Jornal Fundamento_011

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Distribuição Gratuita | Nº 011 Pai Rubens Saraceni Firmeza de Preto Velho Pai Jomar e Pai Paulo da FENACAB O Poder da Oração

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Jornal Fundamento_edição 011, propriedade de ATUPO - Templo de Umbanda Pai Oxalá, Portugal

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Page 1: Jornal Fundamento_011

D i s t r i b u i ç ã o G r a t u i t a | N º 0 1 1

Pai Rubens SaraceniFirmeza de Preto Velho

Pai Jomar e Pai Pauloda FENACAB

O Poder da Oração

Page 2: Jornal Fundamento_011

Palavra do Dirigente

2012 011

www.atupo.comwww.umbanda.pt www.atupo.comwww.umbanda.pt

Índice

Ficha Técnica

prece ou oração é um dos vários elementos que constitu- Umbanda ou durante os rituais. Por norma, quando oramos, fazemo-

em a ritualística de Umbanda, mas nem sempre a sua lo pedindo ajuda para nós ou para alguém. A elevação do pensamen-Aimportância é compreendida por todos. to e dos sentimentos produz em nós uma elevação da nossa vibração, Tal como as velas, firmezas, pontos cantados, entre outros, que essencial para que exista a sintonia energética necessária para esta-

são essenciais para a realização dos rituais, também as orações são belecermos a ligação com o plano espiritual, possibilitando assim a de importância fundamental no trabalho espiritual realizado dentro troca energética, através da qual é proporcionada a ajuda espiritual, do Templo de Umbanda, seja no início, seja no final dos trabalhos. É física, mental ou emocional. Seja em nosso próprio benefício ou de no momento em que se reza o Pai-nosso, a Prece de Cáritas ou qual- outros, o nosso pensamento, fortalecido pela Fé, traz até nós ou dire-quer outra oração utilizada na abertura dos trabalhos, que elevamos ciona à pessoa em causa, não só a nossa energia, como também as o nosso pensamento ao alto e pedimos a nosso Pai Olorum e todos os vibrações divinas da Natureza, os Orixás, que serão utilizadas pelos Orixás, para que protejam e abençoem, com as suas vibrações divi- Guias no auxílio necessário. Através da oração, conseguimos ainda nas, o trabalho que se irá realizar. Da mesma forma, no encerramento libertarmo-nos de pensamentos negativos em relação a outras pes-do trabalho, oramos em sinal de agradecimento pelas energias vibra- soas ou a nós próprios, substituindo-os por vibrações positivas, con-das sobre todos, pelo alívio e ajuda recebida, pela esperança renova- tribuindo não só para a evolução e felicidade dos mesmos, mas tam-da, pelo amor intenso que vibra nos nossos corações e até mesmo bém para a nossa reforma íntima.pelo cansaço físico, que muitas vezes sentimos, mas que nos deixa A oração constitui um poderoso instrumento para ajudar a cres-

com o sentimento de “missão cumprida”, pedindo aos Orixás para cer a nossa capacidade de amar, contribuir para a construção de um

que nos ajudem a continuar merecedores de carregar a bandeira de mundo melhor e sermos melhores Umbandistas!Que Oxalá abençoe a todos!Oxalá.

Bernardo CruzContudo, a oração não é importante apenas dentro do Templo de

Histórias da A.T.U.P.O.“Quando chegares a este lado, que vais trazer contigo?”

03Histórias da ATUPO«que vais trazer contigo?»

Quando chegares a este lado,

oje, gostaria de partilhar convosco uma das mais bonitas lições que recebi de uma Preta-Velha, dona, como todas as outras, de uma Hsabedoria simplesmente poética!Durante todo o trabalho, perante as mais variadas queixas – saúde, desafetos, trabalho (ou falta dele), amor, etc. – e os mais diversos

estados de espírito, perguntava uma e outra vez: “Quando você chegar a este lado, o que vai trazer consigo?” As pessoas olhavam para ela,

confusas, sem saberem qual a resposta que ela esperava,sem saberem qual a resposta que gostariam de dar…afinal, quantos de nós alguma

vez ponderaram esta questão? E ela, paciente, esperava pela resposta, sorria caridosamente com as respostas mais inesperadas, insistia de

novo, voltava a ouvir até que, por fim, acabava por dar a resposta à sua própria pergunta: “O que você vai trazer para o meu lado é o

Sentimento e o Conhecimento”.Eis uma resposta evidente, porém inesperada para os consulentes. É também uma resposta digna de uma reflexão mais profunda.

Porquê o sentimento e o conhecimento? Pela razão evidente de que fazem parte da nossa missão na terra, enquanto seres que procuram a

sua evolução. Conhecimento e sentimento são parte integrante daquilo que somos e fazemos no nosso quotidiano. E a Vovó explicava “ Aqui, neste plano, manifestamo-nos através deste corpo (mostrava o corpo da médium com as mãos) para que

tenham a capacidade de compreender do que falamos, mas do meu lado a matéria não existe. Somos energia e energia procura outra energia

afim. Isto significa que se vibrarmos bons sentimentos, iremos certamente para um local onde os bons sentimentos predominam. Se

vibrarmos qualquer outro sentimento, seremos atraídos para o local em que um sentimento afim seja vibrado. Daí ser tão importante olhar

os nossos sentimentos nessa vida.”De igual forma, os conhecimentos adquiridos, toda a aprendizagem ao longo da vida são importantes para a nossa evolução, fazem parte

da nossa bagagem, daquilo que somos na essência. Não faz sentido vivenciarmos repetidamente o mesmo tipo de situação, cito a mais

comum, a desarmonia nas suas variáveis – família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, etc. – e não tirarmos ilações. Mas é preciso atentar

para o seguinte: o processo de conhecimento passa primeiro pelo cérebro e só depois passa para o coração. Enquanto está no cérebro

considera-se informação, apenas depois de interiorizado e passado para a nossa prática diária se torna em Conhecimento. Daí a importância

de compreendermos e assimilarmos os nossos processos, a nós mesmos, aos outros e ao mundo que nos rodeia.A Vovó não terminou sem falar do Amor e da forma como o devemos percecionar. Usando a sua mão expressivamente explicou: ”O Amor não é assim – mostrava a mão esticada, de palma virada para cima e dedos

esticados para baixo – como de “Não quero saber”, nem assim – mostrava a mão fechada num punho – és meu ou minha, daqui não podes

sair! Não, o Amor é assim – mostrava a mão voltada de palma para cima, com os dedos relaxados – de tenho confiança. Tenho confiança em

mim e também em ti. Podes partir ou podes ficar; a escolha é tua. É este o significado do Amor, respeito por aquilo que EU SOU e por aquilo

que TU ÉS”.Para aqueles que se sentem um pouco perdidos e não sabem bem como prosseguir, deixo esta indicação: Guardem estas palavras não só

na vossa mente (informação), mas também no coração (conhecimento)! Tentem pô-las em prática no quotidiano, com respeito por aquilo

que vocês e também os outros são (Amor). Esse é o caminho que nos foi apontado nesta lição e, bem vistas as coisas, nem parece nada

complicado. Que lhes parece de fazer a experiência?Fernanda Moreira

Doutrina de UmbandaO Poder da Oração

Uma Lenda«Iansã»

05

02Palavra do Dirigente

03Doutrina de Umbanda«O Poder da Oração»

0405

Reportagem«As Oferendas»

Sem folha não há Orixá«Cana-do-brejo»

08

08O convidado escreve« »Firmeza de Preto Velho

Pai Rubens Saraceni

Entrevista«PFENACAB»

ai Jomar e Pai Paulo da 0607

Equipa técnica:

Diretor do Jornal RevisãoCláudio Ferreira Mary Nogueira

Diretor de Conteúdos FotografiaCláudio Ferreira Fernando Silva

Mary NogueiraDiretor Comercial Miguel FariaFrederico Castro Paulo Fernandes

Chefe de Redação Edição Gráfica Mary Nogueira Bernardo Cruz

Paulo FernandesRedaçãoCláudio Ferreira ContactoBernardo Cruz [email protected] MoreiraFrederico CastroFrederico MarquesLeonel LusquinhosMary NogueiraVitorino Camelo

audações a todos os Leitores!STomei como ponto de partida um ponto/prece

que costumamos cantar em nossa Casa. Este ponto

é uma chamada de atenção para aquilo que a

humanidade está a fazer à natureza, aos Orixás!

Fala das pedreiras de Xangô que foram quebradas, das cachoeiras de Oxum que secaram, que

as pessoas para beber água têm de a comprar, ou seja, aquilo que Deus nos deu, as pessoas

querem fazer delas sua propriedade.Nós estamos aqui, no Templo de Umbanda Pai Oxalá, para fazer a diferença. Somos

diferentes, acreditamos na caridade, acreditamos nos Orixás, acreditamos em Olorum e em

tudo aquilo que Ele criou, nas matas, na cachoeira, na pedreira, nos céus. E isto só faz sentido, a

realidade só é válida e a religião é válida quando realmente conseguimos acreditar nisso tudo!

Quando conseguimos acreditar que os Orixás fazem parte da nossa vida, que eles são unos a

nós próprios. O ser humano, muitas vezes, aproveita as oportunidades para fazer fortuna ou

usar o Seu nome indevidamente. Não vamos deixar que as pessoas usem o nome dos nossos

Orixás queridos, de Ogum, Xangô, Oxóssi, de Oxalá e de todos os outros, todos os Orixás, não

vamos deixar que as pessoas os troquem por trocos; eles são muito mais do que isso! O trabalho que fazemos, que os nossos guias fazem com as pessoas, traz-lhes alento, força

quando estão desencorajadas na vida, sem coragem, sem vontade de viver. Elas conseguem

encontrar coragem aqui. Há doentes que entram com doenças mortais e às tantas através de

um sorriso, através de uma palavra, da energia que se transmite aqui, conseguem obter a cura.

Quantos temos visto? Crianças, pessoas que foram curadas na força desta corrente, na força

desta energia, na força do Orixá. Nós acreditamos e não o fazemos por troca de nada. Estamos aqui a trocar o nosso sábado,

todos os sábados e dias da semana, para ajudar, para fazer a diferença! Às vezes não gostamos do lugar em que estamos, mas é preciso estar nesse lugar. Pode ser

no grupo da cesta básica, no grupo do objeto básico, a levar comida às pessoas, ou então lá fora

só estando com outras pessoas. Essas pessoas gostariam de estar aqui, de fazer parte do corpo

mediúnico. Mas isso não é importante, importante é o conjunto de tudo e de todo o trabalho

que cada um faz. Importantes não somos nós. Não podemos ser egoístas e pensar em nós!

Temos é de pensar em quem está lá fora, no que eles vêm procurar aqui e no que eles podem

encontrar aqui, que seja o Orixá a trazer! As pessoas precisam de receber, vocês são o meio de

transporte, precisam de sentir o Orixá dentro de vós. Não façamos por ego, para vestir uma

roupa branca bonita, façamos pelo povo que nos procura e pelo sorriso deles ou para vê-los

saudáveis ou a conseguir vencer em suas vidas. É bom, não é? É bom demais, não é? É por isso

que estamos aqui! Porque acreditamos que, juntando forças, vamos conseguir mudar o

mundo e, quiçá, servir de exemplo lá fora. Esse foi um dos motivos pelos quais, no passado dia

4 do corrente mês, a ATUPO se uniu à FENACAB. Acreditamos na seriedade que sentimos em

relação ao trabalho desenvolvido pelo Pai Jomar, o Pai Paulo, os seus filhos, a sua Casa. Acho

que através deles vamos unir, somar, fazer força, para conseguirmos transformar a realidade

do Orixá da Umbanda e do Candomblé numa realidade pura, bonita, verdadeira!Agora depende de nós! Depende de cada um de nós fazer a diferença, de lutarmos e vermos

o que pode ser feito! De apresentarmos ideias, trabalhos e tentar depois, juntos, fazermos um

trabalho de consciencialização, de despertar. Se assim o fizermos, vamos depois poder dizer, na hora da passagem, tal como chegamos,

às vezes, ao fim da gira e dizemos, dever cumprido!”Um abraço fraterno a todos os Irmãos de Fé!

Pai Cláudio

A redação do Jornal Fundamento segue as normas do novo acordo ortográfico, salvaguardando as opções ortográficas dos autores convidados.

Page 3: Jornal Fundamento_011

Palavra do Dirigente

2012 011

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Índice

Ficha Técnica

prece ou oração é um dos vários elementos que constitu- Umbanda ou durante os rituais. Por norma, quando oramos, fazemo-

em a ritualística de Umbanda, mas nem sempre a sua lo pedindo ajuda para nós ou para alguém. A elevação do pensamen-Aimportância é compreendida por todos. to e dos sentimentos produz em nós uma elevação da nossa vibração, Tal como as velas, firmezas, pontos cantados, entre outros, que essencial para que exista a sintonia energética necessária para esta-

são essenciais para a realização dos rituais, também as orações são belecermos a ligação com o plano espiritual, possibilitando assim a de importância fundamental no trabalho espiritual realizado dentro troca energética, através da qual é proporcionada a ajuda espiritual, do Templo de Umbanda, seja no início, seja no final dos trabalhos. É física, mental ou emocional. Seja em nosso próprio benefício ou de no momento em que se reza o Pai-nosso, a Prece de Cáritas ou qual- outros, o nosso pensamento, fortalecido pela Fé, traz até nós ou dire-quer outra oração utilizada na abertura dos trabalhos, que elevamos ciona à pessoa em causa, não só a nossa energia, como também as o nosso pensamento ao alto e pedimos a nosso Pai Olorum e todos os vibrações divinas da Natureza, os Orixás, que serão utilizadas pelos Orixás, para que protejam e abençoem, com as suas vibrações divi- Guias no auxílio necessário. Através da oração, conseguimos ainda nas, o trabalho que se irá realizar. Da mesma forma, no encerramento libertarmo-nos de pensamentos negativos em relação a outras pes-do trabalho, oramos em sinal de agradecimento pelas energias vibra- soas ou a nós próprios, substituindo-os por vibrações positivas, con-das sobre todos, pelo alívio e ajuda recebida, pela esperança renova- tribuindo não só para a evolução e felicidade dos mesmos, mas tam-da, pelo amor intenso que vibra nos nossos corações e até mesmo bém para a nossa reforma íntima.pelo cansaço físico, que muitas vezes sentimos, mas que nos deixa A oração constitui um poderoso instrumento para ajudar a cres-

com o sentimento de “missão cumprida”, pedindo aos Orixás para cer a nossa capacidade de amar, contribuir para a construção de um

que nos ajudem a continuar merecedores de carregar a bandeira de mundo melhor e sermos melhores Umbandistas!Que Oxalá abençoe a todos!Oxalá.

Bernardo CruzContudo, a oração não é importante apenas dentro do Templo de

Histórias da A.T.U.P.O.“Quando chegares a este lado, que vais trazer contigo?”

03Histórias da ATUPO«que vais trazer contigo?»

Quando chegares a este lado,

oje, gostaria de partilhar convosco uma das mais bonitas lições que recebi de uma Preta-Velha, dona, como todas as outras, de uma Hsabedoria simplesmente poética!Durante todo o trabalho, perante as mais variadas queixas – saúde, desafetos, trabalho (ou falta dele), amor, etc. – e os mais diversos

estados de espírito, perguntava uma e outra vez: “Quando você chegar a este lado, o que vai trazer consigo?” As pessoas olhavam para ela,

confusas, sem saberem qual a resposta que ela esperava,sem saberem qual a resposta que gostariam de dar…afinal, quantos de nós alguma

vez ponderaram esta questão? E ela, paciente, esperava pela resposta, sorria caridosamente com as respostas mais inesperadas, insistia de

novo, voltava a ouvir até que, por fim, acabava por dar a resposta à sua própria pergunta: “O que você vai trazer para o meu lado é o

Sentimento e o Conhecimento”.Eis uma resposta evidente, porém inesperada para os consulentes. É também uma resposta digna de uma reflexão mais profunda.

Porquê o sentimento e o conhecimento? Pela razão evidente de que fazem parte da nossa missão na terra, enquanto seres que procuram a

sua evolução. Conhecimento e sentimento são parte integrante daquilo que somos e fazemos no nosso quotidiano. E a Vovó explicava “ Aqui, neste plano, manifestamo-nos através deste corpo (mostrava o corpo da médium com as mãos) para que

tenham a capacidade de compreender do que falamos, mas do meu lado a matéria não existe. Somos energia e energia procura outra energia

afim. Isto significa que se vibrarmos bons sentimentos, iremos certamente para um local onde os bons sentimentos predominam. Se

vibrarmos qualquer outro sentimento, seremos atraídos para o local em que um sentimento afim seja vibrado. Daí ser tão importante olhar

os nossos sentimentos nessa vida.”De igual forma, os conhecimentos adquiridos, toda a aprendizagem ao longo da vida são importantes para a nossa evolução, fazem parte

da nossa bagagem, daquilo que somos na essência. Não faz sentido vivenciarmos repetidamente o mesmo tipo de situação, cito a mais

comum, a desarmonia nas suas variáveis – família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, etc. – e não tirarmos ilações. Mas é preciso atentar

para o seguinte: o processo de conhecimento passa primeiro pelo cérebro e só depois passa para o coração. Enquanto está no cérebro

considera-se informação, apenas depois de interiorizado e passado para a nossa prática diária se torna em Conhecimento. Daí a importância

de compreendermos e assimilarmos os nossos processos, a nós mesmos, aos outros e ao mundo que nos rodeia.A Vovó não terminou sem falar do Amor e da forma como o devemos percecionar. Usando a sua mão expressivamente explicou: ”O Amor não é assim – mostrava a mão esticada, de palma virada para cima e dedos

esticados para baixo – como de “Não quero saber”, nem assim – mostrava a mão fechada num punho – és meu ou minha, daqui não podes

sair! Não, o Amor é assim – mostrava a mão voltada de palma para cima, com os dedos relaxados – de tenho confiança. Tenho confiança em

mim e também em ti. Podes partir ou podes ficar; a escolha é tua. É este o significado do Amor, respeito por aquilo que EU SOU e por aquilo

que TU ÉS”.Para aqueles que se sentem um pouco perdidos e não sabem bem como prosseguir, deixo esta indicação: Guardem estas palavras não só

na vossa mente (informação), mas também no coração (conhecimento)! Tentem pô-las em prática no quotidiano, com respeito por aquilo

que vocês e também os outros são (Amor). Esse é o caminho que nos foi apontado nesta lição e, bem vistas as coisas, nem parece nada

complicado. Que lhes parece de fazer a experiência?Fernanda Moreira

Doutrina de UmbandaO Poder da Oração

Uma Lenda«Iansã»

05

02Palavra do Dirigente

03Doutrina de Umbanda«O Poder da Oração»

0405

Reportagem«As Oferendas»

Sem folha não há Orixá«Cana-do-brejo»

08

08O convidado escreve« »Firmeza de Preto Velho

Pai Rubens Saraceni

Entrevista«PFENACAB»

ai Jomar e Pai Paulo da 0607

Equipa técnica:

Diretor do Jornal RevisãoCláudio Ferreira Mary Nogueira

Diretor de Conteúdos FotografiaCláudio Ferreira Fernando Silva

Mary NogueiraDiretor Comercial Miguel FariaFrederico Castro Paulo Fernandes

Chefe de Redação Edição Gráfica Mary Nogueira Bernardo Cruz

Paulo FernandesRedaçãoCláudio Ferreira ContactoBernardo Cruz [email protected] MoreiraFrederico CastroFrederico MarquesLeonel LusquinhosMary NogueiraVitorino Camelo

audações a todos os Leitores!STomei como ponto de partida um ponto/prece

que costumamos cantar em nossa Casa. Este ponto

é uma chamada de atenção para aquilo que a

humanidade está a fazer à natureza, aos Orixás!

Fala das pedreiras de Xangô que foram quebradas, das cachoeiras de Oxum que secaram, que

as pessoas para beber água têm de a comprar, ou seja, aquilo que Deus nos deu, as pessoas

querem fazer delas sua propriedade.Nós estamos aqui, no Templo de Umbanda Pai Oxalá, para fazer a diferença. Somos

diferentes, acreditamos na caridade, acreditamos nos Orixás, acreditamos em Olorum e em

tudo aquilo que Ele criou, nas matas, na cachoeira, na pedreira, nos céus. E isto só faz sentido, a

realidade só é válida e a religião é válida quando realmente conseguimos acreditar nisso tudo!

Quando conseguimos acreditar que os Orixás fazem parte da nossa vida, que eles são unos a

nós próprios. O ser humano, muitas vezes, aproveita as oportunidades para fazer fortuna ou

usar o Seu nome indevidamente. Não vamos deixar que as pessoas usem o nome dos nossos

Orixás queridos, de Ogum, Xangô, Oxóssi, de Oxalá e de todos os outros, todos os Orixás, não

vamos deixar que as pessoas os troquem por trocos; eles são muito mais do que isso! O trabalho que fazemos, que os nossos guias fazem com as pessoas, traz-lhes alento, força

quando estão desencorajadas na vida, sem coragem, sem vontade de viver. Elas conseguem

encontrar coragem aqui. Há doentes que entram com doenças mortais e às tantas através de

um sorriso, através de uma palavra, da energia que se transmite aqui, conseguem obter a cura.

Quantos temos visto? Crianças, pessoas que foram curadas na força desta corrente, na força

desta energia, na força do Orixá. Nós acreditamos e não o fazemos por troca de nada. Estamos aqui a trocar o nosso sábado,

todos os sábados e dias da semana, para ajudar, para fazer a diferença! Às vezes não gostamos do lugar em que estamos, mas é preciso estar nesse lugar. Pode ser

no grupo da cesta básica, no grupo do objeto básico, a levar comida às pessoas, ou então lá fora

só estando com outras pessoas. Essas pessoas gostariam de estar aqui, de fazer parte do corpo

mediúnico. Mas isso não é importante, importante é o conjunto de tudo e de todo o trabalho

que cada um faz. Importantes não somos nós. Não podemos ser egoístas e pensar em nós!

Temos é de pensar em quem está lá fora, no que eles vêm procurar aqui e no que eles podem

encontrar aqui, que seja o Orixá a trazer! As pessoas precisam de receber, vocês são o meio de

transporte, precisam de sentir o Orixá dentro de vós. Não façamos por ego, para vestir uma

roupa branca bonita, façamos pelo povo que nos procura e pelo sorriso deles ou para vê-los

saudáveis ou a conseguir vencer em suas vidas. É bom, não é? É bom demais, não é? É por isso

que estamos aqui! Porque acreditamos que, juntando forças, vamos conseguir mudar o

mundo e, quiçá, servir de exemplo lá fora. Esse foi um dos motivos pelos quais, no passado dia

4 do corrente mês, a ATUPO se uniu à FENACAB. Acreditamos na seriedade que sentimos em

relação ao trabalho desenvolvido pelo Pai Jomar, o Pai Paulo, os seus filhos, a sua Casa. Acho

que através deles vamos unir, somar, fazer força, para conseguirmos transformar a realidade

do Orixá da Umbanda e do Candomblé numa realidade pura, bonita, verdadeira!Agora depende de nós! Depende de cada um de nós fazer a diferença, de lutarmos e vermos

o que pode ser feito! De apresentarmos ideias, trabalhos e tentar depois, juntos, fazermos um

trabalho de consciencialização, de despertar. Se assim o fizermos, vamos depois poder dizer, na hora da passagem, tal como chegamos,

às vezes, ao fim da gira e dizemos, dever cumprido!”Um abraço fraterno a todos os Irmãos de Fé!

Pai Cláudio

A redação do Jornal Fundamento segue as normas do novo acordo ortográfico, salvaguardando as opções ortográficas dos autores convidados.

Page 4: Jornal Fundamento_011

esde a mais longínqua antiguidade sacrifícios, os Deuses trariam a destruição e a Candomblé estão relacionadas com a mani- contenção necessária, orientadas pelo diri- efeito dos trabalhos que o ser humano recorre às oferen- desgraça aos seus devotos na Terra… pulação do Axé (energia sagrada proveniente gente da casa e pelas Entidades Espirituais, ou oferendas não D

das destinadas a seres superiores, os seus Noutras religiões, como o Budismo, as do Orixá), que pode ser condensado e direci- havendo também uma preocupação primor- durará para sempre!Deuses, através da entrega de “presentes” oferendas consubstanciam-se no gesto inte- onado pelo homem, através de determinados dial em não poluir a natureza, observando Por isso, aprovei-sob as mais variadas formas, que julgava ser rior, na atitude interna da nossa ação. O sim- rituais e oferendas. Essa força vital presente sempre a lógica, lembrando que a Umbanda tem a energia doada do agrado destes. As alusões a essas oferen- bolismo da doação da oferenda é visto como nos elementos da oferenda é então manipu- considera a natureza como manifestação de ou manipulada de das datam dos mais antigos registos escritos, libertador dos pensamentos impuros e visa lada e revertida para o próprio devoto, ou Deus na terra, tendo todos nós, por dever, trabalhos e oferen-provenientes das diversas partes do globo... estimular a busca da iluminação e da sabedo- voltada para um fim específico. O Candomblé preservá-la. das, para atingirem Elas materializam, muitas vezes, histórias, ria. Ao fazer uma oferenda de lamparinas, sofre uma grande resistência e até mesmo Um outro ponto a referir é o facto de, mui- v o s s o s o b j e t i v o s ! lendas e provérbios que vieram a fazer parte dando um exemplo, temos a intenção de que oposição por causa dos rituais com sacrifíci- tas vezes, na religião, acharmos que o Guia ou Porém, lembrem-se: rece-do conhecimento geral, como em relatos do “a luz disperse a escuridão de nossa ignorân- os de animais, mas mesmo tendo sofrido Orixá precisam da entrega para se fortalece- beremos a graça e o funda-Antigo Testamento, que revelam que os cia e de lugar à clareza e sabedoria”, o mesmo muitas mudanças em relação aos cultos aos rem ou usam a entrega ou oferenda como mento do trabalho, da oferenda, hebreus tinham o costume de matar um cor- se passando com as oferendas em forma de Orixás originais de África, tenta manter-se moeda de troca, isto é, você dá isso ao Orixá mas deveremos conquistar o mere-deiro em sacrifício a Deus, para remissão dos cânticos ou leituras em formas de mantras - fiel a alguns costumes e tradições, para as ou Guia e ele lhe dá o que precisa. Não é nada cimento do mesmo no nosso dia a dia...pecados. Aliás, o sacrifício de animais (ou elementos litúrgicos a abordar em próxima quais é necessário ter o entendimento indis- disso!!! A oferenda serve para criar a energia mesmo de pessoas) era frequente entre vári- oportunidade. De forma idêntica, no Hindu- pensável. Citando Claudia Baibich: “É neces- necessária a ser absorvida pela pessoa que a os grupos étnicos, em várias partes do mun- ísmo, as oferendas também estão presentes sário separar as Casas de Nação sérias de faz e não basta fazê-la e simplesmente virar Vitorino Camelodo. No Antigo Testamento é referido, por em muitas das práticas litúrgicas, pela oferta magos negros trevosos que se dizem baba- as costas! Como já foi acima referido, é neces- Pai Claudioexemplo, o caso de Abraão que, para provar a de alimentos, essencialmente vegetais laôs e Ialorixás e fazem o mal, seja através de sário firmar a mente no que é preciso! Deve-

Fontes: “Wikipedia”; “Oferendas e Festividades Religio-sua fé em Deus, teria de sacrificar o seu único (acontecendo excepcionalmente, em algu- ritos, do poder mental, ou da invocação de remos, para além da energia que por nós é sas”; “Estudo da Umbanda”; “Colégio de Umbanda”;

filho, imolando-o e queimando-o numa pira mas facções, a oferenda de sacrifícios anima- espíritos do baixo astral.” A energia vital do absorvida, fazer o que está ao nosso alcance, Variados textos sem indicação de Autor.

de lenha, como era costume para os sacrifíci- is ou comidas com carne) no momento da animal, quando do seu sacrifício, é magistica- para podermos atingir o pretendido, pois o os de animais, não tendo Deus permitido, contemplação da divindade. É comum, entre mente direcionada para o fim pretendido, segundo o relato bíblico, tal execução. Outro estas duas religiões, a oferta em altares domi- que, na maior parte das vezes, é o fortaleci-exemplo é o fato de Jeová não ter aceite a ciliares assim como nos templos, sendo a mento de alguém, ou, nos rituais ditos de oferenda de Caim tão bem quanto aceitou a meditação uma parte fundamental de todo o “troca de cabeça”, onde o animal é geralmen-de Abel, o que fez desencadear o ciúme e a processo. te sacrificado para a cura de alguém muito inveja que levaram ao acontecimento fratri- No Druidismo, as oferendas estão presen- enfermo. São também igualmente usadas cida que conhecemos. Quando recuamos nos tes em todos os rituais e celebrações, sendo, flores, frutas, fumo, mel, entre variadíssimos tempos, conhecemos outros relatos de sacri- com uma diferença substancial, depositadas preceitos, não se podendo reduzir de forma fícios humanos executados na tentativa de nos mais variados pontos de força da nature- alguma as oferendas no Candomblé aos apaziguar as forças divinas, muitas vezes za, tais como rios, pedreiras, cachoeiras, na sacrifícios de animais.

com o aponta- base de árvores centenárias ou, em rituais É certo também que com o passar dos mento de que, específicos, no fogo. Os incensos, as flores, as tempos, muitos hábitos antes tidos como

sem esses folhas, as bebidas e frutas e, em especial, fundamentais, foram-se modificando em sementes e grãos, ícones em si da fertilidade todas as Religiões e Cultos, com base no pres-

e prosperidade, eram e continuam a ser suposto de que não teriam real fundamento, entregues, honrando entidades ancestrais e porque o Deus que procuravam não poderia as próprias forças que comandam a nature- mais ser ligado a presentes materiais como za e a vida. os que então eram oferecidos, ou da forma

O ato de comungar com o divino através que eram oferecidos. da entrega dessas oferendas é transversal Na Umbanda, as oferendas abrem um às religiões, quase entendido como senso leque vasto de aplicações litúrgicas, não para

comum, seja no sentido de apaziguar os alcançar as “benesses” do Orixá, mas porque ânimos da divindade mais intempestiva, se trata da abertura de portais energéticos,

seja para pedir protecção ou bom augú- um caminho entre o plano espiritual e mate-rio para uma demanda que se preten- rial, onde se torna possível a troca de energia da resolver. Como essência das ofe- entre o divino e aquele que entrega a oferen-

rendas, o mérito obtido depende da da; o portal ou entrega é possuidor dos 4 motivação, da vontade e da crença elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) do devoto, parte integrante do des- e contém o poder de realização e materializa-poletar das forças anímicas que ção do pretendido, ou seja, conseguimos farão movimentar as energias criar a energia necessária, através de um necessárias para o acontecimento processo magístico com origem na natureza, divino pretendido. As religiões mas este deverá sempre ser ativado e direci-anímicas, em especial as religiões onado pelo pensamento, pela chamada fir-de matriz afro-brasileira, são parti- meza, linguagem utilizada nos Templos. Não cularmente voltadas para este podemos esquecer e devemos ter a consciên-senso litúrgico, dadas as caracte- cia de que estamos sempre sob o jugo das leis rísticas fundamentais com base no Universais, leis de Deus, como a Lei do Retor-culto aos Orixás e às energias divi- no e Lei do Merecimento. As oferendas nas da natureza. As oferendas no devem, assim, ser feitas com rigor e com a

09 | 10 | 2010Jornal Umbandista Português

006

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Setembro| Outubro | 2010

Jornal Umbandista Português

0112012

Reportagem AS OFERENDAS

Lenda de Iansã plantações; atua nos domínios de Oxum e Yemanjá, enquanto vento Iansã usava os seus encantos e sedução para adquirir poder. Por que sopra sobre os rios e oceanos, contribuíndo para a renovação das

isso conquistou vários homens, recebendo deles sempre suas águas, através do processo de evaporação e formação das algum presente. chuvas! É através da força da tempestade, que a força de Iansã se

Com Ogum, casou-se e teve nove filhos, adquirindo o direito de estende sobre todos os domínios da Terra, destruindo o velho, usar a espada em sua defesa e dos demais. criando o novo ou a oportunidade da renovação, da reconstrução e

Com Oxaguiã, adquiriu o direito de usar o escudo, para proteger- mesmo do equilíbrio. É a sua força permitindo que se cumpram no se dos inimigos. plano material as Lei e Justiça divinas (Ogum e Xangô). Iansã é

Com Exu, adquiriu os direitos de usar o poder do fogo e da magia, também a energia ou força que transporta e conduz os para realizar os seus desejos e os dos seus protegidos. espíritos/almas, após o desencarne e sua receção por Omulu, para os

Com Oxóssi, adquiriu o saber da caça, para suprir-se de carne e a locais de seu merecimento. Por isso é chamada de “Senhora dos seus filhos. Eguns”. Representa a energia da força de vontade e determinação, que

Aprimorou os ensinamentos que ganhou de Exu e usou de sua orienta os nossos pensamentos e sentimentos como a Fé, o Amor, a magia para transformar-se em búfalo, quando ia em defesa coragem, essenciais para a concretização dos sonhos e da magia. É dos seus filhos. uma energia protetora; é a mãe guerreira que sempre vem em defesa

Com Logum Edé, adquiriu o direito de pescar e tirar dos rios e dos seus filhos! São os seus raios a luz que ilumina a nossa escuridão cachoeiras os frutos de água para a sua sobrevivência e de interior; é a sua Espada que nos ajuda a dominar os nossos vícios, seus filhos. através da luta pessoal, do aperfeiçoamento e renovação interior,

Com Obaluaê, Iansã tentou insinuar-se, porém, em vão. Dele nada mostrando-nos, assim, o verdadeiro caminho para a evolução conseguiu. espiritual!

Ao final de suas conquistas e aquisições, Iansã partiu para o reino Mary Nogueirade Xangô, envolvendo-o, apaixonando-se e vivendo com ele para a vida toda. Com Xangô, adquiriu o poder do encantamento, o posto da justiça e o domínio dos raios.

in Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi (Lenda 165)

A lenda que apresentamos fala-nos de Iansã, Orixá dos ventos, das tempestades e dos raios, sobre os quais teria adquirido domínio através de Xangô. Mas a energia de Iansã, considerada a emanação de Deus, traz elementos de outros Orixás, pois, sendo Ela a liberdade que não se pode aprisionar, o vento que se movimenta em todas as direções, na lenda apresentada, tal como em muitas outras, ela surge relacionada com todos os outros Orixás, atuando em seus domínios. Atua nas matas de Oxóssi, enquanto vento ou brisa, levando as sementes que originarão novas plantas, novos frutos nas

Uma LendaIansã

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esde a mais longínqua antiguidade sacrifícios, os Deuses trariam a destruição e a Candomblé estão relacionadas com a mani- contenção necessária, orientadas pelo diri- efeito dos trabalhos que o ser humano recorre às oferen- desgraça aos seus devotos na Terra… pulação do Axé (energia sagrada proveniente gente da casa e pelas Entidades Espirituais, ou oferendas não D

das destinadas a seres superiores, os seus Noutras religiões, como o Budismo, as do Orixá), que pode ser condensado e direci- havendo também uma preocupação primor- durará para sempre!Deuses, através da entrega de “presentes” oferendas consubstanciam-se no gesto inte- onado pelo homem, através de determinados dial em não poluir a natureza, observando Por isso, aprovei-sob as mais variadas formas, que julgava ser rior, na atitude interna da nossa ação. O sim- rituais e oferendas. Essa força vital presente sempre a lógica, lembrando que a Umbanda tem a energia doada do agrado destes. As alusões a essas oferen- bolismo da doação da oferenda é visto como nos elementos da oferenda é então manipu- considera a natureza como manifestação de ou manipulada de das datam dos mais antigos registos escritos, libertador dos pensamentos impuros e visa lada e revertida para o próprio devoto, ou Deus na terra, tendo todos nós, por dever, trabalhos e oferen-provenientes das diversas partes do globo... estimular a busca da iluminação e da sabedo- voltada para um fim específico. O Candomblé preservá-la. das, para atingirem Elas materializam, muitas vezes, histórias, ria. Ao fazer uma oferenda de lamparinas, sofre uma grande resistência e até mesmo Um outro ponto a referir é o facto de, mui- v o s s o s o b j e t i v o s ! lendas e provérbios que vieram a fazer parte dando um exemplo, temos a intenção de que oposição por causa dos rituais com sacrifíci- tas vezes, na religião, acharmos que o Guia ou Porém, lembrem-se: rece-do conhecimento geral, como em relatos do “a luz disperse a escuridão de nossa ignorân- os de animais, mas mesmo tendo sofrido Orixá precisam da entrega para se fortalece- beremos a graça e o funda-Antigo Testamento, que revelam que os cia e de lugar à clareza e sabedoria”, o mesmo muitas mudanças em relação aos cultos aos rem ou usam a entrega ou oferenda como mento do trabalho, da oferenda, hebreus tinham o costume de matar um cor- se passando com as oferendas em forma de Orixás originais de África, tenta manter-se moeda de troca, isto é, você dá isso ao Orixá mas deveremos conquistar o mere-deiro em sacrifício a Deus, para remissão dos cânticos ou leituras em formas de mantras - fiel a alguns costumes e tradições, para as ou Guia e ele lhe dá o que precisa. Não é nada cimento do mesmo no nosso dia a dia...pecados. Aliás, o sacrifício de animais (ou elementos litúrgicos a abordar em próxima quais é necessário ter o entendimento indis- disso!!! A oferenda serve para criar a energia mesmo de pessoas) era frequente entre vári- oportunidade. De forma idêntica, no Hindu- pensável. Citando Claudia Baibich: “É neces- necessária a ser absorvida pela pessoa que a os grupos étnicos, em várias partes do mun- ísmo, as oferendas também estão presentes sário separar as Casas de Nação sérias de faz e não basta fazê-la e simplesmente virar Vitorino Camelodo. No Antigo Testamento é referido, por em muitas das práticas litúrgicas, pela oferta magos negros trevosos que se dizem baba- as costas! Como já foi acima referido, é neces- Pai Claudioexemplo, o caso de Abraão que, para provar a de alimentos, essencialmente vegetais laôs e Ialorixás e fazem o mal, seja através de sário firmar a mente no que é preciso! Deve-

Fontes: “Wikipedia”; “Oferendas e Festividades Religio-sua fé em Deus, teria de sacrificar o seu único (acontecendo excepcionalmente, em algu- ritos, do poder mental, ou da invocação de remos, para além da energia que por nós é sas”; “Estudo da Umbanda”; “Colégio de Umbanda”;

filho, imolando-o e queimando-o numa pira mas facções, a oferenda de sacrifícios anima- espíritos do baixo astral.” A energia vital do absorvida, fazer o que está ao nosso alcance, Variados textos sem indicação de Autor.

de lenha, como era costume para os sacrifíci- is ou comidas com carne) no momento da animal, quando do seu sacrifício, é magistica- para podermos atingir o pretendido, pois o os de animais, não tendo Deus permitido, contemplação da divindade. É comum, entre mente direcionada para o fim pretendido, segundo o relato bíblico, tal execução. Outro estas duas religiões, a oferta em altares domi- que, na maior parte das vezes, é o fortaleci-exemplo é o fato de Jeová não ter aceite a ciliares assim como nos templos, sendo a mento de alguém, ou, nos rituais ditos de oferenda de Caim tão bem quanto aceitou a meditação uma parte fundamental de todo o “troca de cabeça”, onde o animal é geralmen-de Abel, o que fez desencadear o ciúme e a processo. te sacrificado para a cura de alguém muito inveja que levaram ao acontecimento fratri- No Druidismo, as oferendas estão presen- enfermo. São também igualmente usadas cida que conhecemos. Quando recuamos nos tes em todos os rituais e celebrações, sendo, flores, frutas, fumo, mel, entre variadíssimos tempos, conhecemos outros relatos de sacri- com uma diferença substancial, depositadas preceitos, não se podendo reduzir de forma fícios humanos executados na tentativa de nos mais variados pontos de força da nature- alguma as oferendas no Candomblé aos apaziguar as forças divinas, muitas vezes za, tais como rios, pedreiras, cachoeiras, na sacrifícios de animais.

com o aponta- base de árvores centenárias ou, em rituais É certo também que com o passar dos mento de que, específicos, no fogo. Os incensos, as flores, as tempos, muitos hábitos antes tidos como

sem esses folhas, as bebidas e frutas e, em especial, fundamentais, foram-se modificando em sementes e grãos, ícones em si da fertilidade todas as Religiões e Cultos, com base no pres-

e prosperidade, eram e continuam a ser suposto de que não teriam real fundamento, entregues, honrando entidades ancestrais e porque o Deus que procuravam não poderia as próprias forças que comandam a nature- mais ser ligado a presentes materiais como za e a vida. os que então eram oferecidos, ou da forma

O ato de comungar com o divino através que eram oferecidos. da entrega dessas oferendas é transversal Na Umbanda, as oferendas abrem um às religiões, quase entendido como senso leque vasto de aplicações litúrgicas, não para

comum, seja no sentido de apaziguar os alcançar as “benesses” do Orixá, mas porque ânimos da divindade mais intempestiva, se trata da abertura de portais energéticos,

seja para pedir protecção ou bom augú- um caminho entre o plano espiritual e mate-rio para uma demanda que se preten- rial, onde se torna possível a troca de energia da resolver. Como essência das ofe- entre o divino e aquele que entrega a oferen-

rendas, o mérito obtido depende da da; o portal ou entrega é possuidor dos 4 motivação, da vontade e da crença elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) do devoto, parte integrante do des- e contém o poder de realização e materializa-poletar das forças anímicas que ção do pretendido, ou seja, conseguimos farão movimentar as energias criar a energia necessária, através de um necessárias para o acontecimento processo magístico com origem na natureza, divino pretendido. As religiões mas este deverá sempre ser ativado e direci-anímicas, em especial as religiões onado pelo pensamento, pela chamada fir-de matriz afro-brasileira, são parti- meza, linguagem utilizada nos Templos. Não cularmente voltadas para este podemos esquecer e devemos ter a consciên-senso litúrgico, dadas as caracte- cia de que estamos sempre sob o jugo das leis rísticas fundamentais com base no Universais, leis de Deus, como a Lei do Retor-culto aos Orixás e às energias divi- no e Lei do Merecimento. As oferendas nas da natureza. As oferendas no devem, assim, ser feitas com rigor e com a

09 | 10 | 2010Jornal Umbandista Português

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Setembro| Outubro | 2010

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Reportagem AS OFERENDAS

Lenda de Iansã plantações; atua nos domínios de Oxum e Yemanjá, enquanto vento Iansã usava os seus encantos e sedução para adquirir poder. Por que sopra sobre os rios e oceanos, contribuíndo para a renovação das

isso conquistou vários homens, recebendo deles sempre suas águas, através do processo de evaporação e formação das algum presente. chuvas! É através da força da tempestade, que a força de Iansã se

Com Ogum, casou-se e teve nove filhos, adquirindo o direito de estende sobre todos os domínios da Terra, destruindo o velho, usar a espada em sua defesa e dos demais. criando o novo ou a oportunidade da renovação, da reconstrução e

Com Oxaguiã, adquiriu o direito de usar o escudo, para proteger- mesmo do equilíbrio. É a sua força permitindo que se cumpram no se dos inimigos. plano material as Lei e Justiça divinas (Ogum e Xangô). Iansã é

Com Exu, adquiriu os direitos de usar o poder do fogo e da magia, também a energia ou força que transporta e conduz os para realizar os seus desejos e os dos seus protegidos. espíritos/almas, após o desencarne e sua receção por Omulu, para os

Com Oxóssi, adquiriu o saber da caça, para suprir-se de carne e a locais de seu merecimento. Por isso é chamada de “Senhora dos seus filhos. Eguns”. Representa a energia da força de vontade e determinação, que

Aprimorou os ensinamentos que ganhou de Exu e usou de sua orienta os nossos pensamentos e sentimentos como a Fé, o Amor, a magia para transformar-se em búfalo, quando ia em defesa coragem, essenciais para a concretização dos sonhos e da magia. É dos seus filhos. uma energia protetora; é a mãe guerreira que sempre vem em defesa

Com Logum Edé, adquiriu o direito de pescar e tirar dos rios e dos seus filhos! São os seus raios a luz que ilumina a nossa escuridão cachoeiras os frutos de água para a sua sobrevivência e de interior; é a sua Espada que nos ajuda a dominar os nossos vícios, seus filhos. através da luta pessoal, do aperfeiçoamento e renovação interior,

Com Obaluaê, Iansã tentou insinuar-se, porém, em vão. Dele nada mostrando-nos, assim, o verdadeiro caminho para a evolução conseguiu. espiritual!

Ao final de suas conquistas e aquisições, Iansã partiu para o reino Mary Nogueirade Xangô, envolvendo-o, apaixonando-se e vivendo com ele para a vida toda. Com Xangô, adquiriu o poder do encantamento, o posto da justiça e o domínio dos raios.

in Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi (Lenda 165)

A lenda que apresentamos fala-nos de Iansã, Orixá dos ventos, das tempestades e dos raios, sobre os quais teria adquirido domínio através de Xangô. Mas a energia de Iansã, considerada a emanação de Deus, traz elementos de outros Orixás, pois, sendo Ela a liberdade que não se pode aprisionar, o vento que se movimenta em todas as direções, na lenda apresentada, tal como em muitas outras, ela surge relacionada com todos os outros Orixás, atuando em seus domínios. Atua nas matas de Oxóssi, enquanto vento ou brisa, levando as sementes que originarão novas plantas, novos frutos nas

Uma LendaIansã

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2012 011

o passado dia 4 do mês de agosto, foi, de uma forma simples isso.” Mas essa pessoa não quis! Se a pessoa não quer, não sou eu que PJ: Foi começar do início, foi contactar, mostrar o que era a FENACAB, mas marcante, tornada oficial a filiação da ATUPO à FENACAB. vou dar a cara por uma coisa que não vi, não sofri! o que se pretendia…Às palavras sábias de Pai Cláudio, Pai Jomar e Pai Paulo F: Mas têm suporte jurídico? F: E a adesão foi fácil?N

acrescentaram o enorme carinho e apreço inestimável pelo trabalho Pai Paulo: Sim. Temos uma advogada e o suporte jurídico existe para PP: A adesão? Inicialmente não. A primeira vez que chegou, que a de Pai Cláudio como Pai de Santo e pela ATUPO. Agradeceram pela quem precisar. FENACAB está em Portugal, os pais de santo brasileiros amizade, pela simpatia, pela simplicidade e, segundo Pai Jomar, “isto é PJ: E o que pretendemos é pela positiva, de uma forma bonita, desapareceram todos (risos)Orixá”, a forma como ele e Pai Paulo foram recebidos, sendo para eles transparente, separar o trigo do joio , desmistificar as coisas. Não é PJ: Isso fez-me confusão. Depois a gente perguntava, “E quem é o seu um orgulho ter o Pai Cláudio e a ATUPO filiados na FENACAB, cujo possível hoje dizer-se, em termos do Candomblé, ok, o senhor é um pai de santo?”, “Ah! Morava no mato e já morreu!” Mas eu tenho de objetivo primeiro será unir os cultos afro-brasileiros na sua babalorixá. De que Nação? Portuguesa! (risos)…Para mim, a coisa fica saber onde ele foi feito, com quem foi feito! diversidade, podendo juntos realmente fazer a diferença! logo esclarecida! F: Como é que vocês têm conhecimento destas situações, em que as O Jornal Fundamento quis saber mais sobre a importância desta F: Essa foi a razão pela qual resolveu trazer a FENACAB para pessoas são lesadas? E como podem apoiar os associados?adesão e, após a entrega de certificados e um convívio onde não Portugal? PJ: Como já referi, as pessoas fazem queixa e a FENACAB vai com faltaram o Vatapá e Acarajés, entrevistou Pai Jomar e Pai Paulo. PJ: Eu não senti necessidade de trazer a FENACAB. Contrariamente essas pessoas e atesta que isso não é religião, é um engodo. Então,

ao que se possa pensar, eu nem conhecia a FENACAB tão pouco. (…) entra a parte jurídica e são acionados os mecanismos. É a sociedade Fundamento: Para esclarecimento dos nossos leitores, o que é a Houve um ano em que um filho meu ia fazer o santo e faltavam-me civil, neste caso, o governo que pergunta à FENACAB se é uma Casa FENACAB? duas ou três coisas para o assentamento. (…) E eu pensei e disse: Vou de Culto, se está legalizada! Apoiamos os lesados e denunciamos Pai Jomar: A sigla FENACAB significa Federação Nacional do Culto à Bahia e compro tudo… E assim foi. Cheguei à Bahia e por acaso junto das entidades civis enquanto entidade que está realmente apta Afro Brasileiro. Ela (…) começou na Bahia para regulamentar, e não só, encontrei um taxista que também era do Axé e esse senhor levou-nos a atestar que esta ou aquela pessoa é, de facto, Pai de Santo do os pais e mães de santo, os Centros de Caboclo, os terreiros tanto da a uma loja. Há uma chuva que cai e resguardámo-nos numa loja de Candomblé ou da Umbanda. (…)Umbanda como do Candomblé(…). Tornou-se, por assim dizer, a sede fotografias. Passa entretanto um senhor que é pai de santo e ele e o F: E esta associação agora com a ATUPO, que é uma casa de governamental, (…), foi através da FENACAB que se conseguiu que os outro senhor trocam bênçãos e nos apresentam. Ele pergunta a que Umbanda?babalorixás ou ialorixás ou pais e mães de santo, tanto da Umbanda Ilé Ase eu pertenço e eu disse-lhe que pertencia à linhagem da Mãe PJ: A FENACAB faz o registo dos cultos afro-brasileiros, tanto do

uma mais-valia para os cultos afro-brasileiros em Portugal. Foi isto que como do Candomblé, conseguissem, por exemplo, a chamada Olga do Alaketu. “Mãe Olga de Alaketu?”, pergunta ele, “Então você Candomblé, como da Umbanda e ainda outras vertentes (…). Esta me trouxe até ao Pai Cláudio, além de ser uma questão de simpatia; foi aposentação, a reforma, de forma igual a todas as confissões religiosas. está fidelizado na FENACAB!” . Eu respondi que não, que estava numa união, neste caso concreto com a ATUPO, vale pelas uniões dos Pais tudo conjugado. A árvore só dá bom fruto, se tiver boa raiz e não me F: Traz portanto um suporte legal! federação do Rio de Janeiro. “Não está na FENACAB?”, continua ele, “ de Santo que pertencem neste momento à FENACAB. Mas não é tudo; venham cá com histórias, porque se for um fruto posto ali, pendurado, PJ: Exatamente! É isso que se pretende que aconteça, sobretudo de um Porque não vai amanhã ter com o Pai Ari? Ele está na FENACAB até devo dizer-lhes que segui o Pai Cláudio sem ele saber que eu o seguia. vai secar. Não foi isto que eu vi no Pai Cláudio, na ATUPO e em mais ponto de vista positivo. Isto é, em Portugal, se me vierem perguntar ao meio-dia”. E eu que queria despachar-me disse-lhe que sim. (…) Algumas coisas que eu via, chamaram-me a atenção, algumas fotos, uma ou outra pessoa, cada um com a sua característica. O Axé está lá e “Oh, Pai Jomar, gostava de encontrar um terreiro de Candomblé. O Fui falar então com o Pai Ari que me perguntou quem eu era(…), fala algumas coisas escritas, o jornal. Tudo me chamou muito a atenção e é isso que me interessa; que o Axé esteja e com a certeza de que juntos senhor me indica?”, se vir que é no norte de Portugal, que na zona que mais algum tempo e pergunta, “O senhor veio cá porquê?”. Respondi eu fui seguindo o percurso dele. Eu até dizia “Este homem tem coisa”.podemos fazer melhor.me disseram não há terreiros de Candomblé que estejam filiados, que me faltava uma bigorna no ibá de Ogum e fui lá comprar. “O Pai Cláudio: Você mandou-me um e-mail há três ou quatro anos F: O que nos leva aos projetos: que projetos há?direi, “Olhe, filiados não tenho!”. Se a pessoa me disser, “Oh, mas eu senhor faz 6.500 kms de avião para comprar uma bigorna? Nós se atrás a mandar os parabéns, não me lembro se na altura era por PJ: São vários. Pode ser esta coisa de que falávamos há pouco de conheço…”, então eu respondo,” é por sua conta e risco!” .(…) E se não é fosse aqui, diríamos, amanhã a gente põe! Este fulano veio de causa do jornal…podermos fazer o anúncio das experiências vividas nos terreiros, da filiado, é porque eu achei que o pai de santo realmente não me deu Portugal porque lhe falta uma bigorna!” e continuou, “Então, mas PJ: Não me custa nada dizer às pessoas que estão bem. Isso só me parte social ou a consciência ecológica, por exemplo. Mesmo a parte da provas… você não quer associar-se à Federação?... olhe todas as federações enriquece, não me tira nada, bem pelo contrário e aprendo com todas matança que é a vertente do Candomblé que pior vista está, porque as F: E que provas são? passam pela FENACAB, até aquelas que não o são!” Eu disse, “Amanhã as pessoas… E portanto tudo isso me agradou e fui seguindo a pessoas não conhecem e ninguém pode amar aquilo que não conhece. PJ: São várias. Por exemplo, eu tenho de saber de que Ilé Ase ele venho cá, trago as minhas coisas, as minhas obrigações…” E quando carreira do Pai Cláudio. Todas as histórias que fui sabendo, a Cesta Se eu e todos os outros formos capazes de transmitir esta vertente provém, quem é a mãe, quem é o avô. Eu vou saber até à exaustão. Não fui para o hotel, nesse dia, ao jantar, está o pai de santo a entrar (…) e Básica e outras coisas que iam fazendo, sobretudo a parte social que religiosa de uma maneira saudável, tenho a certeza absoluta que os é a primeira vez que me acontece telefonarem-me a dizer que era de diz, “Venho falar com o senhor…A FENACAB do Brasil reuniu-se e para mim é a “prova dos nove” em muitas situações. Uma pessoa Orixás e as entidades serão mais amadas do que o que são agora. Há um determinado Ilé Ase, mas a bota não batia com a perdigota . achou que o senhor deveria ser o coordenador internacional da pode dizer que é algo e depois na prática falha…. E eu sou muito “pão, pessoas que vieram para o Candomblé por dinheiro. Eu não. Eu vim Telefonei à Bahia, falei com Pai Ari que me disse, Não, Pai Jomar, isso é FENACAB! E então ali, em cima do joelho, eu disse que sim, que pão, queijo, queijo” e sempre pensei, apesar de parecer quase para o Candomblé e abandonei tudo por amor ao Orixá. Trabalhava em mentira, essa pessoa nunca pertenceu a esse Ile, por isto e por isto…” quando quisessem ir a Portugal, teria todo o gosto em recebê-los. impossível, que o Pai Cláudio pudesse pertencer à FENACAB.3 escolas, era assistente, trabalhava para o setor privado, saía três ou Também já disse, “Olhe, do Candomblé, não tenho, mas há uma casa “Está combinado”, disse ele, “a coordenação será entregue ao Ilé Ase F: Porquê isso?quatro vezes no ano de férias e abandonei tudo por vocação e por fé. que é a ATUPO, do Pai Cláudio, é de Umbanda - e ainda não estava na Omim Ogum em Novembro que vem!” E foi tudo assim, sem contar, PJ: Isto não é diminuir-me! Achava que o Pai Cláudio era uma pessoa Foi numa ida a uma discoteca, à noite, com os meus colegas FENACAB-, mas garanto-lhe que é uma pessoa muito honesta. A muito em cima do joelho e vim eu muito atarantado para Portugal com uma grandeza muito grande e que provavelmente não queria professores. Encontrei lá um senhor que me disse que gostava de falar FENACAB funciona portanto de forma didática, não diz “você não é”, com esta história. pertencer à FENACAB (…). Pensava: “Quem sabe se um dia virá a comigo e me convidou a ir a sua casa. Eu disse, “Desculpe lá, eu não o diz “você é!” . Há esta mais-valia de as pessoas poderem saber onde F: E isto foi há quanto tempo? acontecer . Se acontecer é bom, se não acontecer, eu farei a minha conheço de lado nenhum, não vou à casa de quem não conheço”. Então entram, se realmente estão ou não com pessoas sérias, segundo os PJ: Foi em 2006. Foi esta a história. Ele entretanto esteve a ver o meu história, ele fará a sua e depois se verá se os nossos caminhos se ele explicou que era Pai de Santo. O bichinho começou a trabalhar. parâmetros da FENACAB. (…) historial todo, meteu Interpol e tudo, viu toda a minha vida sem eu cruzam ou não”. Por motivos vários, os caminhos foram-se cruzando e Estive com esse senhor e aí começa a minha história com a Umbanda e F: E o que acontece no caso das pessoas serem ludibriadas? saber. eu sempre tive uma grande relutância em dizer isto ao Pai Cláudio até com os cultos afro-brasileiros. Depois passei para o Candomblé. (…) E PJ: Existem casos em que isso realmente acontece. Lá em baixo, no Pai Cláudio: Isso é bom. Mostra rigor! que, acerca de um mês atrás, pensei: vou falar! E disse-lhe “Olhe, Pai na minha vida tudo sempre aconteceu, nunca fui eu que quis algo. Algarve, houve um caso em que alguém foi ludibriado, pior até que PJ: É. E foi assim que, em termos de FENACAB, me explicou tudo o Cláudio, eu gostava muito. Se não quiser, não deixo de ser seu amigo, Mesmo na FENACAB. Eu gosto de fazer coisas, sou um fazedor. (…)isso, fizeram queixa à FENACAB pelos males que aquela pessoa tinha que pretendia e o que não se pretendia e começou aí a minha mas que eu gostava, gostava! Por todas as situações e porque eu sei F: Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores do nosso jornal?sofrido. Eu disse, “a FENACAB irá interpor. Agora você vai participar na jornada, que eu não pedi, que eu não queria. que em Portugal, em termos de Umbanda, o trabalho que faz é sério!” PJ: Acho que, independentemente das nações do Candomblé e das polícia e eu, como coordenador da FENACAB, vou lá e atesto realmente F: E daí como partiu para agregar outras casas? (...) Acho que Pai Cláudio e a ATUPO, na sua globalidade, poderão ser vertentes da Umbanda que existem, tenho sempre uma máxima que é “Todos e cada um de nós é irmão e todos somos filhos de Deus”. Isto é muito importante. O sermos capazes de ser ecuménicos até no ponto de vista. Se formos ecuménicos no ponto de vista que nós defendemos, acho que todos concorremos para uma maior harmonia, que é o que se pretende. Eu pretendo que o ser humano seja melhor e se eu contribuir no Candomblé e se o Pai Cláudio contribuir na Umbanda, ótimo! Quem tem a ganhar com isto são Deus e os Orixás!

Fernanda Moreira & Mary Nogueira

“ ”

“ ”“

Rua D. Gonçalo Pereira, 75 - Cividade

4700-032 Braga - Tel. 253 261 021

Entrevista PAI JOMAR E PAI PAULO DA FENACAB

Apoio

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o passado dia 4 do mês de agosto, foi, de uma forma simples isso.” Mas essa pessoa não quis! Se a pessoa não quer, não sou eu que PJ: Foi começar do início, foi contactar, mostrar o que era a FENACAB, mas marcante, tornada oficial a filiação da ATUPO à FENACAB. vou dar a cara por uma coisa que não vi, não sofri! o que se pretendia…Às palavras sábias de Pai Cláudio, Pai Jomar e Pai Paulo F: Mas têm suporte jurídico? F: E a adesão foi fácil?N

acrescentaram o enorme carinho e apreço inestimável pelo trabalho Pai Paulo: Sim. Temos uma advogada e o suporte jurídico existe para PP: A adesão? Inicialmente não. A primeira vez que chegou, que a de Pai Cláudio como Pai de Santo e pela ATUPO. Agradeceram pela quem precisar. FENACAB está em Portugal, os pais de santo brasileiros amizade, pela simpatia, pela simplicidade e, segundo Pai Jomar, “isto é PJ: E o que pretendemos é pela positiva, de uma forma bonita, desapareceram todos (risos)Orixá”, a forma como ele e Pai Paulo foram recebidos, sendo para eles transparente, separar o trigo do joio , desmistificar as coisas. Não é PJ: Isso fez-me confusão. Depois a gente perguntava, “E quem é o seu um orgulho ter o Pai Cláudio e a ATUPO filiados na FENACAB, cujo possível hoje dizer-se, em termos do Candomblé, ok, o senhor é um pai de santo?”, “Ah! Morava no mato e já morreu!” Mas eu tenho de objetivo primeiro será unir os cultos afro-brasileiros na sua babalorixá. De que Nação? Portuguesa! (risos)…Para mim, a coisa fica saber onde ele foi feito, com quem foi feito! diversidade, podendo juntos realmente fazer a diferença! logo esclarecida! F: Como é que vocês têm conhecimento destas situações, em que as O Jornal Fundamento quis saber mais sobre a importância desta F: Essa foi a razão pela qual resolveu trazer a FENACAB para pessoas são lesadas? E como podem apoiar os associados?adesão e, após a entrega de certificados e um convívio onde não Portugal? PJ: Como já referi, as pessoas fazem queixa e a FENACAB vai com faltaram o Vatapá e Acarajés, entrevistou Pai Jomar e Pai Paulo. PJ: Eu não senti necessidade de trazer a FENACAB. Contrariamente essas pessoas e atesta que isso não é religião, é um engodo. Então,

ao que se possa pensar, eu nem conhecia a FENACAB tão pouco. (…) entra a parte jurídica e são acionados os mecanismos. É a sociedade Fundamento: Para esclarecimento dos nossos leitores, o que é a Houve um ano em que um filho meu ia fazer o santo e faltavam-me civil, neste caso, o governo que pergunta à FENACAB se é uma Casa FENACAB? duas ou três coisas para o assentamento. (…) E eu pensei e disse: Vou de Culto, se está legalizada! Apoiamos os lesados e denunciamos Pai Jomar: A sigla FENACAB significa Federação Nacional do Culto à Bahia e compro tudo… E assim foi. Cheguei à Bahia e por acaso junto das entidades civis enquanto entidade que está realmente apta Afro Brasileiro. Ela (…) começou na Bahia para regulamentar, e não só, encontrei um taxista que também era do Axé e esse senhor levou-nos a atestar que esta ou aquela pessoa é, de facto, Pai de Santo do os pais e mães de santo, os Centros de Caboclo, os terreiros tanto da a uma loja. Há uma chuva que cai e resguardámo-nos numa loja de Candomblé ou da Umbanda. (…)Umbanda como do Candomblé(…). Tornou-se, por assim dizer, a sede fotografias. Passa entretanto um senhor que é pai de santo e ele e o F: E esta associação agora com a ATUPO, que é uma casa de governamental, (…), foi através da FENACAB que se conseguiu que os outro senhor trocam bênçãos e nos apresentam. Ele pergunta a que Umbanda?babalorixás ou ialorixás ou pais e mães de santo, tanto da Umbanda Ilé Ase eu pertenço e eu disse-lhe que pertencia à linhagem da Mãe PJ: A FENACAB faz o registo dos cultos afro-brasileiros, tanto do

uma mais-valia para os cultos afro-brasileiros em Portugal. Foi isto que como do Candomblé, conseguissem, por exemplo, a chamada Olga do Alaketu. “Mãe Olga de Alaketu?”, pergunta ele, “Então você Candomblé, como da Umbanda e ainda outras vertentes (…). Esta me trouxe até ao Pai Cláudio, além de ser uma questão de simpatia; foi aposentação, a reforma, de forma igual a todas as confissões religiosas. está fidelizado na FENACAB!” . Eu respondi que não, que estava numa união, neste caso concreto com a ATUPO, vale pelas uniões dos Pais tudo conjugado. A árvore só dá bom fruto, se tiver boa raiz e não me F: Traz portanto um suporte legal! federação do Rio de Janeiro. “Não está na FENACAB?”, continua ele, “ de Santo que pertencem neste momento à FENACAB. Mas não é tudo; venham cá com histórias, porque se for um fruto posto ali, pendurado, PJ: Exatamente! É isso que se pretende que aconteça, sobretudo de um Porque não vai amanhã ter com o Pai Ari? Ele está na FENACAB até devo dizer-lhes que segui o Pai Cláudio sem ele saber que eu o seguia. vai secar. Não foi isto que eu vi no Pai Cláudio, na ATUPO e em mais ponto de vista positivo. Isto é, em Portugal, se me vierem perguntar ao meio-dia”. E eu que queria despachar-me disse-lhe que sim. (…) Algumas coisas que eu via, chamaram-me a atenção, algumas fotos, uma ou outra pessoa, cada um com a sua característica. O Axé está lá e “Oh, Pai Jomar, gostava de encontrar um terreiro de Candomblé. O Fui falar então com o Pai Ari que me perguntou quem eu era(…), fala algumas coisas escritas, o jornal. Tudo me chamou muito a atenção e é isso que me interessa; que o Axé esteja e com a certeza de que juntos senhor me indica?”, se vir que é no norte de Portugal, que na zona que mais algum tempo e pergunta, “O senhor veio cá porquê?”. Respondi eu fui seguindo o percurso dele. Eu até dizia “Este homem tem coisa”.podemos fazer melhor.me disseram não há terreiros de Candomblé que estejam filiados, que me faltava uma bigorna no ibá de Ogum e fui lá comprar. “O Pai Cláudio: Você mandou-me um e-mail há três ou quatro anos F: O que nos leva aos projetos: que projetos há?direi, “Olhe, filiados não tenho!”. Se a pessoa me disser, “Oh, mas eu senhor faz 6.500 kms de avião para comprar uma bigorna? Nós se atrás a mandar os parabéns, não me lembro se na altura era por PJ: São vários. Pode ser esta coisa de que falávamos há pouco de conheço…”, então eu respondo,” é por sua conta e risco!” .(…) E se não é fosse aqui, diríamos, amanhã a gente põe! Este fulano veio de causa do jornal…podermos fazer o anúncio das experiências vividas nos terreiros, da filiado, é porque eu achei que o pai de santo realmente não me deu Portugal porque lhe falta uma bigorna!” e continuou, “Então, mas PJ: Não me custa nada dizer às pessoas que estão bem. Isso só me parte social ou a consciência ecológica, por exemplo. Mesmo a parte da provas… você não quer associar-se à Federação?... olhe todas as federações enriquece, não me tira nada, bem pelo contrário e aprendo com todas matança que é a vertente do Candomblé que pior vista está, porque as F: E que provas são? passam pela FENACAB, até aquelas que não o são!” Eu disse, “Amanhã as pessoas… E portanto tudo isso me agradou e fui seguindo a pessoas não conhecem e ninguém pode amar aquilo que não conhece. PJ: São várias. Por exemplo, eu tenho de saber de que Ilé Ase ele venho cá, trago as minhas coisas, as minhas obrigações…” E quando carreira do Pai Cláudio. Todas as histórias que fui sabendo, a Cesta Se eu e todos os outros formos capazes de transmitir esta vertente provém, quem é a mãe, quem é o avô. Eu vou saber até à exaustão. Não fui para o hotel, nesse dia, ao jantar, está o pai de santo a entrar (…) e Básica e outras coisas que iam fazendo, sobretudo a parte social que religiosa de uma maneira saudável, tenho a certeza absoluta que os é a primeira vez que me acontece telefonarem-me a dizer que era de diz, “Venho falar com o senhor…A FENACAB do Brasil reuniu-se e para mim é a “prova dos nove” em muitas situações. Uma pessoa Orixás e as entidades serão mais amadas do que o que são agora. Há um determinado Ilé Ase, mas a bota não batia com a perdigota . achou que o senhor deveria ser o coordenador internacional da pode dizer que é algo e depois na prática falha…. E eu sou muito “pão, pessoas que vieram para o Candomblé por dinheiro. Eu não. Eu vim Telefonei à Bahia, falei com Pai Ari que me disse, Não, Pai Jomar, isso é FENACAB! E então ali, em cima do joelho, eu disse que sim, que pão, queijo, queijo” e sempre pensei, apesar de parecer quase para o Candomblé e abandonei tudo por amor ao Orixá. Trabalhava em mentira, essa pessoa nunca pertenceu a esse Ile, por isto e por isto…” quando quisessem ir a Portugal, teria todo o gosto em recebê-los. impossível, que o Pai Cláudio pudesse pertencer à FENACAB.3 escolas, era assistente, trabalhava para o setor privado, saía três ou Também já disse, “Olhe, do Candomblé, não tenho, mas há uma casa “Está combinado”, disse ele, “a coordenação será entregue ao Ilé Ase F: Porquê isso?quatro vezes no ano de férias e abandonei tudo por vocação e por fé. que é a ATUPO, do Pai Cláudio, é de Umbanda - e ainda não estava na Omim Ogum em Novembro que vem!” E foi tudo assim, sem contar, PJ: Isto não é diminuir-me! Achava que o Pai Cláudio era uma pessoa Foi numa ida a uma discoteca, à noite, com os meus colegas FENACAB-, mas garanto-lhe que é uma pessoa muito honesta. A muito em cima do joelho e vim eu muito atarantado para Portugal com uma grandeza muito grande e que provavelmente não queria professores. Encontrei lá um senhor que me disse que gostava de falar FENACAB funciona portanto de forma didática, não diz “você não é”, com esta história. pertencer à FENACAB (…). Pensava: “Quem sabe se um dia virá a comigo e me convidou a ir a sua casa. Eu disse, “Desculpe lá, eu não o diz “você é!” . Há esta mais-valia de as pessoas poderem saber onde F: E isto foi há quanto tempo? acontecer . Se acontecer é bom, se não acontecer, eu farei a minha conheço de lado nenhum, não vou à casa de quem não conheço”. Então entram, se realmente estão ou não com pessoas sérias, segundo os PJ: Foi em 2006. Foi esta a história. Ele entretanto esteve a ver o meu história, ele fará a sua e depois se verá se os nossos caminhos se ele explicou que era Pai de Santo. O bichinho começou a trabalhar. parâmetros da FENACAB. (…) historial todo, meteu Interpol e tudo, viu toda a minha vida sem eu cruzam ou não”. Por motivos vários, os caminhos foram-se cruzando e Estive com esse senhor e aí começa a minha história com a Umbanda e F: E o que acontece no caso das pessoas serem ludibriadas? saber. eu sempre tive uma grande relutância em dizer isto ao Pai Cláudio até com os cultos afro-brasileiros. Depois passei para o Candomblé. (…) E PJ: Existem casos em que isso realmente acontece. Lá em baixo, no Pai Cláudio: Isso é bom. Mostra rigor! que, acerca de um mês atrás, pensei: vou falar! E disse-lhe “Olhe, Pai na minha vida tudo sempre aconteceu, nunca fui eu que quis algo. Algarve, houve um caso em que alguém foi ludibriado, pior até que PJ: É. E foi assim que, em termos de FENACAB, me explicou tudo o Cláudio, eu gostava muito. Se não quiser, não deixo de ser seu amigo, Mesmo na FENACAB. Eu gosto de fazer coisas, sou um fazedor. (…)isso, fizeram queixa à FENACAB pelos males que aquela pessoa tinha que pretendia e o que não se pretendia e começou aí a minha mas que eu gostava, gostava! Por todas as situações e porque eu sei F: Gostaria de deixar uma mensagem para os leitores do nosso jornal?sofrido. Eu disse, “a FENACAB irá interpor. Agora você vai participar na jornada, que eu não pedi, que eu não queria. que em Portugal, em termos de Umbanda, o trabalho que faz é sério!” PJ: Acho que, independentemente das nações do Candomblé e das polícia e eu, como coordenador da FENACAB, vou lá e atesto realmente F: E daí como partiu para agregar outras casas? (...) Acho que Pai Cláudio e a ATUPO, na sua globalidade, poderão ser vertentes da Umbanda que existem, tenho sempre uma máxima que é “Todos e cada um de nós é irmão e todos somos filhos de Deus”. Isto é muito importante. O sermos capazes de ser ecuménicos até no ponto de vista. Se formos ecuménicos no ponto de vista que nós defendemos, acho que todos concorremos para uma maior harmonia, que é o que se pretende. Eu pretendo que o ser humano seja melhor e se eu contribuir no Candomblé e se o Pai Cláudio contribuir na Umbanda, ótimo! Quem tem a ganhar com isto são Deus e os Orixás!

Fernanda Moreira & Mary Nogueira

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Rua D. Gonçalo Pereira, 75 - Cividade

4700-032 Braga - Tel. 253 261 021

Entrevista PAI JOMAR E PAI PAULO DA FENACAB

Apoio

s

Page 8: Jornal Fundamento_011

2012

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esta edição, dedicamos este espaço a uma planta muito tratamento das seguintes patologias: infeções renais, albuminúria, ut i l izada na nossa Umbanda: a cana-do-brejo. arteriosclerose, pedras na bexiga e infeções da bexiga; cistite com N

Cientificamente denominada de Costus spicatus e popularmente dores e dificuldade de urinar, diabetes, disúria, amenorreia, febre, conhecida também como caatinga, cana-branca, jacuanga, pacová, gonorréia, hidropisia, inflamação dos rins, insuficiência cardíaca, jacuanga, cana-do-mato, jacuacanga, paco-caatinga, periná, ubacaia, leucorréia, micção sanguinolenta, picada de inseto, reumatismo e ubacayá, esta planta tem origem no Brasil e aparece normalmente em sífilis,brejos (terrenos pantanosos onde cresce mato). No passado, a cana- PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS: esta planta é considerada do-brejo era utilizada pelos indígenas, para saciar a sede e como anti-inflamatória, antidiabética, anti-reumática, depurativa, emplastros para as dores, edemas e contusões. diurética, diaforética, restabelece a menstruação, sudorífera e

CARACTERÍSTICAS: planta herbácea de haste ereta, pode atingir tónica. até 2 metros de altura. Possui folhas alternadas, longas, invaginantes, CONTRA INDICAÇÕES: deve evitar-se o uso prolongado e verde-escuras, com bainha pilosa e avermelhada na margem. As suas em caso de gravidez não deve ser utilizada.flores são de cor rosa, com bordas brancas, tubulares e por dentro Fontes:http://plantamed.com.br/

plantaservas/especies/Costus_spicatus.amarelas. htmCULTIVO: a cana-do-brejo é uma planta que não tolera

http://www.plantasquecuram.cotemperaturas muito baixas. Normalmente é plantada em canteiros a m.br/ervas/cana-do-brejo.htmlpleno sol, com terra rica em matéria orgânica, que deve ser renovada http://www.webartigos.com/arti

gos/plantas-medicinais/76605/a cada 2 anos. Multiplica-se facilmente por divisão dos rizomas.http://www.facavocemesmo.netMEIOS DE UTILIZAÇÃO:

/cultivo-de-plantas-cana-do-brejo/· Uso Interno: chá · Uso Externo: emplastro Leonel LusquinhosINDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: a cana-do-brejo é utilizada no

Sem folha não há Orixá

uitos médiuns e dirigentes de Umbanda não podem mexer com coisas pesadas, porque ajoelha, cruza o solo com a mão direita, saúda seu Macreditam que basta incorporar seus seus médiuns não têm o preparo necessário. Preto Velho ou sua Preta Velha, e lhe pede licença guias para que eles comecem a trabalhar no aten- Durante o desenvolvimento, sem pressa e só para firmar ali, diante do Cruzeiro das Almas, a dimento às pessoas que vão aos centros em busca após o guia se identificar, é dever, é obrigação do sua força.de auxílio. médium firmá-lo em seu campo vibratório na 4º - A seguir, pega os elementos e começa a fazer

Mas isto não é verdade e, antes de um médium natureza e fazer bem feita essa firmeza, dando ao a firmeza: - acende as velas brancas em círculo, começar a dar atendimento, ele deve firmar seus guia os recursos necessários para que ele tenha coloca um pedaço de pano branco sobre o solo e guias nos seus campos de atuação, sob a irradia- meios de ajudar as pessoas necessitadas. deposita em cima dele um alguidar ou um prato de ção dos orixás que os regem e sustentam seus Mas não adianta só ir à natureza e dar uma papelão com as pipocas, cruza-as com o mel; a trabalhos. oferenda ao guia que tudo estará resolvido. seguir coloca os ramos de crisântemos brancos

Mesmo que um médium já esteja incorporando Não mesmo! entre as velas, e com as flores viradas para o lado muito bem seus guias, ainda assim é preciso que É preciso que a firmeza seja feita dentro de de fora do círculo de velas; a seguir, coloca as comi-ele firme todos os seus guias, antes de começar a certos procedimentos, para que tenha validade. das e as bebidas ao redor do alguidar, com cada dar passes e consultas e, em hipótese alguma, Procedimentos para firmar a força de um Preto um dos elementos, acondicionado dentro de um deve deixar para depois estes procedimento bási- Velho (a) no Campo Santo: recipiente adequado e biodegradável. (Os vasilha-cos e indispensáveis a um bom trabalho de atendi- 1º - Adquirir todos os elementos necessários: -- mes usados para levá-los devem ser recolhidos mento às pessoas necessitadas. (comidas e bebidas de preto velho), velas e flores pelo medium).

Sim! Sem estar com todas as suas forças espiri- de crisântemos brancos. 5 – Após fazer a firmeza, o médium deve cantar tuais muito bem identificadas e firmadas em seus Comidas: bolo de fubá, arroz doce, canjica, pontos ao seu Preto Velho (a) ou fazer uma oração, campos vibratórios, de já terem seus colares ou pipocas estouradas e sem sal. pedindo-lhe que firme suas forças no Campo guias de trabalho cruzadas e consagradas, de já Bebidas: Café, agua, vinho licoroso branco, agua Santo, para que possa, já firmado, incorporar no terem riscado seus pontos de firmeza, não se deve de côco, sempre em acordo com o que ele pedir ou Centro e fazer a caridade espiritual, ajudando os permitir a um médium novo que dê atendimento intuir ao seu médium. necessitados.às pessoas dentro de um centro. Velas: - 7 velas brancas para o círculo da oferen- 6- Caso o Preto Velho incorpore, o cambone ou a

E isto, por duas razões: da. pessoa que está acompanhando deve atendê-lo, 1ª- Só com as forças devidamente firmadas, elas Mais uma vela branca para o Pai Obaluaiê, 1 conversar com ele e servi-lo com o que ele pedir.

poderão fazer um bom trabalho para os necessita- vermelha para o Pai Ogum Megê, 1 amarela para a 7- Depois, o médium dever pedir a benção e o dos, porque contarão com a cobertura dos orixás Mãe Iansã que deverão ser acesas em triângulo,( axé dele, dar 7 passos para trás e se retirar.que regem o campo em que atuam. antes de se fazer a oferenda ao Preto Velho), na

2ª- Só com suas forças espirituais bem firma- frente do cruzeiro das almas e, dentro dele, o Obs. O médium deve pedir licença na porteira das, um médium pode mexer com certas forças médium deve colocar uma vela branca para si e para entrar e para sair do Campo Santo e sua fir-que entram com as pessoas que precisam ser pedir a benção e a proteção destes orixás. meza deve ser feita com respeito, reverência e ajudadas. 2º - Após firmar os orixás em triângulo, o médi- muito amor no coração, pois é um ritual sagrado

Se dou esse alerta é porque já estou cansado de um os saúda, pede-lhes a benção e a proteção. de Umbanda essa firmeza de forças e, assim como ver médiuns ficar 1, 2, 3 anos frequentando os Depois pede licença para firmar seu Preto Velho ele é necessário, ele também trará inúmeros bene-centros, girando e ajudando os trabalhos, sem que no Campo Santo. fícios para o médium que o fizer. tenham ido à natureza firmar corretamente as 3º - Depois recua 7 passos largos para trás, suas forças espirituais, que querem trabalhar, mas dando o primeiro com o pé direito e, no sétimo, Rubens Saraceni

Firmeza De Preto Velho No CemitérioPai Rubens Saraceni

Cana-do-brejo