Jornal UEG | Edição 19 | junho-julho | 2016

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jornal UEG Jornal da Universidade Estadual de Goiás I Ano 3 - Nº 19 | junho-julho / 2016 Gestão Diálogo interinstitucional pág. 3 Câmpus Pirenópolis sedia fórum de reitores da Abruem para discutir reformulações dos ensinos superior e básico Museu Um dia no Entrevista Cristovam Buarque pág. 4 Senador, economista e educador aponta possibilidades para melhor qualificação de estudantes e professores Perfil Vida e espaços ressignificados pág. 8 Da infância de luta ao diploma de especialização em Gestão Pública Municipal, conheça a história de Márcia Regina, servidora do Câmpus Crixás No Museu de História do Câmpus Itapuranga, a UEG cria laços de pertencimento e afetividade com a memória local, abrindo as portas à comunidade e incentivando a valorização da história da região

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Um dia no Museu

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jornalUEGJornal da Universidade Estadual de Goiás I Ano 3 - Nº 19 | junho-julho / 2016

GestãoDiálogo interinstitucionalpág. 3Câmpus Pirenópolis sedia fórum de reitores da Abruem para discutir reformulações dos ensinos superior e básico

MuseuMuseuMuseuUm dia noMuseuMuseuUm dia noMuseuUm dia noMuseu

EntrevistaCristovam Buarquepág. 4Senador, economista e educador aponta possibilidades para melhor qualificação de estudantes e professores

PerfilVida e espaços ressignificadospág. 8Da infância de luta ao diploma de especialização em Gestão Pública Municipal, conheça a história de Márcia Regina, servidora do Câmpus Crixás

No Museu de História do Câmpus Itapuranga, a UEG cria laços de pertencimento e afetividade com a memória local, abrindo as portas à comunidade e incentivando a valorização da história da região

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jornal UEGAnápolis, junho-julho de 2016 Anápolis, junho-julho de 2016

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Anápolis - Goiás, junho-julho de 2016 Ano 3, Nº 19

REITORA EM EXERCÍCIOValcemia Gonçalves de Sousa Novaes

CHEFE DE GABINETEJuliana Oliveira Almada

PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃOMaria Olinda Barreto

PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOIvano Alessandro Devilla

PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTISMarcos Antônio Cunha Torres

PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO,GESTÃO E FINANÇASLacerda Martins Ferreira

CENTRO DE COMUNICAÇÃOINSTITUCIONAL

DIRETOR DE COMUNICAÇÃOINSTITUCIONALMarcelo Costa

REDAÇÃOAlisson CaetanoBárbara ZaidenFernando MatosStephani Echalar

REVISÃO Alisson CaetanoBárbara ZaidenMaria Clara Dunck

DIAGRAMAÇÃO E ARTEAlyne LugonGuilherme MercêsCamila Morais

FOTOGRAFIA Fernando MatosGraziano MagalhãesJoão Henrique PachecoNabyla Carneiro

DISTRIBUIÇÃOJacqueline Pires

Universidade Estadual de GoiásCeCom - Reitoria da UEG

Rod. BR-153, Quadra Área, Km 99 CEP: 75.132-903 / Anápolis – GOTel. Geral: (62) 3328-1403

www.ueg.brImpressão: Gráfica RenascerTiragem: 11.000 exemplaresUniversidade Estadual de Goiás

Coordenação de JornalismoTel: +55 62 3328-1403E-mail: [email protected]

jornalUEG

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Construção de possibilidadesPor Alisson Caetano

O Jornal UEG é espaço-vitrine das potencialidades diver-sas dos câmpus da Instituição. Constrói-se, a cada edição, um acervo de peças fundamentais ao exercício do papel social da Universidade: produzir conhecimento e trans-formar vidas.

Essas peças não são coisas, são pessoas. Ensino, pesquisa e extensão só chegam a ser pelo engajamento de quem enxerga as suas inúmeras possibilidades. Um exemplo disso? Estudantes de História do Câmpus Itapuranga sen-tiram, em suas experiências de estágio nas escolas da re-gião, a falta de conteúdo sobre a história local na forma-ção de pequenos cidadãos. Esse foi o fôlego necessário aos professores do Curso de História para se mobilizarem a fazer da UEG um espaço de reconstrução da identidade e da memória do povo. Assim nasceu o Museu de Histó-ria da UEG Câmpus Itapuranga.

O museu tira turmas de escolas da região de suas salas de aula convencionais e oferece um ensinamento que vai além do conteúdo escolar. No museu, a aula cria possi-bilidades de afeto e pertencimento. Essas crianças, que antes não se viam nos livros didáticos, sentem-se agentes na multiplicação do valor à memória de seu povo.

Os professores e estudantes do curso de História do Câm-pus Itapuranga atuam para criar laços entre a comunida-de local e o patrimônio material e imaterial da região. Da história de todo um povo à história de uma só mulher, esta edição traz um perfil de Márcia Crestani. Das ruas do Rio de Janeiro, passando pelo lixão e ultrapassando barreiras socioeconômicas, Márcia encontrou no Câmpus Crixás o lugar do seu ganha-pão, como servidora, e no Câmpus Uruaçu o lugar de seu crescimento profissional, conquistando diploma de especialização de Gestão Pú-blica Municipal do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (Cear|UEG).

Seu atual objetivo é incentivar o reconhecimento dos ca-tadores, profissão que já exerceu. Aos 57 anos, Márcia continua buscando nos estudos o poder de ressignificar sua vida e o conhecimento para ressignificar os lixões. “Eu tenho estudo. E isso me deixou fazer a diferença”, conta ela no perfil escrito pelo repórter Fernando Matos.

Lá em Uruaçu, durante a especialização, Márcia produziu um trabalho sobre fossas capazes de transformar fezes humanas em adubo, ao mesmo tempo em que o Câm-pus Itumbiara se tornou peça fundamental na discussão do manejo dos resíduos sólidos do município.

Na matéria de Stephani Echalar, o sonho de Márcia em valorizar os catadores ganha respaldo na voz do coor-denador do curso de Ciências Econômicas do Câmpus Itumbiara, professor Talles Santos. Ao integrar, junto ao poder público, o Fórum Municipal de Gestão dos Resí-duos Sólidos Recicláveis de Itumbiara, a UEG está inserida nas discussões de incentivo às cooperativas de catadores na cidade e na multiplicação da consciência ambiental pela educação.

Nossas peças vivas dialogam e constroem possibilidades de trocas. A repórter Bárbara Zaiden trouxe a estas pá-ginas uma experiência de diálogo interinstitucional em nível nacional, retratando em texto o 58º Fórum Nacional de Reitores da Associação Brasileira de Reitores das Uni-versidades Estaduais e Municipais (Abruem), que ocorreu em maio no Câmpus Pirenópolis.

Com a temática Ciência, tecnologia e inovação, o Fórum debateu a qualidade dos ensinos superior e básico e pro-jetou novas formas de incentivo à cultura do empreen-dedorismo no ambiente educacional. Um dos nomes convidados ao Fórum foi o senador Cristovam Buarque, economista e educador, que concedeu entrevista exclu-siva ao Jornal UEG. Na oportunidade, ele elaborou pos-sibilidades de qualificação para docentes e estudantes e propôs foco de ações prioritárias à educação básica.

Diante dessas vozes, a edição de número 19 do Jornal UEG é um retrato fiel de que nossas peças vivas e dialó-gicas levam a Universidade Estadual de Goiás a alcançar todas as suas possibilidades.

Boa leitura!

EDITORIAL

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jornal UEG GESTÃOGESTÃO

Ensino superior em diálogo interinstitucionalPor Bárbara Zaiden

A UEG sediou o 58º Fórum Nacional de Reitores da Abruem e foi palco de discussões que permeiam a necessidade de reformulação do ensino brasileiro

Ciência, tecnologia e inovação foi a temática do 58º Fórum Nacional de Reitores da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem). O evento foi marcado por discussões sobre a melhoria na qualidade do ensino superior brasileiro e a necessidade do incentivo à cultura do empreendedorismo no ambiente acadêmico.

Sediado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), o Fó-rum ocorreu entre os dias 18 e 21 de maio, no Câmpus Pirenópolis da UEG.

Integração e fortalecimento

O reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Uni-centro) e atual vice-presidente da Abruem, professor Aldo Nelson Bona, explicou no Fórum a força da Associa-ção de Reitores. “As 46 instituições representam, juntas, cerca de 50% das vagas de graduação do país e cerca de 48% de toda a pesquisa desenvolvida no Brasil”.

Já a atual presidente da Abruem e reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), professora Adélia Pinhei-ro, destacou a necessidade de renovação das instituições de ensino superior como principal reflexão do Fórum.

As necessidades de produções científicas e acadêmi-cas voltadas para a melhoria efetiva de setores da so-ciedade brasileira foi um tema que permeou todas as discussões. Dentre os caminhos apontados está o da inserção de disciplinas de empreendedorismo e inova-ção nos cursos superiores.

Essa é a visão defendida pelo gerente de planejamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Jackson Silvano de Toni. Ele explica que, juntos, Academia, indústria e governo devem definir instrumentos de desen-volvimento tecnológico.

“Nós temos condições de dar um salto de moderniza-ção para que a indústria brasileira seja mais competitiva e produtiva. Esse caminho passa pela formação de seres humanos. Não podemos nos esquecer de que a solução não passa apenas pelas ciências exatas, mas também en-volve o trabalho árduo de várias áreas das ciências huma-nas”, afirmou Jackson.

Qualidade articulada

O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, profes-sor Edward Madureira, abordou em sua palestra o novo marco legal de Ciência, Tecnologia e Inovação. “É preciso que os estudantes da educação básica, passando pelo ensino médio, tenham contato com a ciência, pois é ela que vai despertar o gosto pela tecnologia e pela inova-ção”, afirma.

As palestras do 58º Fórum Nacional de Reitores da Abruem foram finalizadas pelo senador Cristovam Buar-que. Cristovam afirmou que, no Fórum da Abruem, foi assertiva a escolha por um tema que exalta novas possi-bilidades e estratégias no ensino superior.

Reitores e pró-reitores de universidades de todo o país estiveram reunidos no Câmpus Pirenópolis da UEG para discutir as novas possibilidades do ensino brasileiro

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18 a 21 de maio de 2016

Ciência, Tecnologia e Inovação

De acordo com o senador, o ensino superior brasileiro só alcançará melhorias se a educação de base for reformula-da. “Da forma como o nosso sistema educacional existe hoje, nós selecionamos as poucas mentes brilhantes que tiveram melhores oportunidades na vida para ter acesso ao ensino superior”, afirmou.

Goiás: ponto de convergência

Pela primeira vez, Goiás foi palco de um Fórum Nacional de Reitores da Abruem. O reitor da Universidade Esta-dual Paulista (Unesp), Julio Cesar Durigan, explica que a Abruem e a UEG têm muito em comum.

“A UEG tem uma capilaridade, uma descentralização im-portantíssima por todo o Estado. É uma instituição que tem importância social, em termos de inclusão e na inte-ração com as regiões onde estão os câmpus. A Abruem também tem essa característica, porque são 46 universi-dades espalhadas por todo o país”, explicou o professor.

Durante o 58º Fórum Nacional de Reitores da Abruem ocorreu a eleição para o biênio 2016-2018. O atual vi-ce-presidente, Aldo Nelson Bona, foi eleito presidente, e a vice-presidência será ocupada pela atual presidente da Associação, professora Adélia Pinheiro.

A inserção de disciplinas de empreendedorismo e inovação no ensino brasileiro e a necessidade de diálogo entre Academia e indústria foram as principais discussões do Fórum

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jornal UEG

acordo com o tesouro ou a receita do município, ele vai continuar baixo. Se as universidades querem aumentar a demanda por licenciaturas, que elas briguem para que aumentemos o salário dos professores da rede pública de educação básica.

Valorização dos professores é o caminho Senador Cristovam Buarque aponta possibilidades para a qualificação de professores e de estudantes, com foco prioritário no ensino básico

Por Bárbara Zaiden

Investimento em uma educação básica de qualidade é a chave para a melhoria do ensino superior brasileiro. Incentivo para os estudantes ingressarem em cursos de licenciatura, valorização dos professores, além da inser-ção do empreendedorismo no universo do ensino seriam algumas ferramentas de transformação nesse processo. São essas as ideias defendidas pelo senador brasileiro Cristovam Buarque. De acordo com ele, as melhorias na educação brasileira devem começar no ensino básico.

Recifenho formado em Engenharia Mecânica, Cristo-vam também é economista e educador. Com o objetivo de apresentar os caminhos de um transformação social possível por meio da educação de qualidade, Cristovam Buarque participou do 58º Fórum Nacional de Reitores da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Esta-duais e Municipais (Abruem), sediado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) em maio deste ano.

No Fórum da Abruem, o senador abordou o tema Ciên-cia, inovação e desenvolvimento social em sua palestra. Aqui, no Jornal UEG, Cristovam traz um pouco do assun-to e fala sobre as alternativas para a educação brasileira.

Jornal UEG: A UEG se faz presente em 39 cidades, sain-do dos grandes polos e chegando ao interior de Goiás. Como o senhor enxerga o importante processo de inte-riorização do ensino superior no Brasil?

Cristovam Buarque: Eu vejo a interiorização com abso-luta simpatia. É fundamental levar centros universitários e escolas de nível superior para cidades do interior. Mas isso só se justifica se resolvermos o problema da escola de base nesses municípios. Sem isso, levaremos a univer-sidade mas continuaremos tendo alunos sem qualifica-ção entrando nessas instituições. É preciso fazer as duas coisas: interiorizar o ensino superior e, ao mesmo tempo, prestigiar a educação de base.

Jornal UEG: Os cursos de licenciatura no Brasil vêm pas-sando por crises, como a baixa demanda. Como projetar uma mudança desse cenário?

Cristovam Buarque: A solução para isso é simples. Bas-ta pagar bem os professores. Temos que pagar bem para que surja uma grande demanda de jovens qualificados buscando as licenciaturas. Eu não vejo uma outra ma-neira de fazer isso senão federalizando a educação bá-sica no Brasil. Se deixarmos o salário dos professores de

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“TEMOS QUE PAGAR BEM [OS PROFESSORES] PARA QUE SURJA UMA GRANDE DEMANDA DE JOVENS QUALIFICADOS BUSCANDO AS LICENCIATURAS”

Senador Cristovam Buarque

Jornal UEG: A Universidade pode contribuir com essa melhoria na educação de base por meio de programas como o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), por exemplo?

Cristovam Buarque: Pode, mas não teremos resultado pleno se o foco na educação de base não melhorar. E ela só melhora se pagarmos bem, selecionarmos com rigor e exigirmos qualificação dos professores. Se fizermos isso, vamos inserir no magistério brasileiro os melhores e mais competentes profissionais.

Jornal UEG: Tudo, então, parte dessa valorização para transformar a percepção de jovens em relação à profissão?

Cristovam Buarque: Os estudantes mais preparados de hoje querem fazer Medicina, Direito, Engenharia, mas não querem ser professores. É necessário que haja um movimento neste país para que os jovens queiram seguir a carreira do magistério. E eu acrescento outra possibi-lidade de ação: existirem programas que incentivem os jovens a buscar o magistério já durante o ensino médio. Um bom exemplo seria oferecer bolsas de estudos aos alunos que, já no ensino médio, quiserem começar a se preparar para serem professores. Seria um preparo como ocorria antigamente nas escolas.

Jornal UEG: Um dos grandes debates levantados duran-te o 58º Fórum Nacional de Reitores da Abruem foi a falta de conhecimento dos estudantes universitários brasileiros sobre inovação e empreendedorismo. Como a universi-dade pode transformar isso?

Cristovam Buarque: Primeiro, toda criança deve ter acesso à escola de qualidade. Segundo, o empreende-dorismo deve ser inserido como uma das disciplinas na escola básica. Assim, os estudantes terão a oportunidade de aprender técnicas sobre o assunto. É isso: toda crian-ça em escola de qualidade em horário integral e com o incentivo ao tema.

ENTREVISTA

O Fórum já consegue apontar algumas conquistas. “O maior fruto até agora é o novo caminhão para a coope-rativa”, conta o professor, que participa da direção tem-porária do órgão e de uma das chapas que concorre à diretoria efetiva.

Além do novo veículo, mais empresas buscaram os ser-viços da Estação Reciclar para a coleta de resíduos. O diálogo com os catadores que trabalham diretamente no lixão também foi ampliado, trazendo-os para as dis-cussões do Fórum.

Políticas públicas e participação popular

A gestão dos resíduos no Brasil avançou nos últimos anos, principalmente com a implantação da Política Na-cional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, mas ainda recebe críticas. “O Brasil tem uma situação melhor do que há alguns anos, mas ainda insuficiente”, avalia o professor.

Para Talles, a melhoria na gestão dos resíduos no país passa por três eixos: a conscientização da sociedade, a criação de políticas públicas e a participação popular.

Os próprios trabalhadores ainda precisam reconhecer a relevância das atividades que desenvolvem. “Eles fazem um trabalho ambiental de limpeza da cidade e vendem o material para alguém que vai reutilizá-lo”, conclui. A importância dos catadores é citada na PNRS, que destaca a contribuição da atividade profissional para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e a diminuição da de-manda por recursos naturais.

UEG EM CONTEXTO

Não jogue tudo fora

O lixo se tornou um dos maiores problemas da atualidade. A nossa relação com o consumo nas últimas décadas fez com que o descarte de resíduos aumentasse vertiginosa-mente. Toneladas de restos de comida, eletrônicos, em-balagens e outros tipos de materiais são acumulados em lixões e aterros sanitários.

Os problemas causados pelo lixo se espalham pelas cida-des. Sacolas entopem bueiros que alagam ruas quando chove. Pilhas jogadas contaminam o solo. Os efeitos cau-sados pelos resíduos atingem diversos aspectos do funcio-namento da cidade e, principalmente, do bem-estar de seus habitantes. Para se ter noção, só em 2014, o Brasil produziu 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, de acordo com a Associação Brasileira de Em-presas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Diante de tais impactos, surge a questão: o que fazer com tanto resíduo?

Solução a caminho

Deixar de olhar para os materiais descartados apenas como lixo e ressignificá-los pode ser o começo. Para o coordenador do curso de Ciências Econômicas do Câm-pus Itumbiara da Universidade Estadual de Goiás (UEG), professor Talles Santos, os resíduos sólidos são uma opor-tunidade de renda e de inclusão social.

As possibilidades são encontradas com a separação do lixo. “A gente vê na coleta seletiva uma chance de inclu-são. Se uma cooperativa gera renda para seus associa-dos, não seria possível promover isso para mais catadores ou criar novas cooperativas?”, observa Talles.

Foram essas ideias que resultaram na união de diferen-tes setores para abordar a temática da destinação dos resíduos em Itumbiara. Em 2015, o câmpus da UEG na

Câmpus Itumbiara compõe fórum que reúne setores do poder público e representantes da comunidade para discutir o manejo dos resíduos sólidos do município

Por Stephani Echalar

Anápolis, junho-julho de 2016jornal UEG

“Quando a cidade investe em coleta seletiva, ela economiza

em outras áreas. A coleta e o apoio às associações

e cooperativas podem ser rentáveis para a

administração pública”

Professor Talles Santos,coordenador do curso de Ciências Econômicas

do Câmpus Itumbiara

cidade foi convidado pela Estação Reciclar – associação de catadores de materiais recicláveis de Itumbiara – para participar da organização do 1º Seminário de Gestão de Resíduos Sólidos Recicláveis. “Como resultado, foi pro-posta a criação de um fórum permanente que desse con-tinuidade às discussões”, conta Talles.

Reeducação ambiental

A UEG tomou frente na criação desse espaço de diálogo, o Fórum Municipal de Gestão dos Resíduos Sólidos Reci-cláveis de Itumbiara. Junto à Promotoria de Justiça do Mi-nistério Público Local e à Estação Reciclar, o Fórum reúne instituições de ensino, poder público, empresas privadas e representantes de setores sociais.

Na prática, o órgão dialoga com a gestão municipal, propondo e cobrando a criação e a aplicação de polí-ticas públicas, como incentivos à fundação de coope-rativas de catadores e às empresas que doarem seus materiais recicláveis.

O Fórum é dividido em comissões temáticas que discu-tem e propõem ações em áreas específicas. A Comissão de Educação Ambiental, por exemplo, propõe ações de conscientização da população.

Essa é uma das comissões a cargo da UEG. A longo pra-zo, a intenção da Comissão é incluir no currículo escolar e acadêmico assuntos como o consumo consciente e a cadeia produtiva formada pelo descarte correto de resí-duos. “Queremos investir em educação ambiental por meio de parcerias com as escolas e outras instituições de ensino”, explica o coordenador. A estratégia é formar multiplicadores dessa consciência ambiental.

Por enquanto, o Fórum foca em dois pontos principais: a aprovação do Plano Municipal de Resíduos Sólidos e a implantação da coleta seletiva em toda a cidade.

Em Itumbiara, a Estação Reciclar é a única associação de catadores. Há também trabalhadores que atuam por con-ta própria nas ruas e no lixão. Talles explica que a implan-tação da coleta seletiva em toda a cidade impulsionaria a atividade dos catadores e os lucros gerados. “Quando a cidade investe em coleta seletiva, ela economiza em outras áreas. A coleta seletiva e o apoio às associações e coope-rativas podem ser rentáveis para a administração pública”.

DISPOSIÇÃO FINALRejeitos são dispostos

no aterro sanitárioCOOPERATIVA DE CATADORES

GERADORES

Todos quegeramresíduos

Os resíduos são levados às cooperativas

Separação e vendados resíduos

COLETA E TRANSPORTE

DESTINAÇÃO FINALAMBIENTALMENTE

ADEQUADA

Reciclagem - CompostagemReutilização - RecuperaçãoAproveitamento energético

O caminho do lixo, segundo a PNRS

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jornal UEG UEG EM CONTEXTO

O Fórum já consegue apontar algumas conquistas. “O maior fruto até agora é o novo caminhão para a coope-rativa”, conta o professor, que participa da direção tem-porária do órgão e de uma das chapas que concorre à diretoria efetiva.

Além do novo veículo, mais empresas buscaram os ser-viços da Estação Reciclar para a coleta de resíduos. O diálogo com os catadores que trabalham diretamente no lixão também foi ampliado, trazendo-os para as dis-cussões do Fórum.

Políticas públicas e participação popular

A gestão dos resíduos no Brasil avançou nos últimos anos, principalmente com a implantação da Política Na-cional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, mas ainda recebe críticas. “O Brasil tem uma situação melhor do que há alguns anos, mas ainda insuficiente”, avalia o professor.

Para Talles, a melhoria na gestão dos resíduos no país passa por três eixos: a conscientização da sociedade, a criação de políticas públicas e a participação popular.

Os próprios trabalhadores ainda precisam reconhecer a relevância das atividades que desenvolvem. “Eles fazem um trabalho ambiental de limpeza da cidade e vendem o material para alguém que vai reutilizá-lo”, conclui. A importância dos catadores é citada na PNRS, que destaca a contribuição da atividade profissional para o aumento da vida útil dos aterros sanitários e a diminuição da de-manda por recursos naturais.

UEG EM CONTEXTO

Não jogue tudo fora

O lixo se tornou um dos maiores problemas da atualidade. A nossa relação com o consumo nas últimas décadas fez com que o descarte de resíduos aumentasse vertiginosa-mente. Toneladas de restos de comida, eletrônicos, em-balagens e outros tipos de materiais são acumulados em lixões e aterros sanitários.

Os problemas causados pelo lixo se espalham pelas cida-des. Sacolas entopem bueiros que alagam ruas quando chove. Pilhas jogadas contaminam o solo. Os efeitos cau-sados pelos resíduos atingem diversos aspectos do funcio-namento da cidade e, principalmente, do bem-estar de seus habitantes. Para se ter noção, só em 2014, o Brasil produziu 78,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, de acordo com a Associação Brasileira de Em-presas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Diante de tais impactos, surge a questão: o que fazer com tanto resíduo?

Solução a caminho

Deixar de olhar para os materiais descartados apenas como lixo e ressignificá-los pode ser o começo. Para o coordenador do curso de Ciências Econômicas do Câm-pus Itumbiara da Universidade Estadual de Goiás (UEG), professor Talles Santos, os resíduos sólidos são uma opor-tunidade de renda e de inclusão social.

As possibilidades são encontradas com a separação do lixo. “A gente vê na coleta seletiva uma chance de inclu-são. Se uma cooperativa gera renda para seus associa-dos, não seria possível promover isso para mais catadores ou criar novas cooperativas?”, observa Talles.

Foram essas ideias que resultaram na união de diferen-tes setores para abordar a temática da destinação dos resíduos em Itumbiara. Em 2015, o câmpus da UEG na

Câmpus Itumbiara compõe fórum que reúne setores do poder público e representantes da comunidade para discutir o manejo dos resíduos sólidos do município

Por Stephani Echalar

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“Quando a cidade investe em coleta seletiva, ela economiza

em outras áreas. A coleta e o apoio às associações

e cooperativas podem ser rentáveis para a

administração pública”

Professor Talles Santos,coordenador do curso de Ciências Econômicas

do Câmpus Itumbiara

cidade foi convidado pela Estação Reciclar – associação de catadores de materiais recicláveis de Itumbiara – para participar da organização do 1º Seminário de Gestão de Resíduos Sólidos Recicláveis. “Como resultado, foi pro-posta a criação de um fórum permanente que desse con-tinuidade às discussões”, conta Talles.

Reeducação ambiental

A UEG tomou frente na criação desse espaço de diálogo, o Fórum Municipal de Gestão dos Resíduos Sólidos Reci-cláveis de Itumbiara. Junto à Promotoria de Justiça do Mi-nistério Público Local e à Estação Reciclar, o Fórum reúne instituições de ensino, poder público, empresas privadas e representantes de setores sociais.

Na prática, o órgão dialoga com a gestão municipal, propondo e cobrando a criação e a aplicação de polí-ticas públicas, como incentivos à fundação de coope-rativas de catadores e às empresas que doarem seus materiais recicláveis.

O Fórum é dividido em comissões temáticas que discu-tem e propõem ações em áreas específicas. A Comissão de Educação Ambiental, por exemplo, propõe ações de conscientização da população.

Essa é uma das comissões a cargo da UEG. A longo pra-zo, a intenção da Comissão é incluir no currículo escolar e acadêmico assuntos como o consumo consciente e a cadeia produtiva formada pelo descarte correto de resí-duos. “Queremos investir em educação ambiental por meio de parcerias com as escolas e outras instituições de ensino”, explica o coordenador. A estratégia é formar multiplicadores dessa consciência ambiental.

Por enquanto, o Fórum foca em dois pontos principais: a aprovação do Plano Municipal de Resíduos Sólidos e a implantação da coleta seletiva em toda a cidade.

Em Itumbiara, a Estação Reciclar é a única associação de catadores. Há também trabalhadores que atuam por con-ta própria nas ruas e no lixão. Talles explica que a implan-tação da coleta seletiva em toda a cidade impulsionaria a atividade dos catadores e os lucros gerados. “Quando a cidade investe em coleta seletiva, ela economiza em outras áreas. A coleta seletiva e o apoio às associações e coope-rativas podem ser rentáveis para a administração pública”.

DISPOSIÇÃO FINALRejeitos são dispostos

no aterro sanitárioCOOPERATIVA DE CATADORES

GERADORES

Todos quegeramresíduos

Os resíduos são levados às cooperativas

Separação e vendados resíduos

COLETA E TRANSPORTE

DESTINAÇÃO FINALAMBIENTALMENTE

ADEQUADA

Reciclagem - CompostagemReutilização - RecuperaçãoAproveitamento energético

O caminho do lixo, segundo a PNRS

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Espaço de história e de pertencimento O Câmpus Itapuranga é um forte elo entre a população do município e a representatividade da cultura regional. No museu do câmpus, a UEG convida a comunidade a construir e conhecer a memória local

Por Alisson Caetano

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Urna funerária da cultura Guará, de aproximadamente 800 anos, encontrada na fazenda Boa Sorte

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Manhã de sexta-feira quente de abril, e o Câmpus Ita-puranga da Universidade Estadual de Goiás (UEG) se encontra em plena atividade. Salas e laboratórios cheios de acadêmicos, pátios e biblioteca com a mesma movi-mentação diária. Para alguns, no entanto, o câmpus é espaço para algo além da rotina. Os pequenos da Escola Municipal Vera Cruz saíram da sala de aula e estão ali para conhecer o museu da UEG.

No auditório, as crianças do 6º e do 7º anos da escola são recebidas pelo diretor do Câmpus Itapuranga, pro-fessor Valtuir Moreira da Silva. Nesse momento, os olhos agitados e os ouvidos atentos já se tornam unanimidade. A maioria das crianças descobre nesse dia que a cidade onde eles moram foi casa de diferentes etnias indígenas há alguns séculos. “A nossa história nasce com os indí-genas. Mas ela é construída todos os dias, por homens, mulheres e crianças”, conta o diretor.

O projeto de extensão Museu de História da UEG Câm-pus Itapuranga: uma possibilidade de construção de co-nhecimento da memória local é um forte vínculo entre a população e a sua identidade, e convida cidadãos em formação a se enxergarem na história.

Identidade viva

“Quem sabe o que é uma candeia?”, pergunta o coor-denador do curso de História, professor Claudio Tavares Pinheiro. Ninguém responde. Ao explicar como o objeto era parte do cotidiano dos avós e bisavós daquelas crian-ças, o professor Claudio convida os jovens estudantes a conhecer um pouco da cultura do campo. “Se não guar-darmos a candeia, objeto que vocês nunca viram antes em um museu, a gente perde um pedaço da nossa história”.

As crianças se dirigem ao Museu de História da UEG Câmpus Itapuranga com a curiosidade aguçada. No acervo estão: pilão, máquinas de escrever e de costura, ferro de passar roupas a carvão, fotos históricas da ci-

“Se o aluno não tiver consciência de que ele está vivendo a história em construção, ele não se enxerga na história global. A criança não pode se sentir deslocada. Ele precisa se situar nesse processo de construção”Leonardo Silva Firmino, estudante do 3º ano de História e monitor do projeto de extensão

dade, papéis-moeda dos anos 1940, jornais já extintos do município, a candeia e outros utensílios. O museu do câmpus também apresenta artefatos indígenas, como ar-cos, flechas e artesanatos. No centro da sala fica exposta a peça de destaque, uma urna funerária indígena com mais de 800 anos.

Os acadêmicos do curso de História são os guias que con-tam aos pequenos visitantes que as urnas funerárias in-dígenas eram utilizadas para cremação. Vitor de Oliveira Almeida tem 12 anos e está no 7º ano. Após caminhar pelo museu, diz ser muito gratificante ter acesso àquele espaço. “Gosto muito de livros, mas o museu desperta mais a nossa curiosidade pra saber sobre a nossa história e nossos antepassados”.

A jovem Emily Cristina de Souza Fernandes, também aos 12 anos e no 7º ano, destaca seu interesse pela urna in-dígena. “Ver esses objetos é muito importante pra gente, tanto para aprender História quanto para conhecer me-lhor o lugar onde a gente vive”.

Do povo, ao povo

A professora Damiana Antônia Coelho é coordena-dora do projeto de extensão que deu vida ao museu. Hoje, com dois anos de atividades, ela conta que o proje-to nasceu do contato dos estudantes do curso de História – bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) – com as escolas de Itapuranga.

“Uma deficiência do ensino básico, sentida de perto por esses bolsistas, é em relação aos conteúdos que abordam a história local. O projeto do museu nasce com a perspectiva de dar lugar à memória regional”, comenta Damiana.

As primeiras peças selecionadas para o acervo já faziam parte de outro projeto de extensão, o Contando história na sala de aula. Os estudantes da UEG levaram objetos

antigos e que estavam em desuso em suas casas. O acer-vo foi tomando corpo e cresceu quando toda a comu-nidade itapuranguense ficou sabendo da iniciativa por meio de outro projeto de extensão do curso de História, o UEG em todas as casas. Com o projeto, os professores do curso conversam diretamente com a população da ci-dade em um programa na rádio comunitária da cidade.

Mais espaço e novas portas

O Museu de História da UEG Câmpus Itapuranga abre agenda, durante todo o ano, para visitas de escolas. Em 2015, o projeto ganhou um novo incentivo ao se inserir na Semana Nacional e na Primavera dos Museus, ambas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Durante a 14ª Semana de Museus, realizada de 16 a 22 de maio deste ano, o câmpus ofereceu visitas guia-das, palestra, seminário e mesa-redonda dentro da te-mática Museus e paisagens culturais. Com o suporte da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PrE|UEG), o projeto também se prepara para a 10ª Pri-mavera dos Museus, que ocorre em setembro.

A projeção nacional reafirma o papel do museu como espaço de criação de reconhecimento da história local. Esse viés permeia todo o Curso de História do câmpus e isso reflete diretamente na formação dos futuros pro-fessores. Leonardo Silva Firmino, estudante do 3º ano de História e monitor do projeto de extensão, sentiu a importância de multiplicar esse reconhecimento durante sua experiência de estágio.

Leonardo estudou na mesma escola que Vitor e Emily. Alunos para os quais ele já é o “professor Leo”. “Se o aluno não tiver consciência de que ele está vivendo a história em construção aqui, ele não se enxerga na história global. A criança não pode se sentir deslocada. Ele precisa se situar nesse processo de construção”, conclui Leonardo.

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Coletora de oportunidades

“A minha história é um pouco longa”. É assim que Már-cia Regina Crestani, aos 57 anos, começa a narrar sua trajetória. Funcionária de serviços gerais do Câmpus Cri-xás da Universidade Estadual de Goiás (UEG), ela che-gou à cidade há oito anos, vinda de Rondonópolis, Mato Grosso. Mas essa foi apenas uma entre tantas mudanças em sua vida.

Natural do Rio de Janeiro, Márcia foi deixada com a avó materna logo após o nascimento. Aos 11 anos, ela iniciou sua mais longa jornada. “Minha avó faleceu e então eu fui morar nas ruas, onde fiquei por muitos anos”, recorda.

As ruas cariocas não eram fáceis na década de 1970, assim como não são hoje, principalmente para as meni-nas. Trabalhando como engraxate, lavadora de carros e outros bicos, ela tentava se disfarçar de garoto para não correr tantos riscos.

“Eu conheci muitas pessoas que me ajudaram e me aco-lheram. Morei em diversos pontos do Rio”, lembra. Com

Com uma história que começa nas ruas do Rio de Janeiro, Márcia Crestani narra sua trajetória e seus desafios até a conclusão de sua pós-graduação

Por Fernando Matos

o apoio dessas pessoas, conseguiu concluir a 5ª série. “Elas assinavam como meus parentes e eu ia levando. Até que descobriram, e eu deixei a escola”. Para ela, abandonar a sala de aula marca a sua verdadeira jornada como mo-rada de rua.

Outros lugares

As ruas têm suas próprias dinâmicas, e elas não são sim-ples. Segundo Márcia, suas principais companhias eram a violência, as drogas e a sensação de que se é invisível para as pessoas que estão fora desse lugar. “Não é nada fácil. As ruas são um grande mundo. Aberto a várias pos-sibilidades”, observa.

Com a chegada da maternidade – ela é mãe de três fi-lhos – veio também o caminho que anos mais tarde viria a mudar sua vida. Tendo que sustentar os filhos, Márcia viu na coleta de materiais reciclados uma oportunidade de ganhar dinheiro.

Então chegou o tempo de tomar outro rumo, quando, em decorrência de um problema de saúde de seu filho, ela precisou se mudar para Brasília. “Morando em Brasília co-mecei a ler muito. Talvez por ser a capital, eu tive bastante acesso a livros. Tudo que eu encontrava eu lia”, lembra.

Em um dos seus dias de trabalho no lixão da Estrutural, ela conta que olhou para os lados e projetou que um dia ressignificaria aquele tipo de espaço. “É uma realidade dura a dos lixões”, aponta. Depois de Brasília, ela ainda morou durante algum tempo em Rondonópolis, antes de se mudar para Crixás em decorrência da prisão do filho, sob acusação de tráfico de drogas. “Ele veio para Crixás trabalhar em uma mineradora e acabou preso por tráfi-co”, recorda. Hoje, o filho está fazendo graduação em Direito, na cidade de Rubiataba, em Goiás.

COM OS ESTUDOS DA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO

PÚBLICA MUNICIPAL, CURSADA NA UEG, MÁRCIA

PÔDE APROFUNDAR SUAS PESQUISAS EM

POSSIBILIDADES DE RESSIGNIFICAR OS LIXÕES

Márcia Regina Crestani trabalha na UEG e concluiu a especialização pelo Cear

E foi em Crixás, graças à ajuda do ex-prefeito Olímpio César Araújo, que a experiência como catadora começou a mudar sua trajetória. “Ele perguntou o que eu sabia fazer. E eu disse. A partir daí, ele me oportunizou desen-volver projetos junto aos catadores da cidade. Com esse trabalho, o lixão de Crixás foi fechado e em seu lugar foi criado um aterro. Um grande avanço em termos ambien-tais”, afirma.

Aproveitando que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) certifica com diploma de ensino médio candida-tos que alcançam altas pontuações nas provas objetivas e de redação, Márcia voltou a estudar. Ao mesmo tempo, ela se tornou servidora da UEG no Câmpus Crixás, cui-dando dos serviços gerais.

O diretor do câmpus, professor José Xavier Rodovalho, é só elogios a Márcia. “É uma batalhadora. E realiza seu trabalho com muito esmero. Apesar de todas as adver-sidades, ela conseguiu seguir com os estudos e recente-mente obteve sua especialização pela UEG”, comemora.

No dia 19 de março de 2016, Márcia concluiu a pós-gra-duação em Gestão Pública Municipal pelo Centro de En-sino e Aprendizagem em Rede da UEG (Cear|UEG), no Câmpus Uruaçu. Seu trabalho de conclusão de curso foi sobre fossa séptica biodigestora, uma forma de transfor-mar fezes humanas em adubo.

Com os estudos da pós-graduação, Márcia pôde se apro-fundar em pesquisas que criam possibilidades de rein-ventar os lixões, além de fortalecer a importância social daqueles que neles trabalham. “As pessoas tratam a nós, catadores, como se fôssemos nada. Você sabia que nós prestamos um grande serviço à sociedade? O Brasil é o terceiro no mundo em reciclagem de alumínio, e somos nós, catadores, que forçamos essa posição. Mas as pes-soas não consideram isso”, afirma.

O próximo passo é tentar o mestrado. “O estudo faz toda diferença em minha vida. Eu não sou mais jovem, então, dificilmente alguém me daria emprego. Mas eu tenho um diploma. Eu tenho estudo. E isso me deixou fazer a diferença”, conclui.

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Gestão estratégica: novos rumos à logística

Grande parte dos produtos que encontramos na prate-leira das farmácias e dos supermercados, dos alimentos que consumimos, das roupas que vestimos e dos sapatos que calçamos só chega até nós graças aos estudos de um profissional de logística.

Diferentemente do que muitos acreditam, a logística não se caracteriza unicamente pelo gerenciamento de transporte. O setor é responsável pelo fluxo de produtos, desde o fornecimento até o consumo: o gerenciamento de estoque, o estudo de demandas, o transporte, a armazenagem e, enfim, a estrutura de distribuição.

Após o consumo de produtos pelos clientes, o setor também atua naquilo que é chamado de logística re-versa: o reaproveitamento sustentável do que restou,

A necessidade de profissionais de logística bem preparados é suprida pelos cursos ofertados pela UEG, que abastecem o mercado com egressos capazes de atuar também em gestão

Por Bárbara Zaiden

“Nós sentíamos dificuldade pois éramos estudantes que estavam levando novas ideias para antigas empresas. Por isso, os donos tinham muito medo de que algo desse errado e trouxesse problemas para eles”, conta.

Samuel vivenciou essas situações enquanto ainda fazia parte da empresa júnior do curso. O professor Alfredo Gori, coordenador do curso em Jataí, explica que a resistência dos empresários ainda é o grande obstáculo para que os estudos do setor contribuam para o crescimento do país.

Em contrapartida, Samuel ingressou como profissional de logística em outras empresas e nelas foi capaz de com-provar a importância de sua formação superior.

“Enquanto eu estive na empresa júnior, desenvolvi com-petências na parte de gestão. Depois, eu levei a experiên-cia da faculdade aos locais onde trabalhei”, afirma.

Assim como Samuel, Artur de Oliveira também conquis-tou a confiança dos empresários em seu trabalho. O jo-vem, de 22 anos, conta que só alcançou esse patamar devido à sua persistência, bem como à formação de qua-lidade que encontrou no Curso Superior de Tecnologia em Logística da UEG.

Estudante do terceiro ano de Logística do Câmpus Sena-dor Canedo, Artur explica que durante o curso desenvol-veu a habilidade de defender estratégias e pontos de vista. “Eu aprendi a encarar os problemas da empresa de forma mais clínica. Antes eu era mais prático e operacional, agora eu tenho um olhar mais estratégico, buscando os autores para me embasar e encontrar soluções”, afirma.

Formando gestores

Segundo o professor Raimundo de Castro, coordenador do Curso de Logística do Câmpus Senador Canedo, o perfil dos estudantes é majoritariamente de adultos de origem humilde. Grande parte deles concilia o trabalho com os estudos e alguns são os primeiros membros das famílias a buscar um diploma de curso superior.

Essa realidade é semelhante nas vidas de Artur e Samuel. Os dois trabalham desde cedo e encontraram na formação su-perior o caminho para a ascensão no mercado de trabalho.

Ambos os cursos superiores de Tecnologia em Logística ofertados pela UEG, em Senador Canedo e Jataí, têm como foco o desenvolvimento de habilidades dos estu-dantes para a gerência de equipes.

Os profissionais graduados pela UEG saem do Curso de Logística aptos a criar a mediação entre a parte operacio-nal, que lida com transporte, e o planejamento tático de elaboração de estratégias e ações.

“Nós não oferecemos apenas uma formação superior. Na UEG, nós formamos gestores em Logística”, explica o professor Raimundo.

Além da formação voltada para a gestão de equipes, o Câmpus Senador Canedo também oferece aos pro-fissionais da área a possibilidade de dar continuidade à formação. A pós-graduação nível Lato Sensu em Gestão Estratégica em Logística está em sua primeira turma, com 55 estudantes matriculados.

como, por exemplo, as embalagens. Com isso, é viabi-lizada a reciclagem e o reaproveitamento do que seria descartado no meio ambiente.

E todo esse processo resulta em gastos para a empre-sa. Por isso, o valor dos produtos, pagos pelos clientes, é diretamente afetado pelos custos, por exemplo, com transporte e armazenamento.

Apesar da importância da logística no desenvolvimen-to socioeconômico do país, existe a incompreensão por parte de algumas empresas sobre a necessidade do pro-fissional que atua nessa área. Enquanto isso, cresce a procura por profissionais bem qualificados, por aqueles empresários que compreendem suas demandas e bus-cam melhores formas de solucioná-las.

Vencer as resistências

A falta de reconhecimento do profissional de logística foi sentida pelo estudante Samuel Diamantino, do úl-timo período do Curso Superior de Logística do Câm-pus Jataí da Universidade Estadual de Goiás (UEG). O jovem, de 29 anos, explica que as empresas da cidade muitas vezes não entendem a necessidade de mudan-ças de antigos hábitos.

Infográfico baseado em informações do Plano CNT de Transporte e Logística 2014

cadeia produtiva

Logística

Planejamento

Controle

Operação

Matéria-prima

Produção/BENEficiamento

Distribuição/comercialização

Logística reversa

Consumo

A LOGÍSTICA É RESPONSÁVEL PELO FLUXO DE PRODUTOS, DESDE O FORNECIMENTO ATÉ O CONSUMO: A ESTOCAGEM, O ESTUDO DE DEMANDAS, O TRANSPORTE, A ARMAZENAGEM E, ENFIM, A ESTRUTURA DE DISTRIBUIÇÃO

UNIVERSIDADE EM MOSAICO

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Por Fernando Matos

FOCO UEG EM

Maio Amarelo

Visita técnicaAlunos do Curso de Administração do Câmpus Aparecida de Goiânia da UEG estiveram na fábrica de uma empresa brasileira de cosmé-ticos sediada em Cajamar, São Paulo. A visita técnica mostrou aos estudantes a organização de uma instituição que prioriza a sustenta-bilidade em sua cadeia produtiva. As professoras Fabiana Custódio e Vera Lúcia Dias acompanharam os discentes na visita. Para Fabiana, essas ações fortalecem a formação dos estudantes. “Eles voltaram com a sensação de maximização dos conhecimentos de gestão ad-quiridos em sala de aula. A integração e a aquisição de novas cultu-ras foram fatores preponderantes de amadurecimento e construção de novos relacionamentos”, observou.

O mês de maio foi dedicado à conscientização no trânsito. A campanha Maio Amarelo, um movimento de amplitude nacional, foi promovida pelo Programa Educando e Valorizando a Vida (EVV|UEG). O Programa é uma parceria entre a UEG e o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO).

O EVV realizou ações em 34 cidades do Estado, que incluíram encontros com arrecadação de cadeirinhas de carro para crianças e práticas de cons-cientização. Além dessas atividades, foi feita a reprodução de uma foto icô-nica, tirada na cidade de Munique. A ideia da foto é mostrar a diferença dos espaços ocupados no trânsito por carros, bicicletas e ônibus. Além disso,

PaleontologiaAlunos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, do Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede (Cear|UEG), visitaram o Museu dos Di-nossauros, que faz parte do Complexo Científico Cultural de Peirópolis, em Uberaba (MG). Durante a aula de campo da disciplina de Paleontologia, os estudantes pesquisaram sobre as principais espécies de fósseis encontradas na região do Triângulo Mineiro e os processos de fossilização. A excursão se estendeu a uma das áreas de escavação local, destinada a pesquisas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Educação Ambiental

Os docentes Adevane da Silva Pinto e Suely Conceição Perreira Barros, do Câmpus Jaraguá da UEG, promoveram, em abril, um curso para a formação de professores do 4º e 5º anos da educação básica do município. Os estudantes do 7º período do Curso de Pedagogia do câmpus também participaram das atividades. Entre as práticas de Educação Ambiental, os professores que participaram do curso aprenderam sobre a confecção de sabão ecológico, obtido a partir do óleo utilizado em frituras; a economia e o consumo consciente de água; e a reutilização e o descarte correto de chapas de raio x, com o intuito de minimizar os impactos desse material ao meio ambiente.

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Engenharia de Software

Entre os dias 14 e 22 de maio, a cidade de Austin, no Texas, EUA, acolheu a 38th International Conference on Software. Nessa edição o professor de Sis-temas de Informação Roberto Felício de Oliveira, do Câmpus Posse da UEG, apresentou o artigo When More Heads Are Better than One? Understanding and Improving Collaborative Identification of Code Smells, que trata da efi-ciência das práticas colaborativas na identificação de anomalias de código. “Anomalias de código são estruturas no programa que indicam problemas de design de software. Em experimentos controlados, realizados com mais de 58 desenvolvedores, os resultados preliminares sugerem que práticas colaborati-vas aumentam a eficiência na identificação desse tipo de anomalia”, explicou.

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a intenção também é criar um comparativo com a quantidade de pessoas que cada um desses meios de transporte suporta.

Ao todo, são registradas em Goiás 2 mil mortes anuais no trânsito, um número bastante elevado e que se repete em outros estados. Camila Dan-tas, supervisora técnica de exames do EVV, explica que para mudar isso é preciso repensar a cultura do trânsito. “A mobilidade está cada vez mais comprometida e as pessoas têm tido menos paciência e cautela. Entre-tanto, os números são muito contundentes: o trânsito está se tornando violento. Precisamos agir como sociedade e mudar essa questão”, analisa.