Jornal Leitura Indispensável | 2ª edição

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p.11 p. 7 p. 6 PERFIL p. 3 Saiba como o hóquei, tradicionalmente no gelo, é praticado no Brasil. Em Piratuba, a grande atração turística é a “Maria Fumaça” 235, que mantém viva a história da ferrovia São Paulo-Rio Grande e também da antiga tração a vapor. p. 9 Entre a Cruz e o Frei uma linha teleférica??? Necrochurume: riscos para a saúde e solo contaminado Muitos clic’s. Vendas pela internet crescem Transgênicos: cultivo com espaço garantido em SC É UM CARMA NA MINHA VIDA SER DE M ADONNA . I SSO PORQUE NÃO SE ESPERA POUCO DE QUEM É DE M ADONNA . Kallinca Porto, estudante, à proposito da sua vida. ESPORTE Educação a distância: tendência que descentraliza a educação em nível superior EDUCAÇÃO Projeto do bondinho, que ligaria pontos turísticos de Joaçaba e Herval d’Oeste, permanece só no papel. p.13 Uma alternativa para minimizar o pro- blema é o invólucro, uma manta absol- vente acondicionada no caixão. Mas o projeto de lei que obriga a utilização está “morto”. Apoiado na tecnologia, o comércio vir- tual derruba barreiras e chega a qual- quer lugar, basta ter um endereço para entrega. Os consumidores são de todas as classes. A área plantada de alimentos geneti- camente modificados já é três vezes maior do que há 10 anos. Em Santa Catarina essa tendência já caminha para sua consolidação. Locomotiva conduz por roteiro histórico Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Unoesc Ano 1 - Ed. 2 | Joaçaba - Dezembro de 2010 !ndispensável LEITURA

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Jornal laboratório do curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo da Universidade do Oeste de Santa Catarina, UNOESC Campus Joaçaba.

Transcript of Jornal Leitura Indispensável | 2ª edição

p.11p. 7p. 6

PERFIL p. 3

Saiba como o hóquei, tradicionalmente no gelo, é praticado no Brasil.

Em Piratuba, a grande atração turística é a “Maria Fumaça” 235, que mantém viva a história da ferrovia São Paulo-Rio Grande e também da antiga tração a vapor. p. 9

Entre a Cruz e o Frei uma linha teleférica???

Necrochurume: riscos para a saúde e solo contaminado

Muitos clic’s. Vendas pela internet crescem

Transgênicos: cultivo com espaço garantido em SC

“ É um carma na minha v ida ser fã de madonna. isso porque não se espera pouco de quem É fã de madonna.

Kallinca Porto, estudante,à proposito da sua vida.

ESPORTE

Educação a distância: tendência que descentraliza a educação em nível superior

EDUCAÇÃO

Projeto do bondinho, que ligaria pontos turísticos de Joaçaba e Herval d’Oeste, permanece só no papel. p.13

Uma alternativa para minimizar o pro-blema é o invólucro, uma manta absol-vente acondicionada no caixão. Mas o projeto de lei que obriga a utilização está “morto”.

Apoiado na tecnologia, o comércio vir-tual derruba barreiras e chega a qual-quer lugar, basta ter um endereço para entrega. Os consumidores são de todas as classes.

A área plantada de alimentos geneti-camente modificados já é três vezes maior do que há 10 anos. Em Santa Catarina essa tendência já caminha para sua consolidação.

Locomotiva conduz por roteiro histórico Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Unoesc Ano 1 - Ed. 2 | Joaçaba - Dezembro de 2010

!ndispensávelL E I T U R A

OPINIÃO 2

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Unoesc Ano 1 - Edição nº 2 - Dezembro de 2010

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA UNOESC Campus Joaçaba

Área das Ciências Humanas e Sociais | ACHSCoordenador da Área: Alex BaseggioCurso de Comunicação Social habilitação em JornalismoCoordenadora de curso: Silvia Spagnol Simi dos SantosTel: (49) 3551 2068E-mail: [email protected] Getúlio Vargas, 2125 - Bairro Flor da SerraProfessor Orientador: Gustavo DeonEditores-Chefe: Herton Farias e Marcelo Santos [acadêmicos] Redação: Acadêmicos da 5ª fase de Jornalismo.Revisão: Franciele Parenti, Luiz Fernando Brito, Orli Ricardo Pereira e Oséias InácioProjeto Gráfico e Diagramação: Amanda Baratieri, Herton Farias e Rhayana Cordeiro [acadêmicos da 5ª fase]Revisão Final: Prof. Jairo R. FachiTiragem: 1000 exemplares

EDITORIAL

Joaçaba, apesar de pequena e estar enraizada numa de-pressão (nos referimos ao Vale do Rio do Peixe, é claro), é a cidade de aproximadamente 30 mil habitantes dessa

parte ao sul do mundo mais megalomaníaca, com direito a tudo o que essa palavra grande tem a significar. Mas não é só isso. Ela gosta de ter – e ostentar – a terceira maior está-tua das Américas, o melhor carnaval do sul do país e sem dú-vida o trânsito mais caótico entre as cidades de médio porte de Santa Catarina. Talvez por conta dessa última atribuição o projeto grandioso que prevê a construção de uma linha teleférica – ao custo inicial de R$ 3 milhões – com 3 Km de extensão entre o Monumento Frei Bruno (Joaçaba) e o Mor-ro da Cruz (Herval d’Oeste) não seja assim tão descabida.

Apesar de estar planejado para ser mais uma atração turísti-ca do meio-oeste, o arquiteto Jaison Strapassola afirma que o bondinho serviria como transporte alternativo e beneficia-ria a população de áreas mais íngremes das duas cidades. Nestes lugares, ônibus raramente passam. Aliás, tais situa-ções sobre o trânsito, em que existe a falta de algo, como uma intenção de torná-lo trafegável, o bondinho - mais do que ambicioso – é alguma coisa.

É legitimo imaginar, arquitetar e desejar, sobretudo desejar, qualidade de vida, desenvolvimento, turistas para a cidade, mesmo que a proposta seja de tornar Joaçaba ainda mais réplica do Rio de Janeiro. Monumento religioso, carnaval, morro, tráfico... não soa familiar as duas cidade? Falta o quê? O bondinho. Mas não é por essa coincidência que o projeto ficou menos interessante. “Bondinho para Joaçaba já!”. Esta-mos em campanha. Mas deixemos claro que se alguém um dia pensar em transformar as margens do Rio do Peixe em praia, aí francamente teremos que dizer que é demais.

“É hoje”. A frase taxativa do pro-fessor indicando o prazo de en-trega do exercício no primeiro

dia de aula, depois de um longo período de férias, serviu como um estalo. Ma-nifestou-se subitamente a ausência de imaginação.O caderno está aberto e a folha em bran-co, como o estoque de idéias do jovem estudante. Palavras elásticas permeiam a mente esvaecida. A caneta, enfim, co-meça a escrever contagiada pelo primei-ro sopro de imaginação. Indubitavel-mente a folha é destacada, amassada e posta sobre a mesa. Aliás, o barulho de papel deixando o espiral dos cadernos universitários é o que mais se ouve na sala quase silenciosa.“Como é difícil escrever um texto”, indig-na-se. A julgar pela capacidade do escri-tor numa noite chuvosa de segunda-fei-ra pós-carnaval e pelo tempo médio que ele costuma ter para produzir (quase o dobro do disponível naquele momento fatídico), é ainda mais difícil. Multipli-que então esse grau de dificuldade pelos dias em que o hábito jornalístico de de-

dilhar teclados deixou de ser praticado. Desespero total. “Vale nota! Preciso de uma luz”.Nada parecia mais obscuro que a mente do estudante. A colega do lado levanta e despede-se. O tempo passa e o prazo limite que não pode ser ultrapassado se aproxima. Mas nem tudo está perdido. Existe algo de interessante habitando a memória do escritor em crise. Um diálo-go de MSN, que renderia uma boa crôni-ca, salvaria o dia. Mas a conversa não po-deria ser relatada na íntegra. Uma queda de energia interrompera o diálogo. As inúmeras ausências em um só dia não é apenas lamento. Redenção. “Aí está o tema da minha crônica. Escreverei sobre o vazio, o inexistente, as ausências, so-bre como – em situações mais inespe-radas – a falta de algo (imaginação, coe-rência textual, vontade) se faz presente”.O cronista tinha razão. A sua ideia era realmente satisfatória e renderia um bom texto se o tempo não tivesse se esgotado e a tinta da única caneta que possuía não tivesse seguido o exemplo da ampulheta.

O deadline

Cot id iano

.cherge

!ndispensávelL E I T U R A

Tex to : Her ton Far iasFoto : Amanda Barat i e r i

!ndispensável PERFIL 3

Bonequinhade Luxo

Herton Farias

João Paulo Pereira/Cedida

Kallinca Porto idolatra Madonna, lê Bukowski, e é a popstar de párias e renegados

Eu acho um carma na minha vida sEr fã dE madonna. isso porquE não sE EspEra pouco dE quEm é fã dE madonna

Entre um gole e outro de cerveja Gla-cial, dessa que se vende em boteco universitário e que os estudantes esco-lhem pelo preço (R$ 3), Kallinca Por-to é a fama personificada. Afinal, no ambiente de penumbra, poluído por fumaça de cigarro e rock n’roll deca-dente, a universitária de 20 anos con-cede entrevista a um jovem jornalista interessado na sua vida. O tema clichê – Quem não conhece Kallinca Porto? – nada tem a ver com a história relatada. O lugar-comum está distante de ser ha-bitado por essa garota deslumbrante de um jeito absolutamente excessivo.

Quando Truman Capote escreveu a novela “Breakfast at Tiffany’s”, em 1958, pensou que sua amiga Marilyn Monroe seria a tradução perfeita da

personagem Holly Golightly. A garota cabeça de vento, que ingenuamente flanava pela vida e possuía uma ino-cência ainda que voluptuosa - capaz de tornar a amoralidade antes de repro-vável, charmosa – é também a descri-ção da nossa bonequinha luxo. Aliás, as peripécias de Kallinca poderiam render-lhe o título - pouco nobre - de celebridade por qualquer colunista nova-iorquino, a capa da Vogue, Life, Rolling Stone. Kallinca seria facilmente personagem dos filmes underground de Polanski, do mundo pop de Warhol ou Madonna, a quem cultua obstina-damente. Com 1,70 metros de altura, cabelos negros ondulados até o ombro, que contrastam com a pele branca ave-ludada e olhos por onde navegariam saveiros, Kallinca é ou não decalque da celebridade talhada por Capote?

Kallinca cresceu em uma vida confor-tável, na região quente e de ar abafa-do do centro-oeste do país. Durante a infância morou com a mãe, os avós

maternos e a tia em uma casa grande com um quintal espaçoso, em meio à sombra de muitas árvores (ela odeia o calor). “Tinha vários pés de frutas, tinha uma mangueira, um pé de fru-ta do conde, um pé de limão, pé de acerola, de pitanga e de caju, mara-cujazeiro. Tinha uma horta, tomate, alface, hortelã, fora as ervas do vô, arruda, cidreira... entrava muito sol dentro de casa. O cheiro era sempre de algo da cozinha: café, temperos. Tinha o cheiro da minha vó”, recorda.

Aos 12 anos mudou-se com a família para o interior de Santa Catarina, onde atualmente traça - nem tão ávida as-sim - sua carreira de fama e o estre-lato (afirma que a faculdade de Publi-cidade, que cursa há dois anos como

hobbie, pode ajudá-la). A educação de Kallinca é algo cinematográfico. Sua mãe, corretora de seguros e aficiona-da por música, a educou com discos de Bob Dylan, Duran Duran e, claro, Madonna. Não por acaso ela idolatra a diva do pop. As referências culturais, que de certa forma moldaram a sua personalidade e injetaram ainda mais conteúdo na sua veia artística, têm ain-da Supertramp e A-HA. Na literatura o espaço é para Bukowski, o escritor marginal e anarquista do qual o texto, além de escatológico e etílico, fala de pessoas comuns e que não tem futuro.

Da infância regada à música, livros e fil-mes de adultos, Kallinca lembra do dia em que, aos cinco anos, assistiu “Lua de Fel” (Roman Polanski, 1992), entre os mais amargos filmes sobre o amor, as obsessões e a sexualidade humana. “Estávamos no sofá, eu deitada no colo dela. Nas cenas de sexo, que são muitas no filme, ela tentava cobrir meus olhos com a mão”, diz revivendo o modo

como sua mãe tentava sem êxito cen-surar sua visão. Na reprodução, o riso, a mão no rosto, o vazio entre os dedos que revelavam seus olhos, denuncia-vam a suavidade do flashback lacônico.

Desde o tempo do colégio adventista ela se destaca. Não pelos óculos que usava ou pela tiara colorida que a avó insistia em colocar na sua cabe-ça, como se ali fosse o local ideal para fixar um outdoor anunciando “Olhem para a Kallinca, a menina malvada que ninguém gosta e, que segundo a professora vai para o inferno”. “O ad-ventista era particular. Tinha meninas que usavam saia, mas eu usava short... a primeira palavra que eu escrevi foi Jesus, antes do meu nome, acredita?”, diverte-se sem nenhum saudosismo.

Dessa época em que invejava a co-leguinha Ingrid – loira, quieti-nha, pé-pequeno, sem pelos e dia-bética que to-dos gostavam – e

que ouvia relatos de pecados e pe-nitências ela quer mesmo uma re-denção. “Era horrível. Sou cheia de culpa até hoje. Quando faço sexo fico pensando: Meu Deus! Sou uma puta. ‘Dei’ pro cara na primeira vez”.

Diante do panorama comportado e conservador da sociedade bairrista e de pós-adolescentes de vinte e poucos anos cheios de preconceitos, Kallinca – que agradece por ter Madonna como inspiração – é uma popstar para os párias e renegados sociais. “Eu acho um carma na minha vida ser fã de Madonna. Isso porque não se espera pouco de quem é fã de Madonna”, re-vela num timing quase teatral. Com a mesma expressão afirma que se des-cobriu narcisista. Antes de qualquer coisa, há apenas Kall e seu reflexo. “Vivo me olhando no espelho”, reitera.O que ela diz não parece nítido e cla-ro, porém flui de forma avassaladora como pequenos goles de Tequila, li-mão e sal. A mistura pouco discreta

é ainda mais explosiva quando desce pela linda garganta de Kallinca e cai no seu sangue. Imagine a rotina de um bar ser interrompida por uma mulher que não hesita em tirar a roupa em troca de um hit da sua diva. Imagine agora o doce pedido “Se tocar Madon-na eu fico pelada” tornar-se jargão. Kallinca é Kallinca o tempo todo. Nua num bar ou vestida com uma de suas produções autênticas - a combinação de um corselet de renda branca e mi-nissaia armada da mesma cor, sapatos vermelhos de salto agulha altíssimo é uma delas - para um ambiente mais “formal”. Essa vida - música, moda, ex-cessos, volúpia e o desejo de ser no-tada - é tudo o que ela sempre quis.

Mas não é só isso. Entre a organiza-ção do quarto, do horário para comer, idas e corridas (também ao banheiro), faculdade, fumar, beber cerveja, dar entrevistas, beijar garotos e garotas, transar... entre as “coisas cotidianas” da sua existência, ela tem a capacidade de produzir a requintada inquietação em relação à condição humana, tão “over”.Se tudo seguir exatamente do jeito que não foi planejado, Kall não terá mui-to tempo para relaxar no seu futuro próximo de fama e ostentação - uma ambição que soa muito melhor se não for declarada em voz alta. Mas, mais importante que isso, ela quer inspi-rar sua legião de fãs bradando por aí. “É difícil demais e, quando você é inteligente, é muito constrangedor. (...) Todo mundo acha que ser estrela é ter um ego do mesmo tamanho de um bonde são coisas que andam de mãos dadas; na verdade, o essencial é não ter ego nenhum. Nada contra ser rica e famosa. Isso está nos meus planos, e qualquer dia desses vai dar certo; mas quando isso acontecer, quero estar com o meu ego aqui comi-go. Ainda quero ser eu mesma quan-do acordar numa bela manhã para tomar café-da-manhã na Tiffany’s”, gritaria Kallinca se fosse Holly Goli-ghtly, a bonequinha de luxo de Capote. Mas como não é, ela se contenta com a definição que o avô lhe atribuí com toda sinceridade: “Kallinca é uma santinha”*.

!ndispensávelSAÚDE 4

Falta de exercícios está se tornando um hábito entre os brasileiros

A hipocinesia é a ausência de movimentos corporais

e faz parte da vida de quase todos os brasileiros. A falta desses movimentos aliado a uma dieta pobre de nutrientes essenciais, são características de uma condição conhecida por sedentarismo.

A prática regular de exercí-cios físicos traz inúmeros be-nefícios, tendo conhecimento disso, muitas pessoas estão redescobrindo as vantagens desse hábito. É o caso da ad-vogada Cerise Lemes, 47, que procurou ajuda de profissio-nais. Cerise estava com o IMC (Índice de Massa Corporal) acima do ideal e apresentava altos níveis de colesterol e tri-glicerídeos.

Seguindo orientação de um nutricionista Cerise está con-seguindo recuperar os danos causados pela hipocinesia. “Antes eu ia até a padaria, que fica a duas quadras da minha casa de carro, e até mesmo pra levar meu cachorro pas-sear, eu pagava pra alguém”, comenta. Com uma dieta ba-lanceada aliada a exercícios físicos, a advogada atingiu em médio prazo seu peso ideal. “Não é uma tarefa fácil, mas os resultados são excelentes”, finaliza.

Uma prática comum que pode ser percebida nos fins de tar-de em Joaçaba são as cami-nhadas, porém sem nenhuma orientação profissional. A edu-cadora física Silvana Vachin

ressalta sobre a importância de um acompanhamento an-tes de realizar atividades fí-sicas. “Uma avaliação física pode identificar diversas pa-tologias, como problemas car-díacos”, destaca. Ela lembra que com a ajuda desses testes é possível orientar as pessoas sobre o tempo e a intensidade com que vai praticar os exer-cícios, evitando assim proble-mas futuros.

Que exercício físico faz bem à saúde todos sabem.

Se for realizado com prazer o efeito pode ser muito melhor. Estamos falando do sexo que, de acordo com especialistas, pode se tornar um ótimo alia-do no combate à hipertensão arterial. Outra questão polê-mica quanto à sexualidade do jovem brasileiro é o uso in-discriminado de estimulantes sexuais.

Para o urologista Francisco Otávio Loraschi, os estimu-lantes sexuais só devem ser usados quando o paciente apresenta Disfunção Erétil Or-gânica (DE), causada por uma doença específica e quando as causas são de fundo psicoló-gico. Ele ressalta também que os jovens dificilmente desen-volvem problemas de ereção e que procuram esses medi-camentos sem orientação mé-dica. “O consumo destes me-dicamentos por jovens está relacionado ao desejo de um desempenho sexual superior”, completa.

Quanto aos fitoterápicos, o urologista fala que existem muitas divergências sobre uso deles, mas que o efeito psico-lógico é inegável. “Pacientes diabéticos ou hipertensos, que usam medicamentos específi-cos para DE, às vezes não se consegue um resultado satis-fatório, tampouco com medi-cações de resultado duvidoso. O que é inegável é o efeito placebo que estas medicações podem causar nos pacientes”, finaliza.

A psicóloga Scheila Menezes, responsável pelo SAP, Serviço de Atendimento Psicológico na UNOESC de Joaçaba, conta que os jovens que procuram por estimulantes sexuais bus-cam, de certa forma, esconder traços da personalidade como auto-estima baixa e inseguran-ça. “Esses medicamentos tra-zem satisfação momentânea e o uso indiscriminado pode desenvolver dependência psi-cológica que é algo muito difí-cil de reverter”, complementa a psicóloga.

Jovens recorrem aos estimulantes sexuais sem necessidade

Hipocinesia: comodismo vence a saúde

Ana Cristina Pereira

Uso abusivo de medicamentos já gera preocupação dos profissionais da área da saúde

Vanessa Bonato

Saiba como calcular o Índice de Massa Copórea (IMC)

IMC

abaixo de 18,5de 18,5 a 24,9de 25,0 a 29,9de 30,0 a 34,9de 35,0 a 39,9acima de 39,9

CATEGORIA

abaixo do pesoPeso NormalSobrepesoObesidade leveObesidade ModeradaObesidade Mórbida

65PESO (kg)

1,73 x 1,73(ALTURA (m) X ALTURA (m))

= IMC 21

Vanessa Bonato

O IMC é a divisão do peso pelo dobro da altura. Vale ressaltar que para realizar esse cálculo, o peso deve estar em quilo-gramas e a altura em metros, como exemplifica a tabela abaixo.

Fitoterápicos não são recomentados para jovens. Há riscos de dependência psicológica

Líquido da decomposição de cadáveres, começa a contaminar o solo 30 dias após sepultamento

Um corpo em estado de putre-fação atravessa diversas eta-pas. A que mais causa danos

ambientais é a fase humorosa tam-bém conhecida como coliquativa. É neste ponto do processo de decom-posição que surge o necrochorume. Ele advém da dissolução pútrida das partes moles do corpo. A denominação de necrochorume se-gundo o pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Alberto Pacheco se deve ao fato de o líquido da decomposição de cadáveres ser muito semelhante ao chorume, fluído proveniente da de-composição dos resíduos orgânicos. Ele explica ainda que um corpo com 70 kg libera, em média, cerca de 45 litros de necrochorume.Existe ainda um agravante, os corpos de pessoas vitimadas por doenças infecto-contagiosas podem liberar bactérias e vírus transmissores de febre tifóide, paratifóide e hepatite infecciosa. Em contato com o solo, o necrochorume atinge as águas da superfície. Ele também contamina a chuva que se infiltra nos túmulos. Neste caso, se algum morador das proximidades utilizar a água de um poço, pode estar ingerindo substân-cias altamente prejudiciais à sua saú-de.Procurando alternativas para não agredir o meio ambiente, a adminis-tração municipal de Joaçaba desco-briu o invólucro, que nada mais é do que uma manta absolvente, acondi-

A procuradoria jurídica de Joa-çaba confirmou a existência de

um projeto de lei que obriga as fu-nerárias a utilizar mantas protetoras nos caixões. Celso Felipe Bordin, que responde pelo jurídico do município, reconheceu que a lei ainda não está em vigor. O motivo seria o fato de o Laboratório Central (LACEN) - agente responsável pela vigilância sanitária estadual - não ter emitido ainda ne-nhum atestado de eficiência do invó-lucro. Sendo assim, o município possivel-mente fará alterações nas leis para que outro órgão técnico possa ates-tar a eficiência das mantas proteto-ras. Enquanto isso, os sepultamentos em Joaçaba continuarão sem nenhu-ma proteção ao solo. O Promotor de justiça Rafael Meira Luz confirmou a exigência do Poder Judiciário para que Joaçaba adéqüe os cemitérios a legislação ambiental. Ele entende que a população está pouco esclare-cida sobre os prejuízos que o necro-chorume causa a sua saúde. “O cida-dão acha que depois que se enterra o corpo a natureza faz o resto, ou seja, o cadáver se transforma em adubo, o que não é verdade”, ressalta. Quan-

to à ação que corre na justiça contra o município, o promotor esclareceu que a municipalidade está exercen-do o seu direito de defesa. Como a lei que obriga as funerárias a utilizar caixões com mantas protetoras ain-da não está em vigor em Joaçaba, as empresas do ramo continuam comer-cializando caixões ecologicamente incorretos.Ciente de tudo que foi exposto, e de-vidamente apresentado aos malefí-cios do necrochorume, a próxima vez que você passar em frente a um ce-mitério, tenha medo. Não é coisa da sua imaginação. O perigo é real.

Fio de Nylon Fio de Nylon

Fio de Nylon

Camada Absorvente

Filme Impermeável

Giane Patrícia

cionada no caixão, onde o chorume fica concentrado num período de oito à quinze meses e então evapora.O administrador do cemitério Frei Edgar, Nélci Carniel, um dos mento-res do projeto de acondicionamento dos corpos em mantas protetoras para o combate ao necrochorume, explica que “houve uma solicitação do Ministério Público para começar um trabalho de captação do choru-me, pois nunca existiu um controle do líquido da decomposição de cadá-veres nos cemitérios locais.”

Involúcro

Projeto prevê mantas protetoras nos caixões como no desenho.

Uma ameaça à saúde pública

O cidadão acha que depois que se enterra, o cadáver se transforma em

adubo, o que não é verdade.

“ Rafael MeiRa luz

PRoMotoR de Justiça

Um corpo com 70 kg libera, em média,

cerca de 45litros de necrochUrUme.

“albeRto Pacheco

PesquisadoR e PRofessoR

Giane Patrícia

Giane Patrícia

Dissolução pútrida das partes moles do corpo transpõe o caixão e contamina o solo. Corpos de pessoas vitimadas por doenças infecto-contagiosas podem liberar bactérias e vírus.

!ndispensável MEIO AMBIENTE 5

!ndispensávelEDUCAÇÃO & TECNOLOGIA6

Compras pela internet: os dois lados da moedaComércio on-line cresce cada vez mais, mas o aumento não preocupa os lojistas

Estudantes modernizam a velha “cola”Método continua fraudulento, mas seu uso divide opiniões entre profissionais da área de educação

Ana Paula Maciel

O que leva as pessoas a comprar sem sair de

casa? Tranquilidade, pregui-ça, facilidade? O fato é que a tecnologia, cada vez mais perto dos cidadãos, permite que produtos e serviços este-jam a um clic das pessoas. As multimarcas online derrubam barreiras e chegam a qualquer lugar, basta ter um endereço para entrega.

Em Campos Novos (SC), a agên-cia dos Correios entrega uma média de 500 produtos por mês. Segundo o chefe dos Cor-reios, Valdemar Paganini, me-nos de 0,5% das mercadorias são devolvidas. Segundo infor-mações do PROCON do muni-cípio, não é verificado número expressivo de reclamações no órgão. Dos episódios atendi-dos, grande parte está relacio-nada à garantia dos produtos.

Apesar das lojas on-line ga-nharem confiança, principal-mente do público jovem, ainda não ameaçam as vendas dire-tas, ressalta a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos Novos (CDL), Mar-lene Martins de Souza: “Gran-de parte da população ainda prefere tocar e provar o pro-duto, talvez por esse motivo o comércio virtual não tenha afetado tanto a nossa realida-de”. Outro problema notado por Marlene é a informalida-de na internet, que em muitas

As classes média e alta são grandes alvos do comércio eletrônico. No entanto, a ten-dência é o crescimento de internautas de classe social baixa, o que deverá aproximar o perfil do consumidor on-line do consumidor tradicional.

vezes não existe tributação.

Segundo dados da Câmara Brasileira do Comércio Vir-tual, em 2009, 17,6 milhões de brasileiros utilizaram esse canal para realizar compras. A estimativa para 2010 é de crescimento, 23 milhões de consumidores.

A consumidora de sites de vendas, Francieli Parenti, afir-ma: “Eu compro pela internet há 4 anos. A facilidade do atendimento é o que mais me atrai. Pela internet fico mais a vontade para escolher e os preços são melhores”.

Na avaliação do gerente da loja Magazine Luiza, Ander-son Gimenez, a diferença de preços ocorre devido aos custos que as lojas conven-cionais tem, como aluguel e pagamento de funcionários. A rede Magazine Luiza foi pioneira de vendas pela in-ternet.

O consumidor precisa estar atento na hora de realizar compras online e o mais im-portante, tentar conhecer o site que pretende comprar. “Uma simples busca às vezes pode trazer muitas informa-ções”, aconselha o programa-dor freelancer, Eliton Torri. Hoje existem sites de recla-mações, que funcionam como uma espécie de PROCON vir-tual, onde internautas pos-tam reclamações.

O mundo do comércio ele-trônico permite aos consu-midores fazer compras em milhares de lojas on-line e mais, pagar por suas contas sem sair do conforto do lar. Se você é um desses consu-midores, boas compras!

Gisiane Agostini

Comprador Online

Gisiane Agostini

As mais comuns são colas em pequenos papéis e com fontes minúsculas.

Ana Paula Maciel

Compras on-line ganham confiança do público e crescem significativamente.

A prova vai começar! Res-ponda individualmente e

de acordo com seu conheci-mento. Estudou para a prova de hoje? Pretende colar? Fez um resumo sobre o assunto que será abordado? Você sabe que está se prejudicando ao colar? Calma! Você não preci-sa de auxílio para responder. Textos escritos pelas mãos, braços, em pedacinhos de pa-péis escondidos na manga, na meia, nos celulares, nas cal-culadoras e nos lugares mais inusitados, não são mais ne-nhuma novidade para os es-tudantes. afinal quem nunca colou?“Apesar da ‘ajudinha’ ser con-siderada uma forma de cor-rupção, ela tem seus bene-fícios” defende a professora Débora Colussi. Ela acredita que fazer a cola é uma ma-

neira de estudar, pois através dela se resume o conteúdo, e isso ajuda a fixar a matéria na cabeça do aluno. A psicóloga Marilda Saccol contra-argumenta com rela-ção a este tema polêmico: “a cola não pode ser reconhecida como um instrumento positi-vo na mediação do processo de aprendizagem, caso contrá-rio a própria prova perderia seu objetivo de investigação”. A avaliação é um método de investigação, é o momento de verificar quais pontos foram entendidos e construir novas estratégias para aqueles que não foram alcançados, destaca a psicóloga.Fernanda Zonta destaca que não precisou utilizar as co-las para responder as provas que já enfrentou na vida de estudante. “Nunca esqueci ne-

nhuma cola que fiz, fazia por-que me preocupava em não lembrar, mas quando estava fazendo a prova sempre me lembrava do que escrevia e nem a utilizava” conta. Everlan Fagundes conta que utilizava a cola em suas ava-liações. “Nunca me pegaram colando, fazia isso porque não tinha total segurança do que aprendia, uma irresponsabili-dade da minha parte” afirma. Fazer cola não é a melhor for-ma de estudar para o exame. “O próprio resumo que ele fará para estudar já é um forte apoio e cabe ao aluno treinar a memória e exercitar a com-preensão para o êxito em seus resultados.” conclui Marilda Saccol. E a última pergunta: Você usa-ria a cola para demonstrar ser um aluno que não é?

O ensino a distância é uma tendência que poderá propagar o Ensino Superior no país

Juline dos Santos

Em um país como o Brasil, onde uma grande parcela da popula-ção é analfabeta ou semi-anal-

fabeta, apenas um pequeno percen-tual da população consegue cursar o Ensino Superior, a Educação a Dis-tância é um método capaz de atender as novas perspectivas do mercado educacional.

Educação a Distância é uma moda-lidade educacional que rompe as barreiras de tempo e espaço. Esse aprendizado é feito por meio de tec-nologias: chats, fóruns, ambientes virtuais, televisão, videoconferência... A aula passa a ser uma pesquisa, o professor um incentivador. “O pro-fessor tutor deve inicialmente conhe-

cer os fundamentos e a estrutura da Educação a Distância. Deve ter capa-cidade de liderança, de comunicação e de trabalhar em equipes; ter inicia-tiva e criatividade; e saber sempre dialogar”, afirma a tutora de Letras Isabel Mª Luclktenberg da Univer-sidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A Lei 9.394/96 de Educação a Dis-tância, garante validade nacional do diploma e equivalência quanto a direitos e prerrogativas dos cursos presenciais, desde que expedidos por instituições credenciadas e registra-das. Já a qualidade do curso depen-derá da Universidade escolhida.

A aprendizagem acorre dentro de cada um e não nas salas de aula, portanto é necessá-

rio que o aluno se motive a estudar sozinho. O Professor Josias Ricardo Hack destaca algumas caracterís-ticas do perfil do aluno a distância: “Maturidade, dedicação, capacidade de controlar o tempo, empenho na realização de pesquisa, motivação, disciplina, autonomia, autodidatismo e responsabilidade”.

Raquel Rybandt, estudante de Le-tras, confirma o perfil traçado pelo professor. Para ela o aluno precisa ter responsabilidade, comprometi-

mento e disciplina. “Um acadêmico EaD deve ter um objetivo bem de-lineado, e aprender a renunciar al-guns de seus momentos, inclusive os de lazer, para cumprir com suas obrigações”,aconselha.

Segundo a professora Roberta Pires de Oliveira, o ensino a distância é fle-xível, porém cabe ao aluno conduzir o tempo e o estudo. “A ideia, difun-dida no senso comum, é de que en-sino a distância significa que não é preciso estudar. Ao contrário, requer um aluno autônomo, que sabe gerir o seu estudo. E é óbvio que é preciso estudar”, salienta.

O fim da lousa

O perfil do aluno na educação a distância

“ Um acadêmico Ead dEvE aprEndEr a rEnUnciar algUns dE sEUs momEntos, inclUsivE os dE lazEr, para cUmprir com sUas obrigaçõEs.Raquel Rybandt

AcAdêmicA do curso de LetrAs em eAd

Raquel e sua rotina de leituras: pelo número de livros que carrega motivação não falta.

Juline dos Santos

Você Sabia?

O ensino a distância parece uma técnica recente, mas desde a Grécia e Roma antiga há registros de correspondências que transmitiam

conhecimento. As cartas foram muito utilizadas na função de ensino, principalmente com as melhorias das estradas e os avanços dos meios de transportes. Em 1728, a Gazeta de Boston, em sua edição de 20 de Março, publicou um anúncio do professor de taquigrafia Cauleb Phillips com os dizeres: “Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamen-te instruída, como as pessoas que vivem em Boston”.

Comparação entre as notas médias dos alunos do Enade*

EaD

47,59

Presenciais

40,89*Fonte: Elaboração Dired/Indep, a partir de dados do Enade 2005 a 2007.

!ndispensável EDUCAÇÃO & TECNOLOGIA 7

!ndispensávelCULTURA 8

Marteladas certeiras, fruto de uma técni-ca milenar, transfor-

mam qualquer pedaço de ma-deira em uma obra de arte. As esculturas surgiram ainda na pré-história, mas chegaram ao Brasil somente no final do sé-culo XVI através da influência da cultura Européia.Em Santa Catarina, as escul-turas ganharam admiradores e artistas. Treze Tílias, loca-lizada no meio oeste do esta-do, fez dessa arte seu cartão postal. A cidade tornou-se co-nhecida nacionalmente como a capital catarinense dos es-cultores e das esculturas em madeira. A tradição da escultura em

Treze Tílias teve início com a vinda dos pioneiros austríacos em 1933, mas foi a arte sacra que impulsionou a escultura em madeira no município. A artista Ingrid Thaler esco-lheu Treze Tílias para ser o palco de suas obras. Estudou sobre a arte de esculpir na escola de Ahrntal na Itália e formou-se Bacharel em Artes Plásticas e Escultura e Cerâ-mica pela UDESC.

Influência paterna

Ingrid começou a trabalhar sob influências do pai, Godfre-do Thaler, ainda na infância. Hoje possui juntamente com seu pai e com sua irmã mais

nova, também escultora, um ateliê aberto a visitações. A escultora conta que são necessários muitos detalhes para chegar ao trabalho final de uma escultura de madeira. “Eu inicio o trabalho partindo de um desenho e um projeto do que pretendo. Com a idéia já concluída, procuro uma madeira que se encaixe com o tipo da obra que vou produ-zir. Depois faço o desenho na madeira, recorto e começo a esculpir”, explica Ingrid.Além da técnica, é preciso que o escultor tenha uma percep-ção de expressões em formas. Ingrid destaca que trabalha com um estilo mais sensível, buscando sempre ressaltar os

sentimentos em suas obras.

As madeiras mais utilizadas para a produção de uma escul-tura são o Cedro, a Cerejeira e a Caxeta. O primeiro passo para a transformação de uma madeira bruta em uma escul-tura, é fazer vários cortes para que fique com o volume e com a forma da figura. Para isso, o escultor utiliza uma moto-ser-ra que facilita na remoção de grandes massas de madeira. Conforme o trabalho avança, aumenta a quantidade de de-talhes a serem trabalhados. O acabamento visa manter ou melhorar a superfície da figu-

ra esculpida, tratar e proteger a madeira para boa conserva-ção.Em 2006, foi criada por Wer-ner Thaler a Semana da Es-cultura em Treze Tílias, que acontece anualmente no mês de julho. Os artistas trabalham juntos no mesmo local, onde os visitantes têm a oportuni-dade de acompanhar todas as etapas de produção de uma obra, desde a madeira ainda crua até o momento do poli-mento. As lascas que saltam na lapidação da obra voltam a se unir e dão origem a um novo começo, assim como os filhos que herdam as técnicas de seus pais e não deixam a história ter um fim.

A arte deesculpir

Antes utilizadas apenas para representar o belo, hoje

as esculturas em madeira representam a cultura do povo

Cristiane Stöckl

Ao chegar à quarta-feira, Dona Maria Soares, 53 anos, vestia suas mel-

hores roupas, se perfumava e junto com os amigos, ini-ciava o tradicional programa da semana: a ida ao cinema. Hoje, as lembranças tomam o lugar daquela rotina. As roupas, o perfume e os ami-gos ainda se encontram, mas agora em outros ambientes.Na década de 40, Joaça-ba abrigava três cinemas: Cine Imperial, Cine Vitoria e Cine Avenida, o maior da época. Inaugurado no dia 29 de novembro de 1987, o cinema recebia de oito a nove mil pessoas por mês. Naquela época, o cinema, além de movimentar grande parte da população joaçaben-se, recebia também pessoas

de cidades vizinhas, que se deslocavam para assistir aos filmes de maior divulgação através da mídia nacional. Na história do Cine, longas metragens como Os Dez Man-damentos, Homem Aranha e Rei Leão, chamaram a atenção para o número de espectado-res. Mas o filme que marcou definitivamente a história do cinema de Joaçaba foi Titanic. Campeão de bilheteria, o lon-ga metragem atingiu o núme-ro de 17.784 pessoas.

Fim da história

A procura pelo cinema foi di-minuindo a medida em que novos meios começaram a surgir. Com o DVD, a comodi-dade em alugar os lançamen-tos e reunir toda a família em

casa para ver um filme, fez com que a sala de exibição tivesse seu fluxo afetado. Por conseqüência disso, os lucros tiveram uma queda significa-tiva, impedindo que o local pudesse crescer e se atualizar.Foi assim que o fundador do cinema, Miguel Rus-sowski decidiu que não have-ria mais possibilidades de manter o cinema. No dia 29 de Novembro de 2007, o Cine Avenida exibiu seu úl-timo filme, A Última Legião, e assim fechou as portas.Hoje, no local onde era o cin-ema, funciona uma loja de eletrodomésticos. A saudade dos momentos vividos ainda move a população. As imagens também são vistas, mas agora, nas telas de LCD fixadas na parede.

O Cine Avenida não resistiu e virou loja de eletro. Agora o escurinho já não existe mais e as imagens exibidas são das TV’s em exposição na vitrine

Emilli Chiamulera e Laís Lamb

Era uma vez... a sala de projeção

A Última “exibição”. Cartaz anúnciava no dia 29 de novembro de 2007, o fechamento do Cine Avenida.

A artista Ingrid Thaler escolheu Treze Tílias para ser o palco de suas obras.

Cristiane Stöckl

Arquivo

A madeira certa

Piuí, piuí! O trem não descarrilouA “Maria Fumaça” 235 mantém viva a história da ferrovia São Paulo-Rio Grande e da tração a vapor

Renato Franke

A grAnde AtrAção de PirAtubA é A MAriA

fuMAçA 235, locoMotivA fAbricAdA eM 1920 que

gArAnte uM PAsseio histórico-culturAl Até

MArcelino rAMos (rs).

Acervo ABPF-SC/Cedidateve seu transporte de passa-geiros paralisado. Devido à falta de faturamento entrou em processo de deterioração.Depois da paralisação, todo esse acervo que resguarda a história das ferrovias no Brasil, correu o risco de virar sucata. Uma das entidades que colabora para que isso não aconteça é a Associação Brasileira de Preservação Fer-roviária (ABPF), que reúne interessados na preservação e divulgação da história da ferrovia brasileira. A ABPF foi fundada em 1977 pelo fran-cês Patrick Henri Ferdinand Dollinger, um apaixonado por locomotivas a vapor e ferro-vias. Hoje, a associação man-tém várias regionais pelo país. Segundo Everaldo Pilz, Dire-tor Tesoureiro da ABPF-SC, a locomotiva 235, que veio de Minas Gerais, foi restaurada para compor o cenário do fil-me “O preço da Paz”, um filme brasileiro de 2003, dirigido por Paulo Morelli. A produção retrata um dos momentos mais importantes da história do Bra-sil, a Revolução Federalista e as suas consequências quando em terras paranaenses, prin-cipalmente na capital, Curiti-ba. A locomotiva fortaleceu a composição de um cenário de época. Atualmente, muitas das loco-motivas restauradas e pre-servadas pela ABPF, devido à raridade, são usadas apenas para exposição. Em Piratuba, a popular “235”, continua seu trabalho escaldando calor e en-chendo-se de fuligem, uma ver-dadeira máquina. Mas como Maria, ela tem algo de huma-no, pois se alimenta de água e carvão. E mais, é capaz de contar a sua história por meio de passeios pela antiga ferro-via. A bordo da locomotiva, o monossilábico “piuí, piuí!”, ain-da dá direito a sensações que aguçam todos os sentidos.

Sentir a vibração dos dor-mentes, observar o va-por condensado que sai

da locomotiva, ouvir o apito e o badalar do sino que anuncia a partida da Maria Fumaça. Aguardar o embarque em uma estação antiga, imaginar-se em outra época dentro de um carro de passageiros. São sen-sações que fazem de Piratuba um dos principais roteiros tu-rísticos da região.A grande atração é a Loco-motiva 235, uma máquina Americana de fabricação Bal-dwin Locomotiva Corporacion do ano de 1920, totalmente restaurada. Seu fascínio se deve pelo fato de ser uma lo-comotiva a vapor, uma ver-dadeira raridade que garante passeios histórico-culturais percorrendo um trecho de 25 km da antiga Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, pela margem esquerda do Rio do Peixe até a foz com o Rio Uruguai, saindo da Estação Ferroviária de Piratuba até a de Marcelino Ramos (RS). Durante o passeio em vagões de época, os turistas são brin-dados com belas paisagens naturais, compostas por mon-tanhas, construções antigas e muito verde. Também há diversão, com apresentações artísticas. Nas estações é ofe-recido degustação de vinhos, espumantes, queijos, salame e suco de uva.Máquinas como essa, já fo-ram muito úteis como meio de transporte de passageiros e carga. Contudo, a partir de 1960, as velhas locomotivas a vapor popularmente conhe-cidas como “Maria Fumaça”, foram substituídas por máqui-nas a diesel/elétrica. A abertu-ra de estradas rodoviárias ge-rou competitividade de fretes e diminuiu o movimento de trens no país. Já nos anos 80, a Ferrovia do Contestado as-sim como as demais ferrovias,

!ndispensável HISTÓRIA E TURISMO 9

!ndispensávelAGRONEGÓCIO 10

O sistema de integração, que movimenta cifras mi-

lionárias no meio-oeste catari-nense, começa ser contestado por produtores. Este tem por objetivo atender agroindús-trias, como a Perdigão, forne-cendo matéria prima, no caso o frango. Pelo modelo em vi-gor o produtor fica com a res-ponsabilidade da construção dos aviários e a mão de obra para desenvolver a atividade. As agroindústrias por sua vez

têm compromisso de fornecer pintinhos, ração e toda assis-tência técnica especializada.O ponto polêmico, e que está gerando grande questiona-mento, está relacionado com o modelo de remuneração. Através de índices técnicos alcançados em cada lote são avaliados itens como a con-versão alimentar (quantida-de de ração consumida pelos frangos convertida no peso que estes ganharam durante a

engorda), percentual de mor-talidade e peso médio que são comparados a parâmetros de uma tabela específica da em-presa. Consequentemente os melhores resultados propor-cionam melhor rentabilidade.O produtor Mário Iagher, que possui 100 metros de aviário no interior de Luzerna, está na atividade há pelo menos 15 anos e vê a avicultura como uma importante fonte de ren-da “a cada 60 dias se tem uma

Na linha Grafunda, interior do município de Luzerna

mora o agricultor Gino Costa Beber e sua esposa Lurdes. Ao longo dos 80 anos de idade, Sr. Gino como é chamado pe-los amigos, carrega consigo as memórias de uma região que foi colonizada por gaúchos de origem alemã e italiana an-tes da metade do século XX. “Meus pais vieram de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, aqui na região só tinha a famí-lia Brugnara e os Fantin ins-talados”, conta o Sr. Gino que apesar de não ter nascido na Itália é descendente direto, o que se percebe inclusive no sotaque.

Os colonos vindos do RS eram na grande maioria pessoas muito simples e buscavam aqui em Santa Catarina a Itália de outrora. “As famílias tinhas duas ou três vaquinhas e de ferramenta só foices e macha-dos pra abrir o mato. No inver-

no a gente trabalhava descal-ço e às vezes ficava molhado até o meio dia”, relembra o Sr. Gino. A produção que consistia em milho, trigo, suínos e gado era vendida pra dois comér-cios na antiga ‘Bom Retiro’, hoje Luzerna, sendo mandado pela ferrovia para São Paulo. Diferentemente disso, hoje a família Costa Beber participa do sistema de integração de frangos da Perdigão, além de vender milho e leite para as cooperativas da região.

As mudanças ocorridas em um século são óbvias, mas nem todos tiveram a possibili-dade de senti-las na pele. “Na estrada passava só cavalo e carroça e com muito cuidado pra não enroscar, além disso, tinha que ter muito cuidado com os bandidos, era tudo fe-chado pelo mato”, descreve Sr. Gino.

O papel das mulheres na agri-cultura sempre foi muito ati-vo a árduo. Sobre a força das

Alessandra de Barros

Sistema de integração é questionadoProdutores engordam números do setor alimentício, mas ficam com a fatia menor do “bolo”

Carla Dildey

De Grafunda, “uno italiani bonna gente”A trajetória de Gino Beber na agricultura, marcada por muitas recordações e vários sonhos

Mário acredita que a criação de frangos traz certa segurança.

Alessandra de Barros

Como tudo Começou...

mulheres na agricultura o Sr. Gino conta: “A falecida mamãe Tereza estava grávida de sete meses trabalhando na roça. Ela se enroscou numa casca de árvore e caiu. À noite quando o papai chegou em casa, a vaca ainda estava no potreiro e o fogo apagado, foi nessa noite que eu nasci”.

“Era só mato. Tenho saudade de amanhecer com o canto daquela passarada, da jacutinga” declara o Sr. Gino que ainda comple-

menta. “Quando a gente cortava trigo, o café da manhã era toma-do na roça. A gente levava uma cesta com queijo, salame, café, polenta se reunia e comia todo mundo junto”.

Depois de anos dedicados à agri-cultura, com uma vida serena e tranqüila, quais os sonhos e planos que podem alimentar a vida de uma pessoa? “Uma vez o homem do campo não tinha boas estradas, luz, co-municação. Hoje ele tem tudo

isso, mas a terra é pouca pra cada um. O que a gente espera é uma maior segurança am-biental para o pequeno pro-dutor. A lei está muito cruel”, conta. Mas os projetos não se baseiam somente na agri-cultura. Seu Gino, um leitor assíduo descreve os gregos como o povo mais sábio que já existiu. “É a terra de Sócrates, Platão, Diógenes. Foi lá que começaram as Olimpíadas. É um lugar que todo mundo de-veria e eu ainda quero conhe-cer”, finaliza.

Sonhos e perspectivas

Recordações

Seu Gino e Dona Lurdes, mais de 50 anos de união.

Carla Dildey

quantia de dinheiro para rece-ber, independente dessa ser grande ou não é um ganho a mais na propriedade. É diferen-te de só ter lavoura” completa.Responsável pelo setor de integração na empresa Per-digão de Catanduvas, Gilber-to de Oliveira, afirma que “existem hoje na região cerca de 1.363 integrados. Sen-do que numa média, apenas 0,3% desliga-se do sistema o que pode ser considerado um saldo bastante positivo”. No time dos ex-integrados está o produtor Antonio Cor-radi, que é morador do mu-nicípio de Jaborá. O agricul-tor após 30 anos trabalhando no ramo da avicultura, mi-grou as suas atividades para um outro setor produtivo. Segundo Corradi, os altos investimentos com gás, ma-ravalha e até mesmo com os equipamentos exigidos pela empresa acabavam absor-viam a maior parte do lucros no final. “A todo o momento estávamos tendo que nos ade-quar. Mal tínhamos implanta-

do uma exigência, a empresa já cobrava outra. Sem falar que se tornou cada vez mais difícil alcançar a conversão alimentar” afirma. Hoje o avi-ário virou abrigo de 12 vacas leiteiras e os frangos deram lugar às instalações de uma sala de ordenha. “Produzir leite gera muito mais lucro, e exige menos trabalho e in-vestimento. Se tivesse parado antes com os frangos tinha lucrado ainda mais”, finaliza.Há cerca de um ano, Perdigão e Sadia se uniram criando a Brasil Foods, uma empresa gi-gante no mercado alimentício brasileiro e mundia. Segundo Oreste Guerreiro presidente da Cooperavisu (Cooperativa Regional dos Produtores de Aves e Suínos), que reúne to-dos os integrados de frangos da Perdigão, “a fusão trouxe mais segurança aos criadores devido a solidez da compa-nhia”. Tal proposta ainda vem sendo assimilada de forma di-versa pelos criadores. Alguns estão confiantes, outros por sua vez, continuam inseguros.

O que diferencia a soja transgênica da soja tradicional é a possibilidade do uso do glifosato.

Com o surgimento da in-sulina humana para o tratamento de diabetes,

em 1982, as pesquisas em plantas e animais ganharam um novo destino. As experi-ências com manipulação de genes já criaram desde ratos que brilham no escuro até plantas com genes de doen-ças em seu DNA que podem funcionar como vacinas. Na agricultura, no entanto, o cul-tivo de plantas modificadas sempre veio acompanhado de polêmica. No Brasil, até o momento são regulamen-tadas a produção de soja, al-godão e milho transgênico.

Hoje o Brasil dispõe de diver-sos centros de excelência em pesquisa e biotecnologia, com cientistas qualificados, desta-cando-se a Embrapa. Através destes estudos e pesquisas, o Brasil alcançou a segunda posição entre os países com a maior área cultivada com sementes transgênicas, com cerca de 21,4 milhões de hec-tares em 2009, segundo o ISAAA (Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia.

Para alguns produtores, a soja transgênica não é tão re-volucionária quanto promete. Na região um dos agricultores

que cultiva o produto é Raul Dildey. Em sua propriedade são 33 hectares de área cul-tivada, sendo que toda a área é de produto geneticamente modificado. Dildey salienta que aparentemente a soja tradicional é mais resistente a doenças, enquanto para ele a transgênica é mais suscetí-vel a outras doenças e pragas. “O que diferencia as duas é somente o glifosato, herbici-da usado na soja transgênica.

Para fazer a limpeza de um hectare de soja transgênica o custo é de R$10,00, en-quanto o custo para a lim-peza de um hectare de soja tradicional, gira em torno de R$100,00”, completa.

Em contrapartida, o enge-nheiro agrônomo Hederson Dalpiaz relata que os trans-gênicos favorecem o au-mento da produtividade e a diminuição do uso de agro-tóxicos para a eliminação de ervas daninhas. No entanto, também tem o lado negativo. “Com o tempo a soja transgê-nica cria resistência a certos princípios ativos devido ao uso excessivo do glifosato, tendo que aumentar a dose para surtir efeito. Além dis-so, quanto mais produtiva for uma espécie, no caso a soja

transgênica, mais suscetível ela fica, devido a mudança no arranjo das proteínas na sua genética”, declara Hederson.

Além das discussões acerca da produtividade e qualidade dos OGM (Organismos gene-ticamente modificados), mui-to se especula em relação aos danos ao meio ambiente e a saúde humana. Do ponto de vista ambiental a organização Greenpeace salienta em seu site (www.greenpeace.org) que a solução para a fome no mundo é a agricultura para sempre. “A produtividade dos transgênicos não é superior à dos convencionais e orgâni-cos, e a semente é mais cara por conta dos royalties a se-rem pagos, o que aumenta o custo de produção. Consi-derando isso, e somando-se seus impactos sobre a biodi-versidade agrícola e aumento no uso de agrotóxicos, só uma conclusão é possível: os trans-gênicos são um problema, e não a solução, para a fome no mundo”, contrapõe o site.

Sobre a relação da influencia direta dos transgênicos na saúde humana a bióloga Ro-chelli Freitas salienta que no mundo há um aumento con-sideravel de casos de pessoas alérgicas a determinadas pro-

teínas produzidas por altera-ções genéticas. Já de uma for-ma indireta, Rochelli aponta o uso dos agrotóxicos como um risco para a saúde. “As plantas podem adquirir resistência a certos princípios ativos, o que resulta no uso de uma maior quantidade de agrotóxico, contaminando leitos de rios, lençóis freáticos”. As áreas de produção de transgênicos de-vem ser monitoradas cientifi-camente, pois ainda sabe-se muito pouco sobre os riscos e os benefícios trazidos pela transgenia”, finaliza a bióloga.

Muito se especula sobre os verdadeiros benefícios e male-fícios das variedades transgê-nicas. No entanto essa é uma tendência que aparentemente veio para ficar, uma vez que a safra 2008/2009 em Santa Catarina teve 95% da área de soja plantada corresponden-te a variedades transgênicas.

Para 2012 os produtores já podem contar com uma nova variedade de soja transgêni-ca, produzida pela Basf e pela Embrapa. A nova variedade é tolerante ao grupo dos herbi-cidas a base de imidozolino-nas e custou US$ 20 milhões para ser desenvolvida com tecnologia 100% nacional.

Ana Debastiani

Soja transgênica ganha espaçoBrasil já atingiu a colocação de segundo maior produtor mundial do grão geneticamente modificado

As áreas que produzem

transgênicos, devem ser monitoradas cientificamente,

pois sabe-se pouco sobre os riscos e os

benefícios trazidos pela transgenia.

Rochelli FReitas

Bióloga

Ana Debastiani

!ndispensável AGRONEGÓCIO 11

!ndispensávelESPORTE 12

O objetivo principal do hóquei é fazer passar o disco en-tre as linhas do gol, até aí

muito fácil... na teoria. O gol mede 1,2m de altura por 1,8m de com-primento, um espaço relativamente pequeno se compararmos ao fute-bol, ainda mais se pensarmos que entre espaço há um goleiro.

Porém, atingindo velocidades mui-tas vezes superiores a 160 Km/h, é quase impossível de imaginar um goleiro pegando um disco nessa velocidade. Para isso, cada equipe conta com 6 jogadores, 5 são skaters (jogadores de linha) e mais o goleiro.

Como funciona?Não há limite para substituições e uma partida conta com 60 minutos, divididos em 3 tempos de 20 minutos cada. As faltas e brigas são punidas com exclusão temporária, em caso de faltas, suspensão por 2 minutos e brigas, suspensão por 5 minutos.

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fael Mattos, que escreve sobre hóquei aqui no Brasil.

Tanto Natália quanto Rafael têm certeza sobre uma coisa, há futebol de mais na televisão brasileira, o que faz com que muitas vezes o brasileiro não se atraia tanto assim por outro esporte. “Acho que a mídia en-deusa muito o futebol, mas na proporção que vi no Canadá, digamos que a dedicação das emissoras é a mesma, só que seguindo a cultura local” con-ta Rafael, já Natália vai mais além e diz: “Acho que a mídia tem que visar todos os es-portes, lógico que alguns são mais populares que outros,

mas não podemos esquecer nenhum”. Apesar de tudo, ai-nda há esperança. “Amo esse esporte, nunca vou deixar de jogar, não importa a dificul-dade” conta Natália.

O futuro do hóquei, esporte que reúne ao mesmo tempo beleza e agressividade, cai na mão de investidores, da própria mídia, e das futuras gerações. A esperança da ge-ração atual dos apaixonados pelo esporte no Brasil é de que ele não caia no esquecimento e que mais e mais pessoas per-cebam que apesar do mundo ser redondo, ele certamente não se resume a uma bola.

Luan Ribeiro

“ Amo esse esporte, nuncA vou deixAr de jogAr, não importA A dificuldAde.

Natália Jaguaribe

jogadora de hóquei.

Arquivo Natélia Jaguaribe

Um disco, uma trave com apenas 1,2m de altura, um taco e mais

um monte de equipamentos que quase transformam uma pessoa em armadura ambu-lante. Tudo isso parece um pouco estranho para você? E se falarmos então que é um esporte? Estamos falando do hóquei, o esporte favorito dos canadenses, e acredite, para muitos brasileiros.

O hóquei de gelo surgiu no Canadá, como uma variação do hóquei sobre a grama. Pelo fato das baixas temperaturas no Canadá, os primeiros jogos foram realizados sobre lagos e rios congelados. O esporte rapidamente ganhou os cora-ções dos canadenses e tem-pos depois de americanos, russos, suecos, até chegar em terras tupiniquins.

Por uma questão óbvia de temperatura, o hóquei joga-do no Brasil, não é sobre o gelo, e é chamado de inline. “A principal diferença é que jogamos com patins com quatro rodinhas e em uma quadra normal, e o hóquei so-bre gelo é jogado com patins com lâminas e em quadras es-pecializadas” diz Natália Jag-uaribe, jogadora brasileira do

esporte. Natália que é prati-cante da modalidade desde criança, e que representou o Brasil em competições inter-nacionais relata a diferença entre o hóquei praticado aqui e em outros pólos do esporte, como o Canadá. “Existe uma e n o r m e diferença, o pessoal de lá vive daquilo, eles têm treinadores, qua-dras, treinam, isso faz muito diferença”.

Além de tudo isso, a questão principal para a não profis-sionalização do hóquei no Brasil é a falta de incentivo financeiro. Por não se tratar de uma modalidade olímpica de verão, onde o Brasil in-veste, o hóquei sofre com a falta de dinheiro para com-pra de equipamentos e a falta de espaços específicos. O es-porte sofre também por apa-rentemente não ser uma mo-dalidade conhecida na cabeça dos brasileiros. “Ao longo da faculdade tentei trabalhar com hóquei em diversos momen-tos, mas em mídias comerci-ais é futebol-futebol-futebol e alguns esportes olímpicos ou radicais” conta o jornalista Ra-

Um disco, um tacoEm terras brasileiras, o hóquei conquista corações

Pelas ondas do rádio

“Apito trilado, cronô-metro acionado, bola em jogo”. Se

você é um aficionado por futebol e não abre mão de acompanhar o jogo com o ou-vido colado no radinho sabe que a frase, marca registrada na voz de Roberto Azevedo, é o prelúdio de uma grande transmissão. Acostumado a descrever relatos dos quais nem sempre existem vence-dores – no futebol a possibili-dade de uma partida terminar empatada é de 33,33% -, o ra-dialista de 68 anos é person-agem de uma história repleta de façanhas.

Como na vida de um joga-dor que desde a infância tem o sonho de tornar-se pro-fissional, Roberto Azevedo começou cedo. Aos 14 anos, época em que rádio era ainda uma grande e pesada caixa, ele dava seus primeiros pas-sos na Rádio Cultura de Bagé (RS). Aulas de dicção, tarefas como redigir notícias, leituras e estudo do dicionário fizeram parte do período de apren-dizagem entre os profissionais da locução.

A permissão para falar no ar os resultados dos jogos dos campeonatos estaduais, junta-mente com a vontade de fazer parte do seleto grupo de pes-soas que jogavam no time dos

radialistas, o fizeram querer ser comunicador. Expressar-se pela voz, ser artista de rádio (como eram conhecidos os ra-dialistas na época) era exata-mente a sua vocação. “Hoje eu vou transmitir o turfe”, en-corajou-se momentos antes de estar em frente ao microfone para fazer sua primeira narra-ção como titular, aos 16 anos.

A voz adolescente, crua, nada empostada ganhou nova tonalidade depois de mais cinqüenta anos de convivên-

Roberto (primeiro a esquerda) no começo sua carreira aos 14 anos, lendo resultados de jogos pela Rádio Cultura de Bagé (RS).

Rodrigo Azevedo

O repórter esportivo Roberto Azevedo narra sua história

De mãos em mãos... o GOOOOOOOL!

O handebol masculino de Joaçaba tem um time vitorioso, e é um

dos principais esportes local. Ao longo da história passou a ser um grande celeiro de atletas levando o nome da ci-dade para o Brasil e o mundo.

Individualmente dois atle-tas destacam-se. Ivan Bruno Maziero, o Macarrão, atual-mente em São Paulo, esteve na seleção olímpica em Bar-

“ É o mote da minha carreira profissional.

RobeRto Azevedoao responder o que é o esporte

O handebol de Joaçaba continua vencendo movido pela cooperação de apaixonados pelo esporte

Jefferson Rotini celona (1992), Atlanta 1996 e Atenas (2004). Rodrigo Hof-felder que jogou na Alemanha, também esteve na olimpía-da de Barcelona e Atlanta.

A primeira conquista expres-siva no handebol local foi à medalha de bronze nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) em 1997. Após ocupar a melhor colocação em com-petições da sua história houve um declínio. O handebol pas-sou por maus momentos entre 1999 e 2006. Foi um longo período sem disputar com-

petições expressivas e revelar atletas.

A Associação Desportiva Re-gional de Handebol (ADRE-CHA) foi fundada em 2006, por pessoas que sempre ti-veram suas vidas ligadas ao handebol, preocupadas em restabelecer o esporte profis-sional e também levar a mo-dalidade para a comunidade. O resultado foi imediato, no mesmo ano Joaçaba foi sede da segunda divisão do campe-onato brasileiro masculino. E começaram as conquistas.

Um ano após sediar o brasileiro veio a grande con-quista. O título dos JASC, su-perando o favoritismo de out-ras equipes. No ano seguinte a oportunidade de jogar os Jo-gos Abertos Brasileiros (JABS) não foi desperdiçada. Nova-mente desbancando grandes equipes Joaçaba ganhou a competição. Enquanto isso no mesmo ano, a equipe univer-sitária conquistava o campe-onato estadual da categoria.

Atualmente a preocupação é manter o nível do handebol

apresentado em anos anteri-ores. O processo de formação de atletas é uma das preocu-pações como afirma o profes-sor Raylander. “Esse ano per-demos quatro atletas. A nossa meta é melhorar as categorias de base, para quando perder um atleta por contrato ou venda termos a reposição na nossa base.”

A Adrecha desenvolve projetos sociais envolvendo o handebol em Joaçaba, chegando a bair-ros carentes. Entre os projetos está o mini handebol, no qual o esporte passa por adapta-ções, possibilitando a maior interação entre crianças.

“ nossa meta É melhorar as categorias de base.

PRofessoR RAylAndeRtécnico da adrecha (ao centro, na foto)

Arquivo pessoal/Cedida

Jefferson Rotini

cia na área do jornalismo es-portivo. Roberto já trabalhou em mais de vinte emissoras de rádio e quatro emissoras de televisão, onde viveu ex-periências que vão muito além da simples definição que o di-cionário apresenta da palavra esporte. – “É o mote da minha carreira profissional”, salienta Roberto, que atualmente re-side em Joaçaba com a família e transmite jogos de campe-onatos amadores pelo Estado.

Momentos clássicos, aqueles que só o esporte oferece, marcaram a carreira de locu-tor. “Na despedida de Garrin-cha eu tive a oportunidade de conversar e entrevistar nomes como Pelé, Zagallo, o ator Grande Otelo e o próprio Garrincha”, orgulha-se. E qual jornalista esportivo não se sentiria satisfeito de ter visto também - in loco! - o Santos do Rei ser campeão mundial no Maracanã sobre o Milan da Itália, em 1963? Ou ainda ter viajado com a melhor equipe do mundo fazendo a cobertura para uma grande emissora de rádio? Roberto não é exceção.

!ndispensável ESPORTE 13

!ndispensávelGERAL 14

Todos os dias cidadãos de duas cidades do cen-tro oeste catarinense,

Joaçaba e Herval d’Oeste, se deslocam entre as cidades. Subindo e descendo morros vão seguindo suas rotinas enfrentando engarrafamen-tos, além do stress de um trânsito problemático. Se di-rigindo até as suas escolas, trabalhos, que na maioria dos casos são distantes de suas residências. Mas isso pode mudar com o projeto de instalação de um meio de transporte que irá cruzar os céus das duas cidades irmãs.

O trânsito de Joaçaba nos úl-timos anos se tornou caótico. Estáticas do Detran apontam que existe um veiculo para cada dois moradores. Porém a maioria dos residentes em bairros afastados circula em transportes públicos diaria-mente, o que não diminui o desconforto no trânsito local. A solução para o problema seria a criação de um meio de transporte alternativo.

A proposta de criação teve repercussão na campanha do candidato a vereador de Herval d’Oeste, Jean Patrick Giusti. A idéia surgiu devido o elevado número de mora-dores que tem dificuldade de transitar nos municípios, instigando o atual suplente a vereador, e acadêmico de jornalismo, a tentar resol-

ver esse problema. “A minha proposta é melhorar a loco-moção das pessoas que não tem condições de comprar um veículo”, diz Jean. A im-plantação deste sonho cus-taria cerca de R$ 3 milhões.

“O projeto seria parecido com o que já existe em Balneário Camboriú. Além de ter parcei-ros como os projetistas de lá”, explica. Segundo ele, seriam quatro bondinhos. Em cada um deles, circulariam vinte passageiros, em um percurso de 20 minutos. Os visitantes apreciariam uma vista pano-râmica, entre as paradas no Monumento Frei Bruno, no centro de Herval d’Oeste e na Vila Pedrini. Apesar de a proposta estar somente na imaginação de seu idealiza-dor, o mesmo apresentou a

ideia a seus eleitores em con-versas nas últimas eleições. “A maioria das pessoas que tive contato durante a cam-panha confiaram na idéia, ao ponto dela se tornar viável”.

Por trás de um sonhador pode existir um projetista audacio-so. Jean não é o único que sonhou com a criação do te-leférico para as cidades, o as-sunto já vem sido comentado há algum tempo pela região. O arquiteto da prefeitura de Joaçaba, Jaison Strapassola, fez um projeto semelhante que apresentou à administra-ção municipal no ano passa-do. Com a conclusão recente do Monumento Frei Bruno, Joaçaba se tornou uma cida-de conhecida em roteiros de turismo religioso, e segundo o arquiteto, a inauguração de

um teleférico seria um atrati-vo a mais para cidade, e au-mentaria o fluxo de turistas.

“A intenção é implantar um novo conceito de teleférico, de cabine em design moder-no, bem à frente dos demais instalados em cidades como Rio de Janeiro e Balneário Camboriú”, ressalta Jaison. Diferente de Patrick, o prin-cipal objetivo de Jaison seria o suporte turístico das cida-des. O piso interno seria feito de um vidro resistente, para que enquanto os visitantes passeassem também aprovei-tariam de uma paisagem que está passando abaixo de seus pés. Na trajetória o teleféri-co passaria pelo Monumento Frei Bruno se deslocando até o Morro da Cruz, com uma parada na Estação Ferroviá-

ria em Herval. O projeto foi desenvolvido até a confecção de um protótipo da cabine do teleférico, materializando em pequena escala (1:50) a idéia.

A realização deste sonho se-ria possível segundo os ide-alistas do projeto. Porém as duas cidades teriam que ade-rir a proposta. Como o trajeto dos cabos seriam feitos em linha reta com cerca de um quilômetro de distância entre uma parada e outra, várias residências seriam afetadas. No entanto, com a criação surgiriam várias novas opor-tunidades de emprego para a população, pois envolveria empresas de construções. Com passar do tempo o tele-férico pode trazer benefício para cidade além de valorizar as belezas turísticas locais.

Andando entre as nuvensBondinho entre Joaçaba e Herval d’Oeste pode ser mais um atrativo turístico para a região

Maria Helena dos Santos

A intenção é implAntAr um novo conceito de teleférico, moderno, bem à frente dos demAis instAlAdos no brAsil.

Jaison strapassolaArquiteto criAdor do projeto

Herton Farias

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nA estAção ferroviáriA em

HervAl.

!ndispensável GERAL 15

Os municípios de Joaçaba e Herval D’Oeste vêm so-

frendo constantemente com o trânsito, classificado como caótico, principalmente nos horários chamados de pico. Esse problema refere-se ao fluxo intenso de veículos que circulam, superior a capacida-de das vias.

Dados do DETRAN de Santa Catarina apontam Joaçaba e Herval D’Oeste como uma das cidades com maior fluxo de ve-ículos.

Estatísticas apontam um carro a cada dois moradores, o que faz com que vivenciamos em nosso dia-a-dia o estresse do trânsito no centro das duas ci-dades. A cada 30 dias sem no-vos veículos são cadastrados somente no município de Her-val D’oeste.

O diretor do Detram de Jo-açaba, Edson Mooshammer, comenta que o trânsito tem diversos problemas e a fluidez está de certa forma compro-metida, havendo a necessida-de de mudanças e melhorias.

Além de uma nova comissão, para estudar e analisar, os problemas e dificuldade do trafego nas principais vias das duas cidades, e se chegar a so-luções concretas. “O trânsito urbano é diretamente ligado aos acidentes nas rodovias, afinal se o condutor é impru-dente e desatento, na Rodovia agirá da mesma forma, porém nas Rodovias as conseqüên-cias são mais desastrosas,” diz Mooshammer.

As prefeituras vêm acompa-nhando este crescimento e criando alternativas para fa-cilitar o fluxo do tráfego nas duas cidades.

Na cabeceira da ponte Jorge Lacerda em Herval d’Oeste, a assimetria do espaço e a falta de sinalização resultam em um engarrafamento complexo. A grande quantidade de car-ros, motocicletas, caminhões e ônibus, além dos pedestres andando fora da faixa, trans-formam o cotidiano de quem precisa enfrentar esse percur-so diariamente em uma rotina estressante. O trajeto ainda é

rota para os caminhões e ôni-bus que vão do meio-oeste ca-tarinense em direção ao litoral através da BR-282.

O diretor de trânsito do muni-cípio de Herval d’Oeste, Sérgio Martins, defende que as duas cidades devem trabalhar em conjunto pensando no trân-sito pesado e na retirada das sinaleiras em cima de ponte, conforme proibido em lei. Os dois municípios nunca tive-

ram acordo para melhoria, sendo que Joaçaba desvia todo o trânsito pesado para Herval d’Oeste.

“As Avenidas Santos Dumont e XV de Novembro poderiam se tornar pistas livres e acabaria com o congestionamento. Os veículos vêm aumentando a cada dia, mas não existe espa-ço para a construção de novas vias”, salienta Sérgio Martins.

Em Herval, com a conclusão

da terceira etapa da Avenida Beira-Rio e o asfaltamento da Rua José Bonifácio, o trânsito ganhou fluídez. No entanto, mesmo com a construção da quarta ponte, o trânsito não resolvera justamente pelos ve-ículos desembocarem sempre nos mesmo lugar, na Avenida XV de Novembro. A solução indicada seria a reesstrutura-ção do transporte coletivo e a elaboração de uma lei obri-gando o rodízio de veículos.

Número de carros é cada vez maiorJean Patrick Giusti

Aumento da frota não acompanha aumento da capacidade das vias. Resultado? Congestionamentos

Joaçaba: estatísticas apontam um carro a cada dois moradores.

Jean Patrick

Encontrar uma panela cheia de ouro, visagens e até Boitatá. Pode parecer coisas do fol-

clore pra você que está lendo esta reportagem, mas não para Albino Iank. Este aposentado que ganha a vida com uma pequena assistência técnica na Avenida Caetano Branco, em Joaçaba, acredita em tudo isso.

Albino é conhecido pelos “casos” contados aos jovens que freqüentam sua oficina. O conserto de bicicletas e outras ferramentas, por fim, acabam por se revelar uma atividade com di-versão extra.

Natural de Piraí do Sul (PR), Albino vem de uma família grande. Chegou ao Meio-Oeste ainda nos anos 70, quando trabalhava de ferreiro para a empresa responsável pela constru-ção da estrada de ferro. Herdou a dis-posição do pai, seu João Iank, já fale-cido, e que assim como as pessoas de sua época, adorava repassar histórias para os mais jovens.

O contador de histórias

Caco da Rosa

Albino Iank é conhecido pelos “causos” que narra. Mas pela figura que é, esse aposentado poderia facilmente ser personagem de um de seus contos. Lenda, imaginação? Na dúvida puxe uma cadeira e ouça (leia)!

Contar histórias é salutar

Para o sociólogo e historiador Davi Frozza, autor do livro “Contestado: pelados versus peludos - uma batalha ainda não vencida”, contar histórias é algo salutar, pois mexe e estimula a imaginação das pessoas. “Porém esses con-tos fazem parte do imaginário coletivo. É um somatório de informações que as pessoas herdavam e repassavam”, resume o profissional.

Davi, não vê insanidade nesses contos, e incentiva os contadores de histórias como Albino Iank. “O contador de histórias é uma pessoa supersticiosa. Somos instiga-dos por aquilo que acreditamos. Acreditamos em Deus por quê? Porque nos passaram essa informação. Lógico que com a ciência, com a tecnologia e a velocidade das coisas na modernidade não nos deparamos com pessoas que acreditam em tudo isso. Mas no imaginário dele isso é importante. É aquela dúvida gostosa que promove uma serie de outros pensamentos e buscas que faz o ser hu-mano se inflamar e ir à luta”, finaliza.

Caco da Rosa

BoitatáA lenda conta que, quando ocorreu o dilúvio na Terra, mui-tos animais morreram e as serpentes riam à toa com tanto alimento sobrando. Mas como castigo pela vontade exag-erada, a barriga delas começou a brilhar cada vez mais, até que se incendiaram.

“Isso eu já vi, foi depois de uma pescaria”, conta Albino. Junto a ele estavam mais doze pessoas que retornavam com seus cestos e o material de pesca.

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Albino iAnksobre a lenda do boitatá

A panela de ouro Albino conta que seu pai, João, com dificuldade de dormir durante três noites, avistou na porta de seu quarto uma imagem semelhante a uma pessoa. Assustado, pensou em apanhar a espingarda que fica-va atrás da porta, mas ao mesmo tempo não entendeu como alguém poderia ter passado pela porta, que estava trancada. Inicia-se então um diálogo entre ambos.

- O que você quer?

- Quero te dar um guardado, diz a visagem.

- Se não for fazer falta para outra pessoa eu aceito. Mas depende do que?

- Uma panela de ouro! A condição é a de que você terá que acender sete maços de vela na igreja da cidade.

João gaguejando, continua.

- Onde está?

- Se você garantir as velas eu direi.

Ao garantir que entregaria a oferenda, João teve a confirmação de que a panela estaria a alguns kilômetros dali. João, mesmo radian-te com a idéia de ficar rico, não foi a procura da panela. Depois de três ou quatro dias do acontecimento, chegaram dois rapazes em sua ferraria:

- Seu João, queremos que o senhor afie nossas foices. Vamos fazer uma roçada.

Eram tão pobres que tinham chinelos trocados (um de cada cor), re-corda Albino. Seu João afiou e os dois se comprometeram em pagar depois de executar o trabalho.

- Vocês são pobres mesmo e eu agora acabei de ficar rico. Gabou-se João, ao descrever o episódio.

Passado aproximadamente três meses, João decidiu ir atrás da pa-nela, mas ao encontrar o local avistou uma pequena escavação e percebeu que alguém tinha vindo na sua frente.

João lamentou ter chegado atrasado, pois ao investigar a história descobriu que os dois meninos pobres estavam trabalhando numa casa de materiais de construção em Ponta Grossa, da qual tornaram--se proprietários.