, em função da total falta de políticas públicas em diversas cidades-satélites, e nos seus arredores. Todos esses problemas não passam despercebidos pelo DCE que, dentro dos seus limites, tem atuado e visto os problemas dentro de todos os campi. Antes de mais nada, parabenizamos a proatividade dos alunos da FA e de Planaltina, que buscaram soluções para o problema e apresentaram propostas. Acreditamos na necessidade da criação do Conselho de Segurança que permita uma discussão por toda comunidade acadêmica para a resolução dos problemas. No entanto, é bem clara a necessidade do aumento de pessoal na segurança, bem como do aumento de viaturas e rondas dentro dos estacionamentos, impedido

A questão da segurança.Raduan MeiraEstudante de Relações InternacionaisCoordenadoria de Integração Estudantil

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furtos e assaltos. Além disso, algo urgente é o aumento da iluminação por todo o Darcy Ribeiro, especialmente nas áreas entre a L3 e a L2, que ficam totalmente escuras, causando insegurança aos alunos que estão a pé. Em relação à controversa questão da atuação da polícia militar no Campus, nos consideramos que há capacidade da universidade lidar com a questão de forma independente. No entanto, estamos certos de que a questão de Planaltina é uma questão de políticas públicas. Dessa forma, consideramos de altíssima urgêcia a construção de um posto comunitário na entrada da Vila Nossa Senhora de Fátima e a instalação imediata de uma ronda até o final da construção do posto. Dessa forma é garantida uma manutenção do estudante de forma segura dentro da universidade.

Brasília possui

cerca de um carro para cada

dois habitantes!

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A universidade de Brasília possui hoje quatro campi distintos, localizados nas cidades do Plano Piloto, de Ceilândia, de Planaltina e do Gama. A UnB apresenta problemas relativos à assistência estudantil , como péssimas condições de moradia, problemas relativos à mobilidade inter-campi. Os campi vivem cada um a seu modo realidades distintas dos demais, o que, juntamente com a falta de transporte inter-campi, dificulta seu processo de integração. A UnB iniciou suas atividades no campus do Plano Piloto. Ele é sede de órgãos responsáveis pela gestão da universidade, além de fundações de apoio à instituição, como Finatec e Ceftru. A diretoria da universidade funciona no campus do Plano piloto, assim como os conselhos da universidade, salvo raras exceções. É o único que apresenta RU e casa do estudante, precisando de reforma; amplo espaço físico, currículos p r o n t o s , sofrendo poucas alterações. Ele apresenta uma relação distante com quanto à c o m u n i d a d e , que o circunda formando quase uma cidade à parte, no meio do Plano Piloto. A universidade viu, com o tempo, a necessidade de construir novos campi, que estivessem mais próximos das cidades–satélites; elaborou, então, um plano de expansão baseado em um estudo socioeconômico. O plano serviu de base para a construção de novos campi, localizados no centro de regiões geográficas. Surgem então os campi localizados nas cidades do Gama, de Planaltina e de Ceilândia. O primeiro campus da Universidade de Brasília fora do Plano Piloto, localizado no centro de uma região geográfica, foi o campus de Planaltina, localizado na Vila Nossa Senhora de Fátima, na Área Especial n.º 1. Ele iniciou seu funcionamento no primeiro semestre de 2006. Os campi do Gama e de Ceilândia, iniciaram suas atividades no segundo semestre de 2008. Com exceção do campus do Gama, os novos campi apresentam fortes laços com a população localizada no seu entorno. O de Planaltina desenvolve sua relação com a comunidade na busca de resolver um dos principais problemas, que desde 2007 vem atingindo o campus.

Ceilândia vem desenvolvendo iniciativas no sentido de oferecer melhores condições de saúde à população, assim como mercado de estágio para os seus estudantes. Apresenta, ainda, inter-relação motivada pela carência de espaço físico, incentivando o uso de instalações de uma escola pública localizada próxima ao campus. O campus de Ceilândia não é o único a apresentar carência de espaço físico. Os outros também apresentam dificuldades relativas ao espaço. O do Gama expandiu suas atividades no prédio do fórum, onde está localizado temporariamente.

Os campi, seus problemas e suas diferentes realidades

Emanuel Holanda BarrosoEstudante de Gestão do AgronegócioCoordenadoria Integração Estudantil

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O de Planaltina é o único que possui espaço permanente; contudo, apresenta dificuldades para expandir seu campus. Motivado pela carência de espaço físico, organiza suas atividades no sentido de aproveitá-lo melhor. Os campi descentralizados, além da carência de espaço físico, apresentam também dificuldades relativas a políticas de assistência estudantil, como RU e casa do estudante universitário, de integração com os demais campi, de um currículo pronto. Os novos campi contam com algumas políticas de apoio ao estudante, para os alunos de menor poder aquisitivo: bolsa permanência e bolsa suplementar de R$ 240,00 para alimentação. O oferecimento de uma alimentação mais barata, bem como a construção de uma moradia estudantil estão em estudo para os novos campi. Há duas comissões em funcionamento: uma para debater a política de alimentação, e outra para debater a política de moradia. Os campi da universidade passam por um processo de mudança no seu espaço físico, e de contratação de funcionários, desencadeados pelo processo de expansão acelerada. Gama e Ceilândia passam por um processo de construção de uma sede

definitiva, enquanto os demais passam por um processo de expansão do seu espaço físico. O processo de expansão acelerada vivido pela universidade é desencadeado pelo plano de reestruturação e expansão das universidades públicas, o Reuni, que começou a ser implementado na universidade no ano passado.

Os campi vivem diferentes realidades, o que faz com que cada um se isole – o que piora com a falta de um transporte i n t e r - c a m p i . Eles não devem esquecer, contudo, que enfrentam p r o b l e m a s comuns, como a política de

assistência estudantil insuficiente. O fortalecimento da política de assistência estudantil será alcançado mais facilmente com a união dos campi, nesta luta. Por isso, visite campi diferentes do que você está matriculado. Faça matérias lá; com certeza há matérias que podem ser um diferencial no seu currículo, além

de amig@s ou, quem sabe, seu par perfeito.

E você? Quais outros problemas

e soluções consegue enxerga para a melhoria

dos campi? Mande um e-mail para

[email protected]

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E você? Quais outros problemas

e soluções consegue enxerga para a melhoria

dos campi? Mande um e-mail para

[email protected]