Jornal Interurbano

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Realizado pelos alunos do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Barros Melo INTERJORNALISMO Aeso, 19 de maio de 2012 >> aspasurbanidade.wordpress.com JORNALISMO - AESO BARROS MELO TRANSPORTE PÚBLICO NÃO SATISFAZ OBRAS SEM FIM NA ORLA DE OLINDA Anunciada em novembro do ano de 2010, as obras de revitalização da orla de Olinda terão 6,25 km de extensão desde a Praia de Bairro Novo até a Praia de Rio Doce. A obra custará 23 milhões de reais aos cofres públicos (P. 4) LIXO NA FEIRA DE PEIXINHOS Moradores e comerciantes têm a esperança de que com a proximi- dade das eleições a situação mel- hore e que aquele espaço desti- nado ao comércio seja recuperado, se tornando um local de consumo que não traga riscos para eles. (P.5)

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Jornal laboratório realizado no Interjornalismo 2012.1 das Faculdades Integradas Barros Melo (Aeso)

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Realizado pelos alunos do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Barros Melo

INTERJORNALISMO Aeso, 19 de maio de 2012 >> aspasurbanidade.wordpress.com

JORNALISMO - AESO BARROS MELO

TRANSPORTE PÚBLICO NÃO SATISFAZ

OBRAS SEM FIM NA ORLA DE OLINDA

Anunciada em novembro do ano de 2010, as obras de revitalização da orla de Olinda terão 6,25 km de extensão desde a Praia de Bairro Novo até a Praia de Rio Doce. A obra custará 23 milhões de reais aos cofres públicos (P. 4)

LIXO NA FEIRA DE PEIXINHOSMoradores e comerciantes têm a esperança de que com a proximi-dade das eleições a situação mel-hore e que aquele espaço desti-nado ao comércio seja recuperado, se tornando um local de consumo que não traga riscos para eles. (P.5)

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Interurbano foi pensado e criado para estimular um ambiente de ideias, principalmente dentro das estruturas universitárias. Com o objetivo de estimular o engajamento es-tudantil às ações urbanas, as Faculdades Integradas Barros Melo promoveram um

encontro que proporcionou aos estudantes uma espécie de laboratório da prática jor-nalística, fazendo com que as teorias vigorassem.

Resultado de um trabalho interdisciplinar, intitulado Interjornalismo, o jornal Interur-bano foi pensado não só para estimular o processo criativo dos estudantes, mas também para colocar no centro das discussões um dos assuntos mais delicados e recorrentes sobre a cidade: as transformações urbanas. Partindo do pressuposto que as mudanças estru-turais da cidade, principalmente na arquitetura, atraem ativistas para a luta a favor da permanência de prédios, ou equipamentos públicos que resguardam em sua estrutura a história da cidade, decidimos homogeneizar os assuntos e “correr” atrás daquilo que consideramos ser um novo olhar sobre a cidade. Logo, o jornal tem o seguinte objetivo: promover iniciativas que mudem de alguma forma a realidade do local em que vivemos, com o intuito de salvaguardar a memória patrimonial.

Sendo o jornal temático, baseado em assuntos que trouxeram à tona a relação dos mora-dores com a cidade ou com os bairros, os alunos puderam pluralizar os olhares com abor-dagens que fugiam do discurso comum. Contudo, o contato experimental com o mercado de trabalho foi fundamental para que entendêssemos na prática como se dá a execução das atividades para as quais fomos designados.

Com isso, pudemos notar que a prática, embora experimental, proporciona um leque de possibilidades e caminhos para as nossas futuras atuações no mercado profissional. O Interurbano que chega agora às mãos dos leitores é fruto do dia a dia da nossa cidade, tornando assim as inquietações e os desejos dos moradores algo que pode ser debatido e solucionado. Então, só agora abrimos este espaço para que você leitor se conecte com as mudanças, ações – revoluções – e (por que não?) a conservação do espaço público. Um direito de todos nós. Boa leitura!

Raquel Freitas (editora)

Expediente

EDIT

OR

IAL

Aeso | 19 de maio de 2012 | Interjornalismo

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Anunciadas em novembro de 2010, as obras de revitaliza-ção da orla de Olinda terão

6,25 km de extensão desde a Praia de Bairro Novo até a Praia de Rio Doce. A obra custará R$ 23 mil-hões aos cofres públicos, sendo R$ 20 milhões vindos do Ministério do Turismo e R$ 3 mil-hões do Governo do Estado. A primeira etapa do projeto, que engloba obras de contenção marítima, foi concluída, mas o processo de revitalização das vias, calçadas e estacionamen-tos ainda está em fase inicial.

Embora alguns moradores digam

que o serviço vem se arrastando há anos, o encarregado da obra, que não quis se identificar, afirma que ela está sendo administrada em vários locais e que esse é um pro-cesso demorado, pois é necessário que um trecho esteja concluído

para que o outro seja iniciado.

A população, apesar de apoiar as obras, tem al-gumas queixas,

principalmente por conta da falta de iluminação. Para alguns, a falta de conservação da orla não é culpa apenas da Prefeitura, mas também dos próprios usuários, que não con-servam o espaço destinado a eles.

“Infelizmente, quando as obras estão prontas, o pessoal começa a tirar as coisas. Alguns bancos até ficam sem madeira. As pessoas não podem ver as coisas conser-vadas que terminam depredando”, afirmou o morador Carlos Alberto Cavalcanti. Os pescadores também se sentem prejudicados pela revi-talização. Eles afirmam que a Pre-feitura retirou os locais de trabalho deles e não os indenizou.

A previsão é que até o final do ano as obras sejam finalizadas. A ex-pectativa da população é que esse prazo seja realmente cumprido e que as promessas saiam do papel, melhorando a aparência e a estru-tura da orla.

OBRAS Texto e Fotos: Lorena Andrade, Mariana Albuquerque e Ana Késsia

REVITALIZAÇÃO NA ORLA QUER MUDAR CARA DE OLINDA

OBRAS Construção em um dos trechos de Bairro Novo

População reclama da

lentidão na execução

das obras

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Que o cinema é a sétima arte muitos sabem. Só que, para exibi-lo, nem sempre se fa-

zem necessárias salas climatizadas, assentos confortáveis ou retropro-jetores enormes, muito menos des-locar-se ou pagar para vê-lo. Cine-ma compõe um tipo de arte livre e, exatamente por isso, pode ser feita em vários ambientes, sendo capaz de funcionar como equipamento de socialização e entretenimento. Para quebrar essa regra foi criado o Projeto Telemóvel, uma espécie de cineclube que acontece quinze-nalmente na Praça Alvorada, em meio ao agito de bares, trânsito e toda a movimentação do bairro de Jardim Brasil II, em Olinda.

CINEMA Texto: Camila Marques e Stephanie Siqueira

Fotos: Acervo Equipe Telemóvel

PROJETO Cineclube faz uso do audiovisual para quebrar padrões e mostrar que cinema pode ser acessível e forte ferramenta de expressão cultural

A SÉTIMA ARTE VAI À RUA

Feito na rua, aberto ao público e sem grandes despesas até mesmo para os idealizadores, as sessões são exibidas com o apoio da Asso-ciação dos Moradores de Jardim Brasil e também idealizadas por dois jovens insatisfeitos com a au-sência de atividades culturais no bairro. A escolha do local foi uma ação em protesto, já que a praça passou por uma reforma em que foram retirados os bancos e brin-quedos para construção de uma pista de skate que atualmente está abandonada.

Igor Pimentel, formado em Rádio e TV, em entrevista ao Interurbano, ele falou como o projeto foi criado:

Quando começou o projeto?

Começou no ano de 2011 quando um amigo meu resolveu exibir uns filmes em uma praça. A princípio era apenas uma exibição de Natal para dinamizar o local, que havia sido abandonado por uma reforma mal feita da prefeitura. Foi uma experiência nova, colocamos um lençol, tudo bem improvisado. No começo os moradores ficaram um pouco assustados, mas depois apro-varam.

Por ser aberto, como é realizada a seleção dos filmes?

Tivemos que estudar o perfil do público e adaptar o projeto ao de-sejo dos espectadores. Vimos que

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tínhamos um público mais infan-til, por isso exibimos desenhos. Há também mostras de curtas. Por co-nhecer o público, sabemos que fil-mes longos não atraem o público.

Como é feito para manter o pro-jeto sem apoio institucional?

Utilizamos as instalações elétri-

cas da Associação de Moradores de Jardim Brasil. As cadeiras são cedidas pelos bares próximos à Praça. O mais legal disso é a tela improvisada. No início os filmes eram projetados em um lençol, em seguida substituímos por um ma-terial em PVC, agora usamos duas portas que são sustentadas pela

Igor Pimentel

pista de skate. Temos que investir no projeto, mas, pela falta de tem-po, nos empenhamos em dinami-zar o bairro.

O nome remete à mobilidade. Essa é a proposta do projeto?

As exibições acontecem quinze-nalmente na Praça da Alvorada. A proposta é que as exibições sejam em vários locais de Jardim Brasil e em bairros vizinhos. Porém, por termos outros trabalhos, ainda não tivemos tempo para articular o evento em outros lugares, mas isso é uma idéia.

Você já identifica um público fiel?

Sim. Às vezes quando não acontece exibição por causa de um feriado, as pessoas cobram, e todos sabem que quinzenalmente tem filme na praça. As crianças gostam muito dos desenhos e o público mais ve-lho também participa, sente orgu-lho de ter uma ação como essa no bairro.

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O CAOS NA FEIRA DE PEIXINHOSFeirantes reclamam da falta de manutenção do espaço

Lixo, estrutura precária e des-organização. Essa é a ima-gem que compõe o cenário da

feira de Peixinhos, localizada em Olinda. Fonte de renda para muitos trabal-hadores, ela de-ixou de ser ape-nas um ponto de referência e tornou-se uma das principais a l t e r n a t i v a s para movimentar a economia lo-cal. Um fato que tem se tornando constante na feira é a reclamação, tanto de comerciantes quanto de moradores locais, com relação ao descaso do poder publico.

A feirante Creuza Cecília de Sou-za, que está no ramo há 22 anos, considera o trabalho na feira im-portante, pois é um modo de sus-

Lixo Texto: Marielly Laiza, Ivson Souza e Olívia Cribari

Fotos: Olívia Cribari; Internet/João Araújo

tentar a família, mas considera que a estrutura do local é precária.

A falta de estrutura e manuten-ção fica evidente quando se ob-serva a falta de banheiros públi-cos, essenciais para aquele local e principalmente para os feirantes, já que eles dor-mem e passam

o fim de semana naquela região. Segundo o feirante Diógenes An-tônio, a manutenção e a fiscaliza-ção não existem, só acontecem em época de eleição, deixando um cenário de muito lixo no espaço destinado à venda de alimentos.

Ítens mal acondicionados e ex-postos em companhia de muito lixo fazem parte da preocupação

dos moradores, pois ocasionam o entupimento das galerias e, com a chegada do inverno, aumentam de maneira considerável os riscos de alagamento na localidade. Além disso, o mau cheiro e as doenças causadas por esses problemas fa-zem parte do dia a dia da popula-ção.

Moradores e comerciantes têm a esperança de que, com a proximi-dade das eleições, a situação mel-hore e que aquele espaço desti-nado ao comércio seja recuperado, se tornando um local de consumo que não traga riscos para eles.

“Urubu em dia de segunda

coloca o dedo no nariz”,

afirma Reginaldo Vital,

morador da região

Lixo se acumula na feira

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Transportes Texto: Alunos do curso de jornalismoFotos: Internet

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POPULAÇÃO INSATISFEITA COM TRANSPORTE PÚBLICOMesmo com algumas melhorias, moradores reclamam dos ônibus e metrôs do Recife

Uma pesquisa recente do The New York Times constatou que os jovens americanos

preferem ter acesso a um trans-porte público de qualidade a ter um carro próprio. Essa realidade não existia há alguns anos, até mesmo nos Estados Unidos. Hoje, com a grande quantidade de automóveis nas grandes metrópoles, as pes-soas começam a procurar outros meios para se locomoverem. Um deles é o transporte público. Mas, diferente da realidade americana, a qualidade desse tipo de transporte no Brasil não é boa.

Hoje, o Recife oferece à população um transporte público de baixa qualidade e valor elevado. A popu-lação que o utiliza é prejudicada por um serviço demorado, des-gastante e que não oferece segu-rança aos passageiros. Além disso, a cidade não oferece estrutura para que os moradores usem outros meios de transporte, como a bici-cleta — pois a falta de ciclovias, aliada à violência dos motoristas, torna perigoso o uso desse veículo.

Rogério Fernandes, 46, morador do bairro de Jardim Brasil II, rec-lama da insegurança nos trans-portes públicos, uma vez que, além da baixa qualidade, há falta de respeito com idosos, gestantes e deficientes. Para ele, o preço eleva-do não compensa a utilização do transporte. “Eu já vi muitos idosos serem maltratados e paradas sen-do queimadas pelos motoristas”, diz Érica Jadilma, 23, moradora de Carpina.

Mas as reclamações não são dire-cionadas só aos ônibus, mas tam-bém ao metrô. As estações são lotadas e não oferecem serviços básicos aos passageiros. A estação de Joana Bezerra, por exemplo, não tem banheiros.

Do lado oposto ao da maioria dos moradores recifenses, o estudante Vínicius Deví, 16, define o trans-porte público como útil e rápido, porém a população é grande e o sistema não consegue suportar. Além de um sistema de trans-portes ruim, há agravantes, como

as greves, que são muito frequen-tes e, inclusive, atualmente houve a deflagração da greve dos me-troviários, que reivindicam um reajuste salarial de 5,13%.

Por mais que a cidade tente se igualar às grandes metrópoles, ainda falta muito para atingir o objetivo. O que resta aos cidadãos recifenses é aguardar pelo término de todas as obras que estão acon-tecendo na Região Metropolitana do Recife e torcer para que elas deem certo, satisfazendo a vontade e a necessidade de todos.

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Ocupação Texto: Alunos Curso Jornalismo

Fotos: Marcelo Soares

OCUPAÇÃO DE PRÉDIOS ABANDONADOS COMO FONTE DE RENDAMoradores não têm medo, mas vizinhos denunciam perigo de desabamento

Prédios abandonados são co-muns à paisagem do Recife. Moradores que utilizam o

espaço ocioso como fonte de renda vivem sem temer os riscos. Apesar das instalações precárias, Eunice Góes de Andrade, de 53 anos, que mora em uma casa construída nas instalações de um prédio abando-nado, aluga o espaço para o esta-cionamento de carros e barracas de ambulantes. Segundo ela, a imobiliária parou a construção por falta de verba e o processo está na Justiça. Ocupando o terreno há mais de dez anos, dona Eunice revela que

nunca teve medo de outras pes-soas invadirem o local: “Moro aqui há tanto tempo e nunca tive prob-lemas. Meu falecido marido era vigilante e vim morar com ele. Até então essa é minha única fonte de renda.”

Vizinho da comerciante Eunice, José da Costa Pereira, morador do edifício União, tem um posic-ionamento diferente. Ele diz que os perigos de morar ao lado de um prédio abandonado são constantes. “As ferragens ficam expostas, sus-cetíveis à ação do tempo. Concre-to e pedaços de tijolos costumam

cair no telhado das barracas e do estacionamento vizinho ao prédio. Os cascalhos podem até atingir al-guém”, afirma.

O síndico do edifício União, João Nunes, morador da área há mais de 40 anos, aponta o risco de o prédio desabar: “Apesar de a construção ser bem feita, meu receio é que o prédio caia para os lados, pois atin-girá outros edifícios e estabeleci-mentos comerciais. Já entramos em contato com o Corpo de Bom-beiros e a Prefeitura do Recife para cobrar uma solução, porém nada foi feito.”