jornal oembrião - sbte.org.br · ÍND IC E Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 5 ARTIGO TÉCNICO...

19
oembrião Edição 54 ano XIX / 2º Semestre jornal jornal NOVIDADE TRABALHOS DE PREMIADOS NA SBTE 2014 ARTIGO CIENTÍFICO Impacto da suplementação de progesterona de longa ação A polarização de blastômeros e suas possíveis implicações para a formação do blastocisto em bovinos DICA DE LIVRO Princípios do Desenvolvimento (Principles of Development) Foram destaque na Reunião Anual da SBTE em Natal - RN AVANÇOS TECNOLÓGICOS DE EMBRIÕES AVANÇOS TECNOLÓGICOS DE EMBRIÕES oembrião Foram destaque na Reunião Anual da SBTE em Natal - RN

Transcript of jornal oembrião - sbte.org.br · ÍND IC E Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 5 ARTIGO TÉCNICO...

oembriãoEdição 54 ano XIX / 2º Semestre

jornaljornal

NOvIDADETrAbALhOS DE PrEMIADOS NA SbTE 2014

ArTIGO CIENTÍFICO

Impacto da suplementação de progesterona de longa ação

A polarização de blastômeros e suas possíveis implicações

para a formação do blastocisto em bovinos

DICA DE LIvrOPrincípios do Desenvolvimento (Principles of Development)

Foram destaque na Reunião Anual da SBTE em Natal - RN

AvANÇOS TECNOLÓGICOSDE EMbrIõES

AvANÇOS TECNOLÓGICOSDE EMbrIõES

oembrião

Foram destaque na Reunião Anual da SBTE em Natal - RN

PALAvrADA PRESIDENTE

Prezados Colegas,

A Diretoria da SBTE agradece a presença de todos os par-ticipantes da XXVIII reunião anual, realizada em Natal, RN. A reunião foi um evento de alto nível científico em que as-suntos de interesses de técnicos de campo, acadêmicos e cientistas foram apresentados e discutidos por expressivos nomes na área, com a participação de palestrantes nacio-nais e internacionais. Foram 428 inscritos e 221 trabalhos apresentados na sessão de poster. Desta forma, acredita-mos que cumprimos um dos compromissos assumidos quan-do formamos essa equipe, que foi manter o sócio atualizado nos assuntos relevantes para a reprodução animal e em de-bater biotecnologia da reprodução, estimulando o desenvol-vimento científico e tecnológico.

Tivemos a oportunidade de ver o que o país produz de me-lhor em ciência e tecnologia nessa área e de reconhecer e premiar trabalhos e profissionais que se destacaram de al-guma forma. Além disso, o evento nos proporcionou momen-tos agradáveis no hotel SEHRS, confraternizando com nos-sos colegas, descobrindo talentos musicais inimagináveis e desfrutando bons momentos com a família.

Fundamental para o sucesso da reunião, foi o apoio das em-presas do condomínio e a participação destas como expo-sitoras, além do suporte das instituições CNPq, CAPES e

Embrapa. É imprescindível registrar os esforços e dedicação da equipe de diretores e colaboradores da SBTE, que não mediram esforços para que pudéssemos realizar um evento à altura da SBTE.

Nesta edição de “O Embrião” trazemos alguns destaques de Natal, que podem ser conferidos pelas fotos, dois artigos científicos premiados e trechos de entrevistas com pales-trantes. Além disto, na seção radar podem ser encontradas diversas notícias técnico/científicas, que fazem parte do dia a dia do associado.

Finalmente, convidamos a visitarem o nosso site, o qual é atualizado periodicamente com notícias, entrevistas, divul-gação de livros, álbum de fotos e uma agenda com eventos em diversas áreas da reprodução. Também está disponível em nosso site, uma área para que o associado possa fazer a divulgação de cursos, palestras ou evento, basta encaminhar um email para nossa secretaria com as informações.

Esperamos contar com o apoio e a participação de todos os sócios no nosso próximo evento. Portanto, reserve um espa-ço na sua agenda no período de 20 a 23 de agosto de 2015, para que possamos nos encontrar mais uma vez na Reunião Anual da SBTE, a ser realizada em Gramado, RS.

Margot Alves Nunes DodePresidente

Obrigada a todos!

ÍNDICE Jornal O Embrião

Jornal O Embrião - 5

ARTIGO TÉCNICO07 IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO DE PROGESTERONA DE LONGA AÇÃO DURANTE O DIESTRO INICIAL EM VACAS NELORE SUBMETIDAS A IATF

GLOBAL NEWS ESPECIAL14 ENTREVISTA GREGG ADAMS (Presidente Da IETS)

14 ENTREVISTA CLAIRE PONSART (Chair IETS 2015 Versailles)

14 ENTREVISTA TAD SONSTEGARD

14 ENTREVISTA MILO WILTBANK

15 ENTREVISTA PATRICK BLONDIN

ARTIGO TÉCNICO17 A POLARIZAÇÃO DE BLASTÔMEROS E SUAS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO EM BOVINOS

RADAR SBTE24 NOTICIAS

PREMIAÇÃO28 REUNUÃO ANUAL DA SBTE

29 PRATA DA CASA

REUNIÃO SBTE 201432 SESSÃO DE FOTOS

RADAR SBTE34 DICA DE LIVRO

EXPEDIENTEMargot Alves Nunes Dode: Presidente

José Buratini Junior (UNESP): Vice-presidente

Regivaldo Vieira de Sousa (Embrapa/Cenargen): 1º SecretárioBianca Damiani Marques Silva (Embrapa/Cenargen): 2ª Secretária

Alexandre Rosseto Garcia (Embrapa Pecuária Sudeste): 1º TesoureiroMaurício Machaim Franco (Embrapa/Cenargen): 2º Tesoureiro

Roberto Sartori Filho (ESALQ): Diretor CientíficoMarcelo Fábio Gouveia Nogueira (UNESP): Diretor de Comunicação

Maurício Peixer (Bio Biotecnologia Animal): Diretor ComercialCarlos Alberto Zanenga (Embriza): Representante dos Veterinários de Campo

Osnir Yoshime Watanabe (WTA): Representante das Empresas do Condomínio

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:BRIX COMUNICAÇÃO E EVENTOS

Marcelo Francelin: Diretor de Arte

JORNALISTA RESPONSÁVEL:Andrea Russo (MTb: 25541)

Tel.: (11) [email protected]

Jornal O Embrião - 7

ARTIGO TÉCNICO

ÍNDICE Jornal O Embrião

Jornal O Embrião - 6

Guilherme Pugliesi é gradua-do em Medicina Veterinária pela UFMG, possui mestrado Mestrado e Doutorado em Zoo-tecnia pela UFV. Atualmente é Pós- doutorando em Reprodução Animal (USP, Pirassununga), atu-ando principalmente na área de fisiologia e biotécnicas reprodu-tivas associadas aos processos

de receptividade uterina e sinalização do concepto em fê-meas bovinas.

Autor para correspondência: Guilherme PugliesiTelefone: (19) 3565-4220. Endereço: Av. Duque de Caxias Norte 225, Pirassununga, SP, Brasil. e-mail: [email protected]

1. IntroduçãoA secreção de progesterona (P4) pelo corpo lúteo (CL) duran-te o início da gestação pode ser influenciada pelo tamanho do folículo ovulatório e possui um significante efeito na so-brevivência do embrião/concepto em bovinos (Garret et al., 1988; Mann et al., 2003; Carter et al., 2008). Neste contexto, CLs maiores secretam mais P4 e isto tem sido associado, em alguns estudos (Vasconcelos et a., 2001; Inskeep, 2004; Baruselli et al., 2010), mas não todos (Spell et al., 2001), com aumento na taxa de gestação. Baixas concentrações circu-lantes de P4 nos primeiros dias após a concepção (Dia 3 a 8; Dia 0 = ovulação) são associadas com embriões menores

IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO DE PROGESTERONA DE LONGA AÇÃO DURANTE O DIESTRO INICIAL EM VACAS NELORE SUBMETIDAS A IATF

Guilherme Pugliesi1; Felipe Barbosa Santos1; Everton Lopes1; Ed Hoffmann Madureira1; Ériklis Nogueira2; José Ricardo G. Maio3; Luciano A. Silva4; Mario Binelli1

1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, Pirassununga, SP; 2Embrapa Pantanal, Corumbá, MS; 3Ouro Fino Saúde Animal, Cravinhos, SP; 4Laboratório de Teriogenologia “OJ Ginther”, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo.

no Dia 16, e consequentemente, podem resultar em menor produção de interferon-tau para suprimir a secreção endo-metrial de prostaglandina F2α, a qual induz a luteólise e im-pede a manutenção da gestação (Mann & Lamming, 2001). Similarmente, um atraso no aumento da P4 após a ovulação tem sido associado com uma redução na taxa de gestação em novilhas (Diskin et al., 2006) e vacas (Starbuck et al., 1999; Stronge et al., 2005).

Apesar dos indicativos do efeito benéfico do aumento das concentrações de P4 no desenvolvimento embrionário em bovinos, os resultados de fertilidade em estudos objetivando elevar-se a P4 são comumente conflitantes e inconclusivos, e podem refletir o momento do tratamento, onde apenas os animais com baixa P4 podem ser beneficiados pelo trata-mento (Lonergan, 2011). Mann e Lamming (1999) realizaram uma meta-análise dos estudos nos quais se aumentou a P4 circulante durante o período inicial da gestação e examina-ram o efeito do dia de início da suplementação sobre a taxa de gestação. Estes autores concluíram que a suplementação com P4 logo no início do diestro resulta em média 5% de aumento na taxa de gestação, porém, a suplementação após o Dia 6 (Dia 0 = ovulação) não possui efeito benéfico. Contra-riamente, o aumento de P4 antes do Dia 2 pode comprometer o desenvolvimento do CL e reduzir a fertilidade (Cleeff et al., 1996). O consenso entre a maioria dos estudos é que o período crítico para a P4 promover um aumento na taxa de desenvolvimento embrionário é do Dia 3 ao 7. Neste contex-to, a elevação da concentração de P4 nestes dias aumenta significativamente o tamanho do concepto nos dias 13 e 16 de gestação (Carter et al., 2008).

8 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 9

ARTIGO TÉCNICOARTIGO TÉCNICO

As concentrações de P4 durante o diestro podem ser eleva-das pela indução da ovulação de um folículo dominante da primeira onda folicular pós-ovulação, usando GnRH ou hCG, para formar um CL acessório, ou pela suplementação exóge-na de P4 (revisado em Binelli et al., 2008). A indução de CLs acessórios só é capaz de aumentar a secreção de P4 após o 6-8º dia pós-ovulação, e assim, este aumento pode ser muito tardio para favorecer a sobrevivência embrionária (Howard et al., 2006). Entretanto, a suplementação de P4 exógena, através da injeção de P4 ou a inserção de um dispositivo intravaginal de liberação de P4, resulta em imediato aumen-to da concentração circulante de P4. Alternativamente, tal aumento pode ser obtido pela suplementação com P4 com formulação de longa-ação (Pugliesi et al., 2014). Assim, ao invés do uso de implantes intravaginais ou do uso repetido de P4 injetável como reportado em estudos anteriores (Gar-rett et al., 1988; Carter et al., 2008), uma alternativa é utili-zar P4 injetável de longa ação em uma única administração. Desta maneira, objetivou-se com este estudo avaliar o efeito da administração de uma formulação de P4 injetável de lon-ga-ação após a IATF sobre a fertilidade de vacas de corte.

2. Material e Métodos Experimento 1O experimento foi realizado em uma fazenda comercial na região de Puerto Suarez, Bolívia durante os meses de De-zembro de 2013 e Janeiro de 2014.

Para sincronização da ovulação, vacas Nelore (n=783) entre 30 e 50 dias pós-parto e escore de condição corporal médio 3,7 (em escala de 1 a 5) receberam um dispositivo intrava-ginal de P4 (Sincrogest; Ouro Fino, Cravinhos, SP, Brasil) e uma injeção intramuscular de benzoato de estradiol (2 mg; Sincrodiol, Ouro Fino) no Dia −10 (Dia 0 = dia da IATF). No Dia −2, os dispositivos foram retirados e foram injetados por via intramuscular cipionato de estradiol (1 mg; ECP; Zoetis, São Paulo, SP), eCG (300 UI; Novormon; Zoetis) e cloprostenol sódico (0,530 mg; Sicrocio; Ouro Fino). No Dia 0 as vacas foram inseminadas em tempo fixo (IATF) e o diâmetro do folículo pré-ovulatório foi mensurado por ultrassonografia transretal.

No Dia 4 pós-IATF a ocorrência de ovulações foi confirmada e a área do CL foi mensurada por ultrassonografia, e os ani-mais foram divididos para receberem por via intramuscular 1 mL de solução placebo (Grupo Controle; n= 393) ou 150 mg (1mL) de P4 injetável de longa ação (Sincrogest injetá-vel; Ouro Fino; Grupo P4-tratado; n=390). A dose e momento de aplicação foram baseados em estudo prévio (Pugliesi et al., 2014), no qual foi observado aumento nas concentrações plasmáticas de P4 por >72 horas sem comprometimento no desenvolvimento do CL após administrar 150 ou 300 mg da mesma formulação de P4 de longa ação no terceiro dia após a ovulação.

Experimento 2O experimento foi realizado em uma fazenda comercial no município de Rochedo, MS, Brasil, durante os meses de De-zembro de 2013 a Maio de 2014.

Para sincronização da ovulação, vacas Nelore (n=605) com 35 a 65 dias pós-parto e escore de condição corporal médio de 3,3 (em escala de 1 a 5) foram submetidas a duas avalia-ções ovarianas por ultrassonografia transretal em um inter-valo de 10 dias. Apenas as vacas com ausência de CL nas duas avaliações (consideradas em anestro) foram utilizadas, sincronizadas e divididas nos grupos Controle (n=189) e P4-tratado (n= 187) conforme descrito no Experimento 1.

Diagnóstico de gestação e análises estatísticasEm ambos experimentos o diagnóstico gestacional foi reali-zado entre os dias 35 e 60 pós-IATF através de ultrassono-grafia transretal. Utilizou-se um equipamento de ultrassom “Duplex” composto com modo-B e modo-Doppler, e com um transdutor linear multifrequencial (MyLab30, Esaote, São Paulo, SP, Brasil). A taxa de gestação foi avaliada por re-gressão logística utilizando-se o PROC Glimmix do software SAS. No modelo estatístico, foram considerados os efeitos de condição corporal, peso, lote, touro, tamanho do folículo na IATF, tamanho do CL no D4, tratamento (Controle ou P4-tratado), e suas interações. As variáveis segundo o critério de Wald com P>0,20 foram eliminadas do modelo, permane-cendo apenas a variáveis de tamanho de folículo e tratamen-to no modelo final.

2. ResultadosExperimento 1No Experimento 1, a taxa de gestação não diferiu (P>0.1) en-tre os Grupos Controle e P4-tratado, considerando-se todas as vacas ou apenas as vacas ovuladas (Fig. 1). O tamanho médio do folículo pré-ovulatório foi 12,6 ± 2,2 mm no D0 e a área do CL no D4 nas vacas ovuladas foi de 1,42 ± 0,46 cm2. Quando avaliado a taxa de gestação de acordo com a

Variável GrupoControle P4-tratado

Diâmetro do folículo Pequeno (<11mm) 41,9% (13/31)B 42,3% (11/26)B

Médio (11 a 14mm) 63,9% (85/133)A 73,7% (98/133)A

Grande (>14mm) 72% (49/68)A 69,6% (48/69)AB

Área do CL Pequeno (<0,9cm2) 40,4% (21/52)Bb 57,9% (22/38)a

Médio (0,9 a 1,8cm2) 67,1% (100/149)A 68,8% (108/157) Grande (>1,8cm2) 66,1% (82/124)A 64% (87/136)

Experimento 1

53,2%(209/393)

56,2%(219/390)

Grupo Controle

62,6%(209/334)

65,6%(219/334)70

60

50

40

30

20

10

0

Grupo P4

P>0,1

Todas Ovuladas

categoria de tamanho de folículo no D0 e tamanho de CL no D4 (Tabela 1), foi detectado menor (P<0,05) taxa de gesta-ção nas vacas com folículos <11 mm e com CLs <0.9 cm2 em relação as demais categorias. A taxa de gestação também não diferiu (P>0,1) entre os grupos Controle e P4-tratado para nenhuma das categorias de tamanho de folículo, mas foi maior (P<0,05) nas vacas com CL pequeno (<0.9 cm2) que foram tratadas com P4 do que nas vacas do grupo Controle.

Fig. 1. Taxa de gestação (%) em vacas Nelore tratadas com 150 mg de progesterona de longa ação (grupo P4-tratado) ou placebo (grupo Controle) no Dia 4 após a IATF. Experimento 1.

Tabela 1. Taxa de gestação em vacas Nelore em amamentação tratadas com 150 mg de progestero-na de longa ação (grupo P4-tratado) ou placebo (grupo Controle) no Dia 4 após a IATF. Experimento 1 (Agropecuária JPS, Puerto Suarez/Bolívia) 1

1 O diagnóstico de gestação foi realizado entre os Dias 35 e 65 pós-IATF.ab Letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (P<0,05) entre os grupos pelo teste de regressão logística.AB Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença estatística (P<0,05) dentro do mesmo grupo pelo teste de regressão logística.

10 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 11

ARTIGO TÉCNICOARTIGO TÉCNICO

A fórmula do sucesso na suplementação de progesterona foi revelada em pesquisa premiada na SBTE 2014, que comprovou a eficácia do Sincrogest® Injetável aplicado no D14 para aumentar a prenhez de vaca em anestro (protocolo P4 14).

TE

STA

DO E APROVADO

P4 14

BRASILEIRO PRODUTO

Anuncio_Sincrogest_Inj_21x28cm_1014of01.indd 1 27/10/14 09:22

Experimento 2No Experimento 2, a taxa de gestação foi maior nas vacas do grupo P4-tratado em comparação ao grupo Controle, con-siderando-se todas as vacas (P=0,05) ou apenas as vacas ovuladas (P=0,08). O tamanho médio do folículo ovulatório foi 12,8 ± 2,3 mm no D0 e a área do CL no D4 foi de 1,77 ± 0,55 cm2.

Fig. 2. Taxa de gestação (%) em vacas Nelore em anestro tratadas com 150 mg de progesterona de longa ação (grupo P4-tratado) ou placebo (grupo Controle) no Dia 4 após a IATF. Experimento 2.

Experimento 2

46%(86/187)

55,6%(105/189)

P=0,05

Grupo Controle

70

60

50

40

30

20

10

0

Grupo P4

Todas Ovuladas

49,7%(86/173)

59%(105/178)

P=0,08

4. DiscussãoA busca por alternativas que resultem em melhor fertilidade

de fêmeas bovinas de corte submetidas a protocolos de IATF

é uma constante para se otimizar e maximizar o uso dessa

biotecnologia em programas reprodutivos na pecuária de

corte. Neste contexto, a modulação do ambiente endócrino

no início do diestro pode ser uma alternativa para se obter

incrementos nas taxas de gestação após a IATF em vacas

de corte em condições fisiológicas/endócrinas específicas.

No presente estudo, a modificação das concentrações cir-

culantes de P4 pela suplementação de P4 de longa ação no

início do diestro se constituiu uma alternativa promissora

pois aumentou a taxa de concepção em 20% nas vacas em

anestro pós-parto.

Apesar desse efeito positivo, a suplementação com 150 mg de P4 de longa ação não alterou a fertilidade no Experimento 1, aonde o status reprodutivo não foi considerado no início do protocolo de IATF. Entretanto, quando avaliado de acordo com a categoria de tamanho do folículo ovulatório e CL inde-pendentemente do tratamento com P4, as vacas com folículo e CL maiores apresentaram um incremento em torno de 60% na taxa de gestação em comparação com vacas com folículo pequeno (<11mm) e CL pequeno (<0,9cm2). Adicionalmente, as vacas que apresentaram um CL pequeno foram benefi-ciadas pela suplementação com P4, resultando em maior taxa de gestação. Tal resultado indica um efeito positivo da P4 apenas naquelas fêmeas com menor funcionalidade do CL (secreção de P4). Neste contexto, o uso de implantes intravaginais de P4 entre os Dias 2 e 7 pós-estro aumentam em 10–15% a sobrevivência embrionária (Mann & Lamming, 1999; Stronge et al., 2005). Tal aumento foi atribuído aos efeitos embriotróficos da P4, especialmente em vacas com baixas concentrações de P4 no momento da suplementação. Assim, supõe-se que ao menos parte dos efeitos positivos da P4 decorra da estimulação do endométrio levando a um padrão específico de expressão gênica endometrial, e à secreção de proteínas necessárias à formação do fluido luminal uterino (histotrofo). Neste sentido, estudos anterio-res (Forde et al., 2009; Mesquita et al., 2014; Forde et al., 2014) reportam diferenças no padrão de expressão gênica e composição do fluído uterino em vacas com diferentes perfis progesterônicos na fase inicial do diestro, que poderiam es-timular o desenvolvimento embrionário.

A diferença de resposta ao tratamento com P4 de longa ação entre os experimentos pode ser em decorrência de diferen-ças observadas em relação ao status reprodutivo (proporção de vacas anestro), condição corporal, tamanho do folículo pré-ovulatório e tamanho do CL. Neste sentido, estudos an-teriores (Beal et al., 1984; Sá Filho et al., 2009; Whittier et al., 2013) têm reportado menor fertilidade em vacas de corte em anestro e com menor condição corporal. Assim, modifica-ções e alternativas que otimizem o ambiente endócrino, prin-cipalmente aquele relacionado aos níveis de P4 no início do diestro podem melhorar a receptividade materna ao embrião em vacas com baixa funcionalidade do CL ou em anestro.

12 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 13

ARTIGO TÉCNICOARTIGO TÉCNICO

Neste sentido, a administração de P4 de longa ação no quar-to dia após a IATF pode ser uma alternativa mais viável para se aumentar as concentrações circulantes de P4 em relação ao uso de implantes intra-vaginais ou auriculares, pois reduz o número de manipulação dos animais após a inseminação para apenas uma vez, e pode assim, se constituir numa me-dida mais aplicável a campo.Em conclusão, a administração de P4 de longa ação no quar-to dia após a IATF aumenta a fertilidade em vacas de corte em anestro. Tal incremento pode resultar de uma melhoria no ambiente uterino menos favorável a sobrevivência em-brionária em animais não-cíclicos após o parto. Assim, a suplementação com P4 no início do diestro pode atenuar a baixa fertilidade de vacas com CL pequeno e/ou em anestro.

Agradecimentos: CNPq (481199/2012-8); FAPESP (2011/03226-4; 2012/04004-8); Ouro Fino Agronegócio; Ge-neplan Reprodução Bovina; Innovare; e Panorama S.A (Mar-cos, Grazieli e Sr. Valdo).

5. ReferênciasBaruselli PS, Ferreira RM, Filho MF, Nasser LF, Rodrigues CA, Bo GA. Bovine embryo transfer recipient synchronization and management in tropical environments. Reprod Fertil Dev 2010;22:67–74.

Beal WE, Good GA, Peterson LA. Estrus synchronization and pregnancy rates in cyclic and noncyclic beef cows and heifers treated with syncro-mate B or Norgestomet and Alfaprostol. Theriogenology 1984;22:59–66.

Binelli M, Machado R, Bergamaschi MACM, Bertan CM. Manipulation of ovarian and uterine function to increase conception rates in cattle. Anim Reprod 2008;6:125–34.

Carter F, Forde N, Duffy P, Wade M, Fair T, Crowe MA, Evans AC, Kenny DA, Roche JF, Lonergan P. Effect of increasing progesterone concentra-tion from Day 3 of pregnancy on subsequent embryo survival and develo-pment in beef heifers. Reprod Fertil Dev 2008;20:368 –75.

Cleeff J, Macmillan KL, Drost M, Lucy MC, Thatcher WW. Effects of administering progesterone at selected intervals after insemination of synchronized heifers on pregnancy rates and resynchronization of retur-ns to service. Theriogenology 1996;46:1117–30.

Diskin MG, Murphy JJ, Sreenan JM. Embryo survival in dairy cows mana-ged under pastoral conditions. Anim Reprod Sci 2006;96:297–311.

Forde N, Carter F, Fair T, Crowe MA, Evans ACO, Spencer TE, Bazer FW, McBride R, Boland MP, O’Gaora P, Lonergan P, 2009: Roche JF. Proges-terone-regulated changes in endometrial gene expression contribute to advanced conceptus development in cattle. Biol Reprod 81, 784–794.

Forde N, McGettigan PA, Mehta JP, O’Hara L, Mamo S, Bazer FW, Spen-cer TE, Lonergan P. Proteomic analysis of uterine fluid during the pre-im-plantation period of pregnancy in cattle. Reproduction 2014;147:575–87.

Garrett JE, Geisert RD, Zavy MT, Morgan GL. Evidence for maternal re-gulation of early conceptus growth and development in beef cattle. J Reprod Fertil 1988;84:437–46.

Howard JM, Manzo R, Dalton JC, Frago F, Ahmadzadeh A. Conception rates and serum progesterone concentration in dairy cattle administe-red gonadotropin releasing hormone 5 days after artificial insemination. Anim Reprod Sci 2006;95:224–33.

Inskeep EK. Preovulatory, postovulatory, and postmaternal recognition effects of concentrations of progesterone on embryonic survival in the cow. J Anim Sci 2004;82:24–39.Lonergan P. Influence of progesterone on oocyte quality and embryo de-velopment in cows. Theriogenology 2011;76:1594–601.

Mann GE, Green MP, Sinclair KD, Demmers KJ, Fray MD, Gutierrez CG. Effects of circulating progesterone and insulin on early embryo develop-ment in beef heifers. Anim Reprod Sci 2003;79:71–9.

Mann GE, Lamming GE. Relationship between maternal endocrine envi-ronment, early embryo development and inhibition of the luteolytic me-chanism in cows. Reproduction 2001;121:175–80.

Mann GE, Lamming GE. The influence of progesterone during early pre-gancy in cattle. Reprod Domestic Anim 1999;34:269–74.

Mesquita FS, Pugliesi G, Scolari SC, França MR, Ramos RS, Oliveira M, Papa PC, Bressan FF, Meirelles FV, Silva LA, Nogueira GP, Membrive CM, Binelli M. Manipulation of the periovulatory sex steroidal milieu affects endometrial but not luteal gene expression in early diestrus Nelore cows. Theriogenology 2014;81:861–9.

Pugliesi G, Oliveira ML, Scolari SC, Lopes E, Pinaffi FV, Miagawa BT, Paiva YN, Maio JRG, Nogueira GP, Binelli M. Corpus luteum development and function after supplementation of long-acting progesterone during the early luteal phase in beef cattle. Reprod Dom Anim 2014;49:85–91.Sá Filho OG, Meneghetti M, Peres RF, Lamb GC, Vasconcelos JL. Fixed-time artificial insemination with estradiol and progesterone for Bos in-dicus cows II: strategies and factors affecting fertility. Theriogenology 2009;72:210–8.

Spell AR, Beal WE, Corah LR, Lamb GC. Evaluating recipient and embryo factors that affect pregnancy rates of embryo transfer in beef cattle. Theriogenology 2001;56:287–97.

Starbuck GR, Darwash AO, Lamming GE. The importance of progesterone during early pregnancy in the dairy cow. Cattle Practice 1999;7:397–9.Stronge AJH, Sreenan JM, Diskin MG, Mee JF, Kenny DA, Morris DG. Post-insemination milk progesterone concentration and embryo survival in dairy cows. Theriogenology 2005;64:1212–24.

Vasconcelos JL, Sartori R, Oliveira HN, Guenther JG, Wiltbank MC.Re-duction in size of the ovulatory follicle reduces subsequent luteal size and pregnancy rate. Theriogenology 2001;56:307–14.

Whittier WD, Currin JF, Schramm H, Holland S, Kasimanickam RK. Ferti-lity in Angus cross beef cows following 5-day CO-Synch + CIDR or 7-day CO-Synch + CIDR estrus synchronization and timed artificial insemina-tion. Theriogenology 2013;80:963–9.

Bainha Equina 0,50c/ camisa individual

Bainha 0,25 para T.E.pc. c/ 05 unidades

BIG FILTER P/ FIV.

MINI FILTER

HOLDING PLUS

DULBECCO

Meios para cultivo Celular e Embrionário

Preços especiais a partir de 20 unidades.Consulte condições para REVENDA!!

TUBO EM Y

ADAPTADOR RETOcom Vidro Borossilicato

AGULHA PARA RINGER

PIPETA FLEXÍVEL65 e 75cm

www.vitrocell.com.br | 19 3212.0804 | [email protected] | facebook.com/vitrocellembriolife

COLETOR ZF

GLOBAL NEWS ESPECIAL GLOBAL NEWS ESPECIAL

14 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 15

Milo Wiltbank

Já que você conhece o Brasil a tanto tempo (é quase um Brasileiro!), qual a sua avaliação da evolução da aplica-ção das biotecnologias no Brasil, em comparação com o Canadá, Estados Unidos ou Europa?

Obviamente, na PIV de embriões o Brasil está no topo! Com algumas das tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos,

Tad Sonstegard

Qual é o gargalo para que ocorra a massificação do uso (da seleção ge-nômica) pelos criadores?

A seleção genômica não se aplica a todos! Você precisa de pedigrees acurados, registros fenotípicos da raça, pressão genética quantitativa nas DEPs e valores preditivos que se-jam bem precisos e referentes a centenas de milhares de observações fenotípicas. Sem essa informação nos registros fica difícil obter uma boa predição genômica que possa ser usada na genotipagem. Também é preciso fazer um teste, uma sessão de treinamento que irá determinar o quanto que a sua predição será precisa. Resumindo, as ações efetivas não são muito grandes e é mais fácil se você fizer a genoti-pagem de quase todos os animais de elite na busca de uma predição acurada (baseada em todos os registros fenotípi-cos). Com o Nelore pode ser um pouco mais difícil, porque há uma grande quantidade de registros fenotípicos...pode ser feito, mas exige muito trabalho e muito dinheiro, além do que os produtores tem que praticar a seleção. Isto é o primeiro passo!

NESSA EDIÇÃO ESPECIALDO “GLOBAL NEWS”, CONFIRA TRECHOS SELECIONADOS DAS ENTREVISTAS CONCEDIDAS POR ALGUNS DOS PALESTRANTES PRESENTES NA REUNIÃO ANUAL DA SBTE 2014!

Veja todas as entrevistas - na íntegra! - no site da SBTE.

Gregg Adams (Presidente da IETS)

Como você vê esse intenso intercâm-bio científico entre a IETS e SBTE?

Eu acho que a SBTE é uma das sociedades de tecnologia

mais vibrantes do mundo e a sociedade internacional está

trabalhando muito agora para unir todas as diferentes na-

ções dentro da sociedade (a IETS). Eu acho que, de forma

coletiva, podemos ter uma voz muito mais forte em termos

de fazer políticas em saúde animal, de movimentação de ani-

mais, etc. Por isso é importante ter uma relação forte com

a SBTE!

Claire Ponsart (Chair IETS 2015 Versailles)

Este intercâmbio de informações é

muito importante para IETS. Precisa-

mos trabalhar de forma global e junto

com outras sociedades. Isto é para trocar dados científicos,

mas também para tentar promover o uso de biotecnologias

relacionadas aos embriões. Esta manhã nós tivemos uma

reunião muito importante (junto com a SBTE, a IETS e o

Mapa), para tentarmos elaborar um plano de ação e visando

organizar e esboçar um protocolo quanto aos aspectos sani-

tários da PIVE.

o Brasil disparou na liderança e acabou desenvolvendo de

forma muito melhor e utilizando-as de forma incrível. Este

é o caso para a IATF no gado de corte, pois é muito mais

intensificado o uso desta técnica do que nós fazemos nos

Estados Unidos. Porém, o mesmo não ocorre com o gado de

leite, no qual não estão usando a biotecnologia reprodutiva

tanto quanto poderia estar sendo utilizada - especialmente a

IATF, vocês não estão utilizando assim de forma tão eficaz.

Desse modo, no gado de corte realmente o Brasil está no

topo e com relação aos embriões PIV é lindo o trabalho reali-

zado. Então eu acredito que o Brasil está comprometido com

a biotecnologia de reprodução. Isso está realmente geran-

do resultados para o país e vai continuar a gerar resultados

para o país no futuro.

Patrick Blondin

Quanto a detecção precoce da gesta-

ção pode impactar os sistemas comer-

ciais de produção?

É uma boa pergunta e eu acho que certamente é um aspecto

importante da indústria (mesmo para nós!). Sempre quere-

mos encontrar a maneira de detectar cada vez mais cedo a

prenhez e houve umas apresentações, aqui na reunião, de

outros grupos que estão trabalhando com abordagens simi-

lares. Se pudermos detectar a prenhez, por exemplo, no dia

21 (do ciclo estral) esse seria um ponto crítico para todas as

atividades de transferência de embriões. Se nós pudermos

reagir rapidamente, e realizar outra transferência embrioná-

ria sabendo que não há mais outro embrião, aí então conse-

guiremos tirar vantagem, de todos os ciclos reprodutivos, e

reduzir o intervalo entre as gerações. Quanto mais nós re-

duzirmos este número de dias (daquela vaca que não está

grávida), é muito melhor para a fazenda.

XXVIIIREUNIÃO ANUAL DASOCIEDADE BRASILEIRA DETECNOLOGIA DE EMBRIÕES

NATAL - RN

16 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 17

ARTIGO TÉCNICO ARTIGO TÉCNICO

Clara Slade é graduada em

Medica Veterinária pela UFF,

possui mestrado doutora-

do em Medicina Veterinária

- Reprodução Animal pela

UNESP FCAV (Jaboticabal).

Atualmente é Analista A na

Embrapa Gado de Leite, onde

coordena as atividades do

Laboratório de Reprodução

Animal do Campo Experimental Santa Mônica (Valença- RJ),

atuando principalmente na área de sistemas de produção

in vitro e criopreservação de embriões bovinos, efeitos da

epigenética, polarização, raça e sistemas de cultivo sobre o

desenvolvimento embrionário bovino.

Autor para correspondência: Clara Slade Oliveira

e-mail: [email protected]

1. Uso de embriões bovinos como modelo biológico

Recentemente, diferenças críticas entre camundongos e

bovinos foram apontadas em experimentos de derivação de

células tronco embrionárias (Rossant, 2011) e em estudos

sobre a diferenciação do trofectoderma (Berg et al., 2011),

evidências que sugerem que o camundongo pode não ser o

melhor modelo para o estudo do desenvolvimento embrio-

nário humano, e ressaltam a importância da realização de

estudos com outras espécies.

A POLArIzAÇÃO DE bLASTÔMErOS E SUAS POSSíVEIS IMPLICAÇõES PARA A FORMAÇÃO DO BLASTOCISTO EM BOVINOS

Clara Slade Oliveira1

1Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG.

Dentre as semelhanças do desenvolvimento de embriões bovinos com embriões humanos, estão: (i) o momento de ativação do genoma embrionário atrasado em relação a ca-mundongos (8-16 células em bovinos, 4-8 células em huma-nos, 2 células em murinos); (ii) o tempo do desenvolvimen-to pré-implantacional estendido (6-7 dias em bovinos, 5-6 dias em humano e 3-4 em murinos); (iii) e as baixas taxas de produção de blastocistos observadas para embriões bovi-nos (Lonergan, 1994) e humanos (Niakan, 2013), ao contrario dos murinos, que apresentam taxas elevadas de produção. A este respeito, crescente interesse na embriologia bovina é observado, e o entendimento de vários mecanismos básicos faz-se necessário.

2. A polarização de blastômeros: lições aprendidas com o modelo murinoDurante o desenvolvimento embrionário pré-implantacional, o zigoto é formado e desenvolve-se no blastocisto, estrutura que contém as duas primeiras linhagens celulares de um in-divíduo: a massa celular interna (MCI), grupo de células que formará um novo organismo mais tarde no desenvolvimento; e o trofectoderma (TE), linhagem celular que participará da formação da placenta (Rossant & Cross, 2001). Entre os prin-cipais eventos durante a transição do zigoto ao blastocisto, podemos relacionar a polarização de blastômeros.

A aquisição de polaridade em células envolve a distribuição assimétrica de diversos aspectos celulares, incluindo molé-culas de superfície, organelas intracelulares e o citoesque-leto. Esta organização assimétrica culmina com a formação

18 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 19

ARTIGO TÉCNICO ARTIGO TÉCNICO

de pólos, que conferem às células características que parti-cipam da diferenciação e determinação de tipos e funções celulares. Alterações nos padrões de polaridade de células estão relacionadas a problemas no desenvolvimento e ao câncer (Royer & Lu, 2011).

Em embriões, durante a polarização de blastômeros, ocorre a distribuição de microvilosidades, proteínas e outras molécu-las, na região apical das células (domínio/pólo apical). Outro grupo de moléculas concentra-se na região basal das células (domínio/pólo basal). Uma vez estabelecidos, os domínios de polaridade distinguem regiões que contribuirão para a for-mação de células embrionárias internas e externas (Surani & Handyside, 1983), e mais tarde para a formação das duas primeiras linhagens celulares do blastocisto: a massa celular interna (MCI) e o trofectoderma (TE) (Figura 1.I). Isso ocorre porque, dependendo de como for delineado o eixo de divisão celular durante a clivagem da célula polarizada, ela poderá dar origem a duas células idênticas, com domínios polariza-dos (divisão simétrica), ou poderá originar uma célula polari-zada na região apical e outra sem domínios apicais (divisão assimétrica) (Figura 1.II). Apenas células que não possuem domínios apicais se interiorizam, e formam a MCI.

I. Embriões no estádio de 8 células apresentam distribuição assimétrica de diversos componentes, que os polarizam api-calmente e basalmente. No estádio de 16 células, células que não herdam componentes de polarização apical são interiorizadas, e células que apresentam polarização apical permanecem na porção externa do embrião. No estádio de 32 células, as células polarizadas apicalmente dão origem ao trofectoderma, e as não polarizadas apicalmente (internas) dão origem à massa celular interna.

II. No estádio de 8 células, os blastômeros podem sofrer di-visões simétricas (a), e dar origem a duas células apresen-tando domínios polares apicais e basais; ou sofrer divisões assimétricas (b), originando uma célula com domínios apicais e basais, e outra apresentando somente domínios basais, que poderá ser interiorizada (revisado por Johnson, 2009).

Para comprovação desta predestinação, experimentos foram conduzidos para alterar a posição de células polarizadas ou não (induzir células internas não polarizadas a ficarem na região externa, e internalizar células externas polarizadas), em embriões de camundongo de 16-células (um ciclo antes da formação do blastocisto). Verificou-se que mantendo cé-lulas internas em posição externa, as mesmas polarizam-se e permanecem nesta posição, tornando-se predestinadas a formar o trofectoderma (Ziomek & Johnson, 1982). No en-tanto, células externas (que apresentam domínios apicais polarizados) quando posicionadas internamente, não podem despolarizar e são naturalmente redirecionadas à porção ex-terna do embrião, contribuindo para o trofectoderma (John-son & Ziomek, 1983).

A polarização de células em embriões de mamíferos foi des-crita pela presença de microvilosidades em domínios api-cais, em embriões de camundongo no estádio de 8 células (Ziomek & Johnson, 1980). Em embriões bovinos, a polari-zação por microvilosidades apenas começa a ser detectada na fase de 16 células, em cerca de 40% dos blastômeros (Koyama et al., 1994). Porém, hoje sabemos que a polariza-ção envolve diversas outras moléculas, incluindo proteínas e RNAs (revisado por Johnson, 2009). Entre elas, o grupo de proteínas PAR. As PAR estão associadas ao controle de

Fig. 1. Modelo murino da polarização dos blastômeros e formação do blastocisto.

divisões simétricas/ assimétricas em muitos sistemas, e sua ação ocorre possivelmente pela interação com proteínas ki-nase C atípicas (aPKC). Embriões de camundongo expressam proteínas PAR assimetricamente, no domínio apical, a partir da fase de 8 células em diante, e sua manipulação afeta a polarização dos blastômeros (Plusa et al., 2005).

Como participam da polarização apical dos blastômeros, na-turalmente as proteínas PAR também estão associados com a especificação do trofectoderma. Experimentos utilizando siRNA em embriões de camundongo demonstraram que a re-dução regulada de PAR3 em blastômeros induziram o aumen-to de sua contribuição para a MCI, tanto pela elevação do percentual de divisões assimétricas que o blastômero com níveis reduzidos de PAR3 sofreu, quanto pelo aumento da internalização das células geradas (Plusa et al., 2005).

3. Expressão de PAR6c em embriões bovinosAs proteínas PAR também estão presentes em bovinos. Na maior parte dos embriões, a polarização por PAR6c é eviden-ciada em embriões no estádio de 9-16 células (Figura 2). Na fase de 16 células, entre 3 a 7 blastômeros estão localiza-dos no interior dos embriões, em camundongos (revissado por Johnson 2009). Como a posição de células internas e externas permanece estável até o estágio de blastocisto (Tarkowski & Wroblewska, 1967), células internas darão origem à MCI, e posteriormente ao novo indivíduo, e célu-las externas formarão o TE, e posteriormente a porção em-brionária da placenta. Em embriões de camundongo, como a polarização ocorre no estádio de 8 células –quando não

existem ainda células internas, ou seja, todas apresentam porções externas e polarizadas -, todas as células internas, que formarão a MCI, são derivadas de células polarizadas. Já em bovinos, a polarização ocorre quando já existem cé-lulas internas. Portanto, as células da MCI podem ser deri-vadas de células que nunca apresentaram domínios apicais, ao contrário do que ocorre nos camundongos (Figura 3). A pergunta é: será que esta característica poderia afetar as propriedades das células internas de bovinos?

I. Imagens de PAR6c (Alexa 488, verde), núcleo (HOECHST, azul) e contraste de fase mesclado com PAR6c e núcleos são mostradas. II. Percentual de embriões bovinos expressando PAR6c em cada estádio do desenvolvimento inicial. Dados baseados em duas replicatas e 48 estruturas. Asteriscos de-notam diferença estatística (Teste exato de Fisher, P=0,05).

Outro fenômeno importante relacionado à polarização é a compactação. Assim como a polarização, ela é estabelecida em momentos diferentes em camundongos e bovinos. Embo-ra seja descrita no estádio de 8 células em murinos, a com-pactação somente se inicia em torno do estádio de 16 a 32 células em bovinos (Betteridge e Fléchon, 1988, Van Soom et al., 1997). Em nossas condições, observamos a maioria dos embriões já apresentando morfologia compacta no estádio de 9-16 células. Embora em camundongos a polarização api-cal por PAR só ocorra no momento da compactação (Vinot et al., 2005), a expressão de PAR6c foi notada em alguns embriões bovinos que ainda não apresentavam sinais de compactação (Figura 4).

Fig. 2. Expressão de PAR6c durante o desenvolvimento embrionário bovino.

20 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 21

ARTIGO TÉCNICO ARTIGO TÉCNICO

A comparação dos eventos entre as espécies é desafiado-ra, uma vez que o desenvolvimento embrionário inicial em bovinos é assíncrono, e longo. Assim, durante a transição de 8 para 16 células, os embriões podem apresentar número variado de blastômeros (16, 10, 12, 9, por exemplo), o que significa que algumas células estão em um estágio de de-senvolvimento mais atrasado (ainda não sofreram a divisão celular) e outras em estágio avançado (um ciclo de clivagem à frente). Assim, a polarização pode ser alcançada apenas por algumas células, nas quais seriam estabelecidas micro-vilosidades apicais e distribuição de proteínas polarizantes basais, como a E-caderina, essencial para a compactação.

No modelo murino, os embriões no estádio de 8 células ex-pressam PAR6c na região apical, e todos seus blastômeros se tornam polarizados (células laranja com extremidades verdes). No estádio de 16 células, células que não herdam componentes de polarização apical são interiorizadas, e células que apresentam polarização apical permanecem na porção externa do embrião. Porém, todas são originadas a partir de blastômeros polarizados (8-células), por isso são representadas na cor laranja. No estádio de 32 células, as células polarizadas apicalmente dão origem ao trofectoder-ma, e as não polarizadas apicalmente (internas) dão origem à massa celular interna.

Fig. 3. Modelo bovino da polarização dos blastômeros por PAR6c e formação do blastocisto.

No modelo bovino, os embriões expressam PAR6c na região apical apenas no estádio de 9-16 células, e apenas blastô-meros externos se tornam polarizados (células laranja com extremidades verdes). Já existe, neste estádio, um grupo de células que não foi gerado a partir de células polarizadas, re-presentado na cor cinza. Na formação do blastocisto, estas células internas, que ao contrario das células de embriões murinos podem não ter sido polarizadas apicalmente na ge-ração anterior, darão origem à massa celular interna.

Os embriões bovinos são especiais. Seu padrão de clivagem assíncrona, ciclos celulares longos, ativação tardia do ge-noma embrionário e formação de linhagens, e baixa taxa de formação de blastocistos in vitro ressaltam o cuidado neces-sário ao extrapolar-se o modelo camundongo para a espécie bovina. Em camundongos, as clivagens são sincronizadas – exceto no momento das divisões celulares (intervalos curtos,

de 1 a 2 h), é muito difícil a visualização de embriões de 3, 5, 10 células, por exemplo. Já em bovinos, dificilmente podemos falar em embriões de 8 células, embriões de 16 células; a grande maioria apresenta número intermediário de células, já que a clivagem dos blastômeros em um mesmo embrião apresenta grandes intervalos. Da mesma forma, po-demos apontar a sincronia entre embriões de camundongos – costumam desenvolver-se no mesmo tempo, possibilitando a visualização de até 100% de embriões no mesmo estádio de desenvolvimento em todos os momentos de avaliação. Ao contrário, em bovinos frequentemente observamos embriões de 4, 8 e 16 células no mesmo momento de avaliação, sendo todos potencialmente viáveis.

A formação de blastocistos ocorre na transição entre 32-64 células em bovinos, dois ciclos celulares após o estabele-cimento da polarização, enquanto em camundongos ocorre

22 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 23

ARTIGO TÉCNICO ARTIGO TÉCNICO

na fase de 32 células inicial, também dois ciclos celulares depois da polarização e compactação. Portanto, apesar de todas as diferenças, aparentemente os embriões de ambas as espécies (bovinos e camundongos) exigem dois ciclos ce-lulares para reorganizar e diferenciar as suas linhagens após a compactação e polarização.

Fig.4. Compactação e expressão de PAR6c em embriões bovinos.

I. Imagens de contraste de fase mesclado com faloidina e PAR6c são mostradas em embriões de 9-16 células. Note a presença de pólos apicais de PAR6c tanto em embriões morfologicamente compactados quanto não compactados. II. Percentual de embriões compactados em cada estádio avaliado: 5-8 (55h.p.i.), 9-16 inicial (55h.p.i)., 9-16 tardio (120h.p.i)., morula (144h.p.i.) e blastocisto (168h.p.i.) (2 repli-catas, n=66 estruturas). Letras diferentes denotam diferen-ça estatística (Teste exato de Fisher, P=0,05).

4. ConclusãoO aprofundamento dos conhecimentos básicos da embrio-gênese bovina podem desvendar mecanismos responsáveis pelas marcantes diferenças apontadas nos embriões bovi-nos, e além de fornecer aos embriologistas informações que possibilitem a eleição do modelo animal mais apropriado para seus objetivos e hipóteses, certamente auxiliarão no desenvolvimento de estratégias para aperfeiçoar a produção in vitro de embriões bovinos.

Caracterizamos a presença de proteína polarizante um ci-clo celular após sua ocorrência em embriões de camundon-gos, evidenciando seu estabelecimento após a formação do compartimento de células internas em bovinos. Portanto, as células internas de bovinos apresentam uma diferença marcante em relação às de camundongo, que reside na pos-sibilidade de serem “filhas” de células nunca polarizadas.

Seriam as propriedades de células internas, já no estádio de 16 células, distintas entre embriões bovinos e murinos? Es-taria este evento possivelmente relacionado à dificuldade na derivação de linhagens a partir da MCI de embriões bovinos, e talvez aos baixos índices de formação de blastocistos in vitro apontados para a espécie?

Apoio: Faperj e Fapemig.

5. ReferênciasBerg DK, Smith CS, Pearton DJ, Wells DN, Broadhurst R, Donnison M, Pfeffer PL. Trophectoderm lienage determination in cattle.  Dev. Cell. 2011;20:244–255.

Betteridge KJ, Fléchon JE. The anatomy and physiology of pre-attach-ment bovine embryos. Theriogenology 1988; 29:155-187.Johnson MH. From mouse egg to mouse embryo: polarities, axes, and tissues. Annu Rev Cell Dev Biol. 2009; 25:483-512.Johnson MH, Ziomek CA. Cell interactions influence the fate of mouse blastomeres undergoing the transition from the 16- to the 32-cell stage. Dev Biol. 1983; 95(1):211-218.

Koyama H, Suzuki H, Yang X, Jiang S, Foote RH. Analysis of polarity of bovine and rabbit embryos by scanning electron microscopy. Biol Reprod. 1994; 50(1):163-170.

Lonergan P, Carolan C and Mermillod P. Development of bovine embryos in vitro following oocyte maturation under defined conditions. Reproduc-tion, Nutrition and Development 1994; 34:329-339.

Niakan KK, Eggan K. Analysis of human embryos from zygote to blas-tocyst reveals distinct gene expression patterns relative to the mouse. Dev. Biol. 2013; 375(1):54-64.

Plusa B, Frankenberg S, Chalmers A, Hadjantonakis AK, Moore CA, Pa-palopulu N, Papaioannou VE, Glover DM, Zernicka-Goetz M. Downregu-lation of Par3 and aPKC function directs cells towards the ICM in the preimplantation mouse embryo. J Cell Sci. 2005; 118(3):505-515.

Rossant, J. Developmental Biology: a mouse is not a cow. Nature 2011; 471:457-458.

Rossant J, Cross JC. Placental development: lessons from mouse mu-tants. Nat Rev Genet. 2001; 2(7):538-548.

Royer C, Lu X. Ephitelial cell polarity: a mojor gatekeeper against câncer? Cell Death Differ. 2011; 18(9):1470-1477.

Surani MA, Handyside AH. Reassortment of cells according to position in mouse morulae. J Exp Zool 1983; 225(3):505-511.

Tarkowski AK, Wroblewska J. Development of blastomeres of mouse eggs isolated at the 4- and 8-cell stage. Development 1967;18:155–80

Van Soom A, Boerjan ML, Bols PE, Vanroose G, Lein A, Coryn M, de Kruif A. Timing of compaction and inner cell allocation in bovine embryos pro-duced in vivo after superovulation. Biol Reprod. 1997; 57(5):1041-1049.

Vinot S, Le T, Ohno S, Pawson T, Maro B, Louvet-Vallée S. Asymmetric distribution of PAR proteins in the mouse embryo begins at the 8-cell stage during compaction. Dev Biol. 2005; 282(2):307-319.

Ziomek CA, Johnson MH. The roles of phenotype and position in guiding the fate of 16-cell mouse blastomeres. Dev Biol. 1982; 91(2):440-447.

Ziomek CA, Johnson MH. Cell surface interaction induces polarization of mouse 8-cell blastomeres at compaction. Cell 1980; 21(3):935-942.

24 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 25

RADAR SBTE RADAR SBTE

NOTÍCIAS E NOvIDADESCanal Genex divulga no You Tube in-formações sobre o “Uso de Touros Superiores na Pecuária de Corte” e “Reposição de Matrizes Nelore”

O Dr. Enoch Borges de Oliveira Filho (ex-Presidente e atu-almente associado da SBTE) já produziu, e disponibilizou, quatro curtos vídeos – cada um com aproximadamente 5,5 minutos – com a temática da seleção de rebanhos e enfo-cando o aspecto do macho e da fêmea. O público alvo é am-plo, variando dos próprios criadores, técnicos pecuários e práticos até médicos veterinários e leigos.

Links no You Tube:Partes 1, 2 e 3 – Uso de touros superiores na pecuária de cortehttp://www.youtube.com/watch?v=xgJKPnLrN_whttp://www.youtube.com/watch?v=giB5U9jqX1ghttp://www.youtube.com/watch?v=mXRoL39hGloParte 1 – Reposição de matrizes Nelore http://www.youtube.com/watch?v=n10o1NfiQ-g

Mudança de Coordenação de Área FAPESP

A Coordenação de Área Agronomia e Veterinária II da Funda-

ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

sofreu alteração devido à substituição do Dr. Ciro Moraes

Barros (professor aposentado do Departamento de Farmaco-

logia, Instituto de Biociências, UNESP, Câmpus de Botucatu)

pelo Prof. Dr. Flávio Vieira Meirelles (Departamento de Me-dicina Veterinária, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, USP, Câmpus de Pirassununga). Ambos são asso-ciados da SBTE e tem atuado ativamente na sociedade com participações na Diretoria, como palestrantes, revisores de resumos e artigos e responsáveis pela coordenação de ativi-dades relacionadas com as reuniões anuais. A aposentadoria do Prof. Ciro foi muita sentida pela SBTE, porém desejamos que ele continue a participar das reuniões anuais.

SBTE PREMIA MELHORES TRABALHOS NAÁREA BÁSICA E APLICADA

Durante a XXVIII Reunião Anual da SBTE foram apresenta-dos 221 resumos em diferentes áreas relacionadas a repro-dução, tais como inseminação artificial, produção in vitro de embriões, clonagem e etc. Alguns destes trabalhos foram premiados, como melhor trabalho na área básica e melhor trabalho na área aplicada. Além disto, alguns resumos foram selecionados e apresentados na tradicional competição de estudantes, sendo que este ano foi dividida em competição de estudantes da área básica e competição de estudantes da área aplicada. Veja nesta edição do JoE dois artigos dos resumos premiados ou acesse o site da SBTE, e confira na íntegra os artigos dos resumos premiados na área básica, aplicada e competição dos estudantes.

No mês de outubro foi anunciado o resultado da edição 2014 do Prêmio Capes de Tese e a reprodução animal foi um destaque. Dos cinco contemplados nas áreas de Zootecnia ou de Medicina Veterinária, quatro fo-ram trabalhos relacionados com a reprodução animal e também já foram, em algum momento, destaques das reuniões anuais da SBTE. A sincronia, entre os des-taques desses trabalhos nas nossas reuniões anuais, indica que a SBTE está no caminho certo de valorizar importantes e atuais tendências científicas realizadas no Brasil. Veja abaixo a lista dos premiados:

Fabiana Fernandes Bressan, USP/Pirassuninga. Prêmio CAPES de Tese, edição 2014, área de Zootecnia/Recursos pesqueiros. Orientador: Flávio Vieira Meirelles.

José de Oliveira Carvalho, USP/ESALQ/Piracicaba, Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Tese, Edição 2014, área Zootecnia/Recursos pesqueiros. Orientador: Roberto Sartori; Co-orientador: Margot Alves Nunes Dode.

Joanna Maria Gonçalves de Souza, UECE. Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Tese, Edição 2014, área de Medicina Veterinária. Orientador: Vicente José Figueiredo Freitas; Co-orientador: Pascal Mermillord, UECE.

Mateus José Sudano, UNESP/Botucatu. Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Tese, Edição 2014, área de Medicina Veterinária. Orientador: Fernanda da Cruz Landin; Co-orientador: José Buratini Junior.

Confira a reportagem completa no site da SBTE

PRÊMIO CAPES DE TESE 2014Site SBTE

O site da SBTE (www.sbte.org.br) está constantemente sen-

do atualizado e melhorado. Convidamos todos os associados

a, periodicamente, acessá-lo e conferir as diversas seções.

Além disto já está disponível no site uma área destinada

ao associado, para divulgação de curso, palestras, eventos

e etc. Basta enviar o link do site do evento ou folder de di-

vulgação para o email [email protected], solicitando que o

evento seja divulgado no site da SBTE. Além disso, todas

as sugestões recebidas serão cuidadosamente avaliadas

quanto a sua viabilidade. Contamos com a colaboração do

associado para tornarmos nossa sociedade cada vez melhor.

Destacamos – na seção “Notícias” - a entrevista concedida

pela Dra. Birthe Avery (pesquisadora aposentada da Univer-

sidade de Copenhagen, Dinamarca, e uma das pioneiras na

produção in vitro de embriões bovinos), com destaque para

as suas lembranças de quando esteve no Brasil, em reunião

anual da SBTE no ano de 1993, na cidade de Jaboticabal-SP

e quando o Dr. Enoch B. de Oliveira Filho era o presidente.

ENOCh ErA UM vISIONárIO E já COMPrEENDIA

A IMPOrTâNCIA DAS COOPErAÇõES INTErNACIONAIS

“”

26 - Jornal O Embrião

RADAR SBTE

“...Eu conheci o professor Enoch Borges de Oliveira Filho em uma conferência em Copenhagen no início dos anos 1990, ocasião em que ele visitou meu laboratório e conversamos muito sobre fertilização in vitro. Ele me convidou para uma visita de três meses a seu laboratório e também para parti-cipar da conferência da SBTE em 1993. Eu me recordo dele com muito apreço, pois ele foi extremamente agradável e acolhedor para comigo. Eu tive uma ótima estadia em Jabo-ticabal. Eu conheci muitas coisas e me lembro, particular-mente, de uma visita a uma grande central de touros, e tam-bém que fiquei muito impressionada com o gado Bos indicus. Na minha opinião, Enoch era um visionário e já compreendia a importância das cooperações internacionais, o que ainda está acontecendo hoje, 20 anos depois, com o projeto GIFT (Genomic Improvement of Fertilization Traits in Danish and Brazilian Cattle) um projeto de pesquisa com colaboração entre Dinamarca e Brasil.

No laboratório de Enoch eles já realizavam a produção in vitro de bovinos, e lá conheci suas brilhantes estudantes/

cientistas, todas mulheres: Yeda Watanabe, Daniela Quet-

glas, Lia de Alencar Coelho e Christina, naquele momento.

Em seguida eu também conheci Claudia Lima Verde Leal,

Marcelo Nogueira entre outros. Eles me trataram muito bem

durante minha estadia e eu tive o prazer de convidar Daniela

ao meu laboratório, em 1995, onde ela passou três meses

fazendo fertilização in vitro. Isso tudo enfatiza a importância

da participação em congressos e das visitas internacionais

para fins científicos frutíferos. Para uma cidadã dinamar-

quesa vinda de um pequeno país com apenas 5 milhões de

habitantes, Jaboticabal não era uma cidade pequena e tudo

parecia muito exótico, desde a terra vermelha nas estradas,

as bananeiras, os churrascos ao ar livre, os longos dias de

sol, até o jacaré em um lago próximo.”

Confiram ainda a palestra “Quanto vale uma prenhez?”, do

Prof. Dr. José Bento Sterman Ferraz e que foi proferida du-

rante a Reunião Anual da SBTE em 2014.

Con

sulta

r o M

édic

o Ve

terin

ário

par

a av

alia

ção

das

fem

eas

e m

aior

es in

form

açõe

s.

Programa reprodutivopara novilha zebuina

AF_Anuncio protocolo 21X28.indd 1 10/15/14 11:06 AM

PREMIAÇÃO PREMIAÇÃO

28 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 29

DUrANTE A XXvIII rEUNIÃO ANUAL DA SbTE FORAM PREMIADOS VáRIOS RESUMOS EM DIFERENTES áREAS RELACIONADAS COM A REPRODUÇÃO ANIMAL

DUrANTE A rEUNIÃO, TAMbéM TIvEMOS A OPORTUNIDADE DE CONFERIR O TALENTO MUSICAL DE ALGUNS DE NOSSOS ASSOCIADOS, PROPORCIONANDO UM MOMENTO DE LAzER E DESCONTRAÇÃO DURANTE O COqUETEL DE ABERTURA

Prêmio “Roberto Jorge Chebel”(destaque do ano na área aplicada)JÚLIO CÉSAR BARBOZA DA SILVA

Melhor Trabalho Científico “Ciência”(área básica)CLARA SLADE OLIVEIRAPadrão de expressão da proteína polarizante PAR6C em embriões bovinosfêmeas e machosC.S. Oliveira, A. Jedrusik; N.Z. Saraiva, L.S.A. Camargo, J.M. Garcia, M.

Zernicka-Goetz

Melhor Trabalho Científico “Tecnologia”(área aplicada)GUILHERME PUGLIESIImpacto da suplementação de progesteronade longa ação durante o diestro inicial em vacas Nelore submetidas à IATFG. Pugliesi, F.B. Santos, E. Lopes, E.H. Madureira, E. Nogueira, J.R.G.

Maio, L.A. Silva, M. Binelli.

Prêmio “Assis Roberto de Bem”(destaque do ano na área científica)MARIO BINELLI

Competição de Estudantes (SBTE Ciência)

PRIMEIRO LUGARANGELA MARIA GONELLA-DIAZASBTE170 Embriologia, biologia do desenvolvimento e fisiologia da reprodução

A manipulação do perfil peri-ovulatório de esteróides sexuais afeta a expressão gênica do oviduto em vacas NeloreA.M. Gonella-Diaza1, S.C. Scolari1, M. Sponchiado1, S.C.S. Andrade2, F.S. Mesquita3, G. Gasparin2, L.L. Coutinho2, M. Binelli1

1FMVZ - USP; 2Laboratório de Biotecnologia Animal, ESALQ-USP; 3Universidade Federal Do Pampa.

SEGUNDO LUGARRIBRIO IVAN TAVARES PEREIRABATISTACélulas epiteliais de oviduto bovino e fluido de oviduto modulam de forma diferente a incidência de polispermia durante a fecundação in vitro de suínosR.I.T.P. Batista1, L. Moro2, J.M.G.S. Fabjan3, V.J.F. Freitas3, P. Mermillod2

1Universidade Estadual do Ceará (UECE); 2Institut National de Recherche Agronomique (INRA), Physiologie de la Reproduction et des Comportemen; 3Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução, FAVET/UECE.

TERCEIRO LUGARSABINE WOHLRES-VIANAExpressão de isoformas do receptor de LH durante a divergência folicular em bovinosS.Wohlres-Viana1, E.K.N. Arashiro2, L.S.A.

Camargo3, M.A. Machado3, C.A.C. Fernandes2, J.H.M. Viana3

1UFJF; 2Universidade Jose Do Rosario Vellano; 3EMBRAPA Gado De

Leite, Juiz de Fora, MG, Brasil.

Competição de Estudantes (SBTE Tecnologia)

PRIMEIRO LUGARMARCOS HENRIQUE COLOMBO PEREIRAExpressão de estro aumenta a fertilidade e reduz perdas de gestação em protocolos de IATF e TETFM.H.C. Pereira1, T.G. Guida1, L.P. Barbosa1, F.R. Lopes1, A.K. Munhoz1,

M.C. Wiltbank2, J.L.M. Vasconcelos1

1UNESP-Botucatu, 2University of Wisconsin.

SEGUNDO LUGARGIOVANNI M. BAEZA importância do tamanho uterino na fertilidade de vacas leiteiras em lactaçãoG.M. Baez, R.V. Barletta, B.O. Cardoso, E. Trevisol,

M.C. Wiltbank

University of Wisconsin.

TERCEIRO LUGARHENRIQUE PEDRO DIASAlta concentração de progesterona influencia negativamente a expressão do receptor de LH em células da granulosa de novilhas NeloreH.P. Dias1, J.P. Albuquerque1, A.C.S. Castilho2, J.L.M. Vasconcelos1

1FMVZ - UNESP – Botucatu, 2Faculdade de Ciências e Letras.

Jornal O Embrião - 31

ARTIGO TÉCNICO

REUNIÃO SBTE 2014 REUNIÃO SBTE 2014

32 - Jornal O Embrião Jornal O Embrião - 33

SUCESSO

PLENÁRIA

SESSÃO DE PÔSTERES COFFEE BREAK

FEST

A DE

EN

CERR

AM

ENTO

ASSEMBLÉIA GERAL DA SBTE

PALE

STRA

NTE

Veja todas as fotos da XXVIII Reunião no site da SBTE

34 - Jornal O Embrião

RADAR SBTE

Copy

right

Zoet

is In

dústr

ia de

Pro

duto

s Vet

erin

ário

s Ltd

a. To

dos o

s dire

itos r

eser

vado

s. Ma

teria

l pro

duzid

o em

out

ubro

de 2

014.

Par

a inf

orm

açõe

s, co

nsul

te o

site

www

.zoet

is.co

m.b

r ou

SAC:

0800

011

19 19

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

ZOR-022-14 Anuncio NELORE PURO 208x275 copiar.pdf 1 30/09/14 16:51

rESENhA DE LIvrO: PRINCíPIOS DO DESENVOLVIMENTO (pRINCIpLES OF DEVELOpMENT)

Quarta edição, de Lewis Wolpert e Cheryll Tickle

Este livro complementa, perfeitamente, a sugestão de livro que foi publicada no site SBTE, na seção “Notícias” - Em-briologia Veterinária, 1ª Edição, 2012, Elsevier – do Prof. Poul Hyttel e colaboradores (http://www.sbte.org.br/?op=itLeitu-ra&id_srv=2&id_tpc=1&nid_tpc=&id_grp=1&add=&lk=1&n-ti=32&l_nti=S&itg=S&st=&dst=3). Juntos, eles fornecem uma poderosa base teórica para a compreensão da maioria dos fenômenos que são a base da temática discutida regu-larmente nas reuniões da SBTE!

Apesar da língua inglesa - como alternativa, há a 3ª edição em português! - e de ter sido publicado há quatro anos atrás, este ainda continua a ser um livro referência na biologia do desenvolvimento! Segundo a descrição do livro no site da Amazon: “Escrito por dois altamente respeitados e influen-tes biologistas do desenvolvimento, Lewis Wolpert e Cheryll Tickle, Principles of Development, Quarta Edição, combina uma cuidadosa exposição do assunto com opiniões vindas de vários dos pesquisadores pioneiros do mundo. Ele guia os estudantes dos fundamentos até as últimas descobertas nessa área.”

Muito de biotecnologia da reprodução assistida também é discutida nesse livro como, por exemplo, a clonagem, o qui-merismo e a transgenia.