Jornal Marco - Ed. 261

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nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Moradores de áreas de risco estão temerosos com a chegada das chuvas que podem ocasionar deslizamentos de terra e inundações. Pág. 6 Eventos na madrugada divertem algumas pessoas mas incomodam outras, obrigadas a conviver com o movimento e barulho causado por eles. Pág. 8 O blog “Como chega até aqui” presta um serviço de orientação para a locomoção na cidade por meio de interação entre as pessoas. Pág. 7 Outubro • 2008 Ano 36 • Edição 261 RAQUEL RAMOS DE CASTRO LUIZA FERRAZ YONANDA DOS SANTOS Objeto de análise e referência para diversos estudiosos, no ano em que se completou o centenário de sua morte, Machado de Assis é retratado pela escritora e professora de literatura Ruth Junqueira Silviano Brandão como um escritor que “ultrapassou o seu tempo”. Em “Machado de Assis Leitor. Uma viagem a roda de livros’, a autora mostra que, antes de tudo, Machado de Assis era um leitor atento e com uma vasta biblioteca. Escritor, romancista, contista, poeta, teatrólogo e jornalista, Machado de Assis con- tabiliza o que pode ser considerado o maior de seus títulos: o fato de sua lit- eratura ter se tornado referência em escolas e universidades de todo mundo, pela atualidade de seus temas. Página 16 Machado de Assis visto como escritor e leitor da atualidade MORADORES DÃO ADEUS AO “VIETNÔ E REINICIAM A VIDA Copa de Natação ajuda a revelar futuros campeões De casa nova, moradores da extinta Vila São Miguel, também conhecida como Vietnã, em razão dos índices de violência do lugar passam pelo processo de adptação. Cerca de 200 famílias deixaram o local, entre dezembro de 2005 e março de 2007, por causa da desapropriação para a construção da Linha Verde. Os moradores buscaram destinos difer- entes e, apesar do maior conforto, lamentam a perda da convivência que existia na comunidade. Página 9 Torcedores desafiam até a distância A etapa brasileira da Copa do Mundo de Natação, sediada no Minas Tênis Clube, entre os dias 10 e 12 de outubro, reuniu em Belo Hori- zonte grandes nomes dessa modalidade esportiva, como César Cielo, medalhista de ouro nas olimpídas de Pequim, e Thiago Pereira, entre outros, que são referência na natação. O sucesso do evento, no entanto, não se deve exclusivamente aos atletas renomados. Jovens nadadores, que representam o futuro do esporte, também conseguiram resultados expressivos. Conheça alguns desses nadadores, por meio da cobertura do evento feita pelo MARCO. Em outra matéria, são mostrados os anôni- mos, que trabalharam para garantir o êxito da competição internacional, além de familiares dos atletas, que os acompanham e incentivam, inclu- sive financeiramente. Páginas 14 e 15 Carros lotam ruas e afetam os moradores Mesmo com a oferta de 1900 vagas no seu estacionamento e com o sistema de rodízio adotado pela PUC Minas muitos alunos da insti- tuição estacionam seus veículos em ruas próximas ao Campus Coração Eucarístico. Essa situação gera um incômodo aos moradores do bairro e também para os motoristas que trafegam pela região. Eles alegam que o excessivo número de carros parados nas vias públicas, alguns em situação irregular, causam transtornos ao trânsito local. A BHTrans informa que agentes de trânsito fazem um monitoramento periódico. Página 4 Hospital investe na humanização de seus serviços Em busca de uma maior aproximação entre os funcionários e as pessoas que utilizam o serviço dentro dos hospi- tais, o Odilon Behrens investiu no chamado processo de humanização. Com brincadeiras, espaço para reflexão e aulas de artesanato a instituição de saúde vem conseguindo resultados po- sitivos diminuindo a distância entre os públicos externo e interno, além de ajudar no tratamento dos pacientes. As iniciativas contribuem para aliviar o sofrimento de quem é obrigado a pas- sar boa parte do seu tempo dentro de um hospital. Página11 Não são apenas os torcedores de Atlético-MG e Cruzeiro que se reúnem em bares da capital mineira para assistirem ao vivo, pela tele- visão, aos jogos de seus times. Inte- grantes de torcidas de clubes tradi- cionais de outros estados, como Fla- mengo, Vasco, São Paulo, Corinthi- ans e Palmeiras, entre outros, man- têm esse costume e elegeram pon- tos de encontro em Belo Horizonte, onde predomina o respeito. Violên- cia não tem espaço nesses locais, freqüentados muitas vezes por famílias inteiras. Página 13 GUSTAVO ANDRADE GUSTAVO ANDRADE GUSTAVO ANDRADE GUSTAVO ANDRADE

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Jornal laboratorio dos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicacao e Artes da PUC Minas

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Moradores de áreas derisco estão temerosos coma chegada das chuvasque podem ocasionardeslizamentos de terra einundações. Pág. 6

Eventos na madrugadadivertem algumas pessoasmas incomodam outras,obrigadas a conviver como movimento e barulhocausado por eles. Pág. 8

O blog “Como chega atéaqui” presta um serviçode orientação para a locomoção na cidade pormeio de interação entreas pessoas. Pág. 7

Outubro • 2008Ano 36 • Edição 261

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Objeto de análise e referência paradiversos estudiosos, no ano em que secompletou o centenário de sua morte,Machado de Assis é retratado pelaescritora e professora de literatura RuthJunqueira Silviano Brandão como umescritor que “ultrapassou o seu tempo”.Em “Machado de Assis Leitor. Umaviagem a roda de livros’, a autoramostra que, antes de tudo, Machadode Assis era um leitor atento e comuma vasta biblioteca. Escritor,romancista, contista, poeta, teatrólogoe jornalista, Machado de Assis con-tabiliza o que pode ser considerado omaior de seus títulos: o fato de sua lit-eratura ter se tornado referência emescolas e universidades de todomundo, pela atualidade de seus temas.Página 16

Machado de Assis visto como escritor e leitor da atualidade

MORADORES DÃO ADEUS AO“VIETNÔ E REINICIAM A VIDA

Copa de Natação ajuda arevelar futuros campeões

De casa nova, moradores da extintaVila São Miguel, também conhecidacomo Vietnã, em razão dos índices deviolência do lugar passam peloprocesso de adptação. Cerca de 200famílias deixaram o local, entredezembro de 2005 e março de 2007,por causa da desapropriação para aconstrução da Linha Verde. Osmoradores buscaram destinos difer-entes e, apesar do maior conforto,lamentam a perda da convivência queexistia na comunidade. Página 9

Torcedoresdesafiam atéa distância

A etapa brasileira da Copa do Mundo de Natação, sediada no MinasTênis Clube, entre os dias 10 e 12 de outubro, reuniu em Belo Hori-zonte grandes nomes dessa modalidade esportiva, como César Cielo,medalhista de ouro nas olimpídas de Pequim, e Thiago Pereira, entreoutros, que são referência na natação. O sucesso do evento, no entanto,não se deve exclusivamente aos atletas renomados. Jovens nadadores,que representam o futuro do esporte, também conseguiram resultadosexpressivos. Conheça alguns desses nadadores, por meio da cobertura doevento feita pelo MARCO. Em outra matéria, são mostrados os anôni-mos, que trabalharam para garantir o êxito da competição internacional,além de familiares dos atletas, que os acompanham e incentivam, inclu-sive financeiramente. Páginas 14 e 15

Carros lotamruas e afetamos moradores

Mesmo com a oferta de 1900vagas no seu estacionamento e como sistema de rodízio adotado pelaPUC Minas muitos alunos da insti-tuição estacionam seus veículos emruas próximas ao Campus CoraçãoEucarístico. Essa situação gera umincômodo aos moradores do bairro etambém para os motoristas quetrafegam pela região. Eles alegamque o excessivo número de carrosparados nas vias públicas, alguns emsituação ir regular, causamtranstornos ao trânsito local. ABHTrans informa que agentes detrânsito fazem um monitoramentoperiódico. Página 4

Hospital investena humanizaçãode seus serviços

Em busca de uma maior aproximaçãoentre os funcionários e as pessoas queutilizam o serviço dentro dos hospi-tais, o Odilon Behrens investiu nochamado processo de humanização.Com brincadeiras, espaço para reflexãoe aulas de artesanato a instituição desaúde vem conseguindo resultados po-sitivos diminuindo a distância entre ospúblicos externo e interno, além deajudar no tratamento dos pacientes. Asiniciativas contribuem para aliviar osofrimento de quem é obrigado a pas-sar boa parte do seu tempo dentro deum hospital. Página11

Não são apenas os torcedores deAtlético-MG e Cruzeiro que sereúnem em bares da capital mineirapara assistirem ao vivo, pela tele-visão, aos jogos de seus times. Inte-grantes de torcidas de clubes tradi-cionais de outros estados, como Fla-mengo, Vasco, São Paulo, Corinthi-ans e Palmeiras, entre outros, man-têm esse costume e elegeram pon-tos de encontro em Belo Horizonte,onde predomina o respeito. Violên-cia não tem espaço nesses locais,freqüentados muitas vezes porfamílias inteiras. Página 13

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RAQUEL RAMOS DE CASTRO4º PERÍODO

Valorizar pessoas importantes e famosas emrelação às outras mais simples e anônimas éuma característ ica presente em grandeparte da mídia. Podemos dizer que, lenta-mente, alguns veículos de comunicação têmprocurado uma mudança de rumo, rela-cionada à abertura de maior espaço parareportagem. E o MARCO tem procuradofazer a sua parte, já há bastante tempo, aocontar em suas páginas histórias de cidadãoscomuns, cujo exemplo, quase sempre, têmmuito a acrescentar aos nossos leitores.

É o caso da matéria que conta a história demoradores da extinta Vila São Miguel, queera mais conhecida como Vietnã, em funçãodos elevados índices de violência do lugar.Por causa das obras de implementação daLinha Verde, as famílias que ali moravamprecisaram deixar suas casas, buscando ou-tros locais para viverem. O Vietnã acabou devirar memória em março de 2007 e oMARCO se interessou em contar como algu-mas dessas pessoas estão vivendo.

Na mesma linha, fomos atrás de pessoas quevivem em áreas de risco nas Regiões Noroestee Nordeste de Belo Horizonte e convivem como medo que chega junto com a época das chu-vas. São pessoas humildes, que vivem emlugares simples e sofrem com a falta de estru-tura de suas residências e com a possibilidadede inundações e deslizamentos de terra.

E como os bons exemplos devem ser va-lorizados, o MARCO mostra também, nestaedição, as mudanças que aconteceram noatendimento do Hospital Odilon Behrens,viabilizadas por um projeto de humanizaçãocriado pelo Ministério da Saúde. Houveinvestimento em arte, com oferta de aulasde dança, coral, entre outras, para fun-cionários e para quem acompanhapacientes.

Como o esporte também sempre fornece boashistórias, o MARCO fez uma cobertura espe-cial da Copa do Mundo de Natação, realiza-da entre 10 e 12 de outubro no ParqueAquático do Minas Tênis Clube. Ali buscamosnão apenas as estrelas da competição, mas osfuturos astros, os familiares que os apóiam eas pessoas que trabalharam nos bastidores,sem aparecer, mas que foram indispensáveisao êxito do evento. Queremos mostrar que,independente de idade, classe social ou atri-buto físico, qualquer pessoa pode ter uma boahistória para contar.

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Saúde • ComunidadeOutubro• 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Histórias para contar, emocionar e servir de exemplo

erramoserramoserramoserramoserramoserramoserramoserramoserramoserramosERRAMOS

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

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Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória GomideCoordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio

Monitores de Jornalismo: Camila Lam, Cíntia Rezende, Diana Friche, GuyanneAraújo, Laura Sanders, Lorena Karoline Martins, Patrícia Scofield, Raquel Ramos,Renard Vasconcelos, Alba Valéria Gonçalves (São Gabriel)Monitores de Fotografia: Gustavo Andrade e Yonanda dos SantosMonitor de Diagramação: Marcelo Coelho

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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SHOPPING É MOTIVO DE

INCÔMODO NO COREUBares existentes em centro comercial são acusados de gerar vários transtornos aos comerciantes e moradores da Região

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GUYANNE ARAÚJO, 6º PERÍODO

Lojistas do CondomínioCentro Comercial TopShopping, mais conhecidocomo Shopping Rosa, estãoinsatisfeitos com o movi-mento causado por alunosda PUC Minas, que bebemnos bares do local, princi-palmente às quintas e sex-tas-feiras. Segundo a síndi-ca do condomínio, EuniceGonçalves, os alunos ocu-pam o espaço da entradadificultando a passagemdos clientes e a situação secomplica em dias decalouradas a cada início desemestre. De acordo comela, os clientes reclamamdizendo que é o shoppingda bagunça. “O con-domínio não comportatanta gente. Ninguémsuporta tanto barulho”,afirma.

Para a lojista Ana PaulaMalta Araújo, os banheirosdo prédio ficam sujos e aslojas viram “cabines tele-fônicas” para as pessoasconseguirem ligar de seuscelulares por causa dobarulho que há do lado defora. “Nas férias o shoppingfica limpo e cheiroso”, diz.O porteiro João BatistaDelfino comenta que emdia de movimento é muitodifícil. “Tenho que olhar seos alunos não vão subircom os copos de cervejapara o banheiro”, afirma.“É um caos, às vezesquerem fazer xixi nas plan-tas. Tá na cara que nãopode”, completa. OderigeBorba, morador do BairroDom Cabral, afirma quesexta-feira é difícil até paraos veículos passarem narua, porque as pessoasficam na frente do carro enão dão passagem. “Para oônibus passar ali é maiordificuldade. Morro de

medo de um ser atropelado”,diz.

De acordo com a síndica,além de alterar o movimentodo comércio, o shopping ficoudesvalorizado. “Ninguém locaas lojas lá de cima e quandolocam ficam reclamando”,assegura. O proprietário deuma sala no condomínio,Ataualpa do Rosário Pachecodisse ter mudado seuescritório do centro para oshopping para trabalhar pertode casa. “Quinta e sexta nãodava para trabalhar mais.Agora trabalho em casa e nãoconsigo alugar lá”, lamenta.Ele afirma não ser contra obar, mas na sua opinião deve-ria haver um respeito dos lim-ites do espaço. “Lá noMercado Central não podeser atendido fora da cor-rente”, exemplifica.

Por outro lado, o propri-etário do Bar Einstein, CarlosHenrique Diniz afirma que ofluxo das pessoas é positivopara o comércio. “Não preju-

dica o comércio. É atravésdos bares que eles conhecemoutras lojas”, ressalta.Lisando Lisboa, proprietáriodo Bar Bandeco afirma queos alunos não incomodam.“O restante do ano é tranqüi-lo, só uma vez no semestre,no primeiro dia de aula que éatípico”, pontua. Para ele, oque tem que ser questionadoé a freqüência. CarlosHenrique comenta que osalunos não impedem a entra-da dos clientes ao shopping eafirma que pede para os fre-qüentadores que ao aca-barem de utilizar os copos egarrafas para não os jogaremna rua. Além disso, ainda temum funcionário para recolheros copos. “Tento fazer umambiente familiar”, comenta.Ele revela que pede aosclientes para que não liguemsom nos carros e, se for pre-ciso, chama a polícia, já que odono do bar que é multado,nessa situação. “Calouradafoi proibida de ter, realmente

isso incomoda o pessoal, pre-firo perder venda do que terproblema aqui”, salienta.

Segundo o secretário deComunicação da PUCMinas, Mozahir SalomãoBruck, a instituição vê compreocupação o volume dealunos que vai até o shop-ping. “Lamentamos otranstorno causado pelo vol-ume enorme que vai para lá,pois o comércio não podesofrer prejuízo por contadisso”, alega. Mozahir desta-ca que não cabe àUniversidade pedir aosalunos para não irem até oshopping. “Não fechamos osolhos para esse problema,mas não temos muito o quefazer”, diz. Uma alternativapara minimizar os efeitoscausados pelas calouradasfeito pela PUC Minas é sen-sibilizar o DCE a estimularas práticas de solidariedadee não o trote que causaincômodo à comunidade.

Clientes do Centro Comercial Shopping Rosa têm feito reclamações sobre a bagunça e o barulho nos bares do local

YONANDA DOS SANTOS

Na entrevista com o cientista político Malco Braga(página 16, da edição 260) faltou colocar o nome com-pleto de uma das entrevistadoras: Ana Luisa Amore.

Posto de saúde oferece academia próprian

CAMILA LAM,CÍNTIA REZENDE, 4 º E 7º PERÍODOS

O Posto de SaúdeMariano de Abreu, localiza-do no Conjunto de mesmonome, na Região Leste deBelo Horizonte, apostou noprocesso de humanização doseu atendimento, ao criar, hádois anos, uma academia deginástica voltada aos fun-cionários, pacientes e comu-nidade. Freqüentando olocal há mais de um ano,Diva Ramos se exercita emuma turma especial voltadapara pessoas com problemade memória devido à idade,ou que sofreram algum tipode problema médico, comoum Acidente VascularCerebral (AVC). Com 73anos, ela se exercita com asdemais alunas da turma em

um jogo da velha como formade trabalhar a memória. “Mefaz muito bem. Além disso euaproveito melhor meu tempo”,acredita.

“Emagreci demais, e tam-bém estou mais disposta”,avalia a aposentada JoéPereira da Silva, 67, que hádois anos freqüenta o local.Ela conta que passou a fazeras atividades graças à indi-cação do médico, devido a umproblema de pressão. Seexercitando todas as segun-das, quartas e sextas-feiras,pela manhã, ela afirma que osreflexos podem ser vistos tam-bém nos seus hábitos com osremédios. “Passei a tomarmenos remédio”, relata.

Professora da academia,Daniella Aparecida Alves, quetrabalha no local há um ano emeio, explica que as ativi-dades são voltadas às pessoas

que têm alguma patologia,como diabetes e hipertensão.“O objetivo não é emagrecer esim melhorar a saúde”,adverte. Atendendo a 300pessoas, em diferentes ativi-dades, ela conta que os exercí-cios são iniciados a partir deuma avaliação física feitapelos próprios professores deeducação física.

A estrutura da academia épequena, mas conta com pro-fessores de educação física eestagiários. Entre eles, existeum rodízio, em que cada umpossui uma função, desdeprogramar aulas a fazer aavaliação física de alunos.

Poucos homens freqüen-tam a academia. SegundoDaniela Alves, são 29 quepossuem cadastro. O aposen-tado Otacílio Faccio é um dospoucos homens. Desde o anopassado, ele freqüenta a

Academia da Cidade. Otacílio tem problema no

calcanhar e fez uma cirurgiade varizes, e sua mulherrecomendou-lhe para que elecomeçasse a fazer mais exer-cícios. Três vezes durante asemana o aposentado partici-pa das aulas aeróbicas e faz acaminhada. “Melhora muitoo humor”, diz Otacílio.

Sob recomendação danutricionista do posto desaúde, para emagrecer e me-lhorar a saúde, tem dois anosque a dona de casa GilcenéiaMaria da Silva Aparecidasepara suas manhãs paracomparecer às aulas na aca-demia. Ela ressalta que possuimais disposição, desde queincluiu exercícios físicos nasua rotina. “Tenho maisânimo para tudo, é muitobom”, resume GilcenéiaSilva.

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3ComunidadeOutubro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Nova médica do PSF quer ajudar na prevençãon

PATRÍCIA SCOFIELD,6º PERÍODO

Vinculado ao SistemaÚnico de Saúde (SUS), oPrograma Saúde da Família(PSF) tem como pilar amanutenção da estabili-dade clínica dos pacientes,por meio de consultasagendadas, em que os casosnão são de urgência, alémde ênfase na prevenção dedoenças. É com essa pro-posta que a médica gene-ralista Marília Silva assum-iu suas funções dentro doPSF do Centro de SaúdeDom Cabral.

Depois de trabalharcomo contratada noCentro de Saúde VendaNova, Marília Silva veiopara o Dom Cabral, comoefetiva, já que foi aprovadano concurso realizado pelaPrefeitura de Belo Ho-rizonte no final do ano pas-sado para médicos do PSF.

Ela admite ser frustrantenão ter como deslocar osequipamentos médicospara a casa de um pacientedebilitado, caso de exceçãoem que a equipe do progra-ma vai até o domicílio."Não tem como levar umacadeira ginecológica, porexemplo, para o domicíliode uma paciente acamadaou com problema psíquicoou físico", lamenta.

O PSF tem comopropósito dar noção do queé saúde e doença, e decomo a pessoa pode se

Marília, nova médica do PSF Dom Cabral, acredita que o maior desafio da saúde é a concientização dos pacientes

cuidar "para não ficar nadependência do médico",segundo Marília. Para amédica do PSF, saúde émais que apenas a assistên-cia médica, incluindo ali-mentação, atividade física ebom relacionamento dopaciente com a família.

"O médico do ProgramaSaúde da Família entraonde ninguém entrou atéhoje. Educar é o trabalhomais árduo", afirmaMarília, referindo-se à suafunção de conscientizar ospacientes sobre os cuidadoscom o corpo, por meio deorientações individuais epalestras.

O perfil das pessoas quesão atendidas pela "douto-ra" é formado por idososcom pneumonia, distúrbios

de memória, hipertensos,diabéticos e fumantes."Tem que ter atendimentodiferenciado. Muitos têmdificuldade de tomar amedicação porque não selembram, não lêem a bula emisturam um remédio comoutro", explica. As gestantesnão são muitas, e no casode alguma grávida com-parecer, o ginecologista deapoio desse centro de saúdeé quem faz o atendimento.

O acompanhamentotípico de Marília a umpaciente consiste na rea-lização de exames de roti-na: medir ou aferir apressão arterial, orientarcomo a pessoa deve proce-der e renovar a receita dosmedicamentos. Outro exa-me realizado no Centro de

Saúde Dom Cabral é oPapanicolau (exame do colodo útero).

De acordo com Marília,o Centro de Saúde do DomCabral é bem equipado,apesar de a estrutura física"deixar a desejar". Elasalienta que o prédio é anti-go e com muitas janelas, oque expõe o momento daconsulta médica, mas dizque vai ser demolido nofuturo que ela não sabe pre-cisar, para dar lugar à novaconstrução.

A médica compara apopulação do Bairro DomCabral com a de VendaNova, onde trabalhou ante-riormente. Ela avalia queno Dom Cabral a popu-lação é "relativamente bem-orientada", pois na outra

região havia muita genteanalfabeta. "O PSF aquiestá num caminho bom,mas falta melhorar ao quese presta o centro de saúde.Falta apoio de um assis-tente social e está precisan-do avançar na educação",avalia.

A moradora Maria daPenha Ferreira Barros nãoaprovou a nova médica doPSF do Posto do DomCabral. A paciente contaque foi ao centro de saúdebuscar atendimento para airmã que, segundo Mariada Penha, "não estava nor-mal", por causa da co-loração amarelada da pele,talvez por conta de uma"epidemia de hepatite A".

Ela diz que a doutoraMarília lhe recomendouum exame de ultra-som eque ela fosse para casa. DaliMaria iria levar a irmã a umhospital. "Tenho que passarno centro de saúde paradepois ser encaminhadapara o hospital, fazer tudofora", reclama Maria daPenha.

Por outro lado, GiselleJuliana de Sales Santos,também moradora daregião, conta que não cos-tuma freqüentar o centrode saúde, mas avalia como"ótimo" o Programa Saúdeda Família. Ela foi embusca de consulta de pedia-tria para a bebê Júlia, dedois meses. "Tem o trabalhocom a família, as visitas emcasa. Fui bem atendida pelamédica e ela esclareceu

todas as minhas dúvidas",observa. Giselle já conheciao PSF porque trabalhou emum Centro de Saúde daPampulha.

Quanto à aprovação dotrabalho, Marília observaque "agradar a todos é com-plicado". "Estou comomédica, não tenho o intu-ito de ser amiga. O PSFestá na linha de frente como povo e falo 'não' quando épreciso", completa.

Ela ressalta estar gostan-do bastante do trabalhocom a comunidade. "Amaioria da população ébem tranqüila", ressalta.Sobre a ausência de umamédica do PSF nesse centrono período de março atédia 25 de maio deste ano, apaciente Camila da Silvaressalta que fez falta emfunção do grande númerode pessoas para serem con-sultadas.

A médica que trabalhavano local antes de Maríliaficou quase um ano edepois pediu para sair de lá,segundo informou a novaprofissional. "Tem granderotatividade no PSF. Omédico fica o tempo queele quer, e são oito horasdiárias", esclarece. "Muitasvezes ele não se adapta àcomunidade ou à estruturado centro de saúde", com-pleta Marília.

Marília é capacitada paraatender nas áreas de pedia-tria, medicina de adultos eginecologia-obstetrícia.

GUSTAVO ANDRADE

PRAÇA NECESSITA DE REFORMAS n

DIANA FRICHE, 3º PERÍODO

A Praça da Comunidade,situada no Bairro DomCabral, Região Noroeste deBelo Horizonte, é um localbastante freqüentado pormoradores e diariamenterecebe atividades esporti-vas, como ginástica paraidosos e o projeto SegundoTempo. Além disso, o lugaré sede de encontros de ami-gos, brincadeiras de cri-anças e caminhadas. Muitaspessoas que freqüentam apraça estão descontentescom o estado de conser-vação do local. “Todomundo reclama da praça,principalmente quando temchuva. O coreto podia estarcom telha, para abrigar aspessoas nesse período”, diza dona-de-casa CláudiaGomes de Oliveira, 48anos. Essa é uma dasmuitas queixas dosmoradores.

Os freqüentadores daPraça da Comunidade recla-mam também do piso esbu-racado, árvores maltratadas,pichações, quatro quadrasde esportes inadequadas,além de problemas de segu-rança. Moradora do bairroe assistente da Ação Socialda Paróquia Bom Pastor,localizada em frente àpraça, Licidir Garcia daSilva Costa, 73 anos, afirmaque a necessidade de umareforma no local é unanimi-

dade entre as pessoas que outilizam. “Todo mundoreclama muito da praça. Jáentramos em contato váriasvezes com os responsáveis eeles sempre prometeramque arrumariam a praça e aquadra”, conta Licidir.

Em frente à Praça daComunidade se encontrama Escola Estadual Assis dasChagas e a Creche BomPastor, o que gera uma cir-culação constante de cri-anças no local. Após asaulas, muitas delas encon-tram seus colegas na praçapara se divertirem. É o casode Lorraine Gabriela deSouza Lima Alencar, 10anos, que sempre brinca,nas tardes de terça e quinta-feira, com as amigasElisandra Cristina da SilvaUbaldo, 10 anos e LuísaMorais da Silva, 11.

Lorraine sabe que oscuidados com a praçapodem ajudar muito em suaconservação. “O que eugostaria que mudasse é ocomportamento das pes-soas. Elas vêm e picham,destroem, não conservam.Jogam lixos, coisas que-bradas. Quem não sabe con-servar, não devia vir”, ensi-na a garota. As amigas tam-bém reivindicam lugaresapropriados para brincaremjá que, atualmente, a diver-são das crianças é subir nasárvores da praça. “Eu achoque aqui devia ter maislugares pra gente brincar,porque aqui na praça ou a

gente brinca dessas brin-cadeiras de correr ou agente brinca de subir naárvore. Mas eu acho quesubir na árvore é muitoperigoso”, diz Luísa.

As quatro quadras, sendoduas de futebol de salão,uma de vôlei e uma de pete-ca, são também motivos degrande parte das recla-mações dos moradores. Sãonelas que ocorrem diaria-mente as atividades do pro-grama Segundo Tempo, ide-alizado pelo Ministério doEsporte, que tem como prin-cipal objetivo democratizaro acesso à prática esportivaem espaços físicos das esco-las ou comunitários. A coor-denadora do programa,Patrícia Fajardo Xavier, 24anos, acredita que a práticaesportiva na praça muitasvezes pode causar acidentes.Ela reclama por condiçõesmelhores de trabalho nolocal. “A primeira coisa queeu acho que precisa mudar éter um lugar decente, atémesmo de trabalho para agente. A proposta doSegundo Tempo é ampliar,mas é difícil, já que não háquadras adequadas.Ganhamos uma bola dehandebol mas tivemos quefazer o jogo em uma quadraque não tem pintura e nãotem trave”, relata.

Segundo ArmandoSandinha, presidente daAssociação de Moradores doBairro Dom Cabral, a solici-tação de reforma da praça foi

feita desde 2007 e, no finaldo mês de julho deste ano,foram realizadas medições dapraça por profissionais con-tratados pela prefeitura. Masas obras ainda devem demor-ar a começar. Ele observa queo período eleitoral atrasou oprocesso. “Acredito que asobras só poderão ser feitasapós a posse do novoprefeito, a partir de janeiro de2009”, diz.

Armando Sandinha contaque, em 2000, a Prefeiturade Belo Horizonte fez umareforma geral na praça que adeixou fechada durante qua-tro meses. Na época, 300mudas de árvores foramplantadas e todo o local pin-tado. Ele acredita que, antesde cobrar por nova reforma,

os freqüentadores da praçaprecisam preservar mais olugar. “Os moradores recla-mam que a praça está malconservada e destruída, masas próprias pessoas do bairronão cuidam dela. Já atéroubaram as chaves elétricasdaqui. Alguns moradoreslevam seus cachorros parapassear e deixam a sujeiraque eles fazem, têm mul-heres que trocam fraudas deseus filhos lá e deixam a frau-da usada jogada, pessoas vãoà praça beber e quebram gar-rafas”, relata. O presidenteconta ainda que, algumasvezes, os próprios moradoresse encarregam da limpeza dolugar por conta própria.

A Regional Nordeste, pormeio de sua Assessoria de

Comunicação, informa quenão há previsão de data paraa realização de reformas naPraça da Comunidade. Oórgão revela ainda que o localnão possui um adotante,dentro de um programa daprefeitura. Dessa forma, amanutenção é feita apenaspela administração muni-cipal. A cada 35 dias sãorealizadas podas nas árvores,varreção e capina. Já a Supe-rintendência de LimpezaUrbana (SLU), por intermé-dio de sua Assessoria deComunicação, informa querealiza a limpeza em torno dapraça a cada três dias, masressalva que não é a respon-sável pela área interna.

Motivo de reclamações entre os moradores do Bairro Dom Cabral, a Praça da Comunidade necessita de reformas

YOANANDA DOS SANTOS

Moradores do Bairro Dom Cabral queixam-se do estado de conservação da Praça da Comunidade, exigem reformas e conscientização por parte das pessoas que freqüentam o local

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4 Comunidade Outubro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ALUNOS LOTAM RUAS FORA DA PUCn

BÁRBARA CAROLINA CAMPOS,BÁRBARA CAROLINE MARTINS,2° PERÍODO

Apesar da oferta deaproximadamente 1900vagas de estacionamentopela PUC Minas, essenúmero não é suficientepara atender a todos osalunos da instituição. Asolução adotada pelaUniversidade, há nove anos,foi a implantação do rodízio,em que os estudantes podemparar seus veículos em diasalternados, de acordo comseu número de matrícula.Por isso, muitos alunosoptam por estacionar osautomóveis nas proximi-dades do Campus CoraçãoEucarístico, provocandorevolta em moradores emotoristas que trafegampela região e que alegam pre-juízos ao trânsito local.

Para Atenísio ClaudinoSouza, morador há 15 anosdo Coração Eucarístico, esseproblema sempre existiu e jáfoi até pior. “O alargamentoda Avenida Dom JoséGaspar, a principal do bair-ro, amenizou um pouco asituação, mas ainda sofre-mos diariamente com aenorme quantidade deautomóveis”, comenta.

Atenísio diz sempre ouvirreclamações de outrosmoradores, mas consideraque o pior mesmo é a faltade consciência de algunsalunos. “Eles ignoram assinalizações e param, semcerimônia, nas portas degaragem. Certa vez estavacom um familiar doente,precisando sair de casa, mas

havia um carro de uma alunaestacionado na minha porta.Lembro que o Siena teve queser rebocado para que eupudesse sair”, desabafaAtenísio. O contador acredi-ta que a PUC Minas deveriaampliar o estacionamento ouliberar as vagas não ocu-padas.

A diarista Maria HelenaSalgado Cardoso trabalha noCoração Eucarístico há trêsanos e, como pedestre, se dizprejudicada pelo grande vo-lume de veículos. “Esses car-ros ficam parados nas ruas odia inteiro. Atrapalham otrânsito e a travessia dospedestres, além de serperigoso principalmentepara idosos e crianças quemoram na região”, comenta.Maria Helena revela que aossábados o bairro muda eparece outro, tamanha atranqüilidade.

Idelbrando Vilela de Oli-veira, motorista da ViaçãoAnchieta há cinco anos, dizque a situação já melhorouum pouco: “As calçadas eramlargas e as ruas ainda maisestreitas. Mas é preciso quehaja mais sinalização paranós motoristas de ônibus,pois alguns estudantesparam os carros nas esquinase impedem nossa passagem.Assim, o trânsito fica lento eisso atrasa as viagens, cau-sando indignação aos pas-sageiros”, reclama.

Luidsney Silva, des-pachante da Viação An-chieta, afirma que as ruas setornam realmente muitoestreitas. Ele diz que o fatode os alunos estacionaremdos dois lados da rua, obriga

os motoristas de ônibus afazerem desvios que não sãopermitidos pela BHTrans,gerando multas com fre-qüência: “A BHTrans deveriafiscalizar mais e a PUC libe-rar as vagas que sobram noestacionamento”, destaca odespachante.

O motorista de transporteuniversitário, José Ângelo dosSantos, afirma que o intensofluxo de carros prejudica aregião. Para ele, os veículos esta-cionados sobretudo em filadupla, além de complicar o trân-sito, prejudicam o embarque edesembarque dos alunos queutilizam transporte univer-sitário. José Ângelo reivindicaque a PUC Minas permita oacesso de vans, que passariam ater uma área reservada. “Issosem dúvida aliviaria um poucomais o fluxo de carros nasruas”.

José Ângelo, que trans-porta alunos durante todosos turnos, garante que ànoite é mais complicado:“Estacionar por aqui à noite équase impossível. É uma con-fusão que ninguém imagina. Osalunos param em fila dupla,em portas de garagem,ninguém respeita as sinaliza-ções”, ressalta o motorista.

DEMOCRÁTICO Luiz Eus-táquio Campos, responsávelpela Divisão de Operaçõesda PUC Minas, conta que oSistema de Rodízio foiimplantado no segundosemestre de 1999 numaparceria da Universidadecom o DCE. Segundo ele,esse sistema foi o mais ade-quado às necessidades dainstituição, por ser de-

mocrático. “O rodízio incen-tiva a carona entre os estu-dantes”, ressalta.

Luiz Eustáquio afirmadesconhecer as reclamaçõesdos moradores da Regiãopróxima à PUC. “Concordoque das 18h45 as 19h15 ofluxo de carro aumenta con-sideravelmente na região.Isso pode ser explicado pelaentrada de alunos para oturno da noite e pelospróprios moradores queestão chegando em casa apóso dia de trabalho. Mas otráfego é dissipado rapida-mente”, observa. Indagadosobre a possibilidade deampliação dos estaciona-mentos, ele garante que aPró-Reitoria de Logística eInfra-estrutura trabalha nabusca de soluções eficientese que possam beneficiar,sobretudo, os alunos.

Segundo ele, entre os dias

22 e 27 de setembro aempresa Estacione, que pres-ta serviços no setor de con-trole de acesso de pessoas eveículos na área de esta-cionamento, realizou naUniversidade um levanta-mento de dados referentes àutilização do espaço físico.

Já BHTrans, por meio desua assessoria de comuni-cação, informa que agentesde trânsito monitoram olocal através de rondas, per-correndo periodicamente, ospontos mais críticos daregião. A empresa informoutambém que o projeto dealargamento da AvenidaDom José Gaspar, executadohá dois anos, em parceriacom a PUC Minas, benefi-ciou moradores e alunos porpermitir maior controlesobre o tráfego na região.

A estudante de En-fermagem Mariana Ma-

lheiros Braga acredita que osestacionamentos têm capaci-dade para comportar o vo-lume de veículos. Ela contaque o do prédio 25, reserva-do para professores, ficavazio e sugere que a universi-dade o libere para os estu-dantes. Mariana teme a faltade segurança para quemestaciona o veículo na rua.“Meu carro nunca foi arrom-bado, mas tenho colegas queficaram no prejuízo pordeixarem seus carros nasruas”, conta.

Bárbara Lorena Batista,funcionária da Universidade,apesar de ter sua vaga garan-tida diariamente, sugere queuma modificação no critériopara uso do estaciomentopor carros. “O critério paramotos deveria valer tambémpara automóveis. As vagassão preenchidas por ordemde chegada”, revela.

Por causa da falta de espaço, carros estacionados nas ruas próximo a PUC atrapalham fluxo do trânsito na região

Excesso de veículos nos arredores do campus PUC Minas Coração Eucarístico, incomoda moradores e gera discussão quanto a eficiência do sistema de rodízio imposto pela universidade

YONANDA DOS SANTOS

BHTrans vai alterar o sentido de vias do Coreu n

CÍNTIA REZENDE,LAURA SANDERS,4º E 7º PERÍODOS

Com o objetivo deresolver os problemas detrânsito no Bairro CoraçãoEucarístico e do fluxo naRegião Noroeste, a BHTransvai colocar em vigor, aindaneste mês, um projeto dealteração nos sentido dealgumas vias no bairro e tam-bém a implantação de redu-tores de velocidade. Segundoo analista de transporte daBHTrans, Sérgio Manini, asobras acontecerão em duasetapas para que o movimen-to local não seja prejudicado."É uma área de bairrogrande, e geralmente, porquestões estratégicas eeconômicas optamos porfazer em duas etapas", expli-ca.

As alterações entraram nalista de prioridades daBHTrans, graças à mobiliza-ção da comunidade, que pormeio de solicitações feitas àempresa à chamada Gerênciade Atendimento ao Usuárioda empresa, e também devi-do aos projetos feitos porvereadores ao longo dosanos. Na primeira etapa, aBHTrans divulgou que algu-mas ruas, cujo fluxo de car-ros é intenso no chamadohorário de pico, serão atendi-das. Nesta parte, queabrange 1,38 Km de vias, asruas Dom João Antônio dosSantos, entre a Dom JoséGaspar e a Dom Prudêncio

Sérgio Manini, da BHTrans, fala sobre as mudanças no trânsito no Coreu

Gomes; a Avenida dosEsportes entre a Dom JoãoAntônio dos Santos e aAvenida Ressaca; e a DomPrudêncio Gomes entre aDom João Antônio dosSantos e Dom José Pedro deLara, todas mão-dupla, pas-sarão a ter sentido único. Deacordo com a empresa, asegunda etapa ainda está emfase de elaboração.

Segundo Sérgio Manini,as mudanças visam benefi-ciar a comunidade, reduzin-do conflitos em algumasinterseções e garantindo asegurança do pedestre.Quanto à questão da implan-tação de semáforos noscruzamentos, demanda fre-qüente dos moradores, oanalista de transporte afirmanão se tratar de uma soluçãoviável. A alternativa daBHTrans, nessa primeira

etapa, foi a implantação deredutores de velocidade aolongo das ruas. "Reduzindo avelocidade você conseguegarantir a segurança dopedestre, principalmente noshorários de pico", justifica.

Moradora do CoraçãoEucarístico há 15 anos, aaposentada Lívia Persilvaconta que tem duas visõessobre o problema de trânsitodo bairro. Se por um lado,como motorista, ela enfrentaa lentidão no deslocamento ea falta de sinalização aolongo da Avenida Ressaca,por outro, ela conhece bemas dificuldades de se andar apé no bairro. Lívia mora naRua Engenheiro PauloFernandes, próximo àAvenida Ressaca, e diz que jápresenciou vários acidentes.Ela aponta como principaisnecessidades, a sinalização

da avenida e a maior cons-ciência dos motoristas. "Aspessoas voltam cansadas dotrabalho e passam correndopela Ressaca, e aí está o pro-blema", conta.

Lívia foi uma das 53 pes-soas que no dia 3 de setembroparticiparam da últimareunião entre a BHTrans e osmoradores do bairro, quandoa empresa apresentou pos-síveis mudanças para as viasdo Coração Eucarístico. Comproblemas de trânsito que aaposentada diz conviver háanos, ela acredita que asalterações devem ser drásticaspara que o número de aci-dentes seja reduzido. "Háalgumas semanas eu quasebati em um carro, próximo aRessaca, onde uma motoristame fechou", relata. Ela tam-bém se diz desanimada, já quehá pouco mais de dois mesesparticipou de uma reuniãocom BHTrans referente àsmudanças no trânsito emtoda Região Noroeste, e dizque, desde então, nenhumaprovidência foi tomada paramelhoria do trânsito local.

Outro morador que estápreocupado com as mu-danças que acontecerão nobairro é o professor deengenharia de controle eautomação e engenhariaeletrônica da PUC MinasEudes Weber Porto. Apesarde ter achado a reunião posi-tiva, ele acredita que algumaspropostas, como a criação decanteiros ao longo daAvenida Ressaca, deveriam

ser melhor planejadas.Segundo ele, a possibilidadede serem colocados redutoresde velocidade, além da cri-ação de uma área de segu-rança para os pedestres atrav-essarem seria a melhoropção para se reduzir onumero de acidentes. "Otrânsito aqui tem problemasem horários de pico", diz.

Há menos de cinco mesescom um comércio na RuaDom João Antônio dosSantos, Terezinha de LurdesFaria Bruno conta que apesarde não ter comparecido àreunião entre os moradores ea BHTrans, aprovou a inicia-tiva de tornar a rua mãoúnica. Ela conta que já pres-enciou vários acidentes entreeles a batida entre uma motoe um carro. "Vai ser muitomelhor, aqui é muitoperigoso", acrescenta. Outroque acredita que asmudanças trarão mais segu-rança é o também comer-ciante Leonardo Amaral. Eleconta que também já presen-ciou vários acidentes, e querecentemente foi vítima deum perto da Avenida dosEsportes. Apesar de concor-dar com a possibilidade demelhoria no trânsito,Leonardo teme que o númerode carros que passe em frentea sua loja também diminua.“Acho que o movimento decarros deve cair", prevê.

IMPACTO Há 47 anos moran-do na rua Dom João Antôniodos Santos, Mozarth de

Barros Andrade, vê comomaior problema da região, ogrande fluxo de carros emrazão da PUC Minas . ParaSérgio Manini a universidadeé um impacto no trânsito daregião. Para melhorar a circu-lação em horário de saída eentrada dos alunos, a alterna-tiva foi a implantação dasmãos-únicas, que aumen-tarão a capacidade de fluxode veículos.

Mozart avalia que areunião foi muito importantepara a comunidade, e que afutura gestão da prefeitura,juntamente com a BH Trans,terá um grande desafio nodecorrer da realização dasobras. "O novo prefeito e aBHTrans devem estar abertosàs sugestões da comunidade",acredita. Uma alternativatambém sugerida pelomorador é que a empresa detransporte invista em edu-cação no trânsito comoforma de complementar asmudanças.

Com as modificações pre-vistas para o trânsito doBairro Coração Eucarístico,também serão realizadaspequenas alterações quantoao deslocamento dos ônibus.Segundo o analista daBHTrans, Sérgio Manini, aspoucas alterações quanto àcirculação das linhas deônibus que atendem a regiãonão afetarão os pontos deembarque e desembarque. Aslinhas 9410 e 4110 terãoseus itinerários modificados.

YONANDA DOS SANTOS

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5Comunidade • CampusOutubro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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RENARD VASCONCELOS,3º PERÍODO

gerenciar o D.A resolveu ca-talogar e disponibilizar oslivros para os alunos”, dizBárbara.

A coordenadora contaainda que serão feitasestantes novas para os livrose o sistema de empréstimoserá aberto a todos os alunosdo curso de Relações In-ternacionais, inclusive os quenão pagam mensalmente odiretório acadêmico.

Outros D.As do campusCoração Eucarístico tambémjá oferecem, além de acesso àinternet e impressão, acervocom os principais livros uti-lizados nas aulas. É o caso doD.A de Direito, que disponi-biliza cerca de 100 exem-plares para todos os alunosque contribuem men-salmente com a taxa dodiretório. A funcionária doD.A e responsável pelos

empréstimos, Eliene Paulista,diz que existe muita procurapelos livros. “Muitas vezes oaluno chega e o livro que eledeseja está emprestado, porisso existe lista de esperapara alguns títulos”, explica.

Eliene conta que os princi-pais livros utilizados pelosestudantes de Direito são o“Código Civil” e o “VadeMecum”, ambos livros quefazem parte da bibliografiabásica do curso e que foramadquiridos com dinheiro doD.A para serem emprestadospara os alunos.

Carlos Alexandre Freitas,do 3º Período de Direito, queestava alugando um livro noD.A, contou que estavapegando um exemplar do“Vade Mecum” para fazeruma consulta na sala. “Usosempre esse serviço pois émuito mais fácil pegar um

livro emprestado no D.A doque andar até a bibliotecacentral”, justifica o estu-dante.

O Diretório Acadêmico docurso de Letras tem projetosemelhante: o aluno, quetambém deve ser con-tribuinte do D.A, deixa suacarteirinha e leva um livro desua escolha. Andreza LúciaNunes, que trabalha noDiretório há um ano e meio,revela que não existe muitaprocura pelos livros que sãoem sua maior parte gramáti-cas e dicionários da línguaportuguesa.

Outro Diretório Acadê-mico que também planejamontar biblioteca própriaé o de Psicologia. JulianaMarques, integrante dogrupo que gerencia oD.A, diz que a b ib l io te -ca já ex i s t iu , mas que

dev ido a inúmeros fur -t o s f o i d e s a t i v a d a .Agora um novo pro je tofo i e laborado, contem-p l a n d o a c o m p r a d enovos l i v ros e um con-

t ro le maior sobre essesexemplares mas, devido afalta de um espaço ade-quado, o projeto aindaaguarda uma reforma nasede do D.A.

O Diretório Acadê-mico(D.A) do curso deRelações Internacionais, nocampus PUC Minas CoraçãoEucarístico, planeja inaugu-rar uma biblioteca própriano mês de outubro. BárbaraMoreira Batista, coorde-nadora da área de desen-volvimento e extensão doD.A, conta que a professorade relações comerciais docurso de R.I, Taiane LasCasas, fez uma doação decerca de 50 livros para odiretório. Esse acervo inclui,além dos livros da bibli-ografia básica do curso, ou-tros que servem de comple-mento para os estudos. “Adoação já ocorreu há algunsmeses, mas agora a novachapa que foi eleita para

Carlos Alexandre prefere pegar livros no D.A. do que na biblioteca da PUC

NOVAS ATIVIDADES PARA OS IDOSOSO Centro Dia do Idoso, no Bairro Dom Cabral, disponibiliza novas oficinas para a Terceira Idade, como a de memória, fonoaudiologia, patchwork, dança sênior e cuidados com os idosos

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LORENA KAROLINE MARTINS,3° PERÍODO

Desde o início de setem-bro, o Centro dia do Idosodisponibilizou novas ofici-nas destinadas aos idosos dacomunidade. Além do cursode dança de salão, já oferta-do antes, o Centro oferece aoficina de patchwork, dememória, dança sênior,fonoaudiologia e cuidadoscom a pessoa idosa. “Oidoso que já saiu do merca-do de trabalho, é motivadopor essas oficinas que oencaminham para umprocesso de maturidade,crescimento pessoal e quali-dade de vida”, explica acoordenadora do projeto"Cidadania e Rede", BeatrizOliveira. As oficinas ofereci-das são gratuitas, exceto asde memória e a de cuidadoscom a pessoa idosa que cus-tam R$35 e R$20, respecti-vamente, para cobrir despe-sas com manutenção.

Algumas dessas novasoficinas possuem parceriatambém com o programa deextensão da PUC Minas,denominado "PUC Mais

Pessoas da comunidade aproveitam a oportunidade para participarem de oficinas e atividades no Centro Dia do Idoso

Idade". É o caso da oficina dememória, coordenada pelapsicóloga Geisa Moreira, 43anos, junto com a estagiáriado 6° período de psicologiada PUC Minas, DéboraCristina Barros, 22. Com 15alunos, a Oficina deMemória "trabalha as remi-niscências, fazendo com queos idosos tenham um espaçode apropriação nas suas

próprias lembranças, na suaprópria vida", explica Geisa.

"Trabalhar com memóriatem sido muito interessante,porque traz à tona questõesdas vidas dos idosos e possi-bilita uma reelaboração davida passada de cada um",completa a aluna de psicolo-gia Débora Cristina Barros.Além da Oficina de Me-mória, o programa "PUC

Mais Idade" propõe atendi-mento individual psicológicoe domiciliar.

O Centro Dia do Idosofaz parte do projeto"Cidadania e Rede", mantidopela Associação Franciscana(Asfran), que financia omaterial da oficina dePatchwork. Esse curso é ofe-recido às segundas e quartas-feiras, conta com 25 alunos e

é coordenado por MariaVirgínia Fonseca. "Traba-lhamos com o público quenão está incluído no merca-do formal e que hoje temcomo alternativa de rendafamiliar o artesanato", conta.

Um grande exemplo deaproveitamento do CentroDia do Idoso é a aluna MeireSilva Mendonça, 56 anos,moradora do Bairro há 30.Ela conta que sempre tevevontade de fazer oficinas,porém, devido ao trabalho,nunca teve tempo. "Desdeque me aposentei vi que erapreciso fazer as oficinas,retornar às coisas que eugosto de fazer", conta Meire,que faz as oficinas dememória, cuidados com osidosos e dança de salão.

"ESPERANÇA E VIDA" Osidosos do Bairro DomCabral, Região Noroestede Belo Horizonte, en-contraram alternativasdinâmicas e criativaspara ocuparem seus diase suas mentes. O CentroDia do Idoso, idealizadopelo grupo "Esperança eVida", mais do que umaampla estrutura física de

900 metros quadrados é umlocal destinado às ativi-dades e oficinas, servindocomo uma referência paraos idosos da comunidade.

O local, inaugurado emoutubro de 2007, foi doadopela Prefeitura de BeloHorizonte, que cobre asdespesas referentes à ma-nutenção, como limpeza,água e luz, além do paga-mento do salário do por-teiro.

A coordenadora doCentro, Waneide Silva, 59anos, conta que seu traba-lho, assim como de todo ogrupo "Esperança e Vida", évoluntário e que a renda éadquirida por meio de pro-moções, bingos e bailes. "Aomesmo tempo em que vocêcontribui com a sua experiên-cia e as suas idéias, a genteaprende muito. Essa troca quefaz as coisas valerem à pena",completa.

Waneide informou queainda há uma certa dificul-dade de informação sobreas atividades do Centro,mas mesmo assim, as vagasestão sendo preenchidas,atraindo cada vez maisidosos.

Falta de iluminação prejudicamoradores de rua no Dom Cabral

A moradora Adriane de Melo está insatisfeita com a falta de iluminação

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DIANA FRICHE,LORENA KAROLINE MARTINS, RENARD VASCONCELOS,3º PERÍODO

A pouca iluminação daRua Osvaldo Gattoni, noBairro Dom Cabral, RegiãoNoroeste de Belo Horizonte,tem causado revolta em seusmoradores. A rua possui ape-nas um poste de luz, o quefaz com que, durante a noite,se torne muito escura. Destaforma, muito assaltos earrombamentos de carrosestão acontecendo no local.Adriane Cerqueira Melo, 42anos, que mora há um ano emeio na rua e no bairro há20, conta que em nenhumoutro lugar que morou, viveusituação semelhante a que seencontra na Osvaldo

Gattoni. Alguns moradores insta-

laram luzes nas varandas desuas casas com o objetivo deamenizar a escuridão da rua.É o caso de Adriane, que afir-ma que sem a luz das casas, arua fica muito escura, quaseimpossível de enxergar. "Aminha conta de luz, desdeque mudei para cá, estáficando em torno de R$ 250,R$ 280, já que colocamos luzna varanda para iluminar arua. Uma vizinha minhatambém colocou luz, na ten-tativa de clarear um poucomais", conta.

Muitos moradores daOsvaldo Gattoni já foramassaltados. É o caso deSynara Pires Nogueira, 40.Moradora há 11 anos da rua,ela conta que sua casa foi

invadida quatro vezes devidoà escuridão. Assim como osoutros vizinhos, Synarainstalou lâmpadas para ilu-minar um pouco mais a rua."Além de pagar a taxa de ilu-minação pública que eu nãousufruo, eu gasto com lâm-padas e aumenta a minhaconta de luz", desabafa. Amoradora, assim como outrosvizinhos, já entrou em conta-to com a CompanhiaEnérgica de MinasGerais(Cemig), que infor-mou que a rua não temespaço para a colocação denovos postes.

A rua é um local ondemuitos moradores e estu-dantes da PUC Minas esta-cionam os carros à noite.Devido à escuridão, algumaspessoas já tiveram seus veícu-

los arrombados. Tentandosolucionar este problema,Mateus Lino de Souza, 50anos, aposentado e moradorda região, passou a vigiar oscarros todos os dias úteis, de18h às 23h. Ele conta quetrabalha na Osvaldo Gattonihá cinco anos e que, nesteperíodo, nenhum poste deluz foi instalado.

Mateus afirma que nãofaz a vigia por dinheiro e quegosta muito de ajudar as pes-soas. "Depois que aposentei,fico só em casa e não gostode ficar parado. Ficando narua eu consigo me distrair,ajudo os alunos para nãosaírem no escuro, olho ascasas e vigio os carros contraos roubos", conta Mateus,que completa dizendo que aspessoas sempre ficam muito

gratas a ele.Os moradores já fizeram

um abaixo-assinado pedindomaior iluminação na rua,mas não obtiveram resposta.Eles afirmam também queinúmeras ligações já foramfeitas à Cemig solicitando acolocação de novos postes.

A Assessoria de Comunicaçãoda Cemig informou que no quar-teirão da rua Osvaldo Gattoninão há rede elétrica e que a exten-são da mesma só pode ser feita

mediante solicitação daPrefeitura de Belo Horizonte.O cliente também pode fazeressa solicitação mas, no caso,o mesmo teria que arcar como ônus. A Regional Noroeste,por meio de sua assessoria decomunicação, afirmou que omorador deverá entrar emcontato para que seja encam-inhada uma solicitação àDiretoria de IluminaçãoPública, que avalia a necessi-dade e a urgência da instalação.

YONANDA DOS SANTOS

GUSTAVO ANDRADE

LUIZA FERRAZ

D.As inovam ao criar bibliotecas independentes

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6 Cidade Outubro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CHUVAS AMEAÇAM ÁREAS DE RISCOCom a chegada do período chuvoso, moradores das Regiões Noroeste e Nordeste preocupam-se com a possibilidade de incidentes, como deslizamentos e inundações ameaçando suas casas

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RAQUEL RAMOS DE CASTRO, 4º PERÍODO

Com o início da tempo-rada de chuvas, pessoasque moram em áreas derisco sentem-se ameaçadascom a possibilidade deinundações, deslizamentosde terra e de casas. A VilaSão José, localizada naRegião Noroeste da capi-tal, é um desses lugaresonde há moradores viven-do sob risco geológico.Cícera Vicente Fernandes,cortadeira de uniformes,mora no Beco São Bentohá dez anos, com duas fi-lhas e um filho. Ela contaque no último ano o estadode sua casa piorou muitocom o surgimento de trin-cas e rachaduras no chão enas paredes. Em épocaschuvosas a situação seagrava com o aumento donível do córrego e pelo fatodo fluxo da água da chuvadescer em direção à suacasa. “Não tem nenhumcômodo seguro aqui den-tro. Nós não sentimossegurança de ficar dentrode casa”, lamenta Cícera,preocupada.

No dia 6 de maio doano passado, a CompanhiaUrbanizadora de BeloHorizonte (Urbel) fez umavistoria na casa de Cícera.Nessa visita foram coloca-dos adesivos em toda aextensão das rachaduraspara que ela mesma fizesseo monitoramento se elasestão alargando ou não.“Quando começou a apa-recer rachadura aqui elassó tinham meio centímetroe agora tem algumas que jáestão com quatro cen-tímetros”, observa. No dia30 de setembro último,Cícera recebeu uma notifi-cação de técnicos da Urbel Maria Neuza teme pela segurança da família durante as chuvas. O barranco é uma das paredes de sua cozinha

para que ela fizesse a solic-itação de uma vistoria maisdetalhada de sua casa, cal-culando o risco de desliza-mento e para, caso sejanecessário, seja providenci-ada sua remoção.

Próximo à casa de Cíceramora Inês Cordeiro dosSantos. Para chegar em suaresidência é preciso passarpor corredores estreitos,que parecem formar umlabirinto. Na última se-mana de setembro, aengenheira civil ArlindaCorcini, técnica da Urbel,foi ao local onde Inês morae explicou a ela que suacasa não tem mais consertoporque está praticamentedentro do córrego. Inês foiorientada a dormir na casade algum parente nas

noites em que tiverem pre-visão de chuva. “O dia quechoveu encheu tudo. Eupedi a Deus para me socor-rer”, relembra Inês,referindo-se à chuva degranizo que ocorreu no dia17 de setembro deste ano.Assim como Cícera, Inêsdeverá solicitar uma visto-ria em sua casa e, detectan-do-se o grau do risco, seráremovida de sua residência.

Maria Neuza Barbosa,50 anos, mora na VilaGrotinha, localizada naRegional Nordeste de BeloHorizonte, junto com oitofilhos e alguns netos dequem toma conta duranteo dia. Uma das paredes desua cozinha é a encosta dobarranco. Quando chove,entra água pelo buraco que

há entre a telha que cobre acozinha e a encosta. Alémdisso, os próprios mo-radores da região cons-truíram uma escadaria quefica bem ao lado de suacasa. Como a escada estátrincada, Maria Neuzateme que no período dechuva ela tombe em cimade seu telhado, colocandoem risco a segurança de suafamília. Viúva há um ano,Neuza lamenta não ter di-nheiro e nem condições dereformar a sua casa. Algunsde seus vizinhos queestavam em áreas de maiorrisco já foram removidos.Ela ainda aguarda ansiosa-mente por sua vez. “Setirasse a gente daqui ia seruma bênção”, diz, espe-rançosa, a viúva.

Plantações inadequadasde bananeiras em áreas deencostas consistem emoutro fator de risco pelofato de acumularem muitaágua provocando o desliza-mento do terreno. A casade Joelem Rose Antônia, 20anos, fica em uma encosta.Na parte inferior do terrenohá plantações de ba-naneiras. Funcionários daUrbel explicaram a elasobre o risco da água seacumular em volta da plan-tação e, conseqüentemente,puxar sua casa morro abaixo. Além disso, Joelem jánotou o aparecimento detrincas, algumas aindapequenas, nas paredes desua casa. “Vou avisar meu

pai que as bananeiras pre-cisam ser cortadas”, ga-rante.

Há 27 anos, Maria deFátima Antônio Fernandesmora na Vila Grotinha.Apesar de sua casa nãoestar em risco, ela se pre-ocupa com a segurança desua irmã. “Quando chovetem uma enxurrada muitogrande e o buraco poronde a água passa estáentupido. A água chega atéaqui”, diz Fátima, apon-tando para o nível que aágua chega na janela dacasa da irmã. Maria Neuzafoi orientada a fazer umasolicitação de vistoria paraque façam uma avaliaçãomelhor do problema.

Prevenção ajuda naredução de acidentes A operação Pente-Fino é

um trabalho preventivo rea-lizado pela Urbel que con-siste em percorrer locais maiscríticos de vilas e favelas deBelo Horizonte, distribuindocartilhas educativas queexplicam como os própriosmoradores podem identificarindícios de risco e comodevem agir em situações deemergência. Algumas fa-mílias, cujas residências este-jam em situações de riscomuito alto, recebem umanotificação e passam a rece-ber monitoramento. O pro-grama começou no dia 15 desetembro e vai até 22 de ou-tubro.

Para a solicitação de visto-rias mais detalhadas, osmoradores de áreas onde hárisco geológico podem ligarpara o Disque Vistoria Urbel,de segunda a sexta-feira, das

8h às 18h, pelo telefone3277-6409. Durante a noite,aos finais de semana e feri-ados, podem ligar para aDefesa Civil (199) ou para oCorpo de Bombeiros (193).Para informações sobre acoleta de lixo ou locais ondedevem ser levados o entulho,deve-se telefonar para oDisque-Limpeza do Sistemade Limpeza Urbana (SLU),pelo número 3277-9388.

De acordo com a Assessoriade Comunicação da Urbel, odiagnóstico da situação dasáreas de risco de BeloHorizonte, atualizado em2004, apontou que existemcerca de 10.650 moradias emrisco alto e muito alto.Entretanto, o trabalho preven-tivo e as obras tem contribuí-do na diminuição de famíliasvivendo nessas situações derisco alto e muito alto.

RAQUEL RAMOS DE CASTRO

Auxílio para recuperar dependentes do álcooln

ALESSANDRA MALAQUIAS,ANTONIO ELIZEU, 3º PERÍODO

“Provei a bebida alcoóli-ca pela primeira vez aos 16anos, casei aos 20 e já nãoconseguia viver sem umgole. Me sentia inferior aosoutros quando estavasóbrio, por isso a bebidame acompanhava emtodos os momentos. Sofrimuita humilhação, até odia que fiquei doente porcausa da bebida e o doutordisse, ‘você tem que pararde beber e procurar umaajuda, ou você morre'”,relata um homem de 52anos, que há 14 participado Grupo Luar deAlcóolicos Anônimos(AA), explicando que foinesse momento quecomeçou a ver a vida deforma diferente, melhor.“Comecei a acompanhar afamília, mas freqüentandosempre as reuniões”, acres-centa.

O grupo funciona desde1983, à Rua Amaraji, 182,Bairro São Gabriel, às quin-tas-feiras e sábados, nasinstalações cedidas pelaEscola Estadual ProfessorAntônio Ribeiro, o GrupoLuar de AA. Existe apenasuma regra para participar dairmandade: reconhecer queprecisa de ajuda. O “AA” nãotoma a iniciativa de procuraro dependente, tem que ser oinverso, porém pode aceitarum convite de um padrinho(ou madrinha), termo usadopara pessoas há mais tempoengajadas.

“Em alguns casos umapessoa viciada pode receberconvites de integrantes, quetentam aproximar e identi-ficar com o AA. Na busca daeliminação da raiva, damágoa e do ressentimentoque, sem saber, geralmentecarregam em seus corações”,relata outro membro, queparticipa há 17 anos dogrupo Luar.

Como toda e qualquer

irmandade, foram definidasbases para um entendimentoentre todos os grupos domundo, resumidos nos “12Passos, 12 Tradições e 12Conceitos”, cuja tradição nº7ª diz que o Grupo Luar“AA” devem ser auto-sufi-cientes, rejeitando qualquerdoação de fora. “Portanto,nem mesmo visitantespodem contribuir, já que oprojeto só pode contar comas verbas dos participantes,verbas bastante modestas,mas que não impedem de tersempre um café ao meio dareunião, tornando o localmuito familiar, até aquelescompanheiros que não con-tribuírem, ficam á vontadepara o café, sem nenhumarestrição”, enfatiza um outromembro, 41 anos, casado, paide um filho, tendo ao seulado a esposa que freqüentapara apoiá-lo.

“As reuniões são impor-tantes para equilibrar os 4pilares que são: o emocional,físico, mental e espiritual,

pois sem isso fica difícilencontrar a recuperação”,enfatiza outro coordenador,membro há 14 anos. Asreuniões acontecem às terças,quintas e sábados, às 20h.

“As famílias por sentiremvergonha, preferem passar amão na cabeça do parentedependente de bebidaalcoólica, não deixando elereconhecer a necessidade deajuda”, ressalta um membrode 41 anos, que ingressouem 1998. “Para tornar umalcoólatra não é da noite parao dia, o individuo começacom um gole hoje, doisamanhã, depois mistura eassim vai”, acrescenta.

“Fico feliz em trabalharhoje sem ingerir bebidaalcoólica, pois eu acordava epassava no boteco paratomar uma, se o boteco nãoestivesse aberto ficava aliparado o resto do dia, porqueeu não tinha forças para tra-balhar sem ela. Agradeçomuito pelas reuniões, ondeposso me equilibrar e não

interromper minhas pers-pectivas”, diz um membro de41 anos, participante desdeos 20.

ORIGEM Tudo começou em1935, na cidade de Eicron,nos Estados Unidos, comuma conversa entre doisricos senhores, o médicoRobert Hoollbrook, co-nhecido como Bob e o outromais conhecido como Bill(Willian Graffth Wilson),um corretor da bolsa de val-ores de Nova Iorque, queprecisavam de ajuda na lutacontra o vício da bebida.Em seus diálogos, relatavamsuas experiências, a fim desanar seus problemas emcomum e, quando deramconta, perceberam que jáhaviam se passado cincohoras de conversa semtomarem uma dose de bebi-da alcoólica. Foi então quesurgiu a idéia de formar airmandade de homens emulheres que compartil-hariam suas experiências,

com o propósito de aban-donar o vício. E assimcomeçaram a ligar para seusamigos que se encontravamna mesma situação, surgin-do os AA (AlcoólicosAnônimos).

Tradicionalmente, osmembros do AA semprecuidaram de manter seuanonimato em nível público:na imprensa, no rádio, natelevisão, no cinema e, maisrecentemente, na internet,Por isso, os membros senti-ram a necessidade de elegeros Custódios, assim chama-dos dentro do AA. Eles sãoos porta-vozes da Instituição,designados para falar sobreos programas e as unidadesde serviço de recuperação. OsCustód014ios são partici-pantes não dependentes doálcool, por isso podem semanifestar publicamentepela causa, ao contrário dosmembros que estão ali pararecuperarem, que têm res-guardadas as suas identi-dades.

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7Cidade Outubro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Clientes ganham refrigerantes na troca de pneus

Éber Azevedo é funcionário de uma das empresas que realiza as trocas

n

LUCAS LEÃO, 4° PERÍODO

Troca dos pneus usa-dos por brindes comorefrigerantes, descontosnos serviços ou na com-pra de novos pneus, tematraído cada vez mais oconsumidor mineiro.

Iniciativas de empre-sas privadas tem chama-do a atenção do consu-midor, uma delas é a datroca dos pneus usadospor refrigerantes de 2litros, praticada porempresas, como porexemplo, a Pneusola,tradicional no ramo devenda e substituição depneus no estado.

Segundo o vendedor ÉberAzevedo de Araújo, ospneus são repassados àReciclanip, empresa situadana cidade de Contagem,naRegião Metropolitana deBelo Horizonte.

O destino dos pneus é aremoldagem ou a reci-clagem. Neste segundo caso,de acordo com o engenheirocivil Gustavo Leão Soares, odestino é a indústria daconstrução que utiliza oproduto como matéria-prima na produção de asfal-to reciclado ou formataçãode blocos de construção.Ainda de acordo comGustavo, que já participoudesta iniciativa, todos saemganhando. Segundo ele,ganha o meio ambiente que

não mais recebe de formadesordenada os pneus,ganha a construção civil queaproveita matéria-prima dequalidade e ganha o cidadãocomum, como ele, que aotrocar os pneus do seucarro, optou pela partici-pação na campanha,recebendo de brinde osrefrigerantes de dois litros.

Outras empresas da ca-pital, também trabalham aconsciência da populaçãoem relação ao descarte dospneus velhos, porém, amodalidade mais utilizadade “bônus” ao consumidoré o desconto na aquisiçãode um novo pneu ou nosserviços executados natroca destes.

De acordo com Tatiana

Palhares, jornalista daAssessoria de Comunicaçãoda Prefeitura de BeloHorizonte, os aterros dacapital também recebemuma grande quantidade depneus, descartados deforma incorreta e coletadospela SLU ou, levados porcidadãos que desejam umdescarte correto do materi-al. Estes pneus são separa-dos e encaminhados aosfabricantes que os repassama empresas especializadasna reciclagem ouremoldagem.

Os pneus descartados deforma incorreta podemacarretar uma série dedanos à população taiscomo o acúmulo de águaparada, que gera expansão

epidêmica da dengue, acú-mulo de entulhos em ruas,becos, aterros e outroslocais da cidade, atraindo

animais peçonhentos co-mo os escorpiões, que seutilizam do material paraproteção e procriação.

GUSTAVO ANDRADE

Pesquisa de acervos musicaisresgata a memória de Minas n

PEDRO CASTRO,3º PERÍODO

A Universidade Estadualde Minas Gerais (UEMG)há três anos vem tentandopreservar e resgatar ahistória da músicabrasileira e, especialmente,da música mineira. Nosfundos do prédio da Escolade Música da instituição,que fica no Bairro PadreEustáquio, Região Noroestede Belo Horizonte, está oacervo musical da universi-dade. Em uma das duassalas conjugadas está todoo material: o acervo doMaestro Francisco Anicetoe 30 mil vinis da RádioInconfidência, que mantêmum convênio com a institu-ição de ensino.

O acervo musical per-tencente à Rádio In-confidência está aos cuida-dos da Escola de Música daUEMG e reúne em seus dis-cos um repertório de músi-ca popular. Desde de 2003,

foi feito um processo derestauração dos vinis paradivulgação digital e científi-ca.

Atualmente, a pesquisado acervo da RádioInconfidência cedeu lugarao núcleo de pesquisa musi-cal da UEMG, que está tra-balhando com o Acervo doMaestro Francisco Aniceto(1890-1972), nascido nacidade de Piranga, naRegião do Campo dasVertentes. Francisco Ani-ceto desenvolveu uma in-tensa atividade musical emsua Região e também foi oprimeiro professor de músi-ca do compositor AryBarroso.

Este acervo é uma dasprincipais fontes de estudoda música feitas no Brasil,principalmente de MinasGerais no período colonial edo século XIX. A coleção foidoada pela própria famíliado Maestro. “As partituraschegaram em um estadodeplorável. A maioria commuito mofo e algumas que-

bradas e com traças. Porisso passaram por umprocesso de higienização,utilizando apenas o pincel”,comenta a estudanteLudmila Ribeiro da Costa,27 anos, que cursa o 4ºperíodo de Licenciatura emMúsica e é estagiária doprojeto.

Segundo o músico, pro-fessor e coordenador doprojeto, Domingos SávioLins Brandão, 50 anos, oobjetivo é a descrição e adiscussão de metodologiastendo em vista tornar essematerial mais acessível pelasua extrema importância.Acredita-se que sua divul-gação poderá vir apreencher algumas lacunasainda presentes na históriado passado musical bra-sileiro e mineiro.

No início, o professorDomingos, e os estudantesYan Vasconcellos, 24 anos eLudmila, perceberam que asobras do Acervo deveriamser totalmente reorgani-zadas para facilitar o

processo de consulta, dedigitalização e de uma futu-ra editoração. Por isso, oscritérios levados em consi-deração para a organizaçãodas partituras foram deacordo com as especifici-dade do acervo, levando emconta as condições do local,de armazenamento e declassificação, sendo entãocriado um banco de dados,seguindo exemplos de ou-tros acervos pelo país.

“As 1200 partituras doacervo são divididas em

duas partes: sacras e nãosacras (religiosas e não reli-giosas). As sacras, sãotocadas em missas e igrejase as não sacras, são músicascomo valsas, cânticos, mar-chas, hinos”, explica Yan,que é estudante do 6º perío-do em Licenciatura emMúsica. “As partituras nemsempre vêm com o compo-sitor e a data, assim vamosfazendo uma associaçãopelo tipo de papel e acaligrafia. Quando não épossível reconhecer, colo-

camos como compositordesconhecido”, acrescenta.

Depois de finalizada a partede classificação e digitalização,outros estudantes da UEMGterão a chance de dar con-tinuidade ao processo. “Ano quevem, um outro grupo vai tentareditorar”, conta Yan. Com oobjetivo final de lançar um livrocom todas as partituras doAcervo Chico Aniceto, o estu-dante comenta que a principalvalor do projeto é o musical enão apenas o estético.

LORENA KAROLINE MARTINS

n

LAURA MILAN, FLORA PINHEIRO,3º PERÍODO

Criatividade e localiza-ção urbana se encontramem uma nova ferramentade orientação. O blog"Como chega até aqui"(www.comochegaateaqui.blogspot.com) faz parteda proposta do curso depós-graduação "ProcessosCriativos em Palavra eImagem", oferecido peloInstituto de EducaçãoContinuada (IEC) daPUC Minas, idealizadopelas estudantes AmandaCoimbra, Flávia Aragão,Letícia Souki e LorenaMourão. A idéia de fazerum serviço colaborativode orientação na cidade,se baseou na necessidadedas pessoas se localizaremno espaço de uma forma

diferente da habitual.O símbolo do blog é um

adesivo com a pergunta"Como você chega atéaqui?". Ele pode serimpresso por qualquerpessoa e colado em algumlugar que ela goste ou ache

interessante. Após fixar oadesivo, a pessoa contacomo chegou até ali, sejapor meio de fotos,palavras, vídeo ou som.

Qualquer pessoa podecolaborar: basta entrar noblog, dizer onde encon-

trou ou colou o adesivo enarrar o trajeto percorrido.Foi isso que aconteceucom o colaborador ThiagoBernardo, 18 anos, quecolou o adesivo em lugaresque freqüenta. "Eu colei osticker na Praça da Savassi,no Café com Letras e noRei do Pastel. São lugaresque eu acho interessantes",conta. Ele disse ainda quetodos deviam colaborarporque é um projeto novo,diferente e que ajuda aspessoas a se localizarem deforma prática. "No blogtem um mapa super práti-co, ajuda as pessoas aencontrarem novos lugarespara sairem, gente legal einteressante", completa.

INTERATIVIDADE "De-veríamos montar um dis-positivo que fizesse as pes-soas trabalharem em rede

por meio de símbolos eiconografias, dentro doespaço urbano. Logo pen-samos em alguma ferra-menta de orientação, masque não fosse estática equadrada como mapas",explica a estudante Aman-da Coimbra, 24 anos, umadas idealizadoras do pro-jeto.

Amanda conta que aidéia do blog "Como chegaaté aqui" foi fundamenta-da na percepção individualde cada pessoa. "Que-remos fazer essa perguntapara as pessoas. Elaschegam de ônibus? A pé?Chegam apressadas? Can-sadas? A pergunta faz comque elas reflitam sobre ocaminho percorrido, porque escolheram aquelecaminho? Escolheriamoutro se fosse preciso?",esclarece Amanda.

Todo material enviadopor um colaborador épostado no blog, sem umcritério de seleção.Assim, todos podem par-ticipar de forma dinâmi-ca. Além do blog, oslugares que receberam osadesivos podem serencontrados em ummapa virtual, disponívelna rede.

Amanda conta que,com as colaborações, osusuários se localizam demaneira usual, como emum mapa. "O comochega até aqui” não setrata de negar as outrasformas de localização elocomoção, mas faz comque todas se co-rela-cionem para ajudar aspessoas a valorizar oespaço em que vivem",acrescenta.

NOVAS FORMAS PARA SE LOCALIZAR“Como chega até aqui” é o nome do blog que criou uma nova ferramenta para localização urbana, ajudando e interangindo pessoas que desejam se guiar pela cidade de Belo Horizonte

YONANDA DOS SANTOS

Adesivo do projeto colado por colaborador do blog, no Bairro Funcionários

O coordenador Domingos Sávio e os estagiários Yan e Ludmila, no processo de catalogação dos acervos musicais

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8 CidadeOutubro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DIVERSÃO E INCÔMODO NAS NOITESVizinhos de casas noturnas da capital mineira muitas vezes são prejudicados pelo som alto durante às madrugadas, além da constante sujeira das calçadas após a realização de eventos

CAMILA BESSA, ISABELLA LACERDA, LOLA CAMAROTA,2ºPERÍODO

Os bares e boates em BeloHorizonte conquistam cadavez mais espaço na noitemovimentada da capital comfestas e shows que começamnos mais variados horários eterminam quando o dia jáestá amanhecendo. A grandediversão para os freqüenta-dores da madrugada, noentanto, torna-se um incô-modo para grande parte daspessoas que não participamdesses locais, mas são obriga-dos a conviver com o movi-mento dessas casas de shows.

O estudante GuilhermeMatos, 18 anos, é uma dessaspessoas que se incomodamcom o barulho da boate Maryin Hell, localizada ao lado desua casa, na Savassi, na RegiãoCentro-Sul de Belo Horizonte,mesmo freqüentando-a nosfinais de semana. “Freqüento aMary In Hell geralmente àssextas e sábados. Não meimporto muito com o barulho,o único problema é na quinta-feira, pois na sexta precisoacordar cedo para o cursinho,quando tenho prova, e a músi-ca é um pouco alta”, diz.Guilherme ainda afirma que,além dele, muitas pessoasmais velhas que moram próxi-mo à Mary in Hell tambémreclamam do barulho. “Nuncahouve a necessidade dechamar a polícia, a boaterespeita isso, e quando hámuito barulho às vezes eles atépedem desculpas no diaseguinte”, comenta.

O estudante ainda revelaum outro problema: o lixoencontrado na rua no diaseguinte às festas. “Já acon-teceu da rua ficar cheia delixo por causa da boate e aprefeitura culpar os mo-radores que moram próximosa ela”, acrescenta. JoãoBatista de Almeida Freitas,porteiro de um dos prédiosresidenciais localizados pró-ximos à boate, ressalta queos moradores do prédio ondetrabalha reclamam muito dobarulho, que não ocorresomente dentro da casa deshows. “As pessoas bebemdentro da boate e saemfazendo barulho. Sujeira elesnão fazem muito não, mas oscarros são um problema.Saem buzinando, cantandopneu, o que incomoda muitoos moradores dos prédiospróximos”, reclama.

Um dos donos da boate

Mary in Hell, LucasAlmeida, afirma que o localpossui proteção acústica. “Acasa possui portas com isola-mento acústico, e por setratar de uma construçãoantiga, as paredes são grossase maciças, fato que por si sójá completa o isolamentoacústico exigido pela pre-feitura”, diz. Lucas aindadefende o estabelecimento,que funciona até às seis damanhã todas às quintas, sex-tas e sábados, dizendo quesão raros os conflitos com osvizinhos e que não há proble-mas com o lixo. “Já sofremoscom os vizinhos uma vez,não por causa do som dentroda casa, e sim por causa dobarulho que as pessoas queestavam na fila para entrarestavam fazendo. Quanto àsujeira na rua, o nosso lixoresultante de todas as festas édevidamente recolhido aofinal pela equipe de limpeza,e colocado nos postos derecolhimento da SLU”,ressalta Lucas.

Daniel Augusto, produtorartístico de outra casa deshows localizada na mesmaregião da capital, o Jack RockBar, explica que há três anosa casa teve que tomar algu-mas providências para evitaro desconforto com os vizi-nhos. “Há muito tempo atrástínhamos reclamações quan-to ao barulho, mas instala-mos uma estrutura acústicahá três anos, o que evitou asreclamações”, afirma. Hoje,segundo Daniel, a boate, quepossui capacidade para 450pessoas e funciona até àscinco da manhã, não recebenenhum tipo de reclamaçãoem relação ao barulho.

O produtor artístico dacasa explica que o Jack RockBar recebe pessoas de todosos gostos e estilos, desdeamantes de Cazuza aos quecurtem o rock pesado doMetallica. “A maior parte daspessoas que freqüentam obar são moradores daregião”, ressalta. Ainda deacordo com Daniel, os pro-blemas que ocorrem no Jackhoje são em sua maioria porcausa do pagamento daconta no final da noite eroubo de carros nas ruaspróximas. “Somente nessescasos que a polícia já foiacionada, mas em relação aobarulho não tivemos maisreclamações”, explica.

AVENIDA O vizinho do JackRock Bar Maurício Donnart,

confirma que o barulho não émais um problema. “O baru-lho não incomoda. A únicavez que tive que fazer umareclamação não foi por contado barulho, mas porque umfreguês havia estacionado ocarro dele na minha garagem.Assim, eu tive que ir chamá-lo na boate”, conta Maurício.

Entretanto, não é consen-so que os bares e boateslocalizados na Avenida doContorno não causam incô-modos aos vizinhos. Oporteiro de um dos prédiosresidenciais localizados emfrente ao Jack Rock Bar,Vander de Paula, afirma escu-tar muitas reclamações porparte dos moradores do localonde trabalha. “Algumas daspessoas que reclamam estãotendo que arrumar proteçãopara as janelas. O problema éque elas reclamam entre si, éraro irem até os bares recla-mar”, comenta Vander.

A moradora de um dessesprédios residências naAvenida do Contorno, MaryLuza Braga, relata quemuitas vezes chega a serinsuportável o barulho cau-sado pelo movimento nesseslocais. “As pessoas ficamfalando palavrão, gritando”,conta. Entretanto, ela acredi-ta que o problema é causadopor pessoas que abusam dabebida. “O problema maiornão são as festas em si, masos retardatários que ficamsem controle. Só a políciapara salvá-los”, opina.

Mary Luza diz que oproblema com o barulho édiário, porém ela não costu-ma ligar sempre para a polí-cia. “Qualquer problema vouaté os seguranças dos bares,não fico chamando a polí-cia”, explica.

Ela comenta, entretanto,que já teve que acionar a polí-cia. “Cabe a gente viver deforma pacífica. Porém eu jáchamei a polícia diretamenteduas vezes. Uma dessas vezesfoi porque as pessoas estavamgritando demais, e a come-moração extravasou. Chameia polícia e tudo rapidamentese resolveu”, lembra.

Mary ressalta que não écontra as pessoas se diver-tirem, mas acha que tudo temum limite. “O problema é quenem os donos têm controlesobre isso. Sinto que o pes-soal do Jack tem um nível depolimento maior, por isso atése preocuparam em fazer aproteção acústica do bar”,comenta a moradora.

A boate Mary in Hell, na Savassi, se esforça para minimizar o incômodo causado aos moradores da vizinhança

Vizinhança sem problemasDiferente de muitos bares

e boates de Belo Horizonte aboate Cheio de Graça, loca-lizada na Avenida doContorno, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nãotem problemas com as festasna madrugada. Segundo oempresário da boate, que seidentificou apenas comoLuiz Cláudio. Ele revela quea casa noturna tem proteçãoacústica e um alvará daprefeitura que dá a permis-são para funcionar. Oempresário conta que jáhouve problemas, massomente por questões exter-nas. “A polícia já foi chama-da, mas por brigas do ladode fora, nunca por proble-mas com vizinhos”, ressalta.O empresário afirma tam-bém que a questão do lixo edos carros também nãocausa transtornos paraninguém. “Não inco-modamos os vizinhos nempor problemas com lixo naporta, pois fazemos faxinasno lado externo, nem comproblemas com estaciona-mento, pois essa é umaregião com muitas vagas”,explica Luiz Cláudio.

Assim como o Cheio deGraça, O Bar Ziriguidun,casa de forró e samba situa-do no Bairro Caiçara, RegiãoNoroeste de Belo Horizonte,nunca teve problemas comseus vizinhos devido ao

barulho excessivo. AnnaGöbel e Du Azevedo, donosdo local que funciona háquatro anos todas as quin-tas, sextas e sábados, dizemse preocupar com a questãodo incômodo do barulho edo movimento e, por isso,resolveram instalar o bar emuma área comercial, aAvenida Presidente CarlosLuz.

“Aqui é um lugar bastantetranqüilo. Não temos pro-blemas com polícia e nemcom as pessoas que o fre-qüentam. A avenida que elefica é muito movimentada,tem comércios próximoscomo posto de gasolina elanchonetes. Há local paraestacionar o carro. Não dei-xamos entrar pessoasbêbadas. A pessoa não entrase estiver em um clima dife-rente do nosso”, diz Anna.

O bar, tradicionalmenteconhecido pelos shows deForró e Black Music, iniciouum projeto chamado Sambana Madrugada, que tem iní-cio às 2 horas da madrugadae termina às 6 da manhã,todos os sábados.

Anna Göbel afirma queela e seu marido acredi-taram que essa nova atraçãoseria chamativa para osjovens que gostam de umabalada até mais tarde.Entretanto, o Samba naMadrugada acabou cha-

mando a atenção de pessoasdas mais diversas idades. “Opúblico mais velho se inte-ressa pelo nosso bar umavez que recebemos todos ostipos de artistas de samba.Essas pessoas mais velhas,da Velha Guarda, vêm parao bar e acabam dando can-jas. É um público bemeclético, que vai até os 70anos”, conta.

A dona do Bar, que éresponsável junto com seumarido Du Azevedo peladecoração do local, afirmaque a sua casa de showsacabou se tornando umponto de encontro das tur-mas de amigos. “Funcionatambém como ponto deencontro das pessoas, porisso, muitas vezes, as pes-soas nem chegam a entrarno bar. Acabam encontran-do com seus amigos naporta e curtindo do lado defora”, comenta Anna.

“As pessoas vêm sozinhaspara dançar, as mulheresvêm até sem marido. Nãotem problema nenhum. Aspessoas vêm para dançar,conversar e se divertir”,garante a proprietária.Segundo ela, o bar é umlugar onde as pessoas sesentem à vontade. “Por issoaté o chamamos deZiriguidun: lugar da gente”,acrescenta Anna Göbel.

LUÍZA FERRAZ

Roubo de cones, mania quetraz problemas para a cidade

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TÁBATA BARBOSA,MARIANA LOPES,4º E 5º PERÍODO

Cones não devem ser retirados do local para evitar problemas no trânsito

Divertido para alguns eum problema para aBHTrans, o roubo de conesde sinalização de trânsito éalgo mais comum do que seimagina. Segundo dados daempresa responsável pelotransporte e trânsito na ca-pital mineira, entre janeiro ejunho deste ano foram rou-bados 145 cones, 23 a maisque no mesmo período doano passado.

Pedro Jorge, 24 anos, téc-nico de vídeo, admite já terrecolhido cones de viaspúblicas da capital. "A maio-ria das pessoas roubam oscones por pura diversão. Eumesmo já fiz isso só paraaparecer com meus amigos",admite. De acordo com aBHTrans, o roubo de conesprejudica o trânsito. Aausência de cones na sinal-ização de obras pode oca-sionar diversos acidentes.

Para a agente de trânsitoIeda Milton, seria necessáriouma maior responsabilidade

por parte das pessoas emnão cometerem este tipo dedelito. Ela ainda afirma quenão existe uma forma decontrolar os furtos nem depunir de forma efetiva aque-les que o comentem. "Aspessoas devem gostarmesmo de cones, ou eles sãorealmente divertidos, mas aspessoas poderiam arrumaroutra forma de consegui-los"sugere Ieda. As pessoas quequiserem usar cones em de-coração ou para simplesdiversão, podem comprá-losem lojas especializados em

segurança do trabalho esinalização. Os preços vari-am entre R$8 a R$79,dependendo de característi-cas de cor, reflexibilidade etamanho.

A universitária AlineSouza, 23 anos, diz que játestemunhou o roubo decones. "Eu estava no pontode ônibus em frente a umaobra, quando um carro comalguns rapazes parou e elesdesceram sorrindo e brin-cando pegaram os cones ecolocaram em suas cabeças,dançaram para as pessoas

que estavam no ponto deônibus onde eu estava,pegaram os cones e levaramembora. Confesso que acheimuito divertido, mas fiqueisem saber qual seria a utili-dade de um cone", conta ajovem. Alessandro, 25 anos,que não informou seu

sobrenome, revela que usouos cones que pegou em umaavenida da capital comoobjeto de decoração do seuquintal. "Sempre quis colocarum cone no meu jardim, acheique combinaria bastante, entãoum dia tomei coragem e pegueilogo dois", relata.

YONANDA DOS SANTOS

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9CidadeOutubro• 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Aos 106 anos e commuitas histórias para contar,Lourenço Marcenaro Poff éum típico mineiro que tevesua vida marcada por muitotrabalho e simplicidade. Játrabalhou com horta quandocriança e com venda demadeiras, mas foi comopedreiro que participou deimportantes obras em BeloHorizonte e até mesmo emBrasília. Apesar da idade,Poff se apresenta disposto efeliz com a vida que tem. "Oimportante é a luta diáriaque o homem faz. Nãoposso falar de vitória, masfelicidade", comenta.

Quando Poff participouda construção da Igreja deLourdes, localizada à Rua daBahia, na Região Centro Sul,ele tinha 21 anos. "A igrejade Lourdes é uma obra reli-giosa bem bonita", afirma.Mas ele não se considerauma pessoa importante esim uma pessoa simples.Entre outras obras, par-ticipou de construções como

Lourenço Poff participou da construção da Igreja de Lourdes na capital

estradas e pontes. Entre1923 e 1926, Poff trabalhouem obras de estradas para aSerra do Cipó. Após essadata, também trabalhou noestado, nas obras daGameleira e três meses emBrasília.

Atento aos acontecimen-tos do mundo e as transfor-mações que marcam asmudanças nas cidades, Pofffaz comentários sobre acon-tecimentos atuais e sobrelembranças do passado. Paraele, as pessoas estão maispacíficas. "Nessa campanhapolítica não tem morte, naminha época, tinha muitasmortes, até entre famílias",pondera. Sobre asolimpíadas ocorridas esseano na China, ele demons-trou ter visto e ainda comen-tou que seria uma evoluçãodo mundo.

Poff analisa que foi a par-tir dos anos 30 e 40 queforam surgindo mais escolas."Hoje, fala-se constante-mente da melhoria do ensi-no. Ultimamente é que opovo adquiriu mais edu-cação", afirma. Ele ainda

comenta que hoje existemvárias universidades queninguém sabe quantas são, eque o povo melhorou muitoe está conhecendo mais. Paraele, outro fato que mudoufoi a questão do transporte ea possibilidade de ir de umpaís a outro de ônibus. Eleconsidera que o homem estámuito evoluído e que oBrasil está melhorandomuito, pois acredita que opaís era desorganizado. "Ohomem precisa de todos; nãopodemos dispensar um povo,uma classe", argumenta.

Poff tem uma vidaaparentemente tranqüila.Segundo sua filha, LíviaViana Poff, ele dorme muito,não tem problemas com ali-mentação e os médicos oatendem em casa. Cercadode muita atenção e carinhopor parte de sua família, eleconta com alguns cuidadoscomo atendimento de profis-s i o n a i s : f i s i o t e r a p e u t a ,fonoaudióloga, geriatra etrês cuidadoras que lheprestam assistência durantetodo o dia e aos finais desemana, revezando em

função do horário. "Essamédica que atende em casa émuito boa. Na minha épocanão tinha isso não", diz Poff.Para o conforto, quando hánecessidade de ir até o hospi-tal ele utiliza ambulância.Mas sua vida social abrangeoutras atividades: ele semprevai a passeios e festas fami-liares. São 11 filhos, 34netos e 25 bisnetos, alémdos irmãos. Sua filha contaque, curiosamente, na festade aniversário de 95 anos doirmão de Poff, ele disse que oirmão estava ficando velho.

BOA MEMÓRIA A neta dePoff, Isabella Moura Bossi,de 26 anos, já morou com oavô durante nove anos quan-do era criança. Ela lembraque era muito criança e Poffjá era idoso, com 89 anos."Hoje em dia a gente temuma relação muito maispróxima do que quando meuavô morava lá em casa,porque eu era criança",comenta. Isabella fala quedepois dos 100 anos, Poffmudou muito e ficou maisaberto. "Na época que mora-

va com a gente ele era muitoligado à bolsa de valores equando eu era criança queriabrincar. Nossa relação eramais de respeito", lembra.Isabella conta que Poff faziacaminhada todos os dias naLagoa da Pampulha pelamanhã quando acordava coma cadela da casa. "Meu paisaía depois para caminhar evia meu avô rolando nagrama da lagoa com minhacachorra", recorda a neta.

Atualmente Isabella morana Itália, mas sempre quevem ao Brasil faz questão devisitar o avô. O pai de Poffveio da Itália e por isso eletem uma ligação forte com opaís. Segundo sua neta,quando ela e os primostiraram cidadania italiana,

Poff ficou muito feliz.Poff mora junto com

seu neto e a filha LíviaViana Poff desde o faleci-mento da esposa e umadas filhas. Lívia recordadas histórias que Poffconta à família e diz que opai tem uma boa memória,principalmente degeografia.

Poff é católico masconta que teve uma épocaque não era tão prati-cante. Um dos motivos foio fato de o primeiro casa-mento não ter deixado fi-lhos , pois a primeiraesposa faleceu aindajovem devido a problemasde saúde. "A coisa maiscerta para todos é Deus", afir-ma Poff.

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GUYANNE ARAÚJO,6º PERÍODO

Lourenço Poff, experiência de vida emuitas histórias aos 106 anos de idade

GUSTAVO ANDRADE

UMA NOVA VIDA DEPOIS DO VIETNÃMoradores da extinta Vila São Miguel, conhecida como Vietnâ, contam com saudades dos tempos em que viveram lá. Para eles, foram momentos felizes apesar da violência na região

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CAMILA LAM, DIANA FRICHE,4º E 3° PERIODOS

Após muito tempo de procura, Maria Eny de Souza está satisfeita com sua nova casa, no Bairro Primeiro de Maio

Período de adaptação é

difícil para os moradoresMais conhecida comoVietnã, em referência diretaà violência do local, a VilaSão Miguel deixou de existirhá pouco mais de um ano emeio, mas ainda despertasaudades em muitos de seusantigos moradores. “Tirandoas enchentes, tudo era bom”,afirma Lucinéia GonçalvesSouza, ex-moradora doVietnã que se mudou comseus filhos Pedro, de 7 anos,e Jamilly, de 4 anos, para oBairro Primeiro de Maio, namesma região da vila.

O Vietnã, em BeloHorizonte, fazia parte daRegional Pampulha, loca-lizando-se no cruzamento daAvenida Cristiano Machadocom o Anel Rodoviário, naZona Norte da cidade.Segundo a assistente socialda Companhia Urbanizadorade Belo Horizonte (Urbel),Flávia Mota, entre dezembrode 2005 e março de 2007,231 famílias foram retiradasdo local para a execução dasobras da Linha Verde.

O Padre Pier LuigiBernareggi, mais conhecidocomo Padre Piggi, fazia umtrabalho social no Vietnã.Segundo ele, com o fim davila a violência diminuiu, jáque os ex-moradores pas-saram a conviver com outraspessoas de seu novo bairro.“Lá eram só eles. Aqui estámuito misturado no meio deoutra gente, areja a cabeça”,explica. A opinião do padrecontrasta com a de SulimarMarques Barbosa Ogando,53 anos, que mora no BairroPalmares. Ela, que já morouno bairro Primeiro de Maio,acredita que a violência naregião não diminuiu com ofim da vila, já que os trafi-cantes apenas foram desloca-dos. “Mudei para o Palmares,mas não me sinto mais segu-

ra. Tenho que pagar por segu-rança particular que vigiam avizinhança”, explica Sulimar.

Mary Martins Fonseca, de60 anos, também mora noPalmares, em uma região dobairro vizinha ao local ondeera o Vietnã e que recebiaantigamente o nome de VilaMaria Virgínia. “Quandotinha o Vietnã, o meu bairroera uma paz. Com o fim davila, muitos bandidos foramprocurar outros lugares paramorar e passaram a ser meusvizinhos”, afirma Mary.

O Padre Piggi possui umaforte relação com a vila. Eleajudou a montar uma casa dereintegração para jovens queviviam do tráfico no Vietnã.A casa foi um local que elesse reuniam. “Com dança,música, hip hop, aquelascoisas todas que elesgostam”, enumera PadrePiggi. “Para aqueles que que-riam estudar, tinha aula dereforço também. Tinha ori-entação sexual, sobretudopara as moças, que engravi-dam muito cedo. Era umacasa acolhedora, isenta, por-tanto eles se sentiam à von-tade”, declara. Com o fim da

vila, o local foi transferidopara o Bairro Primeiro deMaio. Wanderson Ale-xandre Adriano, mais co-nhecido como Novato, éresponsável pelo Centro deReintegração Sócio-CulturalNova Vida, no Primeiro deMaio, com atividades seme-lhantes à casa do Vietnã. Elediscorda da fama de seu anti-go lar. “A comunidade doentorno que acha que estáem melhores condições,começa a classificar lugaresque são o escape. O Vietnãera o escape do Primeiro deMaio, Dona Clara, Palmares.É fácil ter um lugar para jogaras coisas ruins”, observaWanderson. Ele acredita quea área era difamada devido àspessoas envolvidas com o trá-fico, mas que a maioria dosmoradores não tinham ne-nhum envolvimento com asdrogas.

A Irmã Maria TeresaMolina Estrella é equatori-ana, mas mora no Brasildesde 1992. Ela faz parte daCongregação Irmãs Maria-nitas e, junto com quatroirmãs, trabalhava na VilaVietnã auxiliando as famílias.

“Era uma vila em que as pes-soas eram muito solidárias”,afirma a Irmã Maria Teresa,com um leve sotaque. Paraela, a população da cidadeenxergava a área com “olhosviolentos”, e se surpreendeucom a comunidade. “As pes-soas da vila eram muitohumanas e acolhedoras, nãoprecisamos em nenhummomento entrar com pro-teção. Essas pessoas eramdesconhecidas para o públi-co”, resume.

AS ENCHENTES O rap doMC JR, José Reinaldo, ex-morador da Vila Vietnã,retrata como as enchentestraziam sofrimento àsfamílias da vila: “Eu fuidesabrigado, a chuva caiumaltratando a gente. Amadrugada fria, eu vi osmeus sonhos ‘correr’ pelaenchente...”. A proximidadecom o córrego Cachoeirinhaacarretava inundações naépoca de chuvas.

O problema com asenchentes também era aúnica preocupação que MariaEny de Souza tinha antes dese mudar para o Primeiro de

O Plano de Remoção eReassentamento (PRR)foi feito antes do proces-so, com a finalidade deminimizar os impactos dofim da vila. “As reuniõescom os moradores e aUrbel eram feitas de 15em 15 dias e, desde oprincípio, uma comissãode moradores da vilaacompanhou todas asetapas”, explica FláviaMota, assistente social daUrbel. Ela completa quemesmo com o planeja-mento não foi possívelagradar a todos da comu-nidade. “Em um processode reassentamento nãotem 100% de satisfaçãopor parte dosmoradores”, informa.

“Procurar casa eramuito difícil. A genteandava a semana inteiri-nha e não conseguia casa.Fiquei muito nervosa eaté fui internada”, conta

Maria Eny. Por isso, elapropôs a Lucinéia a com-pra da casa juntas. “Todomundo falava que nãodaria certo a casa dedois”, conta. Porém, elasconseguem conviver emharmonia.

“Para algumas pes-soas, sair de um lugaronde se tem tantos recur-sos para ir para umacomunidade diferente,onde se tem querecomeçar tudo de novo,é muito trágico”, consta-ta Novato. Lucinéiaexplica que o começo émuito difícil. “A gentenão conversava comninguém. Lá embaixo agente conversava comtodo mundo, conheciatodo mundo”. Maria Enycompartilha essa opiniãoe ressalta: “Sinto muitasaudade. A gente nunca éfeliz fora do habitat dagente”.

Maio. Ela mora no andar decima de Lucinéia. As duaseram vizinhas de casa noVietnã e resolveram juntar odinheiro do reassentamentopara comprarem a casa quemoram atualmente. “Sintomuita saudade, muitasaudade mesmo. A violêncianão afetava, porque nãoéramos do meio. Apesar daenchente. Não gosto nem defalar”, emociona-se donaEny. “As famílias eram todasunidas, uma beleza”, recordaEny.

“Quando a água vinha,ia até o teto. Era ruimdemais, as paredes ficavammofadas. Para quem tinha

menino pequeno era umproblema”, lembra Lu-cinéia. Ela sente falta daliberdade, da facilidade quetinha e acesso aos lugares.Mas aqui a casa é ótima,tudo aqui é melhor que lá.Aqui pelo menos a rua écertinha, tem esgoto, tudodireitinho”,conta. SegundoFlávia Mota, houve visitasàs novas casas para ver opadrão de vida dosmoradores. “Fizemos umaamostragem com 30% dosantigos moradores e agrande maioria teve grandemelhoria de suas ha-bitações em relação aoVietnã”, diz.

GUSTAVO ANDRADE

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10 Cidadania Outubro• 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

GRUPO COLMÉIA CELEBRA 25 ANOSMulheres, que se reúnem há duas décadas e meia em Nova Lima para ajudar a comunidade, comemoram o feito e se unem para manter vivo o espírito solidário das “abelhinhas”

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LAURA SANDERS, CÍNTIA REZENDE, 4º E 7º PERÍODOS

Após cada reunião, asmulheres do grupoColméia, em Nova Lima,fazem uma oração paraagradecer o encontro.Neste dia, a prece tem umpedido especial.“Vamosrezar para que as nossasabelhinhas sempre estejampresentes nos encontros, eque mais abelhinhas ve-nham para a Colméia”,afirma Fabíola MariaSimões Felix, presidentedo Conselho Deliberativoda Colméia. Há 25 anos,mulheres que se intitulam“abelhinhas”, por causa dotrabalho realizado, sereúnem todas as terças-feiras para confeccionarartesanato como forma deajudar a comunidade local.

Maria Alice FrancoPinheiro, desde que semudou para Nova Lima,há 24 anos, freqüenta re-gularmente os encontros.Ela diz que só se afastoudo grupo na época em quesuas filhas se casaram.Maria Alice relata que nocomeço eram apenas en-xovais para mulheres car-entes, mas agora o grupotem mais produtos.“Crochê, bordado, panode prato, é diversificado”,conta. Apesar de teraumentado o número deartigos produzidos, MariaAlice afirma que a partici-

pação das integrantes dogrupo diminuiu muito aolongo do tempo.

Quem também perce-beu as mudanças foiIvonete Rossi Ferreira, naColméia há cinco anos.“Tem reunião que só vemquatro, cinco pessoas.Quando vem poucas pes-soas, bate aquela tristeza”,desabafa. Ela conta quenos encontros as mulheresse reúnem para fazer enxo-vais de flanelas e tambémoutras peças de artesana-to, tudo destinado àsfamílias carentes dacidade. “Eu só não venhomais porque eu ainda tra-balho”, relata MagalyAugusta Rosa, que apesarde ser aposentada conti-nua trabalhando comoprofessora. Mesmo es-tando ocupada durante asemana, ela conta que fazquestão de se dedicar àColméia, onde desempe-nha a função de cos-tureira.

Além dos enxovais, ogrupo ajuda aosmoradores de Nova Limade acordo com a necessi-dade de cada um. “Nossoplano é ajudar qualquerpessoa que esteja em difi-culdade”, explica Fabiola.Isso inclui compra demedicamento, próteseortopédica, cinta para co-luna, aparelho auditivo,conserto de casa. “O quepassa a gente faz”, afirma.Para arrecadar fundos, ogrupo realiza uma feira

todo final de ano ondevendem seus produtos. Háainda dois chás benefi-centes. O primeiro emmaio, em homenagem àsmães, e outro de prima-vera, em setembro, queeste ano foi especial peloaniversário de 25 anos.Nos chás que a comu-nidade participa temlanche e “chá preto comleite, bem na tradição dosingleses”, explica MariaAlice, já que eles influen-ciaram os hábitos de NovaLima.

As reuniões do grupoacontecem às terças-feiras,de 13h às 18h, e o convitepara participar, segundoIvonete, é feito no “boca-boca” mesmo, já que todacidade sabe do trabalho.Ela acredita que a freqüên-cia vêm diminuindo pordiversos motivos, comoproblemas de saúde, fami-liar ou pessoal e tambéma falta de tempo. A coor-denação do grupo tam-bém não é disputada jáque requer dedicaçãomaior.

Fabíola acredita que oespaço das abelhinhas éimportante não só para apopulação mas tambémpara as mulheres que fre-qüentam o local. “Omomento para nós é umespaço sagrado”, garante.Ivonete gosta do bate-papo, do convívio. “Euacalmei meu coraçãoaqui”, conta. Maria Alicediz que é um espaço de rir,

de ajudar uma a outra,como uma família.“Issoaqui para a gente é umaterapia”, observa.

HISTÓRIA Fundada pelasmulheres da cidade com oobjetivo de criar uma ocu-pação para as esposas dostrabalhadores da antigamineradora Morro Velho,muitas delas vindas de out-ros lugares do país e queainda não tinham umaidentidade com a cidade.Inicialmente chamada de“Doce Colméia”, nomesugerido por Maria PerillaRocha Siqueira, professorade ciências, conta que aover um trabalho dos seus

CÍNTIA REZENDE

alunos sobre a organizaçãodas abelhas sentiu nos inse-tos uma inspiração para atrajetória do grupo. “Eu eraprofessora de ciências, aí osalunos fizeram um traba-lho sobre as abelhas, eurelacionei com o 'burburi-nho' das mulheres”, relata.

Além da falta deidentidade, outro pro-blema enfrentado pelosmoradores da cidadeera o alto número dejovens grávidas antesdo casamento. Paraisso, as abelhinhasdesenvolveram um tra-balho de conscientiza-ção, mesmo que indire-ta das jovens e também

o auxílio às mães car-entes por meio dadoação dos enxovaispara os bebês. “Faltavaum trabalho, ocupaçãopara as mulheres dacidade. E também haviamuita gravidez dejovens na cidade”, lem-bra Fabíola.

Hoje, 25 anos depoisda criação do grupo,Fabíola conta que aColméia ajuda aosmoradores da cidade etambém auxilia a prefeitu-ra quanto aos pedidos deenxovais, suprindo aausência na cidade de umprograma social voltadoàs mulheres carentes.

Mesmo ocupada durante a semana, a professora Magaly Rosa dedica-se à Colméia, onde atua como costureira

Recuperação que vem por meio da arte e cultura n

GLEISA EVANGELISTA DE PAULA, 4º PERÍODO

Raquel Martins Pinheiro, diretora do centro , conta que as atividades oferecidas tem como objetivo a inserção social

Jovenato Pereira Luas,38 anos, morador doBairro Santa Tereza enovo paciente do CentroMineiro de Toxicomania(CMT), recebe apoio nolocal para se desintoxicardas bebidas alcoólicas. Otratamento teve início há20 dias, por meio dereuniões em que elerecebe apoio psicológico."As reuniões estão medando sentido para avida", desabafa Jovenato.

O CMT é um serviçoespecializado no atendi-mento de usuários deálcool e drogas. É umaunidade da FundaçãoHospitalar do Estado deMinas Gerais (Fhemig),sendo vinculado técnica eoperacionalmente à Sub-secretaria Estadual Anti-drogas da Secretaria deDesenvolvimento Social eEsportes. É um serviçooferecido pelo SistemaÚnico de Saúde (SUS),sendo o primeiro doBrasil que atende gratuita-mente. Os participantespodem permanecer nasdependências da unidadede atendimento de segun-da à sexta-feira de 8h às17h, no chamado modointensivo. Ninguém é

obrigado, no entanto, aficar no local.

A diretora do centro,Raquel Martins Pinheiro,informa que durante operíodo de tratamento, apessoa recebe orientaçãopsicológica, terapêutica emédica com o objetivo de

proporcionar ao indivíduoinserção e re-inserçãosocial. Além disso, existemno local oficinas de terapiae esportes que colaborampara a auto-estima dosintegrantes. "Essa formade tratamento é determi-nada pelo Ministério da

Saúde. Todo centro deatenção psico-social,Capes, e em BeloHorizonte, Cersam, ofe-rece esse tipo de tratamen-to, de não internação, comatendimento médico eoferta de oficinas terapêu-ticas", explica Raquel

Martins. As oficinas oferecem

uma importante colabo-ração para o processo dedesintoxicação, pois per-mitem aos participantes achance de ocuparem otempo de maneira criati-va e demonstrar suashabilidades. A idéia éque as pessoas busquemaquilo que possa servir deapoio a fim de que elassintam-se seguras. A bi-blioteca conta com umgrande acervo e as ofici-nas têm a orientação deum artista plástico.Diferente de outros cen-tros que oferecem cercade nove meses para arecuperação da pessoa, oCMT não estipula tempo.De acordo com a direto-ra, todos podem ficar operíodo necessário parase sentir seguros e pron-tos para voltar ao meiosocial.

Segundo ela, os traba-lhos produzidos pelosparticipantes são expos-tos em feiras em datassignificativas. Neste ano,por exemplo, houve umaexposição em 26 dejunho, o dia internacionaldo combate ao abuso dedrogas. E está previstaoutra feira aberta aopúblico no final do ano.

Os adolescentes são

atendidos em gruposdentro do centro enão ficam juntos comos adultos. Essa res-olução atende à orien-tação do setor jurídi-co da Fhemig, queacredita que o adoles-cente se sente melhorem grupos específicos,realizando atividadesmais voltadas parasua fa ixa etár ia .Segundo Raquel Mar-tins, os mais jovenspreferem os jogos eexercícios mais rápi-dos à atividades maisorganizadas tais comopintura ou escultura.

A irmã de Jovenato,Maria Pereira LuasOliveira relata que oirmão melhorou muitodepois que passou a setratar no centro."Gostei porque eleestava muito fraco, eestou achando que eleestá recuperando bem",comenta. SegundoMaria Pereira, a mãedele está se sentindomais tranqüila porqueo filho tomou a decisãode se tratar. Ela contaque o irmão nãocomia. "Ele ficavaquerendo dinheiro parabeber e incomodava af a m í l i a " , l e m b r a .

YONANDA DOS SANTOS

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11CidadaniaOutubro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Grafite leva arte e vida aos muros do Hospital n

MARCELO MOREIRA, 1ºPERÍODO

Os muros do HospitalOdilon Behrens estão commais vida. Uma parceriaentre a Assessoria deComunicação do estabeleci-mento, a AssociaçãoMunicipal de AssistênciaSocial (Amas) e o CentroCultural Liberalino Alves deOliveira impulsiona desde oinício deste ano, a arte dografite ao redor dasdependências do hospital. Oprojeto visa conscientizar acomunidade sobre temasimportantes sobre saúde emeio ambiente, tais comodireitos da criança e do ado-lescente, doação de sangue,preservação ambiental,respeito aos idosos, soli-dariedade e prevenção àsdoenças sexualmente trans-missíveis. Eles foram escolhi-dos por funcionários epacientes do Odilon Behrense já representam uma melho-ria de qualidade de atendi-mento e relacionamentoentre a comunidade usual efuncional do hospital.

Os grandes destaques doprojeto são os estudantes

Éder Luiz e Bryan Luiz de Oliveira, moradores da comunidade local, pintam o muro com temas sociais e ambientais

que grafitam e dão cor aosmuros, cada um com suahistória em particular, sãoexemplos de como a arteconstrói e acrescenta na vidados jovens. Com exceção doprofessor Éder Luiz dosSantos Quirino, 26 anos, ori-entador do grupo, todos os

grafiteiros não estiveramenvolvidos com pichações derua. Bryan Luiz de Oliveira,18 anos, Lucas BonifácioMartins, 17, e HelderVinícius Oliveira, 18, sempreestiveram comprometidoscom projetos sociais quedesenvolveram suas habi-

lidades.Segundo o próprio grupo

o mais habilidoso dos alunosé Bryan, o único integranteque não é morador daPedreira Prado Lopes, vizi-nha ao hospital. Desde cri-ança, ele já demonstravaaptidão para desenho. Os

pais dele perceberam o talen-to e em 2004 o colocaram noprojeto "Fica Vivo". "Aindanão me considero umgrafiteiro de mão cheia,tenho muito a melhorar eaprender", reconhece Bryan.Ele participa também de pro-jetos musicais, atuando emmais de uma banda e dizestar sempre viajando. "Estoume formando no ensinomédio, e quando possívelprestarei vestibular, seja parabelas artes ou algo dogênero", acrescenta.

O professor e orientadorÉder Luiz dos SantosQuirino é mais um perso-nagem de destaque. Maisvelho do grupo, ele é o queestá desenvolvendo arte hámais tempo, desde 2000, porintermédio do projetoGuernica. Éder impressionapor seu vasto conhecimentoartístico e cultural. "Hoje,depois de anos de estudos daarte já conheço obras e esti-los de vários artistas, tantodo cenário atual do grafitecomo os clássicos, comoMonet, Michelangelo",comenta.

Todos os participantes daspinturas se orgulham. "É umtrabalho de maior reconheci-

mento na sociedade, rendeelogios e orgulho. É muitomelhor do que trabalharcomo servente de pedreiro",exemplifica Éder. "Serventede pedreiro é puxado, traba-lhar com o que gosta, a arte,é muito mais interessante",complementa.

Os artistas ainda nãoterminaram todo o projetoe continuarão com o tra-balho de levar arte aosmuros do Odilon Behrens,até que todo o contornodo estabelecimento sejarevitalizado e decorado.

O Hospital OdilonBehrens reconhece aimportância da iniciativa."É um trabalho importantepara a comunidade, ostemas de conscientização,demonstram que preocu-pamos com a educaçao dasociedade, além de abrirespaço para os artistas epara as artes. É respon-sabilidade social", explicaNathalie Rajão FerreiraSilveira, integrante daAssessoria de Comu-nicação do Hospital. “Aspessoas já comentam,reconhecem e elogiam otrabalho feito nos muros",acrescenta.

GUSTAVO ANDRADE

HUMANIZAÇÃO NO ODILON BEHRENSPensando no bem estar dos funcionários e pacientes, hospitais e centros de saúde da capital investem no processo de humanização, cuja prioridade é fazer um sistema de saúde melhor

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CAMILA LAM, CÍNTIA REZENDE,4º E 7º PERÍODOS

Quem observa o tímidosegurança do Hospital OdilonBehrens, Nilson Apolo dosSantos, nem imagina que eleé uma das mais cotadasatrações do projeto Saúdecom Arte, iniciativa doprocesso de humanização cri-ado pelo Ministério daSaúde. A colega de trabalho ecoordenadora da iniciativa,Swraide Salgado Pino, quenão poupa elogios ao cantor ecompositor de bossa nova eblues, conta que na primeiravez em que o segurança seapresentou no hospital, areação dos funcionários foi deespanto. “Ele se revelou umgrande talento, e todo mundoficou espantado com o fatode ele cantar”, relata Swraide.

Apolo conta que suaprimeira apresentação acon-teceu há pouco mais de umano, fato que para ele, “jun-tou a fome com a vontade decomer”. Para o segurança,um hospital também podeser um lugar de alegria e dearte. “A música é uma ponte,e aqui é um lugar onde aspessoas estão com a almaferida e desesperançada, eacho que isso trás uma re-compensa para eles”, afirma.

Swraide conta que oprocesso de humanização dohospital começou em 2001,mas em 2006, o Saúde comArte foi ampliado e tambémdiversificou o número deações no local. A enfermeirarelata que as atividades sãotodas promovidas pelosdiferentes setores do hospitale que, excetuando a aula dedança e do coral, que custammensalmente R$10, asdemais são gratuitas. “Agente também faz gincanasonde cada setor pode deco-rar seu setor e no final ovencedor ganha brindes quepodem ser DVDs, aparelho

Na apresentação de bonecos na ala da pediatria, as crianças internadas podem se divertir com os fantoches

de TV, e MP3”, relata. Além das aulas, o projeto

de humanização tambémconta com apresentaçõesfeitas pelos artistas e fun-cionários do hospital.Atividades que revelaram ta-lentos como Apolo e o san-foneiro José Araújo que,graças ao projeto pôde divul-gar seu grupo de forró emostrar sua habilidade com oinstrumento. “Foi gostosodemais”, define.

Na capela, seis pessoas con-versam sobre os motivos dasua estadia no local e tambéma experiência de passar boaparte do dia dentro do hospi-tal, no chamado grupo dereflexão, coordenado porSávio Ricardo, que pergunta auma das participantes qual aparte do corpo que ela maissente tensão. “Os ombros”, elaresponde. A partir daí, Sávioorienta as pessoas a fazeremuma massagem na acompa-nhante para “trazer conforto”.

De acordo com SávioRicardo, este espaço é degrande importância, princi-palmente para os acompa-nhantes que hoje, são osmaiores freqüentadores dogrupo. ”Eles precisam é deouvir o outro. Só de um falarcom o outro já alivia a ten-são, e eu acho que eles se sen-tem bem demais após areunião. Eu encontro depoiscom eles nos corredores evejo que eles estão melhorese rindo”, acredita.

APRESENTAÇÃO O casalRoberto Ferreira e AparecidaOliveira da Silva pensou emtodos os detalhes para a apre-sentação de fantoches, noHospital Odilon Behrens.Como o público principalseria crianças, Roberto deci-diu fazer a apresentação combonecos moles e não commarionetes. “Com o fan-toche, posso brincar tantocom uma criança deitada

quanto com uma criança quetenha condições de estar depé”, explica. O boneco, comtraços de palhaço, tambémpossui uma justificativa. “Opalhaço é diretamente associ-ado ao imaginário da criança,e encanta tanto um meninoquanto uma menina”, afirma.

A partir do momento que ocasal sai pelos corredores dohospital, há uma imediatainteração com adultos e cri-anças, pacientes ou fun-cionários. Os sorrisos queaparecem nos rostos surgempouco a pouco, como o damãe de Amanda Beatriz.“Chique demais, muito boa ainiciativa”, afirma Nilce Alvesde Souza, que sorri mais quea filha ao ver os bonecos brin-carem pelo corredor em queaguardava a consulta.

Há uma semana internadono hospital, GuilhermeSantos de Oliveira, 3 anos,não conseguiu parar de olharpara os palhaços, mesmodeitado em sua cama. Para opai, Felizberto Bessa deOliveira, a brincadeira émuito bem-vinda, pois as cri-anças precisam de uma dis-tração. Guilherme falou parao pai que queria brincar defantoches também e contar“dos bonecos”, para a mãe,que iria visitá-lo mais tarde.

Para o pediatra RalphMelo, a apresentação de fan-toches pelos corredores, deve-ria ser uma atividade fre-qüente. “Distrai os meninosenquanto esperam o atendi-mento e isso me lembra osDoutores da Alegria. Bom deter e isso não afeta somente àscrianças”, observa. Exemplodisso é a aposentada MariaRosa dos Santos Silva, que fazterapia ocupacional. “Quebraum pouco o clima do lugar eajuda no tratamento”, contarindo após a entrada dos fan-toches na sala em que estavacom Maria dos Santos Maia,também paciente.

Informação na dose certaO projeto Posso Ajudar,

completa seis anos e cumprebem com o seu papel de au-xiliar no pronto-atendimentodo Hospital Odilon Behrens.Os estagiários e monitoresque participam dele possuemcomo objetivo, mediar arelação entre familiares dospacientes com a equipe desaúde, acolher e orientar osusuários e melhorar a imagemdo atendimento aos pacientesdo Sistema Único de Saúde(SUS). Acompanhando suatia para aguardar uma consul-ta, Natália Cristina AlvesGonçalves explica como oprojeto ajuda quando precisaobter uma informação. “Namaioria das vezes, as enfer-meiras estão muito ocupadase não dá para correr atrásdelas quando tenho algumadúvida”, diz.

O monitor PedroAdalberto Aguiar Castro,estudante do 6º período deenfermagem, possuía outravisão quando começou aestagiar. “Não entendia comoo projeto podia ajudar as pes-

soas. Hoje, enxergo que vaimuito além do que só recebere instruir”, diz. Ele é respon-sável pelo monitoramentodos estagiários do turno datarde e explica que, na maio-ria das vezes, as dúvidas dosacompanhantes ou usuáriosnão podem ser esclarecidaspor ele, já que não possuiconhecimento médico. Osimples olhar, a atenção queé dada pelos que trabalhampara o projeto, já ajuda.“Existem pessoas muito ca-rentes, e esse clima pesadodo hospital influencia as pes-soas. Por isso, quando atendouma pessoa, tento daratenção para ela, olhar nosolhos mesmo”, diz Pedro.

“Todos os hospitais deve-riam ter esse tipo de atendi-mento. Além da facilidade,sou muito bem atendida pelopessoal do Posso Ajudar”,ressalta Carla Aparecida dosPassos. “Estou aguardando umatendimento com a minhasobrinha, e perguntar para elesevita atrapalhar a fila noguichê”, diz. Anilton Nunes

dos Santos apóia o projeto,porque consegue informaçõesde forma rápida e sem inco-modar os funcionários, queestão ocupados. “Sou muitobem atendido e esclareço mi-nhas dúvidas”, conta.

Aluna do 3º período deenfermagem, Valéria deSouza Ribeiro, que faz partedo projeto há apenas ummês, considera o estágio umaoportunidade única deaprendizado. “Esse acolhi-mento diferencial, de formahumanizada, é muito gratifi-cante”, relata. BárbaraMorato Chamon Machadopossui três meses de estágio edestaca a importância de seutrabalho. “Os usuários eacompanhantes valorizamesse atendimento, tem horasque eles só querem conversarum pouco, ficam perdidos enão sabem o que fazer. Umasimples conversa pode auxi-liar muito mais do que infor-mações técnicas”, observa.

GUSTAVO ANDRADE

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12 Comportamento Outubro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

REI DO ROCK AINDA DESPERTA PAIXÕESn

ALINE SCARPONI,ANA LUÍSA AMORE,ISABELLA LACERDA, STEFÂNIA AKEL,2º PERÍODO

No início, a paixão deThaís era direcionadasomente àquele que viria aser seu marido. Com aintenção de conquistá-lo,ela precisava, primeira-mente, atrair sua atenção.Para isso, nada melhorque conversar sobre amaior paixão dele: ElvisPresley. Ela tambémacabou se apaixonandopelo cantor.

Esse ano, Thaís eRodrigo Botinha comple-tam cinco anos de casa-mento e atribuem ao can-tor de rock da década de50 a responsabilidade pelaunião. "Comecei a meinteressar pelo Elvisporque estava interessadano Rodrigo. Para poderconversar com ele, eutinha que saber algumacoisa a respeito do cantorpreferido dele. Comeceientão a pesquisar. Virouuma paixão muito grandepelo Elvis. Ele teve umaparticipação enorme nessecasamento", revela Thaís.

Rodrigo é um dos inte-grantes do Clube Elvis,um fã-clube do cantornorte-americano em BeloHorizonte, que comple-tou, em 2008, 11 anos deexistência. O grupo buscamanter viva a imagem docantor, não apenas nashomenagens e exposiçõesque realizam, mas nascampanhas de caridadeem que se envolvem.

Antônio Roque, fun-dador do grupo, esclareceque as doações destinadasàs instituições de caridade

são arrecadadas emencontros promovidospara homenagear o cantorem sua data de nascimen-to e morte. Nesses encon-tros, os participantes,vestindo acessórios queremetem ao cantor, inter-pretam em um karaokêuma música gravada porElvis e fazem doações quesão repassadas para ainstituição escolhida. "Agente faz um karaokê, sópara ver a galera lá gritan-do, tentando imitar oElvis, e premia quemcanta melhor. Depois,procuramos direcionardoações para uma institu-ição que realmente nãotem apoio governamental,que precisa mesmo", expli-ca Roque. Esse ano, ainstituição escolhida pelogrupo foi o Asilo LarTarefa Amor, localizada noBairro Saudade, RegiãoLeste de Belo Horizonte.

A idéia de formar o fã-clube surgiu quandoRoque retornou de umaviagem aos EstadosUnidos, na qual foi visitara casa de Elvis Presley.Retornando ao Brasil e seestabelecendo no Rio deJaneiro, Roque teve conta-to com movimentosnacionais que prestavamhomenagem ao cantor. Aose mudar posteriormentepara Belo Horizonte, tevea idéia de fundar um fã-clube na capital mineira."Eu achei legal fazer essemovimento aqui em BeloHorizonte, porque eumorava no Rio antiga-mente e lá eu já participa-va. Chamei uma galeraque eu conhecia e quegostava do cantor.Fundamos o fã-clube em97. Aos poucos foi

Muito tempo após sua morte, o cantor norte-americano Elvis Presley ainda inspira a trilha sonora de casais apaixonados e mantém viva a sua imagem por meio de fãs, como o Clube Elvis

Rodrigo Botinha, um dos membros do Clube do Elvis, mostra as fotos e a réplica em tamanho real que tem do ídolo

chegando mais gente",explica.

O acervo do grupo écomposto de bustos,cartões, fotografias, CDs eálbuns. Inclui tambémitens bastante curiososcomo bolsas, placas decarro e um pôster detamanho natural do can-tor. Antônio Roque possui,sozinho, 1500 fotos deElvis Presley, além de 660cartões ilustrativos dasvárias fases da carreira doartista e 200 CDs. "Apróxima compra que voufazer agora é de roupa ínti-ma com fotos do Elvis.Uma vez eu vi umareportagem que comenta-va a respeito do desvio psi-cológico do colecionador.Nós realmente temos umdesvio. Fã não é total-mente pirado, é só umpouco desequilibrado",afirma Antônio Roque,entre sorrisos, enquantoplaneja encontrar com um

colecionador que mora noRio de Janeiro e que pos-sui 12 mil CDs do cantor.

Robson Roberto Re-sende, integrante doClube Elvis há dez anos eque exibe uma cópia dopenteado do cantor, tam-bém comenta a relaçãoídolo-fã. "Quem é cole-cionador quer ter tudodele. Enrustidamentetodo mundo quer imitar",admite.

A convivência com ou-tros estilos musicais, con-tudo, não é excluída pelogrupo. Artistas comoChico Buarque e TomJobim são, também, admi-rados por eles.Entretanto, há restrições.Estilos como o funk e osatuais modismos musicaisnão são valorizados pelosintegrantes enquanto pos-suidores de teor artístico."Eu gosto de música comletra inteligente. Minhamenina de 15 anos vai em

bailes funk. Lá o que tocaé o Créu. Eu falo oseguinte, tem uma músicaantiga chamada 'Sambade uma nota só'. Eu digo aela que essa música queela ouve é música de umapalavra só", diz o criadordo fã clube.

Mesmo reunidos devi-do à comum admiraçãopor Elvis Presley, o grupoafirma existir outrasafinidades que os une."Além da paixão peloElvis, a gente tem outrasafinidades. Gostamos debater papo, de falar defutebol, a nossa própriasimplicidade é umaafinidade", comenta Ro-que.

DIFICULDADES O fun-dador do Clube Elvis,entretanto, pontua algu-mas dificuldades geral-mente enfrentadas porgrupos nacionais quevisam homenagear artis-

tas. A diferente assimi-lação cultural dasociedade brasileira acer-ca desses fã-clubes e opequeno incentivo for-necido a eles pelasgravadoras em geral sãoalgumas delas. "Aqui emBelo Horizonte não temmuito essa tradição. Agente não tem cultura eincentivo para perpetuarum artista. As gravadoras,hoje em dia, não têm inter-esse em manter fã-clubes,mesmo quando se montaum fã-clube de um cantorvivo. Elas não mandam umpacote promocional, fotosexclusivas, mensagem gra-vada especialmente para ofã-clube. Não há busto,placa, pôster", desabafaRoque.

Além disso, para ele, adificuldade encontradapara se homenagear artis-tas nacionais é muito maiorque para homenagear osinternacionais. "Para mim omaior artista musical na-cional é Chico Buarque.Suas letras acompanham ocotidiano brasileiro. Masaqui quase não existeincentivo por via degravadora", reclama.

De acordo com RobsonResende, os fã-clubes tam-bém precisam saber convivercom a modernidade. O aces-so universal a músicas efotografias de qualquerartista, disponibilizadas pelainternet, democratiza o pro-duto artístico, mas, por outrolado, o desvaloriza. "Temosque realçar que esse materialtodo vem do exterior. E ainternet ajuda muito. Mashoje com a mídia eletrônicaestá se acabando essa coisade disco. Você copia, vocêbaixa. Você troca com outraspessoas", constata.

YONANDA DOS SANTOS

Casas noturnas atraem fãs do bom e velho rockn

DANILO GIRUNDI,DIOGO MAIA,2º PERÍODO

Há mais ou menos dezanos o rock clássico vemganhando espaço na noitebelo-horizontina, graças aoaumento do número decasas que oferecem apresen-tações de grupos covers.Esse estilo musical contagiaa juventude e faz com quepais e avós voltem a "agitar"em pubs da capital.

Quando perguntadosobre o sucesso de bandascomo o Sgt. Pepper's –cover dos Beatles –,Advaldo de Oliveira, sócio-proprietário do Pau e Pedra-pub localizado à AvenidaGetúlio Vargas, na Regiãoda Savassi, comenta que aprincipal causa é a influên-cia exercida pelos pais.Ouvir Pink Floyd ouRolling Stones em casa gerauma preferência musical eacostuma novas gerações aprocurar lugares inusitadospara se divertir.

Entre somente ouvir umplayback da música e assis-tir uma banda cover, aescolha pelo show é

arrasadora, relata aindaAdvaldo. "Sempre que pediapara meu pai para ir a umshow ele deixava e às vezesaté ia comigo, mas se era emuma boate ele costumava'embaçar'", conta DanielAlves, pré-vestibulando de23 anos e fã de rock.

É possível notar certaanuência dos pais quando opedido é pelo espetáculo.“Assim eles podem ir junto ese divertir com a gente", dizMarco Túlio Modesto, 21anos, estudante de meca-trônica da PUC Minas. Afuncionária pública AnaMaria Monteiro, 43 anos,mãe de Marco Túlio, gostade clássicos como a bandade Mick Jagger e conta quejá assistiu apresentação deum cover na extinta casanoturna de BH, a TrêsLobos. "Se meus filhos qui-serem iria com o maiorprazer a um show com eles",menciona Ana.

Segundo os cinco inte-grantes do Hocus Pocus – JôAndrade, bateria; WalterAndrade, baixo e vocal;Sylvio Campos teclado evoz; Vlad Magalhães, gui-tarra, voz e violão; Beto

Arreguy, guitarra e voz; aprocura por covers é maiorporque se consegue cativarmais facilmente o públicodo que com música própria.Porque segundo o baterista,é demorado conseguir fãscom som próprio.

Questionados sobre oporquê de se montar umabanda cover Jô Andrade,responde que pelo simplesprazer em tocar e pela difi-culdade em criar sons elabo-rados, ressaltam ainda que o"espírito" da banda é muitomais importante que a téc-nica e que o diferencial deuma boa banda cover é acapacidade de reproduzir nopalco a energia da bandahomenageada.

Diversas são as idades eos meios de escutar música.O engenheiro civil MarcosMenicucci, de 35 anos,adora sentar no escuro comum copo de uísque paraescutar The Doors. "Émuito bom ficar 'viajando'na letra e na melodia paraesquecer os perrengues deuma vida corrida", diz. Jápara Eudes Carlos Matos,estudante de direito da fa-culdade Milton Campos, a

O público tem preferência pelos shows de bandas covers de rock clássico em vez de escutar as músicas em playback

atração pela música está nocarisma e nas boas vibraçõesque a envolvem. O estu-dante ainda reitera que sem-pre vai a shows covers debandas que fazem apresen-tações gratuitas ou que nãocobram muito caro e dizque o preço absurdo cobra-do em alguns lugares é devi-do ao baixo incentivo que setem em Belo Horizontecomparado com cidades

como São Paulo.

AVENTURAS O estudanteEudes esteve presente no showhistórico dos Rolling Stonesrealizado em fevereiro de 2006na praia de Copacabana noRio de Janeiro, para ele o me-lhor show de sua vida.

A aventura lhe rendeu boashistórias como a da carteira,em que o rapaz entrou no marde manhã com a carteira no

bolso e quando percebeu já eratarde demais. "Meu dinheirofoi para a conta de Yemanjá",brinca o estudante. Ele contoutambém que ao final doespetáculo a polícia usou méto-dos pouco convencionais paraacelerar a saída da multidão dapraia. “Com gás lacrimogêneofoi uma correria só, na con-fusão eu e meus amigosfomos pisoteados", relata.

GUSTAVO ANDRADE

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13EsporteOutubro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

TORCIDA EM BH, SOTAQUE DE FORATorcedores de equipes de outros Estados que moram na capital mineira reúnem-se em bares para prestigiarem jogos de futebol de clubes como Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo

n

CRISTIANO SILVA MARTINS,DAVID LUIZ PRADO,EMERSON CAMPOS,8° PERÍODO

São aproximadamente15h de uma tarde de sába-do. Em um bar, no BairroSanto Antônio, RegiãoCentro-Sul de BeloHorizonte, torcedores ani-mados tremulam bandeirase vestem camisas do seutime do coração, ansiosospelo jogo que está prestes acomeçar. Não muito longedali, em outro bar, noBairro Cidade Jardim,adeptos de uma equiperival também se concen-tram para torcer. O fatocurioso é que não se tratamde torcedores de Atlético eCruzeiro, mas sim dos cari-ocas Flamengo e Botafogo.

Nos dois locais, ambasas torcidas têm a garantiade transmissão dos jogos deseus times durante toda atemporada, incluindocampeonato regional e oBrasileirão. Essa comodi-dade não é exclusiva parabotafoguenses e flamen-guistas. Torcedores deVasco, Palmeiras, SãoPaulo, Santos eCorinthians, entre outrostimes, também têm pontosestabelecidos na capitalmineira para se encontrar eacompanhar as partidas.“Pode estar passando umjogo do Flamengo contraum time pequeno, no

campeonato carioca, que eudeixo de passar um clássicoentre Cruzeiro e Atlético,por exemplo”, afirma ocomerciante Frederico Sá,de 36 anos, dono do bar emque a torcida se reúne hácerca de três anos.

Apesar da impossibili-dade de torcer nos estádios,devido à distância, os torce-dores têm um objetivo, nosbares, parecido com o queteriam nas arquibancadas:incentivar seu time comtoda a empolgação. É o queexplica Charles Hemerly,24 anos, um dos fundadoresda torcida Vasco BH. “Asreuniões são para quemgosta da emoção de ir aojogo, mas não tem como irao estádio. É para quemgosta mesmo de torcer. Tematé pessoas que têm TV acabo e o pacote pay-per-view em casa, mas preferever aqui, por causa desseclima”, argumenta o estu-dante.

O palmeirense LuccasRiedo, de 18 anos, natural deSão José do Rio Preto, nointerior de São Paulo,mudou-se há quatro anospara a capital mineira. Nãosatisfeito em assistir sozinhoaos jogos em sua casa, o estu-dante decidiu procurar outrostorcedores do Palmeiras nacidade, e descobriu, por meioda internet, o local onde seencontravam. “Não conhecianinguém, mas decidi com-parecer a um jogo mesmo

assim, porque percebi pelacomunidade que era umgrupo formado exatamentepra reunir a galera, fazeramizade. E todos foram real-mente bem receptivos”, contao estudante, que há poucomenos de dois anos é fre-qüentador do grupo.

A busca por um ambientefamiliar é proposta emcomum a todas essas torcidas.O objetivo é criar um climade amizade e respeito, paraque idosos, crianças, casais efamílias inteiras possam, jun-tos, acompanhar e incentivaro time do coração. Quem afir-ma são dois organizadores detorcidas historicamenterivais: o flamenguista JoãoProcópio e o vascaíno ThiagoGava, ambos de 24 anos.

João, presidente da torcidaFla BH, ressalta a importân-cia desse ambiente nasreuniões. “Tem casos de pes-soas que começaram anamorar aqui, e crianças emulheres também freqüen-tam. É importante esse clima,é gostoso, não só para ver ojogo, mas principalmentepara estar reunido com essepessoal que tem um interessee uma paixão em comum”,comenta Thiago, um dos fun-dadores da Vasco BH. Elelembra que até mesmo aescolha do local para assistiraos jogos foi pensada nessesentido. “Buscamos umambiente para a família, umlugar mais fechado. Isso ajudamuito a entrosar. Hoje, essa

amizade já vai além, o pessoalconvida os membros da torci-da até para casamentos,formaturas e aniversários”,diz.

Foi justamente esse climaque levou Maria IzabelCarvalho, de 39 anos, alevar seus dois filhos, Lucca,

de 10 anos, e Enzo, decinco, ao bar da torcida fla-menguista. “É a terceira vezque eu venho com eles. Opai já vinha antes e sempredizia que o ambiente erapróprio para a família, sempalavrões e com respeitoentre os torcedores. Foi jus-

tamente por isso que resolvitrazê-los”, conta aempresária, que épalmeirense, mas incentivae acompanha os filhos.“Hoje, inclusive, até o avôdeles está aí. Três geraçõesde rubro-negros na família”,brinca.

O palmeirense LuccasRiedo ficou sabendo datorcida do seu clube pormeio de um site de rela-cionamentos. Foi essa tam-bém a ferramenta usadapelo estudante DanielAlves da Silva, 21 anos,para localizar outros torce-dores do Santos na capital.“Na internet, é fácil reunirpessoas pelo gosto emcomum em relação a estilosmusicais, cinema, moda ejuntar esse pessoal. Com ofutebol, não é diferente”,afirma Daniel.

Para Charles Hemerly,da Vasco BH, a internettem sido o principal canalde informação e interaçãoentre os membros da torci-da. Ele explica que, a partirdo momento em que ocor-reu a divulgação dosencontros na rede, onúmero de torcedoresaumentou de forma signi-ficativa nos dias de jogo.“Logo que a gente fechoucom o bar, criamos a comu-nidade, e já no segundojogo, reunimos mais 30pessoas”, comemora. Alémde divulgar os horários dosencontros, a comunidadeserve ainda para que sejamenviadas mensagens e con-vites para outros eventos,como churrascos e viagens.

Charles alerta, porém,que é preciso tomar cuida-do com as comunidadesabertas na internet, paraque elas não virem ambi-ente de provocações ebrigas com torcidas adver-sárias. “Hoje, temoscadastradas cerca de 100pessoas que já vieram aojogo, com nome, telefone ee-mail, para que possamosmandar os avisos em umalista fechada. Isso evitaconfusões e interferênciasexternas”, explica.

As reuniões da Fla BHtambém começaram a par-tir do encontro dos torce-dores na rede. A comu-nidade flamenguista no siteOrkut é a maior dentre asdedicadas a clubes de ou-tros estados em BeloHorizonte, com cerca detrês mil membros associa-dos. Os contatos pela inter-net, não são, no entanto, aúnica forma de reunirtorcedores.

No caso da torcida doBotafogo, o caminho foicontrário. Os fundadores daFogoHorizonte se conhece-ram durante o lançamentodo livro “Botafogo entre oCéu e o Inferno”, em BeloHorizonte, há quatro anos.Somente depois de sereunirem algumas vezes

para acompanhar os jogos,eles decidiram criar um siteoficial da torcida, no qualdisponibilizam notícias,fórum de discussão e galeriade fotos e vídeos, além devenderem produtos perso-nalizados da torcida.

OUTROS EVENTOS Alémde promover as reuniõespara ver os jogos pela TV,os organizadores têm ten-tado ampliar as formas deintegração entre os partici-pantes. No caso da torcidavascaína, a fórmula encon-trada foi a realização deuma roda de samba após osjogos nos fins de semana.Além disso, já foram rea-lizadas duas viagens paraver os jogos em SãoJanuário, no Rio.

João Procópio, presi-dente da Fla BH, contaque, apesar de não seremmuito freqüentes, já foramrealizadas algumas “pe-ladas” entre os membros.Além disso, eles tambémplanejam aumentar a quan-tidade de excursões. “Nojogo contra o Ipatinga, porexemplo, que foi mais próx-imo, a gente organizouuma viagem. No segundoturno do campeonato, pre-tendemos repetir a ex-cursão”, afirma.

Lugar cativo para torcerPara os donos dos esta-

belecimentos, garantir atransmissão de todos os jogosdá aos torcedores mais tran-qüilidade e assegura umaclientela fiel, o que resultaem maiores lucros a cadarodada. No caso de FredericoSá, dono do bar em que sereúne a torcida do Flamengo,o evento, além de propor-cionar um bom faturamento,também é conveniente para ocomerciante, pois ele tam-bém é flamenguista. Ele járecebeu propostas de torcidasde outras equipes, como asdo Internacional e do SãoPaulo, e até mesmo de timesmineiros, mas em nenhummomento pensou em mudar.

Segundo Sá, compensafinanceiramente receber ostorcedores de outros estados,pois, caso contrário, seuganho seria muito menor porcausa da má localização deseu estabelecimento. “Paramim é melhor assim, já que oponto do meu bar é escondi-do e com os torcedores eugaranto mais movimento evisibilidade”, esclarece.

Da mesma forma, LuizFlávio Silva, de 30 anos,avalia que a fidelidade da tor-cida é muito positiva para onegócio e não afasta osclientes com perfis diferenci-ados. “Tudo é questão dedivulgação, se eu passar atransmitir jogos do Cruzeiroou Atlético, terei mais proble-mas, porque tem concorrên-cia e também mais chancesde haver brigas, sendo doVasco, é exclusivo”, explica.

Luiz Silva também contaque seu restaurante sereestruturou para receber onovo público. Antes, o esta-

belecimento funcionava ape-nas durante o dia, e, após aproposta da Vasco BH, elecomeçou a abrir também ànoite e instalou diversos pon-tos de TV a cabo com trans-missão de jogos do campe-onato carioca. “O bar seadaptou para eles em termosde estrutura e horário, poispercebemos que, além defuncionar durante o diaservindo almoço e lanches,também tínhamos potencialpara atender esse tipo decliente. O pay-per-view tam-bém foi assinado apenas paraatendê-los. No churrasco decomemoração de um ano datorcida eu fechei o bar sópara eles”, destaca.

O universitário CharlesHemerly, de 24 anos, um dosorganizadores da Vasco BH,lembra que é precisoseriedade de ambas as partesno acordo para que a relaçãoseja vantajosa. A torcida vas-caína já passou por três baresem menos de um ano.Segundo ele, o local em que ogrupo conseguiu se firmar, hápouco mais de três meses,reúne as característicasnecessárias, como um ambi-ente reservado. que contribuipara evitar brigas, e agradávelpara assistir aos jogos, bomatendimento por parte dosgarçons e também respeitocom os torcedores que com-parecem ao local. “A van-tagem maior de organizarassim é que você tem a garan-tia de que vai ver o jogo sem-pre que quiser. Por issoprocuramos diferentes baresaté conseguir fechar um acor-do, porque se, a cada rodada,dependêssemos de convencerum bar novo a transmitir os

jogos, provavelmente nãoassistiríamos nunca”, afirma.

Ao contrário dos vascaínos,que procuraram um lugar maisfechado para acompanhar ocampeonato, os flamenguistastiveram de providenciar umespaço aberto, e esse foi umdos motivos que levaram àescolha do bar de FredericoSá. A razão é o fato de a torci-da flamenguista ser a terceiramaior em Minas Gerais, deacordo com pesquisa doDatafolha, divulgada em2006. A média de pessoas queacompanham os jogos na Fla-BH é de aproximadamente300 pessoas, enquanto, nasoutras torcidas, gira em tornode 50 integrantes. Segundoessa pesquisa, o Flamengopossui a terceira maior torci-da do estado, com 9%, per-dendo apenas para Atlético eCruzeiro. O Corinthians vema seguir, com 6%. Vasco,Palmeiras e São Paulo estãoempatadas com 3% cada.

Ao contrário das torcidasde Vasco e Flamengo, que pos-suem apenas uma combinaçãoverbal com os donos do esta-belecimento, a Fogohorizonteformalizou um contrato deconcessão exclusiva dos jogosdo Botafogo, por um ano comum restaurante no BairroCidade Jardim, na RegiãoCentro-Sul. Para tentar pror-rogar esse prazo e manter osclientes, o estabelecimentoinvestiu em infra-estrutura,proporcionando comodidadespara o torcedor, como insta-lação de um telão e dois apar-elhos de TV, estacionamentogratuito para botafoguensesnos horários dos jogos, e con-fecção de mesa personalizadapara os criadores da torcida.

O ambiente tranqüilo do bar permite que as três gerações da família Carvalho se reúnam para apoiar o Flamengo

Internet facilita aproximação

Bar que recebe botafoguenses investiu em serviços diferenciados para conquistar a fidelidade dos torcedores

DAVID LUIZ PRADO

CRISTIANO MARTINS

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14 EsporteOutubro• 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

O FUTURO DA NATAÇÃO BRASILEIRA A Copa do Mundo de Natação, realizada entre os dias 10 e 12 de outubro no Parque Aquático do Minas Tênis Clube reuniu, além de atletas consagrados, novos talentos do esporte

A natação brasileira está fre-qüentemente revelando novostalentos. Campeonatos na-cionais como o Troféu ChicoPiscina e o Troféu José Finkelde Natação, e internacionais,como a etapa da Copa doMundo de Natação, realizadaentre os dias 10 e 12 deste mês,são uma oportunidade de reve-lar novas promessas do esporte.

Essa competição, realizadano Parque Aquático MinasTênis Clube, reuniu novosnomes como DanielOrzechowski, Artur Rocha,Fábio Santi, Candido SilvaJúnior e a revelação HenriqueRodrigues, e atletas consagra-dos, como César Cielo, ThiagoPereira, Rodrigo Castro, JoannaMaranhão e Fabíola Molina.

O presidente da Con-federação Brasileira de Des-portos Aquáticos (CBDA),Coaracy Nunes Filho, ressaltoua importância dessas com-petições. "É uma semente que agente planta para o futurobrasileiro, importante para re-velar novos talentos para anatação", afirmou.

Reforçando a importânciado evento para o Minas TênisClube, seu presidente, Sérgio

Joanna Maranhão, recordista sul-americana, foi um dos destaques do Mundial

Bruno Zech Coelho, explicouque uma competição como essaagrega muitos valores ao clube eatrai a atenção de patroci-nadores. "A natação é o esporteque mais atrai a atenção doMinas. Esse Mundial é funda-mental para atrair parceirospara o Minas", observou.

Maior revelação da nataçãoem 2007, segundo o site BestSwim, Fábio Santi não se con-siderou preparado para nadarna Copa do Mundo. Onadador, de 19 anos, disputoua final dos 50 e dos 200 metrosnado costas, e terminou na séti-ma colocação em ambas. "Não

me achei preparado, mas voume preparar melhor paradezembro", explicou Santi,referindo-se ao IV TorneioOpen de Natação, que será rea-lizado em Florianópolis, entreos dias 10 e 14 de dezembro.

Fábio Santi começou anadar aos 11 anos. Segundoele, foi campeão do nado me-dley até os 15 anos, quando serevelou no nado peito. O jovemexplica que abriu mão demuitas coisas para se dedicar aoesporte. "A gente não pode sairtanto, então saio menos e nãobebo. Mas eu também sou maiscaseiro, prefiro um cineminha,um restaurante", comentou.

Assim como Santi, o tam-bém nadador Candido SilvaJúnior, 20 anos, vem se desta-cando no esporte. Na Copa doMundo, Candido disputou afinal dos 50 e 100 metros nadoborboleta, ficando em quarto equinto lugar, respectivamente.

O atleta, que nasceu emCacilândia (MS), mudou-separa Belo Horizonte com 15anos e hoje treina no MinasTênis Clube. Ele comenta que aestrutura que tinha quandocomeçou a nadar é bastantediferente da que tem hoje. "Lá

era muito diferente, aqui temuma grande estrutura. Vocêestá com um monte de gente teapoiando", contou.

O nadador HenriqueRodrigues, com apenas 17anos, mesmo sendo mais novoque Santi e Candido, já fazparte da equipe oficial doMinas Tênis Clube. Ele ganhoumedalhas na Copa do Mundodisputando com grandes nomesda natação, como ThiagoPereira e o tunisiano medalhistade ouro em Pequim OussamaMellouli. Henrique nadou asfinais dos 100, 200 e 400 me-tros medley, ficando na segundacolocação em todas, atrássomente de Mellouli. "A dife-rença da vitória foi muitopequena, na batida de mão.Mas estou muito satisfeito como resultado. Foi muito bomcompetir com atletas olímpi-cos", comemorou.

NATAÇÃO FEMININA A Copado Mundo de Natação tambémfoi importante para a nataçãofeminina. Coaracy Nunes Filhoacredita ser fundamental fazercom que as mulheres alcancemo mesmo sucesso que os ho-mens. "Temos ótimas atletas,

como a Joanna Maranhão e aFabíola Molina. A Fabíola medá a impressão de que quantomais velha, melhor ela fica",ressaltou.

Fabíola comprovou a afir-mação de Coaracy através dosseus resultados na competição.Com 33 anos, a nadadora levoutrês medalhas de ouro para casa,conquistadas nos 50 e 100 me-tros costas e nos 100 metrosmedley. Nessa última prova,Fabíola ainda bateu o recordesul-americano. Ela acredita estarem uma fase muito boa e tentanão repetir os mesmo erros."Estou sempre aprendendo nanatação. A experiência fazcrescer", considerou.

Outra atleta brasileira querepresentou a natação femininana Copa foi a já experienteJoanna Maranhão. A atleta, queparticipou dos últimos jogosolímpicos, não ganhou meda-lhas de ouro na competição noMinas, entretanto, levou a pratanos 200 e 400 metros medley etambém nos 200 metros costas."Estou bem, mas poderia estarentre as melhores do mundo.Quero disputar as provas maiscompetitivas e com as melhoresdo mundo", revelou.

Ajuda que vem de fora daspiscinas faz toda diferença

Apesar do trabalho, assistentes tiveram oportunidade de ver o evento

Não são só grandesastros que fazem umgrande evento, como é ocaso da etapa brasileira daCopa do Mundo deNatação, disputada empiscina curta, no ParqueAquático do Minas TênisClube. Pessoas que traba-lham nos bastidores tam-bém exercem funções quepossibilitam o bom enca-minhamento da com-petição.

O auxiliar de serviçosgerais Vanderlei Pereira deSouza, 29 anos, é uma daspessoas que ficaram traba-lhando para que os espaçosonde atletas, jornalistas epúblico transitavam peloparque aquático ficasse

aconchegante. Ele limpou olocal e recolheu objetos espa-lhados na arquibancada.Segundo ele, o salário rece-bido nesse tipo de eventoajuda muito na manutençãoda economia familiar e no sus-tento dos filhos.

Vanderlei ainda comentaque de vez em quandoobservava as provas queestavam sendo realizadas. Eleafirmou que o trabalho não émuito cansativo, embora con-sidere que o calor atrapalhaum pouco no desenvolvimen-to do serviço. "O sol que émeio ruim, mas dá para levar",constata.

Nadadores de categoriasjuvenis do Minas Tênis Clubetambém tiveram a oportu-

nidade de ajudar no evento.Eles tinham a função de levaras cestas para os competidoresguardarem seus objetos e au-xiliá-los na ida ao pódio.Reinaldo Belli, 14, que játreina há seis anos, afirma quetrabalhou com muita alegria eque se tiver outra oportu-nidade, irá ajudar. Além disso,ele afirma que observando oscompetidores já tirou algumaslições que pretende implantarem seus treinamentos. "O me-lhor proveito que a gente tira éa técnica. Eu já vi que eutenho que melhorar na ondu-lação", constata. Para o jovem,o grande modelo de superaçãoé o campeão olímpico CésarCielo. "O Cielo é um exemplo.O Brasil inteiro não sabia dele,

e olha o que ele fez", observa.Para o técnico de áudio do

evento, Selmo Paim, quechegava ao local às 7h paraorganizar o som, trabalharnesses eventos é muito inte-ressante, pois ao mesmotempo, que você trabalha vocêse diverte. Porém, ele afirmaque para aprender a manejar osistema de som demora muito,pois está com 29 anos afirmouter começado a aprender com12 anos de idade com o apoiodo tio. "Olha, para montar nãoé difícil não, para operar émuito difícil", diz. “Tem queficar bem atento com ascoisas”, complementa.

Na portaria do parqueaquático, muitas pessoas trabal-havam vendendo guloseimas e

sanduíches, muitos delessobrevivem e sustentam a casacom esse tipo de trabalho.Como Conceição Paiva, 57anos, que trabalha há 23 anosvendendo cachorro quente nafeira da Avenida Afonso Penae em porta de universidades.Ela conta que criou seus filhos

com esse serviço e que hojeeles seguem o mesmo camin-ho. Conceição afirma que reti-ra R$ 1 mil por mês, entretan-to diz que o trabalho é bemcansativo. “É bem desgastanteo serviço, porém é bomporque lida com o público",afirma a vendedora.

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A COBERTURA DA COPA DO MUNDO DE NATAÇÃO FOI FEITA PELOS ALUNOS: DANILO GIRUNDI, ISABELLA LACERDA, STEFÂNIA AKEL, GABRIEL COSTA E RAPHAELA CANABRAVA2º PERÍODO

Apoio campeão serve como incentivo aos atletasOs nadadores paraolímpi-

cos brasileiros Daniel Dias eAndré Brasil estiveram emBelo Horizonte para presti-giar a etapa brasileira daCopa do Mundo de Natação2008. Os campeões nasParaolimíadas de Pequimaproveitaram a oportunidadepara divulgar o esporteparaolímpico.

O Brasil terminou asParaolimpíadas de Pequim2008 com 47 medalhas (16ouros, 14 pratas e 17bronzes) e com o nono lugarno quadro geral de medalhas.Daniel Dias foi o atletaparaolímpico que subiu maisvezes ao pódio, ele conquis-tou quatro ouros, quatro

pratas e um bronze. AndréBrasil ganhou ao todo cincomedalhas, sendo quatro deouro e uma de prata. Aequipe paraolímpica bra-sileira teve melhor desempe-nho do que a equipe olímpi-ca, que saiu de Pequim com15 medalhas (três ouros, qua-tro pratas e oito bronzes) ecom a 23° posição no quadrogeral de medalhas.

A Copa do Mundo deNatação não possui disputaspara portadores de deficiên-cias físicas. "Eu sou um eternosonhador e acredito quevamos melhorar", contaAndré. Com o resultado dePequim, o nadador espera ummaior reconhecimento por

parte de empresas para que oesporte ganhe maior destaqueno cenário nacional, assim acarência de competiçõestalvez termine. Daniel aindaressalta a importância de seinvestir no esporte. “Para quenão tenha apenas o Daniel ouapenas o André, mas simvários diferentes campeões",afirma.

Os atletas paraolímpicospossuem um menor númerode patrocínios e incentivos damídia do que os atletasolímpicos, devido à baixacredibilidade que pessoas eempresas dão ao seu poten-cial. Mas, segundo André, aospoucos a situação estámudando. "Hoje, com o

patrocínio oficial da Caixa,nós conseguimos montar umcalendário definido de com-petições e programar nossostreinamentos", revela.

Em 2004 após se interes-sar pelo esporte Danielcomeçou a praticar natação.Para ele, a resposta para suarápida evolução no esporte é"treino, força de vontade edeterminação". O atleta quemais se destacou nasparaolimpíadas acredita queas suas conquistas estãosendo importantes para aju-dar na divulgação do esportepara deficientes. "Com aestrutura de hoje é muito difí-cil para quem está começan-do, mas em relação ao passa-

do já melhorou muito", diz.André Brasil e Daniel Dias

ficaram em Belo Horizonteaté o término da competiçãono dia 12 de outubro. Ambosdeclaram que não estavamtorcendo por alguém emespecial, mas sim pelo bomdesempenho da equipebrasileira. André e Danielainda comentaram que nãoesperavam grandes resultadosdevido à etapa brasileira sersubseqüente ao fim das fériasdos atletas após o último cicloolímpico. "É difícil grandesresultados aparecerem porquetodos, inclusive eu estávamosde férias", diz Daniel.

No momento do encon-tro, com direito a foto, com

o campeão olímpico dos50m livre, César CieloFilho, houve descontraçãopor parte de Cielo, quecomentou: "não é justo mecolocar aqui junto dos doisporque eles têm 14 meda-lhas olímpicas e eu sótenho duas".

Quando perguntadossobre o que mudou em suasvidas após as conquistas nasolimpíadas, Daniel disseque: "o assédio aumentoubastante, principalmente derepórteres procurando umaentrevista". Já Cielo brincadizendo o que mudou dePequim para cá foi "que eucortei o cabelo umas duasvezes".

GUSTAVO ANDRADE

GUSTAVO ANDRADE

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15Esporte Outubro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Vitória que vai alémdas quadras em Betim

Nas quadras, os jogadores colocam em práticas os ensinamentos, fora delas eles dão um exemplo de solidariedade

1992, comandante da equipena temporada passada, refor-çou-se e conseguiu quebrar ahegemonia estadual do MinasTênis Clube, vencendo-o nafinal do Estadual.

A equipe contratou joga-dores como Leandrão, o levan-tador Sandro e o ponteiro Piá.Além do título mineiro, o SadaBetim conquistou o bicampe-

onato da Copa BentoGonçalves e ficou em quartolugar em um torneio interna-cional na Argentina.

O ponta Dante Trevisan, doVivo Minas, que participou doCampeonato Mineiro, elogiou oatual campeão estadual. “OSada está com um time muitobom, fez uma partida perfeitataticamente, onde dificultou

nosso passe e, conseqüentemen-te, nosso ataque”, observa.

Ele admitiu que o adversárioesteve melhor e mereceu a con-quista. “Certamente, ninguémno Minas esperava a derrota porter vencido muitos anos segui-dos o Mineiro, mas sabemos queno vôlei não tem jogo fácil eacabou vencendo quem jogoumelhor”, ressalta Dante.

n

NILCE LEMOS, 2º PERÍODO

O time Sada Betim, atualcampeão masculino de vôlei,encontrou uma formasolidária de integrar a comu-nidade ao esporte. Osjogadores fazem visitas avárias instituições, como asi-los e escolas, com a intençãode trocar experiências, levaruma mensagem positiva paraas crianças e jovens, visandoaproximar atletas e a comu-nidade em geral. No caso doasilo, a equipe leva produtosque foram arrecadados edepois faz um trabalho nosentido de arrecadar maisdoações. Geralmente, aspróprias instituições pedem

uma visita da equipe. Oretorno desse contato não dápara mensurar, mas é bemgrande, pois há uma troca deexperiências de importanterelevância. Nas escolas sãofeitas clínicas de voleibol, emque os jogadores ensinam obásico dos fundamentos paraos alunos. A reação das cri-anças é primeiramente sem-pre de surpresa quanto aotamanho dos jogadores. Ooposto Leandrão, por exem-plo, tem 2,08m. Elas pergun-tam o que eles comem, comofazer para virar um jogadorprofissional. Os atletas sãoconsiderados exemplo pelascrianças. Além disso, o timetem também um trabalhopara revelar talentos no vôlei.Os garotos das escolinhas de

voleibol de Betim, semostrarem bom desempe-nho, podem integrar as cate-gorias de base do Sada-Betim. “É uma forma das cri-anças seguirem nosso exem-plo e não entrar no crime,nas drogas. Eles devem seespelhar em nós e terem umavida saudável”, afirma o le-vantador Cristóvão Miguel.“Assim, além de ensinarhábitos saudáveis, ajuda nocontato entre as crianças e oesporte”, acrescenta o líberoMatheus Brito.

RIVALIDADE Mas não é ape-nas fora das quadras que oSada-Betim vem se destacando,com a iniciativa social. O time,que manteve o técnico TalmoOliveira, campeão olímpico em

Apoio financeiro dos pais viabiliza competiçõesAlém dos fãs e torce-

dores, muitos atletastêm ainda a companhiade familiares que osacompanham em todasas competições. Muitasvezes, além de acom-panharem, os paisservem para financiaras carreiras, tudo isso,com o propósito de verseus filhos conquistan-do medalhas e prêmios.

Alguns pais chegama até se mudar decidade para acompa-nhar e dar amparo aseus filhos. Foi o casodo estudante univer-sitário Cândido SilvaJúnior, 20, que semudou da sua cidade

natal Cacilândia, noMato Grosso do Sul, paratreinar em Belo Ho-rizonte. Sua família, tam-bém se mudou para aju-dar na carreira do atleta,que participou da Copado Mundo de Natação,realizada na capitalmineira este mês. Ele queparticipou do evento aolado de nadadores reno-mados, como ThiagoPereira e César Cielo, dizque em Cacilândia ha-viam poucos recursos eatletas interessados noesporte.

"Lá era muito dife-rente, aqui tenho umagrande estrutura. Vocêestá com um monte de

gente te apoiando aqui.Toda a minha família veiopara cá", afirma o na-dador que revela tercomo grande ídoloAyrton Senna. "Meugrande ídolo é o AyrtonSenna, o que ele fazia eraperfeito, e eu quero levaros ensinamentos que elepraticou", diz o atleta.

Carlos Eduardo Cava-lheiro e Gislene , empre-sários e pais da jovemJéssica Cavalheiro, 17,que já atua em com-petições como a Copa doMundo de Natação,dizem que a atleta desdeum ano de idade já tinhacontato com as piscinas.De acordo com Gislene,

sua filha na primeira com-petição que participouficou em segundo lugar."Eu fiquei toda metida eorgulhosa" conta. Ela re-vela que a filha não temmuito contato com pes-soas da sua idade na esco-la, e que em geral temamizades dentro do"mundo da natação". "Éuma vida mais regrada,mas ela adora", afirma amãe que banca toda a car-reira da filha, e comenta-va com todos que estavamao seu lado sobre odesempenho da nadadora,que chegou às finais dos200 metros livre.

A falta de patrocínio tam-bém é um problema

enfrentado por atletas queestão iniciando a carreira.Marco Sickert, empresárioindustrial e pai do nadadorThiago Sickert, é um exem-plo dessa dificuldade queafeta a vida de um atleta.Ele viajou da cidade deVitória, no Espírito Santo,para Belo Horizonte decarro, só para assistir aprova de seu filho. Segundoo empresário, Thiago com-pete desde os 9 anos e quan-do ele começou pretendiaque o nadador fossecampeão olímpico. "Quandoele começou a nadar, eu faleique ele seria campeãoolímpico", afirma.

Marco Sickert ainda afirmaque o filho não consegue

patrocinador por causa daimprensa que não o deixa usarcamisas ou bonés de patroci-nadores nas subidas ao pódio."O problema não está nasempresas, está na imprensa",diz. O pai que acompa-nhou toda a cirurgia dofilho, que rompeu a carti-lagem do ombro um mêsantes do Pan-americano,onde tinha o segundo me-lhor tempo nos 100 me-tros nado costas, diz que aemoção de ver o filhocompetir é muita boa eque o atleta tentou até aúltima prova o índice parao Pan-americano. "Eletentou até o fim", argu-menta.

FÃS PRESTIGIAM TORNEIO MUNDIALApesar do público menor que nos anos anteriores, atletas que disputaram a primeira etapa da Copa do Mundo de Natação contaram com apoio de uma torcida fiel no Minas Tênis Clube

"Vale até fugir do trabalhopara assistir às provas danatação", revelou InésioJuliano, de 34 anos, fun-cionário da lanchonete Tudode Bom, no Minas TênisClube, que sediou, entre osdias 10 e 12 de outubro, aprimeira etapa da Copa doMundo de Natação 2008, dis-putada em piscina curta.

Inésio conta que precisoufugir do chefe para dar umaespiadinha na competição. Elecomentou que nunca tinhaassistido a uma competiçãocomo essa, com tanta gentefamosa. "É muito interessantever ao vivo, é totalmentediferente do que a gente vê naTV. Dá até vontade de nadar",brincou.

Assim como Inésio, muitaspessoas se interessaram pelaCopa do Mundo. Entretanto,o público que era esperadopara o torneio não compare-ceu em peso como nos outrosanos. Mesmo assim, os ingres-sos, que para as finais de sába-do e domingo tinham que sertrocados por um quilo de ali-mento não perecível, estavamesgotados. Percebendo que aarquibancada não estavacheia em ambos os dias das

finais, a organização da Copadecidiu que seria melhor libe-rar a entrada para aquelas pes-soas que estavam sem ingres-sos. "A partir das 9h30 estavaliberada a entrada porque nãoencheu. A maioria das pessoasque pegaram convite nãoveio", lamentou CarlosHenrique, um dos porteiros dacompetição.

A Analista de Sistemas,

Edna Barbosa, percebeu aausência do público e disseque esperava mais animaçãopor parte da torcida. "Estouachando bastante vazio. Euacho que deveria ter maisprestígio principalmente dopúblico mineiro quando é umtipo de competição dessenível", opinou. Ela, que teveinteresse em assistir a com-petição por praticar natação

no Mackenzie há 17 anos,também foi à eliminatória nasexta-feira e ficou impressio-nada com as jovens promessasda natação brasileira. "Na clas-sificatória eu estava vendo oempenho desse pessoal maisjovem e eu acho muito interes-sante isso no esporte", contou.

Mesmo achando o públicodesanimado e pequeno, aspessoas elogiaram a com-

Durante as competições, as pessoas puderam ver de perto os grandes nomes da natação Thiago Pereira e César Cielo

petição e a organização doevento. "Gostei da Copa,gostei dos resultados, muitobem organizado. Nãoenfrentei fila nem para tro-car meus ingressos",ressaltou o homeopataAntônio Américo, de 46anos, que foi à competiçãojunto de seu filho, JoãoFrancisco, de 13 anos, queadora esporte.

FÃS Fotos, gritos, autógrafos ecartazes. Muitas pessoas nãoforam ao Minas interessadassomente em acompanhar umacompetição de alto nível.Apaixonados pelos nadadores,jovens e adultos aproveitarama oportunidade para chegarmais perto de seus ídolos e seinspirar no esporte.

Devido ao seu bom desem-penho nas Olimpíadas dePequim, o nadador CésarCielo era o mais aclamadopela torcida. "Desde o Pan(Pan-americano) eu já acom-panhava o Cielo. Sou muito fãdele por causa dasolimpíadas", revelou a estu-dante Ana Beatriz Assis deCarvalho, que estava dis-putando espaço com as outrasgarotas para conseguir um

autógrafo do atleta.A árbitra de natação Anne

Gabrielle, de 18 anos, que foiassistir a Copa, comentou quemesmo trabalhando próximoaos atletas, também tem seuídolo. "Meu ídolo é o Cielo",relatou. Assim como Anne, ohomeopata Antônio Américodisse que também queria verseus ídolos no esporte. "Osídolos são do meu filho e meustambém, pois eu gosto muitode esporte. Eu vim para meufilho ver o Cielo e o Thiago, epara torcermos pelo Brasil",contou.

O nadador Thiago Pereiratambém teve o apoio da torci-da. "Torço muito pelo ThiagoPereira já que ele é 'prata dacasa'. Acho que temos queprestigiá-lo", opinou DeniseLemos Martins, de 50 anos. JáMaria da Penha, de 32 anos,funcionária de uma lan-chonete, demonstrou sua feli-cidade por ver tão de pertoThiago. "Thiago Pereira é oque mais gosto e eu já até tivea oportunidade de conversarcom ele", comemorou.

GUSTAVO ANDRADE

NILCE LEMOS

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n Quais os elementos sociais ironizados ecriticados por ele em suas obras?Olha, por exemplo em Esaú e Jacó,Machado de Assis ironizou muito a pas-sagem da monarquia para a república,através dos personagens do livro, Pedro ePaulo, que são gêmeos. E um era republi-cano, o outro era monarquista, e no finaldas contas, terminado o texto, você vaiperguntar se tudo é a mesma coisa noBrasil: a monarquia ou a república; as pes-soas se ajustam, o que predomina é o inte-resse político, as vantagens econômicas.Então Esaú e Jacó é um dos exemplos.

n Alguns personagens como Capitu eBentinho, da obra Dom Casmurro, jamaiscaem no esquecimento dos leitores. A quese deve essa imortalidade?Houve, durante muito tempo, o "efeitoCapitu", eu chamo de "efeito Capitu" aque-la pergunta sobre o que muitos escritoreschamaram de "o enigma Capitu": se Capitutraiu ou não. E esse tipo de tema, nãorespondido, sempre atiça a curiosidade dosleitores. Hoje se sabe que isso nunca vai serrespondido, porque através do trabalho demuitos críticos, como Silviano Santiago, oque nós temos é o romance de um ciumen-to, o romance de um retórico, de alguémque escreve para provar a sua inocência, deuma certa maneira. Então isso é umaresposta. Acredito que isso é suficientepara falar da fama de Bentinho e Capitu. Afama de Bentinho e Capitu é a fama deMachado, pela força de sua escrita, peloestilo, pela capacidade de criar equívocos enão dar respostas denotativas, mas paracriar perguntas para o leitor. O próprioleitor sai da obra machadiana comquestões, de várias ordens.

n A linguagem e a forma de construir otexto caracterizam Machado de Assis comoescritor elitista?Não gosto muito dessa palavra elitista. Opróprio Machado não era elitista. Então, oque é elitista? É um texto que teria umalinguagem de difícil acesso? Mas literatura,não é apenas diversão, a gente tem queestudar para aprender a ler. Você tem queaprender a ler literatura.

nEntão a senhora não concorda com essaclassificação?Não, de forma alguma. Acho que tudo issoé uma questão de preferência do leitor.Nenhum leitor mesmo, por mais sofistica-do que seja, lê qualquer livro com facili-dade.

n Quais foram as marcas ou característicasliterárias deixadas por Machado que influen-ciam os escritores atuais?Machado foi lido, muito lido nas escolas,pelas pessoas cultas. Tem autores que falamclaramente que escrevem dentro da linhamachadiana. Estou lembrando do RubemFonseca, não sei se ele seria exatamentemachadiano, mas que ele (Machado deAssis) está presente na literatura brasileirade forma consciente ou não, não há dúvida.

n Machado de Assis era moderno para oseu tempo?Eu acho que ele era mais do que moderno,Machado de Assis ultrapassou seu tempopelas coisas que ele escreveu. Machado deAssis fala coisas na sua obra que a psi-canálise foi elaborar anos mais tarde, falacoisas que foram mais claramenteteorizadas pela sociologia, por outras teo-rias. E mesmo pela própria forma literáriade Machado, que muitas vezes parecepós-moderna, principalmente naênfase que ele dá ‘esse texto é literatu-ra’, ‘isto é ficção’, ‘leitor, nãoacredite em tudo’, ‘vamos pularesse capítulo’, àsvezes uma certafalta de lineari-dade, pore x e m p l o ,que tem naobra dele.Tem coisasque lembram oromance contem-porâneo.

n Como era o Machado de Assis jornalista?Machado começou fazendo serviço detipografia, numa tipografia da época, enessa ocasião ele começou a conhecermuitos escritores que deram força para ele.Ele escreveu, às vezes até com pseudôni-mo, e ele escrevia textos sérios, ou textosmais leves; variava muito o tom das crôni-cas machadianas. Ele podia ser polêmico,como foi polêmico em relação à obra deEça de Queiroz, e ele comentava os autoresde que gostava. Mas também comentavaos hábitos do Rio de Janeiro.

n Machado de Assis sofreu discriminaçãosocial e racial ou isso é apenas um estigmaque se criou a respeito de sua figura?Quem falou disso de uma forma muitointeressante foi o Jean Michel Massat,quando veio a Belo Horizonte agora, eescreveu um livro chamado A Juventude deMachado de Assis. Machado, por um lado,foi muito protegido pela madrinha dele láno Morro do Livramento, a dona MariaJosé de Mendonça, e eu acredito que pelainteligência dele, teve oportunidadesmuito cedo. Acredito também e isso sesabe de uma forma indireta, pelosromances dele: um desejo de acensãomuito grande. Agora, se ele sofreu precon-ceito, provavelmente sim, na vida comum;um negro, mulato, como ele era no Brasildaquela época. A gente sabe que no Brasilde hoje isso existe. Suponho que ele deveter sofrido, mas que isso não foi umempecilho para ser o grande autor que elese tornou, e que ele foi valorizado desdeque ele era jovem. Claro que ele foiconquistando, mas as portas não sefecharam pra ele não, pela inteligênciadele, as portas não se fecharam, ele tevefacilidades.

n Qual a imagem de Machado de Assis noexterior?Machado já foi publicado para o inglês epara o francês. Quando eu morei em Pariscomprei os livros dele, vários. Como diz oJean Michel Massat, quando fizeram essamesma pergunta para ele na França, seMachado era lido no princípio do século:"Sim, um pouco". Hoje, também umpouco, porque principalmente o francês émuito centrado na própria cultura. Ele élido no exterior, mas como tudo e comotodos os escritores, tem sempre um grupode pessoas. Como aqui no Brasil, há umgrupo de machadianos apaixonados e hápessoas que não gostam da obra deMachado. Isso existe também.

n Existem muitas críticas a respeito deMachado de Assis?Eu acredito que haja muita gente, atémuita gente inteligente, que nãogosta do Machado, que acha o textodele afetado. Um grande crítico naépoca de Machado foi o SílvioRomero, que "meteu o pau" emMachado, mas tinha muita com-petição literária na época. Machadocriticou um escritor pernambucano eo Sílvio Romero não gostou eescreveu um livro dizendo que

Machado tinha um esti-lo "tartamudeante", em

outras palavras,"gaguejante". Hoje,

isso é discutível etambém pode serrevertido a favordele. Críticos,

M a c h a d os e m p r eteve.

n Qual a importância de se comemorar os100 anos da morte de Machado de Assis?Machado de Assis é comemorado sempre.Todo dia, toda hora, principalmente peloseu leitor, pela leitura de seus textos. Masesses eventos sempre são bons porquechamam a atenção das pessoas, porque decerta forma são um convite a voltar a lerum autor, como este ano tem Rosa ( Gui-marães Rosa), tem Machado; estão sendorealizados congressos, comemorações.Então, nesse sentido é válido.

n A senhora considera que as pessoasestão lendo mais Machado de Assis porcausa disso?Não é que eles estejam lendo. Esses even-tos convidam, chamam a atenção. E, prin-cipalmente, em um país como o nosso, detão pouca leitura e tão poucos leitores, emuma época em que as pessoas temem que olivro esteja meio em crise, é sempre positi-vo chamar a atenção para esses escritoresque merecem ser comemorados.

n Por qual motivo a obra de Machado deAssis permanece atual um século após a suamorte?Há autores que transcendem a sua época.Muitas vezes, críticos condenaramMachado por estar distante do seu tempo,de ele não ter uma críti-ca política a respeito dasquestões da época, masisso já foi ultrapassadohoje. Machado semprefoi atento, sempre faloudos problemas do tempodele, ficcionalmente oupelas suas crônicas,porque ele foi um jorna-lista. E sempre estevepresente na sua época:nas injustiças, nos pro-blemas políticos e em tudo o mais.

n Qual seria sua indicação para uma pes-soa interessada em começar a ler Machadode Assis?Olha, eu dei aula de Machado de Assisdurante muitos anos na Faculdade deLetras da Universidade Federal de MinasGerais e escolhi, muitas vezes, paracomeçar o curso, os contos de Machado.Principalmente esses contos instigantes,que fazem o leitor pensar ou que descon-sertam o leitor. A Teoria do Medalhão, porexemplo. Muitas vezes eu já tive a oportu-nidade de conversar com alunos queficaram meio perplexos: será que esse nar-rador que está falando para o seu filho;esse pai é Machado? Ele está defendendoque o sujeito faça trapaça, faça tramóia,que ele faça esse discurso assim tão poucoético?’ A gente pode começar a pensarcomo o texto de Machado pode ser umtexto bastante sorrateiro e que ele obriga oleitor a pensar. Além desse conto, háoutros que podem ser interessantespara começar a ler Machado. Oscontos de amor dele, por exemplo,em que há sempre uma certa dúvida.A Missa do Galo, em que um jovemfica muito encantado por uma se-nhora de 30 anos, ou Uns Braços,que é mais ou menos a mesmahistória, mas contada de uma outramaneira, pode criar um interesse parao leitor mais jovem também. É muitofácil o leitor mais jovem, ao contráriode iniciar a amar Machado, procurarler, sair correndo, evitar, porque vaiachar difícil se começar por um DomCasmurro, ou começar por MemóriasPóstumas (de Brás Cubas).

nQuais foram as influências literárias deMachado de Assis?Olha, a palavra influência atualmente nacrítica literária é um pouco evitada, porquea influência supõe que aquele leitor que foiinfluenciado seria um leitor inferior ao queele teria seguido. Eu acabei de escrever umlivro sobre Machado escritor, Machadoleitor (Machado de Assis leitor: Umaviagem à roda de livros). Todo escritor é,antes de tudo, um leitor. Ele está nessemundo do texto. E Machado foi um grandeleitor. Mas não foi, jamais, um leitor passi-vo, um simples repetidor. Tem um autorchamado Carlos Fuentes que escreveu umlivro sobre Machado de Assis que se chama"Machado de la Mancha". Ele mostra queMachado está na linhagem de Cervantes(Miguel de Cervantes), desses autores queprivilegiam não a história ou o documen-tal, mas a ficcção, a força da ficção. E aficção tem uma eficácia, tem uma verdadetambém. Então essa é a linhagem deMachado. A biblioteca dele era enorme.Depois que se descobriu a biblioteca deMachado de Assis, se pôde ler o que eleleu. E quem descobriu, quem trabalhoucom esse acervo foi um francês chamado

Jean Michel Massat,que também escreveuum artigo para um livrochamado "A bibliotecade Machado de Assis",organizada pelo Jobim(José Luís Jobim).

n Quais os diferentesestilos literários adotadospelo escritor?Estilos literários ougêneros literários.

Quanto a gêneros, Machado escreveuromance, conto, teatro, escreveu críticaliterária. Agora, o estilo machadiano, adicção machadiana é sempre a mesma. Elaé muito machadiana mesmo. Se você lerum texto sem o nome do autor, se temhábito de ser um leitor que tem um bomrepertório, você vai descobrir o estilomachadiano, a maneira como ele recorre

ao leitor, que varia muito– ora ele trata o

leitor muito bem,ora ele zombaum pouco doleitor –, comoque ele tem umhumor irônico

muito interes-sante. Então ele éum escritor que

tem umt r a ç o

forte.

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Em 29 de setembro deste ano comemorou-se o centenário da morte de Joaquim Maria Machado deAssis, romancista, contista, poeta, teatrólogo e jornalista brasileiro do século XIX, considerado peladoutora em Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-doutorapela Universidade de Paris, Ruth Junqueira Silviano Brandão, um escritor que "ultrapassou o seutempo". Ela acaba de concluir o livro "Machado de Assis leitor. Uma viagem à roda de livros",ainda não editado, cuja proposta é mostrar que todo escritor é, antes de tudo, leitor, e que Machadode Assis fez uso dos livros que leu em suas obras. A especialista compõe o perfil de Machado de Assiscomo um gago pouco expansivo, "bem no canto dele" e como um "grande leitor", em referência à bi-blioteca do autor. Ruth Brandão rejeita, categoricamente, o rótulo de escritor elitista dado por algunscríticos literários. "A palavra 'elitista' não é uma palavra feliz. Qualquer pessoa alfabetizada e quetenha um bom professor, ou um bom acesso à obra de Machado de Assis pode ser um leitor; nãoimporta se é pobre", ressalta a professora aposentada da UFMG, que, entretanto, reconhece que asobras do escritor não são de leitura fácil. Ruth Brandão não prevê a popularização do escritor, porcausa das comemorações do centenário de sua morte, mas acredita que esse evento chame a atençãopara Machado de Assis.

MACHADO DE ASSIS LEITOR E ESCRITOR n

JÚNIA PIMENTA, LUISA MELO, THAÍS OLIVEIRA, 1º PERÍODO

RAQUEL RAMOS, 4º PERÍODO

PATRÍCIA SCOFIELD, 6º PERÍODO

[ ]“A GENTE TEM QUE

ESTUDAR PARA

APRENDER A LER

(LITERATURA)”

Ruth Silviano BrandãoEntrevistaDOUTORA EM ESTUDOS LITERÁRIOS PELA UFMG, COM PÓS-DOUTORADO NA UNIVERSIDADE DE PARIS

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