Jornal O Breves

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Pág. 5 Recolha de resíduos aquáticos em São Jorge Pág. 4 Página 2 Página 3 OBreves Diretor: Carlos Pires - Ano 3 - Nº 61 - 24 de Março de 2014 - Semanário - € 1,00 XS www.obreves.pt Página 4 facebook.com/jornal.obreves Governo investe mais 500 m€ em São Jorge e São Miguel Governo fecha laboratórios de análises Nova direção para a Casa de Repouso tráfico de estupefacientes Detido em São Jorge por Homicídio e

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Edição 61 publicada a 24 de março de 2014

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Pág. 5 Recolha de resíduos

aquáticos em São Jorge Pág. 4

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O B r e v e s Diretor: Carlos Pires - Ano 3 - Nº 61 - 24 de Março de 2014 - Semanário - € 1,00

XS

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Governo investe mais 500 m€ em

São Jorge e São Miguel

Governo fecha laboratórios de análises

Nova direção para a Casa de Repouso

tráfico de estupefacientes

Detido em São Jorge por

Homicídio e

A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola denunciou que o Governo Regional mandou fechar os laboratórios de análises clínicas da Unidade de Saúde de Ilha de São Jor-ge, no horário de prevenção, mandando que estes exames passem a ser feitos através do sistema point-of-care (kit descartável de análises clínicas). Num requerimento entregue no Parlamento Açoriano, a bancada parlamentar popular teme pela qualidade da pres-tação de serviços de saúde aos utentes de São Jorge e questiona o executivo socialista sobre o eventual alarga-mento desta orientação às restantes Unidades de Saúde de Ilha das ilhas sem hospital e aos próprios Hospitais E.P.E. . “A Unidade de Saúde de ilha de São Jorge recebeu indica-ções por parte da Secretaria Regional da Saúde para que, a partir do próximo dia 1 de Abril de 2014, encerre os ser-viços de análises clínicas em regime de prevenção”, denuncia Ana Espínola, acrescentando que “a alternativa proposta pela tutela para substituir o funcionamento destes serviços, no horário entre as 16h e as 8h, é a utilização dos equipamentos point-of-care (kit descartável de análi-ses clínicas)”. Ora, prossegue, “esta Unidade de Saúde de Ilha tem os equipamentos e os recursos humanos necessários que permitem manter o serviço de análises clínicas em funcio-namento, como aliás tem acontecido ao longo dos anos”, reforçando que “a ilha de São Jorge não possui hospital e que os profissionais de saúde apenas dispõem dos meios básicos essenciais e fundamentais para que se faça um diagnóstico em situações de emergência”.

A Deputada democrata-cristã frisa também que “as equi-pas que socorrem os utentes nos serviços de atendimento permanente, após as 16h, são constituídas por um médico, um enfermeiro e um auxiliar”, acentuando que “os labora-tórios de análises clínicas funcionam com profissionais de saúde habilitados e que trabalham exclusivamente nessa área”. Por outro lado, salientam os parlamentares da bancada liderada por Artur Lima, “nos Hospitais E.P.E. da Região também funcionam serviços de análises clínicas em regi-me de prevenção, ou seja, em horário posterior às 16h”, pelo que questionam se esta orientação da tutela será também estendida às unidades hospitalares. Em concreto, Ana Espínola, Artur Lima e Félix Rodrigues, perguntam “que critérios foram definidos pelo Governo Regional dos Açores para mandar fechar os serviços de análises clínicas da Unidade de Saúde da Ilha de São Jor-ge no horário entre as 16h e as 8h?”e “que garantias tem o Governo Regional relativamente à fiabilidade dos resulta-dos clínicos das análises feitas pelo sistema point-of-care?”. Os populares querem ainda saber se “prevê o Governo dar orientação igual às restantes Unidades de Saúde de Ilha das ilhas sem Hospital?” e se “prevê mandar encerrar tam-bém os laboratórios de análises clínicas nos Hospitais E.P.E. da Região, no horário das 16h às 8h, passando este serviço a ser assegurado nas unidades hospitalares igualmente por via dos sistemas point-of-care?”. Em caso de respostas afirmativas, indagam “para quando se prevê o início da utilização dos sistemas point-of-care nas restan-tes Unidades de Saúde de Ilha das ilhas sem hospital e nos Hospitais E.P.E. da Região?”. Os Deputados do CDS-PP pretendem obter esclarecimen-tos sobre “quem vai operar os sistemas de análises clíni-cas point-of-care?” e perguntam se “o sistema point-of-care substituirá integralmente os laboratórios de análises clínicas?”, solicitando que, em caso de resposta afirmativa, o executivo socialista diga “quando prevê desmantelar todos os laboratórios de análises clínicas?”. Ana Espínola questiona ainda sobre “qual o montante que o Governo Regional dos Açores estima reduzir nas despe-sas das unidades de saúde com o sistema point-of-care?”, “qual o custa de cada análise no sistema point-of-care e no laboratório de análises?”, “qual é o fornecedor do sistema point-of-care?” e “quais os parâmetros analisados pelo sis-tema point-of-care?”. Os parlamentares centristas lembram que na Região “não podem existir Açorianos de primeira, nem Açorianos de segunda categoria, e que todos devem ter igual tratamento e acesso a cuidados de saúde”.

2 O BREVES - 24 de Março de 2014

CDS-PP denuncia

Governo vai fechar laboratórios de análises clínicas nas ilhas sem hospital

Regional

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O BREVES - 24 de Março de 2014 3

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Detido por homicídio e tráfico de estupefacientes

Dia do Pai trágico em São Jorge

Foi detido um indivíduo do sexo masculino de 30 anos de idade por crime de Homicídio do seu progenitor de 62 anos de idade e pelo crime de tráfico de estupefacientes resul-tando ainda na apreensão de cerca de 325 euros, uma balança de precisão, armas brancas, Cannabis Sativa L e de Metanfetaminas. A Polícia de Segurança Pública, por intervenção dos ele-mentos das Brigada de Investigação Criminal da Esquadra das Velas e da Esquadra da Calheta - São Jorge, no decurso de uma chamada dos Bombeiros da Calheta, dan-do notícia que uma individuo teria sido brutalmentalmen-te agredido pelo seu descendente, deslocaram-se pronta-mente para o local, deparando-se com a vítima caída no solo, já sem sinais vitais e com indícios de profundo espancamento. No decurso da detenção resultou ainda na apreensão de cerca de 325 euros; uma balança de precisão, 02 armas brancas; 266 doses de Cannabis Sativa e 2,3gr de Metan-fetaminas. O detido foi presente a primeiro interrogatório judicial no Tribunal Judicial da Comarca de Velas. Com mais esta ação, na Divisão Policial de Angra do

Heroísmo, pretende dar-se continuidade à estratégia de intervenção, organizada e sistemática, de combate e repressão à criminalidade violenta, no Comando Regional da PSP dos Açores.

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4 O BREVES - 24 de Março de 2014

Regional Mais de 500 mil Euros

Governo investe em São Jorge e São Miguel A Secretaria Regional da Solidariedade Social, atra-vés da Direção Regional da Habitação, enviou convi-tes a sete empresas regionais para a execução de um conjunto de empreitadas de recuperação de habi-tações, propriedade da Região Autónoma dos Aço-res, nas ilhas de São Jorge e São Miguel. As obras, inscritas na Carta Regional de Obras Públi-cas, correspondem a um valor de investimento supe-rior a meio milhão de euros. Com esta iniciativa, o Governo dos Açores pretende preservar e reabilitar o parque habitacional da Região, dotando as habitações de conforto, salubri-dade e segurança.

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Foi votado, na Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, o relatório "sobre as ações de informação e de promoção a favor dos produtos agríco-las no mercado interno e em países terceiros", no qual Patrão Neves defendeu, também aqui, "a promoção de uma discriminação positiva para com as Regiões Ultraperi-féricas, como previsto no artigo 349º do TFUE". Este relatório pretende regulamentar todos os processos de informação e de promoção dos produtos agrícolas, quer a nível interno da União Europeia, quer com países tercei-ros. Para Patrão Neves "foi essencial salvaguardar neste relatório uma política de promoção diferenciada para a Europa, respeitando a diversidade e especificidade dos seus produtos ligadas às diferentes zonas geográficas e a diferentes modos de fazer tradicionais. Isto associado ao respeito pelas desvantagens naturais específicas das ilhas e das regiões ultraperiféricas, como a nossa, que hoje con-segui que fosse aprovado, orienta este importante relatório para os nossos interesses". A votação desta manhã foi longa, uma vez que os deputa-dos realizaram cerca de 340 alterações ao relatório. Des-tas, cerca de 30 eram da Eurodeputada açoriana, que pre-tendeu igualmente vincular a importância de "não só res-taurar a confiança dos consumidores após situações de crise, mas também obter uma maior rentabilidade dos pro-dutos e para os produtores, aumentar o emprego, estabe-

lecer uma maior equidade competitiva nos mercados exter-nos e prestar mais e melhor informação ao consumidor". Instada a comentar sobre as suas emendas mais relevan-tes, hoje aprovadas, Patrão Neves referiu que "além do que já referi, existem mais duas propostas minhas que considero muito relevantes, nomeadamente o desafio que lancei à Comissão Europeia para que esta elabore um manual simples e completo, distante das burocracias a que estamos habituados, ajudando assim os potenciais benefi-ciários a respeitarem as regras e procedimentos associa-dos a esta política, e ainda, a possibilidade de incluir como despesa elegível neste regulamento, o financiamento de visitas comerciais exploratórias pois, como sabemos, estas não só são prática comum na nossa Região, como tam-bém são essenciais, uma vez que, estando longe dos mer-cados, importa realizarmos uma certa prospeção, uma cer-ta validação do interesse comercial daquele mercado antes de se investir". A finalizar a sua intervenção à saída da votação, Patrão Neves concluiu referindo que "procurei igualmente que estes planos de promoção e de informação dos produtos agrícolas respeitassem também as orientações de promo-ção preconizadas pelos Estados-Membros. Não podemos ter uma política europeia incongruente com as ambições dos estados que a compõem, pelo que importa atender aos interesses estratégicos nacionais e regionais".

Patrão Neves consegue o financiamento

Para visitas comerciais exploratórias

Regional

No seguimento da demissão em bloco da direção da Casa de Repouso João Inácio de Sousa, foram marcadas eleições para os novos corpos sociais da instituição para o dia 2 de abril. Fonte do Breves, junto da instituição, revelou que os nomes que se perfilam, em lista, para assumir o desígnios da IPSS serão Paulo Pacheco Silveira, José Eduardo Maciel, que transita da anterior direção, Paulo Silva, Ariovalda Lemos e Conceição Silva.

Eleições na Casa de Repouso João Inácio de Sousa

Nova direção já está composta

Local

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Regional

Internacional

O Secretário Regional dos Recursos Naturais destacou a importância do papel das associações para a implementa-ção da estratégia de valorização do pescado e dos rendi-mentos dos pescadores e armadores que está ser desen-volvida pelo Governo dos Açores, apontando o exemplo da parceria com a Federação de Pescas para a criação de uma fábrica de filetagem e congelação nas instalações da Espada Pesca, em São Miguel. “As associações são um parceiro importante em todo este circuito porque estão implantadas em todas as nossas ilhas”, nomeadamente naquelas em que não há “agentes suficientes” e a Espada Pescas atua, permitindo aos pes-cadores o escoamento do seu pescado, frisou Luís Neto Viveiros, em declarações no final de uma visita aos pavi-lhões em que está instalada esta empresa pública e onde vai funcionar uma nova unidade de transformação. O Secretário Regional adiantou que as obras de adapta-ção, num investimento público de cerca de 150 mil euros, devem estar concluídas até ao início do verão, dotando o espaço com alguns equipamentos de frio e uma zona para a filetagem e embalamento de peixe destinado, primeira-mente, ao mercado local. “Trata-se de conseguir vender o peixe que é apanhado nas épocas em que existe maior abundância e, consequente-mente, o preço é mais baixo, e, através deste processo, conseguir conservá-lo, embalá-lo e poder vendê-lo noutras alturas em que o preço é mais compensador para toda a fileira da pesca”, frisou Luís Neto Viveiros.

Com este projeto pretende-se dinamizar este mercado, contribuir para uma maior rentabilidade e regularidade de rendimento dos pescadores e armadores ao longo de todo o ano, mas também fomentar uma pescaria mais sustentá-vel no mar dos Açores através da valorização de espécies de menor valor comercial, como o peixe-espada ou veja.

Secretário Regional dos Recursos Naturais destaca

Importância das Associações na valorização do pescado

A Surfrider Foundation Europe organiza, de 22 a 30 de março, uma campanha internacional de recolha de resí-duos aquáticos que abrange cinco ilhas dos Açores, disse hoje à Lusa o coordenador regional do projeto. Orlando Guerreiro explicou que a campanha "Iniciativas Oceânicas", promovida por uma organização internacional dedicada à defesa dos oceanos e orlas costeiras, abrange as ilhas Terceira (Riviera, dia 22), Faial (Porto da Feiteira, a 23), São Jorge (Fajã dos Cubres, a 29), Santa Maria (Baía dos Anjos, a 29) e São Miguel (Baía de Santa Iria, a 30). O objetivo, detalhou o responsável pela Surfrider-Azores, é recolher resíduos, sobretudo plásticos, sensibilizar para o "impacto negativo" que estes têm na vida marinha e des-mistificando que a sua origem seja no mar, mas antes em terra. "Uma parte dos resíduos que são arrastados pelo mar e vêm dar à costa são resíduos que foram depositados em terra, ao contrário do que se pensa, de que foram deitados ao mar pelos pescadores ou embarcações", referiu, men-cionando, por isso, que o 'slogan' adotado este ano é "deitar no chão é deitar no mar". Trata-se da quarta campanha açoriana que, integrada na Surfrider Foundation, rede de organizações regionais e locais criada em 1990, em França, surgiu por ações de defesa ambiental fomentadas por surfistas, estando hoje presente no país com núcleos em Lisboa, Porto, Ericeira, Viana do Castelo e Açores. As "Iniciativas Oceânicas", iniciadas em 1996, contabili-

zam, pormenorizou o responsável, "sete mil limpezas cos-teiras realizadas em todo o mundo", tendo ocorrido nos Açores pela primeira vez em 2011, mas com objetivo de estender-se em próximas edições "a todas as ilhas". Para o porta-voz local da Surfrider, o principal problema está na "falta de civismo". "Já existem formas de tratamento de resíduos e sensibili-zações por parte de câmaras municipais e Governo Regio-nal, etc., e, no entanto, quando regressamos às zonas que limpámos continua a haver deposição de resíduos em que a principal razão é mesmo a falta de civismo", afirmou. Outro dos propósitos da organização internacional é esti-mular a legislação contra a poluição aquática, tendo, neste campo, o investigador da Universidade dos Açores referido ter sido dado "parecer muito positivo" a uma proposta de lei do PCP/Açores para criação de uma eco-taxa ambiental pelo uso de sacos de plástico no arquipélago, mas que, advertiu, deve ir mais longe. "Acho que é um importante passo, mas importante era banir completamente os sacos plásticos, mas não só os sacos plásticos porque não faz sentido termos água engar-rafada, em garrafas de plástico e garrafões, quando a água fornecida pelo sistema camarário é bastante boa", defendeu. As "Iniciativas Oceânicas" contam com o apoio das autar-quias, além da mobilização de diversas entidades universi-tárias ligadas ao ambiente e ao mar dos Açores, associa-ções desportivas de 'surf' e 'bodyboard' e empresas da região.

Recolha de resíduos aquáticos abrange São Jorge

Campanha de recolha de lixo

Retomo o tema do último artigo dedica-do ao trabalho desenvolvido por Miguel Gouveia, formador em calcetaria portu-guesa e artística. Muitas pessoas têm curiosidade quanto ao tipo de pedra utilizado na construção das calçadas. A resposta a esta questão depende da região geográfica em que a obra é realizada. Nos Açores, predomi-

na o branco do calcário e o preto do basalto, embora também se encontre pontualmente calcário negro. Já em Portugal Continental raramente se utiliza basalto. Recorre-se sim ao granito cinza (e algum amarelo), que vem do Norte do País, ou então ao calcário negro, que vem do centro, em particular de um filão das Serras de Aire e Can-deeiros, perto de Alqueidão da Serra, onde também é possível encon-trar calcário branco, castanho e azul-cinza. Já o calcário rosa vem do Algarve. De destacar que as calçadas em Portugal revestem-se sobretudo de calcário branco e negro. Apresento, de seguida, alguns trabalhos desenvolvidos pelo Miguel na Ilha de São Jorge. O contraste de cores e de formas traduz-se em momentos de considerável beleza e originalidade. Quem não se lembra do Mickey e da Minnie, personagens da Disney do nosso imaginário infantil? Se o leitor visitar a Vila da Calheta, encontrará estas divertidas personagens (figuras 1 e 2) em frente à escola local. Segundo Miguel Gouveia, “a autarquia mostrou interesse em contemplar de alguma forma a igualdade de géneros e foi daí que surgiu a ideia”. Na Fajã dos Vimes, podemos apreciar outros pormenores interessan-tes em calçada, desde logo um bule de café, com 5 grãos 3D (figura 3). Miguel colocou em prática a sua veia criativa: “Este é o único sítio da europa onde se produz café, divinal por sinal, muito melhor do que o normal. Por isso, o local merecia como homenagem um desenho único e original!” Encontramos na Ribeira Seca outro pormenor inte-ressante: um magnífico São Tiago em calçada (figura 4). Na Fajã dos Vimes, Ribeira Seca e Topo, é possível apreciar diversos motivos religiosos e evocativos de algumas profissões (figuras 5 a 11): “Os responsáveis camarários eram pessoas com bom gosto e tinham a preocupação em fazer o melhor pela sua terra, algo que me marcou. Os tempos que trabalhei em São Jorge constituíram momen-tos de alegria e concretização profissional e pessoal.” Acrescenta: “O projeto de pavimentação das calçadas era flexível. Alguns motivos estavam já predefinidos, outros foram acordados no decorrer da obra. As ideias surgiram naturalmente na sequência de várias conversas mantidas com os responsáveis camarários e com as gentes locais.” Sobre os motivos religiosos implementados em calçada, Miguel reve-la: “Sou um apaixonado por história! Sempre que possível investigo sobre os mais variados assuntos, particularmente aqueles que me

intrigam, e isso permite enriquecer o meu conhecimen-to sobre certos aspetos históricos que considero rele-

vantes.” Miguel defende que “existem na cultura açoriana influências do cristianismo ariano, a corrente que em tempos teve presente na península ibérica. Vemos isso sobretudo nas fachadas de alguns edi-fícios e em várias igrejas. Por exemplo, um dos vestígios desta pre-sença traduz-se na abundância de motivos em forma de S: se cruzar-mos dois S’s, obtemos uma suástica, símbolo solar característico do cristianismo ariano, fundado por Ário de Alexandria”. Miguel é de opi-nião que “o cristianismo primitivo também se encontra representado nas festas açorianas em honra ao Divino Espírito Santo. Estas festivi-dades estão relacionadas com o culto da rainha Santa Isabel e com o conhecido milagre das rosas, num apelo ao renascimento de uma época em que a vontade popular era determinante sobre a vontade da nobreza governante. Na idade média, a nobreza era representada pela coroa, o clero pela cruz e o povo pelo espírito santo; quando se coloca a pomba do espírito santo no topo da coroa significa precisa-mente que se reconhece a soberania da vontade popular relativamen-te à tomada de decisões sobre os destinos do território governado (figura 6)”. Entusiasmado, Miguel continua: “Quando o clero romano autoritário, liderado por Afonso Henriques e pelos cruzados, conquista o território nacional, outrora tolerante e multicultural, houve quem se adaptasse e houve quem se mantivesse inconformado em defesa da sua liberdade perdida. Por isso, a oportunidade de povoar os novos territórios descobertos, como os Açores, foi particularmente apelativa para quem recebeu esta herança cultural mais liberal, tendo trazido para as ilhas ideais de maior igualdade, entreajuda e sã convivência entre os cidadãos. É este o significado implícito bem presente no ima-ginário coletivo do povo açoriano, simbolizado pelo Espírito Santo em todo o esplendor do seu culto.” Na figura 8, em baixo, encontra-se representado um cesto de bolos de véspera, distribuídos gratuitamen-te à população por altura das festividades em honra ao Divino Espírito Santo: “Simboliza o pão do povo!” Ao lado do chafariz da Ribeira Seca, que em tempos contribuiu para melhorar a qualidade de vida da população, foi construída uma abó-bora (figura 10, em cima): “Em várias culturas, a abóbora é sinal de abundância.” Junto ao mesmo chafariz, é possível apreciar um cesto de roupa e uma barra de sabão (figura 10, em baixo), em homenagem a uma lavandaria pública que já não é utilizada na atualidade. Mesmo em frente à Igreja de São Sebastião, na Fajã dos Vimes, o viajante atento encontra um compasso e um esquadro em calçada (figura 12). Miguel recorda-se de como tudo se passou: “Estava sozi-nho no local da obra, tive a ideia e executei-a na hora!” O formador acrescenta: “Foi uma maneira de homenagear, não só os açorianos Teófilo Braga e Manuel de Arriaga, fundadores da república com liga-ções à maçonaria, como também as elites militares maçónicas que partiram dos Açores em prol de um ideal de liberdade ao serviço do povo, contra o absolutismo. Essas elites liberais saíram do enclave açoriano, onde tiveram combates ferozes em defesa do liberalismo. Uma das batalhas decorreu na Ladeira do Gato, não muito longe do local onde foram construídos o compasso e o esquadro.” Continuarei a explorar o trabalho de Miguel Gouveia numa próxima oportunidade.

6 O BREVES - 24 de Março de 2014

Opinião Por: Ricardo Cunha Teixeira

Calçada artística de São Jorge (Parte 2)

Por: Mark Marques

Por: Maria do Céu Patrão Neves

Eurodeputada PSD

Na semana passada o Secretário Regional do Turismo e Transpor-tes anunciou que este ano de 2014 finalmente, vamos ter liga-ções de barco entre Calheta (São Jorge) e Angra do Heroísmo

(Terceira), a começar em 15 de Junho e até 15 de Setem-bro, com duas ligações por semana, em dias diferentes dos dias com ligação entre Velas (São Jorge) e Praia da Vitória (Terceira). Temos porto, temos barcos e temos gare marítima, por isso… É na verdade uma boa notícia. Os Jorgenses esperam há muito por esta ligação. A Vila da Calheta já não se lembra do “DIA DE SÃO VAPOR”. Eu enquanto jovem, (há muitos anos portanto) estudante na Ilha Terceira, muito viajei nos então “barquinhos” TER-RA-ALTA, ESPIRITO SANTO e o SANTO AMARO, neste percurso CALHETA – ANGRA – CALHETA. Com toda a circulação de pessoas e bens, sentia-se e vivia-se naquele tempo “O DIA DE SÃO VAPOR”. Esta ligação com a Ilha Terceira, tenho a certeza que irá contribuir em muito para tirar a Vila da Calheta de um cer-to marasmo em que se encontra, e beneficiará toda a Ilha de São Jorge. Fico feliz pelos cerca de 9.000 habitantes desta Ilha de São Jorge, poderem ter mais esta ligação marítima, mas fico ainda mais feliz por podermos receber os 56.000 habitantes da Ilha Terceira. Sim porque, do ponto de vista económico somos uma Ilha que tem muito para dar e ser rentabilizado, e é nisso que temos que apostar. Portanto ter ligação (acessibilidade) com uma Ilha de 56.000 habitantes como é a Ilha Tercei-ra, é uma mais-valia inegável. Temos que reativar a nossa pequena economia, e só recebendo mais gente na Ilha, isso será possível. Somos uma Ilha com um património natural e gastronómi-co de excelência. Somos a Ilha “Capital das Fajãs”, lugares paradisíacos como por exemplo a Fajã da Caldeira do Senhor Santo Cristo e tantas outras das nossas 74 Fajãs Jorgenses. Na gastronomia o nosso queijo “São Jorge” é Rei, não esquecendo as ameijoas, únicas nos Açores e oriundas da lagoa da Fajã da Caldeira do Senhor Santo Cristo. A nossa doçaria com as inconfundíveis “espécies” e “rosquilhas de aguardente” ou nosso “bolo de coalhada”. Nos trilhos pedestres temos percursos reconhecidos mun-dialmente, com paisagens de “cortar a respiração”. Temos unidades hoteleiras de qualidade (hotel, residen-ciais e turismo rural). Temos restaurantes que premeiam por apresentar gastro-nomia local. Não temos que inventar, nem copiar coisas de outras regiões ou países, quando temos tudo cá, e genuinamen-te bom. Faço votos para que a materialização desta operação marítima e este aumento de acessibilidades à Ilha de São Jorge, seja uma mais-valia aproveitada, e que crie uma dinâmica económica tão necessária nos tempos que cor-rem.

O BREVES - 24 de Março de 2014 7

O Regresso do Dia

de São Vapor

Opinião

Depois de anos de sucessivos alarga-mentos da União Europeia a leste, com uma subjacente opção territorial e um afastamento quer dos peque-nos países do litoral oeste, como Por-tugal, quer das regiões insulares do Atlântico Norte, como os Açores, eis que caminhamos agora para uma nova era de viragem a oeste, de opção pelo mar. O primeiro sinal forte foi dado em 2007, por influência directa do Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, com o lança-mento da Política Marítima Integrada/PMI, uma abordagem holísti-ca de todas as políticas da UE relacionadas com o mar. Fundada na ideia de que, através da coordenação das suas políticas, a UE pode colher mais benefícios do oceano com um menor impacto ambiental, a PMI abrange domínios tão diversos como as pescas e a aquacultura, transportes e portos marítimos, ambiente marinho, investigação marinha, energias offshore, construção naval e indús-trias relacionadas com o mar, vigilância marítima, turismo costeiro e marítimo, emprego nos sectores marítimos, desenvolvimento das regiões costeiras e relações externas em matéria de assuntos do mar. Entretanto, muitas outras iniciativas foram sendo tomadas na estei-ra da PMI, destacando-se o reconhecimento do seu contributo para a Estratégia 2020, que traça as principais orientações para o futuro da UE, sob a designação do “crescimento azul”. Hoje, os sectores marinho e marítimo empregam cerca de 5.4 milhões de pessoas e geram um valor acrescentado de 500 mil milhões de euros, prevendo a Comissão Europeia que estes valo-res possam ascender a 7 milhões de empregos e a 600 mil milhões de euros em 2020. Estes são números que dão corpo à “economia azul”. Especifiquemo-los um pouco mais. Ao nível do transporte marítimo, verifica-se que 90% do comércio externo e 40% do comércio interno da UE se processa por via marí-tima e, em mais de 1200 portos europeus, transitam 3,5 mil milhões de toneladas e 350 milhões de passageiros por ano. No âmbito da construção naval, os estaleiros e fornecedores de equipamentos representam 0,8 milhões de empregos directos e indirectos espe-cializados e um volume de negócios de 90 mil milhões de euros, sendo a Europa líder mundial na construção de embarcações sofis-ticadas, como os ferries e navios de cruzeiro. No que se refere a energias renováveis, os oceanos oferecem recursos sub-explorados como seja a energia das ondas e marés e os parques eólicos offshore. No sector da pesca, temos 0,5 milhões de empre-gos, 0,3% do PIB da UE, que representa cerca de 20 mil milhões de euros/ano; e a aquicultura representa quase 20% da produção de peixe, empregando directamente cerca de 65 000 pessoas na UE. O turismo marítimo representa cerca de 2,35 milhões de pos-tos de trabalho e mais de 100 mil milhões de euros de valor acres-centado por ano para a economia da UE e o sector emergente dos novos recursos e biotecnologia marinha tem um crescimento pre-visto de 10% por ano e um mercado global de 2,4 mil milhões de euros. O “crescimento azul”, sinónimo de um desejável desenvolvimento económico e social, ambientalmente sustentável, já não é hoje ape-nas uma ideia, mas antes se impõe como uma realidade em desen-volvimento! Os números apresentados são impressionantes e o potencial de crescimento da “economia azul” é enorme, sendo o mar considerado como o domínio com maior capacidade de cresci-mento num futuro próximo. Estes são alguns dados do workshop sobre “Crescimento Azul: promovendo empregos e inovação” que patrocinei e a que presidi esta semana, no Parlamento Europeu, uma iniciativa justificada pelo reconhecimento da importância do tema para os Açores hoje e amanhã. Entre os convidados neste workshop destaco Ernesto Peñas Lado, Director da DG MARE da Comissão Europeia, bom conhecedor dos Açores, onde também já esteve a meu convite e que concluiu a sua intervenção afirmando, de forma singela e pode-rosa, que: “os Açores encapsulam todo este potencial do Cresci-mento Azul.” Aproveitemo-lo!

Crescimento Azul:

Economia do Mar

Última Página O BREVES - 24 de Março de 2014

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O Miradouro do Canavial (Velas) merece maior atenção por parte da entidade competente. 2 parafusos serão suficien-tes para recolocar a placa de identificação do miradouro. Uma pequena intervenção na estrutura do sombrante, bem como colocando uns banquinhos e uma mesinha em madeira, para eventual merenda de turista. (Tudo orçamento low-cost) Tudo isto porque a vista é FANTÁSTICA, como a foto o demonstra. Esperamos uma atitude positiva por parte de quem de direito.