Jornal Impressão nº 182

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8/8/2019 Jornal Impressão nº 182 http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-no-182 1/16 OS CAMINHOS DA INVESTIGAÇAO POLICIAL 10 12 14 Lavagem de dinheiro Séries investigativas Entrevista com o  jornalista Luiz Ribeiro ˜ 9 Crimes vituais Ao 28 • úmero 182 • Otbro de 2010 • Belo Horizote/MG Reeões sobre o segdo tro Itesas fscaliações aos cadidatos Iniciativa popular dá vida à lei Ficha Limpa, que exige mais clareza sobre a vida dos políticos brasileiros. Outra opção é acompanhar sites que disponibilizam ao eleitor um retrospecto da vida pública dos candidatos. Página 4 Cidades Segaça e ceitéios aeaçada  Apesar de ser considerado uma prática superada, o rou- bo de túmulos, comum em diversas regiões do país, ain- da preocupa cidadãos e causa polêmica entre administrado- res de cemitérios e famílias, que pagam para sepultar pa- rentes. Página 6 Cidades Descaso público aeta espaço cltal  À espera de uma revitaliza- ção, a Praça Sete, considerada como um dos pontos de refe- rência de Belo Horizonte, tornou-se um retrato do de- sinteresse dos governantes em prezar os espaços públicos de lazer e cultura da capital mi- neira. Página 5 Shakes Página 7 Twitte Página 16 Editorial Ficha Lipa Maaa Mda “O projeto nasceu a partir da ini- ciativa popular. Logo, renascia o sentimento de que os brasileiros voltaram a lutar contra uma maré de corrupção e impunida- de”. Página 2 Shows Festival e divesos estilos Diversidade, música indepen- dente e público variado. Estes são alguns ingredientes do projeto Flaming Nights, que inseriu Belo Horizonte no ce- nário underground brasileiro. Página 4 Crticas Ete palavas e beijos Os espetáculos “Beijo Bandi- do”, de Ney Matogrosso, e “Maria Bethânia e as pala-  vras” misturam música popu- lar brasileira e teatro nos pal- cos do Palácio das Artes e Fashion Mall, no Rio. Página 12 DO!S Ciema É peciso peseva  A proteção e recuperação de películas é uma parcela muito importante da conservação da memória audiovisual da nossa história, mas, de forma geral, está sendo negligencia- da. Página 8 Artes Plsticas Bastidoes de a osta Promover uma exposição in- ternacional em Belo Horizon- te demanda esforço, organiza- ção e muito trabalho. Conheça a logística e o pro- cesso de montagem de mos- tras na capital mineira. Página 2 Artigo Pesideciáveis  Wam A “Para manter os aliados, o presi- denciável paulista terá que, ne- cessariamente, manter os agrone-  gociadores felizes. O agronegócio é responsável pela maioria do desmatamento”. Página 3 juliAnA vAlliM isAbellA bArroso Dah da xp va d Ma, Paác da A, m bH, q c mê

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http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-no-182 1/16

OS CAMINHOS DA

INVESTIGAÇAO POLICIAL

10

12

14

Lavagem de

dinheiro

Séries

investigativas

Entrevista com o

 jornalista Luiz Ribeiro

˜

9Crimes vituais

Ao 28 • úmero 182 • Otbro de 2010 • Belo Horizote/MG

Reeões sobre osegdo tro

Itesasfscaliaçõesaos cadidatosIniciativa popular dá vida àlei Ficha Limpa, que exigemais clareza sobre a vida dospolíticos brasileiros. Outraopção é acompanhar sites quedisponibilizam ao eleitor umretrospecto da vida públicados candidatos. Página 4

Cidades

Segaça eceitéiosaeaçada  Apesar de ser consideradouma prática superada, o rou-bo de túmulos, comum emdiversas regiões do país, ain-da preocupa cidadãos e causapolêmica entre administrado-res de cemitérios e famílias,que pagam para sepultar pa-

rentes. Página 6

Cidades

Descasopúblico aetaespaço cltal  À espera de uma revitaliza-ção, a Praça Sete, consideradacomo um dos pontos de refe-rência de Belo Horizonte,tornou-se um retrato do de-sinteresse dos governantes emprezar os espaços públicos delazer e cultura da capital mi-neira. Página 5

Shakes 

Página 7

TwittePágina 16

Editorial

Ficha LipaMaaa Mda

“O projeto nasceu a partir da ini-ciativa popular. Logo, renascia osentimento de que os brasileirosvoltaram a lutar contra umamaré de corrupção e impunida-de”. Página 2

ShowsFestival edivesos estilosDiversidade, música indepen-dente e público variado. Estessão alguns ingredientes doprojeto Flaming Nights, queinseriu Belo Horizonte no ce-nário underground brasileiro.Página 4

Crticas

Ete palavase beijosOs espetáculos “Beijo Bandi-do”, de Ney Matogrosso, e“Maria Bethânia e as pala- vras” misturam música popu-lar brasileira e teatro nos pal-cos do Palácio das Artes eFashion Mall, no Rio.Página 12

DO!SCiemaÉ pecisopeseva A proteção e recuperação depelículas é uma parcela muitoimportante da conservaçãoda memória audiovisual danossa história, mas, de formageral, está sendo negligencia-da. Página 8

Artes Plsticas

Bastidoes dea osta

Promover uma exposição in-ternacional em Belo Horizon-te demanda esforço, organiza-ção e muito trabalho.Conheça a logística e o pro-cesso de montagem de mos-tras na capital mineira.Página 2

Artigo

Pesideciáveis Wam A

“Para manter os aliados, o presi-denciável paulista terá que, ne-cessariamente, manter os agrone- gociadores felizes. O agronegócioé responsável pela maioria dodesmatamento”. Página 3

juliAnA vAlliM

isAbellA bArroso

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Pieias palavas ImPrESSãO2 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

EXPEDIEnTE

REITORAProfª. Seli Maria Baliza DiasVICE REITOR Prof. Ricardo Caado

PRó REITOR DE GRADuAçãO Prof.Joha Amaral LkesPRó REITORA DE PóSGRADuAçãO,PESquISA E ExTEnSãOProfª.Jliaa Salvador

CuRSO: COMunICAçãO SOCIALRa Diamatia, 567 - LagoihaBH - MG - CEP: 31110-320TELEFOnE: (31) 3207-2811

COORDEnADORProf. Lciao Adrade Ribeiro

LABORATóRIO DEJORnALISMO IMPRESSO

EDITORProf. Fabrcio MaresMG 04663 JP

LABORATORISTAProfª. Ferada Agostiho

PRECEPTORAAa Pala de Abre(Programao Visal)

ESTAGIáRIOSDiagramaçãoVaessa Gerra

TextoMariaa Medrao

MOnITORESDiagramação e InografaIsabella Barroso

Texto

Liz Edardo LadeiraMaria Célia Messias

COLABORAçãOFotografaAderso ArélioJliaa VallimPalo Melo

IlustraçõesLeoardo Lôbo

TextoAa Flvia TorelliMarisol Bispo

 AnúnciosLACP - Laboratrio de Criao Pblicitria

LAB. DE COnVERGênCIA DE MíDIAS

COORDEnADORAProfª. Lorea Trcia

ESTAGIáRIOSLetcia SilvaTomaz AmâcioJssara PaolaFabola PradoReato Carvalhonajela Brck 

VOLunTáRIOSCaio Arajonathy FariaStephaie GomesGabriela RosaGilherme GimaresDiego Moreira

IMPRESSãO/TIRAGEMSempre Editora2.000 eemplares

Eleito o elho Joal-laboatóiodo país a Expoco 2009

Lgta cMaaa Mda8° PeríoDo

No dia 4 de junho de 2010, avontade de milhões de brasileirosse consolidou. A Lei Ficha Limpa foi aprovada pelo Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE) e já seriaaplicada nas eleições deste ano.O projeto nasceu a partir da ini-ciativa popular. Logo, renascia osentimento de que os brasileirosvoltaram a lutar contra umamaré de corrupção e impunidade.Em suma, a nova lei consiste embarrar a candidatura de políticoscondenados por um colegiado de  juízes, devido à prática de atosque envolvam, por exemplo, abu-so de poder econômico e político.

Entretanto, quatro dias apósser decretada, começaram a surgir 

dúvidas quanto à aplicação daFicha Limpa, a primeira a respei-to da punição dos candidatos. Se-riam considerados os processos

anteriores ao dia 4 de junho? Ora,se a Lei defende que o políticodeve ser “Ficha Limpa”, entende-se que isso abrange todo o seu cur-rículo na vida pública. Eis ai umadas várias contradições que torna-ram as eleições deste ano profun-damente confusas e duvidosas.

Dias antes da ida dos eleito-res às urnas o candidato ao gover-no do Distrito Federal, JoaquimRoriz, entrou com recurso no Su-perior Tribunal Federal (STF) por ter a candidatura barrada. Ocaso levanta novamente a ques-tão sobre a validade da Lei para

candidatos processados antes oudepois de a decisão ter entrado

em vigor. O embate dos ministrosdizia respeito à constitucionalida-de da Lei. Roriz desistiu de con-correr e colocou em seu lugar a

esposa, Weslian Roriz. O ato foiconsiderado por muitos como ma-nobra, esperteza e até mesmo“malandragem” por parte do polí-tico. Nos debates, entrevistas e naprópria campanha o despreparode Weslian para assumir o cargopúblico ficou evidente. O proces-so de Roriz acabou sendo arqui-vado e nada se decidiu à respeitoda validade constitucional da leido Ficha Limpa. Para o Ministé-rio Público, porém, a lei passou avaler já para essas eleições.

 A falta de coragem dos minis-tros fez com que no domingo, dia

3 de outubro, candidatos conside-rados “fichas-sujas” recebessem8,7 milhões de votos em todo oBrasil. Entre eles, Jader Barbalho(PMDB-PA), que disputou avaga de senador pelo estado doPará, obtendo1,79 milhão de vo-tos. O deputado federal PauloMaluf (PP-SP) também constaentre os “fichas-sujas”, mas issonão impediu que 497 mil pessoasoptassem por elegê-lo, colocando-oem terceiro lugar entre os maisvotados do Estado de São Paulo.

Por enquanto, os votos estãoregistrados como nulos, porém, os

processos dos candidatos barradosestão sendo julgados pelo Tribu-nal Superior Eleitoral. São 175processos avaliados individual-

mente. Contudo, a decisão sobrea validade da Lei Ficha Limpaainda está nas mãos do STF.

  A intenção do congresso ao

aprovar esse tipo de lei, acima deoutros quesitos, está ligada aooportunismo de ganhar novamen-te a confiança do cidadão. Jáque, depois de tantas denúncias eenvolvimentos em escândalos,essa seria uma maneira de melho-rar a imagem perante a popula-ção. O que se constata é que a lei  foi aprovada de uma maneirapouco esclarecida, cheia de bre-chas e incongruências.

 A morosidade observada nes-se e em muitos outros casos, quedependem da decisão das institui-ções jurídicas, é a justificativa da

população para a falta de interes-se nos assuntos de cunho político. Além disso, muitos citam os casosde corrupção como responsáveispor desacreditá-los de atos de ho-nestidade na gestão pública. To-davia, é inaceitável o fato de que,enquanto muitos lutam a favor de uma política mais limpa, ou-tros continuam a dar créditosàqueles que dissimulam seus fei-tos criminosos, tanto em campa-nhas – em meio a falsas promes-sas e compra de votos – quantono poder, em esquemas cada vezmais qualificados de roubo e cor-

rupção. Acah a ç 182 taél t:

 www.jala.c.@ja d m d m dcm a

MAriAnA MeDrAno

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Lha t

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 Alunos e professores doUniBH contam comoutilizam as redes sociais

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 Alunos de jornalismoonline registram o queé moda no UniBH

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Viso cíticaImPrESSãO   3BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

O nome do jornal ficou meio opa-co no que diz respeito à cor e aoposicionamento. A chamada

para o tema relacionado à modatambém auxiliou a perda de focodo nome do jornal.

naa oa

Os textos são, de forma geral,tranqüilos de ler e as pautas inte-ressantes. As matérias trazem pre-ocupação ambiental, utilidadepública e de cunho social, que, namaioria das vezes, são esquecidaspela grande imprensa.

jú rzd

 A reportagem “É a hora da deci-são” aborda de forma bem inte-

ressante a questão do jovem elei-tor. Mas acho que a foto damatéria principal deveria ser dopersonagem, pois traria mais cre-dibilidade do que a urna eletrôni-ca, que já está repetitiva

Caa Da da sa

Em algumas matérias as fotos eilustrações deixam a desejar, –como no caso das matérias sobre“bocha” e sobre o “Minas Loco-motiva” – em que as fotos nãomostram muitos detalhes, além

de serem em preto e branco, o quedificulta ainda mais uma boa vi-sualização.

rafa Aaú Fp Pap

 A capa do caderno Do!s foi bemelaborada e traz uma composiçãode fotos que agrada aos olhos doleitor. As informações culturaispublicadas no interior do caderno foram bem trabalhadas e enrique-cem o caderno.

Éka Pa Wg Ma

O jornal poderia abrir espaço paraopinião. É uma forma de convidar os leitores a participarem e contri-

buírem com informações, além deservir de ferramenta para medir aabrangência do exemplar. As crô-nicas são muito bem-vindas no jornal. Elas transcendem o cunhopuramente informativo e leva oleitor a compartilhar um texto lite-rário, descontraído.

Pca Md

Mesmo se tratando de um jornaldo Unibh, qualquer pessoa podeler, pois não aborda assuntos vol-tados somente para a faculdade.

 As editorias abordam assuntos deinteresse público e do público,como é o caso do caderno Dois.

 As fotos estão bem contextualiza-das, exceto na editoria “Um diano...”, em que o repórter relata osucesso do “Cirandas Bar”, noentanto a fotografia mostra o bar  fechado e sem clientes.

Paa i Dz

No caderno de cultura, logo nacapa, deparamos com Heath Led- ger, o Coringa de Batman: O Ca-valeiro das Trevas. E a foto daatriz Janet Leigh na parte maismarcante do filme Psicose. Com a junção do atraente título, MentesObscuras, as imagens e com um

bigode bem elaborado foi o conviteperfeito para despertar curiosida-de e expectativa na matéria. Noentanto, ela desaponta um pouco,na forma confusa e repetitiva emque retrata os fatos.

 Aa baz sc

  A matéria central do cadernoDo!s tem ilustrações bem feitas edistribuídas. Em meu entendi-mento, bem diagramadas. Háum equilíbrio entre título, bigode, fotos, textos e uma espécie de li-

nha cronológica em boxs bem ali-nhados que deram leveza à apre-sentação da matéria. Porém, as

páginas do caderno de culturanão são divididas em temas, oque dificulta a localização dosassuntos.

 Ya M

  A diagramação é outra grandebola dentro do jornal. Não é preci-so ser um respeitado designer grá- fico para observar o alinhamentomilimétrico dos textos, com todasas linhas na mesma altura da pá- gina. Os erros de hifenização com-prometem, mas não tiram o brilhodo diagramador.

 Wam A

O texto do editorial é a repetiçãodas manchetes de capa. O edito-rial deveria seguir o convencionale trazer a posição do jornal sobrealgum tema de relevância atual,ou no mínimo, sobre algum as-sunto de destaque na edição.

sada l Panga

 Ao analisar a matéria “Mentesconturbadas”, as fontes utiliza-das, como, por exemplo, a presi-

dente da Associação Mineira dePisiquiatria Sandra Carvalhais,atribui mais veracidade ao assun-

to tratado. Ao falar de casos co-nhecidos, a fonte aproxima o lei-tor da realidade.ba Áa,Daya lma

Héa oa

  As editorias são interessantes enovamente creio que pensadascuidadosamente para atingir opúblico alvo. Em “Especial” otema carona solidária é abordadode maneira interessante, com tí-tulos e subtítulos descontraídos, ameu ver, a melhor matéria da pu-blicação.

Makma Ga

ombudsmAn

o óla ga

 Wam A5º PeríoDo

 A ex-presidenciável MarinaSilva se bandeou para o Parti-do Verde, em agosto de 2009,quando entrou em atrito comalguns setores da sua antiga

agremiação, o Partido dos Tra-balhadores. À época da saída,a acreana alegou como motivo“crescentes resistências encon-tradas por nossa equipe juntoa setores importantes do go-  verno e da sociedade”. Alémde abandonar o partido, já ha-  via abdicado, um ano antes,da pasta do Ministério doMeio Ambiente.

Para grande parte da im-prensa, no entanto, essas “re-sistências” não significavamnada muito além da então mi-nistra da Casa Civil e atual fa-

  vorita ao pleito presidencial,Dilma Rousseff, que discorda- va da ambientalista em ques-tões ecológicas. Marina negouque fosse “vítima da ministraDilma”, mas a desconfiançajornalística continuou.

Findo o primeiro turnodas eleições, Marina conse-guiu cravar impressionantes19,5 milhões de votos, o que atransforma em objeto de cobi-ça para os dois candidatos.

O candidato do PSDB, JoséSerra, somou mais votos (ecom eles, garantiu presença nosegundo turno) na chamada“região do agronegócio”: Para-ná, Mato Grosso do Sul, MatoGrosso e Rondônia. Para man-ter os aliados, o presidenciável

paulista terá que, necessaria-mente, manter os agronegocia-dores felizes. O agronegócio éresponsável pela maioria dodesmatamento de biomas dopaís. A principal – e para osdetratores, a única – bandeirada campanha de Marina era,justamente, o desmatamentozero. E agora, Marina?

Desnecessário ressaltar queconceder apoio aos petistasque ela abandonou, por diver-gências com a gerência, tam-bém seria um tremendo retro-cesso. Afinal, ela não deu o

braço a torcer em agosto de2009. Por que agora?Ou seja: não se surpreen-

dam se a ex-militante de RioBranco se mantiver caladinhasobre a demanda eleitoral quetermina em 31 de outubro,convenientemente o feriadomundial do Dia das Bruxas,em que os mortos voltam aosseus lares e visitam seus des-cendentes. Que Deus te aben-çoe, Marina Silva.

eda d q pd d am aaam d 181 d Impressão

 ArTiGo

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Vida pública ImPrESSãO4 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

Ma bp5º PeríoDoed: Maaa Mda

Passada as eleições, MinasGerais, Estado que possui asegunda maior bancada daCâmara dos Deputados - 53cadeiras - foi a que mais reele-geu deputados federais. O ín-dice de renovação foi de ape-

nas 35,85%. Já nas eleições de2006, marcada por escânda-los sem precedentes, como odo mensalão e o da máfia dassanguessugas, o índice de re-novação foi de 52,2%. A fre-qüência do envolvimento depolíticos em atos delituososrequer uma reflexão da socie-dade: até quando permitirque isso aconteça?

 A professora de jornalismo Adélia Fernandes alerta para ofato de que a fiscalização dotrabalho dos parlamentares sóé possível para instituições for-

mais como Justiça, imprensa,ONGs. “Por isso é tão impor-tante na democracia termos osTrês Poderes independentes elivres, um vigiando o outro”,completa. Porém, cabe ao cida-dão vigiar a atuação de deputa-dos e senadores para evitar ree-leger aqueles acusados deenvolvimento nos escândalos.Sites criados por jornalistas eentidades não governamentaissão importante aliados nestatarefa ao fornecerem informa-ções a respeito do desempenhodos parlamentares, o envolvi-

mento em casos de corrupção,processos na justiça e evolução

patrimonial.Um levantamento elabo-

rado pela ONG Transparên-cia Brasil afirma que de nadaadianta uma sociedade orga-nizada ajudar na canalizaçãode esforços e recursos paraprojetos sociais, culturais oude desenvolvimento de umacidade, se as autoridades mu-nicipais, responsáveis por es-

ses projetos, se dedicam aodesvio do dinheiro público.

CçNeste contexto, o site ela-

borado pela ONG, em abrilde 2000, traz informações im-portantes, como estatísticassobre o perfil dos parlamenta-res, artigos publicados em jor-nais de referência como OGlobo e a Folha de São Paulo.Há também artigos acadêmi-cos, guias, manuais e cartilhaspara o controle da corrupção.

O jornalista Fernando Ro-

drigues realizou, de 1998 a2000, uma pesquisa sobre aevolução patrimonial de 1.870políticos do legislativo e execu-tivo. O objetivo foi verificar oaumento do patrimônio decada um deles durante o exer-cício da vida pública. A pes-quisa se transformou no livroe no site homônimo, cujas in-formações são atualizadas comfreqüência.

Criado em fevereiro de2004, o Congresso em Foco tam-bém é um site importante,pois se consolidou como refe-

rência para quem deseja infor-mações confiáveis sobre as

atividades dos deputados, se-nadores e políticos em geral.Ele foi o primeiro veículo decomunicação brasileiro a pu-blicar a lista dos parlamenta-res federais que respondem aprocessos judiciais. Isso ocor-reu em março de 2004. Desdeentão, o site publica regular-mente levantamentos de con-gressistas com pendências ju-diciais.

 Câaa sa  Vale ressaltar ainda que

tanto a Câmara como o Sena-

do informam, nos respectivossites, sobre os projetos apre-

sentados por cada parlamen-tar, a pauta de votação no ple-nário e o valor do saláriorecebido. Desde 2009, cadadeputado é obrigado a discri-minar os gastos feitos com a verba indenizatória de R$ 15mil mensais. O valor não uti-lizado num mês pode ser gas-to em outro. Por semestre,eles podem reembolsar o limi-te de R$ 90 mil.

  A verba indenizatória,criada em 2001, cobre despe-sas de aluguel, transporte,combustíveis, consultorias,

divulgação da atividade parla-mentar, serviços de escritório

e serviços de segurança parti-cular, entre outros.O boletim eletrônico

 Acompanhe seu Deputado é umserviço oferecido pela Câma-ra a qualquer cidadão, bastase cadastrar para receber,quinzenalmente, informaçõespor email sobre a atuação dosparlamentares Já no site doSenado não é preciso fazer ca-dastro, basta informar o nomedo deputado, o ano de exercí-cio e o mês de lançamentopara verificar suas despesas.

eaç a tt

aa vga lítcs cad paa ada cdad a acmpaha aõ azada p paama

Maaa Mda8° PeríoDo

 A Lei da Ficha Limpa temcomo objetivo barrar a candi-datura de políticos condena-dos pela justiça e torná-losinelegíveis por oito anos. Oprojeto que deu origem à lei

surgiu a partir de uma campa-nha de iniciativa popular,com 1,3 milhões de assinatu-ra, e foi aprovado em junhodeste ano.

  A cientista política Odila  Valle resalta, porém, que amera aprovação da lei não sig-nifica que os problemas natentativa de impedir a partici-pação de corruptos nas elei-ções estejam totalmente resol- vidos. “Em primeiro lugar, há

brechas na própria lei que fa-cilitam a manutenção de no-mes que já deveriam ter sidohá muito banidos do espaçopúblico brasileiro”, destaca.

De acordo com a lei, o po-lítico precisa ter sido conde-nado por mais de um juiz,além de poder recorrer da de-

cisão do Tribunal SuperiorEleitoral (TSE). Brecha apro-  veitada pelo ex-candidato aogoverno do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC), que re-correu ao Supremo após ter acandidatura cassada pela leiFicha Limpa por ter renuncia-do ao cargo de senador em2007, a fim de escapar de umprocesso por quebra de deco-ro parlamentar no Conselhode Ética do Senado.

Foi essa a ação que desen-cadeou uma série de dúvidase desentendimentos por partedo TSE, e também do Supe-rior Tribunal Federal (STF),em relação a lei. A partir dai,os ministros do STF entraramem um impasse quanto ao pe-ríodo em que a lei se aplica-

ria. A questão era se os candi-datos poderiam ser barradospor processos que ocorreramantes da aprovação da lei. Ou-tra pendência era se a lei jáseria aplicada nas eleições des-se ano.

Com a desistência do can-didato do PSC ao governo doDistrito Federal, o recurso foiarquivado antes das eleições,entretanto o Supremo Tribu-nal Federal ainda espera a no-

meação de um novo presiden-te do órgão para decidir sobrea validade da lei e sobre osmais de mil recursos de candi-datos, coligações e MinistérioPúblico, que tramitam naCorte desde o dia três de ou-tubro deste ano. Os candida-tos barrados estão com os vo-

tos suspensos até que cadarecurso seja julgado individu-almente. Em Minas, 39 “fi-chas-sujas” receberam 353 mil votos. São 12 candidatos a de-putado federal e 27 a deputa-do estadual que recorreram epoderão fazer parte das ban-cadas da Assembleia Legislati- va de Minas e da Câmara Fe-deral caso os recursos sejamaprovados, mudando o cená-rio atual do Legislativo.

L Fcha La ga úva

Eleitores votam no primeiro turno das eleições, no Colégio São Francisco de Assis, no Pompeia

La a atéa a ítga t: www.jala.c.@

• http://www.cotasabe-tas.ol.co.bcriado pelo Cotas Abertas,etidade sem s lcrativose scaliza os orametose a destiao de recrsos

púbicos o pas.

• http:// www.taspae-cia.og.btraz iformaões sobre2.368 polticos, e tem o ob-

 jetivo de ajdar as orgaiza-ões civis e os goveros detodas as itâcias a dese-volver metodologias e ati-tdes voltadas ao combateà corrpo.

Vale a peacoei

juliAnA vAlliM

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8/8/2019 Jornal Impressão nº 182

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Taas baasImPrESSãO   5BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

patô à va

lca oa6º PeríoDoed: Maaa Mda

O atual estado da PraçaSete de Setembro, localizadana região central de Belo Ho-rizonte, ofusca o brilho de umdos cartões postais mais im-portantes e tradicionais dacapital. Todos os dias circu-lam por ali milhares de pesso-

as apressadas que mal olhampara os lados, ignorando umarealidade que demonstra a máconservação do lugar. Umprograma de revitalização foiexecutado em 2003, mas nãofoi suficiente para preservar aboa imagem do patrimôniohistórico e cultural da cidade.

Palco perfeito para acom-panhar manifestações políti-cas, jogar xadrez, comprar ar-tefatos ou presenciar oencontro das diferentes tribosurbanas, a Praça Sete destaca-se por acolher os movimentos

democráticos e a diversidadecultural. Porém, a maioria dostranseuntes, e até mesmoquem a frequenta, se esquecedas noções de cidadania de-predando e desvalorizando obem comum. Além disso,muitos reclamam da falta desegurança do local e atribuemaos hippies e moradores derua a responsabilidade pelodescuido da praça.

  A assessora de comunica-ção da Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social(SMAAS), Mariana Costa,

alega que a noção de cidada-nia assegura a esses indivídu-os o direito de ocupar a cida-de. “Impedir o livre acesso em

locais públicos, até mesmo decomerciantes informais, seconfiguraria como uma viola-ção de direitos”, pontua.

sgaçaSegundo o aposentado

Paulo Silvério, os tempos sãooutros e, hoje, ele diz guardarna memória a imagem de umaPraça Sete mais segura. “Anti-gamente você tinha aqui uma

presença extraordinária dapolícia”, relembra. Já o repre-sentante comercial FranciscoGomes acredita que uma vigi-lância permanente seria umasolução eficaz para o proble-ma, tomando como exemploas reformas que foram feitasna Praça da Estação e RaulSoares.

No período em que acom-panhou o movimento da pra-ça, a reportagem presencioumoradores de rua colocandofogo em valas do chão – va-zões protegidas por grades, fa-

cilmente removíveis, onde es-correm as águas da chuva – como intuito de usá-las como sefossem churrasqueiras. Fran-cisco também narra outra prá-tica inapropriada já vista napraça: “Havia uma saída deágua que era utilizada por elespara tomar banho e lavar rou-pas. Até sexo nós já presencia-mos aqui”.

  A assessora da RegionalSocial Centro-Sul, Mara Da-masceno, afirma que o traba-lho de fiscalização é feito, mastambém cabe à população dar

queixa quando necessário.“As ações fiscais na Praça Setesão rotineiras e tem como oobjetivo coibir o comércio ir-

regular ou qualquer outra in-fração prevista no Código dePosturas do Município, mascabe à população registrar asdevidas reclamações junto àPolícia Militar”, esclarece.

 Atêca

Questionada sobre a situa-ção dos moradores de rua, aassessora da SMAAS, Maria-na Costa, explica que há uma

ampla rede de serviços de as-sistência social.“Em Belo Ho-rizonte a Secretaria oferta ser- viços – entre eles o Serviço de Abordagem Social nas Ruas -que permitem a superação dasituação de vida atual e/ouum apoio para uma vida mais

digna, ainda que nas ruas. Oobjetivo é resgatar a autono-mia dessas pessoas e, se possí-  vel, no contexto familiar”,

completa.De acordo com o técnico

de referência do Serviço de  Abordagem Social nas RuasLeonardo Silva, a assistência aessa população é feita com aretirada de documentação,passe-livre e consultas de saú-

de clínica e mental.

Mha d pa aam p c da capa m da ca d dcd cm ca

Quem encara a praçacomo um ambiente típico daszonas urbanas são os frequen-tadores da Galeria do Rock.Com três andares, sendo doisdestinados a movimentos cul-turais ligados à música, o lo-cal concentra nichos que ain-

da acreditam na Praça Setecomo ponto de encontros demovimentos transgressores.

Para o vendedor DaylonMarcos, mais conhecidocomo “Jerry”, é preciso cuidarda cultura e da história da ci-dade mantendo a tradição daPraça Sete. “Aqui é onde a ga-lera se encontra. Precisamosmanter esse ciclo cultural”. Jerry reconhece a convivênciaharmoniosa, “Todos aqui só

desejam usufruir do espaçopúblico da praça, por isso umtem que respeitar o espaço dooutro, assim sempre teremosesse ponto de encontro”.

Um dos responsáveis pelamanutenção da cultura daPraça Sete é João Batista,

dono de uma das lojas da Ga-leria do Rock. O comercianteaponta um caminho para in-centivar a valorização do lu-gar. “É preciso dar uma inje-tada no lado cultural. Osórgãos públicos podiam in- vestir mais. Aqui tem espaçopara colocar música ao vivonos sábados, domingos, ao arlivre, não importa o estilomusical. Aqui é o coraçãodessa cidade”.

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8/8/2019 Jornal Impressão nº 182

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Taas baas ImPrESSãO6 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

Laõ a

tGhm Mlz edad ladathag Madalz Mara Ga6° PeríoDoed: Maa Ma

O roubo de sepulturas,por mais incrível que possa

parecer, ainda é um ato crimi-noso bastante comum. Osmotivos que levam alguém aperturbar o descanso eternode um morto podem ser dosmais variados. Desde a subtra-ção de adornos feitos em ma-teriais valiosos, como o bron-ze e o mármore, para obtençãode dinheiro, até casos peculia-res, como aquele do estilistaRonaldo Ésper, que foi presoem flagrante por tentativa deroubo de um vaso decorativo,em janeiro de 2007.

No Brasil, o valor para en-

terrar uma pessoa em um ce-mitério municipal pode ultra-passar R$ 15 mil. Existe aindauma taxa de manutenção anu-al no valor de R$ 42,50 (doscemitérios de Belo Horizon-te), e os adicionais, caso as fa-mílias optem pela lavagemdos túmulos em períodos re-gulares. O problema é que asegurança desses jazigos é fa-lha. Ocorrências desses crimesaparecem frequentemente pe-las delegacias de todo o país.

Na região metropolitanada capital mineira os casos

também têm aparecido. Emabril deste ano, um homem de39 anos foi preso, pela segun-da vez, ao furtar imagens detúmulos no Cemitério do Bon-fim. O local é um dos mais vi-sados de Belo Horizonte, devi-

do à qualidade dos ornamentosempregados nas sepulturas.

Para um zelador do Cemi-

tério do Bonfim, que pediupara não ser identificado, aação dos marginais que rou-bam os túmulos, muitas vezes,acontece pela necessidade decomprar drogas, aproveitandoa ausência de vigilância noscemitérios para cometer osdelitos. “O que mais impres-siona é a ousadia dos bandi-dos, que cometem os furtos,na maior parte, durante odia”, relata o funcionário.

 A incorporação da GuardaMunicipal nos sepulcráriosfoi uma medida adotada pela

prefeitura de Belo Horizontepara diminuir as ocorrências.Hoje, a cidade tem quatro ce-mitérios municipais: Bonfim,Consolação, Saudade e daPaz. O administrador dos ce-mitérios municipais de Belo

Horizonte, Francisnaldo Ba-tista, afirma que a chegada daguarda inibiu a ação dos ban-

didos e que há dois anos oscrimes não ocorrem. “Desdeo convênio firmado com a po-lícia e as sedes dos cemitérios,não tivemos mais problemascom os furtos”.

Contudo, algumas pessoasque prestam serviço nos fossá-rios asseguram que ainda exis-tem túmulos roubados, prin-

cipalmente os que têm peçasde bronze. Um outro funcio-nário, que também pediu

para não ser identificado, ga-rantiu que ainda ocorrem fur-tos no cemitério do Bonfim,devido ao elevado valor artís-tico das obras.

O vendedor Frederico Ma-cedo foi lesado por este tipode crime. O túmulo onde seupai está enterrado foi danifi-cado em fevereiro de 2010.“Será que nem depois de mor-tas as pessoas vão ter paz nestemundo?”, desabafa. Macedo-conta que “a família pagouum absurdo entre taxas e ser- viços, mesmo assim, sofremos

com o roubo no túmulo demeu pai. Além da perda, infe-lizmente, tivemos que lidarcom esse tipo de situação”.

No detalhe, a parte superior do jazigo foi roubada por criminosos no cemitério do Bonm

 vaõ a úm cm cm fqêca cmé d b Hz

 Vja aa cté bl Hzt t:

 www.jala.c.@

Pais-de-Santo podem serconsiderados os principais“clientes” de cemitérios clan-destinos e tradicionais no su-miço de algumas ossadas. Os

rituais de magia negra costu-mam utilizar os restos mortaisdos seres humanos para a rea-lização de feitiços.

O acesso a esses ossos éconsiderado crime de vilipên-dio de cadáver, quando háqualquer espécie de contatocom o morto.

  As cerimônias realizadasem cemitérios são ricas em de-talhes. Cada uma tem o seuobjetivo: Exu Sete Catacum-

bas é o ritual feito para matar;Exu Caveira para aleijar; ExuCanga para enlouquecer, den-tre ouros.

No caso do Exu Sete Cata-

cumbas, os participantes en-tram no cemitério, dizem fra-ses predeterminadas pelopai-de-santo, procuram a séti-ma catacumba do lado esquer-do e fazem o ritual para conse-guir o que desejam. Na saída,as palavras são repetidas.Quem faz o pedido deve sairdo cemitério sem dar as costaspara o exu. Os rituais paradesmanchar trabalhos tam-bém são feitos dentro dos ce-

mitérios, nas salas dos mor-tos.

O pai-de-santo ManuelCampo de Terra diz que jámisturou sangue de animais

com ossadas e que as magiasderam certo. “Já misturei osangue de bodes, galinhas eoutros pequenos animais paradar mais sustância para os ri-tuais. Sempre que a magia éfeita com crença, dá certo”,afirma.

Existe uma tabela clandes-tina, retirada de sites de magianegra, com valores médiosdos ossos. Confira no quadroao lado.

mca g

C ag As famílias lesadas por es-

ses furtos devem registrar umaocorrência policial e, depen-dendo da violação, é abertoum inquérito. O Código Pe-nal brasileiro determina a vio-lação de cadáver como crime,

baseado nos artigos 210, 211 e212.O advogado Diego Barce-

los explica que “qualquer danoprovocado pela administraçãopública precisa ser provadopela vítima, para posterior pro-cesso na justiça. A prova se fazmesmo com o processo emcurso”. E ressalta também que“no primeiro momento, a par-te deve mostrar o dano e aomissão do poder público. Nocaso, a prova contra a prefeitu-ra pode ser baseada na facili-dade em violar o cemitério”.

  Ainda segundo o advoga-do, em caso de roubo de tú-mulos, se houver omissão docemitério quanto à segurançado local, a família pode reque-rer ressarcimento dos danosmateriais. Em alguns casos,provado que houve contatocom o morto, manchando ahonra do mesmo, podem serpedidos danos morais. A inde-nização gira em torno de R$10mil.

Em caso de condenação, apena se dará na pessoa físicado ofensor e não na adminis-

tração. Isso porque a pessoajurídica, a princípio, não sofreresponsabilidade penal, mascivil. “A ação contra os roubosde túmulos é movida na Varada Fazenda Pública Munici-pal”, informa Barcelos.

“sá q mdp d maa pa paz md”

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Eseletoiteiro

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150,00

75,00

1000,00

500,00

Valoes édiosde ossos

renAto GonçAlves

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Taas baasImPrESSãO   7BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

 A lêca shakes

Éca Fad6° PeríoDo

ed: Ma bp

 Você trocaria o tradicionalfeijão com arroz, bife e batata-frita por três copos com líqui-dos? Se apenas pensar nessaideia fez ficar com fome, vocêficará surpreso em saber quecentenas de pessoas estão ade-rindo a essa opção para substi-tuir duas das três principaisrefeições do dia. Trata-se dos“espaços de shakes”, lugaresespecializados para pessoasque querem emagrecer ou en-

gordar. Apesar de os funcionáriosdesses espaços garantirem quea ingestão dos shakes propor-ciona uma vida saudável, con-trola o peso, melhora o hu-mor e a saúde mental doconsumidor, não há uma am-pla divulgação deles. Não háregistro de outdoors, propa-gandas televisivas, nem pan-fletagem nas ruas: as pessoasque vão a estes lugares, geral-mente, são indicadas por ou-tras que conheceram pelomesmo método de indicação,

e assim por diante. “Uma vezestava atrasada e quis sair como terceiro copo de shake, maseles me advertiram e só pudesair depois que tomei tudo edeixei a embalagem na lixeirado espaço”, diz a assessora Ana Martins, que freqüenta olocal há um mês.

Os interessados em consu-mir o produto vão a esses es-

paços nos principais horários

das refeições. No primeiro diade uso, os funcionários orien-tam os iniciantes a preenche-rem um questionário cadas-tral, depois são submetidos àbalança para verificar o peso,e em seguida são medidas asprincipais regiões do corpo,como nádegas, cintura e per-nas. Quando um númeroconsiderável de pessoas chegaao local, elas são direcionadasa se sentar em círculo e tro-cam informações cotidianas,geralmente, relacionadas aocorpo.

São servidos ao todo trêscopos de bebida. O primeirocopo é o chá verde que, segun-do os orientadores, funcionacomo desintoxicante do corpofísico, acelera o metabolismo eelimina gordura. O segundo éo chá M.R.G, que garanteenergia mental, equilíbrio eoxigena o cérebro. E por fim oshake, responsável por alimen-

tar a pessoa nutritivamente.“Nos primeiros dias fiquei

tonta e com dor de cabeça,mas depois fui me acostuman-do”, diz Ana. Todo o processoé realizado sem a presença denutricionista ou médico. Ao

questioná-los sobre a ausênciadestes profissionais, um dosfuncionários garante que elesrecebem curso para orientarda maneira mais saudável osclientes.

Nutricionista há 19 anos ecoordenadora de um curso denutrição em BH, Raquel Di-nis afirma que mastigar é algorecomendado pelo Ministério

da Saúde e que é uma impor-tante etapa do processo diges-tivo: “sem a mastigação, boaparte do processo de digestãofica para o intestino e inibe oenvio de estímulos nervosospara o cérebro”, adverte.

Os funcionários que ser- vem as bebidas usam um cra-chá indicando a quantidadede quilos que perderam. “Per-di 21 quilos. Pergunte-mecomo”, era a frase que estavaescrita na blusa de uma dasmulheres que trabalha no lo-cal. As paredes exibem fotosque mostram o antes e o de-pois de clientes que consumi-

ram o produto. Cada consu-midor tem seu nome e data deaniversário pregado na parede.“O uso expressivo de imagensmostrando o antes e o depoispode afetar o lado psicológicorefletindo na auto-estima dos

usuários que estão acima dopeso, fazendo com que algunsdesejem se tornar mais ma-gros. Contudo, muitas vezesesse efeito não fica apenas nodesejo e nos métodos utiliza-dos pelos shakes”, afirma a psi-cóloga Fernanda Carvalho.

Da qda paa da: naáa b pd 4 kg Cáa sa, 20kg cm d shakes

Ppaad qd q m fõ gaham pa, ma cm cca

Não é fácil viver em um

mundo onde os parâmetrosde beleza têm como referênciamodelos magérrimas, comoGisele Bündchen que, após agravidez do filho, fez seu pri-meiro ensaio de fotos com bi-quíni, exibindo-se para todasas gordinhas que queriam verum corpo impecavelmente es-belto. “A erotização excessivada imagem feminina nosmeios de comunicação, napublicidade e no marketingpode ter efeitos psicológicos emuitas vezes danosos para asmulheres, gerando graves con-

seqüências como bulimia eanorexia nervosa”, diz a psicó-loga Fernanda Carvalho.

Segundo a revista Exame,as mulheres brasileiras gasta-ram, em 2009, R$ 73,1 bi-lhões com setores relaciona-dos à beleza feminina. A exaltação exacerbada da per-feita forma física tem provoca-do nas pessoas a necessidadede se sentirem aceitas peloelevado padrão de beleza e

por isso buscam todas as for-

mas possíveis de emagreci-mento. “Já havia tentado dequase tudo, mas foi só nesseespaço que consegui emagre-cer com qualidade”, diz a ven-dedora de roupas, Liliane daSilva, 24 anos, que perdeu1kg e meio após duas sema-nas de uso contínuo dosshakes.

Raquel esclarece que en-quanto a pessoa está acompa-nhando a dieta, os produtostêm efeito, no entanto, quan-do ela retorna à dieta normal,o corpo volta ao velho peso.

“São tratamentos de choques,com abordagens de curta du-ração”, observa.

púlc vHá centenas de espaços de

shakes em Belo Horizonte. Naregião do Barreiro, estes locaisestão espalhados, em sua gran-de maioria, nas casas, masexistem estabelecimentos emgalerias, universidades e esta-belecimentos privados. Não

há um dado preciso do núme-

ro de espaços, mas acredita-seque no Barreiro haja dezenasdestes ambientes. Apenas naregião central do Barreiro exis-tem dois locais, com menosde 150m de distância em rela-ção ao outro.

Esses ambientes recebempessoas de faixas etárias dife-rentes e apesar de atenderemtanto o sexo feminino quantoo masculino, a maioria dos vi-sitantes é de mulheres. Noslocais visitados pela reporta-gem, os espaços ficavam emlugares menos expostos, como

salas internas de prédio ou degalerias. Os produtos custamem torno de R$ 5,00 a R$6,00 e podem ser vendidosdentro de pacotes promocio-nais.

Grande parte dos freqüen-tadores destes locais estão àprocura do emagrecimentosaudável. “Optei pelos espaçosporque é um método que agente perde peso com saúde”,explica a assessora Jucielly.

Efeito sanfona e suas consequências Marketingagressivo

“Maga é agcmdadp Méda saúd émpa apada dg”

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O ex-vendedor de produ-tos para emagrecimento, Mau-rício Magno, 46 anos, largouo antigo emprego para se de-dicar à venda de shakes. “Nocomeço a gente pensa que vaificar rico. O marketing utiliza-do por essas empresas é tãoagressivo que os vendedorescomeçam a falar, a agir da ma-neira como eles querem. A gente nem percebe que nãoestá ganhando dinheiro”, con-ta.

Maurício conta que a

maioria das pessoas que con-sumiram os produtos emagre-ceu, no entanto quando para-ram de consumir voltaramaos antigos pesos, e em mui-tos casos até aumentaram.“Enquanto vendia fiquei tãofixo na ideia de emagrecer quequando via os resultados ime-diatos, não conseguia perce-ber as outras pessoas que en-gordaram depois de terdeixado o uso dos shakes”.

Pieio copoCh verde:

desitoicate eelimia a gordra

Segdo copoCh M.R.G.: eergiametal e eilbrio

Teceio copo

Shake: alimetatritivamete

Valoes apoxiadosdos podtos:

R$ 5,00 a R$ 6,00 epodem ser vedidos

em pacotespromocioais

Etapas paa

toa o  shake

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 www.jala.c.@

ÉriCA FernAnDes

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Dossiê ImPrESSãO8 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

Luiz Ladeira

 6 PERIODO

O crime é

inerente ao homem.Toda civilização

humana através dos

tempos conviveu com

delitos, criminosos e asmedidas tomadas para

punir e prevenir atos

errados, todas adequa-

das às característicastemporais e culturaisespecíficas.

Trabalhos como o dos

delegados e investigado-

res de polícia é funda-

mental para evitar quepessoas ajam da maneira

como quiserem e não

tenham que pagar por

isso. A rotina e os

desafios desses profissio-

nais são pontos muito

importantes dentro daestrutura de proteção da

sociedade.

Com o passar do

tempo, as atividadescriminosas se moderni-

zaram e agregaram

ferramentas atuais para

facilitar as ações ilegais.

  A internet é uma armapoderosíssima para os

dois lados: tanto para os

criminosos, que tiveram

seus golpes facilitados e

ampliaram o número decrimes praticados, como

para a polícia, que pôde

combater com mais

agilidade e facilidade

qualquer delito de que

tenha conhecimento.

Apesar de todas as suas

características, o crime éalgo fascinante. Só esse

fascínio explica a quanti-

dade de produções de

entretenimento quetratam exatamente

sobre o crime em algum

nível. Os seriados de

investigação, como CSI

e Lei e Ordem, sãosucessos no mundo

inteiro, dissecando

 vários níveis da crimina-

lidade.

  Além desse espaçodiferenciado, a própria

imprensa cobre diversos

temas relativos ao crime,

ajudando a esclarecer

alguns fatos e prestando

um serviço importante à

sociedade, quando atua

de forma correta eíntegra. Mas os jornalis-

tas podem, também,

atrapalhar quando

prezam pelo sensaciona-lismo ou por se mostra-

rem inertes frente a

algum delito.

O fascínio gerado pelo

crime tem muita ligaçãocom o resultado direto

da maioria dos delitos: o

dinheiro fácil. As

organizações criminosas

fazem verdadeiros mala-barismos fiscais e organi-

zam sistemas, muitas

  vezes internacionais,

para conseguir legalizar

Nesta edição, nossa equipe preparou um dossiê es-

pecial de nove páginas sobre um assunto instigan-

te e importante: o crime. Nas próximas páginas,

você verá algumas características desse universo

e até como é possível que a polícia impeça as

ações criminosas.

Crimes virtuais

página 9

Lavagem de dinheiro

Página 10

Entrevista com ojornalista Luiz Ribeiro

Página 12

Um dia com a delega-da Olívia de Fátima,

da Polícia Civil

Página 13

Séries investigativas

Página 14

   D o s s  i  ê

Caminhos da Investigação

 C  a s o s 

 em 

 a b  er

 t o

isAbellA bArroso

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http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-no-182 9/16

 A internet chegou ao Bra-sil em 1980, e nas últimasdécadas ocorreu um avançotecnológico acelerado. Esseprogresso trouxe uma gamade informações, que o Minis-tério de Ciência e Tecnolo-gia, criado para coordenar osserviços disponibilizados via web no país, tem dificuldadede acompanhar.

Comercialmente a inter-net ganhou força a partir de1996 quando as pessoas pas-saram a ficar interligadas porsites de relacionamento, blo-gs e negócios financeiros.Em contrapartida, outraspessoas começaram a prati-car crimes que antes eramcometidos apenas no mundoreal, além de surgir práticasnovas de crimes, como, porexemplo, o envio de víruspor email.

De acordo com o CódigoPenal Brasileiro, são crimescibernéticos todos os atos ilí-citos praticados no meio vir-tual. Relatório divulgadopela Microsoft no fim de2009 revela que atualmente,no território nacional, sãoregistradas 250 mil denún-cias sobre esse tipo de crimeao ano. Um dos delitos maiscomuns é a clonagem de car-tões bancários.

Os hackers (pessoas comgrande habilidade em com-putação) conseguem captu-rar senhas e dados bancáriospelo meio virtual. O progra-ma mais utilizado por eles éo “Key Loger”, popularmen-te chamado de “Chupa ca-bra”, cuja principal função ébuscar dados bancários emcaixas eletrônicos ou sites. A ferramenta envia essas infor-mações para um banco dedados e os criminosos clo-nam os cartões e ficam livrespara sacar dinheiro da contada vítima.

São indiscutíveis os ga-nhos proporcionados pelaInternet, como o acesso a in-formações ilimitadas, facili-dades de compra e venda detodo tipo de produto, alémda possibilidade de conhecerpessoas em qualquer lugardo mundo. Porém, deve-seter cuidado para navegar,pois o mundo digital podecausar danos reais.

DossiêImPrESSãO   9BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

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 Aa MaMaa Ma6º PeríoDoed: Maa Ma

Estados Unidos, 1969.No Departamento de Defesanorte-americano nasce a Ar-panet, circuito criado paraproteger dados do governo econectar bases militares apesquisadores durante aGuerra Fria. Nos anos se-

guintes, a rede foi utilizadapor universidades para facili-tar a troca de informaçõesentre os estudantes. Quempoderia imaginar que a Arpa-net, hoje Internet, se tornariaum mundo sem fronteiras?

  Atualmente, a Internetabriga 67,9 milhões de usuá-rios somente no Brasil, ouseja, 41,7% da população. In-formação, entretenimento,facilidades de compra e ven-da de qualquer produto, es-tas são algumas das possibili-dades da rede de

computadores. Mas, junta-mente com todos os benefí-cios, a Internet possibilitouuma nova modalidade de cri-me: o virtual.

Fraudes em contas bancá-rias, ameaças e difamaçãopor e-mails e redes sociais,pedofilia. A diversidade dedelitos e formas de realizá-losdificulta as investigações po-liciais e a punição dos infra-tores. A atendente Débora

Oliveira é apenas uma dosmilhares de vítimas destanova modalidade criminal.Débora sofria ameaças pormeio de mensagem eletrôni-cas e denunciou a polícia.  Após monitoramento virtu-al, os policiais chegaram aoautor, um ex-namorado in-conformado com o términodo relacionamento.

Pesquisa realizada peloMinistério Público Federal(MPF) revela que entre 2007e 2008 as denúncias cresce-ram 318%. Em Belo Hori-zonte, funciona a DelegaciaEspecializada em CrimesContra o Patrimônio, à qualé ligado o Departamento Es-

pecializado em Crimes deInformática e Fraudes Eletrô-nicas (Dercife).

O agente da Policia CivilMario Henrique Laje e o in-  vestigador Theo Andradecombatem esse tipo de crimehá oito anos. Os policiaisafirmam que o caminho paraa investigação é longo e com-plexo.

Em um universo de seisdenúncias por dia, 80% sãosolucionadas. Todas passam

pelo mesmo processo. O pri-meiro e mais importante pas-so é a denuncia à policia, queé encaminhada ao juiz. Esse,por sua vez, autoriza a quebrade sigilo virtual do suspeito.Quando acontece a liberaçãodos dados do acusado, come-ça o monitoramento virtual.

O agente da Polícia CivilMario Henrique Laje afirmaque boa parte dos crimesacontece principalmente empáginas de relacionamentos,salas de bate-papo e e-mails.Ele ressalta que “os pedófilos

preferem usar lan-housespara se esconder, mas os re-cursos técnicos que utiliza-mos facilitam o trabalho naluta contra o crime”.

Segundo Mário, apesardo incentivo policial à de-núncia de crimes virtuais, asinstituições bancárias prefe-rem pagar o prejuízo quandoum de seus clientes sofre essetipo de fraude. “Mesmo sa-bendo que o sistema de segu-

rança cibernético que possuié frágil, o banco prefere nãodar ênfase a esse problemapor questão de credibilidade,e sem a denúncia não pode-mos agir”, afirma.

Theo Andrade lembraainda que, com o surgimentoda internet, as pessoas que-rem fazer tudo via web porparecer mais cômodo. Po-rém, o investigador alertapara os perigos desta como-didade e afirma que o me-

lhor é realizar transaçõesbancárias ou compras pelaInternet quando for impossí- vel ir ao local. Theo ressaltatambém a importância domonitoramento dos paisquando os filhos utilizam aInternet, de forma a evitarcrimes como pedofilia, porexemplo.

“Os pedólos

pfm aa-h paa cd,ma cécc qzam,facam aah a aca cm”

Má Hq la

 A diculdade de identicação de criminosos é um dos maiores obstáculos da polícia para resolução das fraudes cibernéticas

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 Acah a atéa a tga t:

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•Etre 2004 e 2009,os crimes virtais

cresceram 6.513%o Brasil.

•Dos 10 maioresgrpos de hackersdo mdo, cicoso brasileiros.

PAulo Melo

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Dossiê ImPrESSãO10 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

Lavag h é

desafo para a polícian fwa chga a ba paa axa adad a dda cm d aagm

sfâa P Whyy va6º PeríoDoed: Maaa Mda

Ocultar a verdadeira ori-gem de bens financeiros oupatrimoniais é a finalidade doesquema conhecido como la- vagem de dinheiro, uma práti-ca complexa, amplamenteexecutada por organizaçõesfraudulentas de todo o mun-do. Ligada a transferência dedinheiro entre diversos países,a atividade ilícita tem o intui-to de encobrir a procedênciailegal de lucros obtidos pormeio de ações criminosas,como roubo a bancos e tráfi-co de drogas.

De acordo com o delegadoda Polícia Civil, especializadono combate a lavagem de di-nheiro pela Secretaria Nacio-nal de Justiça/MG, Luiz Flá-

  vio Cortat, a prática teveinício nos Estados Unidos,com o caso Al Capone na dé-cada de 1920, e se expandiuposteriormente para paíseseuropeus. O governo america-no percebeu, então, a necessi-dade de disciplinar a situaçãofinanceira do país, sendo ado-tada a mesma medida na Eu-ropa. Com o passar do tempoe os avanços tecnológicos,como o nascimento da inter-net, o crime passou a ser

transnacional. Foi assim quesurgiu o Grupo de Ação Fi-nanceira Internacional(GAFI), especializado emcombater esse tipo de crime.

Cortat explica que na lei9613/98 – referente aos Cri-mes de “Lavagem” ou Oculta-ção de Bens, Direitos e Valo-res – está previsto um rol de

crimes que antecedem a lava-gem de dinheiro, que vão detráfico de drogas e de armasaté o financiamento de atosterroristas. Com isso, as pri-sões relacionadas à lavagemsão efetuadas de acordo comtais ações criminosas. O casomais recente em Minas Geraisé o do traficante Luiz CosmeBarbosa, mais conhecidocomo “Barriga”. Após uma in- vestigação, a polícia descobriuque o traficante contribuíapara a entrada de drogas nacapital mineira e possuía

R$2,5 milhões em bens nãodeclarados.Não há um levantamento

oficial sobre o montante dedinheiro lavado em nível in-ternacional, mas segundoMoisés Naím, ex-ministro daIndústria e do Comércio da Venezuela e autor do livro Ilí-cito - o Ataque da Pirataria,da Lavagem de Dinheiro e doTráfico à Economia Global,estima-se que o valor total,desde 1990 até os dias atuais,

chega a aproximadamenteR$1,5 trilhão de dólares/ano.

m aPara o delegado do Depar-

tamento de Divisão de Opera-ções Especiais de Minas Ge-rail (Deoesp), Raul Euclides, alavagem geralmente é desco-berta quando é feito o depósi-

to de uma alta quantia em di-nheiro nos bancos. O banco,onde o dinheiro foi deposita-do, informa ao Banco Cen-tral, que é responsável poravisar a Polícia Federal sobreo investimento.

 A Polícia Civil faz, então,um levantamento dos impos-tos declarados pelo dono daconta – Imposto sobre Circu-lação de Mercadoria e Presta-ção de Serviço (ICMS) e Im-

posto Sobre Serviços deQualquer Natureza (ISS) –para estabelecer uma compa-ração. Se os bens que o indiví-duo tiver forem maiores doque é declarado, a polícia con-sidera como sonegação. Paramovimentar o dinheiro, oscriminosos e fraudadorescriam empresas fantasmas e

contratam profissionais libe-rais para realizar o trabalho,conhecidos como “laranjas”.

Em Minas Gerais, as Dele-gacias Especializadas em Re-pressão a Organizações Crimi-nosas (Deroc) são responsáveispor investigar o crime de lava-gem. Desde 2008, a políciaestá em contínuo treinamen-to para melhorar as investiga-ções de crime financeiro, quedemandam constante aperfei-çoamento do corpo técnico(polícia, Ministério Público e  Judiciário) bem como ferra-

mentas e softwares de últimageração. Atualmente, existeum projeto de lei com o pro-pósito de oferecer mais meca-nismos à Polícia Civil e Fede-ral (Ministério PúblicoEstadual e Ministério PúblicoFederal) com o intuito deaprimorar o trabalho dessesórgãos.

Uma das ferramentas maisatuais utilizadas pela políciabrasileira para desmantelarquadrilhas de fraudadores de

licitações, lavagem de dinhei-ro, sonegação fiscal e corrup-ção é o Laboratório de Tecno-logia contra a Lavagem deDinheiro (LAB-LD), gerencia-do pela Secretaria Nacionalde Segurança Pública e ligadoao Ministério da Justiça. OLAB-LD é um programa deinformática utilizado para a

análise e o monitoramento dedados de organizações crimi-nosas, inclusive com o cruza-mento de informações sobrequadrilhas que atuam simul-taneamente em várias partesdo país. Em outubro de 2009,o Ministério Público de Mi-nas Gerais (MPMG) firmouacordo com a Secretaria Na-cional de Justiça (SNJ) paraque o sistema fosse implanta-do no estado.

 AvtêcaEm 2008, o Brasil foi para-

benizado pelo Grupo de AçãoFinanceira Internacional de- vido ao bom desempenho al-cançado nas investigações so-bre da lavagem de dinheirono país. Mas, no ano seguin-te, foi advertido pela mesmainstituição pela descoberta deenvolvimentos criminosospor órgãos responsáveis.

Chpa A Cap, a da saa, faz hmagm a fam gâg -amca

La a tag a ítga t:

 www.jala.c.@

“na áp m d cmq acdm

a páca daaagm ddh”

Fá Ca

 Admirável ídolo mafosoEm 1928, a expressão da

língua inglesa money launde-ring (lavagem de dinheiro) fi-cou famosa nos EUA, quan-do a polícia começou ainvestigar o atos criminososdo lendário gângster Al Ca-pone. O emigrante italianochegou na américa com a fa-mília em 1894 e, desde a ju-  ventude, já se envolvia comquadrilhas de delinquentesem Nova Iorque. Nessa épo-ca, Al Capone recebeu umanavalhada no rosto, o que odeixou conhecido como Scar- face (cicatriz no rosto).

Nos anos 20, o gângstermudou-se para Chicago,onde começou a comandaruma rede de negócios ilícitosque envolvia jogos, prostitui-ção, contrabando de álcool eextorsão. Para omitir a ori-gem do dinheiro iegal, AlCapone comprou uma ca-deia de lavanderias, que ser- viria como empresa de facha-da para seus crimes. Osdepósitos bancários do di-

nheiro sujo eram feitos em

nome das lavanderias comnotas de baixo valor nomi-nal, para não levantar suspei-tas. Durante a Lei Seca nosEstados Unidos, que vigorouentre 1920 a 1933, Scarface ganhou cerca de 100 milhõesde dólares por ano.

Mesmo sendo tão violen-to e temido, a polícia ameri-cana nunca conseguiu provaro envolvimento direto de AlCapone em assassinatos co-metidos por seus capangas.Mas, em 1931, foi condena-do a 11 anos de prisão por

sonegação de impostos. Ape-sar de sua influência crimi-nosa, aos 30 anos Al Caponefoi nomeado como o homemmais importante do ano(1929), ao lado de Einstein eGandhi. No cinema, o ma-fioso já teve sua vida contadacerca de sete vezes, virou mú-sica na voz de Raul Seixas e énome de restaurante em Mia-mi e de uma choperia emBH.

PAulo Melo

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Fá Mag6º PeríoDoed: Maa Ma

O Jornalismo investigativobusca a transparência nasquestões de interesse públicoe, além disso, oferece ao pú-

blico a noticia exclusiva. Orepórter investigativo Luiz Ri-beiro, correspondente do Jor-nal Estado de Minas no nortedo estado, tem 22 anos de car-reira e foi premiado 24 vezespelo seu trabalho. Ribeiro foio primeiro jornalista a entre-  vistar a mãe do maníaco deContagem, Marcos Trigueiro,preso em fevereiro, acusadode estuprar e estrangular cin-co mulheres. Ele conta umpouco da experiência no tra-balho investigativo.

  No caso do serial killer dobairro Industrial, a imprensa ajudou ou atrapalhou as in- vestigações da polícia? Acho que a imprensa ajudounas investigações. Nessa ques-tão, é preciso enaltecer asações da imprensa, como a re- velação, feita com exclusivida-de pelo Estado de Minas, so-bre a existência de um serialkiller na Região Metropolita-na, ao afirmar que ele haviaassassinado pelo menos trêsmulheres em Contagem. A informação foi publicada em

2 de fevereiro. A partir daí, asinvestigações foram intensifi-cadas e a prisão do maníacoocorreu em 24 de fevereiro.Isso quer dizer que a impren-sa, de alguma forma, contri-buiu.

 A divulgação pela polícia da existência de um psicopata foi feita com o objetivo de in-formar e evitar novas vítimasou uma tentativa de escon-

der os erros na investigação,como no caso da estudantede Direito Natália Cristina Paiva, vítima enterrada comoindigente?É preciso lembrar que divul-gação não foi feita, primeira-mente, pela policia. Mas, pela

imprensa. A polícia apenasconfirmou a existência do se-rial killer quando as investiga-ções já estavam adiantadas.Por isso, o chefe da Policia Ci-  vil, delegado Edson Moreira,afirmou que a prisão do maní-aco era “questão de dias”. Acho que ele deu a declaraçãonaquele momento para tran-qüilizar a população e, claro,fortalecer a credibilidade dapolicia, que ficou abaladacom os erros cometidos nocaso da morte da estudanteNatália Paiva. Um dos erros

evidenciados foi a falha de co-municação entre o InstitutoMédico Legal (IML) com a de-legacia de homicídios de Ri-beirão das Neves e com a Divi-são de Pessoas Desaparecidas.

Como você chegou até a mãede Marcos Trigueiro em tãopouco tempo após a desco-berta e prisão do assassino?Logo que o maníaco foi pre-so, notei que não se falounada sobre a origem dele. Nãose falou simplesmente porqueera algo desconhecido. Então,

um morador de Brasília deMinas (norte do estado) disseque a família de Marcos Tri-gueiro era daquela cidade.Isso ocorreu em 25 fevereiro,um dia após a prisão dele.Imediatamente, passei a meconcentrar naquela informa-ção. Consegui falar com omorador de Brasília de Minas,mas quando disse que era dojornal, ele tentou desconver-sar. Preocupado com a reper-

cussão do caso, ele me pediupara desistir da história. Mes-mo assim, concedeu a infor-mação de que o maníaco este- ve preso, há alguns anos, emSão João da Ponte, por ter co-metido outro crime no nortede Minas. Era um fato novo

importante: o mesmo homemtinha sido preso e liberadopor algum motivo.No meu trabalho de apuraçãoficou mais uma vez demons-trado que as boas fontes do

jornalismo investigativo nemsempre ocupam cargos públi-cos. No fórum de São João daPonte, falei com um escrivãomesmo reticente, cedeu a in-formação sobre o período emque Marcos esteve na prisãoda cidade. Ele ficou preso porseis meses devido a um furtocometido, em Lontra, municí-pio vizinho a Brasília de Mi-nas e São João da Ponte. Alémdisso, era importante localizara mãe do maníaco porquedois psicólogos explicaramque ele escolhia as vítimas

com características físicas dasua genitora. Por meio de umcomerciante de Lontra (víti-ma do furto cometido porMarcos), soube que a mãe doserial killer ainda residia emBrasília de Minas. Assim, che-guei até ela.

 Você foi agraciado, em 2008,com o Prêmio Esso de Jorna-lismo com a série de reporta-gens sobre o caos da saúde no  Norte de Minas. Por tratarde um assunto que envolvia interesses políticos, o tema 

trouxe medo de sofrer repre-sálias, já que você mora na região?De fato, para quem trabalhano interior é mais complicadolidar com jornalismo investi-gativo porque é fácil ser en-contrado e aumentam a pres-são e os riscos. Para mepreservar, tenho o cuidado deguardar documentos e nuncapublicar matérias com acusa-ções duvidosas. Jornalista nãoacusa, prende ou julga. Ape-nas apura e publica.No caso das reportagens sobre

o caos na saúde fui a um dosmunicípios envolvidos. Oque havia sido investigadopela Controladoria Geral daUnião – CGU – era que o di-nheiro era enviado para aten-der comunidades rurais e

eram encaminhados relató-rios ao Ministério da Saúdecomo se tudo fosse perfeito:atendimento médico, remé-dios, postos e equipes de saú-de. Mas, na prática, quasenada funcionava. Durantedois dias, percorri a zona ru-ral do município e constatei arealidade: faltam médicos eequipamentos não funciona- vam. Fui ao secretário de saú-de e iniciei a conversa com alista das comunidades ruraisdo município e, para cada lo-calidade que eu falava, ele res-

pondia que o atendimentoestava muito bom. Somentedepois que a reportagem foipublicada o secretário viu arealidade divulgada com a ver-são dele ao lado. Houve pres-são de alguns políticos. Masnada me incomodou porqueestava tudo documentado.

jaaa addafdadada

PaadaCaa,Zda A,mamdHa, cd a

Confra a entrevista na íntegra com

o jornalista Luiz Ribeiro no site:

www.jornalimpressao.com.br@

“Jalta jlga”Paa lz r, a f d am é apa pca aca pd

lz r cad fmaõ, m camp, paa c ma ma d a pag

“Paa mpa, hcdad d gadadcm ca pca

maéa cmacaõdda”

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Dossiê ImPrESSãO12 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

• O primeiro crime de Mar-cos Trigeiro, o robo dema bicicleta, acoteceates de completar 20 aos.

• O serial killer foi preso odia 24 de fevereiro de 2010 ecofesso cico homicdios.

• A codeao pelos cicocrimes pode chegar a 200aos.

• Marcos aida é acsado deassassiato de ma lha detrs meses de idade, mortede m tio, e estpro de o-tras das mlheres.

Vida ciial demacos Tigeio

Fotos: ArQuivo PessoAl

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DossiêImPrESSãO 13BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

dlgaa, c glhefa cm pcc a m dáa a da da pca ma

Maa lza Maatha Paa5º PeríoDoed: Maaa Mda

  Acompanhar o trabalhoda perícia, ir ao local do cri-me, em alguns casos, enfren-tar bandidos. Na maioria das  vezes, esse é o papel daqueletípico policial viril que vocêassiste em filmes e séries deTV. Porém, longe de históriasda ficção, esse é o ofício exer-cido diariamente pela delega-da da Divisão de Orientação e

Proteção à Criança e ao Ado-lescente de Minas Gerais(Dopcad), Olívia de FátimaBraga Melo, que completa nofim deste ano 20anos de car-reira.

Formada em Direito, Olí-  via confessa que nunca seimaginou como policial e queapenas fez o concurso para aPolícia Civil com o intuito detestar conhecimentos. Passouna prova e hoje não tem dúvi-das de que sua profissão a rea-liza plenamente.

No início da carreira, ao

assumir o primeiro emprego,em Formiga – interior de Mi-nas – a família de Olívia de-monstrou certo receio comrelação à escolha da profissão.Enquanto o pai se orgulhavado cargo da filha, a mãe ficoumuito temerosa. Primeiro,pelo fato da filha estar, pelaprimeira vez, longe de casa e,segundo, por ela carregar umaarma na cintura. Olívia, hojeesposa e mãe, diz que o mari-do e as duas filhas admiramseu ofício. Ela acrescenta queo entusiasmo não é à toa, pois

tanto ela como suas colegas de

profissão estão conquistandocada vez mais os seus postoscom um trabalho exemplar.

eçDiferentemente do que

muitos ainda acreditam, amulher não é mais vista comoum ser indefeso. Olívia afir-ma que elas se emocionamcom muitos casos, mas queisso é uma característica dopróprio ser humano. Os mo-mentos mais complicados dacarreira foram atribuídos aotrabalho na apuração de vio-lência sexual, em que as víti-mas eram crianças. Ela desa-bafa dizendo que “a época foimuito angustiante, pois medeparava com situações decrianças com três, quatro

anos, que, sem nenhuma de-

fesa e com a maior inocência,eram abusadas pelos própriosparentes”.

Porém, a delegada acreditaque, apesar de existir a emo-ção, ela não pode ser percebi-

da em hipótese alguma, sendonecessário levantar uma bar-reira diante das pessoas quepassam por situações crimino-sas. “Nós da polícia lidamoscom um povo muito carentede ser ouvido, carente de re-cursos financeiros, de amor eapoio, portanto, não seria co-erente mostrar fragilidade,uma vez que eles buscam for-ça em nós profissionais”,acrescenta.

dt ga  Apesar de tantas tarefas

no trabalho, a delegada acre-

dita fielmente que as mulhe-res trouxeram para a profissãocaracterísticas relevantes. Paraela, as delegadas são, em rela-ção aos homens, mais dedica-das, compromissadas e se ape-

gam aos detalhes, além deserem mais prudentes e per-feccionistas.

Contudo, mesmo comtodo o reconhecimento, Olí-  via relembra um tema nadaagradável quando o assuntodiz respeito à mulher e ao tra-balho nessa área: o preconcei-to. No começo de sua carreiraa discriminação era frequen-te. “Um dia fui me apresentarpara um chefe e ele me per-guntou o que estava fazendolá, pois, segundo ele, mulhernasceu para esquentar a barri-

ga no fogão e esfriar no tan-

que”, conta a delegada. A lutapela igualdade só foi conquis-tada recentemente, em 1970,quando elas puderam, pelaprimeira vez, participar de umconcurso da Polícia Civil.

rta xaaOlívia de Fátima Melo é

responsável por todas as trêsunidades subordinadas àDopcad. Uma delas é ondetrabalha, no bairro Barro Pre-to (região central). Lá são ana-lisados os casos de menoresinfratores em situação de fla-

grante. As outras unidadessão no bairro Sagrada Famí-lia, região Leste, em que o tra-balho é feito com os menoresinfratores cuja situação não éde flagrante, e outra na Aveni-da Afonso Pena, região Sul,destinado apenas à proteçãoda criança e do adolescente.

 A delegada chega às 8h30e sai às 18h30, aproximada-mente. Sua primeira obriga-ção do dia é acompanhar asreuniões que acontecem todasas manhãs. Fazer a leitura doBoletim Interno (BI) da Polí-

cia Civil é a sua segunda tare-fa. Somente após receber to-das as orientações do BI que adelegada dá início ao expe-diente que lhe compete e que,na maioria das vezes, não é su-ficiente para terminar com asobrigações diárias. “Eu nãogosto de ir para casa sem aca-bar o serviço do dia, mas issoé quase impossível. Minhamesa está sempre cheia, en-tão, dou prioridade para asemergências”.

oa caa ma a d aah ád qa mp pga aém d há

La a ítga a tag: www.jala.c.

@

Quando o assunto é con-ciliação entre trabalho e famí-lia, a delegada Olívia de Fáti-ma reconhece que sua vida éatarefada como a de muitasmulheres e, por isso, contacom a ajuda de uma emprega-da em casa, que cuida da faxi-na e do almoço. Além disso, omarido divide as responsabili-dades, levando e buscando as

filhas na escola, no médicoou na natação. “Ajudo minhaesposa no que posso para queela consiga conciliar a vidaprofissional com a pessoal,pois entendo que sua carreiranecessita de grande dedica-ção”, assegura.

Segundo os IndicadoresSociais de 2009 do IBGE,quase 90% das mulheres quetrabalham fora cuidam tam-bém dos afazeres domésticos,

contra 46,1% dos homens namesma situação. Ao saber dapesquisa, o marido da delega-da brinca e comenta, “no quedepender de mim essa por-centagem vai crescer”.

Em meio a tantos compro-missos, que incluem por vezesaté os finais de semana, Olí-  via consegue ter tempo livrepara o lazer. Além disso, a

mulher que é delegada, filha,mãe e esposa também é ro-mântica e gosta de sair parajantar com o marido. Quan-do está sozinha, aproveitapara ler um livro ou assistirum bom filme em casa, comoos de suspense - para não per-der o costume da investiga-ção: “Adoro os filmes do dire-tor Alfred Hitchock e,inclusive, tenho um acervodas obras em casa”.

Jaa la

e afaz, a õ a fq

Total de Policiais

7.552

Mlheres Policiais

1539

Delegados a Polcia

1.097

Delegadas a Polcia

263

mebos da eqipeda Polícia Civil/mG

Fote: Polcia Civil, dados de j/08

MAriA luiZA MAttAr 

Ar Quivo PessoAl

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Dossiê ImPrESSãO14 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

C atúca a TV sé gaa cqam púc md , pcpam ba

 Aa Acha

Maa Marafa sadm6º PeríoDoed: Maa Ma

CSI, Medical Detectives,Psych, Monk, Law and Order,Cold Case. Comédia, aventuraou ação, todas estas séries têmalgo em comum, um gêneroque se destaca atualmente: in- vestigação policial.

Filmes, programas de TV e novelas investem nesse tipode tema. Muitas pessoas nãoconseguem piscar os olhos

quando veem uma cena deação, se envolvem na trama etentam desvendar o mistérioapresentado. Com isso, mui-tos espectadores optam pelasséries investigativas, que pos-suem enigmas a serem desven-dados no primeiro episódioou durar uma temporada in-teira.

Atualmente, a maior par-te dos seriados investigativos éproduzida nos Estados Uni-dos. O país possui um grandeacervo de séries do gêneroque agradam qualquer tipo de

público, desde aquele queprefere a realidade, com Me-dical Detectives (análise decasos reais e seus desdobra-mentos) até The Good Wife(a série tem sua trama centra-da em uma esposa que precisareconstruir a reputação de-pois de um escândalo que en- volvia seu marido).

Muitos não acreditam queo tema esteja em alta, como éo caso do publicitário VitorDrumond. De acordo com Vi-tor, o tema nunca teve a aten-ção merecida. “Muitas pessoas

perdem um bom seriado porpreconceito bobo, alguns ami-gos me dizem que é tudo bes-

teira norte-americana”, afirma

  Vitor. Mas o que comprovaque os seriados mantêm a suatendência é a renovação detantas séries investigativas. Porexemplo, Cold Case, que jáestá em sua sétima temporada,e The Mentalist, que estreouem 2009 e se tornou sucessoimediato, o que garantiu apróxima temporada e a alegriados fãs.

 Arquivo-X é uma das sériessobre investigação mais famo-sas. O seriado recebeu trêsGlobos de Ouro nos anos 90,foi exibido durante nove anos

e adquiriu uma legião de fãs.Protagonizado por David Du-chovny e Gillian Anderson,como os agentes Fox Muldere Dana Scully, a trama seguiadois investigadores que procu-ravam soluções para fenôme-nos paranormais.

Embora tenha feito muitosucesso na TV, a transferênciade Arquivo X para os cinemasnão conquistou a simpatiados fãs. A franquia conta comdois filmes, que chegaram aoscinemas em 1998 e 2008. Oprimeiro teve boa recepção e

passou dos US$ 150 milhõesde bilheteria mundial. Já o se-gundo não conquistou o pú-blico nem a crítica, e termi-nou sua passagem nos cinemascom US$ 68 milhões.

No Brasil, as séries investi-gativas têm se mostrado cada vez mais presentes na predile-ção dos espectadores. A emo-ção, o suspense, o chocantetem sido o que as pessoas bus-cam nos seriados, mas mesmoassim, eles devem ser convin-centes. Para o jornalista Luiz Augusto Almeida, a febre dos

seriados emerge-se por doismotivos: o seriado é uma fic-ção próxima do real e as pro-

duções estão cada vez melho-res Luiz afirma que “oimportante é que o cidadãotenha condição de diferenciaro que está vendo da verdade”.

Fictícias ou reais, com hu-mor ou suspense, as séries in-

  vestigativas alcançaram desta-que na TV, fizeram muitos fãse prometem ficar no topo da

preferência do público pormuito tempo.

Fcç alaGrande parte das séries in-

 vestigativas trata de casos fictí-cios, o que cria questionamen-

tos acerca das técnicas usadasna solução dos crimes. É pos-sível desvendar uma série deassassinatos apenas com umaimpressão digital? Um fio decabelo pode fazer diferença nainvestigação de um crime?

  Ao acompanhar sériescomo Medical Detectives, es-tas questões são respondidasO seriado apresenta casos re-ais e os métodos utilizadospela polícia norte-americanapara solucioná-los. Episódiosintrigantes e cheios de coinci-dências chamam a atenção do

espectador.Exemplo disso é um episó-dio de Medical Detectives. Po-

liciais tentavam desvendar amorte de uma senhora de 70anos que havia sido agredidacom uma chave de fenda. A arma do crime possuía o DNA de seu filho e, obviamente, elefoi considerado o principal

suspeito.A polícia concluiuque o filho era o assassino por-que o rapaz estava endividado.Mas, após uma investigaçãoaprofundada, chegou ao ver-dadeiro assassino: um mendi-go invadiu a casa e, ao ver amulher, assustou-se e a matou. As digitais do filho estavam naarma porque, no mesmo dia,o rapaz também havia sidoagredido pelo homem. Apesarde casos assim não ocorreremtodos os dias, eles provam quefatos peculiares também sãodesvendados.

Csi é m d ad amca d ga pca d ma adêca m d md

Casos intrigantes e méto-dos curiosos na resolução deproblemas são os atrativos dasséries investigativas para amaior parte do público. Ape-sar de apreciar o gênero televi-sivo, o estudante de enferma-gem Jean Marques acha que

os artifícios usados na TV sãomuito avançados e não exis-tem no Brasil.

 Ao contrário do que Jeanacredita, o país possui tecno-logia para investigação de cri-mes, como afirma o investiga-dor da Polícia Civil RobsonNolasco Ferreira, da Delega-cia de Investigação de Homi-cídios do Barreiro: “As gran-des capitais brasileiras contamcom praticamente todas as

técnicas que as séries de TV apresentam”, garante.

 A apuração, exame de resí-duos, análise de DNA e im-pressões digitais são algunsdos métodos citados por No-lasco que são utilizados tantonas séries quanto na vida real.

“O público se interessa pelodiferente, gosta de poder com-parar com a realidade”, dizNolasco.

Enquanto Robson Nolas-co afirma que nas grandes ca-pitais é presente a tecnologiapara investigação, o detetiveFrancisco de Assis Pena ressal-ta a deficiência do setor nasDelegacias do interior de Mi-nas Gerais: “os seriados usammeios que a polícia, normal-

mente, não tem”.Francisco ressalta ainda

que a Polícia Civil das grandescapitais brasileiras conta commais recursos para solução decrimes do que as delegacias decidades menores. Outro fatorapontado pelo detetive é a

atenção da imprensa, quepode influenciar a resoluçãode fatos. Em casos de falta deequipamentos para investiga-ção, o detetive garante que ahabilidade individual é decisi- va para a solução de qualquercaso, desde um homicídio acrimes relacionados ao tráfi-co. “Geralmente, um caso édesvendado por meio de de-núncias e pela percepção dopolicial aos detalhes”, afirma.

e a tclga ala...

“o mpaé q cdadha cdd dfca q á d da

 dad”

lz Ag Amda

Facc daca faa d cga m dgaca d

Confra a linha do tempo com

cata c fa: www.jala.c.

@MArinA MessiAs

DivuluGAção

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DossiêImPrESSãO 15BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

1990

2009

2010

Audiência determina o tempo de vida de um programa de televisão. Se o

 público aprecia, os produtores elaboram vários produtos equivalentes, caso

contrário, o programa sai do ar rapidamente. Quando uma série de TV alcança

grande sucesso, o resultado imediato é o lançamento de novas temporadas ou

seriados similares.

O surgimento de séries a partir de outras tramas é chamado spin-o. As

derivações mais conhecidas e de maior êxito atualmente são originadas de

séries investigativas, como CSI, NCIS e Law and Order.

Law & Order 

Law & Order:

Special Victms Unit 

Law & Order:

Criminal Intent 

Law & Order:

Trial by Juri 

Law & Order:

Los Angeles

   SPIN OFF S DE  SÉRIE S

 IN VE S TIG A TI V A S

NCIS:

Los Angeles

NCIS

CSI: New York 

CSI: Miami 

CSI 

2001

Audiência determina o tempo de vida de um programa de televisão. Se o

 público aprecia, os produtores elaboram vários produtos equivalentes, caso

contrário, o programa sai do ar rapidamente. Quando uma série de TV alcança

grande sucesso, o resultado imediato é o lançamento de novas temporadas ou

eriados similares.

O surgimento de séries a partir de outras tramas é chamado spin-o. As

derivações mais conhecidas e de maior êxito atualmente são originadas de

éries investigativas, como CSI, NCIS e Law and Order.

A série acompanha a rotina de detetives do depar-

tamento CSI de Las Vegas. Os cientistas forenses

desvendam casos incomuns e misteriosos. Para

solucionar crimes a partir de pequenas evidências,

a divisão criminal conta com tecnologia avançada

e métodos cientícos. CSI: Crime Scene Investiga-tion estreou no ano 2000 e, em 2010, alcança a 10ª

temporada. O sucesso da série levou a criação de

dois spin-os: CSI Miami e CSI New York.

CSI 

NCIS

O seriado investiga crimes que envolvem a

Marinha dos Estados Unidos e os fuzileiros, sem

levar em consideração os cargos ocupados pelos

suspeitos. A série estreou em 2003 e atualmente,

exibe a 7ª temporada. A equipe investiga

qualquer tipo de crime relacionado à Marinha,

desde homicídios a roubo de submarinos. Em

2004 e 2006, NCIS recebeu o prêmio de Melhor

Série de TV do Ascap Awards (Prêmio oferecido

pela Sociedade Americana de Autores, Composi-

tores e Editores).

Law & Order 

Transmitida durante 20 anos (estreou em 1990 e

exibiu o último episódio em maio de 2010) asérie se tornou a de maior duração até hoje nos

Estados Unidos. Law and Order acompanha

crimes ocorridos em Nova Iorque e os esforços

de policiais e promotores para solucioná-los. Os

episódios apresentam duas etapas: a primeira

mostra a investigação policial e a última, o

desenvolvimento do processo no tribunal. A

série se tornou fenômeno e gerou quatro deriva-

ções.

Cancelado

isAbellA bArroso

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http://slidepdf.com/reader/full/jornal-impressao-no-182 16/16

Coexões idiáticas   ImPrESSãO16 BELO HOrIzOnTE, OuTuBrO DE 2010

 Além de todos os detalhes,as mídias sociais ainda pos-suem outra peculiaridade:elas vão e vem como a moda.Com a quantidade de aplica-tivos que vem sendo criadospara facilitar a vida dos usuá-

rios, basta esse ou aquele siteapresentar uma novidade paraconseguir desbancar o entãolíder em popularidade.

O Facebook, por exemplo,maior rede social do planetae, atualmente, o site maisacessado nos EUA, começa aganhar os usuários brasileirosdo Orkut, rede com mais de23 milhões de usuários dosquais, até janeiro de 2008,80% eram brasileiros. Hoje,depois da perda de mais de34% dos cadastrados, a por-centagem de usuários no Bra-

sil não chega nem aos 51%.O DJ Luís Carlos Fernan-des faz parte do grupo de mi-grantes que deixaram o Orkutpor preferir o Facebook. “Émais prático e mais rápido. Asinformações que eu precisosão de fácil acesso no site. Masa rede que eu mais uso mes-mo é o Twitter. Por ele eu meatualizo constantemente deacordo com os meus interes-ses. No Twitter eu controlo oque leio através de quem euleio”. Questionado sobre asfacilidades da rede relativa-

mente nova, Luís, que usa onickname @l0uis, afirma: “oTwitter é mais dinâmico e in-teressante. Além disso, Orkut,Twitter e Facebook são com-pletamente diferentes. En-quanto o Orkut e Facebook pesam mais para o lado de in-teração social, aoTwitter é atribuídoum caráter bastan-te informati- vo”.

rt@Mac Da  Na internet,não existe mais a caça e o caçador.Todos são iguais na selva digital.

Cm a xp da d ca, púc a mpa apxmam cada z ma,#cmda?

   V

  o  c   ê  e

  s   t   á  c  o

  n  e  c   t  a   d  o   ?

@aaaa@_cadma_@m6º PeríoDoed: @mamda

O mundo está na internet. As empresas, as pessoas e até os

bichos de estimação estão narede. O universo online alcan-çou tamanha abrangência quetransformou a maneira de inte-ragir da sociedade e acabou porse tornar essencial em muitasocasiões. Fato é que, a cada dia,mais e mais pessoas se conectame a todo momento surgem novasopções para as relações virtuais.

Um dos exemplos dessa novaforma de interação é o uso cres-cente dessas mídias como ferra-menta de comunicação corpora-tiva. Em dias em que ninguémmais tem tempo e paciência para

as ligações intermináveis dos vendedores de telemarketing, asempresas encontraram uma so-lução mais prática, a de se deslo-car para o ambiente onde o pú-blico se encontra na maior partedo tempo: na frente do compu-tador.

O relações públicas MarceloDias enumera os benefícios queo empreendedor terá optandopela conexão com o público-alvopela internet: “É grátis tantopara a empresa quanto para osclientes. A corporação pode in-formar, propagandear, falar o

quanto quiser para milhares ouaté milhões de pessoas ao mes-mo tempo e, o mais importante,também pode responder a essaspessoas com a mesma facilidadecom que expõe suas idéias”.

Parece a fórmula mágica paraa comunicação empresarial. Bas-ta criar um Facebook, um Orkute uma conta no Twitter, e estápronto um meio de comunica-ção e publicidade rápido e eficaz.Entretanto, é necessário tomarcertos cuidados já que a vida na  web, como em qualquer outro

meio, precisa de regras para serbem sucedida.

 A comunicação na internet érápida. Uma vez conectado, cominfinitas opções de informação eentretenimento, o que o usuáriomenos quer é perder tempo.

“A regra principal na internet

é ter agilidade. Pense rápido ehaja antes que alguém dê o furoprimeiro e consiga mais seguido-res do que você”, explica Marce-lo, que trabalha na assessoria decomunicação online de uma fa-culdade de Belo Horizonte.

Com intuito de auxiliar aque-les que querem aperfeiçoar o jei-to de se relacionar pela web, jáforam desenvolvidos aplicativosde pesquisas e estatísticas paraque as empresas descubram qualé o melhor meio de interagircom o público, como a ferra-menta online chamada Scup. A 

publicitária e webwriter ÉrikaNavarro, especialista em mídiassociais, afirma que esse é um pas-so essencial para o uso das redes.“Geralmente é feita uma análiseem todos os aplicativos, definin-do o público, seu perfil, a manei-ra com que eles interagem e otipo de conteúdo gerado poreles. O número de citações rela-cionadas à empresa aponta quala melhor abordagem a ser toma-da”, explica.

 As rápidas mudanças e a flui-dez das redes sociais forçam osprofissionais de muitas áreas,

principalmente do marketing eda publicidade, a estarem aten-tos. Na divulgação pela web opúblico deixa de ser apenas“alvo” e participa ativamente dascampanhas, que dependem cada vez mais do usuário para seremdifundidas. Marcelo Dias com-prova o fato brincando que “nainternet, não existe mais a caça eo caçador. Todos se tornamiguais na selva digital”.

Têcaa

Confra uma lista de twitters de

 jalta t: www.jala.c.@