Jornal edição 4

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Ano XVII | n o 4 | #56 Outubro, Novembro e Dezembro de 2014 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Homenagem ao mestre Adib Domingos Jatene Censo revela retrato da Cardiologia Intervencionista As novidades do Congresso SBHCI 2014

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- Homenagem ao mestre Adib Domingos Jatene - Censo revela retrato da Cardiologia Intervencionista

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SBHCI – Out/NOv/Dez De 2014 – 1

Ano XVII | no 4 | #56Outubro, Novembro e Dezembro de 2014

Publicação trimestral da Sociedade Brasileirade Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Homenagem ao mestre Adib Domingos Jatene

Censo revela retrato da Cardiologia Intervencionista

As novidades do

Congresso SBHCI 2014

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Palavra do Presidente

Deixo aos nossos sócios os mais sinceros votos de Feliz Natal e um 2015 próspero, de conquistas e trabalho contínuo

Um ano de realizações para a Cardiologia

IntervencionistaCaros colegas, este ano foi mar-

cado por muito trabalho e saldo bastante positivo.

É importante destacar que estamos avançando para concretizar uma antiga reivindicação da especialidade: o Regis-tro Nacional de Implantes (RNI).

Há alguns anos carecemos de es-tatísticas fidedignas das intervenções coronárias. Reconhecemos que houve um trabalho intenso da Central Nacio-nal de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), que se iniciou em 1993, cujo objetivo principal, composto exclusiva-mente por contribuições voluntárias, era centralizar os dados das informa-ções acerca dos procedimentos inter-vencionistas realizados no Brasil,

Com isso, uma contradição foi criada: como exigir obrigatoriedade de uma contribuição espontânea?

Após reuniões com o ministro da Saúde Arthur Chioro, com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), detalhadas em uma de nossas reportagens, chegamos a um projeto piloto que será implemen-tado em sete hospitais com caracterís-ticas diversas em todo o País.

Outra conquista foi a realização de nosso Censo: os dados oficiais também estão nesta edição do Jornal da SBHCI. É fonte preciosa de informações sobre as necessidades profissionais em nossa especialidade, o perfil do intervencionis-ta brasileiro e as condições dos centros hospitalares pelo Brasil.

Prosseguimos com nossas campanhas sociais: Coração Alerta e Jovens Cora-ções. Estão caminhando muito bem no que tange ao esclarecimento da socieda-de civil e médicos generalistas. Há ainda

muito a avançar: nosso foco é o reco-nhecimento do implante por cateter de bioprótese valvar aórtica pelo Ministério da Saúde e sua inserção no rol de proce-dimentos da ANS, por intermédio do pa-recer da Comissão Nacional de Incorpo-ração de Tecnologias no SUS (CONITEC).

Aproveito ainda para registrar que a SBHCI terá sua história retratada em um livro, que também será videobook, em razão de seus 40 anos. Para o desenvolvi-mento da publicação, realizamos cerca de 30 entrevistas, entre ex-presidentes, presi-dentes de Congressos e todos os colegas que tiveram participação na construção e no fortalecimento da Cardiologia Inter-vencionista. Será uma obra histórica, o que torna o momento único para documentar tudo o que aconteceu, com a maior fideli-dade, desde sua fundação em 1975 como um Departamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia até se tornar a Sociedade que conhecemos hoje. O lançamento do livro acontencerá em nosso Congresso de 2015, que será realizado no Hotel Gol-den Tulip Brasília Alvorada, data em que a SBHCI chega ao seu 40o aniversário.

Outro bom fruto de 2014 será a atua-lização de nossa Diretriz de Intervenção Coronária Percutânea, já pronta, que será homologada em uma reunião plenária de cardiologistas intervencionistas e clínicos do Brasil inteiro no início de fevereiro.

Deixo a nossos sócios os mais sinceros votos de Feliz Natal e um 2015 próspe-ro, de conquistas e trabalho contínuo. Abraços!

Hélio RoquePresidente da SBHCI

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SBHCI – JuL/AGO/Set De 2014 – 3

Índice

SBHCI – JAN/Fev/MAR De 2014 – 3

Conselho editorial: SBHCI – www.sbhci.org.brHélio Roque Figueira (RJ): PresidenteSalvador André Bavaresco Cristovão (SP): Diretor-administrativoAndré Gasparini Spadaro (SP): Diretor de Comunicação Luciana Constant Daher (AL): Editora Fábio Augusto Pinton (SP) e Breno Oliveira (SP): Coeditores

Equipe técnica: Acontece Comunicação e NotíciasJornalista responsável: Chico Damaso – MTB 17.358/SPDireção de arte: Giselle de Aguiar PiresTiragem: 2.000 exemplares Circulação: Em todo o território nacional

AconteceAconteceFone: (11) 3871-0894 | [email protected]

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refl etem necessariamente a opinião da SBHCI.

#5604/2014

FSC - P3

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CIENTÍFICO

CONGRESSO 2015Transmissão de casos será

um dos destaques da edição

INTERNACIONAL

COOPERAÇÃO ENTRE CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA DO BRASIL E DE PORTUGALAcordo foi celebrado em reunião com a APIC

ESPECIALIZAÇÃO

CURSO DE REVISÃOPalestrantes apresentaram os

conceitos básicos da especialidade

EM FOCO

HOMENAGEM A ADIB JATENECardiologista deixa sua marca

na história da Medicina

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

EDUCAÇÃO CONTINUADA EM FOCOBalanço sobre as ações de

2014 e previsões para 2015

TREINAMENTO

NOVOS CENTROSInstitutos são aprovados para

treinamento em Hemodinâmica

RAIO X

CENSO SBHCIPerfi l do cardiologista intervencionista do Brasil

PONTO DE VISTA

DENERVAÇÃO RENALCom a palavra Marco Vugman Wainstein,

do Hospital Moinhos de Vento

ESPECIAL

HISTÓRIA DA SOCIEDADELivro será lançado em celebração

ao 40o aniversário da SBHCI

PARCERIA

SBHCI E ANVISAUnindo forças pelo desenvolvimento do RNI

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cientÍfico

As novidades do

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QUalidade Na pauta estarão temas como implante por cateter de

bioprótese valvar aórtica (TAVI, do inglês Transcatheter Aortic-Valve Implantation), soluções percutâneas para insu-ficiência mitral e cardiopatias congênitas. “Daremos ênfase à discussão da aplicação dos stents bioabsorvíveis, recen-temente aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para uso clínico”, diz Alexandre Abizaid, diretor científico do Congresso.

Abizaid também adianta que a transmissão de casos na-cionais e internacionais será um dos destaques do encontro. “Teremos casos ao vivo transmitidos diretamente do Bern Uni-versity Hospital, em Berna, na Suíça, com a participação de Ste-phan Windecker, e do Sankt Katharinen Hospital, de Frankfurt, na Alemanha, com a participação de Horst Sievert. No Brasil, os casos serão transmitidos a partir do Hospital do Coração do Brasil, do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal e do Hos-pital Brasília, em Brasília (DF).”

Entre os palestrantes internacionais convidados, destacam--se Ajay J. Kirtane, do Columbia University Medical Center e New York-Presbyterian Hospital, dos Estados Unidos; Corrado Tamburino, do Ospedale Ferrarotto/Università di Catania, na Itália; Eric Horlick, do Peter Munk Cardiac Centre/University of Toronto, no Canadá; Matthew Gillespie, do Children’s Hospital of Philadelphia, nos Estados Unidos; Paul Teirstein, do Prebys Cardiovascular Institute, nos Estados Unidos; e Rui Anjos, do Hospital Santa Cruz, em Portugal.

laZer O presidente do Congresso SBHCI 2015, Edmur Carlos de

Araujo, garante que, além de ter acesso a uma atividade científica de padrão internacional, os congressistas poderão

De 8 a 10 de julho de 2015, o Hotel Golden Tulip Brasília Alvorada, em Brasília (DF), sediará o Congresso da SBHCI,

considerado um dos maiores encontros científi cos nacionais de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Reunirá especialistas renomados e apresentará os principais avanços na especialidade

desfrutar de momentos de lazer em Brasília. “Escolhemos um lugar bastante especial da cidade para a realização do Congresso, pois queremos que os colegas possam trazer a família. O Hotel Golden Tulip Brasília Alvorada é muito agra-dável, tem vista para o lago, dispõe de piscina e é muito bem localizado. Vale ressaltar que Brasília possui a terceira maior malha aérea do País, o que facilita o deslocamento de especialistas oriundos de todos os estados.”

Haverá momentos bem especiais para curtir e aproveitar o clima de bom astral com os amigos. Destaque para a festa de confraternização, que provavelmente acontecerá no segundo dia de Congresso.

“Queremos que esse seja um momento de interação marcan-te, de troca de experiências e de encontro com pessoas queri-das”, ressalta o presidente.

Será dada ênfase à discussão da

aplicação dos stents bioabsorvíveis,

recentemente aprovados pela ANVISA

para uso clínico

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internacional

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Cardiologia Intervencionista do Brasil reforça cooperação com Portugal

Hélio Roque Figueira, ladeado por palestrantes de alto nível, participa de coordenação das mesas

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Encontro da APIC reuniu intervencionistas portugueses com salas cheias

Marco Costa, presidente da Comissão Científica do evento, Hélio Roque Figueira e Hélder Pereira, presidente da APIC

Ao som de música ambiente, congressistas aproveitam o intervalo para maior integração

A SBHCI pretende apostar mais no intercâmbio com a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascu-lar (APIC). A vontade foi manifestada por Hélio Roque

Figueira, presidente da SBHCI, durante a 5a Reunião da APIC realizada em 23 e 24 de novembro, no Montebelo Viseu Hotel, em Viseu (Portugal).

“Já tivemos uma primeira reunião de trabalho com a APIC, na qual foram delineados alguns interesses em comum, es-pecialmente em relação aos registros de doença coronária, que, em Portugal, estão mais avançados que no Brasil”, afir-ma Roque Figueira, que destaca ainda o desejo de estabele-cer um intercâmbio de jovens cardiologistas intervencionis-tas entre Portugal e Brasil. “Por aqui temos grandes centros de referência, com volumes de procedimentos muito altos”, diz, argumentando que em Portugal existem 70 a 100 cardiolo-

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Para o presidente da SBHCI, a Cardiologia

Intervencionista talvez seja a especialidade médica que mais se desenvolveu

nos últimos anos

APIC integra Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Campanha Coração Alerta vira destaque do encontro

A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovas-cular (APIC) é, segundo José Silva Cardoso, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), “um dos componentes mais ativos” da SPC.

“A APIC coordena um notável registo de Cardiologia de Intervenção com relevância a nível europeu. Além disso, tem-se envolvido em múltiplas ações de inter-venção junto do público, dos doentes e dos gestores políticos no intuito de colaborar com a promoção da saúde cardiovascular dos portugueses”, destaca.

Durante a 5a Reunião da Associação Portuguesa de In-tervenção Cardiovascular (APIC), Hélio Roque Figueira, pre-sidente da SBHCI, fez uma explanação sobre a campanha Coração Alerta, iniciativa da SBHCI e da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Mostrou que no Brasil cerca de 10% dos pa-cientes iniciam um quadro de infarto sem nunca apresen-tarem dor alguma ou com sintomas menos característicos, fato que é mais comum em diabéticos e em mulheres.

Isso faz com que os médicos tenham preocupação ainda maior nesses dois grupos, que, além de possuírem menor grau de sintomas, são considerados pacientes de mais alto risco de gravidade.

Aliás, de acordo com informações do site Coração Alerta, o infarto do miocárdio é consequência da obstrução de uma artéria coronária por um coágulo de sangue sobre a placa de gordura que estava em sua parede, impossibilitando que uma quantidade suficiente de sangue chegue até aquela área do músculo cardíaco. A primeira pista de que a pessoa pode estar sofrendo um infarto é o grande desconforto cau-sado por uma dor intensa sentida no centro do peito.

O cateterismo cardíaco (introdução de um cateter que ca-minha de uma artéria periférica até o coração para que haja

José Silva Cardoso

injeções de contraste com o intuito de obter imagens em raios X) é o tratamento mais eficiente para o infarto. Atra-vés das imagens é que se identifica a presença das placas de gordura e o local de obstrução da artéria.

Presidente da SBHCI apresenta iniciativa de sucesso durante evento

gistas intervencionistas e no Brasil são cerca de mil.Para o presidente da SBHCI, a Cardiologia Intervencionista tal-

vez seja a especialidade médica que mais se desenvolveu nos últimos anos e continua a apresentar “novas” e “surpreendentes” tecnologias a cada ano. Isso leva a “uma luta constante na aquisi-ção e implementação dessas novas tecnologias, seja no âmbito da saúde suplementar, seja no Sistema Único de Saúde”.

esPanhaNa mesma viagem, Roque Figueira participou também do

Simpósio Ibero-Americano, declarando sua esperança de que esse tenha sido o primeiro de uma série de encontros a serem realizados em conjunto com Portugal e Espanha.

Além da SBHCI e da APIC, esse simpósio envolveu a associação espanhola Sección de Hemodinámica y Cardiología Intervencio-nista de la Sociedad Española de Cardiología, representada por seu secretário-geral, José Ramón Rumoroso.

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esPecialiZaÇÃo

A SBHCI realizou em 23 e 24 de outubro de 2014, no Hotel Pullman São Paulo Ibirapuera, na capital paulista, mais uma edição do Curso Anual de Revisão em Hemodinâmi-

ca e Cardiologia Intervencionista. Com um público de 97 inscri-tos, 38 palestrantes dedicaram-se a rever os conceitos básicos e fundamentais da especialidade.

“Tivemos sucesso de audiência, com impressão positiva do público. Recebemos muitos elogios do local escolhido, que aco-lheu a todos com conforto. Contamos, ainda, com a participação de médicos de todo o Brasil, assistindo aulas interessantes e es-senciais, que cobriram todos os aspectos da Cardiologia Inter-vencionista e da Hemodinâmica com clareza”, comenta Alexan-dre Antonio Cunha Abizaid, diretor científico da SBHCI.

Ainda segundo Abizaid, a característica marcante do cur-so é aliar didática e ensino, de modo a contribuir com a for-mação e a atualização dos cardiologistas intervencionistas. Enquanto o Congresso tem abordagem mais vanguardista e prática, o curso traz temas desde a proteção de raios X até a introdução de novos dispositivos.

No primeiro dia de atividades, dia 23, foram três módulos prin-

Curso Anual de RevisãoAlexandre Abizaid

ministra palestra em uma das aulas do Curso

Rafael Silva, José Armando Mangione, José de Ribamar Costa Jr., Alexandre Abizaid e Marinella Centemero compõem uma das mesas

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cipais, intitulados “Farmacologia e dispositivos adjuntos e stents coronários”, “Intervenção percutânea nos defeitos estruturais e congênitos do coração” e “Proteção radiológica e novas tecnolo-gias”, debatidos em 14 sessões.

Já no dia 24, os participantes contaram com cinco módulos, distribuídos em 28 aulas, abordando temas como “Fundamen-tos do exame diagnóstico e intervencionista”, “Métodos adjuntos diagnósticos e intervencionistas”, “Intervenção em valvas, proce-dimentos extracardíacos e ablação septal”, “Intervenção coroná-ria percutânea: indicações clínicas” e “Intervenções coronárias percutâneas complexas”.

“Nossa Sociedade também teve a preocupação de ceder mais espaço da programação para o momento de Perguntas e Respostas. Isso permitiu melhor interação e proximidade com os palestrantes, auxiliando no processo de ensino e reciclagem proporcionado pelas aulas”, destaca Abizaid.

Prova para obtenção do Certificado de Área de Atuação

Com formato inovador, o processo de avaliação para o Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Car-diologia Intervencionista divide-se em quatro etapas: teó-rica, teórico-prática, prática e publicação de artigo original na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), além da análise curricular. Foram 62 candidatos à prova de adulto e 3 da área de congênito.

Em 25 de outubro, na Impacta Certificação e Treinamen-to, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), ocorreram as duas primeiras etapas da Certificação. Após o teste com 50 questões de múltipla escolha, o participante pôde descan-sar por uma hora, retornando para a realização da etapa teórico-prática.

“Durante a segunda fase, os concorrentes acompanha-ram, nas salas de informática, cenas de casos clínicos reais. Então, houve mais dez perguntas, desta vez com respostas discursivas. O local escolhido foi ótimo porque é prepara-do justamente para esse tipo de atividade”, comenta Décio Salvadori Jr., presidente da Comissão Permanente de Cer-tificação da SBHCI.

Salvadori Jr. relata que os resultados das avaliações es-tão disponíveis no Portal da SBHCI desde 1o de dezembro, em Boletim de Desempenho Individual. Os aprovados têm prazo de seis meses, a contar da data de divulgação das respostas, para realização do teste prático, que deve ser agendado na Secretaria da SBHCI.

Quanto à etapa prática, o aspirante deverá realizar proce-dimento diagnóstico eletivo na presença da Comissão Exa-minadora, que inclui um membro da Comissão Permanen-te de Certificação e um preceptor de residência médica. Na etapa final, será necessária a comprovação da publicação de um artigo original na RBCI ou outra revista indexada no sistema PubMed, como primeiro autor.

“Temos expectativa excelente. Conversei com diversos candidatos, que aprovam os moldes de nossa avaliação, a qualidade do conteúdo e o formato. Contamos com uma aprovação satisfatória”, conclui Salvadori Jr.

José Armando Mangione, José de Ribamar Costa Jr., Marinella Centemero, Rafael Silva e Alexandre Abizaid

Carlos Pedra, João Luiz Manica, Francisco Chamié, Luiz Carlos Simões e Célia Camelo Silva

Rodolfo Staico, Hélio Castello, Marcelo Queiroga e Dimytri Alvim Siqueira

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em foco

Adib Jatene para sempreNascido em Xapuri, Acre, em 4 de junho de 1929, Adib

Domingos Jatene apaixonou-se ainda cedo pela Me-dicina. Com apenas 24 anos, já graduado pela Facul-

dade de Medicina da Universidade de São Paulo, deu início a uma brilhante carreira, que, ao longo do tempo, só fez elevar o conceito da Medicina e da Cardiologia do Brasil.

Sócio-fundador e primeiro presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (1977/1979) e sócio ho-norário da SBHCI, colecionou em seu currículo relevantes contribuições à Medicina, às entidades médicas e à saúde do País. Foi, só para citar alguns exemplos, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, fundador do Conselho Nacional de Secretários da Saúde, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da International Society for Cardiovascular Sur-gery, e ministro da Saúde por duas vezes.

Adib Jatene assina cerca de 700 trabalhos científicos pu-blicados na literatura tanto nacional como internacional. Membro de dezenas de sociedades científicas de várias re-giões do mundo, recebeu mais de 200 títulos e honrarias de mais de 10 países.

Na noite de 14 de novembro, aos 85 anos, ele morreu, no Hospital do Coração (HCor), em São Paulo (SP), em decorrên-cia de infarto agudo do miocárdio. Ficam para sempre, entre-tanto, seu carisma, as contribuições à sociedade e à Medicina, seus princípios e o trabalho edificado ao longo de toda uma existência por um Brasil melhor. Confira, nesta página, flashes do pensamento de Adib Jatene.

”“O médico precisa se transformar num especialista em gente

Sociedade“Nosso grande desafi o

é oferecer o acesso à saúde, principalmente às populações de baixa renda.”

Resolubilidade“Nunca discuto

problema, tem gente que se perde na discussão do problema. Eu só discuto solução.”

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Postura “Sou contra essa história

de dizer ‘não faço porque não me dão condições’. Se você é capaz de fazer você cria as condições.”

Brasil“Precisamos criar a

consciência de que o país não é de um governo: o país é nosso, e temos que cuidar dele.”

Por Roberto Botelho*

O dr. Adib sempre quis estudar Medi-cina. A princípio, queria ser médico sani-tarista, para atender a sua vocação social. Formou-se em Medicina, jovem, pela Uni-versidade de São Paulo (USP). Começou a auxiliar as cirurgias realizadas pelo prof. Euryclides de Jesus Zerbini, o que o moti-vou e direcionou para a cirurgia cardíaca. Lecionou em Minas Gerais, como professor de Anatomia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Ali, na década de 1950, começava sua experiência com a circula-ção extracorpórea, talvez a mais importan-te contribuição do gênio, expressão máxi-ma da interface do conhecimento.

Em Uberaba (MG), procurou um tor-neiro mecânico, conhecido como Ve-ludo, que o ajudou a desenvolver as ferramentas para esse desenvolvimento. Ainda em meados da década de 1950, re-alizou uma cirurgia cardíaca no Hospital dos Ferroviários, em Araguari (MG). Com todo esse desenvolvimento, foi convida-do pelo prof. Zerbini a retornar para São Paulo, para dirigir o Instituto de Cardiologia, que receberia, a seguir, o nome de seu fundador, Dante Pazzanese.

Nunca perdeu o vínculo com o Triângulo, como nunca perdeu o vínculo com suas raízes e valores fundamentais. Na década de 1960, realizou a primeira ponte de safena no Brasil. Logo a seguir, criou a primeira técnica cirúrgica para correção da transposição dos grandes vasos, que levou seu nome: cirurgia de Jatene.

Salvou vidas direta e indiretamente, ao treinar vários cirurgiões. Aliás, como diz Eulógio Martinez, todo médico brasi-leiro se sentia honrado de ser discípulo do dr. Adib ao visitar ou estudar no exterior. A repercussão da cirurgia de Jatene talvez te-nha sido a maior de todas as suas contribuições. A partir dela, ele foi convidado por todo o planeta para demonstrações e palestras.

Foi capa de importantes revistas internacionais, proferiu pa-

lestra de abertura anual dos principais congressos americanos de cirurgia, e pro-feriu conferência de abertura de cursos da Universidade de Harvard. Sua trajetória foi rapidamente ascendente. Assumiu a cáte-dra da USP, substituindo o prof. Zerbini, em concurso memorável, em que recebeu o notório saber. A seguir, foi diretor da Facul-dade de Medicina da USP, onde se formara.

Foi secretário de Estado da Saúde em São Paulo e duas vezes ministro da Saú-de, sem jamais se filiar a qualquer parti-do político. E foi ativo. Criou a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), estruturou o melhor programa mun-dial de prevenção e tratamento de aids, criou as bases do programa de saúde da família, e lançou o maior programa de vacinação contra a hepatite.

Ao longo da carreira, recebeu mais de 150 premiações inter-nacionais. Foi fundador do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (CBTms). Sempre foi patriota e exigia de seus discí-pulos um posicionamento de divulgação do “bom” Brasil no ex-terior. O espaço deste texto não me permite compartilhar com os senhores a história que conheci do dr. Adib.

Espero fazê-lo pela vida. Mas a dor da despedida foi confor-tada pela tranquilidade de sua família. Por isso, concluo com o melhor capítulo da história desse líder, sua família, composta por 4 fi lhos, 10 netos e 4 bisnetos, todos abraçados a sua esposa, dona Aurice. Nas despedidas, seus fi lhos e netos pronunciaram as palavras mais amenas e confortantes que todos os seus pre-cisavam ouvir. O vazio que nos ocupava pela ausência absurda de nosso “chefe”, como disse Fábio Jatene, encontrou conforto no desafi o de divulgar sua obra e seguir, rigorosamente, seus princípios. Os princípios que o País mais carece hoje.

* Diretor executivo do Instituto do Coração do Triângulo Mineiro (Uberlândia, MG).

Homenagem ao grande mestre

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desenvolvimento Profissional

Educação Continuada: a SBHCI em ação

A atualização do saber é essencial para manter a qualidade e a eficiência em qualquer profissão. Na Medicina, sobretudo. Afinal, o conhecimento se renova em velocidade espantosa

e para assistir adequadamente os cidadãos é fundamental estar a par de todas as novidades em diagnóstico, tratamentos, novas fer-ramentas etc. Dentro desse quadro, cursos, seminários, reuniões e congressos são cada vez mais indispensáveis, assim como uma ação incisiva das sociedades de especialidade para levar informa-ção de excelência a seus associados. A SBHCI, diga-se de passagem, tem feito isso com maestria ao longo de sua história. O diretor de Educação Médica Continuada, Marcos Antônio Marino, relata a se-guir as ações mais recentes e o planejamento para 2015.

Quais foram os principais avanços da Educação Médica Continuada da SBHCI em 2014?

Mantivemos uma coerência com o programa da gestão anterior. No Congresso Mineiro de Cardiologia, realizamos um Simpósio e, o mais importante, fizemos um curso de Hands On, com duração de dois dias, para treinamento de residentes R1 e R2. É um curso que já tem quase quatros anos, com aulas práticas e teóricas. Os R2 recebem treinamento de intervenção não coronária, ou seja, angioplastia ex-tracardíaca, renal, angioplastia dos membros inferiores, chamadas de angioplastias periféricas. Os R1 usam os simuladores eletrônicos na parte de carotídea, com conhecimento de materiais especiais. Os R1 recebem treinamento em intervenções coronárias. Ambos os grupos utilizam simuladores eletrônicos. Em 2014, nosso programa de Edu-cação Médica Continuada foi atípico, em função da Copa do Mundo, eleições e outros grandes feriados, como Carnaval. As atividades fica-ram mais enxutas. Tivemos ainda o Congresso Brasileiro de Hemo-dinâmica e Cardiologia Intervencionista e um curso de reciclagem. Posso dizer que a audiência e a receptividade foram ótimas.

Há ações para quem não pode acompanhar os eventos presencialmente?

Fazem parte de nossa plataforma de trabalho. Queremos colocar aulas básicas de intervenção com o passo a passo de procedimen-tos como angioplastias carotídeas e renais e bifurcações de coroná-ria no site da Sociedade. Com isso, esperamos ter envolvimento e participação maiores, principalmente dos médicos novos e daque-les que ficam em regiões mais distantes. Veja o Congresso da SBHCI, realizado em Porto Alegre (RS), cujas aulas foram inseridas no portal da SBHCI. Nossa ideia de Educação Médica Continuada é ter conte-údo distinto daquele que você já encontra em outros sites nacio-nais e internacionais. Temos, ainda, um projeto para organizar um manual online com dicas de materiais em procedimentos especiais.

As expectativas foram alcançadas?Sim. No Congresso de Minas Gerais o retorno foi excelente,

com o Simpósio de TAVI. O curso Hands On também nos deixa muito feliz com os resultados.

De que forma a Educação Médica Continuada da SBHCI busca contemplar profissionais de áreas remotas?

O médico tem uma quantidade de informação online muito grande, podendo, por exemplo, acessar congressos internacio-nais. Acho que o grande foco da Educação Médica Continuada é

a gente tentar, principalmente para as gerações mais novas, dar a chance de eles entrarem em áreas e técnicas que não conhe-cem ou que não têm acesso. A ideia de Educação Médica Con-tinuada na SBHCI é de fazer cursos técnicos. Devemos fazer pro-gramas mais focados, não ampliar muito e indiscriminadamente.

Quais são os planos para 2015?O ano de 2014 foi muito difícil, em virtude do calendário todo

entrecortado. Para 2015 temos boas perspectivas, como a maior utilização do ambiente online. Entre as propostas, destaco a ma-nutenção do curso de Hands On, um simpósio Norte/Nordeste, e outras ações no Sudeste, em congressos de áreas afins. Aliás, temos a perspectiva de fechar parcerias para a melhor formação do médico, mesmo em áreas que não sejam a área coronária. Queremos, ainda, investir mais em eventos regionais e estaduais, respeitando a necessidade local.

De que modo a Educação Médica Continuada pode be-neficiar os profissionais e a população?

A população se beneficia demais de vários programas sociais da SBHCI, como o Jovens Corações. Já para os médicos, as inicia-tivas da Educação Médica Continuada são essenciais para a boa prática e para uma prestação de serviços cada vez melhor ao paciente. Tudo faz parte de um pacote só.

”“2014 foi um ano muito difícil, em virtude do calendário todo entrecortado. Para 2015 temos

boas perspectivas, como a maior utilização do ambiente online

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Em todo o País já há 30 CTs certificados por nossa Sociedade

treinamento

SBHCI aprova mais três centros de formação de hemodinamicistas Nos dias 27 e 28 de novembro, a SBHCI

realizou, em Curitiba (PR), um Con-selho Deliberativo, cujo objetivo foi

analisar relatórios gerados a partir de visitas a centros de treinamento (CTs) em Hemodi-nâmica. Tais documentos foram elaborados pela Comissão Certificadora de CTs da SBHCI após minuciosa vistoria de cada hospital.

Na ocasião, três foram os aprovados, tornando-se reconhecidos pelo órgão como instituição de formação: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP (HCFMB), Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE) e Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Instituto de Cardiolo-gia de São José.

No site da SBHCI existe um documento elencando quais as diretrizes para obter a certificação. Como é de fácil acesso e bem simplificado, os hospitais poderão preparar--se e adequar-se aos parâmetros, antes de iniciar o processo.

Para obter o aval da Sociedade, é necessária a realização anual de cerca de 1.500 cateterismos diagnósticos e 400 angioplastias coronárias. Deve dispor, ainda, de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Coronária completamente capacitada, com 8 leitos, pron-to-socorro especializado e equipe de enfermagem 24 horas.

Entre as exigências no âmbito da equipe médica está o mí-nimo de 2 preceptores titulares da SBHCI há 5 anos e com cer-tificação de área de atuação em Hemodinâmica e Cardiologia

Intervencionista. Além disso, sua competência na especialidade deve ser comprovada por meio da Central Nacional de Interven-ções Cardiovasculares (CENIC), e pelo registro de dados da So-ciedade – em que têm de constar, pelo menos, 75 intervenções terapêuticas cardiovasculares por ano.

As diretrizes também normatizam o número de vagas dis-ponibilizadas para os candidatos: cada preceptor deve ter apenas um treinando.

Em todo o País já são 30 CTs atestados pela SBHCI. Além dos hospitais, quem mais ganha com isso são os alunos, uma vez que terão pontuação maior na hora de obter cer-tificações da área médica.

Da esquerda para a direita: José Carlos Trindade Filho, Luis Alexandre Filippi Cicchetto, Regina Moura, André Gasparini Spadaro, Salvador André Bavaresco Cristovão, Décio Salvadori Jr., Ricardo Barbosa e Fábio Cardoso de Carvalho, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP (HCFMB)

Da esquerda para a direita: Nelson Antonio Moura de Araujo, José Breno de Sousa Filho, Antenor Lages Fortes Portela, Jorge Augusto Nunes Guimarães, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, Helman Campos Martins, no Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE)

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raio X

A SBHCI coletou relatos dos associados sobre os Serviços de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Brasil, entre maio e julho de 2014, em duas fases: fase I,

contato com todos os associados cadastrados; e fase II, contato apenas com os responsáveis pelos serviços. Dos 1.105 associa-dos, 27 faleceram e 92 são colaboradores, honorários e inati-vos. Dos 986 associados, a SBHCI obteve sucesso no contato com 884 associados (89%) (Figura 1).

Censo SBHCI revela retrato da especialidade

regionais específi cas, e o levantamento nos possibilita ter uma ideia clara de como está nossa atividade em cada Serviço”.

Perfil do esPecialistaO Censo revelou que a maioria dos cardiologistas inter-

vencionistas (95%) trabalha em ambiente hospitalar.Dentro dos procedimentos diagnósticos, os coronários repre-

sentam 29%, os extracardíacos representam 11%, seguidos de doença congênita/estrutural com 11% (Figura 2).

Em relação aos procedimentos intervencionistas, os mais re-alizados são os coronários (29%), seguidos de procedimentos extracardíacos (10%) e congênitos/estruturais (10%) (Figura 2).

Questionados sobre o regime de trabalho, 72% dos colegas prestam serviços para o hospital como pessoa jurídica e apenas 28% trabalham com vínculo empregatício (pessoa física).

serviÇos avaliadosO Censo demonstrou que 63,37% dos Serviços da especialidade não possuem corpo clínico aberto e 97% possuem enfermeiro dedicado.

Quarenta e seis por cento dos serviços realizam controle rotineiro de acompanhamento dos pa-

cientes submetidos a procedimentos intervencio-nistas, e 28% o fazem quando solicitado (Figura 3).Em resposta à questão “O serviço realiza ensino

e treinamento de novos profissionais?”, 28% dos co-legas responderam que “sim, de rotina”, 12% responde-ram que “sim, somente quando existe oportunidade”, e 60% responderam negativamente. Cristovão entende que os centros formadores devem possuir condições de oferecer o melhor para o candidato, em termos es-

Figura 2: Área de atuação.

Além de traçar o perfi l do cardiologista intervencionista bra-sileiro, a pesquisa focou questões como ensino e treinamento de novos profi ssionais, participação das instituições em estudos multicêntricos controlados, exames diagnósticos extracardíacos, e condições de infraestrutura hospitalar.

De acordo com o diretor administrativo da SBHCI, Salvador André Bavaresco Cristovão, o Censo é uma ferramenta essen-cial para conhecer melhor as necessidades da área de atuação. “O Brasil possui grande extensão territorial, com características

Figura 1: Distribuição societária segundo dados do Censo 2014, atualizados com novos sócios homologados em Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).

986 sócios hemodinamicistas (506 hospitais)

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truturais e técnicos. “Não me surpreende que a maior parte não forme novos cardiologistas intervencionistas, pois para realizar esse treinamento necessitariam de estrutura especial e de funcionamento regular. Atualmente a SBHCI conta com 33 centros de treinamento oficiais em território nacional.”

O Censo ainda traz um relatório detalhado da infraestrutura hospitalar. Um dado positivo é que a tomografi a de múltiplos detectores dedicada às doenças cardiovasculares está disponí-vel em 64,7% dos Serviços nacionais. O cenário, porém, é bas-tante dividido quanto ao acesso da avaliação da reserva de fl uxo coronário invasiva: 55% dos colegas atestam que possuem o equipamento em sua unidade, mas outros 45% não possuem.

Em 67% dos Serviços, o fabricante do ultrassom é a Boston e em 33% é a Volcano. As marcas da infraestrutura da sala também são bastante variadas: PHILIPS, 41%; SIEMENS, 24%; GE, 19%; X-PRO/GE, 9%; TOSHIBA, 4%; SISMED, 2%; e SHIMATZU, 1%.

A maioria dos equipamentos apresentam menos de 5 anos de uso (66%) e apenas 20% têm mais de 9 anos de uso.

PrÓXimos Passos Para Cristovão, o balanço do Censo é extremamente po-

sitivo. “Em linhas gerais, noto avanços técnicos e científicos importantes na especialidade. Por exemplo, o inventário do maquinário de Hemodinâmica apresentou boa moderniza-ção. Os Serviços de Hemodinâmica têm se mobilizado para participar de registros de procedimentos e boa parte deles tem, inclusive, pessoas especializadas em atuar nesse sentido, envolvendo profissionais de enfermagem.”

Cristovão também crê que as informações podem emba-sar diálogos da classe com autoridades públicas. “O objetivo principal de nossa organização é oferecer um trabalho de qualidade e completo para a população. Com o Censo, po-demos observar regiões de maior carência. Esses dados servi-rão de argumentos importantes em pleitos por melhorias no atendimento à população brasileira.”

A Diretoria da SBHCI agradece a todos os associados que cola-boraram com o Censo SBHCI 2014.

Figura 3: Controle do seguimento (acompanhamento) dos procedimentos intervencionistas feito pelos serviços.

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Ponto de vista

Aplicações e uso da denervação renal

Nesta edição, o Jornal da SBHCI dá continuidade ao de-bate levantado na edição de junho. Desta vez, teremos a participação de Marco Vugman Wainstein, coordenador

do Laboratório de Cateterismo Cardiovascular do Hospital Moi-nhos de Vento e professor adjunto da Faculdade de Medicina e do Curso de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul do Hospital de Clí-nicas de Porto Alegre (RS), que discorrerá sobre as aplicações e indicações da denervação renal, especialmente para a redução da pressão arterial e seu uso em outras doenças.

O conceito de denervação renal tem embasamento teó-rico e experimental adequados e suficientes para ser apli-cado em seres humanos, em diferentes cenários clínicos, como se tem observado?

Sim. A ideia de que a interrupção ou bloqueio do estímulo simpático, também conhecida como ablação renal, possa resul-tar em redução da pressão arterial baseia-se numa série de es-tudos experimentais realizados em modelos animais, seguidos de séries de casos em seres humanos. Na verdade, os primeiros relatos publicados de que a simpatectomia cirúrgica resulta em queda significativa e sustentada da pressão arterial datam da dé-cada de 1930, portanto há mais de 80 anos. O que não se sabe ao certo, entretanto, é o mecanismo pelo qual a denervação re-nal provoca redução da pressão arterial.

Qual o impacto dos resultados do estudo SYMPLICITY HTN-3 de que a técnica não se mostrou eficaz em reduzir os níveis pressóricos de hipertensos resistentes? A que poten-cialmente se deveu esse resultado inesperado? Como ava-lia o sham procedure e o potencial papel nos resultados?

O estudo foi o primeiro ensaio clínico randomizado, cujo grupo foi submetido a um procedimento “placebo” tipo sham. Dessa for-ma, seu resultado negativo, em termos de acompanhamento da pressão arterial, terá grande impacto para o uso assistencial da de-nervação renal. É difícil identificar de forma isolada a causa da falha. De qualquer modo, a presença do controle por sham parece im-plicada diretamente nesse resultado. Sua indicação ocorre sempre que uma intervenção produzida por algum dispositivo repercutir em alterações, em desfechos influenciáveis pelo pensamento ou vontade do paciente. O mesmo vale para situações em que alguma cointervenção possa influenciar. Nesses casos, o sham serve como um controle por placebo, se preferir utilizar como analogia os en-saios clínicos que comparam estratégias medicamentosas.

Quais as perspectivas para a técnica de agora em diante?A denervação renal ficou em compasso de espera após os

resultados do SYMPLICITY HTN-3. O grande desafio é identificar quais os pacientes que potencialmente podem se beneficiar com a técnica. Além disso, o grau de denervação atingido em um pro-cedimento, independentemente da técnica ou do cateter utili-zado, é altamente variável e não existe um marcador específico que denote maior ou menor grau de denervação obtida. Esses obstáculos, uma vez transpostos, poderão dar uma luz no fim do túnel para a denervação renal ou selar definitivamente sua utilida-de clínica para o tratamento da hipertensão resistente.

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Aplicações e uso da denervação renal

Em que cenários potencialmente haverá indicação e be-nefícios clínicos (hipertensão arterial sistêmica, insufici-ência cardíaca congestiva, etc.)?

A denervação renal também é proposta em outros cenários clínicos, além daquela já citada anteriormente. Essas situações incluem a apneia do sono e até arritmias cardíacas. Penso que essas indicações ainda carecem de evidências mais robustas para recomendação da denervação renal como parte do arsenal de tratamento. Um detalhe muito relevante no caso da pressão resistente diz respeito ao conceito de hipertensão refratária, em-pregado na maioria dos estudos clínicos. Uma proporção razoá-vel dos pacientes incluídos como portadores do tipo resistente, na verdade, estava com a pressão não controlada por má adesão ao tratamento medicamentoso. É possível que a denervação re-nal não resulte em monitoramento isolado dos níveis pressóri-cos, mas permita que o paciente utilize um número menor de medicamentos.

Já teve experiência pessoal ou de seu Serviço com a téc-nica? Que resultados obteve até então?

Nosso grupo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi pionei-ro, no Brasil, na realização de denervação renal. Contamos com uma equipe multidisciplinar composta por cardiologistas inter-vencionistas, eletrofisiologistas e cardiologistas clínicos especiali-zados em hipertensão arterial. Utilizamos um cateter de eletrofi-siologia irrigado. A verificação tardia dos primeiros oito pacientes consecutivos, todos com pressão refratária em vigência de mais de quatro classes de medicamentos, através da monitorização ambulatorial da pressão arterial, não demonstrou queda significa-tiva da pressão arterial em seis meses.

P ara celebrar os 40 anos da SBHCI, haverá, em 2015, o lançamento de livro comemorativo narrando a tra-jetória da Cardiologia Intervencionista no Brasil. Isso

ocorrerá em clima de confraternização durante o Congresso Brasileiro, no Distrito Federal.

“Depois de ampla pesquisa baseada em entrevistas com os principais nomes da área, leituras de todo o acervo de atas e do Jornal da SBHCI, análise de obras e artigos relacionados, além de busca de imagens históricas, chegamos à fase de redação dos capítulos”, revela o jornalista e historiador Oldair de Oliveira, que divide a edição com Patrícia Morgado.

Reunindo grande número de informações, que precisam de filtros e encaixe, como em um quebra-cabeça, a obra se desenrolará em história bem organizada, linear, de grande interesse ao leitor. O processo atual está previsto para en-cerramento até o fim de fevereiro de 2015, quando todos os textos seguirão para revisão, diagramação, nova revisão, aprovação e impressão gráfica.

A publicação resgatará o nascimento da SBHCI, em 10 de ju-lho de 1975, ainda Departamento de Hemodinâmica e Angio-cardiografia (DHA) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), passando por sua conversão em Sociedade, a partir de 17 de agosto de 1993, até os dias de hoje e a gestão atual.

“Contamos com contribuição expressiva e já somamos cerca de 30 entrevistas com pilares da Cardiologia Interven-cionista brasileira, cujas histórias convergem para o antigo DHA. Nessa lista, tivemos a honra de ouvir figuras de ex-pressão como J. Eduardo Sousa e Valmir Fontes (SP), Pierre Labrunie e Stans Murad Netto (RJ), Carlos Gottschall (RS), Costantino Costantini e Samuel Silva da Silva (PR), Gustavo Enrique Sanchez Alvarez (MG), Heitor Ghissoni de Carvalho (BA) e muitos outros”, destaca Oliveira

Por meio de narrativa jornalística, leve e com o rigor da pes-quisa histórica, as trajetórias pessoais desses personagens se fundirão à da SBHCI, de maneira natural e bem embasada, sem dissociar a instituição de seus associados. A despeito do bom número de fotos que ilustram o percurso da Sociedade, são raras as imagens referentes aos primeiros congressos e aos mo-mentos iniciais, pós-fundação. Espera-se encontrá-las no acer-vo particular de alguns privilegiados e que possam cedê-las para ilustrar o livro.

“A cada dia, parte da memória se perde, por isso a impor-tância de resgatá-la para esta e para as novas gerações co-nhecerem a sólida e bem organizada SBHCI. É o resgate das principais mudanças ocorridas na Cardiologia Intervencionista, as batalhas e conquistas da Sociedade desde sua criação até agora. O contexto será o surgimento do DHA, acompanhando a transformação do DHA em SBHCI, a conquista da sede, a luta pelo uso dos stents no Sistema Único de Saúde, a história dos congressos, além de um apanhado da história pré-DHA, entre 1929 e 1975”, conclui Oliveira.

esPecial

Livro retrata a história da SBHCI

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Parceria

Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila OlímpiaCEP 04548-050 – São Paulo – SP

Fone: (11) 3849-5034

www.sbhci.com.br

Equipe AdministrativaGerência: Norma CabralSecretaria: Layla CaitanoEventos: Roberta FonsecaFinanceiro: Kelly PeruziSócios: Jessica Rodrigues

Gestão 2014-2015Presidente: Hélio Roque Figueira (RJ) Diretor Administrativo: Salvador André Bavaresco Cristovão (SP)Diretor Financeiro: Cyro Vargues Rodrigues (RJ)Diretor Científi co: Alexandre Antonio Cunha Abizaid (SP)Diretor de Comunicação: André Gasparini Spadaro (SP)Diretor de Qualidade Profi ssional: Edgar Freitas de Quintella (RJ)Diretor de Educação Médica Continuada: Marcos Antônio Marino (MG) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Itamar Ribeiro de Oliveira (RN)Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Raul Rossi Ivo Filho (RS)

Departamento de EnfermagemPresidente: Gustavo Cortez Sacramento (SP)Vice-presidente: Luciana Lima (RJ)Primeira-secretária: Ana Flavia Finalli Balbo (SP)Segunda-secretária: Adriana Correa Lima (MS)Primeira-tesoureira: Erika Gondim (CE)Segunda-tesoureira: Maria Aparecida Carvalho Campos (SP)Coordenadora Científi ca: Jackeline Wachleski (RS)Coordenadora de Educação Continuada: Roberta Corvino (SP)Coordenadora de Titulação: Ivanise Gomes (SP)

SBHCI e ANVISA: parceria pelo desenvolvimento do RNIEm 13 de novembro, o presidente da SBHCI, Hélio Roque

Figueira, e André Gasparini Spadaro, diretor de Comunica-ção, estiveram na sede da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), em Brasília (DF), em reunião com Joselito Pedrosa, gerente-geral de Tecnologia de Produtos para a Saú-de do órgão. Também participaram do encontro membros do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e uma equipe da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que desenvolve o software da plataforma do Registro Nacional de Implantes (RNI). O objetivo foi discutir o desenvolvimento do dispositivo.

O Registro é adotado como ferramenta para análise do de-sempenho das técnicas de implantação e da qualidade dos materiais utilizados em implantes. O recurso oferece mais segu-rança aos pacientes, aos gestores do Sistema Único de Saúde e aos especialistas da área. Amplia a possibilidade de obter infor-mações precisas sobre o uso de diferentes tipos de produto e facilita a coleta de dados sobre qualidade e efi cácia.

A fase pré-piloto ocorreu em parceria com a UFSC. Foi desen-volvida em 17 hospitais de Curitiba (PR), apenas com próteses de quadril e joelho.

“Posteriormente, a SBHCI foi convocada para participar da fase 2, em que os stents coronários farão parte do teste na platafor-ma. Esse piloto acontecerá em sete hospitais previamente indi-cados pelo Ministério e a Sociedade”, conta Spadaro.

Ainda de acordo com Spadaro, a experiência da SBHCI com os registros CENIC (criado em 1991 pela SBHCI para reunir os números de procedimentos de intervenção coro-nária percutânea realizados no Brasil) e ICPBr (que capta in-formações sobre angioplastias coronárias no Brasil) será útil

e bem aproveitada para o projeto. “Graças ao know-how de nossa Sociedade, teremos um suporte a mais para desenvol-ver os dados que farão parte do sistema a cada implante de stent realizado no País”, explica.

fornecedoresNa ocasião, a ANVISA recebeu 17 empresas fornecedoras

de software de prontuário médico, visando a desenvolver uma interface que comunique os programas e a plataforma RNI. A Agência pretende, no futuro, estender o Registro para outros implantes, entre eles cocleares e de marca-passos e desfibriladores implantáveis.

Encontro em Brasília reuniu representações da ANVISA, da SBHCI, da SBOT e da UFSC

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SBHCI – Out/NOv/Dez De 2014 – 19 SBHCI – JuL/AGO/Set De 2014 – 19 SBHCI – ABR/MAI/JuN De 2014 – 19

VALORES Ética Competência técnica e cientí� ca Capacidade resolutiva Valorização pro� ssional Responsabilidade socioambiental Comprometimento Sustentabilidade Inovação tecnológica

MISSÃODesenvolver a cardiologia intervencionista, certi� car a atuação pro� ssional e representar os associados com qualidade, e� ciência e alto valor agregado em prol da comunidade

VISÃOSer reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de Sociedade de Intervenções Cardiovasculares

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