Jornal Sem Terrinha janeiro de 2010

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Ano 3 № 28 Novembro de 2010 A i, Ai, acordei hoje pensando em uma coisa: no grito! (risos). É que ontem estávamos em uma assembléia e me dei conta que o grito, quando é de uma pessoa só, é alto e chama atenção, mas quando é de muitas, além de ficar alto e chamar a atenção, ele também fica bonito... Quer dizer alguma coisa... Gritamos quando queremos algo, gritamos quando a dor é imensa. E quando a alegria é maior do que podemos suportar. E quando misturamos as duas coisas, dor e alegria. É assim nas palavras de ordem, foi assim na assembléia ontem... E foi assim no encontro Sem Terrinha que participei no mês passado... Aliás, falando do encontro, o que não faltou foram as palavras de ordem que fazíamos em todos os momentos que estávamos reunidos em plenária. Nós crianças também gritamos quando estamos brincando e no encontro Sem Terrinha o grito das brincadeiras também era bem coletivo... de 400 crianças! Quem não estava participando do encontro, talvez não entendesse muito bem do que se tratava, mas até estes momentos de brincadeira eram muito organizados. Aliás, em nossa marcha e na frente da Secretaria de Educação, gritamos o que precisamos em nosso dia a dia no assentamento. “Se por acaso” o governo não sabia, naquele dia ficou sabendo! O grito foi bem forte: Queremos escola, melhoramento das estradas, biblioteca, laboratório de informática! Falando nisso, nesta edição do jornal vamos ver o que aconteceu no mês de outubro em nossos estados! E agora mais um grito: Viva os Sem Terrinha de Todo o Brasil! Quanto mais gente, mais bonito fica o grito...

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Jornal Sem Terrinha janeiro de 2010

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Ano 3 • № 28 • Novembro de 2010

Ai, Ai, acordei hoje pensando em uma coisa: no grito! (risos). É que ontem estávamos em uma

assembléia e me dei conta que o grito, quando é de uma pessoa só, é alto e chama atenção, mas quando é de muitas, além de ficar alto e chamar a atenção, ele também fica bonito... Quer dizer alguma coisa...

Gritamos quando queremos algo, gritamos quando a dor é imensa. E quando a alegria é maior do que podemos suportar. E quando misturamos as duas coisas, dor e alegria.

É assim nas palavras de ordem, foi assim na assembléia ontem... E foi assim no encontro Sem Terrinha que participei no mês passado...

Aliás, falando do encontro, o que não faltou foram as palavras de ordem que fazíamos em todos os momentos que estávamos reunidos em plenária.

Nós crianças também gritamos quando estamos brincando e no encontro Sem Terrinha o grito

das brincadeiras também era bem coletivo... de 400 crianças! Quem não estava participando do encontro, talvez não entendesse muito bem do que se tratava, mas até estes momentos de brincadeira eram muito organizados.

Aliás, em nossa marcha e na frente da Secretaria de Educação, gritamos o que precisamos em nosso dia a dia no assentamento. “Se por acaso” o governo não sabia, naquele dia ficou sabendo! O grito foi bem forte: Queremos escola, melhoramento das estradas, biblioteca, laboratório de informática!

Falando nisso, nesta edição do jornal vamos ver o que aconteceu no mês de outubro em nossos estados!

E agora mais um grito: Viva os Sem Terrinha de Todo o Brasil!

Quanto mais gente, mais bonito fica o grito...

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O espaço também é seu!Escreva você também para o Jornal das

Crianças Sem Terrinha. Mande suas críticas, elogios, sugestões, poesias e desenhos. Anote aí o nosso endereço:

Alameda Barão de Limeira, 1232, Campos Elíseos, São Paulo, SP CEP 01202 - 002 Correio eletrônico: [email protected]

O foi elaborado coletivamente pelos Setores de Educação, Comunicação e Cultura.

Os desenhos foram feitos por crianças Sem Terrinha de todo o Brasil. Agradecemos também a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram

para este trabalho, especialmente aos estados: Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e ao Distrito Federal.

Esta edição faz parte do Jornal Sem Terra nº 308Correio eletrônico: [email protected]

Página na internet: www.mst.org.br

2 Jornal SEM TERRINHA • Novembro 2010

“Eu acho o encontro Sem Terrinha

muito legal. A gente comemora

o dia das crianças, mas não só

comemora o dia das crianças, mas

também comemora as terras que

a gente ocupa com os nossos pais.

Hoje, vamos fazer uma mobilização

pelas escolas que estão faltando nos

acampamentos e assentamentos.

Os acampamentos estão

sem escola pública.”

Euclides Júnior, 12 anos

“Foi legal na hora que nós fomos fazer a caminhada, e na hora que o padre falou também foi legal. Na hora

que a gente estava comendo o bolo também foi legal.

Brincar na escada também, mas na hora que a gente foi

embora... eu fiquei chata.” Silvana de Castro da Silva, 9 anos

“Eu gosto muito de vir no encontro Sem Terrinha, porque estudo, brinco, conheço outros

Sem Terrinha... e é legal, tem muitos brinquedos no dia das

crianças. Não pode acabar os encontros, pois ajuda na

informações dos militantes Sem Terrinha. Quando eu vier de novo

eu tenho muitos amigos, daí posso brincar com meus amigos.”

Claudineia Moreira dos Santos, 9 anos

“Sem terrinha é uma criança

que luta para ganhar sua

própria terra, por escola,

para ter sua casa própria, por

saúde. Os Sem Terra não são só

crianças, mas também adultos.

É bom participar dos encontros

porque a gente aprende a fazer

mística e também aprende

sobre o MST.”

Liane Roa da Silva, 10 anos

“Agora estamos na escola mais longe, porque a escola

do assentamento foi fechada. Lá na escola falta: uma

quadra de esportes, uma sala adequada, materiais, um pátio

fechado, e para os alunos da tarde um parquinho, e uma

estrutura boa.” Encontro Sem Terrinha RS

“O Encontro Sem Terrinha serve para mostrar que nós somos iguais e não desiguais e que

nós também temos direitos a reivindicar direitos como saúde, educação, moradia,

saneamento básico, alimentos livres de veneno e prá nós Sem Terrinhas estar dentro

de uma organização como MST, para que juntos possamos fazer a transformação da

sociedade. Tem gente que pensa que para viver no campo não precisamos estudar e nos

preparar para uma determinada profissão. Mas o MST pensa diferente, pois para viver no campo é necessário estudar para termos nossos profissionais preparados para nossa

realidade, a realidade do campo.” Alexander Duarte Fernandes, 14 anos

“Eu não sou do Sem Terrinha,

moro no morro aqui na

cidade. Achei legal o encontro

porque conheci gente nova e

o Movimento. Imaginava que

eram bagunceiros, que só

vinham estragar as coisas.

Mas não, eles são legais e

organizados.”

Allisson Machado da Silva, 10 anos

Distrito Federal

Maranhão

Rio Grande do Sul

Rio de Janeiro

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Jornal SEM TERRINHA • Novembro 2010 3

“Sou Sem Terrinha

desde quando nasci,

tenho 9 anos e é

muito legal viraanos

encontros do Sem

Terrinha.”

Chaiani Scheffer , 9 anos“O Encontro Sem Terrinha serve para mostrar

que nós somos iguais e não desiguais e que nós também temos direitos a reivindicar direitos como saúde, educação, moradia,

saneamento básico, alimentos livres de veneno e prá nós Sem Terrinhas estar dentro

de uma organização como MST, para que juntos possamos fazer a transformação da

sociedade. Tem gente que pensa que para viver no campo não precisamos estudar e nos

preparar para uma determinada profissão. Mas o MST pensa diferente, pois para viver no campo é necessário estudar para termos nossos profissionais preparados para nossa

realidade, a realidade do campo.” Alexander Duarte Fernandes, 14 anos

“O que é Sem Terrinha, você não sabe? Eu sei, é lutar pelos seus direitos, direitos da criança,

moradia digna e uma vida melhor. Existem muitas crianças na rua passando fome, sem estudo e moradia, sem pai e sem mãe. Precisamos

acabar com a miséria, por isso nunca podemos desistir de lutar, não só pela terra, mas por

escola, dignidade. Muitas crianças trabalham de escravos catando papelão nas ruas, sendo humilhados pelos outros. Por isso temos que

enfrentar tudo o que vier, no acampamento e assentamento, plantando orgânico e sem

agrotóxico para não prejudicar nossa saúde. Saímos para várias marchas e encontros. Lá

aprendemos brincadeiras e coisas diferentes.” Caciane Dluznielwski Gluszcrak, 10 anos

“Eu sou Sem Terrinha na luta pelos

direitos de ter uma escola dentro do

assentamento e um hospital por perto com

bom atendimento. Mas não sou só eu que

estou na luta para conseguir um pedaço

de terra, tem muitos Sem Terrinha que

somos nós, crianças, lutando pelos nossos

direitos, porque nós somos humanos e

temos direitos como qualquer uma das

pessoas. Por isso estamos realizando

vários encontros dos Sem Terrinha, para

continuar a luta pela terra merecida e

também ajudamos nossos pais a realizar

as tarefas no campo.”

Stefane Caroline Schultz Tavares, 10 anos

Minas Gerais

ParaíbaParaná

Santa Catarina

São Paulo

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Jornal SEM TERRINHA • Novembro 20104

De quem é o poder? Esse será um dos nossos desafios na Revista: conhecer o conceito e as relações de poder, discutindo com os núcleos de crianças nos assentamentos e acampamentos, nas cirandas, nas escolas e com nossas famílias, a partir de nossas vidas na comunidade.

Dica de Leitura: REVISTA SEM TERRINHA Nº- 3

Chegou a 3ª edição da nossa Revista Sem Terrinha! Consulte seu estado para pedir exemplares.

Ela está repleta de desenhos, poesia, literatura, e tem um novo jogo para montar e brincar com os/as Sem Terrinha.

O texto inicial traz a história de Sofia, uma Sem Terrinha que conta o seu cotidiano na vida do assentamento. Ela está alfabetizando o seu avô e vai descobrindo com ele a Reforma Agrária Popular. A narrativa está recheada de elementos para atividades de estudo e de produção artística.

Também tratamos de um tema que merece ser trabalhado sempre com as crianças: as relações de poder. O que será o poder?

Vamos mandar nosso

recado?Você viu as

mensagens que os Sem Terrinha

do Brasil mandaram para o nosso jornal? Que tal usar

o espaço ao lado para fazer

a sua também? Vale escrever,

desenhar e/ou pintar!