Jornal O Ponto - Setembro de 2015

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Distribuição gratuita Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 15 | Número 98 | Setembro de 2015 | Belo Horizonte / MG RACISMO D E S M A S C A R A N D O Fotos: Leon Elias Gêneros Sexuais deve ser debatidos em escola? Legisladores barram a discussão de gênero no Plano Nacional da Educação Pág. 04 Fora da onda gourmet, mas seguindo a tradição Restaurantes tradicionais da Capital Mineira não aderem à gourmertização Pág. 15 Categoria de base e o futuro do futebol brasileiro Brasil tornou-se um grande exportador de talentos Pág. 13

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Fumec - Belo Horizonte - MG

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Distribuiccedilatildeo gratuita

Jornal Laboratoacuterio do Curso de Comunicaccedilatildeo SocialAno 15 | Nuacutemero 98 | Setembro de 2015 | Belo Horizonte MG

RACISMO

DESMASCARANDO

Fotos Leon Elias

Gecircneros Sexuais deve ser debatidos em escola

Legisladores barram a discussatildeo de gecircnero no Plano Nacional da Educaccedilatildeo

Paacuteg 04

Fora da onda gourmet mas seguindo a tradiccedilatildeo

Restaurantes tradicionais da Capital Mineira natildeo aderem agrave gourmertizaccedilatildeo

Paacuteg 15

Categoria de base e o futuro do futebol brasileiro

Brasil tornou-se um grande exportador de talentos

Paacuteg 13

VERSOtildeES DA ASSINATURA | TRADICIONAL

01 - Capa Setembro 2015indd 1 10815 120318 PM

O Ponto

Os artigos publicados nesta paacutegina natildeo expressam necessariamente a opiniatildeo do jornal e visam refletir as diversas tendecircncias do pensamento

o ponto

VERSOtildeES DA ASSINATURA | TRADICIONAL

Belo Horizonte setembro de 2015

02ensp bullenspOpiniatildeo Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza

Coordenaccedilatildeo Editorial Profa Ana Paola Amorim (Jornalismo Impresso) Prof Aurelio Silva (Redaccedilatildeo Modelo)

Projeto Graacutefico Dunya Azevedo Professora Orientadora Daniel Washington ( Teacutecnico Lab Prod Graacutefica)

Logotipo Giovanni Batista Correcirca

Universidade Fumec Rua Cobre 200 Cruzeiro Belo Horizonte Minas Gerais Tel 3228-3014 e-mail jornalopontofumecbr

Presidente do Conselho Curador Prof Pedro Arthur Victer

Reitor da Universidade Fumec Prof Dr Eduardo Martins de Lima

Diretor GeralFCH Prof Antocircnio Marcos Nohmi

Diretor de EnsinoFCH Prof Joatildeo Batista de Mendonccedila Filho

Coordenador do Curso de Jornalismo Prof Ismar Madeira

Teacutecnico Lab Jornalismo Impresso Luis Filipe Pena Borges de Andrade

Monitores de Jornalismo Impresso Clara Barbi e Maria Clara Gonccedilalves

Monitores da Redaccedilatildeo Modelo Camilla Quirino e Cristiana Corrieri

Monitores Miacutedias Digitais Jackeline Oliveira

Monitores de Produccedilatildeo Graacutefica Ingrid Vieira

Monitores Voluntaacuterios

Anna Juacutelia Ramos Ana Luiza Marcella Souza Marina Fernandes e Samara Reis

Tiragem desta ediccedilatildeo 3000 exemplares

Jornal Laboratoacuterio do curso de Jornalismo

ldquoElogiosrdquo soacute que natildeoCristiana Corrieri

4 ordm Periacuteodo

Vocecirc pode natildeo ter ouvido o termo ldquoasseacutedio de ruardquo mas se vocecirc for uma mulher provavel-mente vocecirc jaacute experimentou assobios olhares comentaacute-rios infames toques indeseja-dos e olhos desconhecidos te acompanhando pela rua De acordo com uma pesquisa rea-lizada pelo site ldquoThink Olgardquo sobre asseacutedio sexual no espaccedilo puacuteblico 83 das mulheres natildeo gostam dessa abordagem

Tal como acontece com outras formas de violecircncia sexual os homens satildeo os per-petuadores de asseacutedio na rua e as mulheres viacutetimas - embora as viacutetimas tambeacutem possam ser

alvo devido agrave etnia ou orienta-ccedilatildeo sexual

Embora possa ser tentador negar tais ocorrecircncias ldquoinofen-sivasrdquo haacute um corpo substancial de pesquisas que nos diz isso natildeo eacute o caso Os impactos do asseacutedio na rua dependem do contexto e vatildeo desde as respos-tas imediatas de raiva repulsa e choque e podem chegar a efeitos a longo prazo tais como ansiedade depressatildeo e em alguns casos o transtorno de estresse poacutes-traumaacutetico

Asseacutedio de rua tambeacutem tem um impacto muito real sobre o uso do espaccedilo puacuteblico para mulheres Elas relatam que limitam seus movimentos em puacuteblico a fim de evitar as can-tadas e os toques indesejados

Asseacutedio de rua eacute parte con-tiacutenua da violecircncia dos homens contra as mulheres o que inclui o que se podem conside-rar formas mais ldquogravesrdquo de vio-lecircncia baseada no gecircnero tais como agressatildeo sexual estu-pro e abuso fiacutesico Satildeo formas diferentes de comportamento mas estatildeo interligados e todos contribuem para a opressatildeo e a desigualdade das mulheres

Apesar disso um miacutenimo de atenccedilatildeo tem sido dada agrave forma como podemos prevenir e responder o asseacutedio Existem poucos recursos legais ou outro para as mulheres que sofreram asseacutedio rua O ldquoChega de Fiu Fiurdquo eacute um site especializado em luta contra o asseacutedio em locais puacuteblicos No site vocecirc

pode anonimamente denun-ciar uma violecircncia sofrida ou uma violecircncia testemunhada Com isso o site deseja criar as cidades mais seguras para as mulheres ao relacionar geogra-ficamente os locais e motivos que aumentam a incidecircncia em casos de asseacutedio e assim fazer a diferenccedila para mudar essa realidade

Intervenccedilatildeo do espectador eacute uma resposta agrave violecircncia e oferece um grande potencial quando se trata de prevenccedilatildeo A intervenccedilatildeo pode significar confrontar diretamente o autor - onde eacute seguro fazecirc-lo - e de outras accedilotildees tais como pergun-tar a viacutetima se ela estaacute bem O movimento ldquoVamos juntasrdquo eacute um exemplo um incentivo

para mulheres se ajudarem em situaccedilotildees de perigo

A falta de respostas ao asseacute-dio agraves mulheres eacute decepcio-nante Algumas viacutetimas podem preferir acessar o sistema de justiccedila tradicional outros podem desejar respostas ino-vadoras tais como expressar a sua experiecircncia online

Entatildeo vamos deixar claro eacute asseacutedio Nunca elogio

Por mais educado que o homem seja ele eacute apenas uma pessoa desconhecida na rua Mesmo um bom-dia pode ser asseacutedio quando eacute direcionado a uma mulher sozinha andando na rua

Uma coisa eacute clara eacute hora de parar de apenas falar sobre o asseacutedio de rua e fazer algo

Cultive antocircnimosJanderson silva

6ordm Periacuteodo

Visto a discussatildeo iniciada no debate promovido no Sextas de Primeira na FUMEC da recente onda de intoleracircncia que desova nos meios sociais e de comuni-caccedilatildeo do preconceito sexual eacutetnico da misoginia das mais variadas fobias ateacute chegar no princiacutepio de todo a moda do lsquooacutedio gratuitorsquo A falta de res-peito com o outro esquecendo de sua humanidade pretendi falar do assunto

Lembro-me de escrever em redaccedilotildees sobre a dificuldade de viver com as diferenccedilas Isso desde meus primeiros anos da escola Passados mais de 15 anos o tema eacute ainda contem-

poracircneo soacute que agora eacute neces-saacuterio uma atualizaccedilatildeo porque eacute tatildeo difiacutecil viver com o que lhe eacute diferente Na proporccedilatildeo da dificuldade estaacute a facilidade em odiar hoje escancarada ultrapassando limites Tudo eacute odiaacutevel (ateacute mesmo o Uber)

Volto o olhar para o debate De laacute me ocorreu outro ques-tionamento a pessoa negra teve a ela um ldquoproblemardquo imposto construiacutedo culturalmente pas-sado os anos eras Entatildeo o pre-conceito leitor lhe foi atribuiacutedo O oacutedio natildeo lhe eacute opcional Entatildeo exercite anule tudo que vocecirc construiu envolto agraves crenccedilas e gostos adquiridos construiacutedos ateacute chegar a uma mente natildeo pre-enchida nula de qualquer visatildeo preestabelecida Desconstrua

Mais espantoso eacute este cenaacute-rio inserido na perspectiva do acesso aos meios digitais de informaccedilatildeo ndash palco de muita vergonha da pluralidade de vozes e do amplo espaccedilo para o conhecimento (mesmo cons-ciente de que natildeo para todos mas para aqueles que possuem jaacute eacute de se assustar) Eacute como um retrocesso antes jamais visto Uma fala de uma conhecida ilustra ldquoO que eacute essa sociedade contemporacircnea Era mais faacutecil assumir sua verdadeira identi-dade nos anos 80rdquo

Entatildeo para o seu oacutedio flo-res Para rebater de forma pro-porcional essa onda que atinge nosso cotidiano Por isso cul-tive seu jardim deixe-o sem-pre florido

Creacutedito httpswwwflickrcomphotos31065898N087944444540

02 - Opniao Setembro 2015indd 1 10815 120040 PM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 03Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira e Amanda Magalhatildees

A difiacutecil tarefa de falar sobre gecircnero

A adoccedilatildeo do toacutepico ldquogecircnerordquo no Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) toma a miacutedia e causa discussatildeo

AnA JuacuteliA RAmos 2ordmPeRiacuteodo

Em 2014 a inclusatildeo das praacute-ticas que debatem a questatildeo de gecircnero raccedila e orientaccedilatildeo sexual no Plano Nacional de Educa-ccedilatildeo ndash que jaacute existia desde 2010 e visava incluir a ideologia de gecircnero em pauta nas escolas - foi barrada no Plenaacuterio do Con-gresso Nacional Um ano depois jaacute em acircmbito municipal natildeo foi diferente as cidades votaram contra o projeto que visa agrave for-maccedilatildeo de indiviacuteduos tolerantes e conscientes quanto agraves dife-renccedilas que os cercam aleacutem de seguir em direccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo do preconceito A justificativa para o veto gira em torno dos padrotildees familiares tradicionais que estabelecem que ldquohomem eacute homemrdquo e ldquomulher eacute mulherrdquo sem espaccedilo para eventuais mudanccedilas

O Plano Nacional de Educa-ccedilatildeo tem metas com validade de 10 anos e tem como obje-tivo alcanccedilar desde a educaccedilatildeo baacutesica ateacute o ensino superior Visando agrave erradicaccedilatildeo do anal-fabetismo promoccedilatildeo dos prin-ciacutepios do respeito aos direitos humanos e agrave diversidade O PNE primeiramente eacute analisado pela cacircmara e senado para apoacutes ser encaminhado aos deputa-dos que podem aceitar o texto proposto pelos senadores O assunto tomou conhecimento geral ao criar polecircmica e lutas contra a adesatildeo de certos toacutepi-cos ao plano

Puacuteblico ou privadoO vereador Elvis Cocircrtes que

foi contra a adoccedilatildeo do assunto no Plano Nacional de Ensino eacute enfaacutetico ldquoA ideologia de gecircnero eacute uma afronta aos princiacutepios baacutesicos da constituiccedilatildeo e das relaccedilotildees culturaisrdquo Ele continua dizendo que o assunto pode ser debatido em seminaacuterios e den-tro de casa com os pais mas natildeo nas escolas ldquoNatildeo acredito que seja papel do estado intervir nas relaccedilotildees familiaresrdquo afirma

Em publicaccedilatildeo feita pela Associaccedilatildeo Brasileira de Antro-plogia denominada ldquoMani-festo pela igualdade de gecircnero na educaccedilatildeo por uma escola democraacutetica inclusiva e sem censurasrdquo a introduccedilatildeo da questatildeo de gecircnero nas escolas eacute defendida e satildeo apresenta-dos pontos para que isso acon-

teccedila Um dos pontos eacute o fato de que o conceito de gecircnero real-mente existe e natildeo eacute algo como uma ldquoideologiardquo ou ldquodoutrinardquo sustentadas por crenccedilas ou feacute ldquoGecircnero como um conceito identifica processos histoacutericos e culturais que classificam e posicionam as pessoas a par-tir de uma relaccedilatildeo sobre o que eacute entendido como feminino e masculino Eacute um operador que cria sentido para as diferenccedilas percebidas em nossos corpos Eacute nesse sentido que o conceito de gecircnero tem sido historicamente uacutetil para identificar mecanismos de reproduccedilatildeo de desigualdades no contexto escolarrdquo

Contra estereoacutetiposA professora Glaacuteucia Car-

neiro eacute a favor da adoccedilatildeo do assunto nas escolas Ela afirma que vivencia a todo tempo

bullying violecircncia e racismo ldquoEm defesa do pluralismo defendo que eacute um direito fun-damental dos estudantes bra-sileiros o acesso aos conheci-mentos e pesquisas produzida pelos estudos interdisciplinares sobre o conceito de gecircnerordquo A professora vai na contramatildeo do que o Veriador Cocircrtes defende e afirma que natildeo eacute dever do estado impor uma filosofia que vai totalmente contra as maio-res conquistas da Constituiccedilatildeo

A falta da abordagem do assunto nas escolas reforccedila estereoacutetipos que se transfor-mam em fatos Meninas acabam tendo um menor desempenho em mateacuterias ldquoexatasrdquo como a matemaacutetica aleacutem de sofrerem desdeacutem e falta de incentivo da propria escola Sendo assim acabam acreditando que isso eacute bioloacutegico um fato consumado

Duas pesquisadoras da Uni-versidade de Winsconsin nos Estados Unidos desenvolveram uma anaacutelise e chegaram agrave con-clusatildeo de que esse menor apro-veitamento natildeo eacute algo bioloacute-gico ndash mas sim algo construiacutedo socialmente O mesmo acon-tece com os meninos Marilia Pinto de Carvalho estudante da Universidade de Satildeo Paulo apresentou uma pesquisa que confirmou o fato de que meni-nos tecircm saiacutedo cada vez mais da escola em razatildeo de estereoacutetipos como o da ldquomasculinidaderdquo

Tais referenciais fazem com que eles abandonem os estu-dos e contribuam cada vez mais para que taxa de evasatildeo somente cresccedila A pesquisa denominada ldquoSucesso e fra-casso escolar uma questatildeo de gecircnerordquo ainda acrescenta o fato de que o preconceito com crian-

ccedilas em decorrecircncia da falta de abordagem do assunto existe e acontece com frequecircncia ldquoHaacute ainda muita coisa a se conhecer melhor por exemplo a relaccedilatildeo entre as crianccedilas as culturas infantis Perceber como aquele menino que vai bem na escola e eacute elogiado pela professora acaba sendo desprezado pelos colegas chamado de ldquobichardquo ou de ldquomulherzinhardquo e para afirmar sua masculinidade acaba tendo que recorrer ateacute ao mau desem-penho escolar agrave indisciplinardquo segundo a pesquisa

Enquanto medidas vatildeo sendo tomadas aos poucos nas cida-des o que prevalece no geral eacute uma forte divisatildeo de opiniatildeo Votaccedilotildees continuam aconte-cendo e como foi o exemplo de Satildeo Paulo que teve manifesta-ccedilotildees contra e a favor ao ato

Embora haja esse retrocesso quatro faculdades da capital aderiram ao nome social Satildeo elas o Centro Universitaacuterio UNA e a PUC aleacutem das puacutebli-cas UFMG e UEMG A exigecircn-cia para que o nome seja aceito no caso da PUC foi baseada na Portaria R Nordm 0212015 que diz em seu artigo 1ordm que fica asse-gurado o direito agravequeles que solicitarem quando sua iden-tidade civil natildeo reflete adequa-damente sua identidade de gecircnero Aqueles que aderirem o nome social seratildeo tratados exclusivamente pelo respectivo nome sem a necessidade do nome que consta na identidade civil seja exposto nas mais diver-sas situaccedilotildees

A medida foi muito come-morada por estudantes de toda a cidade mas haacute quem veja o caso com um pouco mais de delicadeza Paulo Bevilacqua afirma que a medida pode ser vista como algo paliativo ldquoEla natildeo resolve o problema mas ajuda a amenizar os danos e atrair pessoas trans que ainda natildeo modificaram documentos a frequentarem aquele estabe-lecimento sem medo de serem ridicularizadas por exemplo na hora da chamadardquo O nome social estaacute presente nas cha-madas nos boletos bancaacuterios e em todos os outros documentos oficiais do aluno - fazendo com que o constrangimento dimi-nua e mais um entre os vaacuterios direitos da comunidade LGBT muitas vezes ignorados seja garantido

Ilustraccedilatildeo Luis Filipe Pena

03 - Genero nas Escolasindd 1 10815 104224 AM

4 - Anuncio 1 10815 111147 AM

O Ponto Belo Horizonte Setembro de 2015

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira Cidadeensp bullensp05ensp

Um convite ao descanso

Jackeline Oliveira

3ordm PeriacuteOdO

Em meio ao movimento acelerado de carros e ao vaiveacutem de pedestres em aacutereas agitadas da capital o belo-horizontino passou a ter novos espaccedilos para relaxar bater papo ouvir muacutesica ler encontrar amigos se divertir ou apreciar a paisa-gem Inspirados nos ldquoparkletsrdquo norte-americanos e com finalidade de disponibilizar para a popula-ccedilatildeo um espaccedilo de convivecircncia como se fosse uma praccedila a Prefeitura de Belo Horizonte e a Cacircmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) se uniram para as instalaccedilotildees das varandas urbanas nas ruas da capital mineira

Em ruas com grande movimento de pedestres e com intenso comeacutercio elas proporcionam uma melhoria no ambiente da regiatildeo tornando a expe-riecircncia de compras em lojas de rua muito mais prazerosa O gerente de loja Cristiano aproveita o ambiente para namorar e descansar durante o seu horaacuterio de almoccedilo ldquoEacute um momento que tenho para relaxar este espaccedilo eacute um oacutetimo local para fazer isso principalmente aqui no centro da cidade que natildeo temos muitos locais com essa finalidaderdquo conta enquanto relaxa no banco do parkelet Os mobiliaacuterios foram construiacutedos com material reciclado parecido com madeira e tecircm iluminaccedilatildeo fotovoltaica Algumas possuem pisos bancos e postes inspirados em praccedilas das cidades do interior de Minas O espaccedilo da Avenida Ban-deirantes segue um estilo mais contemporacircneo e moderno Mas todos os estilos contam com bici-cletaacuterio A estudante Mocircnica 18 gosta mesmo da interaccedilatildeo que o espaccedilo tem com a natureza ldquoEacute um ambiente muito agradaacutevel para passar o tempo e tem uma harmonia bem legal com a naturezardquo afirma a estudante

As varadas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico

e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa e natildeo podem ser usados com exclusividade pelo seu mantenedor Jaacute o vendedor Joaquim acha lindo o lugar mas se preocupa mesmo eacute com a conser-vaccedilatildeo das varandas ldquoA ideia eacute boa deixa a cidade mais bonita e sendo assim eu espero que a popu-laccedilatildeo respeite e mantenha esses espaccedilos limpos e bem cuidadosrdquo afirma Joaquim A loja de Marcos eacute uma das apoiadoras deste projeto e ele conta como a criaccedilatildeo desses espaccedilos eacute importante para a populaccedilatildeo mineira ldquoEacute preciso entender a dinacirc-mica de cidade que se deseja e a vida das pessoas no seu dia a dia Os espaccedilos puacuteblicos devem refle-tir as necessidades e os anseios dos seus usuaacuterios para soacute assim serem realmente utilizadosrdquo conta Marcos

A legislaccedilatildeo que regulamenta a instalaccedilatildeo das varandas urbanas em Belo Horizonte foi elabo-rada pela Secretaria Municipal Adjunta de Plane-jamento Urbano O financiamento e as instalaccedilotildees desses espaccedilos ficam sob responsabilidade da CDL-BH junto com um grupo de lojas parceiras que seratildeo tambeacutem responsaacuteveis pela manuten-ccedilatildeo dos espaccedilos O custo de cada varanda urbana varia de acordo com as caracteriacutesticas do projeto arquitetocircnico e materiais definidos pela CDL-BH Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte ateacute o fim do ano a previsatildeo eacute implantar na capital cerca vinte unidades desses espaccedilos

Ateacute o fim do ano eacute esperada a construccedilatildeo de vinte novas varandas urbanas nas ruas da capital mineira

As varandas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa

Foto

Jac

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Cristiano e Cristina aproveitam o tempo livre para namorar

O espaccedilo da Av Bandeirantes segue um estilo mais moderno

ldquoEacute preciso entender a dinacircmica de cidade

que se deseja e a vida das pessoas no seu dia

a dialdquoMarcos

Foto Jackeline Oliveira

12 - Varanadas Urbanasindd 1 10815 104622 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

06 bull Em pauta Consciecircncia negra

A rmativasa resposta agraves desigualdadesPara acelerar o processo de igualizaccedilatildeo racial e o governo utiliza um programa de accedilotildees a rmativas

O seminaacuterio ldquoConsciecircncia negra igualdade racialrdquo inau-gura uma seacuterie de debates den-tro do curso de jornalismo cha-mada de ldquoSexta de Primeirardquo Os eventos satildeo promovidos em conjunto pelos laboratoacuterios de Jornalismo Impresso e Reda-ccedilatildeo Modelo do curso de Jorna-lismo da Universidade Fumec com o propoacutesito de estimular o debate aprofundado sobre temas atuais Uma vez por mecircs sempre agraves sextas-feiras convi-dados participam de mesas de discussatildeo e de debate Produ-zido pelo curso de jornalismo os eventos contam com a coor-denaccedilatildeo da professora Ana Paola Amorim e do professor Aureacutelio Joseacute da Silva e satildeo abertos a toda a comunidade acadecircmica O objetivo do pro-

jeto eacute auxiliar na construccedilatildeo de uma criacutetica social a partir dos debates oferecidos

Neste primeiro encontro o tema da igualdade racial foi discutido por Etiene Mar-tins editora do jornal Afronta Makota Celinha coordenadora do Centro Nacional de Afri-canidade e Resistencia Afro-Brasileira Carlandreia atriz e produtora da peccedila ldquoBitita o coraccedilatildeo que nunca silenciourdquo e Everton Pereira socioacutelogo e bailarino de danccedilas afro

O debate contou com a pre-senccedila de cerca de 300 pessoas entre alunos professores e fun-cionaacuterios da universidade que discutiram sobre as di culda-des diaacuterias de ser negro a falta de oportunidades de empre-gos na miacutedia e de reconhe-

cimento na sociedade tam-beacutem foram tratados assuntos como a intoleracircncia religiosa as cotas para universidade e a falta de conhecimento histoacute-rico sobre o nosso passado

O evento contou ainda com a presenccedila da estilista Eacutenia Daraacute que falou sobre a moda afro e empreendedorismo e apresentou em um des le alguns turbantes Os bailari-nos Everton Pereira e Priscila Rangel zeram uma apresen-taccedilatildeo de danccedila afro represen-tando a cultura e as crenccedilas africanas

Para os proacuteximos eventos jaacute foram escolhidos dois temas sobre a maioridade penal e a questatildeo de gecircnero e estatildeo pre-vistos para os dias 2 de outu-bro e 6 de novembro

GUILHERME DRAGER

4ordm PERIacuteODO

Desde o iniacutecio da coloniza-ccedilatildeo do Brasil nossa histoacuteria eacute marcada por um processo de hegemonizaccedilatildeo por parte da cultura ocidental europeia que aqui se instalou Com a suposta superioridade da raccedila branca logo a escravidatildeo se instalou por aqui Foram cerca de trecircs seacuteculos marcados pelo abuso e desumanizaccedilatildeo aos quais os negros eram submetidos ateacute que a aboliccedilatildeo da escravatura se deu por meio da Lei Aacuteurea de 13 de maio de 1888

No Brasil a igualdade racial soacute foi regulamentada com a Lei 12288 de 20 de Julho de 2010 pouco mais de 120 anos depois da Lei Aacuteurea O que realmente aconteceu foi que no papel negros e brancos possuiacuteam os mesmos deveres os mesmos direitos e as mesmas condiccedilotildees de acesso mas isso natildeo condi-zia com a realidade como ainda natildeo condiz O que se via eram pessoas brancas ocupando uma parte quase inteira das vagas nas faculdades puacuteblicas ocupando cargos de maior remuneraccedilatildeo e tendo oportunidades privilegia-das em comparaccedilatildeo aos negros

Para garantir de fato a igual-dade entre as raccedilas o Estado adotou medidas conhecidas como accedilotildees a rmativas ou medidas a rmativas Segundo o socioacutelogo Everton Pereira as accedilotildees a rmativas fazem parte de uma poliacutetica puacuteblica As accedilotildees tiveram iniacutecio nos Esta-dos Unidos para que os negros que historicamente foram des-favorecidos social e nanceira-mente tivessem acesso a cargos puacuteblicos a vagas nas universi-dades puacuteblicas e que em algum momento eles pudessem dispu-tar com igualdade e condiccedilotildees aos mesmos cargos

De acordo com Everton as accedilotildees a rmativas satildeo necessaacute-rias no nosso paiacutes a m de evitar processos de exclusatildeo gerados pela segregaccedilatildeo e racismo ldquoO racismo no Brasil eacute velado natildeo eacute direto como eacute nos Estados Unidos O que torna natural que soacute existam meacutedicos brancos advogados brancos presidentes brancos e para reparar esse con-texto eacute necessaacuterio que o Estado intervenhardquo explica ldquoA ascensatildeo

social natildeo ocorre de fato O que acontece satildeo casos esporaacutedicos em que um negro ascende por causa de um talento excepcio-nal como foi Peleacute como eacute Seu Jorge Aiacute essas pessoas satildeo usa-das para defender a ideia de que o negro natildeo precisa da interven-ccedilatildeo do Estadordquo complementa o socioacutelogo

Na opiniatildeo de Pereira com essas accedilotildees o Estado visa dar acessos iguais a todos elimi-nando de forma mais raacutepida bar-reiras histoacuterico-sociais e fazendo valer os direitos igualitaacuterios pre-vistos pela Constituiccedilatildeo

Uma accedilatildeo a rmativa muito conhecida e comentada eacute a Lei nordm 12711 de 29 de agosto de 2012 mais conhecida como Lei das Cotas que determina uma porcentagem das vagas nas uni-versidades sejam destinadas aos negros Essa lei tambeacutem designa uma porcentagem de vagas a estudantes de escolas puacuteblicas e iacutendios Recentemente foi apro-vada a lei 12990 de junho de 2010 que reserva 20 das vagas de concursos puacuteblicos a pes-soas da raccedila negra

O que ainda se discute satildeo os criteacuterios de classi caccedilatildeo que determinam se uma pessoa eacute negra ou natildeo Esse tema cha-mou a atenccedilatildeo do paiacutes quando em 2007 dois irmatildeos Alan e Alex Teixeira gecircmeos univite-linos ou seja idecircnticos se ins-creveram no vestibular da Uni-versidade Nacional de Brasiacutelia UNB pelo sistema de cotas e foram surpreendidos quando apenas um dos irmatildeos Alan foi declarado negro e teve o pedido aceito enquanto seu irmatildeo Alex teve o pedido negado O jovem acabou recorrendo agrave decisatildeo e por m a UNB resol-veu aceitar o jovem como negro pelo sistema de cotas

Segundo pesquisa do Insti-tuto Ethos em parceria com o IBOPE Inteligecircncia realizada em 2010 sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do paiacutes os negros que ocupam cargos de diretoria represen-tavam 62 pessoas num grupo de 1162 pessoas um total de 53 dos cargos executivos O estudo aponta que a situaccedilatildeo eacute ainda pior para as mulheres negras essas ocupam cerca de 05 dos cargos executivos no paiacutes

As Sextas de Primeira

Foto Leon Elias

06 - Acoes afirmativasindd 1 10815 104431 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

legensdfjbjasdgljksdgjkdsjgsjgsjdgjasgjasdgkjadsbgl

10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

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Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
  • 04 - Anuncio
  • 05 - varandasurbanas
  • 06 - Acoes
  • 07 - carla
  • 08 - Enia
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  • 11 - makota
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  • 15 - Gourmet
  • 16 - ContoNoPonto
Page 2: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto

Os artigos publicados nesta paacutegina natildeo expressam necessariamente a opiniatildeo do jornal e visam refletir as diversas tendecircncias do pensamento

o ponto

VERSOtildeES DA ASSINATURA | TRADICIONAL

Belo Horizonte setembro de 2015

02ensp bullenspOpiniatildeo Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza

Coordenaccedilatildeo Editorial Profa Ana Paola Amorim (Jornalismo Impresso) Prof Aurelio Silva (Redaccedilatildeo Modelo)

Projeto Graacutefico Dunya Azevedo Professora Orientadora Daniel Washington ( Teacutecnico Lab Prod Graacutefica)

Logotipo Giovanni Batista Correcirca

Universidade Fumec Rua Cobre 200 Cruzeiro Belo Horizonte Minas Gerais Tel 3228-3014 e-mail jornalopontofumecbr

Presidente do Conselho Curador Prof Pedro Arthur Victer

Reitor da Universidade Fumec Prof Dr Eduardo Martins de Lima

Diretor GeralFCH Prof Antocircnio Marcos Nohmi

Diretor de EnsinoFCH Prof Joatildeo Batista de Mendonccedila Filho

Coordenador do Curso de Jornalismo Prof Ismar Madeira

Teacutecnico Lab Jornalismo Impresso Luis Filipe Pena Borges de Andrade

Monitores de Jornalismo Impresso Clara Barbi e Maria Clara Gonccedilalves

Monitores da Redaccedilatildeo Modelo Camilla Quirino e Cristiana Corrieri

Monitores Miacutedias Digitais Jackeline Oliveira

Monitores de Produccedilatildeo Graacutefica Ingrid Vieira

Monitores Voluntaacuterios

Anna Juacutelia Ramos Ana Luiza Marcella Souza Marina Fernandes e Samara Reis

Tiragem desta ediccedilatildeo 3000 exemplares

Jornal Laboratoacuterio do curso de Jornalismo

ldquoElogiosrdquo soacute que natildeoCristiana Corrieri

4 ordm Periacuteodo

Vocecirc pode natildeo ter ouvido o termo ldquoasseacutedio de ruardquo mas se vocecirc for uma mulher provavel-mente vocecirc jaacute experimentou assobios olhares comentaacute-rios infames toques indeseja-dos e olhos desconhecidos te acompanhando pela rua De acordo com uma pesquisa rea-lizada pelo site ldquoThink Olgardquo sobre asseacutedio sexual no espaccedilo puacuteblico 83 das mulheres natildeo gostam dessa abordagem

Tal como acontece com outras formas de violecircncia sexual os homens satildeo os per-petuadores de asseacutedio na rua e as mulheres viacutetimas - embora as viacutetimas tambeacutem possam ser

alvo devido agrave etnia ou orienta-ccedilatildeo sexual

Embora possa ser tentador negar tais ocorrecircncias ldquoinofen-sivasrdquo haacute um corpo substancial de pesquisas que nos diz isso natildeo eacute o caso Os impactos do asseacutedio na rua dependem do contexto e vatildeo desde as respos-tas imediatas de raiva repulsa e choque e podem chegar a efeitos a longo prazo tais como ansiedade depressatildeo e em alguns casos o transtorno de estresse poacutes-traumaacutetico

Asseacutedio de rua tambeacutem tem um impacto muito real sobre o uso do espaccedilo puacuteblico para mulheres Elas relatam que limitam seus movimentos em puacuteblico a fim de evitar as can-tadas e os toques indesejados

Asseacutedio de rua eacute parte con-tiacutenua da violecircncia dos homens contra as mulheres o que inclui o que se podem conside-rar formas mais ldquogravesrdquo de vio-lecircncia baseada no gecircnero tais como agressatildeo sexual estu-pro e abuso fiacutesico Satildeo formas diferentes de comportamento mas estatildeo interligados e todos contribuem para a opressatildeo e a desigualdade das mulheres

Apesar disso um miacutenimo de atenccedilatildeo tem sido dada agrave forma como podemos prevenir e responder o asseacutedio Existem poucos recursos legais ou outro para as mulheres que sofreram asseacutedio rua O ldquoChega de Fiu Fiurdquo eacute um site especializado em luta contra o asseacutedio em locais puacuteblicos No site vocecirc

pode anonimamente denun-ciar uma violecircncia sofrida ou uma violecircncia testemunhada Com isso o site deseja criar as cidades mais seguras para as mulheres ao relacionar geogra-ficamente os locais e motivos que aumentam a incidecircncia em casos de asseacutedio e assim fazer a diferenccedila para mudar essa realidade

Intervenccedilatildeo do espectador eacute uma resposta agrave violecircncia e oferece um grande potencial quando se trata de prevenccedilatildeo A intervenccedilatildeo pode significar confrontar diretamente o autor - onde eacute seguro fazecirc-lo - e de outras accedilotildees tais como pergun-tar a viacutetima se ela estaacute bem O movimento ldquoVamos juntasrdquo eacute um exemplo um incentivo

para mulheres se ajudarem em situaccedilotildees de perigo

A falta de respostas ao asseacute-dio agraves mulheres eacute decepcio-nante Algumas viacutetimas podem preferir acessar o sistema de justiccedila tradicional outros podem desejar respostas ino-vadoras tais como expressar a sua experiecircncia online

Entatildeo vamos deixar claro eacute asseacutedio Nunca elogio

Por mais educado que o homem seja ele eacute apenas uma pessoa desconhecida na rua Mesmo um bom-dia pode ser asseacutedio quando eacute direcionado a uma mulher sozinha andando na rua

Uma coisa eacute clara eacute hora de parar de apenas falar sobre o asseacutedio de rua e fazer algo

Cultive antocircnimosJanderson silva

6ordm Periacuteodo

Visto a discussatildeo iniciada no debate promovido no Sextas de Primeira na FUMEC da recente onda de intoleracircncia que desova nos meios sociais e de comuni-caccedilatildeo do preconceito sexual eacutetnico da misoginia das mais variadas fobias ateacute chegar no princiacutepio de todo a moda do lsquooacutedio gratuitorsquo A falta de res-peito com o outro esquecendo de sua humanidade pretendi falar do assunto

Lembro-me de escrever em redaccedilotildees sobre a dificuldade de viver com as diferenccedilas Isso desde meus primeiros anos da escola Passados mais de 15 anos o tema eacute ainda contem-

poracircneo soacute que agora eacute neces-saacuterio uma atualizaccedilatildeo porque eacute tatildeo difiacutecil viver com o que lhe eacute diferente Na proporccedilatildeo da dificuldade estaacute a facilidade em odiar hoje escancarada ultrapassando limites Tudo eacute odiaacutevel (ateacute mesmo o Uber)

Volto o olhar para o debate De laacute me ocorreu outro ques-tionamento a pessoa negra teve a ela um ldquoproblemardquo imposto construiacutedo culturalmente pas-sado os anos eras Entatildeo o pre-conceito leitor lhe foi atribuiacutedo O oacutedio natildeo lhe eacute opcional Entatildeo exercite anule tudo que vocecirc construiu envolto agraves crenccedilas e gostos adquiridos construiacutedos ateacute chegar a uma mente natildeo pre-enchida nula de qualquer visatildeo preestabelecida Desconstrua

Mais espantoso eacute este cenaacute-rio inserido na perspectiva do acesso aos meios digitais de informaccedilatildeo ndash palco de muita vergonha da pluralidade de vozes e do amplo espaccedilo para o conhecimento (mesmo cons-ciente de que natildeo para todos mas para aqueles que possuem jaacute eacute de se assustar) Eacute como um retrocesso antes jamais visto Uma fala de uma conhecida ilustra ldquoO que eacute essa sociedade contemporacircnea Era mais faacutecil assumir sua verdadeira identi-dade nos anos 80rdquo

Entatildeo para o seu oacutedio flo-res Para rebater de forma pro-porcional essa onda que atinge nosso cotidiano Por isso cul-tive seu jardim deixe-o sem-pre florido

Creacutedito httpswwwflickrcomphotos31065898N087944444540

02 - Opniao Setembro 2015indd 1 10815 120040 PM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 03Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira e Amanda Magalhatildees

A difiacutecil tarefa de falar sobre gecircnero

A adoccedilatildeo do toacutepico ldquogecircnerordquo no Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) toma a miacutedia e causa discussatildeo

AnA JuacuteliA RAmos 2ordmPeRiacuteodo

Em 2014 a inclusatildeo das praacute-ticas que debatem a questatildeo de gecircnero raccedila e orientaccedilatildeo sexual no Plano Nacional de Educa-ccedilatildeo ndash que jaacute existia desde 2010 e visava incluir a ideologia de gecircnero em pauta nas escolas - foi barrada no Plenaacuterio do Con-gresso Nacional Um ano depois jaacute em acircmbito municipal natildeo foi diferente as cidades votaram contra o projeto que visa agrave for-maccedilatildeo de indiviacuteduos tolerantes e conscientes quanto agraves dife-renccedilas que os cercam aleacutem de seguir em direccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo do preconceito A justificativa para o veto gira em torno dos padrotildees familiares tradicionais que estabelecem que ldquohomem eacute homemrdquo e ldquomulher eacute mulherrdquo sem espaccedilo para eventuais mudanccedilas

O Plano Nacional de Educa-ccedilatildeo tem metas com validade de 10 anos e tem como obje-tivo alcanccedilar desde a educaccedilatildeo baacutesica ateacute o ensino superior Visando agrave erradicaccedilatildeo do anal-fabetismo promoccedilatildeo dos prin-ciacutepios do respeito aos direitos humanos e agrave diversidade O PNE primeiramente eacute analisado pela cacircmara e senado para apoacutes ser encaminhado aos deputa-dos que podem aceitar o texto proposto pelos senadores O assunto tomou conhecimento geral ao criar polecircmica e lutas contra a adesatildeo de certos toacutepi-cos ao plano

Puacuteblico ou privadoO vereador Elvis Cocircrtes que

foi contra a adoccedilatildeo do assunto no Plano Nacional de Ensino eacute enfaacutetico ldquoA ideologia de gecircnero eacute uma afronta aos princiacutepios baacutesicos da constituiccedilatildeo e das relaccedilotildees culturaisrdquo Ele continua dizendo que o assunto pode ser debatido em seminaacuterios e den-tro de casa com os pais mas natildeo nas escolas ldquoNatildeo acredito que seja papel do estado intervir nas relaccedilotildees familiaresrdquo afirma

Em publicaccedilatildeo feita pela Associaccedilatildeo Brasileira de Antro-plogia denominada ldquoMani-festo pela igualdade de gecircnero na educaccedilatildeo por uma escola democraacutetica inclusiva e sem censurasrdquo a introduccedilatildeo da questatildeo de gecircnero nas escolas eacute defendida e satildeo apresenta-dos pontos para que isso acon-

teccedila Um dos pontos eacute o fato de que o conceito de gecircnero real-mente existe e natildeo eacute algo como uma ldquoideologiardquo ou ldquodoutrinardquo sustentadas por crenccedilas ou feacute ldquoGecircnero como um conceito identifica processos histoacutericos e culturais que classificam e posicionam as pessoas a par-tir de uma relaccedilatildeo sobre o que eacute entendido como feminino e masculino Eacute um operador que cria sentido para as diferenccedilas percebidas em nossos corpos Eacute nesse sentido que o conceito de gecircnero tem sido historicamente uacutetil para identificar mecanismos de reproduccedilatildeo de desigualdades no contexto escolarrdquo

Contra estereoacutetiposA professora Glaacuteucia Car-

neiro eacute a favor da adoccedilatildeo do assunto nas escolas Ela afirma que vivencia a todo tempo

bullying violecircncia e racismo ldquoEm defesa do pluralismo defendo que eacute um direito fun-damental dos estudantes bra-sileiros o acesso aos conheci-mentos e pesquisas produzida pelos estudos interdisciplinares sobre o conceito de gecircnerordquo A professora vai na contramatildeo do que o Veriador Cocircrtes defende e afirma que natildeo eacute dever do estado impor uma filosofia que vai totalmente contra as maio-res conquistas da Constituiccedilatildeo

A falta da abordagem do assunto nas escolas reforccedila estereoacutetipos que se transfor-mam em fatos Meninas acabam tendo um menor desempenho em mateacuterias ldquoexatasrdquo como a matemaacutetica aleacutem de sofrerem desdeacutem e falta de incentivo da propria escola Sendo assim acabam acreditando que isso eacute bioloacutegico um fato consumado

Duas pesquisadoras da Uni-versidade de Winsconsin nos Estados Unidos desenvolveram uma anaacutelise e chegaram agrave con-clusatildeo de que esse menor apro-veitamento natildeo eacute algo bioloacute-gico ndash mas sim algo construiacutedo socialmente O mesmo acon-tece com os meninos Marilia Pinto de Carvalho estudante da Universidade de Satildeo Paulo apresentou uma pesquisa que confirmou o fato de que meni-nos tecircm saiacutedo cada vez mais da escola em razatildeo de estereoacutetipos como o da ldquomasculinidaderdquo

Tais referenciais fazem com que eles abandonem os estu-dos e contribuam cada vez mais para que taxa de evasatildeo somente cresccedila A pesquisa denominada ldquoSucesso e fra-casso escolar uma questatildeo de gecircnerordquo ainda acrescenta o fato de que o preconceito com crian-

ccedilas em decorrecircncia da falta de abordagem do assunto existe e acontece com frequecircncia ldquoHaacute ainda muita coisa a se conhecer melhor por exemplo a relaccedilatildeo entre as crianccedilas as culturas infantis Perceber como aquele menino que vai bem na escola e eacute elogiado pela professora acaba sendo desprezado pelos colegas chamado de ldquobichardquo ou de ldquomulherzinhardquo e para afirmar sua masculinidade acaba tendo que recorrer ateacute ao mau desem-penho escolar agrave indisciplinardquo segundo a pesquisa

Enquanto medidas vatildeo sendo tomadas aos poucos nas cida-des o que prevalece no geral eacute uma forte divisatildeo de opiniatildeo Votaccedilotildees continuam aconte-cendo e como foi o exemplo de Satildeo Paulo que teve manifesta-ccedilotildees contra e a favor ao ato

Embora haja esse retrocesso quatro faculdades da capital aderiram ao nome social Satildeo elas o Centro Universitaacuterio UNA e a PUC aleacutem das puacutebli-cas UFMG e UEMG A exigecircn-cia para que o nome seja aceito no caso da PUC foi baseada na Portaria R Nordm 0212015 que diz em seu artigo 1ordm que fica asse-gurado o direito agravequeles que solicitarem quando sua iden-tidade civil natildeo reflete adequa-damente sua identidade de gecircnero Aqueles que aderirem o nome social seratildeo tratados exclusivamente pelo respectivo nome sem a necessidade do nome que consta na identidade civil seja exposto nas mais diver-sas situaccedilotildees

A medida foi muito come-morada por estudantes de toda a cidade mas haacute quem veja o caso com um pouco mais de delicadeza Paulo Bevilacqua afirma que a medida pode ser vista como algo paliativo ldquoEla natildeo resolve o problema mas ajuda a amenizar os danos e atrair pessoas trans que ainda natildeo modificaram documentos a frequentarem aquele estabe-lecimento sem medo de serem ridicularizadas por exemplo na hora da chamadardquo O nome social estaacute presente nas cha-madas nos boletos bancaacuterios e em todos os outros documentos oficiais do aluno - fazendo com que o constrangimento dimi-nua e mais um entre os vaacuterios direitos da comunidade LGBT muitas vezes ignorados seja garantido

Ilustraccedilatildeo Luis Filipe Pena

03 - Genero nas Escolasindd 1 10815 104224 AM

4 - Anuncio 1 10815 111147 AM

O Ponto Belo Horizonte Setembro de 2015

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira Cidadeensp bullensp05ensp

Um convite ao descanso

Jackeline Oliveira

3ordm PeriacuteOdO

Em meio ao movimento acelerado de carros e ao vaiveacutem de pedestres em aacutereas agitadas da capital o belo-horizontino passou a ter novos espaccedilos para relaxar bater papo ouvir muacutesica ler encontrar amigos se divertir ou apreciar a paisa-gem Inspirados nos ldquoparkletsrdquo norte-americanos e com finalidade de disponibilizar para a popula-ccedilatildeo um espaccedilo de convivecircncia como se fosse uma praccedila a Prefeitura de Belo Horizonte e a Cacircmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) se uniram para as instalaccedilotildees das varandas urbanas nas ruas da capital mineira

Em ruas com grande movimento de pedestres e com intenso comeacutercio elas proporcionam uma melhoria no ambiente da regiatildeo tornando a expe-riecircncia de compras em lojas de rua muito mais prazerosa O gerente de loja Cristiano aproveita o ambiente para namorar e descansar durante o seu horaacuterio de almoccedilo ldquoEacute um momento que tenho para relaxar este espaccedilo eacute um oacutetimo local para fazer isso principalmente aqui no centro da cidade que natildeo temos muitos locais com essa finalidaderdquo conta enquanto relaxa no banco do parkelet Os mobiliaacuterios foram construiacutedos com material reciclado parecido com madeira e tecircm iluminaccedilatildeo fotovoltaica Algumas possuem pisos bancos e postes inspirados em praccedilas das cidades do interior de Minas O espaccedilo da Avenida Ban-deirantes segue um estilo mais contemporacircneo e moderno Mas todos os estilos contam com bici-cletaacuterio A estudante Mocircnica 18 gosta mesmo da interaccedilatildeo que o espaccedilo tem com a natureza ldquoEacute um ambiente muito agradaacutevel para passar o tempo e tem uma harmonia bem legal com a naturezardquo afirma a estudante

As varadas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico

e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa e natildeo podem ser usados com exclusividade pelo seu mantenedor Jaacute o vendedor Joaquim acha lindo o lugar mas se preocupa mesmo eacute com a conser-vaccedilatildeo das varandas ldquoA ideia eacute boa deixa a cidade mais bonita e sendo assim eu espero que a popu-laccedilatildeo respeite e mantenha esses espaccedilos limpos e bem cuidadosrdquo afirma Joaquim A loja de Marcos eacute uma das apoiadoras deste projeto e ele conta como a criaccedilatildeo desses espaccedilos eacute importante para a populaccedilatildeo mineira ldquoEacute preciso entender a dinacirc-mica de cidade que se deseja e a vida das pessoas no seu dia a dia Os espaccedilos puacuteblicos devem refle-tir as necessidades e os anseios dos seus usuaacuterios para soacute assim serem realmente utilizadosrdquo conta Marcos

A legislaccedilatildeo que regulamenta a instalaccedilatildeo das varandas urbanas em Belo Horizonte foi elabo-rada pela Secretaria Municipal Adjunta de Plane-jamento Urbano O financiamento e as instalaccedilotildees desses espaccedilos ficam sob responsabilidade da CDL-BH junto com um grupo de lojas parceiras que seratildeo tambeacutem responsaacuteveis pela manuten-ccedilatildeo dos espaccedilos O custo de cada varanda urbana varia de acordo com as caracteriacutesticas do projeto arquitetocircnico e materiais definidos pela CDL-BH Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte ateacute o fim do ano a previsatildeo eacute implantar na capital cerca vinte unidades desses espaccedilos

Ateacute o fim do ano eacute esperada a construccedilatildeo de vinte novas varandas urbanas nas ruas da capital mineira

As varandas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa

Foto

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Cristiano e Cristina aproveitam o tempo livre para namorar

O espaccedilo da Av Bandeirantes segue um estilo mais moderno

ldquoEacute preciso entender a dinacircmica de cidade

que se deseja e a vida das pessoas no seu dia

a dialdquoMarcos

Foto Jackeline Oliveira

12 - Varanadas Urbanasindd 1 10815 104622 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

06 bull Em pauta Consciecircncia negra

A rmativasa resposta agraves desigualdadesPara acelerar o processo de igualizaccedilatildeo racial e o governo utiliza um programa de accedilotildees a rmativas

O seminaacuterio ldquoConsciecircncia negra igualdade racialrdquo inau-gura uma seacuterie de debates den-tro do curso de jornalismo cha-mada de ldquoSexta de Primeirardquo Os eventos satildeo promovidos em conjunto pelos laboratoacuterios de Jornalismo Impresso e Reda-ccedilatildeo Modelo do curso de Jorna-lismo da Universidade Fumec com o propoacutesito de estimular o debate aprofundado sobre temas atuais Uma vez por mecircs sempre agraves sextas-feiras convi-dados participam de mesas de discussatildeo e de debate Produ-zido pelo curso de jornalismo os eventos contam com a coor-denaccedilatildeo da professora Ana Paola Amorim e do professor Aureacutelio Joseacute da Silva e satildeo abertos a toda a comunidade acadecircmica O objetivo do pro-

jeto eacute auxiliar na construccedilatildeo de uma criacutetica social a partir dos debates oferecidos

Neste primeiro encontro o tema da igualdade racial foi discutido por Etiene Mar-tins editora do jornal Afronta Makota Celinha coordenadora do Centro Nacional de Afri-canidade e Resistencia Afro-Brasileira Carlandreia atriz e produtora da peccedila ldquoBitita o coraccedilatildeo que nunca silenciourdquo e Everton Pereira socioacutelogo e bailarino de danccedilas afro

O debate contou com a pre-senccedila de cerca de 300 pessoas entre alunos professores e fun-cionaacuterios da universidade que discutiram sobre as di culda-des diaacuterias de ser negro a falta de oportunidades de empre-gos na miacutedia e de reconhe-

cimento na sociedade tam-beacutem foram tratados assuntos como a intoleracircncia religiosa as cotas para universidade e a falta de conhecimento histoacute-rico sobre o nosso passado

O evento contou ainda com a presenccedila da estilista Eacutenia Daraacute que falou sobre a moda afro e empreendedorismo e apresentou em um des le alguns turbantes Os bailari-nos Everton Pereira e Priscila Rangel zeram uma apresen-taccedilatildeo de danccedila afro represen-tando a cultura e as crenccedilas africanas

Para os proacuteximos eventos jaacute foram escolhidos dois temas sobre a maioridade penal e a questatildeo de gecircnero e estatildeo pre-vistos para os dias 2 de outu-bro e 6 de novembro

GUILHERME DRAGER

4ordm PERIacuteODO

Desde o iniacutecio da coloniza-ccedilatildeo do Brasil nossa histoacuteria eacute marcada por um processo de hegemonizaccedilatildeo por parte da cultura ocidental europeia que aqui se instalou Com a suposta superioridade da raccedila branca logo a escravidatildeo se instalou por aqui Foram cerca de trecircs seacuteculos marcados pelo abuso e desumanizaccedilatildeo aos quais os negros eram submetidos ateacute que a aboliccedilatildeo da escravatura se deu por meio da Lei Aacuteurea de 13 de maio de 1888

No Brasil a igualdade racial soacute foi regulamentada com a Lei 12288 de 20 de Julho de 2010 pouco mais de 120 anos depois da Lei Aacuteurea O que realmente aconteceu foi que no papel negros e brancos possuiacuteam os mesmos deveres os mesmos direitos e as mesmas condiccedilotildees de acesso mas isso natildeo condi-zia com a realidade como ainda natildeo condiz O que se via eram pessoas brancas ocupando uma parte quase inteira das vagas nas faculdades puacuteblicas ocupando cargos de maior remuneraccedilatildeo e tendo oportunidades privilegia-das em comparaccedilatildeo aos negros

Para garantir de fato a igual-dade entre as raccedilas o Estado adotou medidas conhecidas como accedilotildees a rmativas ou medidas a rmativas Segundo o socioacutelogo Everton Pereira as accedilotildees a rmativas fazem parte de uma poliacutetica puacuteblica As accedilotildees tiveram iniacutecio nos Esta-dos Unidos para que os negros que historicamente foram des-favorecidos social e nanceira-mente tivessem acesso a cargos puacuteblicos a vagas nas universi-dades puacuteblicas e que em algum momento eles pudessem dispu-tar com igualdade e condiccedilotildees aos mesmos cargos

De acordo com Everton as accedilotildees a rmativas satildeo necessaacute-rias no nosso paiacutes a m de evitar processos de exclusatildeo gerados pela segregaccedilatildeo e racismo ldquoO racismo no Brasil eacute velado natildeo eacute direto como eacute nos Estados Unidos O que torna natural que soacute existam meacutedicos brancos advogados brancos presidentes brancos e para reparar esse con-texto eacute necessaacuterio que o Estado intervenhardquo explica ldquoA ascensatildeo

social natildeo ocorre de fato O que acontece satildeo casos esporaacutedicos em que um negro ascende por causa de um talento excepcio-nal como foi Peleacute como eacute Seu Jorge Aiacute essas pessoas satildeo usa-das para defender a ideia de que o negro natildeo precisa da interven-ccedilatildeo do Estadordquo complementa o socioacutelogo

Na opiniatildeo de Pereira com essas accedilotildees o Estado visa dar acessos iguais a todos elimi-nando de forma mais raacutepida bar-reiras histoacuterico-sociais e fazendo valer os direitos igualitaacuterios pre-vistos pela Constituiccedilatildeo

Uma accedilatildeo a rmativa muito conhecida e comentada eacute a Lei nordm 12711 de 29 de agosto de 2012 mais conhecida como Lei das Cotas que determina uma porcentagem das vagas nas uni-versidades sejam destinadas aos negros Essa lei tambeacutem designa uma porcentagem de vagas a estudantes de escolas puacuteblicas e iacutendios Recentemente foi apro-vada a lei 12990 de junho de 2010 que reserva 20 das vagas de concursos puacuteblicos a pes-soas da raccedila negra

O que ainda se discute satildeo os criteacuterios de classi caccedilatildeo que determinam se uma pessoa eacute negra ou natildeo Esse tema cha-mou a atenccedilatildeo do paiacutes quando em 2007 dois irmatildeos Alan e Alex Teixeira gecircmeos univite-linos ou seja idecircnticos se ins-creveram no vestibular da Uni-versidade Nacional de Brasiacutelia UNB pelo sistema de cotas e foram surpreendidos quando apenas um dos irmatildeos Alan foi declarado negro e teve o pedido aceito enquanto seu irmatildeo Alex teve o pedido negado O jovem acabou recorrendo agrave decisatildeo e por m a UNB resol-veu aceitar o jovem como negro pelo sistema de cotas

Segundo pesquisa do Insti-tuto Ethos em parceria com o IBOPE Inteligecircncia realizada em 2010 sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do paiacutes os negros que ocupam cargos de diretoria represen-tavam 62 pessoas num grupo de 1162 pessoas um total de 53 dos cargos executivos O estudo aponta que a situaccedilatildeo eacute ainda pior para as mulheres negras essas ocupam cerca de 05 dos cargos executivos no paiacutes

As Sextas de Primeira

Foto Leon Elias

06 - Acoes afirmativasindd 1 10815 104431 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

legensdfjbjasdgljksdgjkdsjgsjgsjdgjasgjasdgkjadsbgl

10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

fumecbr fumecbrfumecbr

Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
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Page 3: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 03Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira e Amanda Magalhatildees

A difiacutecil tarefa de falar sobre gecircnero

A adoccedilatildeo do toacutepico ldquogecircnerordquo no Plano Nacional de Educaccedilatildeo (PNE) toma a miacutedia e causa discussatildeo

AnA JuacuteliA RAmos 2ordmPeRiacuteodo

Em 2014 a inclusatildeo das praacute-ticas que debatem a questatildeo de gecircnero raccedila e orientaccedilatildeo sexual no Plano Nacional de Educa-ccedilatildeo ndash que jaacute existia desde 2010 e visava incluir a ideologia de gecircnero em pauta nas escolas - foi barrada no Plenaacuterio do Con-gresso Nacional Um ano depois jaacute em acircmbito municipal natildeo foi diferente as cidades votaram contra o projeto que visa agrave for-maccedilatildeo de indiviacuteduos tolerantes e conscientes quanto agraves dife-renccedilas que os cercam aleacutem de seguir em direccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo do preconceito A justificativa para o veto gira em torno dos padrotildees familiares tradicionais que estabelecem que ldquohomem eacute homemrdquo e ldquomulher eacute mulherrdquo sem espaccedilo para eventuais mudanccedilas

O Plano Nacional de Educa-ccedilatildeo tem metas com validade de 10 anos e tem como obje-tivo alcanccedilar desde a educaccedilatildeo baacutesica ateacute o ensino superior Visando agrave erradicaccedilatildeo do anal-fabetismo promoccedilatildeo dos prin-ciacutepios do respeito aos direitos humanos e agrave diversidade O PNE primeiramente eacute analisado pela cacircmara e senado para apoacutes ser encaminhado aos deputa-dos que podem aceitar o texto proposto pelos senadores O assunto tomou conhecimento geral ao criar polecircmica e lutas contra a adesatildeo de certos toacutepi-cos ao plano

Puacuteblico ou privadoO vereador Elvis Cocircrtes que

foi contra a adoccedilatildeo do assunto no Plano Nacional de Ensino eacute enfaacutetico ldquoA ideologia de gecircnero eacute uma afronta aos princiacutepios baacutesicos da constituiccedilatildeo e das relaccedilotildees culturaisrdquo Ele continua dizendo que o assunto pode ser debatido em seminaacuterios e den-tro de casa com os pais mas natildeo nas escolas ldquoNatildeo acredito que seja papel do estado intervir nas relaccedilotildees familiaresrdquo afirma

Em publicaccedilatildeo feita pela Associaccedilatildeo Brasileira de Antro-plogia denominada ldquoMani-festo pela igualdade de gecircnero na educaccedilatildeo por uma escola democraacutetica inclusiva e sem censurasrdquo a introduccedilatildeo da questatildeo de gecircnero nas escolas eacute defendida e satildeo apresenta-dos pontos para que isso acon-

teccedila Um dos pontos eacute o fato de que o conceito de gecircnero real-mente existe e natildeo eacute algo como uma ldquoideologiardquo ou ldquodoutrinardquo sustentadas por crenccedilas ou feacute ldquoGecircnero como um conceito identifica processos histoacutericos e culturais que classificam e posicionam as pessoas a par-tir de uma relaccedilatildeo sobre o que eacute entendido como feminino e masculino Eacute um operador que cria sentido para as diferenccedilas percebidas em nossos corpos Eacute nesse sentido que o conceito de gecircnero tem sido historicamente uacutetil para identificar mecanismos de reproduccedilatildeo de desigualdades no contexto escolarrdquo

Contra estereoacutetiposA professora Glaacuteucia Car-

neiro eacute a favor da adoccedilatildeo do assunto nas escolas Ela afirma que vivencia a todo tempo

bullying violecircncia e racismo ldquoEm defesa do pluralismo defendo que eacute um direito fun-damental dos estudantes bra-sileiros o acesso aos conheci-mentos e pesquisas produzida pelos estudos interdisciplinares sobre o conceito de gecircnerordquo A professora vai na contramatildeo do que o Veriador Cocircrtes defende e afirma que natildeo eacute dever do estado impor uma filosofia que vai totalmente contra as maio-res conquistas da Constituiccedilatildeo

A falta da abordagem do assunto nas escolas reforccedila estereoacutetipos que se transfor-mam em fatos Meninas acabam tendo um menor desempenho em mateacuterias ldquoexatasrdquo como a matemaacutetica aleacutem de sofrerem desdeacutem e falta de incentivo da propria escola Sendo assim acabam acreditando que isso eacute bioloacutegico um fato consumado

Duas pesquisadoras da Uni-versidade de Winsconsin nos Estados Unidos desenvolveram uma anaacutelise e chegaram agrave con-clusatildeo de que esse menor apro-veitamento natildeo eacute algo bioloacute-gico ndash mas sim algo construiacutedo socialmente O mesmo acon-tece com os meninos Marilia Pinto de Carvalho estudante da Universidade de Satildeo Paulo apresentou uma pesquisa que confirmou o fato de que meni-nos tecircm saiacutedo cada vez mais da escola em razatildeo de estereoacutetipos como o da ldquomasculinidaderdquo

Tais referenciais fazem com que eles abandonem os estu-dos e contribuam cada vez mais para que taxa de evasatildeo somente cresccedila A pesquisa denominada ldquoSucesso e fra-casso escolar uma questatildeo de gecircnerordquo ainda acrescenta o fato de que o preconceito com crian-

ccedilas em decorrecircncia da falta de abordagem do assunto existe e acontece com frequecircncia ldquoHaacute ainda muita coisa a se conhecer melhor por exemplo a relaccedilatildeo entre as crianccedilas as culturas infantis Perceber como aquele menino que vai bem na escola e eacute elogiado pela professora acaba sendo desprezado pelos colegas chamado de ldquobichardquo ou de ldquomulherzinhardquo e para afirmar sua masculinidade acaba tendo que recorrer ateacute ao mau desem-penho escolar agrave indisciplinardquo segundo a pesquisa

Enquanto medidas vatildeo sendo tomadas aos poucos nas cida-des o que prevalece no geral eacute uma forte divisatildeo de opiniatildeo Votaccedilotildees continuam aconte-cendo e como foi o exemplo de Satildeo Paulo que teve manifesta-ccedilotildees contra e a favor ao ato

Embora haja esse retrocesso quatro faculdades da capital aderiram ao nome social Satildeo elas o Centro Universitaacuterio UNA e a PUC aleacutem das puacutebli-cas UFMG e UEMG A exigecircn-cia para que o nome seja aceito no caso da PUC foi baseada na Portaria R Nordm 0212015 que diz em seu artigo 1ordm que fica asse-gurado o direito agravequeles que solicitarem quando sua iden-tidade civil natildeo reflete adequa-damente sua identidade de gecircnero Aqueles que aderirem o nome social seratildeo tratados exclusivamente pelo respectivo nome sem a necessidade do nome que consta na identidade civil seja exposto nas mais diver-sas situaccedilotildees

A medida foi muito come-morada por estudantes de toda a cidade mas haacute quem veja o caso com um pouco mais de delicadeza Paulo Bevilacqua afirma que a medida pode ser vista como algo paliativo ldquoEla natildeo resolve o problema mas ajuda a amenizar os danos e atrair pessoas trans que ainda natildeo modificaram documentos a frequentarem aquele estabe-lecimento sem medo de serem ridicularizadas por exemplo na hora da chamadardquo O nome social estaacute presente nas cha-madas nos boletos bancaacuterios e em todos os outros documentos oficiais do aluno - fazendo com que o constrangimento dimi-nua e mais um entre os vaacuterios direitos da comunidade LGBT muitas vezes ignorados seja garantido

Ilustraccedilatildeo Luis Filipe Pena

03 - Genero nas Escolasindd 1 10815 104224 AM

4 - Anuncio 1 10815 111147 AM

O Ponto Belo Horizonte Setembro de 2015

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira Cidadeensp bullensp05ensp

Um convite ao descanso

Jackeline Oliveira

3ordm PeriacuteOdO

Em meio ao movimento acelerado de carros e ao vaiveacutem de pedestres em aacutereas agitadas da capital o belo-horizontino passou a ter novos espaccedilos para relaxar bater papo ouvir muacutesica ler encontrar amigos se divertir ou apreciar a paisa-gem Inspirados nos ldquoparkletsrdquo norte-americanos e com finalidade de disponibilizar para a popula-ccedilatildeo um espaccedilo de convivecircncia como se fosse uma praccedila a Prefeitura de Belo Horizonte e a Cacircmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) se uniram para as instalaccedilotildees das varandas urbanas nas ruas da capital mineira

Em ruas com grande movimento de pedestres e com intenso comeacutercio elas proporcionam uma melhoria no ambiente da regiatildeo tornando a expe-riecircncia de compras em lojas de rua muito mais prazerosa O gerente de loja Cristiano aproveita o ambiente para namorar e descansar durante o seu horaacuterio de almoccedilo ldquoEacute um momento que tenho para relaxar este espaccedilo eacute um oacutetimo local para fazer isso principalmente aqui no centro da cidade que natildeo temos muitos locais com essa finalidaderdquo conta enquanto relaxa no banco do parkelet Os mobiliaacuterios foram construiacutedos com material reciclado parecido com madeira e tecircm iluminaccedilatildeo fotovoltaica Algumas possuem pisos bancos e postes inspirados em praccedilas das cidades do interior de Minas O espaccedilo da Avenida Ban-deirantes segue um estilo mais contemporacircneo e moderno Mas todos os estilos contam com bici-cletaacuterio A estudante Mocircnica 18 gosta mesmo da interaccedilatildeo que o espaccedilo tem com a natureza ldquoEacute um ambiente muito agradaacutevel para passar o tempo e tem uma harmonia bem legal com a naturezardquo afirma a estudante

As varadas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico

e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa e natildeo podem ser usados com exclusividade pelo seu mantenedor Jaacute o vendedor Joaquim acha lindo o lugar mas se preocupa mesmo eacute com a conser-vaccedilatildeo das varandas ldquoA ideia eacute boa deixa a cidade mais bonita e sendo assim eu espero que a popu-laccedilatildeo respeite e mantenha esses espaccedilos limpos e bem cuidadosrdquo afirma Joaquim A loja de Marcos eacute uma das apoiadoras deste projeto e ele conta como a criaccedilatildeo desses espaccedilos eacute importante para a populaccedilatildeo mineira ldquoEacute preciso entender a dinacirc-mica de cidade que se deseja e a vida das pessoas no seu dia a dia Os espaccedilos puacuteblicos devem refle-tir as necessidades e os anseios dos seus usuaacuterios para soacute assim serem realmente utilizadosrdquo conta Marcos

A legislaccedilatildeo que regulamenta a instalaccedilatildeo das varandas urbanas em Belo Horizonte foi elabo-rada pela Secretaria Municipal Adjunta de Plane-jamento Urbano O financiamento e as instalaccedilotildees desses espaccedilos ficam sob responsabilidade da CDL-BH junto com um grupo de lojas parceiras que seratildeo tambeacutem responsaacuteveis pela manuten-ccedilatildeo dos espaccedilos O custo de cada varanda urbana varia de acordo com as caracteriacutesticas do projeto arquitetocircnico e materiais definidos pela CDL-BH Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte ateacute o fim do ano a previsatildeo eacute implantar na capital cerca vinte unidades desses espaccedilos

Ateacute o fim do ano eacute esperada a construccedilatildeo de vinte novas varandas urbanas nas ruas da capital mineira

As varandas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa

Foto

Jac

kelin

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Cristiano e Cristina aproveitam o tempo livre para namorar

O espaccedilo da Av Bandeirantes segue um estilo mais moderno

ldquoEacute preciso entender a dinacircmica de cidade

que se deseja e a vida das pessoas no seu dia

a dialdquoMarcos

Foto Jackeline Oliveira

12 - Varanadas Urbanasindd 1 10815 104622 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

06 bull Em pauta Consciecircncia negra

A rmativasa resposta agraves desigualdadesPara acelerar o processo de igualizaccedilatildeo racial e o governo utiliza um programa de accedilotildees a rmativas

O seminaacuterio ldquoConsciecircncia negra igualdade racialrdquo inau-gura uma seacuterie de debates den-tro do curso de jornalismo cha-mada de ldquoSexta de Primeirardquo Os eventos satildeo promovidos em conjunto pelos laboratoacuterios de Jornalismo Impresso e Reda-ccedilatildeo Modelo do curso de Jorna-lismo da Universidade Fumec com o propoacutesito de estimular o debate aprofundado sobre temas atuais Uma vez por mecircs sempre agraves sextas-feiras convi-dados participam de mesas de discussatildeo e de debate Produ-zido pelo curso de jornalismo os eventos contam com a coor-denaccedilatildeo da professora Ana Paola Amorim e do professor Aureacutelio Joseacute da Silva e satildeo abertos a toda a comunidade acadecircmica O objetivo do pro-

jeto eacute auxiliar na construccedilatildeo de uma criacutetica social a partir dos debates oferecidos

Neste primeiro encontro o tema da igualdade racial foi discutido por Etiene Mar-tins editora do jornal Afronta Makota Celinha coordenadora do Centro Nacional de Afri-canidade e Resistencia Afro-Brasileira Carlandreia atriz e produtora da peccedila ldquoBitita o coraccedilatildeo que nunca silenciourdquo e Everton Pereira socioacutelogo e bailarino de danccedilas afro

O debate contou com a pre-senccedila de cerca de 300 pessoas entre alunos professores e fun-cionaacuterios da universidade que discutiram sobre as di culda-des diaacuterias de ser negro a falta de oportunidades de empre-gos na miacutedia e de reconhe-

cimento na sociedade tam-beacutem foram tratados assuntos como a intoleracircncia religiosa as cotas para universidade e a falta de conhecimento histoacute-rico sobre o nosso passado

O evento contou ainda com a presenccedila da estilista Eacutenia Daraacute que falou sobre a moda afro e empreendedorismo e apresentou em um des le alguns turbantes Os bailari-nos Everton Pereira e Priscila Rangel zeram uma apresen-taccedilatildeo de danccedila afro represen-tando a cultura e as crenccedilas africanas

Para os proacuteximos eventos jaacute foram escolhidos dois temas sobre a maioridade penal e a questatildeo de gecircnero e estatildeo pre-vistos para os dias 2 de outu-bro e 6 de novembro

GUILHERME DRAGER

4ordm PERIacuteODO

Desde o iniacutecio da coloniza-ccedilatildeo do Brasil nossa histoacuteria eacute marcada por um processo de hegemonizaccedilatildeo por parte da cultura ocidental europeia que aqui se instalou Com a suposta superioridade da raccedila branca logo a escravidatildeo se instalou por aqui Foram cerca de trecircs seacuteculos marcados pelo abuso e desumanizaccedilatildeo aos quais os negros eram submetidos ateacute que a aboliccedilatildeo da escravatura se deu por meio da Lei Aacuteurea de 13 de maio de 1888

No Brasil a igualdade racial soacute foi regulamentada com a Lei 12288 de 20 de Julho de 2010 pouco mais de 120 anos depois da Lei Aacuteurea O que realmente aconteceu foi que no papel negros e brancos possuiacuteam os mesmos deveres os mesmos direitos e as mesmas condiccedilotildees de acesso mas isso natildeo condi-zia com a realidade como ainda natildeo condiz O que se via eram pessoas brancas ocupando uma parte quase inteira das vagas nas faculdades puacuteblicas ocupando cargos de maior remuneraccedilatildeo e tendo oportunidades privilegia-das em comparaccedilatildeo aos negros

Para garantir de fato a igual-dade entre as raccedilas o Estado adotou medidas conhecidas como accedilotildees a rmativas ou medidas a rmativas Segundo o socioacutelogo Everton Pereira as accedilotildees a rmativas fazem parte de uma poliacutetica puacuteblica As accedilotildees tiveram iniacutecio nos Esta-dos Unidos para que os negros que historicamente foram des-favorecidos social e nanceira-mente tivessem acesso a cargos puacuteblicos a vagas nas universi-dades puacuteblicas e que em algum momento eles pudessem dispu-tar com igualdade e condiccedilotildees aos mesmos cargos

De acordo com Everton as accedilotildees a rmativas satildeo necessaacute-rias no nosso paiacutes a m de evitar processos de exclusatildeo gerados pela segregaccedilatildeo e racismo ldquoO racismo no Brasil eacute velado natildeo eacute direto como eacute nos Estados Unidos O que torna natural que soacute existam meacutedicos brancos advogados brancos presidentes brancos e para reparar esse con-texto eacute necessaacuterio que o Estado intervenhardquo explica ldquoA ascensatildeo

social natildeo ocorre de fato O que acontece satildeo casos esporaacutedicos em que um negro ascende por causa de um talento excepcio-nal como foi Peleacute como eacute Seu Jorge Aiacute essas pessoas satildeo usa-das para defender a ideia de que o negro natildeo precisa da interven-ccedilatildeo do Estadordquo complementa o socioacutelogo

Na opiniatildeo de Pereira com essas accedilotildees o Estado visa dar acessos iguais a todos elimi-nando de forma mais raacutepida bar-reiras histoacuterico-sociais e fazendo valer os direitos igualitaacuterios pre-vistos pela Constituiccedilatildeo

Uma accedilatildeo a rmativa muito conhecida e comentada eacute a Lei nordm 12711 de 29 de agosto de 2012 mais conhecida como Lei das Cotas que determina uma porcentagem das vagas nas uni-versidades sejam destinadas aos negros Essa lei tambeacutem designa uma porcentagem de vagas a estudantes de escolas puacuteblicas e iacutendios Recentemente foi apro-vada a lei 12990 de junho de 2010 que reserva 20 das vagas de concursos puacuteblicos a pes-soas da raccedila negra

O que ainda se discute satildeo os criteacuterios de classi caccedilatildeo que determinam se uma pessoa eacute negra ou natildeo Esse tema cha-mou a atenccedilatildeo do paiacutes quando em 2007 dois irmatildeos Alan e Alex Teixeira gecircmeos univite-linos ou seja idecircnticos se ins-creveram no vestibular da Uni-versidade Nacional de Brasiacutelia UNB pelo sistema de cotas e foram surpreendidos quando apenas um dos irmatildeos Alan foi declarado negro e teve o pedido aceito enquanto seu irmatildeo Alex teve o pedido negado O jovem acabou recorrendo agrave decisatildeo e por m a UNB resol-veu aceitar o jovem como negro pelo sistema de cotas

Segundo pesquisa do Insti-tuto Ethos em parceria com o IBOPE Inteligecircncia realizada em 2010 sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do paiacutes os negros que ocupam cargos de diretoria represen-tavam 62 pessoas num grupo de 1162 pessoas um total de 53 dos cargos executivos O estudo aponta que a situaccedilatildeo eacute ainda pior para as mulheres negras essas ocupam cerca de 05 dos cargos executivos no paiacutes

As Sextas de Primeira

Foto Leon Elias

06 - Acoes afirmativasindd 1 10815 104431 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

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10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

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Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
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  • 16 - ContoNoPonto
Page 4: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

4 - Anuncio 1 10815 111147 AM

O Ponto Belo Horizonte Setembro de 2015

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira Cidadeensp bullensp05ensp

Um convite ao descanso

Jackeline Oliveira

3ordm PeriacuteOdO

Em meio ao movimento acelerado de carros e ao vaiveacutem de pedestres em aacutereas agitadas da capital o belo-horizontino passou a ter novos espaccedilos para relaxar bater papo ouvir muacutesica ler encontrar amigos se divertir ou apreciar a paisa-gem Inspirados nos ldquoparkletsrdquo norte-americanos e com finalidade de disponibilizar para a popula-ccedilatildeo um espaccedilo de convivecircncia como se fosse uma praccedila a Prefeitura de Belo Horizonte e a Cacircmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) se uniram para as instalaccedilotildees das varandas urbanas nas ruas da capital mineira

Em ruas com grande movimento de pedestres e com intenso comeacutercio elas proporcionam uma melhoria no ambiente da regiatildeo tornando a expe-riecircncia de compras em lojas de rua muito mais prazerosa O gerente de loja Cristiano aproveita o ambiente para namorar e descansar durante o seu horaacuterio de almoccedilo ldquoEacute um momento que tenho para relaxar este espaccedilo eacute um oacutetimo local para fazer isso principalmente aqui no centro da cidade que natildeo temos muitos locais com essa finalidaderdquo conta enquanto relaxa no banco do parkelet Os mobiliaacuterios foram construiacutedos com material reciclado parecido com madeira e tecircm iluminaccedilatildeo fotovoltaica Algumas possuem pisos bancos e postes inspirados em praccedilas das cidades do interior de Minas O espaccedilo da Avenida Ban-deirantes segue um estilo mais contemporacircneo e moderno Mas todos os estilos contam com bici-cletaacuterio A estudante Mocircnica 18 gosta mesmo da interaccedilatildeo que o espaccedilo tem com a natureza ldquoEacute um ambiente muito agradaacutevel para passar o tempo e tem uma harmonia bem legal com a naturezardquo afirma a estudante

As varadas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico

e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa e natildeo podem ser usados com exclusividade pelo seu mantenedor Jaacute o vendedor Joaquim acha lindo o lugar mas se preocupa mesmo eacute com a conser-vaccedilatildeo das varandas ldquoA ideia eacute boa deixa a cidade mais bonita e sendo assim eu espero que a popu-laccedilatildeo respeite e mantenha esses espaccedilos limpos e bem cuidadosrdquo afirma Joaquim A loja de Marcos eacute uma das apoiadoras deste projeto e ele conta como a criaccedilatildeo desses espaccedilos eacute importante para a populaccedilatildeo mineira ldquoEacute preciso entender a dinacirc-mica de cidade que se deseja e a vida das pessoas no seu dia a dia Os espaccedilos puacuteblicos devem refle-tir as necessidades e os anseios dos seus usuaacuterios para soacute assim serem realmente utilizadosrdquo conta Marcos

A legislaccedilatildeo que regulamenta a instalaccedilatildeo das varandas urbanas em Belo Horizonte foi elabo-rada pela Secretaria Municipal Adjunta de Plane-jamento Urbano O financiamento e as instalaccedilotildees desses espaccedilos ficam sob responsabilidade da CDL-BH junto com um grupo de lojas parceiras que seratildeo tambeacutem responsaacuteveis pela manuten-ccedilatildeo dos espaccedilos O custo de cada varanda urbana varia de acordo com as caracteriacutesticas do projeto arquitetocircnico e materiais definidos pela CDL-BH Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte ateacute o fim do ano a previsatildeo eacute implantar na capital cerca vinte unidades desses espaccedilos

Ateacute o fim do ano eacute esperada a construccedilatildeo de vinte novas varandas urbanas nas ruas da capital mineira

As varandas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa

Foto

Jac

kelin

e O

livei

ra

Cristiano e Cristina aproveitam o tempo livre para namorar

O espaccedilo da Av Bandeirantes segue um estilo mais moderno

ldquoEacute preciso entender a dinacircmica de cidade

que se deseja e a vida das pessoas no seu dia

a dialdquoMarcos

Foto Jackeline Oliveira

12 - Varanadas Urbanasindd 1 10815 104622 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

06 bull Em pauta Consciecircncia negra

A rmativasa resposta agraves desigualdadesPara acelerar o processo de igualizaccedilatildeo racial e o governo utiliza um programa de accedilotildees a rmativas

O seminaacuterio ldquoConsciecircncia negra igualdade racialrdquo inau-gura uma seacuterie de debates den-tro do curso de jornalismo cha-mada de ldquoSexta de Primeirardquo Os eventos satildeo promovidos em conjunto pelos laboratoacuterios de Jornalismo Impresso e Reda-ccedilatildeo Modelo do curso de Jorna-lismo da Universidade Fumec com o propoacutesito de estimular o debate aprofundado sobre temas atuais Uma vez por mecircs sempre agraves sextas-feiras convi-dados participam de mesas de discussatildeo e de debate Produ-zido pelo curso de jornalismo os eventos contam com a coor-denaccedilatildeo da professora Ana Paola Amorim e do professor Aureacutelio Joseacute da Silva e satildeo abertos a toda a comunidade acadecircmica O objetivo do pro-

jeto eacute auxiliar na construccedilatildeo de uma criacutetica social a partir dos debates oferecidos

Neste primeiro encontro o tema da igualdade racial foi discutido por Etiene Mar-tins editora do jornal Afronta Makota Celinha coordenadora do Centro Nacional de Afri-canidade e Resistencia Afro-Brasileira Carlandreia atriz e produtora da peccedila ldquoBitita o coraccedilatildeo que nunca silenciourdquo e Everton Pereira socioacutelogo e bailarino de danccedilas afro

O debate contou com a pre-senccedila de cerca de 300 pessoas entre alunos professores e fun-cionaacuterios da universidade que discutiram sobre as di culda-des diaacuterias de ser negro a falta de oportunidades de empre-gos na miacutedia e de reconhe-

cimento na sociedade tam-beacutem foram tratados assuntos como a intoleracircncia religiosa as cotas para universidade e a falta de conhecimento histoacute-rico sobre o nosso passado

O evento contou ainda com a presenccedila da estilista Eacutenia Daraacute que falou sobre a moda afro e empreendedorismo e apresentou em um des le alguns turbantes Os bailari-nos Everton Pereira e Priscila Rangel zeram uma apresen-taccedilatildeo de danccedila afro represen-tando a cultura e as crenccedilas africanas

Para os proacuteximos eventos jaacute foram escolhidos dois temas sobre a maioridade penal e a questatildeo de gecircnero e estatildeo pre-vistos para os dias 2 de outu-bro e 6 de novembro

GUILHERME DRAGER

4ordm PERIacuteODO

Desde o iniacutecio da coloniza-ccedilatildeo do Brasil nossa histoacuteria eacute marcada por um processo de hegemonizaccedilatildeo por parte da cultura ocidental europeia que aqui se instalou Com a suposta superioridade da raccedila branca logo a escravidatildeo se instalou por aqui Foram cerca de trecircs seacuteculos marcados pelo abuso e desumanizaccedilatildeo aos quais os negros eram submetidos ateacute que a aboliccedilatildeo da escravatura se deu por meio da Lei Aacuteurea de 13 de maio de 1888

No Brasil a igualdade racial soacute foi regulamentada com a Lei 12288 de 20 de Julho de 2010 pouco mais de 120 anos depois da Lei Aacuteurea O que realmente aconteceu foi que no papel negros e brancos possuiacuteam os mesmos deveres os mesmos direitos e as mesmas condiccedilotildees de acesso mas isso natildeo condi-zia com a realidade como ainda natildeo condiz O que se via eram pessoas brancas ocupando uma parte quase inteira das vagas nas faculdades puacuteblicas ocupando cargos de maior remuneraccedilatildeo e tendo oportunidades privilegia-das em comparaccedilatildeo aos negros

Para garantir de fato a igual-dade entre as raccedilas o Estado adotou medidas conhecidas como accedilotildees a rmativas ou medidas a rmativas Segundo o socioacutelogo Everton Pereira as accedilotildees a rmativas fazem parte de uma poliacutetica puacuteblica As accedilotildees tiveram iniacutecio nos Esta-dos Unidos para que os negros que historicamente foram des-favorecidos social e nanceira-mente tivessem acesso a cargos puacuteblicos a vagas nas universi-dades puacuteblicas e que em algum momento eles pudessem dispu-tar com igualdade e condiccedilotildees aos mesmos cargos

De acordo com Everton as accedilotildees a rmativas satildeo necessaacute-rias no nosso paiacutes a m de evitar processos de exclusatildeo gerados pela segregaccedilatildeo e racismo ldquoO racismo no Brasil eacute velado natildeo eacute direto como eacute nos Estados Unidos O que torna natural que soacute existam meacutedicos brancos advogados brancos presidentes brancos e para reparar esse con-texto eacute necessaacuterio que o Estado intervenhardquo explica ldquoA ascensatildeo

social natildeo ocorre de fato O que acontece satildeo casos esporaacutedicos em que um negro ascende por causa de um talento excepcio-nal como foi Peleacute como eacute Seu Jorge Aiacute essas pessoas satildeo usa-das para defender a ideia de que o negro natildeo precisa da interven-ccedilatildeo do Estadordquo complementa o socioacutelogo

Na opiniatildeo de Pereira com essas accedilotildees o Estado visa dar acessos iguais a todos elimi-nando de forma mais raacutepida bar-reiras histoacuterico-sociais e fazendo valer os direitos igualitaacuterios pre-vistos pela Constituiccedilatildeo

Uma accedilatildeo a rmativa muito conhecida e comentada eacute a Lei nordm 12711 de 29 de agosto de 2012 mais conhecida como Lei das Cotas que determina uma porcentagem das vagas nas uni-versidades sejam destinadas aos negros Essa lei tambeacutem designa uma porcentagem de vagas a estudantes de escolas puacuteblicas e iacutendios Recentemente foi apro-vada a lei 12990 de junho de 2010 que reserva 20 das vagas de concursos puacuteblicos a pes-soas da raccedila negra

O que ainda se discute satildeo os criteacuterios de classi caccedilatildeo que determinam se uma pessoa eacute negra ou natildeo Esse tema cha-mou a atenccedilatildeo do paiacutes quando em 2007 dois irmatildeos Alan e Alex Teixeira gecircmeos univite-linos ou seja idecircnticos se ins-creveram no vestibular da Uni-versidade Nacional de Brasiacutelia UNB pelo sistema de cotas e foram surpreendidos quando apenas um dos irmatildeos Alan foi declarado negro e teve o pedido aceito enquanto seu irmatildeo Alex teve o pedido negado O jovem acabou recorrendo agrave decisatildeo e por m a UNB resol-veu aceitar o jovem como negro pelo sistema de cotas

Segundo pesquisa do Insti-tuto Ethos em parceria com o IBOPE Inteligecircncia realizada em 2010 sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do paiacutes os negros que ocupam cargos de diretoria represen-tavam 62 pessoas num grupo de 1162 pessoas um total de 53 dos cargos executivos O estudo aponta que a situaccedilatildeo eacute ainda pior para as mulheres negras essas ocupam cerca de 05 dos cargos executivos no paiacutes

As Sextas de Primeira

Foto Leon Elias

06 - Acoes afirmativasindd 1 10815 104431 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

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10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

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Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
  • 04 - Anuncio
  • 05 - varandasurbanas
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  • 15 - Gourmet
  • 16 - ContoNoPonto
Page 5: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto Belo Horizonte Setembro de 2015

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira Cidadeensp bullensp05ensp

Um convite ao descanso

Jackeline Oliveira

3ordm PeriacuteOdO

Em meio ao movimento acelerado de carros e ao vaiveacutem de pedestres em aacutereas agitadas da capital o belo-horizontino passou a ter novos espaccedilos para relaxar bater papo ouvir muacutesica ler encontrar amigos se divertir ou apreciar a paisa-gem Inspirados nos ldquoparkletsrdquo norte-americanos e com finalidade de disponibilizar para a popula-ccedilatildeo um espaccedilo de convivecircncia como se fosse uma praccedila a Prefeitura de Belo Horizonte e a Cacircmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) se uniram para as instalaccedilotildees das varandas urbanas nas ruas da capital mineira

Em ruas com grande movimento de pedestres e com intenso comeacutercio elas proporcionam uma melhoria no ambiente da regiatildeo tornando a expe-riecircncia de compras em lojas de rua muito mais prazerosa O gerente de loja Cristiano aproveita o ambiente para namorar e descansar durante o seu horaacuterio de almoccedilo ldquoEacute um momento que tenho para relaxar este espaccedilo eacute um oacutetimo local para fazer isso principalmente aqui no centro da cidade que natildeo temos muitos locais com essa finalidaderdquo conta enquanto relaxa no banco do parkelet Os mobiliaacuterios foram construiacutedos com material reciclado parecido com madeira e tecircm iluminaccedilatildeo fotovoltaica Algumas possuem pisos bancos e postes inspirados em praccedilas das cidades do interior de Minas O espaccedilo da Avenida Ban-deirantes segue um estilo mais contemporacircneo e moderno Mas todos os estilos contam com bici-cletaacuterio A estudante Mocircnica 18 gosta mesmo da interaccedilatildeo que o espaccedilo tem com a natureza ldquoEacute um ambiente muito agradaacutevel para passar o tempo e tem uma harmonia bem legal com a naturezardquo afirma a estudante

As varadas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico

e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa e natildeo podem ser usados com exclusividade pelo seu mantenedor Jaacute o vendedor Joaquim acha lindo o lugar mas se preocupa mesmo eacute com a conser-vaccedilatildeo das varandas ldquoA ideia eacute boa deixa a cidade mais bonita e sendo assim eu espero que a popu-laccedilatildeo respeite e mantenha esses espaccedilos limpos e bem cuidadosrdquo afirma Joaquim A loja de Marcos eacute uma das apoiadoras deste projeto e ele conta como a criaccedilatildeo desses espaccedilos eacute importante para a populaccedilatildeo mineira ldquoEacute preciso entender a dinacirc-mica de cidade que se deseja e a vida das pessoas no seu dia a dia Os espaccedilos puacuteblicos devem refle-tir as necessidades e os anseios dos seus usuaacuterios para soacute assim serem realmente utilizadosrdquo conta Marcos

A legislaccedilatildeo que regulamenta a instalaccedilatildeo das varandas urbanas em Belo Horizonte foi elabo-rada pela Secretaria Municipal Adjunta de Plane-jamento Urbano O financiamento e as instalaccedilotildees desses espaccedilos ficam sob responsabilidade da CDL-BH junto com um grupo de lojas parceiras que seratildeo tambeacutem responsaacuteveis pela manuten-ccedilatildeo dos espaccedilos O custo de cada varanda urbana varia de acordo com as caracteriacutesticas do projeto arquitetocircnico e materiais definidos pela CDL-BH Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte ateacute o fim do ano a previsatildeo eacute implantar na capital cerca vinte unidades desses espaccedilos

Ateacute o fim do ano eacute esperada a construccedilatildeo de vinte novas varandas urbanas nas ruas da capital mineira

As varandas urbanas satildeo locais de uso puacuteblico e abertos agrave utilizaccedilatildeo de qualquer pessoa

Foto

Jac

kelin

e O

livei

ra

Cristiano e Cristina aproveitam o tempo livre para namorar

O espaccedilo da Av Bandeirantes segue um estilo mais moderno

ldquoEacute preciso entender a dinacircmica de cidade

que se deseja e a vida das pessoas no seu dia

a dialdquoMarcos

Foto Jackeline Oliveira

12 - Varanadas Urbanasindd 1 10815 104622 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

06 bull Em pauta Consciecircncia negra

A rmativasa resposta agraves desigualdadesPara acelerar o processo de igualizaccedilatildeo racial e o governo utiliza um programa de accedilotildees a rmativas

O seminaacuterio ldquoConsciecircncia negra igualdade racialrdquo inau-gura uma seacuterie de debates den-tro do curso de jornalismo cha-mada de ldquoSexta de Primeirardquo Os eventos satildeo promovidos em conjunto pelos laboratoacuterios de Jornalismo Impresso e Reda-ccedilatildeo Modelo do curso de Jorna-lismo da Universidade Fumec com o propoacutesito de estimular o debate aprofundado sobre temas atuais Uma vez por mecircs sempre agraves sextas-feiras convi-dados participam de mesas de discussatildeo e de debate Produ-zido pelo curso de jornalismo os eventos contam com a coor-denaccedilatildeo da professora Ana Paola Amorim e do professor Aureacutelio Joseacute da Silva e satildeo abertos a toda a comunidade acadecircmica O objetivo do pro-

jeto eacute auxiliar na construccedilatildeo de uma criacutetica social a partir dos debates oferecidos

Neste primeiro encontro o tema da igualdade racial foi discutido por Etiene Mar-tins editora do jornal Afronta Makota Celinha coordenadora do Centro Nacional de Afri-canidade e Resistencia Afro-Brasileira Carlandreia atriz e produtora da peccedila ldquoBitita o coraccedilatildeo que nunca silenciourdquo e Everton Pereira socioacutelogo e bailarino de danccedilas afro

O debate contou com a pre-senccedila de cerca de 300 pessoas entre alunos professores e fun-cionaacuterios da universidade que discutiram sobre as di culda-des diaacuterias de ser negro a falta de oportunidades de empre-gos na miacutedia e de reconhe-

cimento na sociedade tam-beacutem foram tratados assuntos como a intoleracircncia religiosa as cotas para universidade e a falta de conhecimento histoacute-rico sobre o nosso passado

O evento contou ainda com a presenccedila da estilista Eacutenia Daraacute que falou sobre a moda afro e empreendedorismo e apresentou em um des le alguns turbantes Os bailari-nos Everton Pereira e Priscila Rangel zeram uma apresen-taccedilatildeo de danccedila afro represen-tando a cultura e as crenccedilas africanas

Para os proacuteximos eventos jaacute foram escolhidos dois temas sobre a maioridade penal e a questatildeo de gecircnero e estatildeo pre-vistos para os dias 2 de outu-bro e 6 de novembro

GUILHERME DRAGER

4ordm PERIacuteODO

Desde o iniacutecio da coloniza-ccedilatildeo do Brasil nossa histoacuteria eacute marcada por um processo de hegemonizaccedilatildeo por parte da cultura ocidental europeia que aqui se instalou Com a suposta superioridade da raccedila branca logo a escravidatildeo se instalou por aqui Foram cerca de trecircs seacuteculos marcados pelo abuso e desumanizaccedilatildeo aos quais os negros eram submetidos ateacute que a aboliccedilatildeo da escravatura se deu por meio da Lei Aacuteurea de 13 de maio de 1888

No Brasil a igualdade racial soacute foi regulamentada com a Lei 12288 de 20 de Julho de 2010 pouco mais de 120 anos depois da Lei Aacuteurea O que realmente aconteceu foi que no papel negros e brancos possuiacuteam os mesmos deveres os mesmos direitos e as mesmas condiccedilotildees de acesso mas isso natildeo condi-zia com a realidade como ainda natildeo condiz O que se via eram pessoas brancas ocupando uma parte quase inteira das vagas nas faculdades puacuteblicas ocupando cargos de maior remuneraccedilatildeo e tendo oportunidades privilegia-das em comparaccedilatildeo aos negros

Para garantir de fato a igual-dade entre as raccedilas o Estado adotou medidas conhecidas como accedilotildees a rmativas ou medidas a rmativas Segundo o socioacutelogo Everton Pereira as accedilotildees a rmativas fazem parte de uma poliacutetica puacuteblica As accedilotildees tiveram iniacutecio nos Esta-dos Unidos para que os negros que historicamente foram des-favorecidos social e nanceira-mente tivessem acesso a cargos puacuteblicos a vagas nas universi-dades puacuteblicas e que em algum momento eles pudessem dispu-tar com igualdade e condiccedilotildees aos mesmos cargos

De acordo com Everton as accedilotildees a rmativas satildeo necessaacute-rias no nosso paiacutes a m de evitar processos de exclusatildeo gerados pela segregaccedilatildeo e racismo ldquoO racismo no Brasil eacute velado natildeo eacute direto como eacute nos Estados Unidos O que torna natural que soacute existam meacutedicos brancos advogados brancos presidentes brancos e para reparar esse con-texto eacute necessaacuterio que o Estado intervenhardquo explica ldquoA ascensatildeo

social natildeo ocorre de fato O que acontece satildeo casos esporaacutedicos em que um negro ascende por causa de um talento excepcio-nal como foi Peleacute como eacute Seu Jorge Aiacute essas pessoas satildeo usa-das para defender a ideia de que o negro natildeo precisa da interven-ccedilatildeo do Estadordquo complementa o socioacutelogo

Na opiniatildeo de Pereira com essas accedilotildees o Estado visa dar acessos iguais a todos elimi-nando de forma mais raacutepida bar-reiras histoacuterico-sociais e fazendo valer os direitos igualitaacuterios pre-vistos pela Constituiccedilatildeo

Uma accedilatildeo a rmativa muito conhecida e comentada eacute a Lei nordm 12711 de 29 de agosto de 2012 mais conhecida como Lei das Cotas que determina uma porcentagem das vagas nas uni-versidades sejam destinadas aos negros Essa lei tambeacutem designa uma porcentagem de vagas a estudantes de escolas puacuteblicas e iacutendios Recentemente foi apro-vada a lei 12990 de junho de 2010 que reserva 20 das vagas de concursos puacuteblicos a pes-soas da raccedila negra

O que ainda se discute satildeo os criteacuterios de classi caccedilatildeo que determinam se uma pessoa eacute negra ou natildeo Esse tema cha-mou a atenccedilatildeo do paiacutes quando em 2007 dois irmatildeos Alan e Alex Teixeira gecircmeos univite-linos ou seja idecircnticos se ins-creveram no vestibular da Uni-versidade Nacional de Brasiacutelia UNB pelo sistema de cotas e foram surpreendidos quando apenas um dos irmatildeos Alan foi declarado negro e teve o pedido aceito enquanto seu irmatildeo Alex teve o pedido negado O jovem acabou recorrendo agrave decisatildeo e por m a UNB resol-veu aceitar o jovem como negro pelo sistema de cotas

Segundo pesquisa do Insti-tuto Ethos em parceria com o IBOPE Inteligecircncia realizada em 2010 sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do paiacutes os negros que ocupam cargos de diretoria represen-tavam 62 pessoas num grupo de 1162 pessoas um total de 53 dos cargos executivos O estudo aponta que a situaccedilatildeo eacute ainda pior para as mulheres negras essas ocupam cerca de 05 dos cargos executivos no paiacutes

As Sextas de Primeira

Foto Leon Elias

06 - Acoes afirmativasindd 1 10815 104431 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

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10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

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Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
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Page 6: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

06 bull Em pauta Consciecircncia negra

A rmativasa resposta agraves desigualdadesPara acelerar o processo de igualizaccedilatildeo racial e o governo utiliza um programa de accedilotildees a rmativas

O seminaacuterio ldquoConsciecircncia negra igualdade racialrdquo inau-gura uma seacuterie de debates den-tro do curso de jornalismo cha-mada de ldquoSexta de Primeirardquo Os eventos satildeo promovidos em conjunto pelos laboratoacuterios de Jornalismo Impresso e Reda-ccedilatildeo Modelo do curso de Jorna-lismo da Universidade Fumec com o propoacutesito de estimular o debate aprofundado sobre temas atuais Uma vez por mecircs sempre agraves sextas-feiras convi-dados participam de mesas de discussatildeo e de debate Produ-zido pelo curso de jornalismo os eventos contam com a coor-denaccedilatildeo da professora Ana Paola Amorim e do professor Aureacutelio Joseacute da Silva e satildeo abertos a toda a comunidade acadecircmica O objetivo do pro-

jeto eacute auxiliar na construccedilatildeo de uma criacutetica social a partir dos debates oferecidos

Neste primeiro encontro o tema da igualdade racial foi discutido por Etiene Mar-tins editora do jornal Afronta Makota Celinha coordenadora do Centro Nacional de Afri-canidade e Resistencia Afro-Brasileira Carlandreia atriz e produtora da peccedila ldquoBitita o coraccedilatildeo que nunca silenciourdquo e Everton Pereira socioacutelogo e bailarino de danccedilas afro

O debate contou com a pre-senccedila de cerca de 300 pessoas entre alunos professores e fun-cionaacuterios da universidade que discutiram sobre as di culda-des diaacuterias de ser negro a falta de oportunidades de empre-gos na miacutedia e de reconhe-

cimento na sociedade tam-beacutem foram tratados assuntos como a intoleracircncia religiosa as cotas para universidade e a falta de conhecimento histoacute-rico sobre o nosso passado

O evento contou ainda com a presenccedila da estilista Eacutenia Daraacute que falou sobre a moda afro e empreendedorismo e apresentou em um des le alguns turbantes Os bailari-nos Everton Pereira e Priscila Rangel zeram uma apresen-taccedilatildeo de danccedila afro represen-tando a cultura e as crenccedilas africanas

Para os proacuteximos eventos jaacute foram escolhidos dois temas sobre a maioridade penal e a questatildeo de gecircnero e estatildeo pre-vistos para os dias 2 de outu-bro e 6 de novembro

GUILHERME DRAGER

4ordm PERIacuteODO

Desde o iniacutecio da coloniza-ccedilatildeo do Brasil nossa histoacuteria eacute marcada por um processo de hegemonizaccedilatildeo por parte da cultura ocidental europeia que aqui se instalou Com a suposta superioridade da raccedila branca logo a escravidatildeo se instalou por aqui Foram cerca de trecircs seacuteculos marcados pelo abuso e desumanizaccedilatildeo aos quais os negros eram submetidos ateacute que a aboliccedilatildeo da escravatura se deu por meio da Lei Aacuteurea de 13 de maio de 1888

No Brasil a igualdade racial soacute foi regulamentada com a Lei 12288 de 20 de Julho de 2010 pouco mais de 120 anos depois da Lei Aacuteurea O que realmente aconteceu foi que no papel negros e brancos possuiacuteam os mesmos deveres os mesmos direitos e as mesmas condiccedilotildees de acesso mas isso natildeo condi-zia com a realidade como ainda natildeo condiz O que se via eram pessoas brancas ocupando uma parte quase inteira das vagas nas faculdades puacuteblicas ocupando cargos de maior remuneraccedilatildeo e tendo oportunidades privilegia-das em comparaccedilatildeo aos negros

Para garantir de fato a igual-dade entre as raccedilas o Estado adotou medidas conhecidas como accedilotildees a rmativas ou medidas a rmativas Segundo o socioacutelogo Everton Pereira as accedilotildees a rmativas fazem parte de uma poliacutetica puacuteblica As accedilotildees tiveram iniacutecio nos Esta-dos Unidos para que os negros que historicamente foram des-favorecidos social e nanceira-mente tivessem acesso a cargos puacuteblicos a vagas nas universi-dades puacuteblicas e que em algum momento eles pudessem dispu-tar com igualdade e condiccedilotildees aos mesmos cargos

De acordo com Everton as accedilotildees a rmativas satildeo necessaacute-rias no nosso paiacutes a m de evitar processos de exclusatildeo gerados pela segregaccedilatildeo e racismo ldquoO racismo no Brasil eacute velado natildeo eacute direto como eacute nos Estados Unidos O que torna natural que soacute existam meacutedicos brancos advogados brancos presidentes brancos e para reparar esse con-texto eacute necessaacuterio que o Estado intervenhardquo explica ldquoA ascensatildeo

social natildeo ocorre de fato O que acontece satildeo casos esporaacutedicos em que um negro ascende por causa de um talento excepcio-nal como foi Peleacute como eacute Seu Jorge Aiacute essas pessoas satildeo usa-das para defender a ideia de que o negro natildeo precisa da interven-ccedilatildeo do Estadordquo complementa o socioacutelogo

Na opiniatildeo de Pereira com essas accedilotildees o Estado visa dar acessos iguais a todos elimi-nando de forma mais raacutepida bar-reiras histoacuterico-sociais e fazendo valer os direitos igualitaacuterios pre-vistos pela Constituiccedilatildeo

Uma accedilatildeo a rmativa muito conhecida e comentada eacute a Lei nordm 12711 de 29 de agosto de 2012 mais conhecida como Lei das Cotas que determina uma porcentagem das vagas nas uni-versidades sejam destinadas aos negros Essa lei tambeacutem designa uma porcentagem de vagas a estudantes de escolas puacuteblicas e iacutendios Recentemente foi apro-vada a lei 12990 de junho de 2010 que reserva 20 das vagas de concursos puacuteblicos a pes-soas da raccedila negra

O que ainda se discute satildeo os criteacuterios de classi caccedilatildeo que determinam se uma pessoa eacute negra ou natildeo Esse tema cha-mou a atenccedilatildeo do paiacutes quando em 2007 dois irmatildeos Alan e Alex Teixeira gecircmeos univite-linos ou seja idecircnticos se ins-creveram no vestibular da Uni-versidade Nacional de Brasiacutelia UNB pelo sistema de cotas e foram surpreendidos quando apenas um dos irmatildeos Alan foi declarado negro e teve o pedido aceito enquanto seu irmatildeo Alex teve o pedido negado O jovem acabou recorrendo agrave decisatildeo e por m a UNB resol-veu aceitar o jovem como negro pelo sistema de cotas

Segundo pesquisa do Insti-tuto Ethos em parceria com o IBOPE Inteligecircncia realizada em 2010 sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do paiacutes os negros que ocupam cargos de diretoria represen-tavam 62 pessoas num grupo de 1162 pessoas um total de 53 dos cargos executivos O estudo aponta que a situaccedilatildeo eacute ainda pior para as mulheres negras essas ocupam cerca de 05 dos cargos executivos no paiacutes

As Sextas de Primeira

Foto Leon Elias

06 - Acoes afirmativasindd 1 10815 104431 AM

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

legensdfjbjasdgljksdgjkdsjgsjgsjdgjasgjasdgkjadsbgl

10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

fumecbr fumecbrfumecbr

Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

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Page 7: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto

Editor e diagramador da paacutegina Marcella Souza e Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negra bull07

Atriz rememora vida e arte de BititaEm homenagem ao centenaacuterio de Carolina Maria de Jesus conhecida como Bitita Carlandreacuteia interpreta

as diferentes facetas da escritora no espetaacuteculo Memoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciou

Cristiana Corrieri

anna Carolina Deroma

4ordm PeriacuteoDo

A autora do famoso livro ldquoQuarto de Despejordquo Caro-lina Maria de Jesus foi inspi-raccedilatildeo para que Carlandreacuteia Ribeiro produzisse o espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o cora-ccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Na base os escritos de uma negra que morava na favela em seu quar-tinho de madeira lata e papelatildeo e sua concepccedilatildeo da vida A peccedila traz a leitura da bravura e da firmeza daquela que apesar de toda sua miseacuteria aventurou-se em se imaginar em uma situa-ccedilatildeo melhor e fez o que foi pre-ciso para chegar laacute

O espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo fala das memoacuterias de uma mulher extraordinaacuteria que estava a frente de seu tempo A histoacuteria da Carolina Maria de Jesus eacute a histoacuteria do negro

pobre no Brasil batalha forccedila e firmeza A apresentaccedilatildeo eacute inspi-rada em seus diaacuterios e compo-siccedilotildees musicais Carlandreacuteia fez uma leitura proacutepria nos escritos de Bitita que relatam o coti-diano da poeta

Em entrevista com Carlan-dreacuteia no evento Sexta de Pri-

meira realizado pelos alunos do curso de jornalismo e os professores Aurelio Silva e Ana

Paola Amorim da Universidade Fumec ela fala sobre o espe-taacuteculo sobre a personalidade de Carolina e tambeacutem sobre o acontecimento do espetaacuteculo

Carlandreacuteia quis resgatar a memoacuteria de Carolina Maria de Jesus pelo centenaacuterio de seu nascimento ldquoEla completaria 100 anos e eu recebi um con-vite para a marcha das mulhe-res negras atraveacutes do coletivo pra fazer uma intervenccedilatildeo poeacute-tica com poemas femininos Aiacute me veio Carolina de Jesus e a partir daiacute eu fui mergulhando nesse universo nessa mulher fabulosa Entatildeo me veio a ideia de montar o espetaacuteculordquo diz a atriz

Ao ler o livro ldquoO Quarto de Despejordquo Carlandreacuteia conta que ficou impactada ela lastima que os livros de Carolina estejam esquecidos ldquoEacute aquele negoacutecio como ela eacute pouco falada pouco vista pouco lida acaba ficando ali Eu tinha essa memoacuteria dela

e como eu trabalho com poe-mas femininos de Alzira Rufino Esmeralda Ribeiro Conceiccedilatildeo Evaristo entre outras e eu faccedilo pesquisas da escrita negra femi-nina foi muito oportuno em retomar essa figura no seu cen-tenaacuteriordquo descreve Questionada sobre a personalidade de Caro-lina Carlandreacuteia afirma que Bitita era arretada ldquoA mulher era ldquodanadardquo uma sobrevi-vente de personalidade forterdquo Carlandreacuteia explica que se ela fosse fraca e deixasse a pressatildeo e a dificuldade se tornarem um empecilho em sua vida ela natildeo teria escrito uma linha sequer Para ela Carolina escrevia para natildeo enlouquecer ldquoUma mulher que deixou aleacutem das publica-ccedilotildees duas obras poacutestumas que eacute o ldquoDiaacuterio de Bititardquo e ldquo Onde Estaacutes Felicidaderdquo uma mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito Eu acho que ela escre-via para sustentar e contar para

o mundo o que ela via e viviardquo comenta

Falar de Carolina eacute falar de um lugar do Brasil que precisa ser visto Sobre a repercussatildeo do espetaacuteculo ldquoMemoacuterias de Bitita ndash o coraccedilatildeo que natildeo silenciourdquo Carlandreacuteia comentou ldquoGraccedilas a Deus tem sido boa o puacuteblico tem recebido bem a gente tem recebido carinho e uma alegria muito grande do puacuteblico em tomar conhecimento A maioria do puacuteblico natildeo conhecia e estaacute todo mundo ficando muito inte-ressadordquo conta

Carlandreacuteia conclui a entre-vista falando sobre a importacircn-cia de eventos como o Sextas de primeira ldquo Eacute muito bom colocar alunos professores juntos para conversarem e discutirem esses temas que satildeo pertinentes natildeo soacute questotildees raciais mas temas que estatildeo aiacute em pauta e que precisam ser debatidos e discutidos para que possamos compreender e formar nossas opiniotildeesrdquo observa

A atriz Carlandreacuteia conta sobre a vida de Carolina Maria de Jesus em seminaacuterio sobre Igualdade Racial na FUMEC

Uma mulher que deixou aleacutem das

publicaccedilotildees duas obras poacutestumas

mostra que a escrita e a literatura eram coisas em que ela acreditava muito

Carlandreacuteia Ribeiro

07 - Carla Andreiaindd 1 10815 104457 AM

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

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10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

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Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
  • 04 - Anuncio
  • 05 - varandasurbanas
  • 06 - Acoes
  • 07 - carla
  • 08 - Enia
  • 09 - Etiene
  • 10 - sextasde1
  • 11 - makota
  • 12 - Anuncio
  • 13 - Futebol
  • 14 - Cronicas
  • 15 - Gourmet
  • 16 - ContoNoPonto
Page 8: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto

Camilla Quirino

marCella Souza

4ordm Periacuteodo

Quando vocecirc comeccedilou a se interessar pela moda afro

Sempre me interessei pela cultura afro A partir de um evento que eu participei o Fes-tival de Arte Negra criei minha grife e iniciei os meus trabalhos com vestuaacuterio principalmente turbantes e depois disso desen-volvi novos projetos para serem realizados em escolas

O que te motivou a montar sua grife

O que me motivou foi a minha origem minha cultura Eacute algo que eu realmente amo e que eu valorizo e tem muito significado para mim Soacute estou materiali-zando algo que eacute muito aleacutem do fiacutesico Natildeo gosto de copiar e percebi que a moda em geral natildeo me representava fui bus-car elementos com os quais me identifico e que muitas pessoas como eu vatildeo se identificar

Como vocecirc vecirc a visibilidade da moda afro hoje

A moda afro ainda natildeo eacute considerada moda Tem pouco tempo que ela estaacute em expan-satildeo e isso limita muito Os ele-mentos afros como turbantes e estampas eacutetnicas tecircm mais rele-vacircncia Poreacutem para o puacuteblico negro em geral essa identidade estaacute tendo uma aceitaccedilatildeo e uma

valorizaccedilatildeo muito grande e eu tenho certeza que a tendecircncia eacute soacute aumentar e se consolidar

A moda afro vai demorar a expandir

Natildeo Eu acredito que a previ-satildeo no Brasil seja daqui a cinco dez anos A partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas cria-ccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse

Quando a moda afro surgiu

Isso se daacute atraveacutes da ascen-satildeo econocircmica e intelectual dos negros O iacutendice de negros no Ensino Superior eacute muito maior os iacutendices de profis-sionais negros em cargos ele-vados tambeacutem e ao mesmo tempo a classe meacutedia torna-se predominantemente negra Com o aumento do poder aqui-sitivo haacute uma busca por repre-sentaccedilatildeo ou seja produtos que atendam aos negros e que valo-rizem a cultura afro brasileira

Vocecirc estuda moda em busca de se representar

Eu sempre quis ser esti-lista gosto muito de me vestir e de conhecer formas tecidos materiais principalmente criar O afro eacute um universo que tem muitas possibilidades a serem exploradas Eu natildeo vou deixar de ser quem eu sou para que eu consiga me capacitar eu vou

bater o peacute o meu trabalho e o de outras pessoas vatildeo ser reco-nhecidos Nossa contribuiccedilatildeo eacute negada por isso devemos mos-trar que temos uma contribui-ccedilatildeo e qual eacute ela

Vocecirc aprendeu a fazer turbante sozinha

O turbante eacute uma inspira-ccedilatildeo que veio da minha matildee ela sempre usou E tambeacutem tenho uma habilidade que soacute de olhar consigo reproduzir o modelo e ao mesmo tempo vou expe-rimentando e desenvolvendo novos modelos

O que eacute a Feira EacutebanoA Feira Eacutebano eacute a feira afro

mineira de moda arte e beleza e eacute a maior feira afro de Minas Foi criada por mim e minha irmatilde Iraecirc Mariana Percebemos que tinha um iacutendice muito grande de afro-empreendores em Belo Horizonte mas satildeo profissio-nais que natildeo tecircm conotildees de ter uma loja e venderem com

regularidade A Feira foi criada exatamente para reuir espora-dicamente essas marcas e esse puacuteblico que tem uma demanda grande desses produtos e ser-viccedilos Esses eventos reuacutenem o puacuteblico e afro-empreendedo-res e ao mesmo tempo trazem uma discussatildeo sobre a valori-zaccedilatildeo da esteacutetica negra

Como eacute o puacuteblico dos eventos

Eacute bem variado Uma parte do puacuteblico estaacute usando a moda afro por ela estar se popularizando A outra parte satildeo pessoas negras que estatildeo se conscientizando do seu papel poliacutetico social e cultural e querem representar isso atraveacutes da esteacutetica elas buscam formas que remetam a sua ancestralidade

Vocecirc jaacute quis alisar o seu cabelo

No caso da minha famiacutelia sempre fomos valorizados pelo que somos como negros com o nosso cabelo nossa cor e nossa cultura Usaacuteva-mos tranccedilas baiatildeo de dois vaacuterios penteados mas nunca alisamos o cabelo Embora eu tenha cabelo crespo sempre mudo de penteado de cor de acessoacuterio para estar sempre renovando

Qual a relevacircncia da discussatildeo da igualdade racial

Acredito que eacute muito impor-tante para quebrar o precon-

ceito o diaacutelogo faz com que as pessoas passem a pensar e questionar mais aleacutem de bus-carem entender melhor o por-quecirc da segregaccedilatildeo social e do preconceito Apenas pessoas que vivem e estudam sobre negros vatildeo saber esclarecer a importacircncia dessa conversa assim podemos criar diaacutelogos atraveacutes da arte do jornalismo da danccedila e da moda

Vocecirc jaacute vivenciou algum tipo de preconceito

Quando eu era crianccedila tiacutenhamos uma vizinha racista expliacutecita Acho que na eacutepoca o racismo nem era considerado crime mas nunca fomos agres-sivos com ela percebemos que deveriacuteamos continuar com a mesma postura sendo pessoas educadas Quero que as pes-soas que ousarem ter alguma postura preconceituosa em relaccedilatildeo a nossa pele ou ao nosso cabelo se sintam enver-gonhadas que percebam que o que elas estatildeo fazendo natildeo tem nada de engraccedilado natildeo tem nada de certo e que noacutes antes de tudo tambeacutem temos opiniatildeo somos seres huma-nos e devemos ser respeitados como qualquer outra pessoa As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual porque cada um traz uma beleza cada um traz uma riqueza precisamos de todos para sobreviver

Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Belo Horizonte setembro de 2015

08ensp bullenspEm pauta Consciecircncia negra

Valorizaccedilatildeo da esteacutetica negra

A estudante de moda Eacutenia Daacutera Medina 24 anos dona da Grife Eacutenia Daacutera ndash Moda Afro Estilo e Cultura conta que sempre se interessou pela cultura afro Em entrevista para o jornal O Ponto a estudante contou um pouco mais sobre sua trajetoacuteria e seus projetos

Eacutenia Daraacute mostra passo a passo como se fazer um turbante

As famiacutelias deveriam ensinar que natildeo

existe diferenccedila entre raccedilas entre gecircneros entre opccedilatildeo sexual

porque cada um traz uma beleza cada um

traz uma riquezaEacutenia Daraacute

Foto Marcella Souzafotos Ana Juacutelia Ramos

08 - Enia Daraindd 1 10815 104736 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

legensdfjbjasdgljksdgjkdsjgsjgsjdgjasgjasdgkjadsbgl

10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

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Page 9: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 09Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Camila madeira

Samara reiS

4ordmPeiacuteodo

O problema da invisibilidade do negro na miacutedia estimulou a jornalista Etiene Martins a criar o jornal Afronta primeira publi-caccedilatildeo independente de Belo Horizonte voltada para a cul-tura negra escrito por e para os negros e negras da cidade A tra-jetoacuteria desse empreendimento foi apresentada pela jornalista que participou do seminaacuterio ldquoConsciecircncia Negra igualdade racialrdquo promovido pelo curso de jornalismo da FUMEC no final de agosto

Em sua palestra Etiene con-tou que sempre gostou de escre-ver e na faculdade teve a certeza de que o jornalismo impresso era aquilo com que queria tra-balhar No terceiro periacuteodo do curso ela comeccedilou a escrever para a Revista Raccedila Brasil lan-ccedilada em 1996 que foi o primeiro perioacutedico voltado aos negros

valorizando sua cultura e sua histoacuteria Ela relata tambeacutem que no ambiente acadecircmico sofreu preconceito ateacute mesmo de um professor que sempre pergun-tava por que ela soacute falava sobre negros jaacute que em seus trabalhos e inclusive no tema de seu Tra-balho de Conclusatildeo de Curso ela enfatizava a presenccedila do negro na sociedade

Por ter passado por inuacutemeras situaccedilotildees preconceituosas ela se empenhou para dar agrave histoacute-ria do negro mineiro principal-mente mais visibilidade mais espaccedilo na miacutedia e na sociedade que ateacute hoje trata com desi-gualdade os negros apesar de serem a maioria da populaccedilatildeo brasileira Etiene conta que toda forma de racismo doacutei mas que na infacircncia essa agressatildeo eacute mais marcante ldquoA pior parte do preconceito eacute na infacircncia eacute quando vocecirc vecirc por exemplo a professora abraccedilar e beijar soacute as crianccedilas brancas e olhar pra vocecirc e te tratar com aquele olharrdquo desabafa

AncestralidadeEtiene conta que escolheu o

nome ldquoAfrontardquo como uma refe-recircncia agrave ancestralidade mas tambeacutem como uma afronta ao racismo ldquoEacute uma afronta a todas as formas com que tentam nos embranquecer Muitas vezes sou chamada de moreninha como se isso me fizesse menos negrardquo relata

Seu intuito com o jornal eacute aca-bar com a ideia de que os negros tecircm os mesmos gostos que todos satildeo iguais pois cada um tem as suas preferecircncias em diversos assuntos Em relaccedilatildeo agraves oportuni-dades que o jornalismo voltado agrave cultura negra lhe trouxe ela enfa-tiza que teve a oportunidade de entrevista pessoas negras que tal-

vez fossem no acircmbito da questatildeo do ldquomundo brancordquo ldquoTive a opor-tunidade de entrevistar Ronal-dinho Gauacutecho Ruth de Souza e Thaiacutes Arauacutejo Sem o jornalismo eu natildeo teria esse alcance e satildeo pessoas que eu admirordquo observa a jornalista

Segundo Etiene seu desejo inicial era fazer uma revista mas suas condiccedilotildees natildeo lhe permi-tiam entatildeo ela criou o projeto do primeiro jornal voltado para o puacuteblico negro Mas as dificul-dades natildeo pararam por aiacute Para manter o jornal Etiene precisa conquistar anunciantes jaacute que o jornal vive da publicidade e eacute feito para ser distribuiacutedo gratuitamente e alcanccedilando seu puacuteblico alvo Mas ao chegar numa empresa para tentar uma parceria ofe-recendo um espaccedilo de publici-dade em seu jornal Etiene natildeo recebe muitas respostas positivas ldquoAinda eacute muito vivo a imagem do negro como um consumidor sem potencialrdquo diz

A jornalista afirma natildeo ter nada contra uma mulher loira

em um comercial ou como capa de uma revista mas uma pessoa negra tambeacutem eacute consumidora Para ela as pessoas tentam fingir que o negro natildeo eacute um consumi-dor em potencial ldquoPor que os consumidores negros natildeo satildeo selecionados para comercias com tanta frequecircncia quanto os outros satildeordquo questiona

Diante dessa questatildeo a solu-ccedilatildeo encontrada pela criadora do jornal foi recorrer a empreende-dores negros que trabalham com o puacuteblico negro jaacute que existe uma resistecircncia por parte de outras empresas em anunciar seus pro-dutos e serviccedilos num jornal que difunde a cultura negra

Etiene comemora o sucesso do seu jornal que teve uma repercussatildeo maior do que ela esperava sendo tema de diver-sas pautas nacionais e ateacute inter-nacionais O jornal ldquoAfrontardquo foi destaque do site blackwomeno-fbrazilcom e a pretensatildeo dela eacute de continuar o seu sonho na raccedila afrontando o preconceito e buscando novos parceiros

Afronta uma accedilatildeo contra o preconceitoA jornalista Etiene Martins cria o primeiro jornal voltado agrave cultura negra em Belo Horizonte

A primeira ediccedilatildeo do jornal teve como tema a macha das mulheres negras

ldquoEacute uma afronta a todas as formas com

que tentam nos embranquecerrdquo

Etiene Martins

Em debate Etiene conta como eacute difiacutecil o dia a dia do negro

Foto

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09 - Etiene Martinsindd 1 10815 104653 AM

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

legensdfjbjasdgljksdgjkdsjgsjgsjdgjasgjasdgkjadsbgl

10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

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Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

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Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
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Page 10: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

O PontoBelo Horizonte setembro de 201510ensp bullenspEm pauta Consciecircncia Negra

Galeria Sextas de Primeira

ldquoFalar que somos descendentes de

escravos eacute coisa de colonizador eu sou

descendente de um povo inteligente saacutebio

e esforccedilados os mais capacitados porque ele

soacute escravizaram esse povo para construir

uma Ameacutericardquo Makota Celinha

ldquoO contexto social que emancipa a ideia de igualdade de direito e deveres Temos que reconhecer as diferenccedilas e o papel social das pessoas A populaccedilatildeo negra no Brasil eacute a maioria mas eacute dita a minoriardquoEverton Pereira

ldquoTemos que meter o peacute na porta todos os dias para estarmos e

nos colocarmos em uma sociedade onde o mito da democracia

social fez com que todos acreditassem

que vivemos em uma pais onde o racismo

natildeo existerdquoCarlandreia

ldquoAcho que eacute esse o problema do nosso pais se algueacutem chegasse perto de mim e dissesse que natildeo gostava de mim porque sou negra iria ser muito mais faacutecil de entender do que simplesmente ser eliminadardquoEtiene Martins

lsquolsquoA moda natildeo considera a moda afro ainda ou seja a moda afro natildeo eacute considerada moda Mas a partir do momento que o negro reconhece o seu valor a sua beleza e suas criaccedilotildees portas satildeo abertas para que outras pessoas tenham esse interesse esse reconhecimentordquoEacutenia Daacutera

O evento ocorreu no dia 28 de Agosto reunindo alumos e professores da Univeridade Fumec para um bate-papo sobre Igualdade Racial

Foto Ana Juacutelia Ramos

legensdfjbjasdgljksdgjkdsjgsjgsjdgjasgjasdgkjadsbgl

10 - Ensaio Sextas de Primeiraindd 1 10815 105745 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

fumecbr fumecbrfumecbr

Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

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Page 11: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Em pauta Consciecircncia Negrabullensp 11Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

A violenta intoleracircncia religiosaMakota Celinha iniciada no candombleacute-fala sobre o preconceito com as religiotildees de terreiro

Maria Clara Gonccedilalves

4ordm Periacuteodo

Em fevereiro deste ano uma aluna do Rio de Janeiro foi afas-tada das aulas de uma profes-sora por usar um adereccedilo feito de palha e amarrado aos ante-braccedilos conhecido no candombleacute como contraegum Em junho ter-reiros de umbanda foram obriga-dos a melhorar a seguranccedilas pelo aumento no nuacutemero de violecircncia e opressatildeo E no mesmo mecircs uma menina de onze anos foi apedre-jada e insultada apoacutes sair de um culto de candombleacute Todas essas histoacuterias aconteceram no Rio de Janeiro mas se repetem em mui-tas cidades brasileiras

Para Makota Celinha (nome dado pela naccedilatildeo de candombleacute para o cargo feminino de Zela-dora de Orixaacutes) jornalista e coor-denadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistecircncia Afro-Brasileira (Cenarab) a rejeiccedilatildeo das religiotildees de terreiro vem da intoleracircncia ao desconhecido da fala de compreensatildeo das tra-diccedilotildees e da religiatildeo do outro eacute a falta de respeito do que eacute dife-rente a falta de conhecimento sobre o passado brasileiro e o seu contexto histoacuterico

ldquoImaginem que em 1400 o colonizador chegou ao conti-nente africano com tradiccedilotildees religiosas em que ele eacute fruto do pecado de Adatildeo e Eva o corpo dele eacute reflexo de viver na terra a mulher eacute o espelho do que natildeo presta do pecado Ele chega agrave Aacutefrica com essas concepccedilotildees e ao chegar daacute de cara com tam-bores com um povo cantando e danccedilando em torno de um falo (representaccedilatildeo de Exu que na tradiccedilatildeo religiosa eacute o Orixaacute da Comunicaccedilatildeo aquele que abre caminhos) Vocecirc tem um cho-que de cultura e aiacute comeccedila a demonizaccedilatildeo da tradiccedilatildeo afri-canardquo explica Makota

A jornalista conta que as praacuteti-cas religiosas do candombleacute satildeo diferentes apenas em algumas questotildees como terem significa-dos proacuteprios do que eacute sagrado e meacutetodos de rezar diferente e por isso satildeo discriminados por uma sociedade que natildeo aceita o dife-rente ldquoNoacutes viemos de uma tra-diccedilatildeo milenar e a minha tradi-ccedilatildeo traz fundamentos regras e concepccedilotildees eacutetnicas e eacuteticas proacute-prias O que natildeo significa que eacute inferior que o meu sagrado eacute menor que o seu Temos mais

em comum com as outras reli-giotildees do que se pode imaginar O que nos diferencia eacute simples-mente sermos descendentes de africanosrdquo argumenta

Para explicar as concepccedilotildees e meacutetodos diferentes de rezar Makota daacute o exemplo de como cada igreja professa a sua feacute de uma forma diferente Para arru-mar um namorado os catoacutelicos cozinham Santo Antocircnio no fei-jatildeo os evangeacutelicos vatildeo ao culto dos solteiros e os iniciados no candombleacute pedem um banho de cheiro aos pais de santo Para ela no fim estaacute todo mundo procurando um namorado mas de formas diferentes ldquoO pastor ergue a matildeo para poder orar o padre usa a matildeo para abenccediloar o Preto velho usa a matildeo para dar paz Estaacute todo mundo de alguma forma buscando atraveacutes das matildeos dar uma benccedilatildeo Esse estranhamento na verdade eacute uma ignoracircncia um desconhe-cimentordquo completa

A contradiccedilatildeo da intoleracircncia

Sobre o caso de Kailane Cam-pos a garota de 11 anos que foi apedrejada ao sair de um culto de candombleacute Makota desa-bafa ldquoNos tempos de Jesus os escribas e fariseus levaram a ele uma mulher que havia come-tido adulteacuterio para ser punida Ele entatildeo disse lsquoatire a pri-meira pedra quem natildeo erroursquo A sabedoria de Jesus naquele momento santificou a vida daquela mulher Ele ainda disse para ela lsquovaacute e natildeo pequersquo mas vaacute Dois mil anos depois dessa passagem as pessoas que falam em nome desse Jesus atiraram uma pedra em uma crianccedila de 11 anos porque ela usava uma roupa branca porque para elas ela natildeo tinha o direito de seguir com feacuterdquo

Makota afirma que natildeo se pode deixar o Brasil continuar a omitir os atos de intoleracircncia Para ela religiatildeo cada um tem a sua e deve ser respeitado inde-pendentemente de como seja e o candombleacute precisa ser res-peitado como qualquer outra religiatildeo ldquoPara sabermos o que somos hoje temos que saber o que fomos ontem Eu sou des-cendente de reis e rainhas afri-canos sou uma mulher ances-tral que tem feacute mas natildeo estou preocupada se vai para o ceacuteu ou o inferno E vocecirc quem eacuterdquoEm debate Makota contou as principais preconceitos que sofrem os iniciados em candombleacute

11 - Makota Celinhaindd 1 10815 104410 AM

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

fumecbr fumecbrfumecbr

Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
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Page 12: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

12 - Anuncioindd 1 10815 115328 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

fumecbr fumecbrfumecbr

Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

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O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

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Page 13: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Esporte bull 13Editor e diagramador da paacutegina Maria Clara Gonccedilalves

Categorias de Base problema ou soluccedilatildeoA equipe de O Ponto entrevistou o diretor das categorias de base do Atleacutetico Andreacute Figueiredo que falou sobre o momento do futebol brasileiro e da seleccedilatildeo brasileira Figueredo comenta a questatildeo da modernidade e do conceito de jogo como o prin-cipal problema do futebol atualmente Ele enfatiza que o Brasil ainda produz grandes jogadores poreacutem a crise nanceira dos clubes natildeo permite que esses jogadores construam uma carreira vitoriosa dentro do futebol brasileiro Por isso o Brasil eacute conside-rado um grande exportador de jovens talentos para o futebol internacional

BRENO GALANTE

CAROL CASTILHO

3ordm PERIacuteODO

Qual a idade miacutenima para o processo de captaccedilatildeo dos talentos para a Categoria de Base

Hoje a gente capta numa escolinha de 13 anos e jaacute comeccedila um trabalho de iniciaccedilatildeo espor-tiva e aos 14 anos efetivamente passa a ser jogador do Atleacutetico

O jogador ca na Categoria de Base dos 13 anos ateacute que idade

Ateacute os 20 anos Com 20 anos ele natildeo pode mais jogar na base e automaticamente tem de ir para o pro ssional e fazer o que chamamos de transiccedilatildeo pro ssional

Dentro de um ano vocecirc consegue imaginar quantos jogadores entre 13 e 18 anos

estaratildeo na Categoria de Base E desse nuacutemero quantos satildeo aproveitados no pro ssional

Aproximadamente 150 a 160 atletas durante o ano No mirim se vocecirc captar 30 joga-dores quando chegar no juve-nil metade vai ser descartada Dentro de toda uma avaliaccedilatildeo criteriosa que noacutes temos esco-lhemos os 15 melhores Para a categoria Juacutenior cortam-se mais cinco atletas e para o pro ssio-nal chegam apenas de dois a quatro atletas

Vocecirc concorda que o principalmente problema da Seleccedilatildeo Brasileira estaacute nas Categorias de Base

Discordo absurdamente O problema do futebol brasileiro na seleccedilatildeo inclusive eacute questatildeo de modernidade Jogamos num conceito de jogo antigo Os nos-sos treinadores na minha visatildeo satildeo antigos natildeo se moderniza-ram Eles acham que o talento

do futebol brasileiro vai ganhar sempre A Europa se organizou e joga em conceito moderno e estaacute sendo um antiacutedoto para os nossos talentos Se noacutes natildeo nos modernizarmos vamos conti-nuar perdendo

Qual a sua visatildeo geral das Categorias de Base dos times do Brasil

Os clubes se estruturaram muito na base Datildeo condiccedilatildeo de formaccedilatildeo que natildeo davam antigamente Os pro ssionais satildeo extremamente capacitados Satildeo preocupados com fases sensiacuteveis de treinamento das crianccedilas o que antigamente natildeo eram Natildeo se pode pegar um jogador com 17 anos e colo-car no pro ssional e achar que ele vai resolver o problema Tem eacutepoca para esse jogador subir e na minha visatildeo quem pode determinar essa eacutepoca eacute o departamento pro ssional junto com o departamento de

base Natildeo acredito que um trei-nador do pro ssional veja um treino de um jogador um dia e jaacute achaeque ele estaacute pronto para jogar Tem de saber o histoacuterico desse jogador

O que vocecirc coloca como principal causa para os jogadores que estatildeo na seleccedilatildeo brasileira natildeo terem tido uma carreira num clube no Brasil

Maacute gestatildeo e a crise nanceira dos clubes

Como eacute a relaccedilatildeo de parceiria entre a Categoria de Base e a do pro ssional do Atleacutetico inclusive na parte de transiccedilatildeo dos atletas

Atualmente ela eacute muito boa porque noacutes temos o Levir Culpi extremamente consciente do que estaacute fazendo Eu tenho um tempo dentro do time que me proporciona ter acesso ao departamento pro ssional e

isso ajuda muito nesse pro-cesso de transiccedilatildeo Treinamos todos os dias com os pro ssio-nais Hoje o Atleacutetico deve ter o melhor processo de transiccedilatildeo do paiacutes que talvez natildeo seja o ideal mas tenho certeza que eacute o melhor

O Centro de Treinamento do Atleacutetico eacute adequado para os meninos que estatildeo na Categoria de Base

Acho que podemos sempre melhorar Hoje temos assistente social psicoacuteloga nutricionista ortopedista sioterapeuta den-tista dentro do Centro de Trei-namento Noacutes temos toda uma estrutura que atende e muito bem os atletas da base As fer-ramentas que temos para esse processo de formaccedilatildeo satildeo exce-lentes Estamos construindo um campo sinteacutetico para melhorar a qualidade dos outros campos e para natildeo deixarmos de treinar em dias chuvosos

Diretor das Categorias de Base do Atleacutetico

Somos uma universidade feita por professores

Nascemos da paixatildeo por ensinar E n s i n a n d o

aprendemos Em 50 anos f izemos de sonhadores

r e a l i z a d o r e s D e s c o b r i m o s q u e o m u n d o eacute d o s

inconformados dos curiosos Dos que natildeo temem os natildeos

D o s q u e b u s c a m r e s p o s t a s p a r a a s g r a n d e s

q u e s t otilde e s D o s q u e p e n s a m n o t o d o A c re d i t a r

nas ideias no que nunca foi feito faz tudo valer a pena

Porque o t empo passa e o conhec imento f i ca

w w w f u m e c b r

fumecbr fumecbrfumecbr

Fumec 50 anos O tempo passa

13 - Futebolindd 1 10915 41152 PM

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
  • 04 - Anuncio
  • 05 - varandasurbanas
  • 06 - Acoes
  • 07 - carla
  • 08 - Enia
  • 09 - Etiene
  • 10 - sextasde1
  • 11 - makota
  • 12 - Anuncio
  • 13 - Futebol
  • 14 - Cronicas
  • 15 - Gourmet
  • 16 - ContoNoPonto
Page 14: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O Ponto

C

CR

OcircN

ICA

Editor e diagramador da paacutegina MArcella Souza

O mar de Minas

Um viva aos aacuterbitros Eduardo PirEs

2ordm PEriacuteodo

Nos conta o jornal que o aacuterbitro mineiro Wanderson Alves de Sousa que apitou a partida entre Lajeadense (RS) time da casa e Volta Redonda (RJ) time visitante realizada pela seacuterie D do Campeonato Brasileiro relatou ter sofrido ameaccedilas de morte por parte do dirigente do Lajea-dense Jorge Baldo

Segundo o aacuterbitro o dirigente invadiu o gramado da partida apoacutes o apito final e teria proferido xingamentos e o ameaccedilado ldquoVocecircs satildeo uns filhos da p corruptos desgraccedilados Eu vou mandar matar vocecircs na estrada essa noite Quero ver vocecircs saiacute-rem daquirdquo A irritaccedilatildeo do dirigente teve origem na expulsatildeo de dois jogadores do Lajeadense e seria de se esperar que tanto oacutedio e violecircncia significasse que o time da casa tivesse perdido a partida Ledo engano pois apesar das duas expulsotildees ainda assim o time da casa se sagrou vito-rioso Vitoacuteria que natildeo foi capaz de aplacar a ira do dirigente

O acontecido poderia chamar a aten-ccedilatildeo pelo fato de que o futebol eacute capaz de provocar emoccedilotildees extremas chegando mesmo ateacute ao ponto de se ameaccedilar a vida de algueacutem o que poderia tambeacutem ser um reflexo dos nossos tempos quando o que natildeo nos eacute favoraacutevel ou de nossa concor-dacircncia leva ateacute o ponto do desprezo agrave vida

do outro por motivos que poderiam ser classificados como fuacuteteis Afinal de contas ldquoO futebol eacute a coisa mais importante das menos importantesrdquo diz a frase de autor desconhecido No entanto o que chamou a atenccedilatildeo deste que lhes escreve foi uma reflexatildeo mais amena mais especifica-mente sobre a personagem mais odiada do futebol

O juiz eacute aquele que eacute sempre xingado seja por uma torcida ou pela outra pois sempre seraacute o vilatildeo para uma das torcidas O juiz eacute aquele que soacute seraacute lembrado no caso de ter errado Pode acertar 99 das vezes mas caso erre todos os seus acertos seratildeo nulos Jamais seraacute parabenizado por aquele impedimento muito bem marcado Jamais seraacute ovacionado por apitar aquele pecircnalti justo ou por aquele lance difiacutecil e que foi bem resolvido por ele

O juiz jamais seraacute parado por um fatilde para distribuir um autoacutegrafo Jamais teraacute sua camisa vestida por algueacutem na rua apoacutes uma partida apitada por ele Mas caso venha cometer um erro sua vida natildeo seraacute a mesma Ele seraacute ameaccedilado seraacute xingado e se tiver um pouco mais de azar poderaacute apanhar por um jogador injusticcedilado um torcedor ressentido ou um dirigente rai-voso Teraacute sua matildee xingada sua mulher desrespeitada Seu caraacuteter e sua honra seratildeo postas em duacutevida E toda decisatildeo tomada carregaraacute o peso da irritaccedilatildeo de toda a torcida adversaacuteria

E o que leva uma pessoa a optar por tal martiacuterio Um misteacuterio Fico imaginando se quando crianccedila o aacuterbitro Wanderson Alves de Sousa ao inveacutes de sonhar com gols de placa dribles desconcertantes ou passes mirabolantes se admirava com os sons que saiacuteam dos apitos daqueles homens Seraacute que ao inveacutes de correr atraacutes da bola como todos os outros meninos preferia estragar o prazer do gol marcado ao anulaacute-lo com base naquela matildeo na bola que ningueacutem mais conseguiu enxergar

Enfim acho que jamais chegaremos a responder tal questatildeo No entanto eacute por causa da irracionalidade da ideia de algueacutem optar por ser juiz que devemos valorizar essa figura do mundo do fute-bol Ruim com eles pior sem eles e na sua ausecircncia sem algueacutem para redimir todas as dezenas de conflitos que ocorrem em cada partida de futebol sem algueacutem para impor uma decisatildeo estariam invibializa-das todas as partidas de futebol que natildeo chegariam ao fim suspensas pelos inuacute-meros impasses que se formariam em seu decorrer Ou seja sem os juiacutezes as figuras mais odiadas do futebol todo jogo termi-naria em uma guerra entre os times

Assim sendo se ningueacutem algum dia jamais tenha escrito agora eu escrevo viva os juiacutezes de futebol Pelo menos ateacute o dia em que um deles prejudique o meu querido Flamengo

silvania CaPanEma

1ordm PEricircodo

Surpreendi-me com a notiacutecia e natildeo fui a uacutenica Parece que mais de oitocentos lei-tores do jornal enviaram seus comentaacuterios diante da notiacutecia que Minas agora tem mar

A foto de capa da ediccedilatildeo do Estado de Minas de 19 de agosto uacuteltimo mostra uma bucoacutelica praia com barquinhos coloridos e em primeiro plano um talvez pescador que nos vira as costas a olhar o marzatildeo besta de matildeo no queixo Nosso Mar Pergunta o tiacutetulo Sei laacute respondo eu

Analisei a notiacutecia Contam que nos idos de 1910 ao final de uma negociaccedilatildeo de falecircncia da empresa ferroviaacuteria Minas com-prou da Bahia uma estreita faixa de terra de 12 por 142 quilocircmetros que margeia os tri-lhos da extinta ferrovia Bahia-Minas Esta tal faixa liga o territoacuterio mineiro na altura de Serra dos Aimoreacutes com o Porto de Cara-velas no extremo sul da Bahia Entatildeo se o negoacutecio for reconhecido seremos donos ou natildeo desta passagem para o mar

O texto diz que na deacutecada de 1940 - passa-dos trinta anos - Minas reivindicou a posse

das terras Os baianos deram resposta Natildeo Minas tornou a cobrar Tambeacutem natildeo Ficou o dito pelo natildeo dito

Em 1973 o saudoso jornalista Fernando Brant (isto mesmo nosso querido composi-tor parceiro de Milton Nascimento na can-ccedilatildeo Ponta de Areia feita exatamente sobre este tema) ressuscitou a histoacuteria nas paacuteginas de O Cruzeiro Diz que o caso se arrastava desde 1910 encoberto por um inexplicaacutevel silecircncio

Silecircncio de mineiro este ser desconfiado circunspecto introvertido e sonhador Alma fechada e altaneira orgulhosa como as montanhas que cercam a sua terra adorada Mineiro que tem a nostalgia do mar herdada dos portugueses

Como diz Rubem AlvesldquoMinas natildeo tem marMinas tem montanhas matas e ceacuteuMinas natildeo tem marlaacute quem quiser navegar tem de aprender

que o mar eacute em outro lugarO mar de Minas natildeo eacute no marO mar de Minas eacute no ceacuteu pro mundo

olhar pra cima e navegarsem nunca ter um porto pra chegar

Nossa terra sem mar forjou a personali-dade do mineiro Tantos cantaram a pre-senccedila onipotende da montanha e a ausecircn-cia nostaacutelgica do mar de aacutegua salgada em poesias crocircnicas e versos Drummond defi-niu ldquoSer mineiro eacute viver nas montanhas eacute ter vida interior eacute ser gente Guimaratildees Rosa explicou ldquoo mar meu filho eacute uma espeacutecie de saudaderdquo

Saudade eu tenho muita da minha vida de menina em feacuterias solta na praia de Copacabana Do mar cujas ondas me leva-vam onde bem queriam e eu me deixava levar flutuando entregue a ver a largueza do ceacuteu Tantas vezes voltei a ti Viajei por tantos mares mundo afora poreacutem todas as vezes ansiosa por voltar pra casa acordar e ver logo cedo da janela do meu quarto o paredatildeo de serra que eacute metade do meu ceacuteu

A alma mineira natildeo quer saber de ser proprietaacuteria de um filetinho de praia soacute pra falar que tem mar A montanha eacute onipre-sente e o mar eacute um sonho distante Vamos esquecer este assunto e deixar o mar para os baianos eles sim como Dorival Caymmi e Jorge Amado tecircm a alma do mar

14 - Cronica Setembroindd 1 10815 104212 AM

O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

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Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

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O Ponto Belo Horizonte setembro de 2015

Comportamentoensp bullensp 15Editor e diagramador da paacutegina Jackeline Oliveira

Gourmet aqui natildeo

Jackeline Oliveira 3ordmperiacuteOdO

Segundo o gastrocircnomo francecircs Jean Anthelme Brillat-Savarin em seu livro Fisiologia do Gosto (1825) o termo gourmet surgiu para designar aquele que tem paladar apurado Mas com a ajuda do marketing o significado da palavra mudou um pouco e hoje eacute usada para classificar tudo aquilo que traz alta qualidade e apresentaccedilatildeo sofisticada dife-rente do convencional Mas afi-nal seraacute que todos estatildeo aderindo a essa nova ldquoondardquo E os tradicio-nais pratos mineiros como ficam com essa histoacuteria toda

O tradicionaliacutessimo restau-rante da capital mineira fundado em 1938 por dois irmatildeos Cafeacute Palhares hoje administrado por Joatildeo Luacutecio e Luiz Fernando eacute um ponto de encontro dos mora-dores mineiros com a tradiccedilatildeo da boa comida Localizado na Rua Tupinambaacutes e famoso por seu prato denominado ldquoKaolrdquo (arroz couve ovo e linguiccedila) o Cafeacute Palhares que se tornou uma referencia gastronocircmica acredita que gourmet mesmo eacute a tradiccedilatildeo e a histoacuteria que o prato tem como conta Andreacute terceira geraccedilatildeo do restaurante ldquoEssa onda gourmet natildeo afeta em nada a nossa clien-tela pelo contraacuterio cada dia mais a nossa clientela aumenta devido agrave tradiccedilatildeo da casa Essa coisa gourmet eu arrisco dizer que eacute algo passageiro natildeo passa de uma modardquo comenta Jaacute para Luiz Fernando segunda geraccedilatildeo do restaurante essa onda depende somente do cliente ldquoQuem tem de decidir eacute o cliente ele que daacute a resposta final e para atraiacute-lo o Cafeacute Palhares aposta na tradiccedilatildeo e na boa escolha dos alimentos que satildeo oferecidos nas nossas refeiccedilotildeesrdquo diz

Outro restaurante que tambeacutem natildeo aderiu a essa nova moda e segue apostando na tradiccedilatildeo eacute o Bolatildeo O Rei do Espaguete loca-

Longe da sofisticaccedilatildeo dos chefes de cozinha receitas simples satildeo a foacutermula do sucesso

Foto Jackeline Oliveira

Cafeacute Palhares localizado no centro eacute um do mais antigos e tradicionais resturantes da capital o restaurante manteacutem a originalidade e aposta na tradiccedilatildeo

Foto Jackeline Oliveira

Kaol tradicional prato do Cafeacute Palhares faz sucesso com os admiradores da boa comida

lizado no bairro Santa Tereza um dos mais antigos de Belo Hori-zonte Famoso por seu espaguete agrave bolonhesa e o rochedatildeo (arroz feijatildeo tropeiro ovo frito e bife) com fritas (cortadas com a deli-cadeza de um Ogro) o Bolatildeo eacute um dos bares mais conhecidos da capital e o mais premiado como o melhor fim de noite de BH Car-los atual dono do restaurante conta como a casa conquistou essa tradiccedilatildeo ldquoNatildeo tem segredo nenhum a natildeo ser o carinho no preparo Eu acho que eacute a simpli-cidade que faz a famardquo Eacute justa-mente a simplicidade que faz o empresaacuterio Israel 53 escolher o Bolatildeo e natildeo esses famosos res-taurantes gourmets ldquoNatildeo existe nada melhor do que vocecirc chegar ao restaurante e sentir aquele cheirinho de comida caseira de coisa feita com amor e ao mesmo tempo tatildeo simples Nada dessas comidas requintadas que servem apenas para o cliente pagar caro e comer poucordquo declara Israel Jaacute a estudante Camila 24 conta que acha legal essa onda gourmet mas natildeo aderiu por causa dos altos preccedilos dos pratos ldquoEu como fora de casa todos os dias natildeo tenho condiccedilotildees de ficar pagando caro por isso prefiro pagar mais barato e ter a mesma qualidade senatildeo melhorrdquo diz

Apesar de tudo o termo gour-met natildeo deve se esvaziar tatildeo cedo mesmo com a overdose do uso pelo contraacuterio os renoma-dos chefes de cozinha afirmam que ainda tem muita coisa a ser gourmetizada pelo mercado ldquoO que deve evoluir eacute o conceito podemos juntar por exemplo tradiccedilatildeo e sofisticaccedilatildeo e dessa forma agregar puacuteblicos de todos os gostos O que natildeo podemos negar eacute que o gourmet ainda tem uma sobrevida grande no meio gastronocircmicordquo afirma o renomado tradicional e expe-riente Chef Tulio proprietaacute-rio do butiquim Chef Tulio haacute dezoito anosRochedatildeo um dos pratos mais conhecidos e pedidos do restaurante Bolatildeo

15 - Gourmetizacaoindd 1 10815 104522 AM

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

das no banheiro pra ver se estaacute tudo certo abordou minha amiga e disse ldquovocecirc natildeo vai entrar aiacute sua amiga taacute cheirando poacuterdquo Confesso que perdi a cabeccedila e falei ldquotaacute ficando louca moccedila Eu to descansando meu peacuterdquo Ela natildeo hesitou me pegou pelo braccedilo e saiu me arrastando pela boate inteira ateacute o famoso ldquoquartinho pretordquo PS a casa noturna natildeo era pequena imagina a situaccedilatildeo meu peacute fervendo de dor por conta do salto e eu sendo arrastada por uma mulher que inventou uma coisa que eu natildeo fiz Quando cheguei no famoso ldquoquartinhordquo ela me mandou sentar e calar a boca mas eu pedi pra ir embora foi quando ela comeccedilou a me agredir me dava socos e tapas na cabeccedila para natildeo ficar marcas no meu corpo Minha amiga viu isso e tentou me defender mas foi em vatildeo continuei apanhando Voltando agrave histoacuteria do salto meu peacute estava doendo tinha uma tira de couro no meu tornozelo apertando

muito e quando eu abaixava para tentar desamarrar o sapato ela me batia de novo Eu natildeo tinha saiacuteda estava becircbada apanhando e com muita dor no peacute soacute que-ria ir embora dali Depois de um tempo ela me man-dou ir embora me jogou pra fora mas minha chave a comanda e minha identidade ficaram na salinha preta e eu precisava delas para ir embora Fiquei gritando por muito tempo ateacute que algueacutem me atendeu e levou minhas coisas laacute fora Fui pra casa da minha amiga que me aconselhou a ir para a delegacia Fiz o boletim de ocorrecircncia exame de corpo de delito e processei a boate e a seguranccedila Felizmente o processo contra o estabelecimento foi resolvido e eu ganhei R$700000 na justiccedila como indenizaccedilatildeo por danos morais e o processo criminal contra a agressora ainda estaacute cami-nhando na justiccedila

AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

envie suAs lAmentAccedilotildees pArA noacutesmonitoriAopontogmAilCom

mAriAnA De mAtos em Depoimento A CristiAnA Corrieri

Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

16 - EuContoNoPontoindd 1 10815 104835 AM

  • 01 - Capa
  • 02 - opiniao
  • 03 - Generos
  • 04 - Anuncio
  • 05 - varandasurbanas
  • 06 - Acoes
  • 07 - carla
  • 08 - Enia
  • 09 - Etiene
  • 10 - sextasde1
  • 11 - makota
  • 12 - Anuncio
  • 13 - Futebol
  • 14 - Cronicas
  • 15 - Gourmet
  • 16 - ContoNoPonto
Page 16: Jornal O Ponto - Setembro de 2015

O PontoBelo Horizonte setembro de 2015

Editoras e diagramadoras da paacutegina Jackeline Oliveira16ensp bullenspEu conto no Ponto

Eu conto no PontoColuna das lamentaccedilotildees

Com Cristiana Co

rrieri

Os alunos Pedro Lacerda (Engenharia Civil) Lucas Dias (Admi-nistraccedilatildeo) Pedro Flecha (Administraccedilatildeo) Ailton Costa Junior (Enge-nharia Civil) Vitor Corrieri (Design Graacutefico) Lucas Koh (Design de Produto) entre outros lamentam MUITO a existecircncia do lixo na calccedilada nas imediaccedilotildees da universidade Ele eacute colocado pelos funcionaacuterios da Fumec no periacuteodo da noite deixando quase ou nenhum espaccedilo para a passagem das pessoas (aleacutem do mau cheiro) e na manhatilde seguinte o cheiro de chorume eacute insuportaacutevel Na uacuteltima ediccedilatildeo deste jornal foi feita essa reclamaccedilatildeo mas nada foi realizado pela administraccedilatildeo da Universidade Fumec E aiacute gente

Resposta A coleta de lixo realizada pela SLU eacute proibida de entrar nos estabelecimentos para retirar o lixo Coletam somente o lixo depositado na calccedilada A Universidade FUMEC estudava uma alter-nativa mas natildeo se mostrou viaacutevel Apesar da calccedilada ter aproxima-damente 250 metros de largura estamos verificando a viabilidade de colocar cestas metaacutelicas a 40 cm do piso para deposiccedilatildeo dos sacos de lixo Vamos solicitar ao pessoal de limpeza que lavem a calccedilada diariamente

Combinamos de ir para o siacutetio de um amigo do meu namorado da eacutepoca Era um pro-grama de casal eu meu namorado o Caio e a Ana Pegamos a estrada de tardinha e a pista da direita estava recapeando sendo que na 381 satildeo apenas duas pistas Fui dirigindo com a Ana no banco da frente e os dois atraacutes bebendo vodca Estaacutevamos indo tranqui-los quando de repente um cara comeccedilou a colar na minha traseira ele piscava farol acelerava e piscava o farol de novo Mas natildeo tinha o que fazer jaacute que a outra pista estava sendo recuperada Eu e Ana estaacutevamos muito tensas jaacute que o homem natildeo parava de pis-car farol e decidiu colocar farol alto no meu retrovisor foi quando surgiu mais uma pista na estrada dei seta para a direita e deixei ele passar Enquanto isso os meninos atraacutes esta-vam muito becircbados fazendo brincadeiras e gritando Quando ele passou ao nosso lado o meu namorado Lucas fez a chamada ldquobunda lelecircrdquo para o homem irritado Logo apoacutes esta cena ele foi freando e colou o carro do meu lado abriu o vidro e apontou uma arma para mim Comecei a acelerar muito cortei carros

caminhotildees e tudo que eu fazia o homem fazia tambeacutem Continuamos isso por mais uns 10 minutos o homem impetuoso colando o carro dele no meu piscando farol ou seja tentando me desconcentrar A partir deste ponto hones-tamente eu natildeo sabia mais o que fazer Neste momento eu estava na pista da direita e ele na da esquerda foi quando eu vi uma placa de SOS para virar agrave direita uma saiacuteda da estrada Natildeo dei seta e no uacuteltimo segundo eu virei de uma vez para que ele natildeo conseguisse virar tambeacutem mas ele atravessou a estrada inteira e continuou a perseguiccedilatildeo Nesta saiacuteda tinha uma rotatoacuteria que tinha um canteiro do outro lado da pista Eu estava tatildeo concentrada em fugir daquela situa-ccedilatildeo que continuei acelerando Peguei a tal da rotatoacuteria e quando eu vi o ponteiro estava mar-cando 180 kmh carro cantou pneu e estava quase de lado Nesse instante pensei vamos capotar Consegui fazer a rotatoacuteria e o meu carro voltou ao normal quando olhei no retrovisor para ver onde o homem furioso estava tive uma surpresa ele bateu no canteiro e ficou por laacute mesmo Natildeo fiquei laacute para ver o que aconteceu fomos embora correndo dali

Seguranccedila natildeo oferece seguranccedila

Em uma dessas sextas-feiras de abril de 2014 eu resolvi fazer uma coisa que eu natildeo faccedilo sempre ir a uma casa noturna Soacute fui porque tinha terminado um namoro e queria sair com as minhas amigas Cheguei laacute e ganhei pulseiras de dois camarotes diferentes onde tinha open bar de Vodca outra coisa que natildeo costumo fazer beber vodca Aleacutem de tudo ser diferente de mim ainda resolvi ir de salto uma coisa que eu realmente nunca faccedilo Chegou um ponto da noite que eu preci-sava descansar Laacute pelas 2h40 eu fui ao banheiro para assentar Por conta da vodca perdi a noccedilatildeo do tempo estava mexendo nas redes sociais no Whatsapp e fiquei quase 20 minutos dentro de uma cabine do banheiro Minhas amigas ficaram preocupadas e foram me pro-curar uma delas comeccedilou a gritar meu nome ldquoCarol Carol Cadecirc vocecircrdquo e eu respondi ldquotocirc aquirdquo foi quando uma das seguranccedilas da boate que ficam fazendo ron-

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AnnA CArolinA DeromA em Depoimento A CristiAnA Corrieri

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Mulher no volante destreza constanteO aluno de Jornalismo Janderson Silva lamenta que a cantina

da FEA natildeo esquente mais o almoccedilo que ele traz de casa O aluno acrescenta ldquoQual a necessidade disso Somos obrigados a comprar a comida que ele fazrdquo

Resposta Segundo o dono da cantina Emerson Nogueira os alu-nos que compram o almoccedilo reclamam dos outros alunos que pedem para esquentar a marmita no microondas da cantina Pois o tempo que leva para esquentar atrapalhava quem compra o almoccedilo

O aluno de Administraccedilatildeo Carlos Eduardo Capucio lamenta o mau cheiro do banheiro masculino do 2ordm andar da FACE Ele diz que o local natildeo possui descarga automaacutetica e como natildeo desce aacutegua o cheiro fica acumulado

Resposta Os banheiros da FACE estatildeo previstos de passar por uma reforma da rede hidraacuteulica Alguns aspectos natildeo seratildeo alte-rados Apenas melhorias nas tubulaccedilotildees Os mictoacuterios citados dis-potildeem de registro com acionamento manual enquanto os mictoacuterios do 1ordm pavimento possuem vaacutelvula com acionamento manual Fala-remos com o pessoal do serviccedilo de limpeza para melhorar a perio-dicidade de verificar os banheiros

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  • 03 - Generos
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  • 06 - Acoes
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