Jornal Nova Lapa 3

8
Distribuição Gratuita Ano I - Edição n o 3 - Fevereiro / Março 2011 TIAGO DE CARLI Espaço urbano já foi ponto de encontro Entrevista Subprefeito da Lapa, Carlos Fernandes, fala do panorama atual do bairro e explica planos da Prefeitura para a região. página 5 Urbanismo Prefeitura abre diáologo com as comunidades locais e começa a debater a polêmica e complexa Operação Lapa-Brás. página 6 Galpão pertencente à Sub Lapa na Rua Weerner Siemens pode ser transformado em creche, numa parceria entre Secretaria Municipal de Educação e Associação Amigos da Lapa de Baixo. A diretoria da entidade, retomando uma antiga luta comunitária, já oficializou sua intenção e aguarda um posicionamento da Sub para iniciar contatos com Waldeci Pelissoni, diretor Regional de Educação da Lapa. página 3 Educação Largo da Lapa, que já foi o eixo central da vida cotidiana do bairro, espera por revitalização projetada pelo poder público. página 4 Identidade perdida Logística Ambiental de São Paulo S.A. - LOGA : Praça Alberto Lion, 366 • Mooca • CEP 01515-000 • São Paulo - SP Compromisso com São Paulo e com o Meio Ambiente

description

Diagramação do jornal

Transcript of Jornal Nova Lapa 3

Distribuição GratuitaAno I - Edição no 3 - Fevereiro / Março 2011

Tiag

o D

e C

arli

Espaço urbano já foi ponto de encontro

EntrevistaSubprefeito da Lapa, Carlos Fernandes, fala do panorama atual do bairro e explica planos da Prefeitura para a região. página 5

UrbanismoPrefeitura abre diáologo com as comunidades locais e começa a debater a polêmica e complexa Operação Lapa-Brás. página 6

Galpão pertencente à Sub Lapa na Rua Weerner Siemens pode ser transformado em creche, numa parceria entre Secretaria Municipal de Educação e Associação Amigos da Lapa de Baixo. A diretoria da entidade, retomando uma antiga luta comunitária, já oficializou sua intenção e aguarda um posicionamento da Sub para iniciar contatos com Waldeci Pelissoni, diretor Regional de Educação da Lapa. página 3

Educação

Largo da Lapa, que já foi o eixo central da vida cotidiana do bairro, espera por revitalização projetada pelo poder público. página 4

Identidade perdida

Logística Ambiental de São Paulo S.A. - LOGA : Praça Alberto Lion, 366 • Mooca • CEP 01515-000 • São Paulo - SP

Compromisso com São Paulo e com o Meio Ambiente

DIRETOR

Ubirajara de Oliveira

EDITOR

Eduardo Fiora

REDAÇÃO E REPORTAGEM

Caio Colagrande Castro, Tatiana Lanzelotti (alunos do curso de

Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco)

PROJETO GRÁFICO

Bárbara Gabriela Duram Santos,Daniele Correia Szakacs, Monike

Pereira, Sérgio Luiz Lopes (alunos do curso de Editoração das Faculdades

Integradas Rio Branco)

DIAGRAMAÇÃO

Gabriel Bratti, Luciana Rodrigues, Monike Pereira, Nicolle Bizelli,

(alunos do curso de Editoração das Faculdades Integradas Rio Branco)

PUBLICIDADE

Rosana Braccialli

DISTRIBUIÇÃO

Pedro de Jesus Secco

IMPRESSÃO

Prol Gráfica

TIRAGEM

3 mil exemplares

O Jornal Nova Lapa é uma publica-ção bimestral da Página Editora

Rua Marco Aurélio, 780 - Vila Roma-na CEP 05048-00

Tel.: 3874-5533 Distribuição gratuita

na Lapa de Baixo

Na Lapa de Baixo há um grande debate no ar: a reurbanização do bairro

em duas frentes distintas. Uma delas de caráter mais amplo, a Operação Urbana Lapa- Brás (de responsabili-dade da Secretaria Municipal de De-senvolvimento Urbano) e outra bem pontual, a revitalização do Largo da Lapa (iniciativa da subprefeitura),.

Essas ações se enquadram no contexto do chamado planejamento urbano. A pri-meira pensa o bairro tendo como horizon-te a sua relação e integração com a cida-de; a segunda pensa a Lapa de Baixo do ponto de vista da relação morador-bairro, buscando inserir novamente o Largo da Lapa no cotidiano das pessoas.

No caso específico do Largo, a pro-posta do subprefeito Carlos Fernandes traz ganhos evidentes no tocante à qua-lidade de vida, uma vez que devolverá a esse espaço público sua função de ponto de encontro dos moradores.

Já a Operação Urbana Lapa-Brás apre-senta-se como algo bem mais complexo, abrindo espaço para questionamentos e in-quietações por parte da comunidade (leia-se moradores e movimentos de cidadania), que começa a colocar na balança ganhos e perdas diante da proposta da Prefeitura.

Que a Lapa de Baixo e imediações

(Lapa-Barra-Funda Pompeia) precisa contar com um projeto de reurbaniza-ção é algo bastante evidente, que salta aos olhos, dada à extensão de áreas de-gradas e/ou sem função urbana.

Sob esse aspecto, é valida a formatação de uma proposta de Operação Urbana por parte da Prefeitura, desde que o pro-jeto a ser apresentado não sirva apenas aos interesses da indústria da construção civil e do mercado imobiliário.

As comunidades locais, em particular os movimentos de cidadania, disseram ao secretário Bucalem que esperam por uma Operação Urbana cidadã. Isso equivale apoiar um planejamento urbano que leve em conta as aspirações de quem já mora na região; contemple as necessi-dades das famílias de baixa renda em termos de habitação popular digna; que, ao promover o adensamento populacio-nal com empreendimentos imobiliários para famílias de maior poder aquisitivo, não deixe de lado a readequação do siste-ma viário; que garanta a construção de equipamentos públicos essenciais como UBS, AMA e creches; apresente projetos consistentes no tocante à drenagem de águas pluviais; e contemple edifícios com menor volumetria e com boa área livre permeável entre eles (de modo a evitar ilhas de calor).

Todos esses aspectos precisam ser in-seridos num amplo e democrático debate entre sociedade e Prefeitura, com a indis-pensável mediação da Câmara Munici-pal. Ao assumir a presidência da Casa, em janeiro deste ano, o vereador Police Neto assim se expressava: “Os interesses de todos os cidadãos paulistanos não são os mesmos. Grupos diferentes lutam para terem prioridade na distribuição de recursos escassos, a começar pelo espaço urbano e terminando com a política que será implementada. Aquilo que nos ca-racteriza, o que dá a esta Casa a razão de existir, não é a ausência do conflito, mas o método de resolvê-los, de produzir a síntese, através do diálogo, pela palavra, pela argumentação, pela persuasão”.

Espera-se, pois, que a mediação do Le-gislativo garanta uma Operação Urba-na Lapa-Brás capaz de consolidar uma nova Lapa que respeite os lapeanos da gema, os neo-lapeanos e os futuros mora-dores de um bairro, que muito se orgulha de suas origens.

O lançamento do Nova Lapa, iniciativa da Página Editora que conta a participação de alunos dos cursos de Comunicação das Faculdades Integradas Rio Branco, reuniu em outubro (no auditório da Rio Branco), estudantes, professores, representantes de instituições públicas e comunitárias e parceiros desse pioneiro projeto jornalísti-co de âmbito regional (circulação porta a porta na Lapa de Baixo).

Os alunos dos cursos de Jornalismo e Editoração participam do Nova Lapa ati-vamente, seja apurando e escrevendo re-portagens, seja diagramando as páginas do jornal, cujo projeto gráfico foi concebido por estudantes matriculados no curso de

editorial

Questões Urbanas

Editoração. Toda essa produção é coorde-nada por profissionais da Página Editora, que também é responsável pela captação dos recursos financeiros que viabilizam a publicação do jornal. “Contamos, no iní-cio, com apoio da Loga Ambiental (con-cessionário responsável pela coleta do lixo na Rgião Noroeste da capital) e das Facul-dades Rio Branco. Depois agregamos um outro importante parceiro que é o grupo Pearson (do qual fazem parte prestigiosas publicações como o jornal Financial Ti-mes e a revista The Economist, além de livros com os prestigiosos selos Penguim e Makron Books)”, explica o diretor da Página Editora, Ubirajara de Oliveira.

objetivo e parceria

eduardo fiora

O jornal, em sua concepção editorial, reserva amplo espaço para apresentação e análises críticas das principais questões da Lapa de Baixo, como a complexa Operação Urbana Lapa-Brás, de modo que se abram debates propositivos em relação a esses te-mas inerentes ao bairro.

A presente edição contou com a par-ticipação dos alunos ( Jornalismo e Edi-toração) Caio Colagrande Castro, Tatia-na Lanzelotti e Monike Pereira, que já estavam inseridas no projeto e atuaram como multiplicadoras neste terceiro nú-mero do Nova Lapa. A equipe contou, ainda, com os trabalhos de Gabriel Bratti, Luciana Rodrigues e Nicolle Bizelli, todos

c=0m=70y=100k=0

Wil

liam

mas

Tran

gi

do curso de Editoração da Rio Branco. A excelente repercussão dos dois pri-

meiros números do Nova Lapa mostram a validade deste projeto que une Comu-nicação e Educação, oferecendo à comu-nidade informação de qualidade.

FEVEREIRO / MARÇO - 2011 3

A creche pretendida pela AALB é denominada pela Pre-feitura como Centro de Educa-ção Infantil da Rede Pública Indireta, ou seja gerenciados por terceiros. A entidade in-teressada gerencia o próprio municipal (no caso da AALB, o próprio municipal é o galpão da Rua Werner Sienens) e bens móveis necessários ao seu fun-cionamento, para desenvolve-rem atividades correspondentes ao plano de trabalho específico, inclusive quando o imóvel for locado pela Secretaria Muni-cipal de Educação. O CEI/Creche deverá funcionar por um período mínimo de 5 dias por semana, totalizando a carga horária mínima de 10 horas diárias. Os horários de início e término serão estabelecidos com a participação dos usuários, de forma a atender às necessidades da comunidade local.

Para a celebração de convê-nio de CEI/Creches no âmbito da Secretaria Municipal de Edu-cação, as entidades, associações ou organizações devem satisfa-zer as seguintes condições : •nãoterfinslucrativose/ou

econômicos; •estar consoante com as di-

retrizes da Secretaria Muni-cipal de Educação;

•possuir capacidade técnicae operacional em relação às obrigações a serem assumi-das, quais sejam: instalações, recursos humanos, equipa-mentos, estrutura adminis-trativa e financeira;

•oferecer 100% de gratui-dade ao usuário do serviço conveniado;

•estarregularmenteconstitu-ída há pelo menos um ano.

•nãoestarinscritanoCADINmunicipal, conforme lei nº 14.094/05;

•nãopossuirservidorespúbli-cos municipais nos quadros de dirigentes.

Sul, a pedido da SPTuris, empresa responsável por eventos na capital paulista. A subprefeitura tem o direitodecederaáreapor90dias.

Segundo o subprefeito da Lapa, Carlos Eduardo Fernandes, a proposta de se criar a creche será encaminhada para a Secreta-ria Municipal de de Educação.

Se a decisão for positiva, o que depende do cumprimento de normas técnicas (veja no box ao lado), o galpão passará para o setor de Patrimônio Municipal, que dirá ao subprefeito qual a alternativa es-colhida para o uso do local .

Altafin ressalta, ainda, que haverá mudanças estruturais no prédio. “A área pode funcionar

Os moradores da região da Lapa de Baixo podem, em breve, ter comemorar a primeira con-quista comunitária de 2011. AAssociação dos Amigos da Lapa de Baixo (AALB) se candidata como gestora de uma creche - antiga reivindicação da popula-ção -, que seria construída em um galpão (imóvel público) na Rua Werner Siemens, no cruzamento com a Marginal O projeto aten-deriaacercade200crianças.

De acordo com Rosana Alatfin, vice-presidente da As-sociação, há conversas com a Subprefeitura da Lapa para im-plantar a creche. Segundo ela, um diretor da AALB, o arquiteto João Batista Silva, está incumbi-do do projeto arquitetônico. “Ele está prestando esse trabalho vo-luntariamente”, afirma Rosana.

O local preterido, recuperado há poucos meses pela Subprefei-tura da Lapa após ser invadido, abrigou, duarnte o Carnaval, a Escola de Samba Barroca da Zona

para várias funções”. Porém, de acordo com Carlos Fernandes, um vez aceita a ideia da creche, técnicos da Secretaria de Edu-cação ainda devem realizar uma vistoria e avaliar o que pode ser feito na estrutura física existente.

A creche projetada é chamada de Conveniada, ou seja, fruto de convênio entre a Prefeitura do Município de São Paulo (Secre-taria de Educaçao) e a AALB.

Para dar certo, o projeto desta uma creche convenida terá que passar por algumas fases obri-gatórias: aprovação da utili-zação da creche no galpão da Rua Werner Siemens; vistoria de técnicos da Secretaria Mu-nicipal de Educação, para saber se o local atende à demanda e quais as intervenções deverão ser realizadas; e entrega de do-cumentação comprobatória de quitação de débitos e autoriza-ção de uso do espaço.

Sempre, segundo normas da Prefeitura, a creche conveniada proposta pela AALB deverá funcionar pelo menos durante cinco dias da semana.

educação

Caio CoLaGraNde CaSTrox

xx

xx

xx

x

Comunidade luta por creche para 200 crianças

Emei Neyde Guzzi: amplo espaço para educar

"Proposta passa pela avaliação e aprovação da Secretaria de Educação com mediação da subprefeitura"

Galpão pertence à Sub Lapa

leTí

Cia

lovo

Como funciona o Convênio

JORNAL NOVA LAPA4

talmente acessível. Para isso, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobili-dade Reduzida também está envolvida nas discussões do projeto, assim como a Compa-nhia de Engenharia de Tráfego (CET), que vai apresentar soluções para o tráfego de veículos na região.

Memória

No passado, o largo era um ponto de encontro dos morado-res da Lapa de Baixo. Eurico Fer-reira, quemora na região há 75anos, conta que lá ficavam, além do parque infantil e do grupo escolar (atual Escola Estadual Guilherme Kuhlmann), as sedes dos clubes XV de Novembro da Lapa e União da Lapa, que tinha sede própria. As ruas eram de terra, e quase não recebiam au-tomóveis. Os cavalos, principal meio de transporte na época, tomavam água de um bebedouro que ficava no largo. “A travessia da ferrovia era feita por uma portei-ra, aberta por um funcionário da estação de trem”, lembra Eurico. O comércio era forte, havia arma-

A subprefeitura pretende iniciar as obras de revitalização do Largo da Lapa, localizado na LapadeBaixo,aindaem2011. O projeto já está sendo elabo-rado por uma empresa con-tratada e será discutido com a comunidade.

A reforma do largo é o pri-meiro passo para a revitalização de toda a Lapa de Baixo, um lugar que, segundo o subpre-feito Carlos Fernandes, precisa passar por um processo de mo-dernização: “Temos imóveis muito antigos e vários galpões industriais. A reforma dessa área é o início simbólico, feito pelo poder público, para ajudar no processo de revitalização do bairro todo”.

Um dos objetivos da reforma é valorizar o entorno da Escola Municipal Professora Neyde Guzzi de Chiacchio, a primeira escola de educação infantil da cidade de São Paulo, fundada por Mário de Andrade em 1935. Outra idéia do subpre-feito é transformar o Largo da Lapa em modelo de praça to-

zéns, bares, padarias, tinturaria e farmácia. “Havia, ainda, indús-trias, como a Tecidos e Bordados Lapa e a Martins Ferreira, que fabricava produtos esmaltados, para banheiros”.

A subprefeitura busca re-cursos para as obras. Um ve-reador se comprometeu em incluir a revitalização do largo em uma emenda parlamentar, mas ainda não está certo como será feito o custeio da obra. Para Eurico Ferreira , o Largo da Lapa precisa passar por embelezamento para voltar a ser um lugar de convivência das pessoas: “É preciso fazer uma calçada bonita, colocar mesas para as pessoas jogarem (damas, xadrez ou baralhos), iluminar a área e garantir poli-ciamento”, avalia Eurico.

TaTiaNa LaNzeLoTTi

Intervenção da Sub requalificará importante espaço urbano

Tiag

o D

e C

arli

Projeto prevê revitalização do bairro

Com a instalação das ofi-cinas e da estação da S.P.R - São Paulo Railway, nos fins do século XIX, a Lapa entrou no século XX como um verdadeiro bairro urbano da cidade de São Paulo. A Lapa de Baixo foi o local escolhido para fixar resi-dência pelos funcionários trans-feridos, o que veio a incrementar o pequeno comércio local. Após dois ou três anos da instalação das oficinas, foram surgindo algumas casas na Lapa; umas de aparência importante, de propriedade dos mestres das

oficinas, escriturários catego-rizados, e outras, pequenas, de propriedade de maquinistas, chefes de trens e operários.

Nas primeiras décadas do século XX, a "Lapa de Baixo" passou a contar com uma melhor infra-estrutura urbana. Em 1915 estava pronta a rede de esgoto da Barra Funda, Água Branca e Lapa. Surgiram o comércio, as escolas, o bonde, a nova matriz, os cinemas, a im-prensa e a iluminação pública. O Largo da Lapa transformou-se no primeiro pólo comercial do Bairro e, ainda hoje, conser-va características provincianas, como mostra foto abaixo.

Bairro de outrora

"Sub Lapa encomendou projeto que será apresentado e debatido com a comunidade"

urbanização

Tiag

o D

e C

arli

FEVEREIRO / MARÇO - 2011 5

entrevista

Fórum

“O governo do Estado prepara a construção da nova sede do Fórum Regional, na Lapa de Baixo, próximo à Polícia Federal. Esse edi-fício dará uma nova condição para a região e mudará as característi-cas do ponto de vista da habitação e também irá atrair prédios co-merciais. Irá consolidar uma nova vocação para a Lapa de Baixo”.

Limpeza

“A subprefeitura vai intensificar a varrição das ruas da Lapa de Baixo. Também vai ceder uma parte do viaduto para o pessoal da varrição se instalar e criar uma base de apoio. Essa base vai facilitar e melhorar o trabalho dos varredores. Outra parte do viaduto já foi cedida para a Polícia Militar fazer a apresentação da tropa da operação delegada”.

Moradores de rua

“A questão dos moradores de rua é um trabalho mais da assistên-cia social, um trabalho difícil, de formiguinha. É um drama social, principalmente com a questão das bebidas e das drogas e que se agravou com a explosão do crack. Tem que ser tratado de forma pa-ciente, porque é problema de saúde pública, mas também é preciso ser rígido em relação à ocupação do espaço público”.

TaTiaNa LaNzeLoTTi

Thia

go

lib

eraT

ore

Uma nova Vocação para a Lapa de Baixo

em entrevista concedida ao Jornal Nova Lapa, o subprefeito Carlos fernandes fala dos planos da subprefeitura para a Lapa de Baixo. Segundo fernandes, o bairro precisa ser revitalizado. Com a construção da nova sede do fórum regional, a Lapa de Baixo pode se transformar num grande pólo de serviços. Confira, a seguir,as principais questões levantadas pelo subprefeito:

Posto de Saúde

“Existe um estudo da Secretaria da Saúde que aponta a necessidade de montar um posto de saúde na Lapa de Baixo. A Secretaria está procurando um local para insta-lar esse posto. Porém, do ponto de vista da prefeitura, muitas casas da região estão irregulares. O imóvel que irá abrigar o posto deverá ser re-gularizado para, então, ser locado. O importante é que existe vontade política para atender essa demanda da população”.

Iluminação pública

“Há um projeto de revitalização da iluminação da Lapa de Baixo, pelo ILUME, em 2011. Vão ser tro-cados os braços dos postes e a tecno-logia das lâmpadas, que serão tro-cadas por outras mais modernas”.

CPTM

“A Subprefeitura da Lapa preten-de melhorar o entorno da estação de trem. Para isso, pediu autorização para a CPTM e vai pitar os muros com grafites. A companhia de trens vai reformar as calçadas das ruas John Harrison e Willian Speers. Ela também está realizando um estudo para a conclusão da acessibilida-de da passagem de nível na rua Willian Speers, outra antiga reivin-dicação por parte das comunidades da Lapa e Lapa de Baixo”.

JORNAL NOVA LAPA6

A proposta da Prefeitura de transformar a orla ferroviária na cidade em áreas de adensa-mento populacional (prédios comerciais e residenciais) foi recebida na Lapa de Baixo num clima de extrema preo-cupação. Ao se debruçarem no texto básico e mapas básicos da Operação Urbana Lapa-Brás, integrantes do movimento de cidadania Minha Lapa Minha Vida se deram conta que boa parte da Lapa Baixo pode ser objeto de amplo processo de desapropriações, algo que a Prefeitura fez questão de des-cartar durante a realização do Seminário Comunidade e Cida-dania,- promovido no final de janeiro pelo Jornal da Gente.

Para ouvir as explicações do secretário municipal do De-senvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, mais de 300 pessoascompareceram ao auditório das Faculdades Integradas Rio Branco. Pela primeira vez, desde que foi lançada, em maio de 2010,aOperaçãoUrbanaLapa– Brás era apresentada, oficial-mente, aos lapeanos.

O seminário começou com uma apresentação feita pelo grupo “Minha Lapa Minha Vida”, com as principais dúvidas da po-pulação lapeana, principalmente em relação às desapropriações. Em seguida, o secretário respon-deu às perguntas dos presentes.

Bucalem explicou que ainda não existe um projeto da Ope-ração Urbana Lapa- Brás. O que está disponível para consulta são diretrizes desse plano reurbaniza-ção da orla ferroviária. “Não que-remos apresentar algo pronto, queremos apresentar um projeto em construção”, disse Bucalem.

O plano da Prefeitura é aterrar os trilhos de trem e construir uma via parque,ou seja, uma grande avenida, com muitas árvores, ci-

clovias e largas calçadas. Sem a barreira imposta pela linha férrea e pelos viadutos de transposição, a Prefeitura acredita que a região vai se desenvolver ainda mais. Essa avenida também vai possi-bilitar a demolição do elevado Costa e Silva, o minhocão, um dos responsáveis pela degradação de parte do centro da cidade.

O secretario garantiu que para a construção da via parque não haverá nenhuma desapro-priação na Lapa. Eventualmen-te, de maneira pontual, será preciso retirar algum imóvel para determinada obra, contra enchentes por exemplo. Se isso ocorrer, o valor pago pelo imóvel será o de mercado do dia e não o valor venal.

A Prefeitura vai dar as diretri-zes para a ocupação equilibrada do entorno da via parque pelo mercado imobiliário. Segundo Bucalem, é importante garantir que a população de renda mais baixa também ocupe essa área e passe a morar mais perto de seu local de trabalho. Afinal, essa é a grande vocação da Operação Urbana Lapa – Brás: trazer as moradias para perto dos empregos.

urbanismo

Operação Urbana tem prós e contrasTiaGo L e eduardo fiora

“Não queremos apresentar algo pronto, queremos mostrar um projeto em construção, fruto do debate entre a Prefeitura e a sociedade civil”

Bucalem aposta em diálogo com moradores

Ao apresentar as Diretrizes Gerais da Operação Urbana –Lapa Brás, a Secretária Mu-nicipal do Desenvolvimento Urbano, aponta mudanças es-truturais advindas do processo de reurbanização, entre elas o aterramento das linhas férreas e a transferência do Terminal Barra Funda para a região da Lapa.

“No lugar dos leitos ferro-viários, uma via parque com amplos passeios de pedestres , ocupação intensa e variada, ci-clovias, parques e espaços pú-blicos será um novo elemento de conexão entre os bairros e não apenas suporte do tráfego de passagem, indicando uma nova diretriz a ser seguida.

As linhas férreas vindas das regiõessul(linha9-Esmeral-da), oeste (linha 8 – Diaman-te) e norte (linha 7 – Rubi) poderiam ter seus traçados alterados de modo a confluir para uma estação terminal, localizada no pátio ferroviário

da Lapa de Baixo que abriga-ria ainda um novo terminal de ônibus intermunicipais em substituição ao que hoje opera na Estação Barra Funda. Parte da linha 10 –Turquesatambém poderia ser rebaixa-da nas proximidades da área central para permitir a recom-posição do tecido urbano.

A partir da nova estação terminal, novas linhas subter-râneas poderiam ser implan-tadas. Os ônibus intermu-nicipais que se utilizam das Rodovias Anhanguera, Ban-deirantes e Castelo Branco estariam, por sua vez, com o deslocamento do termi-nal para a área da Lapa, mais próximos de seus destinos, diminuindo suas rotas e reti-rando a sobrecarga no sistema viário causada pelo tráfego no entorno da Estação Barra Funda e na Marginal Tietê. A remodelação da Estação Barra Funda abre assim a perspecti-va de uma nova inserção para o conjunto do Memorial da América Latina”.

Mudanças estruturais

Tiag

o D

e C

arli

Thia

go

lib

eraT

ore

Aterramento dos trilhos unirá as duas Lapas

FEVEREIRO / MARÇO - 2011 7

ponto de vista

Nabil Bonduki, arqui-teto, urbanista e profes-sor da uSP, fala sobre um outro modo de ver e viver a cidade de São Paulo.

Com a Lapa de Baixo in-serida num complexo con-texto de propostas e projetos de reurbanização, o Jornal Nova Lapa abre espaço para refelxões sobre o repensar da cidade, na perspectiva de sua indispensável reurbanização.

Transcrevemos artigo de Nabil Bonduki, disponíveis em seu site (www. http://www.nabil.org.br).

“A cidade como lugar aberto e democrático onde 'se respira o ar da liberdade', como era entendida desde a Idade Média, vem sendo destruída pela crescente criação de empreendimentos segregados da malha urbana. Como castelos medievais, as cidades brasileiras estão se transformando numa somatória de áreas segmentadas, muradas, controladas por guaritas policiadas e por circuitos internos de televisão, num verdadeiro “big brother” urbano, que nos remete à apavorante sociedade em que os cidadãossãovigiados24horas.

A suposta falta de segurança é o argumento principal para este

verdadeiro aparthaid urbano, que imita as sociedades racistas e divididas por conflitos étnicos e políticos. A ausência do Estado e o medo, difundido por progra-mas televisivos, geram negócios imobiliários que se utilizam do marketing de segurança para vender produtos que se alimen-tam ainda da desigualdade e do preconceito social, que assolam não só as classes média e alta de uma sociedade muito desigual, como até mesmo setores popu-lares que começam a ter alguma capacidade de consumo.

Aos empreendimentos que já nascem segregados, como sho-ppings centers, condomínios residenciais fechados, centros empresariais e seletos aglome-rados de lazer, se somam ini-ciativas ilegais de fechamento de áreas públicas como ruas, loteamentos, vilas e conjun-tos habitacionais, patrocinadas por associações de moradores e, muitas vezes, apoiadas pelas próprias prefeituras. Espaços públicos que, por lei, deveriam estar abertos a todos os cida-dãos, são fechados por grades, muros, e cancelas. Taxas a título de condomínio – que legalmen-te inexistem – são cobradas ilegalmente de moradores por associações administradoras, numa dupla tributação que vem criando dívidas impagá-veis e fortes conflitos entre os moradores adeptos e contrários a este tipo de iniciativa.

Este conceito de segurança está sendo colocado em xeque pela onda de assaltos a shoppings centers e a condomínios de luxo em São Paulo. Ao contrário do que muitos imaginavam, estes espaços fechados e segregados não garan-tem a almejada proteção.

Este modelo urbano, que vem se consolidando no Brasil, baseado em bankers fortifica-dos e armados, ao contrário de garantir a segurança, desnudam uma cidade cada vez mais inse-gura. Sua lógica se combina com uma mobilidade feita exclusiva-mente por automóveis indivi-duais, que levam as pessoas de estacionamento a estaciona-mento, sem nenhum contato direto com o espaço público. Alguns paraísos do consumo sofisticado, como shoppings de luxo, não permitem mais o acesso a pé. À sua volta, longos muros criam ruas esvaziadas.

Este processo de desertificação de ruas, praças e parques tornam as cidades ainda mais inseguras, numa espiral decrescente que

realimenta o despovoamento do espaço público. Voltados para áreas internas e controladas, lojas, residências, serviços e locais de lazer e cultura, como cinemas e teatros, deixam de se abrir para as calçadas públicas – quando elas (...)Cresce a consciência de que é necessário reverter este proces-so. Algumas práticas cotidianas resistem ao desaparecimento da vida urbana. Jovens, de diferen-tes segmentos sociais, se apro-priam de espaços públicos, com se vê nos finais de tarde entre a Avenida Paulista, a Rua Augusta e a Praça Roosevelt, em São Paulo e em tantos “pedaços” de outras cidades brasileiras, como nas orlas marítimas. Namoram, passeiam e se divertem num espaço seguro porque povoado. É crescente o número de pessoas que praticam caminhadas em ruas das cidades.

O comércio de rua, livres das altas taxas que pagam em shop-pings, resistem dando vida aos bairros e oferecendo produtos e serviços mais baratos. Ruas se

Thia

go

lib

eraT

ore

“Jovens dos mais diferentes segmentos sociais, cada vez mais se apropriam dos espaços públicos"

especializam na venda de pro-dutos especializados, como ele-trônicos ou madeiras. Na falta de espaços públicos de quali-dade, postos de gasolina e suas lojas de conveniência se trans-formaram em ponto de referên-cia nas noites quentes, mostran-do que as pessoas querem viver em cidades abertas, mesmo quando inexistem ambientes adequados. Ciclistas lutam para ganhar espaço e segurança nas vias públicas, ainda apropriadas de forma individual e privada pelos automóveis. Transporte coletivo de qualidade tornou-se objeto de desejo para um cres-cente setor que já percebeu que é insustentável todos se desloca-rem por automóveis.

Reverter o modelo urbano que vem se consolidando no país, baseado em territórios fechados, espaços públicos desertos, na se-gregação social e no carro como o principal modo de mobilidade, é uma necessidade civilizadora. Felizmente, há alguma luz no final do túnel”.

TiaGo L e eduardo fiora

Praça Jacomo Zanella: palco de ação ambiental

Thia

go

lib

eraT

ore

Cidade aberta e segura

JORNAL NOVA LAPA8

trariam espaço neste mercado: “O estudante de direito, por exemplo, poderia trabalhar em uma editora de livros jurí-dicos”, afirma Trimer.

Segundo ele, o aparente desinteresse pelo trabalho em editoras, acontece por dois motivos. Um deles é a expec-tativa que o jovem cria em relação ao seu curso: “O estu-dante de jornalismo sonha em trabalhar em grandes veículos de comunicação, o estudante de história deseja se tornar professor. Eles ficam presos a

Gostar de ler e estar “ante-nado” com o meio cultural são as exigências para entrar no mercado editorial, uma área ainda pouco explorada pelos estudantes universitários que estão em busca de estágio.

Em geral, entram para o mercado editorial alunos de letras ou de editoração. Porém, segundo Roger Trimer, diretor editorial da Pearson Edu-cation no Brasil, alunos de outros cursos também encon-

Pearson aposta em jovens universitários como estagiários

TaTiaNa LaNzeLoTTi esses paradigmas e não procu-ram oportunidades em outros campos”, explicou Trimer.

A outra razão é o desconhe-cimento em relação ao tra-balho nas editoras. O editor tem papel importante no pro-cesso de criação dos textos, ele ajuda o autor a trans-mitir suas idéias da melhor maneira. Além disso, é muito instigante e gratificante criar bens culturais e lançar livros que se destaquem. Esse é um grande desafio para esses profissionais.

Roger Trimer: diálogo direto com estudantes e professores

Thia

go

lib

eraT

ore A Pearson Education, o

maior grupo editorial do mundo, abre vagas para está-gios todos os anos. Os can-didatos passam por testes de leitura e redação para perceber qual é a intimidade de cada um com textos. Para a editora, os candidatos com mais po-tencial são os que não se con-tentam com o que aprendem na faculdade e sempre estão em busca de novas informa-ções e ampliação de horizon-tes culturais.

Para encontrar novos ta-lentos, a Pearson vai direto às faculdades que possuam pensa-mento alinhado ao da empresa. Segundo Trimer, as boas facul-dades são aquelas que estimu-lam o aluno a ler e pesquisar. Os estudantes devem ir além da pesquisa simples. "Eles pre-cisam saber encontrar as infor-mações, analisá-las e comuni-cá-las de forma efetiva. Assim, estão preparados para trabalhar, não só no mercado editorial, mas em qualquer área".

Parceria concreta

"Editora sempre valoriza formação acadêmica e busca alunos com com ousadia de atuar e inovar no campo editorial"

Div

ulg

ação

A estratégia da Pearson em termos de Recursos Humanos se materaliza, na prática, com ações pontuais, como a adesão ao projeto do Jornal Nova Lapa. No primeiro semes-tre de 2010, o presidente da Peasron Education no Brasil, Guy Gerlach, tomando co-nhecimento da parceria entre Página Editora e Faculdades Rio Branco decidiu aderir ao projeto, destacando que inicia-tivas desse gênero são impor-tantes, pois colocam na vitrine o talento dos futuros profissionais, tornando seu trabalho visível no universo editorial.

Com uma agenda sempre repleta de compromissos, Guy Gerlach fez questão se prestigiar o lançamento do Nova Lapa, em concorrido evento no audi-ório das Faculdades Integradas Rio Branco, em outubro do ano passado, reiterando o apoio da Pearson a uma proposta total-mente inovadora.

parceria