Jornal O Breves

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O Breves Diretor: José Fernando Bettencourt - Ano 3 - Nº 78 - 21 de julho de 2014 - Semanário - € 1,00 XS pág. 8 pág. 3 pág. 8 pág. 2 www.obreves.pt pág. 4,5,6 e 7 Festival de Julho Para dinamizar a economia CDS-PP reivindica obras prometidas no Porto da Vila Topo com o intuito de revitalizar a economia local. Rotas aéreas liberalizadas O presidente do Governo Regional dos Açores anunciou o fim das negociações com a República sobre o novo modelo de Obrigações de Serviço Público nas ligações aéreas para a região. PSD/Açores faz balanço político O presidente do PSD/Açores entende que os aço- rianos vivem atualmente uma situação “muito difí- cil” devido à “incompetência” do governo regional. TdC faz auditorias nos Açores O Tribunal de Contas vai realizar uma audito- ria às contas de todas as juntas de freguesia dos Açores para apurar o seu real nível de endividamento. Novo formato no maior evento cultural do concelho

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Edição 78 publicada a 21 de julho de 2014

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Page 1: Jornal O Breves

O B r e v e s Diretor: José Fernando Bettencourt - Ano 3 - Nº 78 - 21 de julho de 2014 - Semanário - € 1,00

XS

pág. 8

pág. 3

pág. 8

pág. 2

www.obreves.pt

pág. 4,5,6 e 7 Festival de Julho

Para dinamizar a economia

CDS-PP reivindica obras prometidas no Porto da Vila Topo com o intuito de

revitalizar a economia local.

Rotas aéreas liberalizadas O presidente do Governo Regional dos Açores anunciou o fim das negociações com a República sobre o novo modelo de Obrigações de Serviço Público nas ligações aéreas para a região.

PSD/Açores faz balanço político O presidente do PSD/Açores entende que os aço-rianos vivem atualmente uma situação “muito difí-cil” devido à “incompetência” do governo regional.

TdC faz auditorias nos Açores O Tribunal de Contas vai realizar uma audito-ria às contas de todas as juntas de freguesia dos Açores para apurar o seu real nível de endividamento.

Novo formato no maior evento cultural do concelho

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REGIONAL

Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional dos Aço-res, anunciou na sexta-feira o fim das negociações com o Governo da República sobre o novo modelo de Obriga-ções de Serviço Público nas ligações aéreas entre os Aço-res e o Continente e a Madeira. De acordo com o anúncio do responsável, o novo modelo apresentado prevê que os açorianos paguem um valor máximo de 134 euros pelas suas deslocações; a liberaliza-ção das rotas entre o Continente e Ponta Delgada e a Ter-ceira; assim como a liberalização das rotas Lisboa/Ponta Delgada, Lisboa/Terceira; Porto/Ponta Delgada e Porto/Terceira, permitindo a operação por parte de low costs; e uma proteção diferenciada dos residentes e estudantes Açorianos. Apesar de já anunciado, o novo modelo terá ainda de ser aprovado em Conselho de Ministros e comunicado à Comissão Europeia. O Governo da República terá tam-bém, por sue lado, que aprovar a legislação que contem-plará o mecanismo de protecção diferenciada aos residen-tes e estudantes Açorianos. “Em qualquer caso, estima-se que este processo possa ocorrer no resto deste ano para que, o mais tardar, na época alta de 2015, todo o novo modelo esteja já em pleno funcionamento”, indicou Vasco Cordeiro. O Publituris entrou em contacto com as principais compa-nhias de baixo custo a operar em Portugal para averiguar o interesses destas em começar a voar para os Açores. A britânica easyJet indicou já ter conhecimento do fim das negociações, tal como noticiado, mas disse estar ainda à espera de ser informada oficialmente dos pormenores da alterações, cujo processo para publicação legal ainda não

está finalizado. Por sua vez, a Ryanair afirmou: “Estamos sem-pre interessados em novas rotas, mas não comentamos, nem nos envolvemos, em rumo-res ou especulações.” Já para a Jet2.com ”os Açores ainda não são um destino estratégico, mas será sempre um destino a ter em conside-ração.” Ainda segundo o anúncio do Governo Regio-nal, o novo modelo contempla também melho-rias das condições das Obrigações de Serviço Público (OSP) nas rotas Lisboa/Santa Maria; Lisboa/Pico, dos encaminhamentos no interior da Região para as gateways com ligação ao exterior, e do transporte de carga por via aérea entre os Açores e o Continente.

Para Vasco Cordeiro, “a conclusão desta fase negocial é, sobretudo, a prova de que o Governo dos Açores não bai-xa os braços, nem desiste. De que os Açorianos podem contar com o nosso Governo para construir e ganhar solu-ções para o futuro da nossa terra”, adiantou o Presidente do Governo aos jornalistas, realçando os efeitos positivos que este modelo poderá trazer para os vários sectores da economia regional.” Relativamente à liberalização da operação em algumas rotas, o presidente considerou que “também aqui, a con-corrência trará, seguramente, benefícios, quer ao nível do preço das passagens, quer ao nível da qualidade do servi-ço prestados” assegurando que a proteção diferenciada dos residentes e estudantes Açorianos constituiu sempre um princípio inegociável para o Governo dos Açores. “Em cumprimento deste princípio, os residentes nos Aço-res passam a ter um valor máximo a pagar nas suas deslo-cações ao Continente que é de 134 euros, o que represen-ta o preço final da passagem ida e volta, sem restrições, e, por conseguinte, inclui a tarifa, todas as taxas aeroportuá-rias e de emissão de bilhete, e, ainda, a taxa de combustí-vel”. Os estudantes açorianos passam a ter um valor máxi-mo a pagar nas suas deslocações ao Continente para prosseguirem os seus estudos de 99 euros, também preço final da passagem de ida e volta, sem restrições. Já nas ligações entre os Açores e a Madeira, o procedi-mento de garantia de um preço máximo de passagem e de pagamento é o mesmo, sendo que o valor máximo para os residentes será de 119 euros e para os estudantes de 89 euros.

Liberalização das rotas aéreas para os Açores

Vasco Cordeiro anuncia

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LOCAL

A Deputada do CDS-PP Açores Ana Espínola questionou o Governo Regio-nal sobre o cumprimento da “sucessão de promessas, anúncios e compromis-sos, ainda nunca concretizados, relati-vamente à realização das obras no porto do Topo”, na ilha de São Jorge, considerando que a proximidade com a Terceira permitiria “uma necessária e salutar dinamização da economia da Vila”. Num requerimento entregue no Parla-mento Açoriano, a Deputada popular lembra todas as promessas e compro-missos do Governo Regional e do Par-tido Socialista, “desde 2005”, acen-tuando que “se o porto do Topo ofere-cesse melhores condições de opera-cionalidade teria, garantidamente, maior procura por embarcações de pesca, mas também e essencialmente embarcações de recreio, o que promo-veria uma necessária e salutar dinami-zação da economia local da Vila do Topo, no Concelho da Calheta”. Ana Espínola salienta que é “premente e urgente” fixar popula-ção, “particularmente jovens”, na ilha de São Jorge, defendendo, por isso, “que a requalificação e beneficiação da infra-estrutura portuária da Vila do Topo contribuirá decisivamente para a viabili-zação de novas oportunidades de negócio e criação de empre-go”. A parlamentar jorgense eleita nas listas do CDS-PP recorreu à história para apontar “uma sucessão de promessas, anúncios e compromissos, ainda nunca concretizados”, relativamente à reali-zação de obras naquele porto, destacando-se: “A 28 Abril de 2005, em visita a este Porto, o então Sub-secretário Regional das Pescas, apresentou o estudo prévio do projeto de ampliação da zona de estacionamento das embarcações; Em Junho de 2007, o Vice-Presidente do Governo dos Açores, citado pelo GACS (Gabinete de Apoio à Comunicação Social), afirmou que ‘estava previsto um investimento de 600 mil euros, na proteção costeira da falésia adjacente ao Porto do Topo’; A 26 de Março de 2009, em Comunicado do Conselho do Governo Regional, foi delibera-do ‘mandar elaborar o projeto de requalificação do Porto de Topo’”. Mas os compromissos assumidos não se ficam por aqui, acres-centou: “Em 2010, o Governo dos Açores, numa resposta a um requerimento dos Deputados do CDS-PP, referiu que ‘o Governo Regional considerou não só prioritário como implementou um programa de requalificação da rede regional de portos de pesca da Região, no qual estão incluídos todos os portos e núcleos de pesca de São Jorge’ e que estaria a desenvolver ‘os estudos

técnicos e de recolha de dados adequados, no âmbito do projeto de requalificação da zona portuária de pescas do Topo’”, tendo, mais recentemente, “aquando da realização da última visita esta-tutária do Governo à ilha de São Jorge, em Junho de 2014, o Presidente do Governo, por diversas ocasiões, feito questão de referir que as tão prometidas quanto necessárias obras no porto do Topo são um compromisso para cumprir na atual Legislatura”. Porém, frisa Ana Espínola, “as obras de melhoramento significati-vo do porto do Topo, sendo fundamentais para o desenvolvimen-to sócio-económico daquela Vila, não constam da Carta Regional das Obras Públicas”. Nesse sentido, a Deputada democrata-cristã pede esclarecimen-tos ao executivo socialista: “Que tipo de intervenção está pensa-da para o porto do Topo?; Será uma intervenção apenas na ver-tente da infra-estrutura portuária de apoio à atividade das pescas ou pondera o Governo dos Açores proporcionar condições para a operacionalidade futura de embarcações de recreio?”. Ana Espínola quer ainda saber se “dados os anúncios públicos realizados ao longo dos últimos anos já existe algum projeto para a realização de obras no porto do Topo?”, solicitando, em caso de resposta afirmativa, “cópia do mesmo, bem como esclareci-mentos relativamente à eventual apresentação do projeto dessa intervenção e respectivo cronograma da sua concretização?”. Por fim, a Deputada do CDS-PP pede que lhe seja facultada “cópia dos estudos técnicos que tenham sido eventualmente já realizados na presente Legislatura, bem como cópia dos mesmos estudos que tenham sido efetuados na anterior Legislatura”.

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“Obras no Porto do Topo para

dinamizar economia local”

CDS-PP reivindica

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Momentos do Festival de Julho

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Momentos do Festival de Julho

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Momentos do Festival de Julho

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Momentos do Festival de Julho

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REGIONAL

REGIONAL

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TdC faz auditoria a todas as juntas de freguesia dos Açores

O Tribunal de Contas vai realizar uma auditoria a todas as juntas de freguesia dos Açores para apurar o seu nível de endividamento, revela um relatório a que a agência Lusa teve acesso. A decisão surge na sequência de uma verificação interna de contas realizada às juntas de freguesia do concelho da Praia da Vitória, ilha Terceira, algumas das quais terão omitido que tinham contraído empréstimos bancários. De acordo com o relatório, a freguesia da vila das Lajes contraiu em 2012 um empréstimo junto de uma instituição bancária, por um prazo superior ao permitido pela Lei de Finanças Locais (máximo de um ano). O mesmo documento acrescenta que o então presidente

da junta, Elmano Nunes, eleito pelo Partido Socialista, terá omitido este facto, tendo declarado que a autarquia não possuía nenhum empréstimo bancário. O Tribunal de Contas descobriu, no entanto, que a junta tinha contraído um empréstimo, em março desse ano, no valor de 14.600 euros, pelo prazo de cinco anos, com o intuito de adquirir uma viatura. Os juízes conselheiros que efetuaram a veri-ficação interna de contas dizem também terem descoberto a taxa de juro envolvida no contrato (16,12%) e os encargos com o serviço da dívida, que totalizaram quase três mil euros no final de 2012. O tribunal adianta que esta irregularidade não pode ser apreciada numa mera verifica-ção interna de contas, mas recomenda ao

autarca das Lajes que proceda aos lançamentos contabi-lísticos em falta e remeta toda a informação, devidamente corrigida. Mas este não foi caso único entre as autarquias da Praia da Vitória. As freguesias das Fontinhas e de Porto Martins também não cumpriram o regime legal de endividamento a que estão sujeitas, por terem celebrado contratos de locação financeira com prazos superiores aos permitidos por lei. Uma situação que, segundo o Tribunal de Contas, pode estar a ocorrer também noutros concelhos, razão pela qual os juízes decidiram fazer uma auditoria às contas de todas as juntas de freguesia dos Açores.

Para apurar o seu nível de endividamento

O presidente do PSD/Açores afirmou que os açorianos vivem atualmente uma situação “muito difícil” devido à “incompetência” do governo regional, alegando que o exe-cutivo socialista tem sido “incapaz” de combater a “maior crise económica e social” da história da Autonomia. Duarte Freitas, que fez um balanço do ano político num encontro com jornalistas, referiu o crescimento do desem-prego “de forma contínua” verificado no último ano e meio na Região e os “indicadores sociais muito graves” dos Açores. O líder dos social-democratas concluiu que este “foi um ano muito difícil para os açorianos”, considerando que as responsabilidades pela atual situação se devem à “incapacidade” do governo regional socialista de responder à “maior crise económica e social” que os Açores vivem desde a fundação do regime autonómico. Duarte Freitas sublinhou que, ao contrário do que dizem os socialistas nos “ataques” que fazem ao PSD/Açores, o par-tido já apresentou 44 “propostas políticas”, das quais cerca de 30 foram materializadas em iniciativas legislativas no parlamento.

O presidente do PSD/Açores acrescentou que o partido “já deu todas as chances” ao PS para este poder aplicar medidas de combate à crise, mas o governo regional reve-lou “incompetência” e “incapacidade” para lidar com o pro-blema, considerou. O líder dos social-democratas açorianos frisou que a recente remodelação governamental é o “reconhecimento dos erros cometidos” por parte do PS/Açores, embora o presidente do governo tenha acabado por “não mexer nas áreas económicas”. “O governo regional é cada vez mais Sérgio Ávila perante a incapacidade de liderança de Vasco Cordeiro. E se Sér-gio Ávila já detinha todo o poder nas áreas económicas, agora a sua influência, como se percebe, também passou para a área social”, afirmou. Relativamente ao trabalho desenvolvido pelos social-democratas açorianos, Duarte Freitas salientou que, desde o início desta legislatura, o PSD/Açores tem sido o partido “da Autonomia, da propositura e do diálogo”. “É assim que se afirma uma alternativa credível”, assegu-rou.

PSD/Açores acusa

Açorianos em situação "muito difícil" por

"incompetência" do PS

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PUB

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«A família é o centro natural da vida humana, a base da vida pessoal e social -, promove-a nos seus valores mais profundos e defende-a quando é atacada ou subvalorizada. Por isso a Igreja trata de mostrar à mentalidade moderna que a família fun-dada no matrimónio tem dois valores essenciais para toda a sociedade e para toda a cultura: a esta-bilidade e a fecundidade. Muitas das sociedades modernas tendem a consi-derar e a defender os direitos do indivíduo, o que é muito bom. Mas não é por isso que se deve esque-cer a importância que têm para toda a sociedade – cristã ou não – os papéis básicos que se dão ape-nas na família fundada no matrimónio. Papéis de paternidade, maternidade, filiação e fraternidade que estão na base de qualquer sociedade, e sem os quais toda a sociedade vai perdendo consistência e tornando-se anárquica. Poder viver a integralidade destas relações básicas centra o coração da pessoa e permite-lhe expandir-se para o exterior de maneira saudável e criativa. Não é possível formar povo, sentir-se próximo de todos, ter em conta os mais distantes e excluídos, abrir-se à transcendência se no coração estas rela-ções básicas estão quebradas. Desde esta centrali-dade amorosa da família pode o homem crescer e amar, abrindo-se a todas as periferias, não só às sociais mas também às da sua própria existência, precisamente onde começa a adoração do Deus sempre maior. A família é, naturalmente, o lugar da palavra. A família constitui-se com as palavras fundamentais do amor, o «sim, quero», que estabelece aliança entre os esposos para sempre. Na família o bebé abre-se ao sentido das palavras graças ao carinho e ao sorriso materno e paterno, e encoraja-se a falar. Na família a palavra vale pela pessoa que a profere e todos têm voz, os pequenos, os jovens, os adultos e os anciãos. Na família a palavra é digna de confiança porque tem memória de gestos de carinho e projeta-se em novos e quotidianos gestos de carinho. Muitas vezes os pais angustiam-se quando sentem que os filhos não comungam os seus valores. O que pode estar certo em determinado nível: a socie-dade actual oferece às pessoas muitas coisas que antes oferecia família (e a escola), e que agora se adquirem por outros meios. Mas a centralidade da família, o refúgio da porta que se abre à intimidade, a alegria simples da mesa familiar, o lugar onde uma pessoa se cura das suas doenças e descansa, onde pode mostrar-se e ser aceite como é, esses valores continuam vigentes e são vitais para todo o coração humano.» (texto adaptado)

Está agora em moda falar-se dos avós: do seu papel na família, no apoio que dão aos filhos que tra-balham, na disponibilidade para tomar conta dos netos, etc., etc. Muitos há que deixaram de ter vida própria para se dedicarem exclusivamente a essa tarefa, pois todos os dias às oito da manhã, lá está a “encomendinha” à porta. E até que horas? Sabe-se lá… dezanove horas, vinte horas, depende dos afa-zeres dos pais. Mas os avós, neste caso especial-mente a avó, recebe-a sempre com um sorriso, e durante o dia não pára. É um passeio até ao jardim, é o almoço preparado com todo o carinho, a sesta, e à tarde são os jogos, as brincadeiras, o banho, o jantar. Quando o pai ou a mãe chegam, a “encomendinha” está pronta para ir dormir o sono dos justos até ao dia seguinte. Mas os anos passam inexoravelmente… A avó já não tem as forças e a ligeireza de antigamente… Aí começa a segunda idade dos avós, bem mais penosa e triste. Já ninguém precisa dela, já ninguém tem tempo para ela. Os filhos, atarefados com o seu trabalho, quando chegam a casa vêm tão cansados… Não há tempo, para um telefonema a saber se está tudo bem com os pais… Os netos (aqueles que ela tanto acarinhou) aflitos com os estudos, a faculdade, o desporto, as discotecas, os namoros, lembram-se lá da avó e do avô! Uma vez por outra, ao Domingo, dão lá um salto… E a vida torna-se uma solidão terrí-vel, a perspectiva do lar que já não é o seu, começa a vislumbrar-se num horizonte próximo, e a tristeza adensa-se. O que é que a espera? Interroga-se. Não permitamos que isto aconteça! É uma

crueldade enorme e uma ingratidão sem limites. Pre-

cisamos de garantir, sobretudo, que os nossos idosos

nunca se sintam inúteis, sem o seu lugar na família e

na sociedade que também é deles, que eles ajuda-

ram a construir para nós. Se cada um vivesse a cari-

dade que é lembrada nas Obras de Misericórdia –

visitar os doentes, acompanhar os que estão sós –

como tornaríamos mais feliz o final de vida dos nos-

sos avós.

Com mimo, com ternura, com um sorriso…

Vamos tentar?

Opinião 10 O BREVES - 21 de julho de 2014

Por: Maria Amália Abreu Rocha

As Duas Idades

dos Avós

Por: Susana Mexia

A família é o centro

natural da vida humana

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Opinião O BREVES - 21 de julho de 2014 11

Alguém me perguntou, um dia se eu gostava de ser ido-sa. Essa pergunta, levou-me aos considerandos que se seguem. Eu nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, a minha amada família por menos cabelos brancos ou por um andar mais ágil. À medida que fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Eu tornei-me amiga de mim mesma. Eu não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou uns biscoitos extra, ou por não fazer a minha cama, ou por comprar algo supérfluo que não precisava. Eu tenho o direito de ser desarrumado, de ser extravagante e livre. Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem me vai censurar se resolvo ficar a ler, ou a jogar no computador até as quatro horas da manhã, ou a dormir até meio-dia? Se me apetecer dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, e se, ao mesmo tempo, quiser chorar por um amor perdido... danço e choro. Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu recordo-me das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos o meu coração foi sabendo sofrer. Como não pode sofrer o coração quando se perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum animal de estimação amado é atropelado por um carro? Mas corações que sofreram são os que nos dão força, com-preensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imacu-lado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito. Eu sou tão abençoada por ter vivido o suficiente para ter os meus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre nos sulcos profundos do meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes dos seus cabelos ficarem grisalhos. Conheci uma senhora que, se fosse viva, nesta altura já era centenária, que quando estava em conversa com outras pessoas, à roda de uma mesa, apoiava os cotovelos na mesa e segurava as peles dos cantos dos olhos, para evitar rugas (ainda não se usavam os botoques). Claro que depois a pele voltava ao seu lugar e as rugas também, com a agravante de piorarem com o esticar da pele – uma pele de quem tem 70 e tal anos, uma vez esticada não volta ao sítio, como a pele de quem tem 25 ou 30 anos. Conforme se envelhece, é mais fácil ser-se positivo e preocupamo-nos menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errada. Assim, vou responder à pergunta – eu gosto de ser idosa. A idade libertou-me. Eu gosto da pessoa em que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto cá ando, não vou perder tempo a lamentar-me do que poderia ter sido, e não me vou preocupar com o que será o futuro. Eu gosto da idade que tenho, porque tenho também muita coisa boa: a graça de Deus, uma memória que sem ser de «elefante», ainda não é má (procuro guardar só as boas recordações, que, infelizmente ocupam menos espaço), posso já não fazer serviços pesados, como fazer a cama, arrumar gavetas ou armários de roupa, mas isso não é da idade, sempre fui assim e não é agora que vou mudar. E, garanto-vos que vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer), mesmo que me digam que faz subir a tensão ou aumentar o colesterol e comer gelados sem ter medo que adoeça da garganta (já fui professora e durante tantos anos sempre tive de falar muito, não é agora que a minha garganta me vai atraiçoar).

Os Direitos dos

Idosos

Por: Maria Fernanda Barroca

“Tempo de silêncio, de encontro connosco, com os outros e com o mundo…”

As férias chegaram ao fim e a rotina e o traba-lho voltam a preencher as nossas vidas. Recomeçamos, certamente, mais enriqueci-dos já que as férias, além de um tempo de descan-so, podem ser também um tempo de reflexão, um tempo de aprofundamento de quem somos e de qual o nosso papel, a nossa missão… Longe do barulho e das pressas do quotidiano, as férias dão-nos tempo para pensar e sobretudo tempos de silêncio. E como é bom ouvir o silêncio! Aquela música que tem o condão de nos despertar… Às vezes quando estou sentada numa montanha vendo o nascer ou o pôr-do-sol, ou simplesmente obser-vando a perfeição e a beleza de uma flor, ou escu-tando o vento, sinto que Deus nos fala de tantas maneiras. Só precisamos de parar para o sentir em tudo o que vemos e tocamos… Além desse encontro connosco e com Deus, as férias são também um tempo propício a novos contactos com tantas realidades que desconhecía-mos; culturas e povos que nos revelam formas tão diferentes de viver, desafiando a nossa compreen-são e tolerância. À medida que vamos crescendo em idade e sabedoria vamo-nos apercebendo de quão peque-nos somos. Na verdade, já dizia Camões, mais não somos do que “ um bicho da Terra tão pequeno” mas, ao aproximarmo-nos de Deus, ao escutá-lo e ao agir em conformidade poderemos ser Grandes porque reflectiremos um pouco da Sua Luz. Obrigada Senhor por te mostrares de tantas maneiras…

Por: Sara Meireles

Férias

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Última Página O BREVES - 21 de julho de 2014

FICHA TÉCNICA: Jornal o Breves Nº. de Inscrição na ERC: 126151 Propriedade: Associação de Amigos para a Divulgação das Tradições da Ilha de São Jorge - NIF: 509 893 678 Morada: Apartado 10, 9800-909, Velas, São Jorge, Açores Diretor: José Fernando Bettencourt, Diretor-adjunto: Fábio Santos, Subdiretor: Jaime Bento Contactos: 927 511 731 - 916 929 184 - E-mail: [email protected] TODOS OS ARTIGOS DE OPINIÃO PUBLICADOS NESTE JORNAL SÃO DA INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES

OLHO NÚ Por: Mark Marques

É importante preparar as nossas

crianças desde tenra idade. Nas creches e

pré-escolas tem havido um trabalho exem-

plar. Elas entram e praticamente saem a

ler. De seguida os nossos pós-bebés já são

crianças com “C” grande e aventuram-se

numa escola primária que lhes incute um

grau cada vez mais exigente de conheci-

mento. Na pré-adolescência, entregamos

as nossas pós-crianças a escolas maiores

e altamente equipadas. Dá-se disciplinas

diferentes e kilos de responsabilidade nas

costas e na cabeça. Na adolescência os

nossos pós pré-adolescentes têm que

tomar decisões acerca do seu futuro; e

escolhem. Uns querem isto, outro aquilo.

Nesse momento são “máquina oleadas”

extremamente bem preparadas para o que

há-de vir. São pré-adultos formatados para

uma exigência superior. Fizeram todo um

caminho glorioso de trabalho, esforço e

dedicação.

Estão num patamar mais alto desde que

eram tenros com idade de criança. São a

esperança do país e dos seus pais e que-

rem um caminho superior. Gerem a sua

procura; e quando finalmente encontram

(…) fechou!

«há-de se amanhar»

Por: Fábio Santos

Há um ano...

A Transmaçor criou a LINHA LILÁS, que liga a Ilha de São Jorge (Calheta) com a Ilha Terceira (Angra), às terças-feiras e sábados. Até aqui tudo bem. Lamentavelmente com tantos barcos não se realizou uma viagem extraordinária entre a Ilha Terceira (Angra) e a Ilha de São Jorge (Calheta) por altura do FESTIVAL DE JULHO 2014, que decorreu nesta data (17 a 21). Um barco a sair da Ilha Terceira na sexta-feira ao fim da tarde, e regressar no Domingo à noite, teriam com certeza vindo muitos Terceirenses ao Festival de Julho na Calheta de São Jorge. Antigamente faziam-se como dizia a nossa gente "excursões". Era bom que voltasse esse hábito. Esperemos que aconteça em 2015.