Jornal Valor Local-Edição 24 Out 2014

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Jornal Regional Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 18 • 24 Outubro 2014 • Preço 1 cêntimo “Era uma vez um Aeroporto" estórias de uma novela Págs. 12, 13, 14 e 15 Pág. 5 Diagnóstico Social de Salvaterra alerta para consumos antes dos dez anos Valor Local CM Azambuja: António Amaral diz que tem pouco dinheiro para sonhar Págs. 8 e 9 Dívida da Câmara do Cartaxo Pequenos fornecedores no limite da paciência Montanha de asfalto perturba Casais das Amarelas Pág. 4 Pág. 21

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Jornal Regional Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 18 • 24 Outubro 2014 • Preço 1 cêntimo

“Era uma vez um Aeroporto"estórias de uma novela

Págs. 12, 13, 14 e 15

Pág. 5

Diagnóstico Socialde Salvaterra alertapara consumosantes dos dez anos

Valor Local

CM Azambuja:António Amaral dizque tem poucodinheiro para sonhar

Págs. 8 e 9

Dívida da Câmara do CartaxoPequenosfornecedores nolimite da paciência

Montanha de asfaltoperturba Casaisdas Amarelas

Pág. 4

Pág. 21

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2 Valor LocalEducação

¢ Miguel A. Rodrigues

Azambuja aderiu ao Dia Mun-dial da Alimentação com

mais um “Dia do Refeitório Aber-to”, a 16 de outubro. Trata-se deuma iniciativa que tem como ob-jetivo dar a conhecer aos paisdas crianças das escolas a quali-dade das refeições servidas, porum lado, e por outro proporcionarem ambiente escolar uma refei-ção em família.O Valor Local também foi convi-dado e passou a hora de almoçocom alunos do centro escolar deAlcoentre, onde teve ocasião dever como são servidas as refei-ções, e quais as reações, namaioria das vezes, positivas porparte dos pequenos alunos a fre-quentarem o pré-escolar e o pri-meiro ciclo. Neste dia a ementafoi a contento de todos: frangocom arroz, sopa de nabiça e ge-latina, que fizeram as delíciasdos mais pequenos.Coube ao diretor do agrupamen-to, o professor António Dias fazeras honras da casa e explicar osdetalhes ao nosso jornal, quepartilhou mesa com dois alunosdo primeiro ciclo, que nunca sequeixaram da comida. Comoeram mais crescidos queixavam-se antes do barulho e da algazar-ra provocados pelos colegas. OLuís que anda no quarto ano, eque reside em Tagarro, disse ànossa reportagem que costumaapreciar as refeições na escola,menos quando a ementa traz opouco convidativo “peixe cozidocom batatas”. Gosta de sopa,

desde que seja “toda triturada”. OLuís quer ser médico e para issojá conta “com vários atlas do cor-po humano em casa”, e promete:“Nunca vou chumbar, porque aminha mãe já disse que quem sermédico nunca chumba!”.Para o professor António Dias,esta iniciativa do município é umamais-valia até porque os encarre-gados de educação mostramsempre, em qualquer escola, al-guma preocupação com asementas. Para o docente como são empre-sas exteriores que confecionamas refeições “há sempre algumadesconfiança natural por partedos pais”. O diretor do agrupa-mento destaca que não tem havi-do queixas sobre a comida, mashá “por vezes um preconceito,porque se tenta comparar a refei-ção que se serve num refeitório,àquela que é confecionada emcasa ou no restaurante”. Paraque não existam dúvidas, AntónioDias refere que em termos de pa-ladar as refeições não podem sercomparadas porque “nas escolaso que se pretende é uma refeiçãosaudável. Não há a procura deum prato saboroso. Não é esse oobjetivo principal”. O responsávelexplica que há uma preocupaçãono uso de condimentos saudá-veis. Aliás, o docente destacamesmo que nas refeições esco-lares são apenas utilizadas ervasaromáticas e nunca quaisquertipo de outros ingredientes paraapurar o sabor. As ementas nun-ca são iguais, nem fixas e a es-cola procura dar um pouco de

tudo com a exceção de alimentosfritos, já que pastéis, douradinhosou simplesmente batatas fitas,são servidos muito raramente.Tendo sido esta uma iniciativapara juntar pais e filhos, a adesãodos encarregados de educaçãonão foi muito significativa, comode resto o diretor do agrupamen-to tinha previsto horas antes aoValor Local. Ou porque muitosestão a trabalhar ou porque nemsempre dá jeito aos encarrega-

dos de educação.No entanto, entre aqueles quedecidiram aceitar o convite daCâmara e do agrupamento, asopiniões saldaram-se como posi-tivas. Ana Sofia participou pelaprimeira vez em Alcoentre, já quea família mudou-se recentementede Azambuja. À nossa reporta-gem referiu não encontrar dife-renças nas refeições entre asduas localidades. O filho AndréRomão gosta da sopa: “Já comiano Centro Social e Paroquial deAzambuja, e aqui também cometudo”, refere Ana Sofia que clas-sifica a ementa como saudável.“Não tenho razões de queixa. É oprimeiro ano que está nesta es-

cola, não sabíamos como ia ser aintegração, mas ele integrou-semuito bem”.Ofélia Neves com dois filhos naescola de Alcoentre, um no pri-meiro ano e outro no terceiro,(que participou pela primeira veznesta iniciativa), não encontramuitas diferenças entre a comidaque faz em casa e aquela que éservida na escola.Para esta mãe, os pratos sãoequilibrados não notando muitasdiferenças. Aliás diz que os filhosnão têm razão de queixa: “Têmboa boca”, graceja, referindo oequilíbrio saudável das refeiçõesescolares.No final do dia, e no âmbito da

mesma lógica de confeção de re-feições saudáveis, decorreu aquarta edição da “Feira das So-pas” levada a cabo pelo agrupa-mento e integrada no Plano deEducação da Saúde. Os encarre-gados de educação e os filhos fo-ram convidados a confecionarvárias sopas no refeitório da es-cola. Desta vez as sopas dispo-níveis e distribuídas aos váriospares foram: canja, sopa de grãocom espinafre, sopa de agrião,sopa de feijão-verde e de feijãoseco. Esta foi uma iniciativa quecontou com uma maior participa-ção dos encarregados de educa-ção, também por se realizar numhorário pós laboral.

“Dia do Refeitório Aberto”

Pais de Alcoentre satisfeitoscom as ementas escolares

Ana Sofia foi almoçar com o filho

Pré-escolar em Aveiras de Cimana ordem do dia

Está cada vez mais na ordem do dia no concelho de Azambuja, a necessidade de pré-escolar públicoem Aveiras de Cima. Atualmente, a instituição particular de solidariedade social (IPSS) local tem a

seu cargo este serviço, mas é voz corrente que muitos encarregados de educação se encontram des-contentes com os preços ali praticados, embora, à partida, tabelados de acordo com a lei. Alguns paisdeixaram de colocar naquela instituição os filhos, e rumaram a instituições públicas vizinhas do concelho,existindo até um transporte para o efeito.A CDU na Câmara Municipal de Azambuja, pela voz do vereador David Mendes, não desarma e exigeuma solução para o caso com o estabelecer do pré-escolar público para a freguesia de Aveiras, dandoa entender também que se poderia ir mais longe no aliviar da fatura mensal das famílias que recorremaos serviços da instituição privada. Ouvido pelo Valor Local, Luís de Sousa, presidente do município, dáconta que “não será construído tão depressa o centro escolar”, dadas as dificuldades financeiras do mu-nicípio. Sobre os polémicos preços da IPSS local refere: “Já tive uma reunião na junta de freguesia de Aveiras,onde me falaram em pagamentos a rondar os 100 euros mensais de acordo com o IRS nessa instituição,mas que deveria baixar tendo em conta os protocolos com o Estado. Ainda vou tentar reunir-me com oresponsável da IPSS para tentar perceber melhor. Não quero fazer julgamentos apressados”, dá conta.No ensino público, esse valor é de apenas um euro e 46 cêntimos. O autarca dá conta, ainda, de cincovagas no ensino público em Vale do Paraíso.O presidente da junta de Aveiras de Cima, António Torrão, recorda que a sua freguesia é a única do con-celho que não possui pré-escolar público, e que a Câmara deve agilizar o que for possível para revertereste quadro, caso contrário “Aveiras continua a ter uma história triste” neste domínio, com a deslocaçãode cada vez mais crianças para o ensino pré-escolar público das freguesias vizinhas do concelho doCartaxo.

Centro Escolar de Vila Verdedos Francos inaugurado em Janeiro

Ainauguração do centro escolar de Vila Verde dos Francos só deverá acontecer em Janeiro de 2015,tendo em conta os atrasos na obra verificados por problemas com o empreiteiro e atrasos nos pa-

gamentos da Câmara Municipal de Alenquer.A escola receberá cerca de 50 alunos do ensino básico: pré-escolar e primeiro ciclo. O centro escolarserá composto por quatro turmas de 1.º ciclo e duas turmas de jardim-de-infância, por uma zona de apoioadministrativo, uma zona de jardim-de-infância e uma outra para escola básica. Para o presidente dajunta, Mário Rui Isidoro, trata-se de “uma grande mais valia tendo em conta a degradação do parque es-colar existente”. Há poucos anos, foi fechada uma escola em Lapaduços. Atualmente só está a funcionara escola primária de Vila Verde dos Francos que agregou a de Lapaduços. A freguesia dispõe ainda dojardim de infância. “Quando forem encerrados estes estabelecimentos para abrir o centro escolar o trans-torno não será muito porque a nova escola também se localiza dentro da vila, e o transporte pelas loca-lidades está assegurado”. “Claramente para a freguesia trata-se de uma conquista ter uma obra desta dimensão, não quero estara mentir mas possivelmente há mais de 20 anos que não era feita uma obra desta envergadura na fre-guesia”, refere o presidente da junta.O centro escolar terá capacidade para o dobro das crianças previstas, e Vila Verde dos Francos esperaacolher crianças de outras freguesias vizinhas.

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4 Valor LocalSociedade

¢ Sílvia Agostinho

ACâmara Municipal do Carta-xo aumentou ainda mais o

número de dias que demora a li-quidar os pagamentos a fornece-dores. São dados da Direção ge-ral das Autarquias Locais(DGAL). A Câmara paga agoraem média em 468 dias aos forne-cedores, quando nos primeirosmeses do ano pagava em 393em média. Uma dilatação de tem-po que não deixará de fazer mos-sa entre os fornecedores da Câ-mara.O Valor Local ouviu alguns doshabituais fornecedores do muni-cípio. Fernando Lourenço da Hi-drocampo, empresa dedicada aocomércio e instalação de tuba-gens, localizada no concelho doCartaxo, dá conta que, nesta al-tura, a Câmara lhe deve cerca de20 mil euros. “Tenho vindo a falarcom os responsáveis do municí-pio, mas ainda não temos umplano de pagamentos agendado.Estou a aguardar”. O empresáriosalienta que embora a dívida jáseja significativa, não está nosseus planos cortar, eventualmen-te, o crédito ao município – “Te-mos de ter paciência. Ainda nooutro dia encomendaram mate-riais no valor de 500 euros. Nãoposso deixar de fazer negócio”,

acrescenta, mais ou menos con-formado com o estado de coisas.Outra das empresas credoras daCâmara do Cartaxo é a BeltrãoCoelho, em Lisboa, ligada aoramo das fotocopiadoras. AnaCunha daquela empresa salientaque o município deve “alguns mi-lhares de euros”, sem conseguirprecisar a exata quantia, mastem vindo a cumprir “um plano depagamentos”. A responsável afir-ma que para além do Cartaxo, háoutras Câmaras na região comdificuldades em pagar a tempo ehoras à empresa como Santaréme Rio Maior. “É precisa uma boadose de boa vontade no meio detudo isto, até porque temos de re-correr à banca para suportar oscustos dos outros”.A Ortobest, no Cartaxo, dedicadaao ramo dos produtos ortopédi-cos, é fornecedora da Câmara hácerca de 10 anos. Hernâni Ferrei-ra, responsável da empresa, re-fere que o quadro de dívidas domunicípio para consigo já foimais complicado – “Já pagaramuma fatura que tinha 1000 dias.Neste momento falta pagar umacom 74 e outra com 19 dias”.“Vê-se que há um esforço da Câ-mara para pagar, talvez porquefornecemos material para osbombeiros”.´

Paralelamente, a Câmara deu aconhecer nos últimos dias ascontas do primeiro semestre de2014 sublinhando o esforço al-cançado na diminuição da dívidaperante terceiros durante os pri-meiros seis meses deste ano.Números de certa forma contra-riados, agora, pela lista da DGAL,sinal de que o município até po-dia estar bem encaminhado masacabou por borrar a pintura commais um aumento do prazo mé-

dio de pagamento. Neste mo-mento, a autarquia gerida por Pe-dro Ribeiro já demora quase tan-to tempo a pagar como Paulo Va-randa, que em finais de 2012 de-morava 470 dias, apenas maisdois dias. Em finais de 2013, jácom Pedro Ribeiro nos destinosda Câmara (mas apenas há doismeses), o prazo médio desceupara 373 dias, aumentando para393 no final do primeiro semestredeste ano, até chegar aos atuais

468. Entretanto, o Valor Localsoube que o município destinaapenas um dia da semana paraatendimento aos fornecedores.O presidente da Câmara do Car-taxo alega que o seu municípiofoi penalizado neste ranking “por-que as compras e aquisição deserviços estão a baixar mais de-pressa do que o abatimento dadívida, cerca de 17,09 por cento,enquanto a dívida desceu 1,26 eisto tem influência no cálculo da

DGAL”. O presidente da Câmararefere que caso não houvessenecessidade de reduzir a dívida abancos que atingem valores ele-vados, tais verbas poderiam ser-vir para atenuar a questão dospagamentos a fornecedores.Contudo a Câmara optou porpoupar um milhão de euros naaquisição de serviços a terceiros,sob pena de poder ver as contaspenhoradas, tendo em conta ovolume da dívida.

Cartaxo demora mais dias a pagar a quem deve

Pequenos fornecedoresno limite da paciência

Na Urbanização dos Chães em Aveiras de Cima

Farto de receber as cartas do vizinhoOcaso é dos mais falados nas

reuniões de Câmara deAzambuja. O munícipe José Ro-drigues de Almeida, residente emAveiras de Cima, tem trazido oassunto à baila ciclicamente : acorrespondência do seu vizinhovem parar à sua caixa de correio,devido ao fato de a numeraçãoda sua rua ser muito confusa.Não raramente, os correios dei-xam na sua caixa cartas da luz,água, e até do tribunal do vizinhoem causa.Morador na Urbanização dosChães, na Rua José Luís de Brito

no 5, 1º esquerdo recebe, incor-retamente, as cartas do lote 5, 1ºesquerdo. “Acontece que os cin-co blocos do lado direito da rua,que não tem saída, possuem osnúmeros de polícia identificadosnas suas portas de entrada, masos restantes blocos ao fundo darua, localizados no lado esquerdotêm a designação de lotes comnúmeros”, levando por isso àconfusão gerada. José Rodriguesde Almeida queixa-se da “chati-ce” que tal provoca, por ter de ir“deitar de novo na caixa de cor-reio as cartas colocadas inadver-

tidamente” na sua caixa de cor-reio. O munícipe diz que podedar-se o caso de se ausentar du-rante vários dias “e as cartas quepor vezes podem ser de granderesponsabilidade ficarem retidase ultrapassarem os seus prazosde execução”. O morador já ad-vertiu mais do que uma vez osCTT mas sem grande sucesso.O presidente da Câmara, Luís deSousa, informa que já oficioupara que o morador cuja corres-pondência vai parar à caixa deJosé Rodrigues Almeida paraque retifique o caso junto dos

CTT. O autarca diz que não con-segue intervir no local e mudar osnúmeros de polícia. “Não é a nósque nos compete, mas quem temde intervir é o senhor cujas cartasacabam na caixa do cidadão Al-meida”.José Rodrigues de Almeida nãose conforma com a explicaçãodado que “é do domínio públicoque a urbanização tem passadopor vicissitudes com a ausênciade construtores e proprietáriosalgo confusas”. Sendo que “essefato não deve impedir a alteraçãodos números de lote para núme-

ros de polícia”, algo que chegoua ser feito pelos serviços em2011. Por tudo isto, o moradorentende que se criou um caso“de impedimento burocrático de-vido a legislação absurda”. “Umatraso de vida”, consubstancia. O

munícipe pediu à Câmara paraque procedesse à alteração pre-tendida com os custos inerentesaos moradores, para os que nãopossuírem iniciativa para tal, masa sugestão não teve eco no mu-nicípio.

Números da DGAL pouco animadores para o Cartaxo

Urbanização em causa

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5Valor Local Sociedade

AComissão de Proteção deCrianças e Jovens de Salva-

terra de Magos deu a conhecer,no final de setembro, o seu diag-nóstico social “Proteção emRede/Compromisso com Senti-do”, e segundo Catarina Vaz, pre-sidente da CPCJ local, ao ValorLocal, entre outras realidadesidentificadas, foi possível descor-tinar que há um número preocu-pante de crianças abaixo dos 10anos com “consumos frequentes”de bebidas alcoólicas. A respon-sável identifica que se trata deuma realidade pertinente nesteconcelho. “Julgávamos que osconsumos estavam sobretudo re-lacionados com a cannabis em al-gumas idades juvenis mais avan-çadas, e ficámos surpreendidoscom estes dados”. Trata-se deuma circunstância relacionadamais ou menos diretamente coma deterioração dos laços familia-res motivada pela elevada taxade desemprego, crise económicae de valores.O inquérito levado a cabo permitiudescortinar ainda mais dadospreocupantes: Cerca de 14 crian-ças iniciaram o consumo de can-nabis antes dos 10 anos de ida-de. 62 entre os 10 e os 14, e 71entre os 15 e os 17 anos de ida-de. “Se estas crianças e jovensassumem imagine os que não as-sumem!”, lança.O quadro não é simpático e con-figura naturalmente a necessida-de de intervenção psicológica emcrianças e adultos. “Temos muitosadultos que necessitam de acom-panhamento psiquiátrico, e mui-tas crianças com problemas tam-bém ao nível da pedopsiquiatria.Temos dois psicólogos clínicosvoluntários que atendem as nos-sas crianças, mas apenas meiodia por semana, teríamos neces-sidade de ter uma equipa a tempointeiro. Mas atualmente não che-gam para as encomendas. Se ti-véssemos uma resposta cincodias por semana, não faltariam jo-vens e crianças para as consul-tas”, destaca. Entre os fatos positivos dados aperceber através deste diagnósti-co encontra-se a circunstância deo concelho de Salvaterra apre-sentar uma baixa taxa de gravide-zes na adolescência. Esta é umarealidade que tem registado anta-gónicas perspetivas sociais – “Há20 ou mais anos atrás uma jovemde 16 anos grávida era cultural-mente aceite, hoje uma mãe des-sa idade é considerada quaseuma criança. Geralmente as gra-videzes na adolescência, hoje emdia, não resultam da falta de infor-mação, mas são fruto de uma

tentativa de independência e li-bertação do lar paternal”. Trata-sepois de um novo padrão – “Que-rem ser mães adolescentes. E agravidez surge também como umdesejo de conseguir uma nova fa-mília para substituir a atual, ondea jovem não encontra o carinho eapoio necessários!”. Neste mo-mento, há duas situações que es-tão a ser acompanhados no con-celho. Nestes casos, e na perspe-tiva de haver consentimento des-tes pais adolescentes, “há umacompanhamento da CPCJ emarticulação com o Serviço Nacio-nal de Saúde, também com algu-ma ajuda económica através daSegurança Social”.A comissão tem em suas mãosatualmente cerca de 300 proces-sos, e no entender de CatarinaVaz a maior crise é a de valores,mas para isso tem de ser feito umtrabalho de raiz e com as gera-ções de uma forma mais profun-da. A estrutura faz um trabalhocontínuo com visitas no terreno eatendimentos na comissão, situa-da nas imediações da CâmaraMunicipal. Se até 2011, os alertasjunto da comissão eram, sobretu-do, provenientes de outras entida-des situadas na comunidade, hojesão sobretudo os próprios paisque se socorrem da mesma. Em-bora haja casos de famílias con-vencidas de que a estrutura servepara dar dinheiro como se deuma espécie de segurança socialse tratasse. No que se refere a uma prevalên-cia de casos, se em 2011, alturaa que se reporta o estudo emcausa, a maioria se referia a si-tuações de negligência, atual-mente a fatia alargou-se para osjovens que colocam a sua segu-rança em risco e a dos outros,bem como a violência domésticacom impacto nas crianças.Quanto a casos de abuso sexual,“estamos a falar de uma estatísti-ca residual, que encaminhamosdiretamente para a Polícia Judi-ciária, e Ministério Público”. “Masquando falamos neste abuso, hávárias particularidades porquenão implica só o coito, podemosestar a falar de aliciamento”.Nos casos de violência domésticacom crianças, o número de casostem baixado, mas segundo odiagnóstico da comissão, em20011, em 41 casos registados,só 14 tiveram lugar na freguesiade Marinhais, seis em Salvaterra,outros seis em Foros de Salvater-ra, dois na Glória, dois em Muge. O fato do concelho ser compostopor alguma população flutuante,que veio viver para o municípiopor questões económicas, e certa

forma desenraizada, pode estarna origem, embora de forma par-cial, de alguns comportamentosrelatados no estudo. “De há dezanos para cá que principalmenteForos e Marinhais vieram aumen-tar a população, algumas famíliasdesestruturadas vieram também,talvez porque as rendas de casaaqui sejam mais baratas. E che-gam a mudar várias vezes porano de casa. Por outro lado, te-mos os casos de quem vivia maisperto da capital e mudou-se paraesta região, mas continua a traba-lhar naquele grande centro urba-no, só que chega a casa às 10 ou11 horas da noite e não consegueprestar o acompanhamento dese-jável aos filhos, sobretudo depoisdas cinco da tarde, quando termi-nam as aulas”. Depois de elaborado o plano, se-gue-se agora um faseamento dasua implementação para corrigiros riscos identificados, com umamelhor estratégia na promoçãodos direitos da criança junto dacomunidade, principalmente aonível da prevenção primária, en-volvendo todos os agentes e po-pulação. Um dos grandes objeti-

vos face às carências no acompa-nhamento de alguns dos proble-mas referidos, está a criação deum gabinete constituído por umprofissional da área da pedopsi-quiatria. “Nem toda a gente temdinheiro para pagar um psicólogoprivado, e o hospital de Santarémnão consegue suprimir esta ne-cessidade”.Por outro lado, a batalha no quetoca aos consumos de estupefa-cientes e álcool em tenra idadetem de começar na família, “comuma aposta muito forte na pre-venção primária logo no pré-esco-lar”. “Temos de começar cada vezmais cedo”, sublinha. E com umaabordagem diferente sobre asdrogas, “porque enquanto esta-mos preocupados com a canna-bis já muitos deles andam a con-sumir drogas sintéticas e sabemmuito mais do que nós sobreesse universo”.“Temos alguns casos desses. Ainternet veio despoletar esse fe-nómeno. A faixa etária entre os 14e os 17 anos é muito problemáti-ca a nível dos consumos. E quan-do temos uma criança a dizer quejá experimentou drogas antes dos

10 anos, podemos multiplicaresse número por mais 10, porquea maioria não diz a verdade”. Noque se refere às sintéticas – “Es-tão na moda os denominadoscristais, depois de uma fase coma quetamina, um anestésico paraos cavalos”.“Este concelho é particularmenteexplosivo com crianças mas tam-bém adultos, embora muitos ca-sos não sejam do conhecimentopúblico. Não quero criar aqui umclima de alarme social, mas agir écom certeza uma necessidade ur-gente”.Ainda na memória de muitos esobretudo na história da CPCJ deSalvaterra, está o célebre episó-dio da retirada de três filhos me-nores em 2008 a uma família deForos de Salvaterra, quando asforças de segurança entraram nahabitação da mesma a altas ho-ras da noite, levando as criançasque permaneceram durante vá-rios meses numa instituição. A ati-tude provocou uma onda deconsternação geral na comunida-de, que ajudou a família na cons-trução de uma nova casa paraque pudesse voltar a ter os filhos.

Atualmente, a CPCJ de Salvater-ra é composta por novos elemen-tos, e Catarina Vaz sem quererdar opinião sobre o que se pas-sou com este caso que colocou acomissão autenticamente sobfogo cerrado dos jornais e da opi-nião pública, reflete que “uma re-tirada é sempre feita quando hácondições muito graves e espe-ciais. Só se retira quando não háfamília idónea à volta, ou sem su-porte.” “Possivelmente, a hora es-colhida e a maneira como foi feitaé que podiam ser diferentes, masnão estava cá na altura, por issonão posso ajuizar por completo”. Catarina Vaz não contraria contu-do que aquele caso mexeu com adinâmica das comissões de pro-teção de crianças e jovens dopaís. “Algumas foram achincalha-das e a de Salvaterra também”. Aresponsável assegura que as co-missões “trabalham com fatos esempre que se verifica uma reti-rada há com certeza um cenáriode perigo eminente ou perigo demorte. Não podemos é contar averdade mesmo que seja paranos defendermos, porque o sigiloestá acima de tudo”.

Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Salvaterra

Consumos de álcool e cannabisabaixo dos 10 anos são preocupação

Catarina Vaz esteve à frente do diagnóstico social

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Homenagem a Alcino Soutinho nossete anos do Museu do Neorrealismo

Ainda o impasse nos postos da GNR de Salvaterra e Alenquer

O artesão de barcos típicos

OMuseu do Neorrealismo so-prou, no dia 20 de outubro,

sete velas, e a data serviu no fun-do para o município de Vila Francaprestar homenagem ao homemque arquitetou o edifício do mu-seu- Alcino Soutinho, falecido noano passado. “Começámos porlhe dizer que a área que tinha parafazer o museu não era generosa,mas devido ao seu talento conse-guiu criar esta obra esplêndidaque temos aqui”, lembrou o presi-dente da Câmara, Alberto Mesqui-ta. “Com a mudança de instalações,o nosso museu do neorrealismoganhou um novo fôlego, quer a ní-vel nacional, quer internacional,com a vinda de muitos investiga-dores estrangeiros a este espaço”.Desde 2007, ano da sua inaugu-ração, já tiveram lugar cerca de 70exposições evocativas do espóliodo neorrealismo nas suas diver-sas linguagens. Prosseguir a in-vestigação, conservação do acer-vo e exposição são os objetivospara o futuro do espaço, grossomodo.

Também não faltaram elogios paraa memória de Alcino Soutinho porparte do seu colega de profissãoSidónio Pardal, mas também opresidente do conselho de admi-nistração da Fundação CalousteGulbenkian, Artur Santos Silva,elogiou as qualidades pessoais eprofissionais do mesmo. Quantoao museu do neorrealismo, expri-miu– “Já fazia falta no Portugal de-mocrático um espaço de divulga-ção cultural e reflexão científica deque é exemplo este museu doneorrealismo, um dos maioresmovimentos de oposição à ditadu-ra salazarista”. O mecenas e ban-queiro portuense também deu aconhecer que tomou contato como braço do neorrealismo enquantomovimento literário aos 16 anosquando começou a ler obras dosseus nomes mais sonantes, comoAlves Redol entre outros.Já o diretor científico do museu,António Pedro Pita falou da “sin-gularidade” do mesmo, que procu-rou desde o seu anterior diretor,David Santos, “contemplar umprograma centrado no movimento

do neorrealismo como um todo, enão apenas num estilo, autor ouuma época”, como é observável“noutros museus do género”. Oresponsável destacou a qualidadedo acervo encontrado, constituídopor espólios literários, artísticos, e

editoriais de um vasto conjunto denomes do neorrealismo como se-jam os de Armindo Rodrigues, Al-ves Redol, Carlos Coutinho, Car-los de Oliveira, Soeiro Pereira Go-mes entre muitos outros. Deixoutambém uma palavra de agradeci-

mento aos que consigo trabalham– “uma equipa dedicada paraalém de horários e de comodida-des”. O Museu do Neorrealismoconseguiu também estabelecerparcerias interessantes com a so-ciedade civil, instituições e coleti-

vidades populares. A sua cafetariaé também um ponto de encontropara muitos. Um dos objetivos traçados pelo di-retor prende-se para já em ultra-passar os 12 mil visitantes, núme-ro máximo atingido em 2009.

ACâmara Municipal de Salva-terra de Magos vai avançar

com a constituição de uma equi-pa de proteção ao idoso, com-posta por representantes domunicípio, Segurança Social,

IPPSSs, bombeiros, GNR. Helena Neves, vereadora com opelouro da ação social, refereque no âmbito das jornadas dasaúde e do social, teve lugar umdebate sobre violência intrafa-

miliar na terceira idade, e daítambém a necessidade de seestar mais próximo daquela ca-mada da população. “Estamosnum processo inicial de despis-tes, cujas situações não são fá-

ceis de identificar, porque mui-tos idosos vivem sozinhos”. Aequipa de proteção ao idoso éum “trabalho pioneiro porquenão conhecemos outro no país”.“Pretende-se alertar a própria

comunidade para as realidadesdos nossos idosos e suas pro-blemáticas”. “No debate que teve lugar emSalvaterra, foi dado a conhecerque muitas famílias tentam es-

conder este tipo de casos deviolência. Há idosos maltratadospor filhos e outros familiares. Éimportante alertarmos os nos-sos parceiros para que fique-mos alerta”.

Aúltima edição da Feira deoutubro de Vila Franca de

Xira que decorreu até ao passa-do dia 12, voltou a revelar ex-certos da nossa cultura e danossa arte. Muitos foram os ar-tesãos que estiveram presen-tes, tendo alguns sobressaídomais do que outros, quer pelaoriginalidade, quer pela comple-xidade dos trabalhos. Raul Oli-veira foi um dos artesãos quemais chamou a atenção com assuas réplicas de barcos típicosdo país.Ao Valor Local, Raul Oliveira de55 anos descarrega o stress daprofissão na paixão pelo artesa-nato. Agente da PSP destacadoem Lisboa, desvendou que já

há muitos anos se dedica a fa-zer barcos em miniatura, mas àescala. Raúl Oliveira começouhá muitos anos com este passa-tempo. O gosto pelas miniaturasjá o tinha há muitos anos ecomo esteve na marinha, essegosto foi sendo apurado.O artesão do Forte da Casa re-fere ao Valor Local que este“hobbie” é mesmo um “escape”para a sua profissão. Nos finsde semana e nas horas vagasencontra sempre um pouco detempo para se dedicar à manu-fatura destes barcos. A perfei-ção na elaboração destes mo-delos, é sinónimo de dedicaçãoe empenho que coloca em prá-tica depois de um dia de traba-

lho.Raúl Oliveira dedica-se sobretu-do à construção de réplicas debarcos típicos. Na bancada oartesão exibe com orgulho umexemplar do barco varino, o “Li-berdade” que é propriedade domunicípio de Vila Franca de Xiracom um preço a rondar os 750euros, mas Raul Oliveira desta-ca que a venda destes modelosnão compensa financeiramente.“Estamos em crise e fazemossempre uma atenção”O artesão destaca que nestesetor já houve melhores dias,embora só se tenha dedicado àvenda e à presença em algu-mas exposições desde há seisanos atrás.

Os militares da GNR de Sal-vaterra de Magos e de Alen-

quer vivem em condições deplo-ráveis no interior dos respetivosquartéis. Se em Salvaterra já fo-ram feitas algumas obras noposto local, e a situação foi maisou menos minimizada, mas ain-da longe da desejável, até por-

que muitos dos militares dormemnas instalações da falcoaria. Jáem Alenquer o caso torna-se ain-da mais gritante, porque o espa-ço encontra-se muito degradadocom condições mínimas de con-forto para os elementos da forçade segurança. Quer num casoquer noutro as câmaras munici-

pais têm tentado agilizar esfor-ços junto do Ministério da Admi-nistração Interna para se conse-guir resolver o problema, dadoque novas instalações construí-das de raiz é algo que está parajá afastado de hipóteseO Ministério da Administração In-terna (MAI) questionado pelo

nossos jornal respondeu que“está consciente das condiçõesem que se encontram as instala-ções da Guarda Nacional Repu-blicana no território do municípiode Alenquer”. “A Câmara Munici-pal tem prestado uma útil colabo-ração na procura de soluções,estando o MAI a desenvolver ati-

vamente diligências no sentidode determinar a melhor definiçãodas instalações da GNR no con-celho de Alenquer”.Por sua vez, no que diz respeitoa Salvaterra de Magos a tutelaprossegue no mesmo tom lacó-nico. “Temos contado com o con-tributo ativo dos representantes

do município, na procura ativa desoluções para melhorar as insta-lações locais dos militares. Nomédio prazo prevê-se a realiza-ção de obras de adaptação nasatuais instalações da força desegurança, estando em análise aeventual realização de outras in-tervenções no futuro.”

O artesão e a sua obra

Homenagem a Soutinho com a presença da sua família

Gabinete de Apoio ao Idoso em Salvaterra

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7Valor Local Dossier: ÁguasLuís de Sousa sobre as polémicas do aditamento ao contrato com a ADAZ

“Temos de acabar com esta guerra toda!”Oconcelho de Azambuja está

prestes a entrar em mais umcapítulo da novela das águas. Istoporque estará por dias a chegadade mais um veredicto da EntidadeReguladora de Águas e Resíduos(ERSAR) ao aditamento ao con-trato em curso entre a Águas daAzambuja e a autarquia, que pre-vê aumentos de 21 por cento notarifário. Luís de Sousa presidentedo município, ao Valor Local, refe-re que na sessão promovida pelaassembleia municipal no passadomês de setembro, os elementosda ERSAR confidenciaram que osnovos esclarecimentos da Câmarae da concessionária já respondiammelhor a algumas dúvidas suscita-das pelo primeiro parecer. O pre-sidente do município está confian-te que o próximo parecer saia acontento de todas as partes envol-vidas. Luís de Sousa deposita aindagrandes esperanças na novareestruturação que o setor vai en-frentar nos próximos meses com aagregação dos sistemas intermu-nicipais, que fornecem a água emalta, em três grandes sistemasmultimunicipais. A Águas do Oeste(AO) passará a integrar um des-ses sistemas e com isso pretende-se ganhar economias de escala eembaratecer todo o ciclo de capta-ção, armazenamento e distribui-ção da água. Segundo esse docu-mento, pode-se verificar que estáprevisto que a Águas do Oeste fi-que no sistema da Águas de Lis-boa e Vale do Tejo e EPAL. Calcu-la-se que na fatura final para umconsumidor de 10 m3 mensais in-cluído num dos concelhos daÁguas do Oeste, a água desça 1euro e 83 cêntimos bem como osaneamento. Como Azambuja temmais um intermediário neste ciclo(Águas da Azambuja) é provávelque este valor sofra oscilações. Overeador da Coligação Pelo Futu-ro da Nossa Terra, Jorge Lopes,nas últimas reuniões de Câmaraexortou o município a face estanova reestruturação, tentar jogarcom mais algumas cartas paraque o aditamento possa recuar. “Pensamos que a água vai baixarum pouco, mas estamos na expe-tativa para ver o que se seguirápor parte do Estado”, referiu Luísde Sousa que para já prefere nãose adiantar aos acontecimentos,sendo certo que o aditamento se-guirá o seu percurso normal. Luísde Sousa acredita que pese em-bora a circunstância de Azambujapossuir uma concessionária priva-da, o município também vai ficarvinculado à reestruturação do se-tor e com isso beneficiar das des-cidas no preço da água “mesmocom o aditamento ao contratoaprovado”. “Claro que vamos terde nos adaptar à nova lei, isso

está mais do que assente”. Tam-bém no documento remetido àERSAR relativo ao aditamento,pode ler-se que face à reestrutura-ção do setor em perspetiva e alte-ração tarifária a montante naÁguas do Oeste, as partes (Águasda Azambuja e Câmara) “deverãoacordar os termos em que o ane-xo da revisão das tarifas será re-visto”.A odisseia da renegociação docontrato entre a Câmara e a ADAZjá é longa, e neste processo, aoposição no concelho não se temcansado de dizer que o presidenteda Câmara tem escondido de tudoe de todos a documentação sobreo novo aditamento e em especialo novo caso base, Luís de Sousadefende-se – “As mentiras não va-lem nada. Tudo o que é pedido pe-los vereadores faço questão delhes encaminhar. Estou sempredisponível. Ainda ontem colocá-mos no site uma série de respos-tas que pedimos à Águas do Oes-te. Eu não devo nada nem temonada. Quanto ao caso base amesma coisa”. O Valor Local refor-çou – “Se algum eleito ou cidadãopedir esse novo caso base, o se-nhor presidente facultará sem difi-culdade essa informação?”. Sousarespondeu – “Com certeza quesim, não escondemos nada”.“Ainda numa das últimas reuniões,o vereador Jorge Lopes acusou-me de nada mais termos feito nocapítulo dos resíduos. Mas temosum estudo completo que mostreiaos vereadores da oposição. Ne-nhum se interessou em levar apasta para consultar. Apenas Da-vid Mendes da CDU é que, aindaassim, tirou algumas fotocópias”.Os novos aumentos da Adaz po-derão estar em breve ao virar daesquina, e nesta renegociaçãoLuís de Sousa refere que as coi-sas têm corrido normalmente.Neste processo, a concessionáriajá alegou que os 21 por cento deaumento se situam longe do valordesejável para equilíbrio total daconcessão. Certo é que a Águasda Azambuja que no início da con-cessão pagava um valor anual derendas à Câmara de 208 mil eu-ros, paga atualmente 23 mil e 200euros por ano. “Quando a conces-sionária chegou em 2009, as infra-estruturas eram todas da Câmara,entretanto e à medida que a mes-ma se tornou mais autónoma econstruiu as suas próprias obraspara todo o sistema em baixa, ovalor das rendas baixou”.Por outro lado, nas últimas sema-nas têm sido desencadeadas con-versações para as obras que a AOtem de completar no alto do con-celho, em localidades como Tagar-ro, Arrifana, Casais das Boiças eAlcoentre. “Têm existido algunsdesaguisados com eles porque a

responsabilidade é da Águas doOeste. Estamos a ver se conse-guimos negociar os juros, e a verse conseguimos colocar as dívi-das entre as partes, ADAZ e AO, azero.”Na questão dos mínimos, Luís deSousa lamenta que a AO tenhacâmaras com captações própriasenquanto outras dependem ape-nas do sistema intermunicipal. –“Acabou-se com os mínimos, mastambém andámos a verificar ascontas e chegámos à conclusãoque a Águas do Oeste nos deviadinheiro. Penso que agora com ofim dos mínimos tudo ficou sana-do. Esperamos que eles desblo-queiem as obras no alto do conce-lho”. No que se refere à possibilidadede o aditamento ao contrato poderir parar a Tribunal Arbitral se omesmo for chumbado na Assem-bleia Municipal, adianta que, re-centemente, conversou com opresidente da Câmara de Barce-los, onde a concessão privada le-vou a autarquia à barra da justiça,que se viu obrigada a pagar umapesada indemnização pela quebrado contrato, e enfatiza que o casodaquela localidade “nada tem aver com o de Azambuja”. “Não po-demos continuar a empolar oscontornos deste contrato e temosde acabar com esta guerra toda.Os responsáveis da empresa atétêm tido alguma paciência e cal-ma”. Sobre a postura da empresa tan-tas vezes criticada pela populaçãosobre o modo como o atendimentoao munícipe é efetuado, Luís deSousa refere que a direção daAquapor lhe transmitiu que desco-nhecia tal, mas a Câmara instou aempresa a melhorar o atendimen-to. “Eles têm de tratar os muníci-pes como deve ser!”. O autarca re-conhece ainda que neste proces-so, o presidente da AssembleiaMunicipal, António José Matos“tem sido incansável na agilizaçãodas reuniões e esclarecimentoscom a ADAZ”. “Somos acusados

de esconder a verdade, mas issoé falso. Forneço todos os elemen-tos necessários, até no que res-peita ao caso base se tal me forsolicitado”.No que se refere à eleição de Cu-nha Marques como alvo a abaterpor parte de vários setores políti-cos do concelho, que colocaramem causa a sua idoneidade paraestar à frente da comissão deacompanhamento das águas, re-fere que ainda não está completa-mente fora de hipótese a sua não

permanência. “Fico admirado como medo da oposição perante onome de Cunha Marques. Mas es-tamos a ponderar e a conduzir oprocesso da forma mais correta,com concordância de nomes entrea Câmara e a concessionária”.Luís de Sousa referiu desde o iní-cio do processo que quer mantero nome de Cunha Marques e quenão abdicaria do mesmo. Peranteas pressões que foram exercidaspela oposição em peso, o autarcadiz que se abdicar do seu nome

no futuro não quer dizer que aca-bou por ceder ou fazer, pura e sim-plesmente, a vontade aos detrato-res do nome do especialista emáguas. No entanto, não tem dúvi-das em avançar – “Denegriram aimagem do Cunha Marques, e to-maria a essa gente toda chegar-lhe aos calcanhares”. O autarcaassegura que entretanto a consti-tuição da comissão avançará, – “Ea vinda do doutor Cunha Marquesnão está completamente fora dehipótese”.

Luís de Sousa assegura que tem mostrado todos os documentos pedidos

Page 8: Jornal Valor Local-Edição 24 Out 2014

8 Valor LocalPolítica

¢ Miguel A. Rodrigues

Passado um ano das eleiçõesautárquicas, António Ama-

ral, vereador da Câmara Munici-pal de Azambuja, com os pelou-ros da Cultura, Educação e Co-letividades, considera que o tra-balho que tem sido feito emconjunto com a sua equipa temum balanço positivo. O vereadorque foi durante mais de 20 anospresidente da Junta de Fregue-sia de Azambuja, esclarece queesses anos deram-lhe “traquejo”para lidar com alguns proble-mas. Em entrevista ao Valor Lo-cal, António Amaral, que reco-nhece que o “barco” tem agoraoutra dimensão, sublinha que afase de adaptação não demoroumuito, estando agora mais “pordentro dos assuntos e das suasresoluções.”Numa entrevista gravada noMuseu Municipal Mateus Aren-que, que comemorou recente-mente 10 anos de existência, overeador destacou que o espa-ço está bem vivo, e que a autar-quia tem feito os possíveis, emconjunto com os técnicos, “paraque o mesmo continue ativo”.“Já fizemos alguns eventos, poraltura da Feira de Maio ligadosà tauromaquia, e agora com oseventos ligados à comemoraçãodo aniversário, ao mesmo tem-po que temos tentado captar asescolas e as pessoas para co-nhecerem todo este grande es-pólio”. O vereador sublinha queo espaço é muito procurado pe-las escolas e pelos turistas, epor isso “permanece aberto atéàs seis da tarde e ao fim de se-mana”. Quanto à divulgaçãopara o exterior, o vereador resu-me essa tentativa à internet. “Éesse o canal que temos para adivulgação” vinca António Ama-

ral, que sublinha a importânciade fazer chegar essa informa-ção às escolas.No pelouro da Cultura, AntónioAmaral faz uma radiografia po-sitiva, embora o mesmo sejaatacado de alguma “inativida-de”. O vereador destaca que os

24 anos em que esteve na junta“foram uma grande escola”. Oresponsável considera que asua equipa tem reagido bem,face aos tempos de crise que opaís atravessa. “Os tempos sãooutros, não dispomos dos meiosfinanceiros de antes. Há que ter

mais imaginação e temos porisso uma equipa boa. Tenho co-migo bons profissionais, pes-soas que se dedicam e que gos-tam daquilo que estão a fazer”.Para António Amaral, esse émeio caminho andado para quemesmo com pouco dinheiro, as

coisas evoluam, apesar dasmuitas críticas que vão surgindode diferentes setores que dizemque o seu trabalho naquele pe-louro tem sido quase inexisten-te, ou pelo menos pouco visível,desde que tomou posse.A provar a dinâmica da Cultura,

o vereador lembra que a autar-quia, desde que assumiu fun-ções há perto de um ano, já edi-tou três livros. “Continuamoscom projetos no museu, nas bi-bliotecas, vamos assinalar oMês da Música com um concer-to na Igreja Matriz, e vamos

António Amaral diz que tempouco dinheiro para sonharO vereador da Cultura, Desporto e Coletividades na Câmara de Azambuja dá conta de alguns projetosque gostava de ver desenvolvidos mas que vão permanecer em banho-maria durante mais algum tempo.António Amaral responde às críticas de que os seus pelouros são pouco ativos.

O autarca tem sido acusado de fazer pouco

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9Valor Local Políticadando passos no sentido de fa-zermos ações sem gastarmospraticamente dinheiro nenhum”.No que toca aos horários maisreduzidos das bibliotecas no Ve-rão, António Amaral explica quetal foi concertado com o presi-dente da câmara de forma apossibilitar também aos funcio-nários, um mês de agosto maistranquilo, “até porque a afluên-cia é mais reduzida”. O ValorLocal sabe de algumas queixasde frequentadores face a estaalteração, mas António Amaralsustenta que a decisão “só ge-rou uma queixa”. Passada esta fase, as bibliote-cas do concelho voltaram aohorário normal. O vereador des-taca que tal é um imperativo,tendo também em conta a ne-cessidades dos estudantes queusam aquele espaço. Já quantoao espólio, o vereador refereque “alguns padrinhos da leituratêm doado obras”. Para alémdisso, uma empresa fez umadoação de alguns dvds “numvalor considerável”, lembrandoque no próximo orçamento, estácontemplada a aquisição de no-vas obras, nomeadamente, paraos mais pequenos.Sobre a biblioteca móvel, umprojeto iniciado pelo anterior ve-reador da cultura, Marco Leal,

mas que nunca foi concluído,António Amaral, esclarece quetal não é uma prioridade. Aliás overeador diz desconhecer esseprojeto, e lembra que o conce-lho está razoavelmente cobertocom as bibliotecas de Azambu-ja, Aveiras de Cima e Alcoentre.No que respeita ao setor doDesporto, Amaral considera oPrograma de Atividade Físicapara Todos (PAFT) como priori-tário, “reconhecido por toda agente, até a oposição acha quese trata de um excelente pro-grama”. O PAFT que decorreum pouco por todo o concelho,tem a mais-valia de contar como envolvimento das coletivida-des e das juntas de freguesia. Críticas das coletividades quan-to à falta de pagamento deapoios contratualizados com aCâmara não têm faltado vindasde todo o concelho, mas Amaraldiz que os subsídios “vão sendopagos à medida das possibilida-des”. O responsável asseguraque estão a ser feitos todos ospossíveis para, até ao fim doano, se possa acertar contascom as 42 coletividades do con-celho no que toca ao ano de2013, mas pagar os apoios de2011 e 2012 será “impensável”.Fora disso, a Câmara continua“a apoiar a nível logístico”.

O vereador salienta que por ve-zes se tem uma ideia errada so-bre a realidade do apoio cama-rário aos clubes, que não se re-sume apenas a um cheque. A tí-tulo de exemplo, o vereadordestaca um protocolo existentecom a Associação de Futebol deLisboa, na qual estão inscritostrês clubes do concelho, no-meadamente, o de Vila Nova daRainha, o Grupo Desportivo deAzambuja e o Aveiras de CimaSport Clube, em que a Câmarapaga as inscrições dos clubesque rondam os dez mil euros. “Édinheiro”, justifica. “Não pode-mos falar apenas do apoio atra-vés de um cheque. Pois durantetodo o ano, há pedidos paramontar palcos, solicitações deautocarros entre outros.” O ve-reador destaca também a ce-dência do Estádio Municipal:“Não cobramos nada aos nos-sos clubes. Pagamos água, luz,horas para os treinos. Enfim háaqui uma componente muitogrande. Por vezes pensa-seque é só o cheque”.

Castro de Vila Novade São Pedro revitalizado

Ainda no que respeita à Cultura,o “Castro” de Vila Nova de SãoPedro, merece por parte deste

executivo, “alguma atenção es-pecial”. Segundo António Ama-ral, para breve está o início darevitalização do espaço. “Sabe-mos que são terrenos privados,mas estamos conscientes daimportância do local para a nos-sa história e para o nosso con-celho”. O vereador salienta que a edili-dade pondera em conjunto comtécnicos da Câmara e arqueoló-gos dar início à revitalização doespaço. António Amaral refereque o local tem de ser limpocom cuidado, nomeadamente,fazendo uso dos conhecimentosdos arqueológos com o objetivode se proceder à “desmataçãodo local e qualificação daquelazona”. Segundo adiantou ao Valor Lo-cal, o vereador pondera que nolocal seja construído um parquepara autocarros, bem como si-nalética e informação sobre osítio em causa. A juntar a isto, overeador quer levar a cabo umseminário sobre o tema, com vi-sitas dos munícipes interessa-dos ao Museu do Carmo, demodo a que possam constatarno local o património que láexiste referente ao Castro. “Va-mos tentar divulgar ao máximo,até porque alguns estrageiros jásolicitaram visitas nesse senti-

do”.Mesmo ao lado do monumento,está a Casa João Moreira. Oedifício em ruínas foi adquiridopela Câmara há alguns anospara melhorar a curva de aces-so a Vila Nova de São Pedro,mas também para servir de cen-tro de interpretação. Sobre esteassunto, o vereador esclareceque, por enquanto, não há ver-bas para a reabilitação da casa,mas não coloca de parte que amesma venha a fazer parte des-te projeto. O vereador salientaque o espólio de João Moreiratem valor e está guardado. “Ain-da não perdemos a esperançade conseguir concretizar algo”.

Barco “Vala Real”aguarda melhores dias

Adquirido no final dos anos 90pela Câmara Municipal deAzambuja, o barco varino “ValaReal” tem agora pela frente umareparação a rondar os 50 mileuros. A embarcação esteve emágua doce mais tempo do quedevia, tendo sido também des-curada a sua manutenção, e porisso, a sua recuperação é agoramais difícil. O barco que partici-pou ativamente na “Rota dosMochões”, tem agora um futuroincerto dadas as dificuldades fi-

nanceiras da autarquia.Mas a embarcação que se en-contra na doca de Sarilhos Pe-quenos, na Moita, continua nosplanos de António Amaral. O ve-reador salienta que o barcosempre teve muita procura eque “o interesse na sua recupe-ração é extensível a todo o exe-cutivo”. “Faz-nos doer o coraçãover o barco da maneira como seencontra”, e por isso a autarquiatentou uma abordagem a umprivado que tinha mostrado inte-resse na sua recuperação, bemcomo interceder numa divulga-ção diferente do projeto. Toda-via os valores envolvidos forammaiores do que os esperados, àvolta de 50 mil euros, algo queafastou por enquanto o empre-sário. Ainda assim, AntónioAmaral diz que a autarquia nãodesistiu por enquanto desse so-nho. Na forja poderá estar ago-ra uma candidatura para a recu-peração do barco a fundos co-munitários, com o apoio da En-tidade Regional de Turismo doAlentejo e da comunidade inter-municipal. Essa parece ser apróxima esperança para que obarco volte às águas do Tejo.

Veja a entrevista completaem vídeo no site em

www.valorlocal.pt

Omunicípio de Azambujapaga atualmente a 49 dias,

em média, aos fornecedores. Nofinal de 2013, a autarquia ape-nas conseguia liquidar os paga-mentos em 125 dias, e em Ju-nho do ano passado demoravaquase um ano, em média, a pa-gar aos credores: 317 dias. Pelaprimeira vez, nos últimos anos,a Câmara consegue sair da listapublicada trimestralmente pelaDireção Geral Das AutarquiasLocais (DGAL) com os municí-pios que demoram mais de 90dias a pagar aos fornecedores.Pelo que no entender de Luís deSousa, presidente do município,estamos perante “um bom salto”“mercê da política de contenção

levada a efeito”. “Quando nosacusam de não fazermos obra,estamos conscientes disso, masprimeiro há que pagar a quemse deve e arrumar a casa.”“Para já conseguimos poupar al-gum dinheiro. Estamos a gastarapenas no que é imprescindível,para se conseguir abater a dívi-da. Equacionamos bem as com-pras a fazer tentando racionarno que é possível”.O vereador da Coligação PeloFuturo da Nossa Terra, JorgeLopes referiu, numa das últimasreuniões do executivo, que aCâmara não fez nada de espe-cial no controle da dívida até aomomento. Recorde-se que onosso jornal na sua edição onli-

ne, no final de agosto, referiaque a autarquia diminuíra o va-lor da dívida em 1 milhão e 200mil euros desde março a 31 deagosto, passando agora a umpassivo de 11 milhões de euros,(contada também a dívida abancos) mais os 7 milhões emeio da Empresa Municipal deInfraestruturas de Azambuja(EMIA) Jorge Lopes desvalorizou e ati-rou : “O que o senhor (Luís deSousa) fez é tão fácil como res-pirar, basta ficar sentadinho àespera que caiam na conta ban-cária da Câmara os valores detrês milhões de IMI e de outrasreceitas e com isso aguardarque fique saldada a dívida aos

bancos, com a amortização de2,3 a 2,6 milhões de euros todosos anos, até que se cumpracom o pagamento de oito mi-lhões até 2017. O que o senhorfez qualquer pessoa nesta salaconseguiria fazer”. Quanto aofato de a Câmara estar a pagaraos fornecedores em menostempo, o vereador da oposiçãotambém alegou que não há mui-tas dificuldades em cumprir comisso “porque a Lei dos Compro-missos não permite mais endivi-damento”. O presidente da Câ-

mara, ao nosso jornal, desvalo-rizou as afirmações da oposiçãode centro- direita.“Para 2015, vamos fazer um or-çamento real, baseado tambémno que está em vigor”, refere.“Talvez no segundo semestre doano que vem, consigamos terfôlego para lançamento de algu-mas obras. Mas há compromis-sos assumidos, as receitas sãoescassas. Apenas 13 milhões,com 49 por cento da verba parapagamento a funcionários. Serádifícil evoluirmos muito para

além do que é imprescindível:arranjar calçadas, estradas,obras nos edifícios da Câmara edas escolas. Não podemos pro-meter mundos e fundos”.No que se refere ao pagamentoda EMIA, revela: “Já estamos atratar da transposição da dívidae do património da empresa mu-nicipal para alçada da Câmara”.“Muitos dos pagamentos que te-mos vindo a efetuar já eram daEMIA e com isso a diminuiraquele valor de sete milhões”,realça.

Azambuja sai da lista negra das dívidas municipais

Impasse nas freguesias do Cartaxo

Ainda não há um desfecho concreto para o vazio político nas freguesias de Vila Chã de Ouriquee Ereira/Lapa, no Cartaxo, ambas do PS, e onde quem venceu as eleições não conseguiu reunir

consensos com a oposição, no primeiro caso, e no segundo com o presidente da junta a interrompero mandato, há vários meses, sem dar muitas justificações. Nos últimos dias a mesa da assembleiade Ereira/Lapa foi destituída e vive-se também naquela freguesia uma situação de vazio político. Sãotempos turbulentos para a concelhia do PS, mas o seu presidente António Morão, ao Valor Local, re-fere que “as reuniões estão a ter lugar de modo a que se possam gerar consensos, com a análisede todas as propostas da oposição”. Já foi adiantado pela CDU um cenário de eleições para Vila Chãde Ourique dado o extremar de posições verificado nas últimas semanas, mas o líder da concelhianão quer antever esse cenário, “pois quem foi eleito tem legitimidade para governar”. “Para além de que os fregueses não estão a ser prejudicados”, nota Morão, que reconheceu, contu-do, que sem orçamentos e verbas transferidas, (porque a assembleia de freguesia não conseguefuncionar em condições) devido ao caos vivido particularmente em Vila Chã tal também prejudica avida de quem vive na freguesia. O presidente da concelhia recusa falar em falhanço da estrutura doPS quando há duas freguesias daquela cor que ainda não encontraram rumo um ano após as elei-ções. “Quem está a falhar é a oposição, porque nós temos feito várias propostas que são semprerecusadas”.

Contratação de jornalista e fotógraforepudiada no Cartaxo

Acontratação de serviços de fotografia e jornalismo, referentes a uma renovação de serviços, porparte do município do Cartaxo num valor total de 13 mil e 19 mil euros por ano respetivamente

foi chumbada pela Assembleia Municipal (AM) do Cartaxo, no dia 30 setembro. No entanto, só o sim-ples fato de a Câmara estar na disponibilidade de fazer este tipo de despesa provocou uma onda deconsternação nas redes sociais face ao cenário de dívidas da autarquia e quando o presidente domunicípio fala em aperto do cinto e contenção a todos os níveis. O contrato previa uma duração detrês anos, perfazendo 87 mil euros no total.A proposta que chegou a ser aprovada em reunião de Câmara não passou no crivo dos deputados,mas o autarca do Cartaxo recusa falar em polémica – “Houve uma informação técnica do gabinetede comunicação a referir a necessidade de renovar prestações de serviços que já vinham dos man-datos de Paulo Caldas e Paulo Varanda. Dei a orientação de fazermos uma avaliação positiva dotrabalho acompanhado de redução de encargos, de 60 por cento no trabalho jornalístico e de 30 porcento nos serviços de fotografia”.Em função dos votos contra do PSD e do Movimento Paulo Varanda na Assembleia, a Câmara estáa procurar alternativas com recurso a meios internos, “talvez não com a mesma qualidade que tí-nhamos”. “Foi a própria coordenadora do gabinete de comunicação que nos sugeriu a continuidadedos dois elementos em causa”, acrescenta, referindo não se encontrar descontente com a produçãodas duas trabalhadoras efetivas que fazem parte do gabinete, mas que Ribeiro considera insuficien-tes face aos padrões de exigência de qualidade pretendidos. A prestação de serviço referente aos trabalhos de fotografia vai manter-se apenas até 30 de dezem-bro, enquanto que os de jornalismo já foram cessados.

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10 Valor LocalPublicidade

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11Valor Local Economia

¢ Miguel A. Rodrigues

Apostar na revitalização deantigos espaços industriais

do concelho de Vila Franca deXira parece ser a aposta a se-guir pelo município até 2020. Aideia surgiu num encontro leva-do a cabo em Alverca no dia 20de outubro com o objetivo de de-bater com autarcas, empresá-rios e sociedade civil qual o ca-minho a percorrer. A regenera-ção urbana foi assim tema deconversa no Fórum Chasa emAlverca.Numa altura em que na Europasurgem exemplos de aproveita-mento de espaços outrora gran-de fábricas, para micro empre-sas ou startups, chega a vez dese discutir o assunto também nomunicípio vilafranquense. Tal foiuma das tónicas colocadas nes-te encontro, tendo por base umestudo encomendado ao Institu-to de Ciências Sociais da Uni-versidade de Lisboa.Póvoa de Santa Iria, Alverca eVila Franca de Xira são zonaspreferenciais para a colocação e

implementação de pequenasunidades de logística, o que jávai acontecendo, sendo por isso,esta uma das alternativas a daràs fábricas e armazéns abando-nados. Aliás, segundo João Fer-rão, um dos responsáveis poreste estudo, é saudável a coabi-tação destes espaços entre asempresas ou espaços de lazer erestauração. Mas lá fora há em-presas de design, informática,entre outros serviços que decidi-ram implantar os seus negóciosnaquele tipo de espaços, muitasvezes situados em zonas depri-midas ou nos denominados bair-ros sociais. Procurou-se fazer aponte com essas comunidades ehá casos de sucesso em quecrianças desfavorecidas toma-ram contato com a informática eadquiriram níveis interessantesde conhecimento, ou a nível dodesign com o “redesenhar dehabitações dos idosos da zona”.O professor destacou que “é im-portante saber o que se faz nosoutros países, para se aprendercom esses exemplos” até por-

que lá fora a regeneração urba-na está muito mais avançada doque em Portugal.No que toca ao concelho de VilaFranca de Xira, o município temvindo a adaptar-se às novas ne-cessidades, com a implantaçãode novas unidades à semelhan-ça de outros concelhos com asmesmas características. Nestecampo tem sido importante aproximidade a Lisboa e ao Tejono conjunto das acessibilidadesferroviárias e rodoviárias. Fazerdo concelho de Vila Franca deXira uma espécie de prolonga-mento do Parque das Naçõesseria algo, quem sabe, a alcan-çar, segundo os oradores.Aliás, uma das questões debati-das, está relacionada com aconcorrência a Vila Franca deXira neste novo quadro, nomea-damente, Lisboa, que tem maispossibilidades de atrair investi-mento capaz de regenerar asantigas fábricas e zonas urba-nas. João Ferrão vinca mesmoque para ombrear é fundamentalo investimento público, não che-

gando para isso o interesse pri-vado, que na sua opinião, nãoestará interessado em investirsozinho em projetos desta di-mensão.A julgar pelo estudo apresenta-do, as diretivas emanadas dapesquisa dos docentes do Insti-tuto de Ciências Sociais da Uni-

versidade de Lisboa – Alverca eVila Franca de Xira são as cida-des com maior capacidade deatração de investimento. Tam-bém aqui, não faltam exemplosde locais para regenerar, todaviaos docentes não apresentaramnenhum em concreto.Este ciclo de debates promovido

pelo município, prossegue nopróximo dia 27 outubro. O temasubordina-se à “Habitação eFundos de Desenvolvimento Ur-bano”. No dia 3 de novembro,destaque para o debate sobre“Energia e Sustentabilidade Ur-bana”; e a 10 novembro serãofocados o “Turismo e a Cultura”.

Debate sobre Regeneração Urbana em Alverca

Transformar fábricas devolutasem startups e incubadoras

Cinquenta por cento das em-presas em Portugal não têm

acesso à internet, e oitenta porcento destas não possuem pre-sença online através de um siteou de outra ferramenta. É comeste propósito que a Agência paraa Competitividade e Inovação(IAPMEI) e a “Associação do Co-mércio Electrónico e PublicidadeInteractiva” estão a levar a cabouma campanha de divulgação in-titulada “PME Digital” tendo emvista a sensibilização dos empre-sários portugueses para a impor-

tância do tema em causa, atécomo forma de poderem garantirmais vendas. Em Alenquer o pro-jeto foi dado a conhecer no finaldo mês de setembro perante em-presários locais.O presidente da Câmara, PedroFolgado, alertou os empresáriospresentes para o fato de a era di-gital estar aí, e de ter de existiruma necessária adaptação àsinovações do mercado permitidaspelo aceso à internet. “Podempensar que é caro chegar às pes-soas através da internet mas esta

sessão vai demonstrar-vos quenão há custos por aí além, peloque vamos dar a conhecer asmais valias de estarem dentrodeste processo”.José Vale do IAPMEI salientouque a aquisição de um domíniopara um site pode ficar a apenas18 euros por ano. “Este tipo deoportunidades deve ser agarradopor vós, a economia global estáem crescimento, por isso contemconnosco para vos ajudar nestetema como noutros, como os no-vos fundos do QREN”.

João Abrantes do ACEPI tentoudesmistificar algumas ideias feitassobre a transparência e a fiabili-dade do comércio online, desdelogo com a apresentação de umsistema de certificação de ven-das, como o “European Trus-tmark” e o “Confiança Online”Depois constatou – “Temos deaumentar o nosso volume de ven-das online, para que os consumi-dores portugueses comprem oque é nosso, caso contrário vãocomprar lá fora, porque em mui-tos países há quem já não dis-

pense o sistema de compras pelainternet ao contrário do que sepassa numa grande maioria deempresas em Portugal”. Em Por-tugal este quadro é negro – “Sócinco por cento das empresaspossuem o sistema de comprasatravés da internet”. Neste cam-po, a ACEPI fornece uma plata-forma que consiste em loja online,site, software de produtividade,soluções de gestão de negócio eclientes, acesso a banda larga ecertificação online com períodode experimentação gratuito.

Para demonstrar a segurança docomércio online, o programa“PME Digital” trouxe consigo doisparceiros que asseguram a jusan-te o normal funcionamento daaquisição de produtos pela inter-net como a Chronopost que efe-tua as entregas em casa do clien-te e a easypay que funcionacomo uma espécie de cartão mul-tibanco online. Ambas como opropósito de tornar ainda mais efi-ciente toda a cadeia de comprasonline do fornecedor ao consumi-dor.

Programa “PME Digital” em AlenquerEmpresas portuguesas com défice online

Sessão promovida em Alenquer

Especialistas lançaram várias ideias sobre o tema

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12 Valor LocalDestaque

¢ Sílvia Agostinho

Em 2008, o anúncio de que oNovo Aeroporto de Lisboa

(NAL) viria para o concelho deBenavente, mais propriamentepara o Campo de Tiro de Alco-chete, parecia à primeira vista

um jackpot inesperado face à de-cisão já mais antiga de queaquela grande infraestrutura fica-ria localizada na Ota, em Alen-quer. O tecido económico e imo-biliário ganharam uma nova ani-mação, mas a crise económica

depressa começou a dar amar-gos de boca e uma sensação dedesapontamento. “Até hoje temsignificado não uma oportunida-de, mas um estrangulamento!”,dizia em entrevista ao Valor Lo-cal, António José Ganhão, antigopresidente do município, no finaldo seu mandato, em 2013. Omunicípio nem conseguiu ficarmais conhecido com este anún-cio pois a grande maioria acredi-ta que a infraestrutura está pen-sada para o concelho de Alco-chete, quando as pistas se loca-lizam na freguesia de SamoraCorreia, Benavente.O processo tem andado a rebo-que de diferentes decisões dosvários governos que continuam aadiar o inadiável pelo menos nopapel, dado que mais ou menostoda a gente já intuíu que não há

uma data plausível para que algoande para a frente neste domí-nio. As medidas preventivas fo-ram levantadas em 2011, e agoraaguarda-se com alguma expeta-tiva para ver o que se vai passarapós dezembro deste ano quan-do expirar a Declaração de Im-pacte Ambiental (DIA), o que aacontecer dita o fim de forma,mais ou menos concreta, doaeroporto.Para já o presidente do municípiode Benavente, Carlos Coutinhoestá mais preocupado com oPDM que, por enquanto, está pa-rado devido a uma providênciacautelar da Quercus, mas quetambém viu o Governo solicitarpara que seja contemplado nomesmo o NAL. “Tomámos a de-cisão de não incluir o aeroporto,para evitar que a Câmara pague

indemnizações a proprietários econstrutores que possam vir asentir-se prejudicados pelo fatode já não poderem construir por-que está previsto para determi-nado local a infraestrutura emcausa”. O autarca que não sesentiu confortável com a prorro-gação da DIA que veio dar maisuma achega a todo o cenário derestrição, em 2012, acredita quepossa existir mais um alarga-mento de prazos após o fim des-te ano. “Já nada me espantanesse processo”, refere.O vereador do PSD na Câmarade Benavente, José da Avó,opõe-se a que o Governo estejaa tentar que a autarquia limite zo-nas de Santo Estevão no PDMface à possibilidade do aeropor-to. “Não sabemos se estará con-cluído sequer nos próximos 20

anos, como tal restrições destetipo são penalizadoras”, até por-que se trata de “uma zona de ex-pansão do concelho”. “Falamosde indemnizações a pagar quenão serão pequenas, porque aPortucale tem um projeto para azona em causa, e a Câmara nãopode ficar comprometida comessa possibilidade e avançarpara a inclusão, por sua espontâ-nea vontade, do aeroporto noPDM”. “O Governo é que tem deassumir isso e arcar com as pos-síveis indemnizações que daí re-sultem”.Outros dos fatores que no enten-der das várias forças políticasacaba por prejudicar o concelho,prende-se com a circunstância,de a dada altura, o Governo termexido na primeira localizaçãodo aeroporto naquela zona. As

Era uma vez um Aeroporto…as “estórias” de uma novelaBenavente e Ota são até à data a face de uma mesma moeda. O Novo Aeroporto de Lisboa que esteve du-rante vários anos projetado para o concelho de Alenquer viajou para o Campo de Tiro de Alcochete, enas duas partes os mesmos cenários vividos: medidas restritivas, condicionamentos e o desenvolvimen-to anunciado cada vez mais uma miragem. Agora que a Declaração de Impacte Ambiental para o aero-porto no concelho de Benavente, está prestes a caducar e pode vaticinar mais ou menos a “morte” doaeroporto, ouvimos os principais atores desta novela em dois atos.

Um dos rostos mais visíveisdesta novela do novo aero-

porto no Campo de Tiro de Alco-chete é Henrique Chaves, da As-sociação para a Defesa Ambien-tal de Santo Estevão (ADASE),constituída logo após a decisãodo Governo aquando da troca deOta por Benavente, com o intuitode “acompanhar o processo edefender a qualidade de vida dosresidentes”. O antigo ministro doGoverno de Santana Lopes, queescolheu a Herdade do Zambu-jeiro para segunda habitação, éparticularmente caustico na aná-lise dos vários acontecimentosque motivaram avanços e recuosnesta matéria. Na sua opinião há claramente “adefesa de interesses pouco co-nhecidos” logo à partida na defi-nição das pistas do aeroportomais a norte, tendo em vista acriação da cidade aeroportuária,uma decisão governamental quetrouxe imediatamente um ónus

mais pesado para a freguesia deSanto Estevão. “Queriam clara-mente beneficiar alguém masquem não sei exatamente, tam-bém sempre se ouviu dizer quequando se anunciou a Ota, genteconhecida do PS foi logo à pres-sa comprar terrenos na zona”.A ADASE chegou a ser recebidapela antiga estrutura NAER, an-tes da mais recente privatizaçãoda ANA. “No início do processofalámos com um tipo chamadoCarlos Madeira, responsável daNAER, e pelo qual não tenho amínima consideração, porqueomitiu intencionalmente essa in-tenção de passar a por o aero-porto a apenas quatro quilóme-tros de Santo Estevão e não osoito inicialmente previstos, ouseja acabar com tudo na locali-dade”. Para além de que tal des-localização “acarretaria aindamais prejuízos do ponto de vistaambiental e da avifauna”, consi-dera. “A infraestrutura estava

prevista justamente para o localonde se concentram arrozaiscom uma grande concentraçãode aves. A loucura chega a umponto em que se propõe esvaziaros arrozais, que são propriedadeprivada, isto é mesmo de garga-lhada!”, acrescenta.O rosto da ADASE não tem dúvi-das de que tudo foi cozinhadonas costas de Benavente, e doantigo presidente Ganhão. “Fize-ram esse novo desenho clandes-tinamente de modo a libertar asul muitos hectares de terrenoonde se praticava uma pequenaagricultura, rumo à especulaçãoimobiliária”. “O antigo presidenteGanhão, na altura, alertado pormim pediu satisfações àquele or-ganismo que desmentiu, alegan-do que tudo não passava de in-venção minha. Ganhão conven-ceu-se disso mas rapidamente atese deles caiu por terra quandonuma apresentação pública noCampo de Tiro de Alcochete com

muitos convidados, interpeleiuma engenheira que interveio, eque ficou completamente emba-tucada perante a minha questão,sendo obrigada a confessar pe-rante toda a gente a nova arqui-tetura das pistas”, confidencia.Henrique Chaves recorda que oassombro tomou conta de muitosdos participantes e prossegue –“No intervalo da sessão, até oAugusto Mateus ligado a estaquestão se mostrou desconcer-tado”. Quanto a António JoséGanhão, “este perdeu logo ali acabeça”. “Disse que tudo aquiloera inacreditável e que a NAERtinha andado a mentir. Arranjou-se logo ali um 31 incrível”. Paraalém do impacte ambiental, “oEstado ainda teria de indemnizarseveramente a Portucale que jánaquela altura tinha um projetoimobiliário muito adiantado”.Com a instalação da crise, oatual Governo tem desviado asatenções para a possibilidade de

um aeroporto para voos low-costno Montijo, ao mesmo tempo quenão desarma por completo da in-fraestrutura em Benavente. A De-claração de Impacte Ambientalcujo prazo terminava em dezem-bro de 2012 foi prorrogada atédezembro deste ano, tendo sidoalvo de processos em tribunalpor parte da ADASE, Câmara deBenavente e Portucale tendo emconta os prejuízos ambientais.“Ninguém teve coragem até hojeno Governo para colocar umponto final nisto, vai ter de ser otribunal a decidir no final de2014”. Henrique Chaves de-monstra, ainda, que chegou aencontrar-se com o atual ministrodo Ambiente, Jorge Moreira daSilva, que confirmou estar a lestedo processo de renovação daDIA ocorrido em 2012. “Disseque não conhecia o despacho,que era impensável um despa-cho daquela natureza passarsem que ele de nada soubesse,

até afirmou que ia reestruturartodo o ministério, e que me liga-ria dali a uns dias depois de ave-riguar o que se tinha passado.Olhe até hoje! Nada me disse. Écaso para dizer que os interes-ses se moveram do PS para oPSD”. Contudo o residente na Herdadedo Zambujeiro acredita que po-derá acontecer nos próximosanos um volte-face com o triunfoda região como paraíso do des-porto equestre e do turismo ruralcomo muitos haviam sonhado,isto se o aeroporto “morrer”.“Com a falência dos EspíritoSanto, a Comporta que já estavamuito orientada para o hóquei,poderá ser suplantada por SantoEstevão com o projeto da Portu-cale. A marca Espírito Santo eraum atrativo, até snob, porquemuita gente queria ir para ao pédeles. Com a Comporta a decair,Santo Estevão vai lucrar comisso, nos próximos anos”.

Associação para a Defesa Ambiental de Santo Estevão fala em interesses obscuros

Nova localização em Samora Correia

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13Valor Local Destaque

pistas foram mudadas dois quiló-metros para norte para mais per-to de Santo Estevão, criando to-das as condições para tornar me-nos suportável a qualidade devida no local, com o possível au-mento de ruído provocado, no fu-turo, pela dinâmica daquela infra-estrutura, bem como a alteraçãode alguns ecossistemas.Com esta deslocação, o conce-lho ficará ainda prejudicado noque se refere à possibilidade decrescimento de uma grande cida-de aeroportuária, que a julgar

pelo desenho do que está proje-tado se situaria nos municípiosdo Montijo e Alcochete. “Os be-nefícios económicos ficariam forade Benavente. Até entenderiaque pudéssemos ter alguma pe-nalização, mas como as coisasestão a ser feitas, não vamos lu-crar nada nem desse ponto devista de algum crescimento, ex-ceto na altura da construção,nem do ponto de vista das viasde acesso. Não vamos ter maisestradas, continuaremos longedo aeroporto e também distantes

do centro económico”, vaticinaJosé da Avó. o Valor Local tentouo contacto com o vereador do PSna Câmara de Benevente Raiu-mundo Rocha e com o presiden-te da Junta de Santo Estevãoque não se mostraram interessa-dos em prestar declarações.

Santo Estevão: “A NovaQuinta da Marinha”

A expressão é de Daniel Ferreiraligado à administração da Herda-de do Zambujeiro, com cerca de

300 casas, que nas últimas déca-das viu chegar novos residentesque fizeram do local uma segun-da casa, e nalguns casos primei-ra. O ministro da Saúde, PauloMacedo, é talvez um dos nomesmais conhecidos. Se não fora oanúncio do aeroporto e tudo oque se seguiu daí para a frente,bem como a crise económica, alocalidade do concelho de Bena-vente tinha tudo para se tornarna nova meca do turismo rural.“Infelizmente houve uma para-gem de quase 80 por cento” no

que se refere ao aspeto imobiliá-rio-turístico ligado ao empreendi-mento.“Na aplicação das medidas pre-ventivas, não tiveram a noção doque andavam a fazer. Na Otaainda deram uma margem decerca de alguns hectares de áreade proteção, aqui não fizeramnada disso, com restrições atéao concelho de Coruche”, referee exemplifica – “Se eu quisessefazer um casa de banho a ANA éque tinha de dar autorização,mesmo que a Câmara concor-

dasse. Se quisesse vender umaparcela de terreno, igualmente omesmo processo. Nisto tudo, aCâmara era um verbo de encher!Não se podia fazer nada no con-celho. Muitos venderam e outrosdeixaram de comprar”, recordaDaniel Ferreira. Mesmo com ofim das medidas em causa, talnão afastou o fantasma – “Aspessoas questionam-se: E sevoltam a reintroduzir as medi-das?, Face a isto desistem”, de-monstra para enfatizar as seque-las da questão.

Daniel Ferreira fala dos incovenientes que o aeroporto já trouxe Uma das várias casas da Herdade do Zambujeiro

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14 Valor LocalDestaque

Com o anúncio do fim do aero-porto na Ota, um conjunto de

municípios constituído pela totali-dade dos que compõem a regiãoOeste, com Alenquer num primei-ro plano e os quatro municípiosda Lezíria do Tejo- Santarém, RioMaior, Azambuja e Cartaxo, o Go-verno prometeu que haveria dearranjar maneira de os compen-sar com um pacote de obras, al-gumas das quais previstas até an-tes do anúncio.Álvaro Pedro, à data do anúncioda deslocação do NAL de Otapara Benavente, em 2008, recor-da-se bem daqueles dias que an-tecederam o fim da Ota, em quetelefonava constantemente paraJosé Sócrates para saber se jáhavia fumo branco. Até que foi avez do antigo primeiro-ministro lhetelefonar, e ter perguntado a Álva-ro Pedro se estava sentado- “Játodos estávamos mais ou menosà espera daquela decisão. O pre-sidente da República puxava maispela outra opção, de modo quenão houve novidade nenhuma”.Para trás ficavam décadas a so-nhar com um aeroporto na região,algo que já se falava desde osanos 70, embora “sempre tenhaexistido muita controvérsia porquealguns falavam do intenso ruídoque podia causar”. “Por causa doaeroporto, até a CLC era para virpara cá, mas a proposta foi chum-bada na Assembleia Municipal ecom isso a empresa acabou parair para Aveiras de Cima”, recorda-se. Um dos fenómenos bem caracte-rísticos da opção Ota prendeu-secom a especulação imobiliária,com a compra de terrenos, espe-cialmente por parte de AntónioVarela da Renit, a valores muito ir-risórios junto de pequenos pro-prietários tendo como fim a espe-culação imobiliária. “Havia quemsó se dedicasse a isso, depois ti-veram azar”, refere o antigo autar-

ca. A possível proximidade a umaeroporto despertou o interesseem Alenquer de outro género denegócios, nomeadamente, pen-sou-se numa cidade do cinemapara a zona do Monte Redondo,“que também quiseram deitarabaixo para favorecer as pistas”.Quanto às medidas restritivaslembra-se que ainda se conse-guiu “safar com alguma sorte umafábrica em Cheganças, a LindeSógas que possuía uma torremuito alta que podia interferir comos aviões, mas chegou-se a acor-do com a ANA, com o compromis-so de se destruir a torre no casode a infraestrutura avançar, comoisso não aconteceu ainda hoje láestá”.Quando chegou a hora de se ne-gociar o pacote de compensa-ções, diz que houve câmaras noOeste que foram demasiado am-biciosas, e por isso desde logo seapercebeu que o que se andava anegociar podia algum dia ir para afrente. Alenquer reivindicou o hámuito prometido IC11 entre Carre-gado e Torres Vedras, a par doCentro Escolar de Alenquer. “Aminha Câmara e a de Azambuja,que erámos as mais prejudicadastínhamos noção do que pedía-mos, mas o resto dos municípiosexageraram.” “Quando íamos àsCaldas falar com o ministro, sabiaque era impossível conseguirmoso que andávamos a pedir. Não seipor que Leiria ou Peniche tam-bém tinham de pedir, quando osúnicos prejudicados eram os con-celhos de Alenquer e Azambuja”,desabafa.Joaquim Ramos, antigo presiden-te da Câmara de Azambuja, quetambém participou nestas reu-niões considera que o plano decompensações foi “o maior em-buste político” dos seus manda-tos. “Estou à vontade nesta críticaporque o Governo era do meu

partido. No início acreditei nessascompensações até que comecei adesconfiar porque não se falavada fonte financeira para por emprática esses projetos. Ninguémsabia de onde viria esse dinheiro,nem o secretário de Estado ligadoao QREN. Por outro lado, o minis-tro Mário Lino mandava uns gritosnas reuniões dizendo que nãonos devíamos preocupar com odinheiro, porque o primeiro-minis-tro tinha tudo sob controle”, referee prossegue: “Fez-se uma grandecerimónia nas Caldas de assina-tura de protocolos, mas eu ia mui-to desconfiado, porque não se po-dia simplesmente dizer que se iabuscar o dinheiro ao QREN parao que estava preconizado, deve-ria, antes, ser contemplada umaverba específica em Orçamentode Estado”.Até que “eu e o Álvaro Pedro co-meçámos a fazer uma grande ba-rulheira, dizendo que estávamosmuito solidários com os colegas,mas que os outros concelhos doOeste não deviam merecer asmesmas verbas porque não eramprejudicados, mas entretanto atéos do Alentejo quiseram meter-seao barulho. Desataram todos aosgritos, e foi tudo corrido a 100 mileuros, que no caso de Azambuja,apliquei na rede de saneamentoem Vale Brejo, Comeiras e Tagar-ro”. Ramos conclui – “Talvez daparte de Mário Lino não houvesseintenção de nos calar ou enganar,mas do primeiro-ministro não te-nho dúvidas”. “Guardo essa má-goa!”. Para trás ficou o biotério,uma variante e a requalificaçãourbana de Aveiras de Cima. “Pas-saram durante muito tempo aideia de que os autarcas podiamcontinuar a sonhar com os proje-tos, que o dinheiro havia de apa-recer de algum lado”. Quanto àsorte de Benavente neste proces-so agora que o aeroporto começatambém a ganhar contornos de

quimera no outro lado do Tejo, va-ticina: “Esses coitados se calharnem 100 mil euros vão ver”. Ra-mos refere que a transferência dainfraestrutura sempre foi demasia-do óbvia: “Os interesses escondi-dos do grupo Espírito Santo”Melhor sorte parece ter tido PauloCaldas, antigo autarca do Carta-xo, que afirma, ao contrário dosseus colegas, na altura, que o Go-verno contratualizou a entrega de3 milhões de euros a cada Câma-ra da CIMLT para os seus proje-tos, que no caso do Cartaxo, refe-re Caldas, ao Valor Local, se des-tinou “às áreas empresariais, eequipamentos sociais”. “Depoisainda consegui 1,5 milhões paraa esquadra da PSP e cinco mi-lhões para a EB 2,3 do Cartaxo.”

Já no caso de Rio Maior, o antigopresidente, Silvino Sequeira, lem-bra que a recuperação da escolasecundária foi efetuada, bemcomo, a vinda da Escola Superiorde Desporto, entre outros projetosque foram concretizados. “Na al-tura das compensações devia tersido concebido um mini programaoperacional porque dava a sensa-ção de que esse plano era paracalar a boca aos mais reivindica-tivos. Entretanto saí da Câmara ameio do processo, mas sei quehouve um aumento de compo-nente comunitária de 10 milhõespara investimentos para os quatromunicípios”. Um dos rostos bastante ativos du-rante o processo do aeroporto daOta foi António Carneiro, da extin-

ta Região de Turismo do Oeste,que defende que os municípiosda região deveriam, neste mo-mento, estar a pugnar pela con-cretização da Ota como fazendoparte do plano “Portela +1” e dealgum modo suplantar as espe-ranças do Montijo ou Alverca nes-sa corrida. E também ele se lem-bra bem das conversa com os go-vernantes. E vai mais longe nas li-gações entre o Governo de Só-crates e o Grupo Espírito Santo –“O ministro Manuel Pinho foi fun-cionário do BES, portanto está aver. O Grupo Espírito Santo até sedeu ao luxo de cortar 500 sobre-iros e se for um de nós que corteuma árvore dessas vamos pre-sos, e a eles nada lhes aconteceupor isso”.

A Ilusão continuou como Plano de Compensações da Ota

Álvaro Pedro acusa outras Câmaras de excessiva ambição

Oconcelho de Azambuja temfeito depender, quase sem-

pre, de factores externos o seucaminho para o desenvolvimen-to. Lusolândia, campos de golfe,cidade das novelas, entre mui-tas outras “miragens” das quaisa mais importante e que maiorinfluência teve no imaginário ena prática de autarquias, asso-ciações locais, investidores, etc.,foi sem sombra de dúvida o“aeroporto de Ota”. Durante al-gumas décadas (dos anos 60até 2008) alguns constrangi-mentos à construção na área deinfluência onde seria implantadaaquela infra-estrutura, condicio-

naram investimentos empresa-riais e particulares e criaram con-dições para manobras imobiliáriasespeculativas com particular inci-dência no eixo Aveiras deCima/Alcoentre. A apresentaçãopública do projecto em 2006, tra-zendo consigo a construção deuma cidade aeroportuária queabrangeria o nosso concelho, pa-recia indiciar que finalmente asalavancas para o desenvolvimen-to de toda esta região estavam aoalcance… na verdade essa ilusãodurou apenas até Janeiro de2008 quando foi anunciado oabandono de Ota e a escolha deAlcochete como localização final.

Na guerra entre consórcios ban-cários, mais uma vez Azambujaperdeu.No entanto não retirámos as ila-ções devidas e subimos a esca-da das “compensações peladeslocalização do aeroporto”…!As autarquias do Oeste acorda-ram com o governo um conjuntode compensações – que no nos-so caso atingiam à volta de 400milhões de euros – em infra-es-truturas que alavancassem o de-senvolvimento que se esfumavacom a mudança de localização.Hoje, infelizmente, sabemos queessas contrapartidas nunca pas-

saram do papel e que teria sidomelhor negociar um pacote me-nos ambicioso mas que se tradu-zisse em incentivos reais à fixa-ção de empresas nas áreas afec-tadas e na promoção de planosde acompanhamento para a ca-pacidade económica implantadae para o desenvolvimento do po-tencial humano e cultural.É importante hoje olhar esse tem-po e traduzir a frustração em pro-jectos novos. Desde logo com aobrigação por parte das autar-quias do Oeste, e Azambuja pormaioria de razão, não deixaremde fazer sentir ao governo quedurante meio século o desenvol-

vimento de uma região estevenum limbo onde oportunidades fo-ram perdidas e que a compensa-ção terá de ser feita através jánão de “betão” mas primordial-mente de incentivos económicos,sociais e culturais. Essa constata-ção não pode impedir autarquiase associações locais de ter umolhar diferente para o seu territó-rio e para as condições novasprojectadas pela profunda criseeconómica que se vive…! Nestestempos é cada vez mais evidenteque, num mundo cultural e econo-micamente globalizado, resistemmelhor aqueles que conseguirem,através de boas práticas, traçar

caminhos de “proximidade” emtermos económicos e sociaisnum determinado espaço de de-senvolvimento integrado. O in-vestimento, o desenvolvimento,não se atrai por oferecer inten-ções mas pela demonstraçãoprática que neste espaço, noconcelho de Azambuja, abando-námos a “miragem” de depen-der de factores externos e pas-sámos, em primeira instância, aolhar para o nosso potencial e avalorizá-lo. O caminho é maislongo mas tem o enorme bene-fício de não ser feito de “atalhose retalhos…”!

ACISMA

Aeroporto de Ota… atalhos e retalhos…

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15Valor Local Destaque

Oconcelho de Alenquer jáquase se esqueceu do aero-

porto. Com o fim das medidasrestritivas, aos poucos o impacteque a infraestrutura poderia cau-sar a nível económico foi-se es-fumando mas, ainda assim, háempresários que continuam asentir na pele os seus efeitos,como é o caso da promotora queconstruíu o Varandas del Rei àentrada de Alenquer tendo emvista o crescimento da popula-ção naquele concelho, mas quehoje permanece completamenteao deus dará, com todos os 72apartamentos para venda.Um dos empresários que maissofreu os impactes das medidaspreventivas da Ota foi Mário Pe-reira Cartaxo que chegou a terem projeto uma urbanização nazona de Casal Pinheiro, no limiteentre o concelho de Azambuja eAlenquer. “Fui um dos grandesvisados, tive alvarás de constru-ção, com a venda em projeto.Cheguei a começar as infraestru-turas, já com casas vendidas.Meti os primeiros projetos na Câ-mara que os aprovou, mas aANA não deu o aval, alegandoque estavam na linha do corre-

dor de aterragem. O projeto es-teve em banho-maria 10 anos”,refere, relembrando que só con-seguiu salvar o negócio propon-do antes a construção de arma-zéns para o local, e consequenteabandono do projeto de habita-ção. “Tive entretanto de mudaros arruamentos e passeios, quepassaram a ser mais largos coma diminuição de lotes”, relembra.Todavia, “fez-se com este projetoalgo giro e com bom aspeto”,embora lamente que o projetopara habitação tenha ficado pelocaminho.“Perdi muito dinheiro em jurosporque tinha crédito para aquisi-ção do terreno. E com a morosi-dade do processo acabei por ati-rar muito dinheiro para a rua sópara pagar juros. Ainda disseramque podíamos ser indemnizadosmas com certa gente o que hojeé verdade, amanhã é mentira”,desabafa para evidenciar quenão deixou de ser prejudicado,mas é da opinião de que os em-presários foram pouco unidos,pois após o fim do aeroporto naOta devia ter sido criada uma co-missão para representar osconstrutores e proprietários pre-

judicados, de modo a que se exi-gisse o pagamento das indemni-

zações às quais tinham direito.“Ainda cheguei a telefonar a um

colega meu do ramo tambémprejudicado mas ele não teve

para se chatear com isso”, con-clui conformado.

Empresários da opção Otaainda recordam os prejuízos

Neste local esteve prevista habitação

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16 Valor LocalFeira dos Santos e ExpoCartaxo

¢ Miguel A. RodriguesValor Local – No ano passadofoi feito um debate sobre o futu-ro da feira. Foi proveitosa essaação?Pedro Ribeiro – Foi muito provei-tosa. Mais de cem pessoas – elei-tos políticos de todo o concelho,historiadores da nossa região, ci-dadãos anónimos, comerciantesda cidade e das freguesias, feiran-tes, representantes de associa-ções e coletividades, estiverampresentes nessa sessão pública.Quase 30 pessoas intervieram, aolongo de três horas de debate,deixando as suas opiniões e pro-pondo caminhos para a revitaliza-ção de um certame ao qual, demodo unânime, reconheceram acapacidade para ser polo de de-senvolvimento local – económico,cultural e turístico. Nessa sessãolancei o debate apenas a partir detrês questões centrais - o que é afeira hoje? Como se pode tornarmais atrativa para visitantes e fei-rantes? E em que local da cidadedeverá decorrer? –, sem qualquerideia preconcebida, apenas pararecolher propostas de reflexão. Noque respeita à localização, porexemplo, podemos partilhar o es-tudo de ocupação do espaço quesolicitámos aos nossos serviços,logo no início do mandato, e par-tirmos daí para o debate de pon-tos de vista sobre a vinda da feirapara o centro da cidade.Nesta sessão, foi também muitoimportante confirmarmos que ocertame perdeu dimensão, masnão perdeu espaço no imagináriodas pessoas, nem no empenhoque todos querem colocar na suarevitalização, o que nos asseguraque fazê-lo é um projeto que con-seguirá envolver toda a comunida-de o que, na minha opinião, seráum fator determinante de suces-so.Quais as principais ideias queserão aplicadas agora no certa-me, e que resultaram da opiniãodos munícipes?Daquela conversa participada eaberta, resultou a certeza de quea Feira de Todos os Santos mere-ce que não se tomem decisõesprecipitadas, que ninguém esperauma alteração drástica e milagro-sa, nem decisões de curto prazoou medidas avulsas, que possamprejudicar ainda mais a fragilidadeda feira, todos querem um projetorefletido e integrado – da localiza-ção, à definição de um tema aglu-

tinador, passando por um plano decomunicação, sustentado numcertame atrativo e em financia-mento sustentável, até à introdu-ção de fatores de modernidade ena manutenção de uma identida-de local. Desde o início disse queeste é o nosso ano zero para aFeira de Todos os Santos e que oprocesso de tomada de decisõesainda não está fechado. A situa-ção financeira da Câmara, atémais do que pela sua gravidade,pela sua instabilidade, não nospermite construir o que todos pre-conizaram – um projeto integrado.Espero que as soluções financei-ras cujo desfecho aguardamos,nos permitam em 2015 planear aatividade municipal de um modobem mais seguro. Em certa medida o senhor con-siderava nesse debate que ocertame estaria a perder “terre-no”. Na sua opinião a feira dossantos vai conseguir ultrapas-sar esse obstáculo?Estou certo que sim. Quando,

quer as instituições, quer os cida-dãos de modo individual ou nasassociações que integram têmesta vontade enorme de recuperaralgo que é quase fator de integra-ção na comunidade, pela partilhadesta memória comum, o mais di-fícil já está feito – que é agregarvontades.Quais as razões que apontapara essa situação. A crise, afalta de investimento no sector?São diversos os fatores que con-dicionaram a evolução da Feira deTodos os Santos. Apontaria a mu-dança nos hábitos de consumo,não acompanhada por alteraçõesna organização da feira, como dosmais expressivos. Todos temos namemória as ruas do Cartaxocheias de visitantes que vinhamde todo o país, que esperavampela Feira de Todos os Santospara comprarem bens de consu-mo, hoje tudo está ao nosso al-cance, em qualquer altura do ano,com a maior comodidade, até semsair de casa, pela internet. É nestarealidade nova que temos de en-contrar o espaço próprio da feira,outros concelhos souberam fazê-lo, adaptando-se, com outras for-mas de exposição, ou com ofertasmuito mais direcionadas e, se ge-neralistas, com eventos temáticosparalelos que dão especificidadeaos certames. A realidade muda acada momento, o que há dois outrês anos nos parecia muito inova-

dor, como os mercados de rua noscentros urbanos, hoje é práticacorrente em muitas cidades. É ne-cessária uma organização capazde entender as novas realidadese de as concretizar, garantindo amanutenção da identidade própriada feira, o que a distinguirá dequalquer outra e lhe trará o públi-co de que necessita para crescer.Muitos consideram que o espa-ço envolvente com cada vezmais construção é um fator li-mitativo, e por isso o local dafeira está cada vez mais peque-no.Essa é uma realidade, que nãocolocaria como fator determinante,mas que acabou por influenciar ocertame. O espaço da feira ficoucada vez mais pequeno por todoum conjunto de decisões que fo-ram tomadas, quer no que respei-ta à organização da cidade, querquanto à localização de infraestru-turas públicas e urbanização pri-vada, diminuindo o espaço dispo-nível para a feira franca e, tam-bém, para estacionamento dequem ali se dirige.Não está pensada a mudançade local do certame? Há quemdefenda que deve ser realizadoà volta da Praça de Toiros?Como referi, a questão da locali-

zação foi desde logo colocada adebate. Havia esta ideia de que aFeira de Todos os Santos vir parao centro da cidade, para a zonaenvolvente à Praça de Touros, eraconsiderada positiva para comuni-dade. Foi interessante ver comona sessão pública, as opiniões semultiplicaram, sendo essa ideiaquase unânime. Algumas pes-soas, quer do lado de quem con-corda, quer do lado de quem nãoconcorda, que conheceram a feiranaquele espaço e a conhecemhoje, levantaram questões quesão pertinentes – Como organizaro trânsito na cidade? Que impactono comércio local? Como organi-zar a feira num modelo moderno edepois dispersá-la no espaço, porexemplo. Como vê, qualquer deci-são quanto a esta alteração, nãopode ser tomada de ânimo leve. AFeira de Todos os Santos nãopode passar por experimentalis-mos, nem populismos, precisa deum projeto a médio e longo prazo,definido em medidas concretas.Considera importante manter aligação à “ExpoCartaxo” Sem dúvida. Penso que a mostraempresarial traz uma enormemais-valia à feira franca e queesta relação é mútua. O que con-sidero é que os dois certames pre-

cisam de redefinição simultânea,pela sua complementaridade.Com stands a custarem em mé-dia 280 euros ao empresário,não acha que esse poderá sertambém um motivo para a pou-ca adesão das firmas da re-gião?Lamentavelmente a adesão dasempresas depende bem mais daspolíticas de austeridade, de con-tenção do consumo, de aumentoda carga fiscal, do que do preçodos stands, preço esse que é fixa-do pela NERSANT. Numa econo-mia saudável, com crescimento, asua questão provavelmente nemse colocaria. De qualquer modo,em 2013, a “ExpoCartaxo” contoucom mais 23 empresas do que em2012. Valorizo muito este factoporque sei das dificuldades queum tecido empresarial, constituídomaioritariamente por PME, enfren-ta.As ligações ao Nersant têmsido benéficas para o evoluir docertame num todo?Esta parceria começou em 1998 etem sido consolidada desde aí.O Núcleo do Nersant do Cartaxorepresenta muitos empresários eé o interlocutor privilegiado com osseus associados. É completamen-te diferente ter uma associação de

empresários a falar com os seuspares, do que ser uma organiza-ção pública a fazê-lo, por maisempenhada que esteja nesse diá-logo. Nunca esta parceria esteveem causa e considero que é es-sencial que possa continuar no fu-turo para que a Feira de Todos osSantos volte a ganhar o seu espa-ço na região. Têm existido negociações parabaixar o custo do certame (Fei-ra dos Santos e “ExpoCartaxo”)nomeadamente com a Nersant .A Câmara não paga qualquer va-lor à Nersant, da qual somos par-ceiros na organização – cedendoo espaço de exposição, dandoapoio logístico na montagem dosstands, na manutenção e limpezado espaço, na divulgação. Quais os custos associados aoevento no total?Os custos são essencialmente delogística, são os nossos trabalha-dores que fazem a montagem dosstands, que são um equipamentoque possuímos há vários anos.Da limpeza, à programação cultu-ral, passando pela preparaçãodos espaços, são os serviços mu-nicipais que desenvolvem todo otrabalho e contamos com o contri-buto das associações e coletivida-des do nosso concelho.

Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Cartaxo, defende novos caminhos:

Renovação do Certame é fator chaveA cidade do Cartaxo recebe de 30 de Outubro a 2 de Novembro mais uma edição da Feira dos Santos e “Ex-poCartaxo”. A iniciativa é da Câmara Municipal do Cartaxo e da delegação local da Associação Empresarialda Região de Santarém – Nersant. Segundo Pedro Ribeiro, presidente da Câmara do Cartaxo, este é um cer-tame que está em constante atualização e não está colocada de lado a mudança de local para o centro da ci-dade em próximas edições. O presidente do município, em entrevista, fala sobre um dos certames que aindaé visto com carinho pelos forasteiros, e que os cartaxeiros desejam que recupere o fulgor de outros tempos.

Pedro Ribeiro diz que estão reunidas as vontades para renovar a feira

Page 17: Jornal Valor Local-Edição 24 Out 2014

17Valor Local Feira dos Santos e ExpoCartaxo

Arealização da Feira dos San-tos no Cartaxo já se perdeu

no tempo. Associada desde mui-to cedo às comemorações doSão Martinho e do dia de Fina-dos, a verdade é que a feira nãocomeçou em Novembro, mas simem pleno verão.Segundo uma nota no site da Câ-mara Municipal do Cartaxo, ocertame terá nascido no século

XVII, na Quinta do Senhor Jesus– então Quinta do Moinho daFonte, célebre pelos milagres doSanto Cristo –, situada próximado cemitério. Contam a crónicasda altura que a feira era inicial-mente realizada ao terceiro do-mingo de agosto, passando maistarde para o dia 1 de novembro,data que se mantém até aos diasde hoje.

Com a evolução urbanística e no-vos edifícios públicos mais longedo local inicial, a feira passou arealizar-se junto à Praça de Tou-ros. Mas o grande “pulo” deu-secom o aumento de automóveisna estrada que passavam pelaNacional 3 que veio intensificarainda mais o interesse dos feiran-tes por esta feira, transformando-a numa das maiores do Ribatejo.

O certame foi ganhando impor-tância no país, tendo tido inclusi-ve destaque na imprensa nacio-nal da época, o que trouxe aindamais visitantes ao Cartaxo.Mas a Feira dos Santos tambémé conhecida pela “afición”. Sãocelebres as entradas de tourosque também se perdem no tem-po. Da época existem relatos “demuita agitação” havendo registos

de fugas dos animais, “que noseu deambular pelas ruas iamdestruindo e maltratando tudo oque lhes aparecesse no cami-nho”.Hoje a Feira dos Santos que serealiza desde 1998 a par com aExpoCartaxo, mantém muito dosobjetivos iniciais do século XVII.Há hoje uma maior diversidadede agentes económicos daquele

concelho, entre os quais, produ-tores de vinho que apresentam epromovem os seus produtos nes-te certame, que tem vindo a cres-cer de ano para ano.Existem no entanto novas mais-valias, mas o certame continua atentar manter a sua tradição, re-presentando por isso um contri-buto para a valorização da iden-tidade do concelho.

Organizada pela Nersant, a“ExpoCartaxo” prevê este

ano um acréscimos de exposito-res e de visitantes. Essa é pelomenos a ideia de Jorge Pisca,presidente do núcleo do Cartaxo,que em entrevista ao Valor Local,destaca que as “expetativas sãobastante positivas. “Os standsestão quase todos completos, apar da presença, este ano, deempresas novas”, aguardando-se que haja um reforço de ade-rentes, embora reconheça quehá empresas que aparecem nosúltimos 15 dias. Jorge Pisca sa-lienta, entretanto, que tal nãoconstitui qualquer problema, jáque as coisas “estão organizadasjá a contar com situações do gé-nero”.Segundo Jorge Pisca, estão reu-

nidas assim as condições paraque tudo decorra sem problemase com os êxitos que aquela asso-ciação empresarial vem habi-tuando os visitantes e os empre-sários.De ano para ano, a “ExpoCarta-xo” também tem sofrido algumasalterações. Sobre este capítulo,Jorge Pisca diz não existirem“arestas a limar” com a CâmaraMunicipal do Cartaxo. “Vamoscrescendo de ano para ano e hásempre coisas para melhorar,mas arestas a limar não há”, sa-lientando que a parceria com aedilidade cartaxeira “é uma mais-valia” e que “não veria a ‘Expo-Cartaxo’, sem a Feira dos San-tos”.Jorge Pisca afasta a ideia de rea-lizar os certames de forma isola-

da. O responsável destaca queambos os públicos se comple-mentam e que a cidade é peque-na para repensar o evento dessamaneira já que a Feira dos San-tos “é uma feira secular e a parteempresarial também está sem-pre presente”, até a julgar por ou-tros certames idênticos, reforçan-do que no que toca aos doiseventos, Feira dos Santos e “Ex-poCartaxo” – “ambos se equili-bram”.Quanto à mudança de local, con-forme muitas vezes foi falado,Jorge Pisca não vê para já issonum futuro próximo, mas adiantaque tal deverá ser sempre feitoem conjunto: “Não vejo as duasfeiras em separado”, mas refereque no caso de se “levar os cer-tames para o centro do Cartaxo,

tal acarretará outros custos adi-cionais”. Sobre esse assunto,Jorge Pisca lembra que no espa-ço atual as infraestruturas basejá se encontram concretizadas,pelo que mudar para outro local,“obrigaria a fazer tudo de novo oque levaria a um acréscimo decusto.”Mesmo com algumas empresasem crise, a “ExpoCartaxo” temconseguido atrair novas firmas.Isto apesar dos preços rondaremos 180 a 280 euros, tendo emconta que há empresas que têmos seus próprios materiais e ou-tras que não os possuem. Sobreisto, Jorge Pisca vinca que a Ner-sant, há muito que não altera ospreços: “Não são elevados por-que quando fazemos as contasverificamos precisamente isso”.

Temporada finda sem a Fei-ra de Todos os Santos no

Cartaxo não é temporada eem boa hora as Gentes doCartaxo com a colaboração docavaleiro Manuel Jorge de Oli-veira organizam a corrida tra-dicional de fecho da tempora-da, este ano a penúltima poisa empresa Toiros e Tauroma-quia para não ficar com o seucartel no mesmo dia adiou-o ebem para o domingo 2, dei-xando assim os aficionados desolera poderem ir aos dois es-pectáculos que culminarãoesta grande temporada 2014.Um cartaz que me pedirampara comentar no nosso ValorLocal e a que desde já dou osparabéns pelo arrojo e aficiónpois o Cartaxo fez as pazescom a sua praça e desde hádois anos tem tido uma aficiónatenta às figuras da terra e

aos grandes nomes que fazema honra de acompanhar as nos-sas figuras do toureio.Corridas de gala à antiga portu-guesa, Um adeus especial doManel Jorge e o reaparecimentode nomes da minha infânciacomo o Maestro Parreirita Ciga-no, O meu amigo Carlos AlbertoConceição passando pelo co-nhecer o seu filho, (Ai se eu ti-vesse papel para ser apodera-do…), o “Janeca”, novilheiroJoão Pedro Martins que arreba-tou tudo e todos e em boa horasingrou na escola José Falcão,os forcados de Alenquer compegas geniais e que mostraramque são melhores que muitosque por aí andam com o méritode serem amadores, mas sem avontade de alguns e que deramvídeos e fotos geniais na artede bem pegar toiros.Pois é, dia 1 a corrida tem um

“elán” especial e mostra que,com a prata da casa e os ami-gos certos as coisas vão funcio-nar! A única lacuna serão os toi-ros do meu querido amigo D.João de Dias Coutinho que teráque procurar exemplares commais trapio que os anunciadosnos últimos cartéis pois o vete-rinário da IGAC poderá nãogostar e mandar para trás, mascodícia e voluntariedade eu po-nho as mãos no fogo por si…Temos que dar a volta ao tama-nho e principalmente peso des-ses meninos caro João…Embo-ra nós saibamos que bravuranão se vende ao quilo, antespelo contrário…Mas pronto, vamos ao cartel eobrigado pelo arrojo! Desafiolançado para encher a castiçapraça do Cartaxo? Acredito quepoderá ser possível!!!!Com os toiros de Dias Coutinho

a corrida mista, aí está a dife-rença… estarão em praça osmatadores de toiros ParreiritaCigano, Daniel Montes e o novi-lheiro puntero Curro Damián.Estes obrigam-nos a estar pre-sentes!No toureio a cavalo MaestroManuel Jorge leva os seus pupi-los e mostra que a escola carta-xense faz figuras… Ana Rita,imparável em Espanha e as no-vas coqueluches para 2015:Parreirita Cigano Filho e ManuelOliveira. Se juntarmos a forçade vontade de fazer renascer oshomens da jaqueta das rama-gens do Cartaxo os dados estãolançados para dia 1 todos estar-mos presentes nesta corrida portradição inabalável a dever sero ponto oficial da temporada!Nós estamos lá… Venha tam-bém aos toiros no Cartaxo!!!

Paulo Beja

Feira dos Santos mantém a tradição

Mais expositores este ano na “ExpoCartaxo”

São esperados milhares de visitantes

Ana Rita é cabeça de cartaz no Cartaxo

Crónica: “Toiros no Cartaxo dia 1”

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18 Negócios com Valor Valor Local

AVetlima está em Vila Nova daRainha, Azambuja, desde

2009. A empresa que se mudoude Lisboa para este concelho riba-tejano, tem apostado na moderni-zação das suas instalações, bemcomo na procura de uma cada vezmaior qualidade dos seus produ-tos. Recentemente procedeu auma ampliação das suas instala-ções numa cerimónia em quemarcaram presença também osautarcas do concelho.A empresa que já está no merca-do há 40 anos, tem apostado fun-damentalmente no controlo dequalidade dos seus produtos, quese destinam à saúde animal. Me-dicamentos, detergentes e outrosprodutos são a essência da em-presa que mudou a sua fábrica daPóvoa de Santa Iria para o conce-lho de Azambuja, tendo inaugura-do recentemente uma nova alaque corresponde a um aumentodas suas instalações, tendo inau-gurado, ainda, uma linha para aprodução de novos medicamen-tos.Em conversa com o Negócioscom Valor, José Carlos Duarte,presidente da administração, des-taca que a Vetlima ao longo des-tes mais de 40 anos “tem mantido

e continua a manter uma posturade respeito pelo mercado e seusagentes”. Para tal tem contribuídouma “política de transparência deatuação”, a qual está na origem daconquista de quota de mercado.Contudo José Carlos Duarte assu-me também que já houve momen-tos menos bons. “Essa conquistatem sido feita com avanços, re-cuos e insucessos dos quais ten-tamos tirar as devidas ilações”.Contudo a empresa tem vindo aconquistar a confiança dos consu-midores. Operando na área dasaúde animal, José Carlos Duarte,destaca como produtos âncora,entre outros “o fabrico de leites desubstituição para ruminantes, epara a indústria de alimentaçãoanimal – as pré misturas medica-mentosas produzidas em padrãoGMP”. O responsável anuncia quepara os animais de companhia, aempresa apresenta outra gama deprodutos inovadores, “nomeada-mente na área da epilepsia cani-na, doença renal crónica e proble-mas crónicos cardiorrespiratórios”.Numa primeira fase a Vetlima temoperado apenas em Portugal, massegundo José Carlos Duarte, a in-ternacionalização está próxima,embora a marca já se encontre

presente “em alguns mercadosasiáticos, médio oriente e africa-nos”. Para tal contribuíu o alarga-mento das atuais instalações.“Trata-se de uma área em que es-tamos a dar os primeiros passosmas temos a noção de que é pre-ciso andar rápido mas com segu-rança, visto que os mercados in-ternacionais são muito exigentes.Estamos confiantes de que as coi-sas vão acontecer”.A instabilidade da economia tem li-mitado o crescimento das empre-sas, e a Vetlima não se tem cons-tituído como exceção. Para sobre-viver aos tempos menos bons, oresponsável da empresa destacaque quando lhe é limitado o aces-so ao crédito por razões externasà sua vontade, realiza uma espé-cie de “hibernação” com diminui-ção de custos e limitando os níveisde desenvolvimento. “Nos últimostrês anos a crise afetou todas asPMEs e por consequência todo otecido económico nacional. Feliz-mente pensamos que esse perío-do está ultrapassado e pomos osolhos no futuro com confiança”.Desde 2009 no concelho deAzambuja, o diretor geral da em-presa destaca que esta opção foitomada devido ao facto de estar

“no centro do país, e mais próximodos nossos mercados”. José Car-los Duarte esclarece também queas “acessibilidades perfeitas e ofato de se poder usar a capital do

país sempre que necessário, semsermos ‘consumidos’ por ela”, foioutra das razões.Ao todo a empresa tem, nesta al-tura, 28 postos de trabalho, sendo

três do concelho de Azambuja.Contudo com a mudança de insta-lações para este município, algunsdos trabalhadores decidiram mu-dar-se também e residir na zona.

Aumento das instalações em Vila Nova da Rainha

Vetlima na vanguarda da saúde animal

Inauguração das novas instalações

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19Valor Local Opinião

Antes de iniciar o texto sobrea temática “flexisegurança”,

necessariamente sucinto, poruma questão de espaço, gosta-ria que refletissem sobre o se-guinte axioma:- UTOPISTA, segundo a “Wiki-pédia”, é um devaneador, fanta-sista, sonhador, mas tambémpode ser um visionário. O indiví-duo que acha, que tudo lê é utó-pico, obviamente não é um vi-sionário; refugia-se no utopismopara mascarar as suas debilida-des cognitivas, i.e. a ignorânciasobre as temáticas (muitas dasvezes nem se propõe informar-se) a incompetência/imprepara-ção para a perceção e análise,a relutância em aceitar a mu-dança, a inação face aos desa-fios colocados nas organiza-ções e a procrastinação (tão ca-racterístico dos portugueses).Se cada um de nós desse umpouco mais de si, procurandoou aceitando obter mais e me-lhores qualificações (profissio-nais e comportamentais), talvezas organizações, estivessembem melhores e mais capazesde redistribuírem a riqueza ge-rada, de uma forma mais equita-tiva. Não pretendi ser acintoso,apenas verbalizar a minha idios-sincrasia! Posto isto, vamos então ao as-sunto que nos propusemos tra-tar nesta edição, deste vossojornal. A “flexisegurança” nasceu naDinamarca nos anos 90, promo-vido pelo então 1º. Ministro,Poul Nyrup Rasmussen. Em 10anos conseguiu reduzir a taxade desemprego de 12% para4%.

A flexisegurança (junção da fle-xibilidade e segurança) e háquem lhe chame “flexigurança”,trata-se de um modelo de Esta-do-providência que promoveuma política mais flexível domercado laboral com vista à fa-cilitação de novas contrataçõese despedimentos, a par de umarede de segurança social, apa-nágio do Estado-providênciaque carrega uma forte compo-nente de segurança e que per-mite:1º. Que os trabalhadoresencontrem um novo empregomais facilmente; 2º. Que sejamapoiados pela segurança socialno caso de desemprego; 3º.Isto, acompanhado com políti-cas ativas de formação profis-sional compatíveis com as ne-cessidades do mercado de tra-balho.A “flexisegurança” garante ain-da: 1º. Um nível adequado desubsídios de desemprego quefacilite as mudanças; 2º. Garan-te oportunidades de formaçãopara todos os trabalhadores e,em especial, para os pouco es-pecializados e os mais velhos.Estas ações repercutem-se embenefícios para as empresas epara os trabalhadores, senãovejamos: 1º. Uma melhor orga-nização do trabalho; 2º. Umamobilidade ascendente resul-tante da melhoria de competên-cias e de investimentos em for-mação que são vantajosos paraas empresas, ao mesmo tempoque ajudam os trabalhadores aadaptarem-se e a aceitar a mu-dança.A ”flexisegurança”, apresentaquatro componentes políticas,que constituem os seus alicer-

ces, a saber: 1º. Disposiçõescontratuais flexíveis e fiáveis,mercê da modernização das le-gislações laborais (novo Códigodo Trabalho já aprovado), dosacordos coletivos e da organiza-ção do trabalho; 2º. Estratégiasglobais, de aprendizagem aolongo da vida (ALV), para garan-tir a constante adaptabilidade eempregabilidade dos trabalha-dores, em particular os mais vul-neráveis; 3º. Políticas ativas deemprego que, com eficácia, aju-dem as pessoas a lidar com amudança, reduzam os ciclos dedesemprego e facilitem as tran-sições para novos empregos;4º. Sistemas de segurança so-cial modernos, que asseguremapoios adequados, fomentem oemprego e facilitem a mobilida-de no mercado de trabalho. Pro-teção social (subsídios de de-semprego, pensões e cuidadosde saúde) que ajude as pessoasa conjugar responsabilidadesprofissionais, privadas e familia-res, como a assistência a filhos.A “flexisegurança” é um modelocoerente baseado num conjuntode fatores que dependem unsdos outros e que para ter suces-so, exige que cada um tenha di-reitos e deveres. Assim:- Os desempregados têm o de-ver de: 1º. Aceitar a oferta deemprego que lhes é feita; 2º.Melhorar as suas qualificaçõescom vista à empregabilidade;- O sector público tem o deverde: 1º. Assegurar que o traba-lhador desempregado tem apossibilidade de melhorar assuas competências e qualifica-ções; 2º. Promover a coopera-ção com o sector empresarial,

para garantir que há correspon-dência entre os postos de traba-lho oferecidos e a qualificaçãodos desempregados. 3º. Garan-tir que os empregadores têmacesso a informação relevanteque lhes permita preencher ospostos de trabalho (número dedesempregados, qualificações,etc);- O sector privado empresarialtem o dever de: Dar conta dosempregos disponíveis, para queo sector público saiba em quequalificações deverá investir;- Os sindicatos têm a obrigaçãode: Garantir, de acordo com alegislação, que os desemprega-dos cumprem os requisitos parareceber o subsídio de desem-prego.Por falta de espaço não pode-mos dissecar as vantagens edesvantagens deste sistema. Quanto às razões pelas quais a“flexisegurança” poderia, ounão, ser aplicada em Portugal,tenho a seguinte opinião:. No nosso caso, penso que nãoseria realista ou equilibrado ten-tar aplicar o modelo no curtoprazo, embora defenda que éimportante definir estratégias demédio e longo prazo envolvendoo mercado de trabalho, o Esta-do, o sector empresarial e ossindicatos, enfim, todos os par-ceiros sociais. Uma solução écomeçar pelos sectores maiscompetitivos que deverão lide-rar a mudança, tentando criaruma plataforma de entendimen-to entre o sector empresarial, osistema educacional, os traba-lhadores, o sector público e ossindicatos. Por outro lado, e tendo em con-

ta que a aplicação integral da“flexisegurança” em Portugal,segundo os especialistas, cus-taria cerca de 4500 milhões deeuros por ano (números de2012). Ou seja, para além dos2000 milhões de euros já gastosa apoiar os desempregados,Bruxelas adiciona 2500 milhõespara a aplicação do modelo da“flexisegurança” em Portugal.Também a Comissão Europeiaestima ainda que, para além doapoio aos desempregados, Por-tugal teria também de gastar1,09% do PIB, cerca de 1700milhões de euros, em medidasativas de criação de emprego,com a formação profissional eos apoios à contratação. Contudo e para além dos aspe-tos economicistas que logo àpartida obstaculizariam a aplica-ção em Portugal do modelo “fle-xisegurança”, face ao estadoatual do país, existe um outroentrave, não menos importante.A “flexisegurança” exige funda-mentalmente, uma revolução nacultura comportamental (revolu-ção de mentalidades), quer deempresários quer de trabalha-dores, quer de sindicalistas,quer de políticos, que infeliz-mente, não me parece queaconteça nas próximas déca-das. Na formação profissionalem Portugal, subjazem interes-ses meramente estatísticos enão as necessidades do merca-do de trabalho (regional/local),salvo raríssimas exceções. A jurisprudência com decisões,por vezes insensatas, sobredespedimentos individuais,(sem analisar os factos da con-traparte) colocando em causa a

sobrevivência das empresas edos trabalhadores que nela seencontram (quase obriga as em-presas a optar pelo despedi-mento coletivo em vez do indivi-dual).Por último, a inflexibilidade dalegislação laboral no que con-cerne a justa causa de despedi-mento (inadaptação ao posto detrabalho e extinção do posto detrabalho), cujo novo Código doTrabalho pretende responder aestas questões. Veremos osseus efeitos práticos. O profis-sional competente e comprome-tido com a organização, nadatem a recear!Estes fatores são, quanto amim, condicionadores da aplica-ção da “flexisegurança” em Por-tugal.Para epílogo, e porque decorreuno fim de semana de 4 e 5 docorrente, na Fundação Francis-co Manuel dos Santos uma con-ferência sobre a LIBERDADE,resolvi fechar este artigo comchave de ouro, escrevendo aseguinte proposição para refle-xão:- Liberdade é a capacidade queo cidadão possui de rebelar-secontra o ostracismo a que nosdevota a “ditadura” democráti-co-partidária, só porque, nãoestamos alinhados pelos inte-resses obscuros de políticosprosaicos! No próximo artigo abordaremosum tema emergente: A avalia-ção do desempenho (uma dascondições para o despedimentopor justa causa). Até lá, boasleituras!

Flexisegurança:Para que serve e os porquêsda sua não aplicabilidade em Portugal

Pobre mundo rico:ImpunidadesEsta quase década e meia do

século XXI, tem sido espe-cialmente fértil em escândalosna área financeira, com a inevi-tável repercussão na economia.Escândalos que revoltam e cujosfactos associados, tornam unsquantos mais ricos e levam à po-breza de milhões de seres hu-manos, grande parte crianças,conduzindo-os à mais degra-dante das misérias, à fome e àmorte.Na origem está uma ganância, etambém hipocrisia, desmedidas,

a procura a qualquer custo, cus-to este sempre suportado pelosoutros, do lucro, sempre mais di-nheiro, mesmo que já se tenhamuito, e poder. Tudo de prefe-rência a um nível astronómico,não importando que assente nomais vil espezinhar dos mais ele-mentares direitos dos outros,que não passam neste “jogo decasino” de insignificâncias esta-tísticas publicadas em jornais eanuários de organizações inter-nacionais, a que só alguns dãoimportância, uns pelos seus de-

veres funcionais, outros porquese preocupam genuinamente, lu-tando para alterar uma realidadeatroz. O respeito pelo próximo, a morale principalmente a ética, que pa-rece ter sido criada para sercumprida pelos outros, os queestão a ser cilindrados pelo rolocompressor desta economia pre-datória, dita de mercado. Desta“economia que mata”, comoconstatado por muita gente e su-blinhado pelo Papa. Portugal tem também os seus

casos, BCP, BPN, BES e outrosde menor dimensão, que se ali-mentaram de ilusão e euforia,autêntico regabofe, que atingiugovernantes, políticos em geral,dirigentes e cidadãos menos avi-sados ou informados.Outros, com a cabeça fria e sa-bendo o que se estava a passar,foram-se aproveitando do rega-bofe, de forma criminosa, e atéao presente continuam impunes,fazendo crescer o descrédito najustiça que puna os poderosos,nos reguladores bancários e da

bolsa de valores, pois tudo pare-ce ter, cheia de inteligência, umaboa justificação. Dinheiro fácil, que afinal era em-prestado pelo exterior, bens,cada vez mais caros a crédito,mas tudo corria bem até que aeconomia; a real, aquela ligada àriqueza efectivamente produzida,resolveu dizer, de forma devas-tadora como um tsunami, que arealidade era outra.Austeridade e pobreza, é o binó-mio da vida em Portugal, ondeaumenta o numero de milioná-

rios, mas a maioria está conde-nada à pobreza pela falta de em-prego, pelo salário e pensão quenão dá para a vida e os sinaisnão são de esperança. Mas doque estamos realmente pobres éde valores éticos e morais queaumentem o respeito pela digni-dade e direitos do outro.Até à próxima.

António Loureiro,deputado na

Assembleia Municipalde Azambuja

Augusto MoitaLic. Recursos Humanos

Page 20: Jornal Valor Local-Edição 24 Out 2014

20 Opinião Valor Local

Descentralização:o futuro dos concelhosDescentralizar é quando um

poder absoluto passa a serrepartido. Em plena democraciaeste conceito deveria ser aceite eaplicado, mas quando ainda hátantos vícios absolutistas, quemdeveria dar o exemplo dessa des-centralização raramente o faz,consciente ou inconscientemente. O fascínio pela centralização levaa que o desenvolvimento das pe-quenas comunidades seja enca-rado como uma ameaça. Daí aoencerramento dos tímidos símbo-los de progresso vai um pequenopasso. Demasiado pequeno. Asaldeias, as freguesias tendem aesmorecer e definhar apesar daboa vontade de quem lá mora,que muitas vezes faz o papel de

animador cultural e assistente so-cial protagonizando, autênticosmalabarismos que permitam quealgo aconteça, que as terras vi-vam para além da humilhaçãoque representa a desvalorizaçãodo local onde vivem. As escolas, o comércio e os ser-viços vão encerrando portas pe-rante o olhar impotente de quemos vê partir e a benevolência dequem os recebe ou quem respirade alivio porque ainda não lheaconteceu. O argumento de queé para bem das populações esgo-ta e enrouquece as vozes quealertam para o futuro das comuni-dades lesadas. A necessidade de,muitas vezes, centralizar os servi-ços nas sedes de concelho esva-

zia as aldeias em redor, para pre-juízo de quem opta por ficar afas-

tado dos centros urbanos. A capa-cidade de escolha é obrigatoria-

mente condicionada por desíg-nios misteriosos, justificações quenão fazem sentido, interesses ve-lados. Não esqueçamos que umaglomerado populacional demaior dimensão significa mais vo-tos em tempos eleitorais. E é emtorno das eleições que tudo vive,numa volta de 360 graus comuma duração de quatro anos.Mas também não esqueçamosque, quem olha para o lado en-quanto as freguesias se transfor-mam em terreno árido, provavel-mente vai estar cá para ver omesmo acontecer às pequenascidades que tanto defendeu as-sistindo ao esmagamento em prolde um bem maior, uma cidademaior. Lá diz a sabedoria popular

“recebemos em dobro que dese-jamos aos outros”. Só que o tem-po urge. Cada freguesia deve serencarada como um pólo de enri-quecimento per si. Um local apra-zível de se viver, não só pelas bo-nitas paisagens e vizinhançaagradável, mas por proporcionaros serviços necessários, valori-zando cada metro quadrado con-celhia e não apenas de uma ouduas localidades. Valorizando otodo pelo todo. Só assim é que osconcelhos têm futuro.

Ana Bernardino

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21Valor Local Ambiente

Há cerca de três anos que alocalidade de Casais das

Amarelas, na freguesia de Avei-ras de Cima, convive paredesmeias com uma montanha deresíduos de asfalto da empresade construção Tecnovia, comvista a desenvolver no local umestaleiro. Os moradores dizem-se afetados porque de verão so-pram poeiras negras que sujamas paredes das casas, e emtempos até o descanso dos ha-bitantes dos Casais das Amare-las foi posto em casa. A empre-sa laborou até a dada altura,mas a produção parou há cercade um ano, e ninguém sabe porque razão os resíduos não sãoretirados do local.“Esta porcaria estragou a casaconstruída há pouco tempo pelaminha família. O pó preto inva-diu o sótão e as paredes. Noano passado, houve movimenta-ções e as consequências foramcomplicadas, forma-se uma nu-vem negra que afeta quem viveneste local”, diz Armindo Mirra-dinho à nossa reportagemCarlos Correia também fala damoradia do seu filho: “Cheguei ater uma guerra com a empresa,porque trituravam o alcatrãopara fabrico da massa, e com acolocação de tuvenam, o casopiorava. Para além de que labo-ravam à noite causando aindamais transtorno. O meu filho quetrabalha por turnos quase quenão conseguia dormir. A minhaneta que anda na escola tam-bém sofria com problemas paraconseguir descansar. Fui tercom a empresa e chateei-mecom quem andava aí a trabalhar.Estive para ir à Câmara, mas tal-vez mercê das queixas acaba-ram por parar a laboração”. Nes-te momento, os trabalhos en-contram-se parados, “mas a li-xeira permanece”. “Chegou aestar aí um guarda noturno noestaleiro mas pouco mais seconsegue ver no momento. Asmáquinas desapareceram”. Sen-do certo, que neste processo “aCâmara pouco fez”. “Fiquei es-pantado com a autorização daautarquia, afinal onde estão aspreocupações com o ambiente ecom as pessoas?”. “A minhanora nunca podia ter as portas eas janelas abertas, com a acu-mulação de pós. Chegaram aprometer a pintura dos telhados,mas disse à empresa que só de-sejava que se fossem embora,porque ao escolherem esta loca-lização estão praticamente den-tro de Aveiras de Cima. Não sepercebe”. A Câmara Municipal de Azambu-ja dá conta que a questão se tor-

nou mais complexa. Até porquea empresa já ultrapassou os pra-zos para continuar no local. “Foifeito um acordo para que pudes-sem ter o estaleiro no local, emcontrapartida deram materiaispara tapar buracos e alcatroa-mento, mas não pagaram as ta-xas que deviam ter sido liquida-das. O acerto de contas já deviater sido concretizado”, dá a co-nhecer o presidente da CâmaraLuís de Sousa. Em causa estáum valor na ordem de 40 mil e13 euros que a Tecnovia devepagar ao município, mas à horade fecho desta edição, Luís deSousa evidenciou o seu desa-lento porque a empresa em cau-sa alega já ter liquidado essemontante com os materiais for-necidos, durante a sua perma-nência no concelho, à Câmara.O autarca refere que esses ma-teriais sempre tiveram o caráterde uma doação, algo que até foidiscutido em assembleia munici-pal à época, e que por isso es-tranha bastante a posição daempresa. O presidente da Câ-mara não quis adiantar mais da-dos, pois refere que o assunto

vai seguir a via litigiosa.O desapontamento com a em-presa estende-se ainda ao fatode elementos ligados à mesmaterem feito chegar um ofício à

Câmara acerca da queda de ummuro numa propriedade dosmesmos em Arrifana, exigindo asua reparação. – “Não é assimque se fazem as coisas. Ainda

somos pessoas de bem. Temosa porta aberta, pelo que não eranecessário mandarem um ofício,bastava virem falar connosco, ese a responsabilidade for nossa

obviamente que diligenciaremoso arranjo do muro”. O Valor Local pediu declaraçõesà Tecnovia mas a empresa nãorespondeu às nossas questões.

Montanha de asfalto perturbaCasais das Amarelas

Carlos Correia chegou a discutir com aempresa

Armindo Mirradinho lamentaas consequências

A dimensão do depósito é assinalável

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22 Publicidade Valor Local

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23Valor Local InstantanêosCarta ao diretor

Na qualidade de cabeça de lista, eleito como independente, pelaColigação PFNT, começo por agradecer ao sr director do Jornal

a possibilidade que nos dá para abordar assuntos de interesse paraa população da Freguesia de AzambujaA senhora presidente da Junta, diz na entrevista ao vosso jornal queos eleitos da coligação Pelo Futuro da Nossa Terra só apresentampropostas com o objectivo de as publicitar nos jornais. Não deixa deser positivo que a sra presidente reconheca que as apresentamos !Os eleitos da coligação PFNT, sempre apresentaram as propostas ealertas, em local proprio que é a assembleia de freguesia, dentro dotempo previsto na lei, eis algumas melhoria que apresentamos:- Melhorar a rede telefónica e da internete com as operadoras telefo-nicas e a colocação de uma caixa mulibanco nos Casais de Baixo ecasais dos Britos, inclusivé demos o nome de um banco interessado.- Melhorar o estacionamento dentro da vila, sem que os Azambujen-ses tenham de pagar Parkimetros.- Para além das várias moções que apresentámos, alertámos nas as-sembleias para o desleixo da freguesia, com sujidade nas ruas, comervas por cortar, buracos nas estradas, muros em risco de caír, a faltade iluminação nas ruas, a ausência de sinalização para quem nos vi-sita saber, como saír de dentro da vila, a falta de ideias empreende-doras a ausencia de apostas no turismo local, etc. etc.A senhora presidente não gosta de ser questionada, sobre a falta decapacidade para resolver os problemas da população e tenta desviaras atenções, dizendo que os eleitos da Coligação PFNT, só queremprotagonismo na imprensa. Então não é o executivo que anda a gas-tar o dinheiro dos Azambujenses, para se auto-promover, nos jornaiscom a sua pomposa Newsletter? Para além das lacunas de liderança e gestão evidenciadas, são tam-bém visíveis as dificuldades ao nível da organização de eventos pu-blicos importantes para os fregueses, como foi o caso do passeiodos idosos, em que foi dito às pessoas que iam visitar o museu dapresidência da república e quando lá chegaram, o museu estava emobras, deixando as pessoas, toda a manhã, no meio do jardim deBelém, sem lhes proporem alternativas, sendo que, o executivo dajunta sabia das obras e manteve as pessoas no engano.As festas da freguesia são outro exemplo pouco dignificante, foi porexemplo, cancelada a mesa da tortura, levando centenas de pessoasa deslocarem à praça de touros e o espectaculo não se realizou.- Em suma, já que a Sra presidente trouxe os assuntos da assem-

bleia para os jornais, tenho de lhe lembrar que o seu executivo, temum défice de democracia por não aceitar oposição, quando nós sem-pre fomos responsáveis, votamos a favor todas as proposta queeram de interesse para a freguesia. Contrastando convosco que atévotaram contra, a vossa promessa eleitoral, para colocar multibanconos Casais, só porque fomos nós a apresenta-la! Por isso, não tenhopalavras para classificar este executivo e não admira que em menosde um ano, várias pessoas válidas se tenham demitido e certamenteoutras se seguirão.

Armando Martins21/09/14

Nota: Carta enviada por Armando Martins à nossa redação antes derenunciar ao mandato na Junta de Freguesia de Azambuja

Agradecimento

Filhas e genros de Maria Helena Gonçalves vêm, por este meio,deixar, um agradecimento publico, a todas as funcionárias da

Sta Casa Misericórdia de Azambuja, pelo excelente profissionalismo,carinho, dedicação, prestados à nossa mãe/sogra, em especial noseu último mês de vida.Sem dúvida foram exemplares na forma como cuidaram, tentaramminimizar o seu sofrimento, no apoio que a nós prestaram! Ninguémfaria melhor. A todas: O nosso muito obrigado

Ficha técnica: Valor Local, Jornal de informação regional, sede deredacção e administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja; telefones: 263 047625, 96 197 13 23 correio electrónico: [email protected] • Site: www.valorlocal.pt• Propriedade e Editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja(ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 • correio electró-nico: [email protected] • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351 [email protected] • Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198 [email protected], Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, Daniel Claro, RuiAlves Veloso, Miguel Ouro, Nuno Filipe, Augusto Moita • Paginação, Grafismo e Mon-tagem: Milton Almeida: [email protected] • Fotografia: José Júlio Cachado •Serviços Administrativos e Departamento Comercial:Ana Reis, telefones: 263 047625, 93 244 63 22 correio electrónico: [email protected] • N.º de RegistoERC: 126362, Depósito legal: 359672/13 • Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidadedo Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga • Tira-gem: 4000 exemplares

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Terra VelhinhaGrupo de amigosno jardim infantil de AzambujaPublicada por José Soares, 01/08/14Foto de Manuel dos Santos RosaSegundo António José Soares “Mais uma foto cedida por ManuelJosé Santos Rosa, um grupo amigos no Jardim Infantil de Azambu-ja”. “Banco muito alto para a Cesaltina e como era moda o galã comos famosos ténis Sanjo “Segundo Bia Cartaxo “Tão giros! E a outra menina é a Júlia?”Segundo Isabel Ancião “É o António, primo do Manel Zé”Segundo Idalina Cartaxo “António, grande amigo. Infelizmente jánão se encontra entre nós. Paz à sua alma.”Segundo José Augusto Freixo “Encontrei o em Luanda, quanta sau-dade.”

Equipa de Futebol em 1933Publicada por Sofia Faro da Cunha, 03/09/14

Segundo Sofia Faro da Cunha “Estas fotos eram do meu avô, Antó-nio José Henriques Lopes, são de 1933. O meu avô está na foto,mais o seu amigo o Sr. João Pereira, ambos já não estão entre nós.Será que conhecem mais alguns jogadores?” Pelo que me disseram,o campo era á entrada de Azambuja, ainda não havia a EN3. A en-costa lá atrás é onde existe o condomínio fechado da Bela Vista.”Segundo António José Soares “Parece-me que o 1º à esquerda nasegunda fila é o Sr. Carlos Serafim.”

Raparigas na Fonte de Santo AntónioPublicada por Miguel Ouro, 19/08/14 Foto de Inês Louro

Imagens com História

Oleastro Sporting Clube1914 – 2014 – Cem Anos da Fundação do Oleastro Sporting Clube,a mais velha associação azambujense de futebol.

Notícias com HistóriaEspiões e Bombasem Azambuja

O«aterrem em Portugal» mostra on-line documentos inéditos en-contrados nos National Archives and Records Administration

(NARA) dos Estados Unidos. Os mesmos revelam o funcionamentode uma rede de sabotadores alemães em Portugal durante a II Guer-ra Mundial. Aviões e navios aliados foram alvos, mas a PVDE des-cobriu tudo. Uma outra rede, montada para atuar caso existisse umainvasão aliada, deixou explosivos escondidos em vários pontos dePortugal, nomeadamente em Azambuja.A descoberta, no Entroncamento, de uma caixa com várias cargasexplosivas terá deixado os elementos da Polícia de Vigilância e De-fesa do Estado (PVDE, antecessora da PIDE), bastante preocupadosnaquele Verão de 1944. No interior contaram diversas cargas incen-diárias e de demolição.Tudo terá acontecido em Setembro de 1943 quando Rudolf Blaumrecebeu ordens de Berlim para possíveis missões de sabotagem. Pe-dem-lhe que estude as minas britânicas de volfrâmio no norte do país.Deslocou-se pessoalmente aos vários locais e inteirou-se das ativi-dades, mas depressa percebeu que a sabotagem das minas não teriaefeitos duradouros. No relatório que realizou assegurou que as ope-rações não impediriam que a extração voltasse ao normal no espaçode poucos meses. Com trinta anos, olhos azuis, cabelo louro e um 1,82m, Rudolf Blaum dificilmente passaria despercebido em Portugalnos anos 40, não fosse ele um dos muitos estrangeiros que durantea guerra circulou pelo país. Quando em Março de 1946 foi extraditadopara Hamburgo e interrogado pelos americanos este agente da Ab-wehr – uma das agências de espionagem alemã - revelou-se umpoço de informações sobre as atividades subversivas em Portugal.É ele que vai explicar a origem da caixa de explosivos encontrada noEntroncamento e muito mais. “Cooperante e de confiança”, segundoo relatório americano, deu detalhes sobre nomes, funções e residên-cia de 19 colaboradores portugueses da sua rede.Depois foram enterradas perto de alvos militares - como a base daOTA, Tancos ou Alverca - ou estradas, linhas de comboio e cruza-mentos de li-nhas - como noEntroncamento,Pampilhosa,Pombal, Azam-buja, Póvoa deSanta Iria, Pi-nhal Novo, Lis-boa e Alcácerde Sal, como foidito na ediçãoanterior. Blaume o seu assis-tente ocupa-ram-se pessoal-mente dessa ta-refa e enviarama informaçãopara Berlim. Omaterial ficariaescondido após a invasão e seria utilizado por elementos alemãeslançados de paraquedas. Ironicamente estes explosivos tinham sidolançados de paraquedas pelos Ingleses para equipar a resistênciafrancesa, mas haviam sido capturados pelos alemães. E aqui fica omapa com a localização do material bélico escondido à entrada poen-te de Azambuja.

Por José Machado Pereira

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