Jornal "O Bandeirante" - nº 266 - Janeiro de 2015

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266 266 266 266 266 JANEIRO 2015 O Bandeirante Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo INESQUECÍVEL OLHAR INESQUECÍVEL OLHAR INESQUECÍVEL OLHAR INESQUECÍVEL OLHAR INESQUECÍVEL OLHAR Deu-me as costas e saiu. Em suas palavras, uma firmeza amorosa e em seu olhar, a doçura que enxerga a fruta verde no afã de amadurecer. Minha briga interna era ferrenha. Ele falava de instalar no paciente um coquetel com medicações, usado em doentes terminais com muitas dores ou dispneia, que o faria dormir e se livrar da agonia. Eu sentia dúvidas. Pensava que aquele coquetel poderia encurtar o seu período de vida e isso me remetia à ideia de eutanásia.Anienne Nascimento Médico Para o paciente Médico não adoece Não precisa ir para casa Quando anoitece. Médico não tem vida, Não tem dia, Não tem hora, E sozinho chora!” Mércia Chade Visite nosso BLOG: http://sobramespaulista.blogspot.com.br Monotonia Reencantamento Aline Andruskevicius Karla Carbonari Chico Luz Senador, acho que o problema das nações é o da justiça. Um dia desses fui ao cinema assistir a um filme chamado “Três enterros”, que fala bem dos equívocos das pessoas. Como é possível existir justiça com tanto equívoco?” Carlos José Benatti Linha do tempo Caminho

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266266266266266JANEIRO

2015O Bandeirante

Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo

INESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHAR“Deu-me as costas e saiu. Em suas palavras, uma

firmeza amorosa e em seu olhar, a doçura que

enxerga a fruta verde no afã de amadurecer.

Minha briga interna era ferrenha. Ele falava de

instalar no paciente um coquetel com medicações,

usado em doentes terminais com muitas dores ou

dispneia, que o faria dormir e se livrar da agonia.

Eu sentia dúvidas. Pensava que aquele coquetel

poderia encurtar o seu período de vida e isso me

remetia à ideia de eutanásia.”

Anienne Nascimento

Médico“Para o paciente

Médico não adoece

Não precisa ir para casa

Quando anoitece.

Médico não tem vida,

Não tem dia,

Não tem hora,

E sozinho chora!”

Mércia Chade

Visite nosso BLOG:

http://sobramespaulista.blogspot.com.br

Monotonia

Reencantamento

AlineAndruskevicius

KarlaCarbonari

ChicoLuz

“Senador, acho que o

problema das nações é o da

justiça. Um dia desses fui ao

cinema assistir a um filme

chamado “Três enterros”,

que fala bem dos equívocos

das pessoas. Como é

possível existir justiça com

tanto equívoco?”

Carlos José Benatti

Linha do tempo

Caminho

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2 O Bandeirante - Janeiro 2014

EXPEDIENTE: Jornal O Bandeirante - ANO XXIV - nº. 266 - Janeiro 2015 | Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado deSão Paulo - SOBRAMES-SP. | Sede: Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 278 - 7º. Andar - Sala 1 (Prédio da Associação Paulista de Medicin a) - São Paulo - SP | Editores: Josyanne Rita de ArrudaFranco e Marcos Gimenes Salun (MTb 20.405-SP) | Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP).| Redação e Correspondência: Av. Prof.Sylla Mattos, 652- ap.12 – Jd. Sta.Cruz – CEP 04182-010 – São Paulo – SP E-mail: [email protected] Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815. | Colaboradores desta edição: (Textos literários):Aline Abdruskevicius de Castro, Anienne Nascimento, Carlos José Benatti, José Francisco Ferraz Luz, Karla Carbonari e Mércia Lúcia de Melo Neves Chade. (Olhar Paulista): Márcia Etelli Coelho.| Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. | Diretoria - Gestão 2015/2016 - Presidente: Carlos Augusto Ferreira Galvão. Vice-Presidente: Márcia Etelli Coelho. Primeiro-Secretário: Marcos Gimenes Salun. Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-Tesoureiro: Helio Begliomini. Segundo-Tesoureiro: Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:Josyanne Rita de Arruda Franco, José Alberto Vieira e Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: AlcioneAlcântara Gonçalves, Geovah Paulo da Cruz e Mércia Lúcia de Melo Neves Chade. | Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opiniãoda Sobrames-SP | Editores de O Bandeirante: Flerts Nebó - novembro a dezembro de 1992, Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1993-1994, Carlos Luis Campana e Hélio Celso Ferraz Najar- 1995-1996, Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1996-2000, Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun - 2001 a abril de 2009, Helio Begliomini - maio a dezembro de 2009, Roberto A.Aniche e CarlosAugusto F. Galvão - 2010, Josyanne R.A.Franco e Carlos Augusto F.Galvão - 2011-2012, Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun - 2013 em diante | Presidentes da Sobrames-SP: 1º. FlertsNebó (1988-1990), 2º. Flerts Nebó (1990-1992), 3º. Helio Begliomini (1992-1994), 4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996), 5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998), 6º. Walter Whitton Harris (1999-2000), 7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002), 8º. Luiz Giovani (2003-2004), 9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005), 10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006), 11º. HelioBegliomini (2007-2008), 12º. Helio Begliomini (2009-2010), 13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012), 14º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2013-2014), 15º Carlos Augusto Ferreira Galvão(2015/2016). | Editores: Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun, | Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto | Diagramação: Marcos Gimenes Salun | Rumo Editorial Produções e Edições Ltda.E-mail: [email protected] | Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Editora - São Paulo

01/01 – José Rodrigues Louzã13/01 – Aída Lucia P.Dal Sasso Begliomini16/01 – José Leopoldo Lopes de Oliveira24/01 – Suzana Grunspun25/01 – Rodolpho Civile

As Pizzas Literárias daSOBRAMES-SP acontecem naterceira quinta-feira de cadamês, a partir das 19h00 naPIZZARIA BONDE PAULISTARua Oscar Freire, 1.597 -

Pinheiros - S.Paulo

As Reuniões de Diretoria são abertas a todos osassociados e acontecem na SEDE da SOBRAMES-SP(APM) - Av.Brigadeiro Luis Antonio, 278 - 7º andar -

Sala 1 - Início às 19h00

Sob nova direçãoMais uma vez , orgulhosamente, estou na

direção de uma das mais importantes regionais daSociedade Brasileira de Médicos Escritores, a regionalpaulista. Há diferenças de 2001, quando assumi pelaprimeira vez, e hoje; a SOBRAMES, cresceu, tornou-se mais importante ainda, muitas regionais foramcriadas, mas, junto com este progresso, surgiramnovos desafios. Creio ser o principal, que tornemo-nos conhecidos entre os médicos jovens, onde,seguramente, encontram-se inúmeros talentos

literários, mas também é onde reside a perenidade dequalquer sociedade. Esta gestão estará voltada para aconquista destas novas gerações e, para isso, nosimiscuiremos nas salas de repouso médico doshospitais, nos quartos de plantonistas, procuraremosinteragir com entidades como as sociedades demédicos residentes, enfim, procuraremos de todas asmaneiras este público, que entendemos, representa onosso futuro.

Dentro de dois anos, nossa regional irápromover o XXVI Congresso Nacional, e este é outrogrande desafio que enfrentaremos. Os últimoscongressos nacionais foram belos e organizados. SãoPaulo não pode ficar para trás e temos obrigação deoferecer ao Brasil um congresso impecável, e paraisso a regional paulistana não medirá esforços. Afinaltemos de seguir a bandeira desta terra “Non ducor...

duco.”

Carlos Augusto Ferreira Galvão

Psiquiatra - Presidente da Sobrames-SP

EDITORIAL

Bolo & Champanhe

Esta agenda está sujeita a alterações em decorrênciade fatores não previstos por ocasião de sua elaboração.

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O Bandeirante - Janeiro 2014 3

Inesquecível olharAnienne Nascimento

São muitas as experiências vividas na residênciamédica. Com certeza foi um tempo riquíssimo. Lembroquando ainda estava no primeiro ano da residênciafazendo o meu estágio na enfermaria de MoléstiasInfecciosas (M.I.). Eu era residente de M.I. e fazíamoso primeiro ano como qualquer outro residente de clinicamédica.

Assumi um paciente muito grave que estava comAIDS, tuberculose pulmonar e sarcoma de Kaposi, que éum tipo de câncer, comum na pele e mucosa dosimunodeprimidos por AIDS. Nesse caso o pulmão dopaciente estava tomado pelas duas patologias, sarcomade Kaposi e tuberculose. Não lembro o seu nome, nãosou muito boa de nomes, mas lembro do seu olhar...

Havia poucos dias que o acompanhava. Estavamuito fraco e nós “entre a cruz e a espada” pois nãosuportava receber todas as medicações necessárias aoseu quadro. Seria uma quantidade enorme e podiaintoxicá-lo, ao invés de fazer o efeito esperado. Tínhamosque optar ou pelos remédios para a tuberculose, nessecaso o sarcoma aumentaria, ou pelos quimioterápicos enesse caso a tuberculose não daria trégua. E quanto aosantirretrovirais, que são as medicações usadas paracombater o vírus HIV, nessa época abriam-se novoshorizontes, mas tudo ainda estava muito novo e sofrível.Muito difícil suportar os esquemas com tantoscomprimidos e efeitos colaterais. De forma pensada ecalculada, optamos por iniciar o tratamento paratuberculose e torcer para que suportasse a barra, masele passava muito mal, com uma dispneia intensa, ou seja,uma falta de ar dos diabos.

Eu me sentia impotente. Não havia indicação deintubá-lo e colocá-lo num respirador porque o problemanão era a passagem de ar que estava obstruída por algumacondição e sim o tecido pulmonar que não tinhapossibilidades de favorecer a troca de gases. Por maisque se instilasse ar dentro dos pulmões, estes seencontravam impossibilitados de funcionar pela destruiçãodo tecido.

Era noitinha e meu preceptor, o mais jovem, maisamigo e mais próximo estava indo embora. Eu ficaria naenfermaria até a chegada do infectologista, plantonistada noite. O paciente estava piorando e me causava afliçãoe ansiedade. O que eu poderia fazer? Antes que meupreceptor saísse, olhei para ele suplicante:

– Fulano, sabe aquele paciente da tuberculose comsarcoma de Kaposi?

– Sim.– Ele está muito mal, com uma dispneia terrível.– Eu sei. O que você pretende fazer?– Não sei...– Não vai intubar, né?– Não, claro que não... Isso só prolongaria o seu

sofrimento, se não o matasse.– Você sabe o que tem que fazer, Ani.– Por favor, prescreva.– Não. Você é a médica responsável pela

enfermaria.– Eu não vou ter coragem...– Você é quem sabe.Deu-me as costas e saiu. Em suas palavras, uma

firmeza amorosa e em seu olhar, a doçura que enxerga afruta verde no afã de amadurecer. Minha briga internaera ferrenha. Ele falava de instalar no paciente um coquetelcom medicações, usado em doentes terminais com muitasdores ou dispneia, que o faria dormir e se livrar da agonia.Eu sentia dúvidas. Pensava que aquele coquetel poderiaencurtar o seu período de vida e isso me remetia à ideiade eutanásia. Eu não me sentia no direito de prescrever.Sofria com a briga que se avolumava em meu íntimo.Encurtar o seu período de vida? Mas que vida?

Assim que ele saiu, a enfermeira veio até mim edisse:

– Doutora, o paciente está lhe chamando.O quarto ficava ao lado da sala dos médicos. Fui

até lá como “um boi que se encaminha ao matadouro”.Ao entrar no quarto vislumbrei seus olhos... Dizem quesentimentos não podem ser materializados, mas naquelahora a “angústia” se materializou naquele olhar e tocouem mim, me chacoalhando... E entre roncos, chiados,pausas e sibilos ele conseguiu dizer:

– Doutora, pelo amor de Deus, me dê algo para eudormir...

A situação era caótica dentro de mim e extremadentro dele. Fui até o posto de enfermagem, ainda mesentindo “um boi que caminha para o matadouro” eprescrevi o coquetel. Chorando entreguei nas mãos daenfermeira que me olhava com compaixão.

– É assim mesmo, doutora.Rapidamente colocou as medicações no soro e

seguiu para a enfermaria. Fiquei sentada com a cabeçaentre as mãos. Eu não estava certa de que estava fazendoo certo, mas aquele inesquecível olhar havia me vencido.

Daí a alguns minutos ela retorna com o soro nasmãos.

– Não deu nem tempo de instalar...***

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4 O Bandeirante - Janeiro 2014

Médico é um ser humanoComo qualquer um;Tem sentimento, dores, doenças, problemas,Como nenhum.

Por dentro pode chorar,Gritar, Se angustiar, se revoltar.Por fora não pode fraquejar.

Consigo mesmo é inseguro,Pois só entende de Medicina.Para os outros é jogo duro,Pois acham que ele é Deus.Esta é sua sina,Que nada tem de divina!

Na vida social é usado,Nas festas, assediado.- O que eu tenho doutor,Que me causa esta dor?

Isto o deixa muito cansado,E até mesmo entediado!Pela imprensa é vilipendiado,Julgado, desacreditado.Cem vezes pode acertarE nenhuma vez pode errar,Pois será crucificado.

Tem duas roupagens,A de dentro e a de fora,Para vestir sua emoção,Que usa como imagens.

O paciente quer do médico,Como emoção de dentro,O sentimento,Para a sua dor e sofrimento.

Como emoção de fora,Quer o equilíbrioE a serenidade,Sem demora.O médicoQuer ser gente,Por dentro e por fora,Mas ninguém consente!

Não quer brincar de Deus,Os poderes não são seus.Quer ser genteE não onipotente.

O médico chora,Mas não é por fora.É por dentro,No seu centro.

O médico sente,Mas às vezes mente,A si, sua família e ao paciente,Quando está muito doente.

Para o pacienteMédico não adoeceNão precisa ir para casaQuando anoitece.

Médico não tem vida,Não tem dia,Não tem hora,E sozinho chora!

Sofre intensamentePois para a famíliaEstá sempre ausente.Perde todas as festasAniversários, natais,E todos os que tais.Isto é muito deprimente!

Neste mundo,Desumano,Ser humano,É algo de que não me ufano!

Entra anoSai ano.Ser médico é cada vez mais difícil

Ser médicoÉ sofrer caladoE estar sempre cansado.

MédicoMércia Lúcia de Melo Neves Chade

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Linha do tempoCarlos José Benatti

Artobanus era um político em ascensão, poisdiferentemente dos outros, fazia reflexões sobreconceitos fundamentais da democracia.

– Odila, fico perplexo quando vejo pessoastotalmente incapazes de votar por ignorância deconhecimentos comezinhos, sociais e políticos. Comoorganizar um grupo competente e formar uma elitedirigente se não temos uma elite de eleitores?

– Senador, os vários idiomas são um grandeempecilho de entendimento entre os povos e as naçõessão criadas não por limites geográficos, mas justamentena fronteira de pessoas que falam línguas diferentes. Essadiversidade é que lhe deixa perplexo.

– Exatamente, Odila. Fico perplexo de nãoenxergar onde está a reserva moral da nação.

– Senador, nunca entendi bem o seguro-desemprego, pois basta se cadastrar para receber umaquantia razoável mensal, o difícil é o seguro-emprego,isto é, você colaborar para o engrandecimento daempresa para garantir seu emprego. Mas não fazer nadase transformou num excelente meio de ganhar tempo...

– Odila, a estratégia depende de metas bemdefinidas. Você que tem clarividência entende bem isso.Não vê as coisas, mas as sente.

– Senador, acho que o problema das nações é oda justiça. Um dia desses fui ao cinema assistir a umfilme chamado “Três enterros”, que fala bem dosequívocos das pessoas. Como é possível existir justiçacom tanto equívoco?

– A justiça, Odila, é um suco saído de umliquidificador em que foram colocados verdades ementiras. A propósito, Odila, dia destes vi sua foto nojornal e você estava muito bonita. Gostei da entrevista.

– Pessoa bonita não tem foto feia, senador.O celular tocou, o senador pediu licença para

atender e a seguir pediu licença para se retirar. Pagou efoi embora. Era a quarta vez que o senador vinha e emnenhuma delas ficou mais de cinco minutos. Político sóaparece quando a gente chama, pensou jocosamenteOdila...

É preciso acordar as histórias...Histórias que vivemos, histórias que sonhamosHistórias abertas....Nossas histórias se continham... braços disponíveisdavam colo as nossas reminiscências!Foi em uma noite de curso de contadora de históriasque minhas histórias pularam da mala...Fitas, lenços, pedaços de vida... tranças que contémcheiro, sabor, amor e dor!Assim as nossas histórias se encontraram... Pouco apouco o acaso nos brindava em pleno exercício daserendipidade... dilemas impensados se transformamcom a abertura de nossas vidas...Finda Dezembro e como em nenhum outromomento desejamos o fim... aceitamos o fim...solicitamos e vibramos pelo fim... um inusitadoencontro entre a vida e a morte se consagram com oinício de novo ano...

Novas expectativas, novas histórias... novas perguntas,novos contornos!E pra hoje o que levamos?Levo o gosto de coisa nova, de espaços dedisponibilidade, de colo, pedaços de pertencimentopara serem acomodados... esta é a receita de anonovo!Levo no bolso, bem amassadinha de tanto reinventá-la!Devagarinho, ao longo dos dias do ano me reencantopelas minhas histórias!Quem eu sou?De onde vim?Qual é o meu segredo?

Por um reencantamentoKarla Carbonari

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Meu caminho sempre o mesmoDesde a manhã, à tarde e à noite.Com paisagens diferentesEm cada uma das passagens.

Pois não a vi pela manhã,Mas encontrei à tarde.À noite já não era a mesma.O tempo matinal foi longe.

Demorado, auspiciosoO vespertino extenso,Mas o noturno é curtoRápido e compassivo.

Caminhei primeiro aspirandoO perfume da primaveraDepois na exaustivaTemperatura do verão.

Neste outono cansadoNada tem novidadeTudo me pareceDe ontem com hoje.

Quiçá no invernoEu repouse satisfeitoNo fim da caminhadaCom missão conclusa.

Caminhar é um exercícioObrigatório para quem estáNa estrada viajando.Um destino programado.

Quem para se ilude,Quem caminha cumpreO propósito pretendidoMas só recebe quem chega.

Os louros da vitóriaNum pesado troféuDe vencedor premiaQuem reluta e chega.

O tempo repetido do relógio,Não é o mesmo do SolE das estrelas, que marcamNa pele e nos fenecem.

O que é igual não me fascinaO monótono vira tédioRepetição, obrigaçãoE então vem e vaiFica ou é esquecidoBoas viram aprendizado, as ruins experiência...E no tempo repete-se...Modifica esse ou aquele..às vezes com junção de boas ...Perfeição nem em cançãoInevitável não repetir até mesmo as indesejáveisNeste instante, momentos que deveriam ter idoressurgem...E é nessa repetiçãoNa monotonia sem fimE na mesmice que vem e vaiQue cada vai fica e nada mudaE tudo vira tediante até ressurgir outro vem...E é nesse vai e vem que leva-se a vida...

MonotoniaAline Andruskevicius de Castro

CaminhoJosé Francisco Ferraz Luz

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O Bandeirante - Janeiro 2014 7

Livros em destaque

CARLOS JOSÉ BENATTI“Os Segredos da Cartomante”Rumo Editorial - SPÉ o segundo romance de CarlosJosé Benatti. Através daexperiência da cartomante Odila ede sua amiga e assistente Rufina,o autor vai explorando os dramas,as paixões, o comportamento e asquestões éticas e sociais trazidaspelos inúmeros consulentesatendidos pelas personagens. Orelato de um capítulo vai sealinhavando ao outro e aos poucoso autor constrói um amplo eintrigante retrato do ser humano.Contatos e aquisições pelo e-mail:[email protected]

O trecho abaixo é parte de umapoesia de um dos autores daSOBRAMES-SP, já publicadaanteriormente numa de nossasANTOLOGIAS. Você consegueidentificar o autor?Resposta na próxima edição.

O trecho publicado na edição anterior

pertence à crônica “A Igreja deSão Cristóvão”, escrita por Mariado Céu Coutinho Louzã, que foi

publicada na página 241 da “AntologiaPaulista” de 2003. Que tal reler essacrônica na íntegra, além de outrostextos dos talentosos autores daSOBRAMES guardados para semprenaquela edição?

Relendo

(...) Era um sonho seu restaurá-la. Assim,para isso iniciou uma luta que duraria 10anos ao buscar junto a empresários,prefeitura e amigos, recursos pararestaurar o que ele considerava umpatrimônio dos católicos de São Paulo. (...)

Guardados para sempre

KARLA CARBONARI e CAROLINARIBEIRO SEABRA (Organiz.)“Psico-oncologia - assistênciahumanizada e qualidade devida” - Editora Comenios - SPApresenta conceitos de granderelevância sobre a Psico-oncologia,tratando desde a detecção precocea cuidados paliativos de doençascomo o câncer de mama e gineco-lógico. Simultaneamente, abordaideias relacionadas à espiritua-lidade, amor, repercussões, morte,enfrentamento e alternativas,conjugando-as com a prática eilustrando-as com alguns casos.Contatos e aquisições pelo e-mail:[email protected]

Edição anterior

(...) Estou pronto para ir às estrelas /Coloquei as meias sujas dos últimospassos / Limpei com areia a lentecinza dos óculos / E arrumei ideaissobre ideias e lembranças inúteis /Entre planos esquecidos emudecialguns dos meus gritos / E violenteiminhas sombras projetadas naparede da sala.(...)

Anuidade 2015

A diretoria fixou a anuidade de 2015 em R$360,00 (trezentos e sessenta reais), que podem ser pagosem 3 (três) cheques mensais de R$ 120,00 (cento e vintereais) para janeiro, fevereiro e março ou para fevereiro,março e abril. Contudo, para aqueles que puderem pagaraté 28/02/2015, o valor será de R$ 300,00. Tão logoseja efetuado o pagamento será encaminhado um recibo.O pagamento poderá ser feito através de cheque, enviadoao primeiro tesoureiro:

Helio Begliomini - Rua Bias, 234 – Tremembé

CEP 02371-020 – São Paulo – SP

Coleção Letra de Médico

A SOBRAMES-SP está lançando uma

coleção de obras individuais de autores

médicos para ficar na história. Você já está

convidado e não vai ficar fora dela. Aguarde

correspondência personalizada que chegará

até você por email ou correio.

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A Pizza Literária de 18 de dezembro também marcou oficialmente a posse da nova diretoria da SobramesSP. A Dra. Josyanne Rita de Arruda Franco, que deixava o cargo de presidente que ocupou por duas gestõesconsecutivas, fez um breve discurso, agradecendo e enaltecendco a colaboração de todos os que participaramdas atividades durante o seu mandato. A seguir, entregou ao Dr. Carlos Augusto Ferreira Galvão o bastão quesimboliza o comando da entidade.

Em breves palavras de posse, o Dr.Carlos Galvão ressaltou o propósito de divulgar a Sobrames SPentre as demais entidades culturais e principalmente entre os jovens das Faculdades de Medicina. Propósitocompartilhado por toda a unida e dedicada diretoria que com ele tomou posse.

A diretoria que assumiu o mandato para o biênio de 2015/2016 está assim composta: Carlos Augusto

Ferreira Galvão (Presidente); Márcia Etelli Coelho (Vice-Presidente); Marcos Gimenes Salun (PrimeiroSecretário); Maria do Céu Coutinho Louzã (Segunda Secretária); Helio Begliomini (Primeiro Tesoureiro);Aida Lúcia Pulin Dal Sasso Begliomini (Segunda Tesoureira); Josyanne Rita de Arruda Franco, José

Alberto Vieira e Roberto Antonio Aniche (Conselho Fiscal Efetivo); Alcione Alcântara Gonçalves,

Geovah Paulo da Cruz e Mércia Lucia de Melo Neves Chade (Conselho Fiscal Suplente).

O salão da Pizzaria Bonde Paulistaficou pequeno para receber tantosconfrades, familiares e convidados na PizzaLiterária festiva de Natal no mês dedezembro. Muitos brindes foram sorteadose aconteceram apresentações de textos quebem representaram a diversidade de estilosdos talentosos escritores.

Destaque para a participação dealguns membros do Grupo de Poetas,Cantores e Declamadores IndependentesVoluntários de São Paulo, que abrilhantarama noite com apresentação de peçasliterárias: Terezinha Dias Rocha, Jacó Filho,Ana Marques, Domingo Lage, CarlosConte e João Marques Neto.

Com muita honra recepcionamostambém Regis Cavini Ferreira que foi oidealizador do nome “O Bandeirante” parao jornal da Sobrames SP e o desenhista doperfil de Bernardo de Oliveira Martinsgravado na medalha concedida comoprêmio anual de melhor poesia.

Olhar Paulista

POSSE DA NOVA DIRETORIA

CASA CHEIA E MUITA FESTA