JornalESAS Dezembro 2011

24
D E Z E M B R O 2011 I EDIÇÃO XXXI Lá e cá I Fado l Moda I Música I Literatura |Lugar da Ciência | Biblioteca l Entrevistas I Economia 1,00 A minha pátria é a língua portuguesa A melhor aluna da ESAS Viagem à Idade Média Parlamento Europeu PEJ Fotografia de António Carvalhal (Prof.)

description

Jornal oficial da Escola Secundária/3 Aurélia de Sousa, Porto

Transcript of JornalESAS Dezembro 2011

Page 1: JornalESAS Dezembro 2011

D E Z E M B R O 2011 I EDIÇÃO XXXI

Lá e

I Fa

do

l M

od

a I

sica

I Lit

era

tura

|Lu

gar

da

Ciê

nci

a |

Bib

liote

ca l

Entr

evi

stas

I Ec

on

om

ia

1,00 €

A minha pátria é a língua portuguesa

A melhor aluna da ESAS

Viagem à Idade Média

Parlamento Europeu PEJ

Foto

graf

ia d

e A

ntó

nio

Car

valh

al (

Pro

f.)

Page 2: JornalESAS Dezembro 2011

Sara Araújo, a melhor aluna do secundário de 2010/11 na ESAS

JORNALESAS • Página 2

Jornalesas - Estás satisfeita com o curso que escolheste? Sara – Estou, ainda não me arrependi, mas dá muito mais trabalho do que aquilo que pensei inicialmente. Dizem que Medicina é um curso trabalhoso, mas só se tem a noção de quão trabalhoso é quando se está lá.

JE - Foi sempre o teu sonho? Desde quando? Sara – Desde que me lembro que quero ser médica. Entretanto já quis ser outras coisas como arqueóloga, investigadora, mas sempre gostei muito de Medicina. Nas minhas composições da primária dizia sempre que queria ser pediatra.

JE - A ESAS é conhecida por ser “agarrada” às notas. Na tua opinião, este mito faz sentido? Sara - Eu nunca senti isso. Pelo contrário, acho que nenhum professor me deu uma nota abaixo do que merecia. Os professores sempre reconheceram o esforço que íamos fazendo ao longo ano. Não me lembro de nenhuma ocasião em que me tenha sentido prejudicada.

JE - Na nossa escola existem várias estruturas de apoio, nomeada-mente salas de estudo e espaços de iniciativas paralelas, como o JornalESAS. Consideras que esta envolvência te motivou e terá con-tribuído para os teus bons resultados? Sara - Quando vim para cá, no sétimo ano, comecei logo a participar nos Jovens Repórteres para o Ambiente (JRA) e no Clube Europeu. Posteriormente, participei em vários concursos dos quais destaco o Sapo Challenger, o Food 4U e o Play. Isso foi importante, para me sentir mais envolvida com a escola e, de certa forma, ajudou a criar laços aqui dentro e motivou-me para trabalhar mais.

JE - Houve professores que marcaram o teu percurso escolar? Sara – Houve. Tive a sorte, pelo menos aqui na escola e, principalmen-te a nível de secundário, de ter professores que foram muito bons tanto a nível pessoal como profissional. Mostravam que eram pessoas preocupadas.

JE - Prescindes e prescindiste com frequência da diversão em favor do estudo? Sara – Agora prescindo muito mais. Por vezes, não saio à noite, por-que sei que com menos horas de sono não trabalho tão bem, mas nunca prescindi de nada que considerasse assim muito importante.

JE - Quais são os locais de diversão que mais frequentas? Sara – Depende do tipo de diversão. Por exemplo, gosto de ir ao cine-ma, gosto de sair com os meus amigos, de ir à Baixa tanto de dia como de noite.

JE - Tens algum hobby? Sara—Neste momento, ando no Instituto de Inglês. E já frequentei natação. No ano passado, andava no ginásio; mas este ano ainda não tive tempo.

JE - Que outros sonhos gostavas de concretizar, para além de teres entrado na Faculdade de Medicina? Sara - Gostava de fazer [a cadeira de] Anatomia (risos). Até agora o meu objetivo era entrar em Medicina. Atualmente, é ir fazendo por etapas, acabar o curso, escolher uma área de especialidade… E, quem sabe, casar e ter filhos.

JE - Queres deixar alguma mensagem? Sara—Aconselho quem está no Secundário agora a gerir bem o tem-po e a aproveitar, porque passa tudo muito rápido e a faculdade é uma incógnita.

A Sara frequentou a nossa

escola desde o 7º ano e

concluiu os estudos do secundá-

rio com a melhor média de

2010/2011.

No ano letivo transato foi a única

aluna da ESAS a ingressar na

Faculdade de Medicina do Porto.

É uma aluna modelar e um exem-

plo para todos nós!

Como não poderia deixar de ser,

o JornalESAS entrevistou-a.

Entrevista de Inês Ferreira do 12ºG

A Sara a receber o diploma do ensino secundário pela mão da Diretora da ESAS, Dr.ª Delfina Rodrigues

Dia do Diploma—Setembro de 2011

Page 3: JornalESAS Dezembro 2011

O Português no Mundo

O mundo lusófono (que fala por-tuguês) é avaliado hoje entre

190 e 230 milhões de pessoas. O português é a oitava língua mais falada do planeta, terceira entre as línguas ocidentais, após o inglês e o castelhano. O português é a língua oficial em oito países de quatro continentes:

Angola (10,9 milhões )

Brasil (185 milhões)

Cabo Verde (415 mil)

Guiné Bissau (1,4 milhão)

Moçambique (18,8 milhões)

Portugal (10,5 milhões)

São Tomé e Príncipe (182 mil)

Timor Leste (800 mil).

O português é uma das línguas ofi-ciais da União Europeia (ex-CEE) des-de 1986, aquando da admissão de Portugal na instituição. Em razão dos acordos do Mercosul (Mercado Comum do Sul), do qual o Brasil faz parte, o português é ensinado como língua estrangeira nos demais países que dele participam. Em 1996, foi criada a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que reúne os países de língua oficial portuguesa com o propósito de aumentar a cooperação e o intercâm-bio cultural entre os países membros e uniformizar e difundir a língua por-tuguesa.

in linguaportuguesa.ufrn.br

Página 3 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

Page 4: JornalESAS Dezembro 2011

JORNALESAS • Página 4

Acordo ortográfico Ana Amaro (profª de Português)

E m setembro de 2011, entrou em vigor o Novo Acordo Ortográfico nas escolas portuguesas. Na ESAS, este assunto tem sido abordado espe-

cialmente nas aulas de Língua Portuguesa e Português.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

1. Alfabeto - o alfabeto passa a integrar o K, o W e Y; 2. Maiúsculas e minúsculas - algumas palavras que escrevíamos com

maiúscula inicial passam a escrever-se com inicial minúscula e é alargado o uso opcional de minúsculas e maiúsculas iniciais:

Ex. Janeiro janeiro; Primaveraprimavera; Amor de perdição ou Amor de Perdição.

3. Acentuação - são eliminados os acentos em alguns casos que consti-

tuíam exceção:

Ex. asteróide asteroide; vêem veem

4, Consoantes mudas - são eliminadas algumas consoantes mudas que não pronunciamos mas que escrevíamos:

Ex. acto ato; concepção conceção;

5. Hífen - são sistematizadas as regras do uso do hífen:

Ex. auto-rádio autorrádio;

cão-de-guarda cão de guarda.

A aplicação do Acordo Ortográfico aos manuais escolares será feita progres-sivamente nos anos letivos de 2011/2012 a 2014/2015, de acordo com um calendário próprio. Quanto à sua aplicação nas provas de exame, e uma vez que os manuais serão adaptados de modo progressivo às novas regras, os critérios de classificação das provas finais dos 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário considerarão como válidas exclusivamente as regras definidas pelo AO, para o 6º ano, a partir de 2013-2014; para os restantes, a partir 2014-2015. Até aos anos letivos indicados, serão consideradas como válidas ambas as

grafias (i.e., a anterior ao AO e a definida pelo AO), mesmo quando se utili-zem numa mesma prova.

Verifica o que já sabes:

1. Quantas letras formam o alfabeto a língua portuguesa? ________ 2. Assinala as formas corretas:

A) adepto adeto

B) ator actor

C) antihigiénico anti-higiénico

D) mini-saia minissaia

E) fim-de-semana fim de semana

F) heróico heroico

G) Matemática matemática

Em caso de dúvida sobre a ortografia de uma palavra, consulta o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOP) disponível em www.portaldalinguaportuguesa.org

Soluções na página 15

PU

BLI

CID

AD

E

PUBLICIDADE

Page 5: JornalESAS Dezembro 2011

MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA

Fátima Candeias (profª de Português)

Página 5 •

1. A - O deputado tem intervindo muito ou B - O deputado tem intervido muito?

2. A— Ir ao encontro das nossas necessidades

ou B - Ir de encontro às nossas necessidades?

3. A - Insulação ou B - Insolação?

4. A - Instruidos ou B - Instruídos?

5. A - Uma mulher judaica ou B - Uma mulher judia?

6. A - Leucemia ou B - Leucémia?

7. A - Ela tinha limpado a sala ou B. - Ela tinha limpo a sala?

8 A - A maior parte dos alunos recusou ou B - A maior parte dos alunos recusaram?

9 A - Mais de três milhões gostam de fado ou B - Mais de três milhões gosta de fado?

10 A - Maquiagem ou B - Maquilhagem?

11 A - O ano passado houve mais acidentes ou B - No ano passado houve mais acidentes?

12 A - Isso parecem grãos ou B - Isso parece grãos?

BARÓMETRO DA LÍNGUA PORTUGUESA

C omo vai a sua utilização da Língua Portuguesa? Faça o teste e saiba o resultado ! Para isso, tome nota da res-

posta que escolhe para cada pergunta e confronte-a com a chave na folha de respostas publica na página 18 . Para cada resposta certa conte 5 pontos. Some e veja qual é o seu “diagnóstico”… (pág.18)

A conversa começou com uma breve nota biográfica apresen-

tada por duas alunas de Literatura Portuguesa. Depois de passada a palavra ao convidado, este começou por contar algumas peripécias ocorridas ao longo da sua vida profissional no jornalismo, tendo explicado como enveredou pela aventu-ra literária. Todas as histórias narradas foram marcadas pelo seu inigualável sentido de humor e pela sua incrível criativida-de. Durante o diálogo com os alunos, ele enfatizou a sua opo-sição às novas tecnologias, na medida que estas substituem o contacto necessário entre pessoas, que, segundo ele, são a “máquina suprema” da sociedade. O autor fez-se acompanhar por um membro da produção da

peça Crónica dos Bons Malandros, que estrearia alguns dias

mais tarde no Teatro Rivoli e, posteriormente, no Teatro de Sá

da Bandeira. O grupo do JornalEsas assistiu ao musical e con-

cluiu que a peça não correspondeu às expectativas. De facto, e

apesar da boa adaptação da obra à cena realizada pelo pró-

prio escritor, a peça poderia ter apresentado uma melhor

qualidade se tivesse tido mais financiamento para a sua pro-

dução. Problemas técnicos, como dificuldades sonoras e de

controlo de luz, aliados a um elenco ineficaz e a um cenário

pouco apelativo, afetaram o espetáculo.

À conversa com um “BOM MALANDRO”

Pedro Gomes do 12ºG

A nossa escola teve o privilégio de receber Mário Zambujal, o reconhecido autor de várias obras publicadas inter-nacionalmente, como Crónica dos Bons Malandros, Noites não são Dias, À Noi-te logo se vê (entre muitas outras…), no dia 17 de outubro.

D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

Mário Zambujal na ESAS

Page 6: JornalESAS Dezembro 2011

Parlamento Europeu dos Jovens—PEJ José Chen (12ºB), Juliana Silva (12ºH), Pedro Gomes (12ºG) e Rita Fonseca (12ºH)

• Página 6

N os dias 14 e 15 de outubro, decorreu a XVI sessão regional do Parlamento Europeu dos Jovens (PEJ), na qual participaram os alunos António Pacheco, Hélia Fernandes, José Chen, Juliana Silva, Pedro Gomes e Rita Fonseca. Esta atividade, que teve lugar na Universidade Católica Portuguesa do Porto (UCP), foi propos-ta aos estudantes referidos através das coordenadoras do Clube Europeu da escola, as professoras Rosa Costa e Clementina Silva. O programa pelo qual o grupo se iria reger estava previamente definido:

1ºdia – 14 de outubro 10h00: O início do primeiro dia começou com a partida dos parti-cipantes, que se deslocaram da escola para a Pousada da Juventu-de do Porto. 10h30: Aos participantes do projeto, foram atribuídos uma chair – Catarina Agreira – e um organiser – Diogo Freitas –, que os dirigiram e coordenaram. Estes elementos são estudantes universitários e já tinham experiência no PEJ, querendo, assim, conti-nuar a ajudar os mais novos a integrar-se no ambiente PEJista. O comité da nossa escola foi designado Comittee of Constitu-tional Affairs (AFCO), pois defendia a união dos países europeus e o fim do patriotismo exacerbado. 11h00: Todos os comités foram convidados a visitar as instalações da UCP. 12h00: Os alunos usufruíram da oportuni-dade de participar em momentos de lazer com PEJistas das outras escolas selecionadas, fomentando, desta maneira, o espí-rito de cooperação, através do Teambuilding. 13h30: Todas as comitivas se dirigiram à cantina do estabeleci-mento de ensino acima referido, onde se pôde desfrutar de um bom momento entre os participantes das diversas escolas. 14h30: As comitivas foram para gabinetes particulares no interior da Católica com o objetivo de, depois de discutidas as ideias, ela-borar uma moção que fosse discutida em Parlamento (Committee work). 20h00: Os professores, coordenadores da atividade, prepararam a Portuguese Village – jantar com as iguarias das regiões de onde provém cada comitiva. Os alunos dirigiram-se para perto dos pro-fessores e, para além de trocarem impressões sobre o trabalho desenvolvido ao longo da tarde, conviveram. 21h00: Antes das diferentes comitivas recomeçarem a tarefa ini-ciada no Committee Work, participaram em atividades lúdicas em conjunto com os organizers, enquanto os professores assistiam. 22h00: Os alunos regressaram à Pousada da Juventude, onde os

quartos foram atribuídos aos participantes. O AFCO reuniu-se num dos quartos com o objetivo de se preparar para o dia seguin-te.

2ºdia – 15 de outubro 8h00: O dia começou bem cedo para todos os participantes. O pequeno almoço foi servido na cantina da Pousada da Juventude, onde os alunos reuniram uma última vez com os professores e a chair. 9h30: Deu-se início à cerimónia de abertura da XVI Sessão Regio-nal do Parlamento Europeu dos Jovens: a mesa era composta pelo presidente, João Moura, e pelo professor de Economia da UCP, Mário Pedro Ferreira. 10h30: Pausa para um pequeno lanche organizado pela EYP. Foi

também o momento para uma últi-ma revisão dos temas que iriam ser apresentados pelos Pejistas de todas as escolas, principalmente para aqueles cuja moção seria debatida ainda na primeira parte. 11h00: Os debates começaram com a apresentação da moção do LIBE – Civil Liberties, Justice and Home Affairs, que foi alvo de um attack speech, apresentado pela aluna Rita Fonseca. A moção dos AFCO foi anunciada em terceiro lugar pelo aluno António Pacheco, propondo o fim dos preconceitos sociais, políti-cos e económicos pelos diferentes

países. Tratava do nacionalismo exacerbado e foi no defense speech, exposto pela aluna Hélia Fernandes, que as ideias contra o mesmo foram demonstradas. Após o debate, os alunos Juliana Silva e Pedro Gomes dirigiram-se ao púlpito para fazer um apelo ao voto e as remarcações finais para uma melhor compreensão da tese defendida– espaço designado por Sum up. 13h30: Foi feita uma pausa para almoço, o qual foi servido na cantina da Universidade Católica Portuguesa. Foi tempo, tam-bém, de uma pequena preparação para a segunda e última parte do encontro. 14h30: Exposição das restantes moções, seguindo-se um processo semelhante à das outras comitivas. 18h00: Cerimónia de encerramento da sessão regional do Euro-pean Youth Parliament. Os aurelianos despediram-se dos restan-tes participantes, prometendo manter contacto. No final, apesar de os resultados no debate não terem sido satis-fatórios a experiência foi enriquecedora e inesquecível para todos.

JORNALESAS

Participantes do PEJ e respetivos coordenadores e professores

Page 7: JornalESAS Dezembro 2011

Página 7 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

A conferência a que assistimos sobre o Orçamento Geral do Estado para 2012, proferida pelo Dr. Miguel Frasqui-

lho, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, trouxe-nos informações muito úteis sobre a atualidade portuguesa. Numa primeira fase, ficamos a conhecer o quotidiano deste deputado da Assembleia da República. O seu dia começa bem cedo com uma dose de notícias de todo o mundo, para que esteja atualizado e preparado para os debates com que se irá deparar. Seguidamente, o Ex-Secretário do Tesouro e Finanças apresentou-nos um panorama geral acerca da realidade em que nos encontramos. A posição de Portugal relativamente aos restantes países da Zona Euro A pequena dimensão do nosso país reflete-se na reduzida per-centagem que este representa na Área Euro. Toda a riqueza produzida em Portugal corresponde a apenas 2% daquela pro-duzida nos restantes 16 países. Atualmente são 17 os países da Zona Euro. Consequentemente, uma crise em Portugal não tem o mesmo impacto que uma crise em França (5ª economia Mun-dial), que representa 22% da produção da Zona Euro. Adesão à Zona Euro A adesão à Zona Euro trouxe alguns inconvenientes para a eco-nomia portuguesa, nomeadamente a perda de instrumentos fundamentais, como a moeda própria ou a capacidade de fixar as suas taxas de juro pelo Banco de Portugal (BP), ou ainda a perda da possibilidade de desvalorizar a moeda, o que contri-buiria para uma balança comercial positiva com o aumento das exportações e redução das importações. Aquando da adesão ao Euro, Portugal também não estava preparado para uma taxa cambial tão elevada: esse facto repercutiu-se numa situação económica pouco favorável. Num outro prisma, a adesão de alguns países à Zona Euro não foi feita de forma clara: falamos concretamente do caso da Grécia. Este país utilizou estatísticas deturpadas para poder avançar nesta fase da integração económica europeia. As Agências de Rating Sumariamente, e tal como nos explicou o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, as agências de rating têm como objetivo avaliar a capacidade de os países liquidarem as dívidas que têm para com os seus credores. Acrescentou ainda que,

como a maior parte destas agências são americanas, existem suspeitas de que haja um pacto entre estas e os EUA, com o objetivo de denegrir/desvalorizar a moeda europeia. Uma vida acima das possibilidades De acordo com Manuel Frasquilho, economista, desde 1974 que Portugal vive acima das suas possibilidades; tanto a sua população como os seus líderes políticos gastam mais do que aquilo que produzem. O nosso país é o único da U.E. que, des-de que se tornou uma democracia, não teve um único ano sem défice público. Haverá solução? Após a entrada do nosso país na Zona Euro, deveriam ter sido adotadas algumas medidas estruturais para facilitar a sua inte-gração neste meio de países com elevado grau de desenvolvi-mento e também para tornar a nossa economia competitiva face às emergentes (como a China e os países de leste). Como nada foi feito antecipadamente, hoje em dia estamos a pagar por todas essas falhas e as alterações estão a ser postas em prática em condições muito mais desfavoráveis. As medidas referidas passam pela necessidade de uma melhor legislação laboral, uma justiça mais eficaz, uma melhor política fiscal – com o objetivo de incentivar a produção –, uma maior concorrência interna e um maior investimento na qualificação do capital humano (aposta no conhecimento). Por um lado, com estas reformas, seria possível um desenvolvimento econó-mico mais sustentado; por outro, esta nova estrutura económi-ca passaria a ser um chamariz para o IDE (Investimento Direto Estrangeiro) que, até aos dias que correm, tem decrescido todos os anos. Como conclusão, e corroborando o ditado “Há males que vêm por bem”, esta crise em Portugal poderá até vir a ser benéfica, na medida em que as inúmeras modificações que deverão ser efetuadas trarão uma nova imagem ao país. Como referiu Miguel Frasquilho, por vezes, temos de dar um passo atrás para poder dar dois em frente. Contudo, é importante destacar que todos nós, desde os políticos às empresas, passando por todos os cidadãos, no nosso quotidiano, temos de optar por uma postura que prime pela exigência, rigor e método, tanto a nível nacional como europeu.

“Orçamento de Estado para 2012: Portugal na Hora da Verdade”

Francisco Martins e Rafaela Tomé Santana do 12ºF

Dr . Miguel Frasquilho

Page 8: JornalESAS Dezembro 2011

F

ILO

SO

FIA

• Página 8

N o dia 17 de novembro comemo-rou-se na nossa escola o Dia

Internacional da Filosofia, com inúmeras turmas envolvidas e com diversas ativi-dades realizadas (exploração dos símbo-los da filosofia - φ - ; exposição de coru-jas; calendário escolar filosófico e artísti-co; desafios lógicos; pesquisa sobre vida e obra de filósofos; criação de texto/poemas, etc). Este dia teve o seu início com a Declara-ção de Paris em prol da Filosofia, exal-tando que “(…) os problemas que trata a Filosofia são os problemas da vida e da existência dos homens(…), a reflexão filosófica deve contribuir para a com-preensão e a orientação das preocupa-ções humanas(…), o ensino filosófico favorece a abertura de espírito(…), con-tribui para a paz e prepara cada um para assumir as suas responsabilidades peran-te as grandes interrogações contemporâ-neas.”. Por estas razões, todos os anos, a UNESCO dedica um dia à Filosofia. Na nossa escola, os alunos focaram a sua atenção nos símbolos da filosofia, nomeadamente a coruja, símbolo da sabedoria. As caraterísticas da coruja (ave de Minerva) são precisamente as que um filósofo deve ter: ver na escuri-dão, ser capaz de derrotar os argumen-tos dos adversários após atenta inspeção e conduzir os outros à verdade, através da admiração, interrogação e reflexão crítica. Tal facto justifica a escolha do nosso slogan “Filosofia? Pensa Bem!”.

Turma I do 11ºano

Tibúrcio fala Tão bonito que é filosofar!

Obriga-nos a raciocinar,

Pensar logicamente

Com todos os prós e contra em mente.

Aumenta o nosso saber

O facto de compreender

Que pensamos logo existimos.

E assim nós fugimos

Como uma coruja foge do dia…

E mesmo esta reconhecia que não vivia sem filosofia.

João Eurico e Julião Costa do 11º I

FILOSOFIA? PENSA BEM!

JORNALESAS

Page 9: JornalESAS Dezembro 2011

F

ILO

SO

FIA

Página 9 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

A ntes de escrever este texto, tive a petulante ideia de satisfa-zer os meus ouvidos através de uma música do cantor Emi-

nem. Para meu proveito, e de todos aqueles que sabem do que falo, refleti. Como não poderia deixar de ser, cheguei a uma conclu-são, conclusão esta que, decerto, não difere em grande escala de alguma a que os meus vizinhos possam ter chegado. A minha repro-dução descontrolada de uma música do referido cantor proporcio-nou, tanto aos meus vizinhos como aos seus vidros, uma dor inces-sante e desmedida. Isto é algo que todos deveríamos fazer: parar e refletir! Para quem não sabe (como eu até há pouco tempo), a reflexão está associada à Filosofia. A tentação do leitor é interrogar-se (ou esperar que eu me interrogue): “O que é a filosofia? ”. Pois bem, eu não sei e não irei descortinar as minhas ideias, porque, um dia destes, aparece-me um filósofo a bater desalmadamente à porta, criticando e pro-blematizando a minha ideia de Filosofia. Falarei antes dos filósofos. Esses indivíduos que pensam que sabem pensar! Para lhes provar que eu também sei, divulguei em alguns blogues de filósofos a minha história de amor, e vou contá-la ao leitor. Certo dia (ontem à tarde), cheguei a casa e a minha namorada perguntou-me se eu queria ir às compras. A minha resposta foi, evidentemente, não. O engraçado é que levei um tabefe e ganhei uma lista de compras. O que é certo é que, em 5 minutos, já eu estava a pesar laranjas e a deitar os olhos a umas uvas. Bem, o meu problema amoroso revelou-se no fim da lista, onde estava escrito “chocolate”. Eu, como pessoa imparcial e fã de chocolate que sou, fiquei retido no corredor dos doces até que o supermercado fechas-se e o gerente chamasse a polícia para me acompanhar a casa. Durante este tempo de espera, eu, tão só e somente, tentei escolher entre duas marcas de chocolate. Não sei como, mas esqueci-me completamente se o melhor chocolate era o Belga ou o Suíço ou outro qualquer (irremediavelmente ainda não me lembrei). A minha indecisão deu-me fome e direito a um novo tabefe! Esta história mostrou-me, por outro lado, uma face da Filosofia deveras interessante. Por exemplo, o leitor sabia que a Filosofia é radical (desportos à parte)? A Filosofia levou-me a pensar nas cau-sas (por mais factuais que sejam) que se encontravam na origem de cada chocolate, como a remuneração média por cada empregado que cultivou o cacau, ou qual o número de horas diárias de traba-lho de que cada planta não prescindia. E ainda me levou a pensar nos fins últimos que eu iria associar ao chocolate, como a velocida-de com que este se derrete na minha boca ou em que alturas do dia me apetecia comê-lo, entre outras questões. Creio que explano, assim, a importância da Filosofia e fico seria-mente arrependido de ter criticado os filósofos. Durante esta expe-riência, concluí que os filósofos têm um duro trabalho e que estes deveriam ter um subsídio médico, pois eu, como não decidi que chocolate levar, distendi 21 músculos e 7 tendões e estou a sofrer de uma paralisia temporária que afeta a minha bochecha esquerda: tudo isto meramente por refletir! Portanto, se alguém quer ser bom a pensar racionalmente, é melhor que não tenha preconceitos (assim como eu tinha), pois pode arrepender-se da pior maneira: a minha!

S omos seres humanos e a capacidade de pensar e ver um pouco mais além do que

os olhos permitem é o que nos distingue. Se refletirmos sobre a fantástica habilidade de raciocinar, acabamos por imaginar e criar uma teia infinita de ideias, de recordações, de pro-jetos e anseios de “um mundo” onde, even-tualmente, nos perdemos ou achamos. São tantos e tais os pensamentos que brotam interligados que nos damos conta, por vezes, da sua própria ilogicidade; outras vezes do seu verdadeiro sentido e nexo. Tantos de nós à noite adormecemos depois de termos sido apanhados por esta rede complexa que consti-tui o pensar e que está presente na vida de cada um de nós. “Penso, logo existo”, alertou-nos Descartes, mostrando-nos, entre muitas outras coisas, que a reflexão é parte integrante e fundamental do ser humano. Pensamos mes-mo sem o querermos, nem que tenhamos sim-plesmente de pensar em não pen(s)ar: como por impulso somos lançados na aventura de pensar. É esta aventura do pensar que a Filoso-fia leva em mão aos alunos a partir do 10º ano. Porque será que a Filosofia não aparece mais cedo? Pensa nisso e espera até ao teu 10º ano e, até lá, pensa tão sublimemente como comes diariamente, mas pensa bem!

Pensar Ana Sofia e Camila Lobo do 11º I

CRÓNICA Os filósofos são filósofos e vice-versa

Miguel António Ramalho do 10ºD

Page 10: JornalESAS Dezembro 2011

Página 10 • Página 10 • Página 10 • Página 10 • Página 10 • • Página 10 •Página 10

A propósito da conferência “ O que é o núcleo atómico? Para que serve?”, rea-lizada na nossa escola no dia 3 de Novembro, fomos conversar com Carlos Fiolhais, um dos nossos mais repu-tados físicos e divulga-dores científicos. Após uma intensa comuni-cação, Carlos Fiolhais brindou-nos com uma reflexão sobre o conhecimento, a ciên-cia e a sua divulgação, entre outros temas de que tanto sabe. Um enorme prazer para o JornalEsas.

Jornalesas – O senhor formou-se em Física Teórica. Por que é que escolheu essa área? Professor Carlos Fiolhais - Para compreender o mundo. Sempre foi um sonho de criança… Por que é que as coisas são como são, de que é que são feitas as coisas, o que acontece às coisas?….

J. – Outra pergunta… Para que serve a Física? C.F. – Boa pergunta! A Física, para mim, dá para eu viver, não estou desempregado, não é mau!... E, em geral, não há físicos desempregados. A Física serve para perceber o mundo e, percebendo o mundo, temos benefícios do ponto de vista material, *embora+ o maior benefício (…) *seja+ inte-lectual. A missão do Homem sempre foi perceber, perceber para entender; mas a capacidade automática do Homem – que é saber de que é que somos feitos, como é que as coisas são, prever coisas, o que é que vai acontecer – essa é a mola ideal dos físicos. Quando fazemos isso, [estamos a criar condições para] viver melhor no mundo; portanto, somos úteis ao mundo nesse sentido utilitário da pergunta. (…)Nós *já+ não nos conseguimos imaginar num mundo anterior a este da comunicação rápida, em que há televisões, internet, etc., em que há deslocações através de meios como os aviões… Tudo isto deriva do nosso conhecimento do mundo físico. E nós estamos tão dependentes de coisas que existem, e que damos como garantidas, que não percebemos que demorou muito a chegar a uma altura em que temos relógios e computadores, em que temos telemóveis, em que, se estivermos doentes, temos uma solução de base científica para a cura. Por exemplo, toma uma aspirina e passam-lhe as dores de cabeça daqui a dez minutos, a coisa mais normal… E nem sequer se lembra que isso foi uma coisa descoberta há 100 anos, um resultado da Química, portanto um resultado da ciência (…) Não se lembra que enfim – e apesar de implicar intervenções mais complicadas –, em caso de necessidade, nós podemos prolongar a vida. E, no fundo, [a ciência permite] não só viver melhor mas viver mais: e isso é fundamental para a exis-tência de vida humana.

J. – A propósito disso, o professor disse que a ciência é de todos. Mas será que a ciência é sem-pre boa? C.F. – O “bom” e o “mau” dependem de uma apreciação subjetiva, que é necessariamente huma-na, e esse juízo não pode ser feito, no caso da ciência, só pelos próprios cientistas. Não têm de ser os cientistas a dizer o que é bom e o que é mau. É a sociedade no seu conjunto que tem de esta-belecer as normas éticas. Distinguir o bem do mal não é nenhuma equação de Física e, às vezes, é difícil. O que é bem para uns é mal para outros: é por isso que há guerras e conflitos, não é fácil. Mas atualmente há consensos que se formam na humanidade: “não devíamos fazer isso”, “vamos proibir que se faça isto”, “vamos fazer aquilo”, “quem fizer aquilo incorre uma certa pena”… E é evidente que os cientistas são pessoas como outras quaisquer, que fazem coisas permitidas, que fazem coisas – alguns, felizmente poucos… – proibidas. E cabe à comunidade humana, no seu conjunto, regular em cada momento o que é que se pode e o que se deve fazer: não é uma inicia-tiva dos físicos.

Palavras de quem sabe o que diz

Entrevista de Mafalda Freitas , José Chen e Leandro Berenguer da turma B do 12ºano

JORNALESAS

Page 11: JornalESAS Dezembro 2011

Os físicos dizem quais são as possibilidades, não dizem quais são os deveres e os caminhos que se devem seguir. Os físicos traçam os caminhos que se podem seguir, [o que] não quer dizer que todos os caminhos possíveis possam ser usados. Repare na própria energia nuclear: pode usar-se a energia para fazer bombas – não é uma coisa que nós possamos inter-pretar bem… – mas, ao mesmo tempo, pode usar-se a energia para nos dar conforto doméstico e todos nós percebemos que ter luz em casa, ter aquecimento, [é] um bem. No entanto, o conhecimento que nos dá uma coisa é o mesmo conhecimen-to que nos dá outra. Portanto, há escolhas que estão fora da ciência, que têm de ser feitas e não podem ser entregues aos cientistas. É um erro pensar que as nossas vidas, o nosso futuro, estão nas mãos dos cientistas. Talvez sim, mas não a parte mais importante, que são as escolhas que têm de ser feitas. E é por isso que nas democracias – que são os sítios onde há liberda-de, os sítios onde os cidadãos, em princípio todos eles, por igual, escolhem – os cientistas têm de ser ouvidos, mas não são eles, de maneira nenhuma, que dizem qual é o governo, como é que este atua, [o que depende] dos cidadãos. Os físi-cos ou os cientistas em geral são aí tão cidadãos comos os outros. Um físico tem o mesmo voto que outra pessoa qual-quer e isso – não pensar que uns são mais que os outros no que respeita na decisão do futuro coletivo – é um grande avanço da civilização.

J. – O professor também faz imensa divulgação científica no seu blogue, De Rerum Natura, e através dos livros publica-dos… C.F. – Ontem publiquei um! Fui a Lisboa lançar um livro com um colega do blogue, que se chama David Marçal e é bioquí-mico. O livro tem o título Darwin aos tiros e conta histórias de ciência. O título vem de uma história de Biologia que o meu co-autor conta: o Darwin era um jovem que gostava de caçar. Nós hoje ligamos o Darwin à Biologia, ao conhecimento do

mundo, mas o modo como ele explorava era um modo violen-to. Um dia, na América do Sul, em sítios em que não havia civilização, tinha ido caçar uma ave estranha. A certa altura, quando estava a comer, reparou bem no osso e viu que era uma espécie nova: já não comeu o resto! Mostra a diferença do Darwin para outros caçadores, [que] era muito curiosa: é que era um caçador interessado na caça! Mandou logo os ossos e o resto para Cambridge, para o amigo e professor que lhe recebia as encomendas! E hoje são os restos da espécie que ele não comeu que estão no Museu de História Natural da Universidade Cambridge. Portanto, o Darwin no fundo era uma pessoa como os outros, gostava de comer. Mas tinha uma diferença: não comia tudo [porque a] curiosidade era mais forte que o apetite.

J. – Qual é a sua opinião sobre os programas que Mariano Gago lançou? C.F. – O Ciência Viva? Foi um excelente programa. O Ciência Viva fez mais pela ciência do que as escolas: fez despertar o interesse pela ciência a muitos jovens, criando centros intera-tivos de ciência, ciência no verão, astronomia e outras ativida-des. Hoje em dia temos muitos jovens a fazer ciência, entre os 20 e os 30 anos, somos um dos países da Europa com mais jovens a fazer ciência, a estudar ciência, com pós-graduações a ciência, em grande medida como resultado desses programas de divulgação. A escola, na minha opinião, ficou um bocadinho para trás, agarrada a programas mais antigos, mais convencio-nais, etc.. Se calhar também é essa a função da escola, porque há um lado em que a escola tem de ser inovadora e outro em que tem de ser conservadora. [Com o Ciência Viva] houve a capacidade de fazer programas para atrair jovens para a ciên-cia um bocadinho à volta da escola, não tanto no seu interior… [Mas acredito] que isso – as coisas estão ligadas – tenha leva-do os jovens nas escolas – porque a escola é imprescindível – a prosseguir estudos na área da ciência.

D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

Ouvindo as palavras sábias do cientista, a DrªGraça Bastos (profª de Física e Química), a Drª Delfina Rodrigues (Diretora da ESAS) e a Drª Teresa Viegas (profª de Matemática) - da esquerda para a direita

Continua na página seguinte

Página 11•

Page 12: JornalESAS Dezembro 2011

Ilustração

de Teresa V

iegas (profª) p

ara LdC

I So

luçõ

es na pró

xima ed

ição d

o Jo

rnalESAS

• Página 12

J. A Universidade de Coimbra tem uma escola que prepara os alunos para as Olimpíadas da Física e da Química. Chama-se Quark. Acha que esse tipo de escola devia existir noutros pon-tos do país? C.F. – Talvez não. A escola Quark tem dado frutos: os estudan-tes que participam nessas atividades estão a sair medalhados das competições internacionais, e isto é um esforço consistente, portanto é o resultado da preparação. É como em qualquer competição: se uma pessoa treina e treina bem, com certeza que vai obter melhores resultados. Mas reparem: há equipas nacionais de Olimpíadas de Física e a Quark escolhe as melhores do país todo. E é como qualquer seleção nacional: só há uma. A escola Quark é a nossa seleção nacional de físicos/jovens físicos/estudantes de Física para Olimpíadas de Física. Não faz sentido criar duas seleções e competir uma contra a outra. Portanto, acho que faz sentido apoiar a escola que já existe, que é uma escola de quali-dade. Há pessoas que podem não estar em Coimbra, mas há maneiras de contribuir para que essa escola seja reforçada. Eu estou em Coimbra e tenho procurado ajudar essa escola, porque acho que os jovens que são capazes de fazer mais devem ser encorajados. Felizmente, há jovens que são capazes de fazer mais. Na Física e na Matemática, alguns têm mostrado ser capazes de ser tão bons como os melhores lá fora. E eu acho que isso é bom para eles e é bom para todos! Mostra que, no estado português, não há nenhum defeito genético que conduza a uma alteração do cérebro: há bons cérebros, temos ótimos cérebros! Mais impor-tante que isso: é o melhor que nós temos! Nós não temos fonte de riquezas, como o petróleo, etc.. Aquilo que temos de mais precioso são os nossos cérebros: a capacidade de descobrir, de inventar, de criar, é isso que é o nosso melhor. Portanto, tudo aquilo que puder desenvolver o melhor de nós e que possamos mostrar lá fora, (…) ajuda ao desenvolvimento de todos. (…) Atualmente temos o ministro Nuno Crato, que nos deu uma prova de apoio aos jovens quando foi ao aeroporto receber um jovem que tinha ganho uma medalha de ouro a Matemática. Sabem disso?… *Acenos afirmativos dos entrevistadores.] E não era muito comum: os ministros, às vezes, iam quando era a seleção de futebol. O Ministro da Educação ir receber um jovem que obteve não 1º lugar – que há várias medalhas de ouro –, mas um dos primeiros lugares numa competição de Matemáti-ca, é algo que nos devia alegrar a todos. Significa que o país está a mudar. Não só o jovem ganha como o ministro vai. Portanto, há reconhecimento do mérito no país e é disso que precisamos: de haver a possibilidade de mostrar o mérito e naturalmente o reconhecimento desse mérito. (…)

Algumas obras de Carlos Fiolhais

Continuação da página 11—Entrevista com Carlos Fiolhais

JORNALESAS

online

http://www.issuu.com(pesquisa: jornalesas)

Page 13: JornalESAS Dezembro 2011

P: O que é o Clube Europeu? R: O Clube Europeu é um projeto escolar internacional que visa promover e aplicar os ideais europeus, trabalhando em rede. O Clube Europeu é essen-cial para promover a cidadania na Europa. P: Quando começou o clube europeu na ESAS? R: O Clube Europeu da ESAS começou em 1998, com um projeto entre a nossa escola e uma escola finlandesa de Kimiinki. Desde essa altura houve encontros com muitas escolas espalhadas pela Europa fora. P: Quantos professores estão envolvidos? R: Há dois professores a quem foram atribuídos dois tempos de escola para trabalhar com o projeto. No entanto, agradecemos a participação de todos os professores dos conselhos de turma dos alunos envolvidos. P: Quais os projetos dinamizados este ano? R: Temos vindo a desenvolver vários projetos. Já realizamos duas activida-des no exterior da escola: participação na sessão regional do PEJ (Parlamento Europeu dos Jovens) e participámos num seminário nacional dos Jovens Repórteres para o Ambiente, em Campo Maior. Este ano candi-datámo-nos a um projeto europeu chamado “Your Europe/your say”. Colaboramos com a AFS (American Field Service). Também temos em curso um projeto de intercâmbio e mobilidade com uma escola europeia. P: O que são “Os Jovens Repórteres para o Ambiente”? R: É uma rede internacional que relaciona o jornalismo com o ambiente. Consiste no desenvolvimento de um projeto a nível da escola e na escrita de artigos sobre o estado do ambiente, principalmente no nosso município, sob o lema “Pensar global, agir local”. P: Como podemos ter mais informações sobre o Clube Europeu? R: Na nossa escola temos um “placard” com informações em frente à sala do Lugar da Ciência, onde reunimos. Apareçam e informem-se. Perguntámos a dois alunos as razões que os tinham levado a entrar no Clube Europeu

“Aconselharam-me o Clube Europeu, testemunhando que nele se realiza-vam diversas atividades muito interessantes e relevantes a nível europeu.”

Maria Monteiro - 10º C

“Juntei-me ao Clube Europeu porque me interesso muitos pelos assuntos que sabia que eram lá tratados e porque sabia que o meu tempo seria bem aplicado.”

Henrique Vasconcelos - 10º D

Página 13 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

PU

BLIC

IDA

DE

O JORNALESAS errou Na edição XXX de Julho de 2011, na página 3 , no artigo da Biblioteca, onde se lê “agendada para o próximo dia 3 de Julho”, deve ler-se “ que teve lugar no dia 3 de Julho”. Pelo erro, pedimos desculpa.

Fazemos Europa

E ntrevista à profª Rosa Costa, coordenadora do Clube Europeu na ESAS, para ficarmos a saber mais sobre esta estrutura.

Rita Magalhães 10ºD e Maria Monteiro 10ºC

Page 14: JornalESAS Dezembro 2011

• Página 14

C omo é habitual, os Jovens Repórteres para o Ambiente da ESAS participaram no Seminário dos JRA, que decor-

reu nos dias 18,19 e 20 de novembro. Este ano, os JRA foram até Campo Maior (em Portalegre), a vila famosa pela Festa das Flores, que ocorre de 4 em 4 anos. Neste seminário, participa-ram 4 dos muitos alunos que integram o Clube Europeu da ESAS: Henrique Taveira (10ºD), José Chen (12ºB), Maria Mon-teiro e Mariana Gomes (10ºC). Os JRA aurelianos chegaram a Campo Maior no final da noite de sexta, após uma cansativa viagem de comboio e de camio-neta. Ao chegarem ao destino, começaram logo a fazer novas amizades e a trocar ideias e impressões com alunos de outras escolas Na mesma noite, puderam desfrutar de um saboroso jantar num Restaurante Snack-Bar local, o Perinuga, instalando-se, de seguida, no Pavilhão gimnodesportivo de Campo Maior, espaço onde ficariam a dormir nas noites seguintes. O Seminário Nacional visa não só alertar os JRA para os proble-mas ambientais mas também incentivar a ação estratégica e a procura de soluções. No sábado, abriu com a apresentação da coordenadora nacional do projeto, Margarida Gomes, que confirmou o programa para os dois dias. Este incluiu análise de questões ambientais e um workshop sobre a realização de bons artigos, tendo sido apresentadas figuras ativas nessa área, como José Archer, presidente da ABAE, e Ana Gama, bióloga da indústria de cafés Nova Delta, entre outros. Depois do almoço, os alunos foram separados em grupos dife-rentes. O mais velho deles (José Chen), devido à boa participa-ção em seminários anteriores, foi convidado para monitor de um dos grupos. Cada grupo de alunos foi incumbido de uma missão em vários locais da vila, entre os quais se destacam: Ouguela, uma vila com 80 habitantes; a fábrica da Novadelta,

empresa famosa pela importação do café; e a Albufeira do Caia. Os grupos registaram informações e tiraram fotografias a paisagens e figuras importantes. Cada grupo produziu um arti-go e uma fotorreportagem sobre a região que percorreu, o que contribuiu para conhecer novas pessoas e trabalhar com mais ânimo. Os diferentes trabalhos foram apresentados no último dia. Para o jantar da noite de sábado, foi organizada uma Green Fest, cujos participantes levaram, na sua maioria, uma peça de roupa verde: os JRA festejaram este evento com muita comida, música, dança e animação. O dia de domingo começou às 7h da manhã, se não mais cedo. Os jovens repórteres acordaram com disposição de dar os últi-mos retoques aos artigos e assistir às palestras agendadas para as 11h, momento em que se assistiu não só aos relatos de Missões JRA, que se realizam anualmente, mas também a uma apresentação sobre fotografia dada pelo fotógrafo profissional José Peixe. Nessa tarde, procedeu-se à exposição dos trabalhos elaborados, tanto dos alunos como dos professores. De seguida, a JRA entregou os prémios aos vencedores do melhor cartaz e das melhores fotografias tiradas ao longo do seminário. Infelizmente, a nossa escola não ganhou, embora tivesse um ótimo cartaz e muito boas fotos. Os presentes tive-ram, mesmo antes de partir, a oportunidade de estar na pre-sença do Comendador Rui Nabeiro, fundador da famosa empresa Delta, que foi convidado a encerrar o Seminário. No próximo ano letivo haverá mais. Entretanto, os JRA atuarão localmente e mais fortes do que nunca de acordo com o proje-to apresentado. Não tarda, haverá notícias!

JRA em Campo Maior Henrique Taveira (10ºD), José Chen (12ºB) e Maria Monteiro (10ºC)

Da esquerda para a direita—José Chen (12ºB), Henrique Taveira (10ºD), Maria Monteiro (10ºC) e Mariana Guedes (10ºC)

JORNALESAS

Page 15: JornalESAS Dezembro 2011

Página 15 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

H oje em dia, devido à crise em que vivemos, o concei-to de poupar ganha cada vez mais importância nas

nossas vidas. Aqui vão algumas dicas para poderes poupar da melhor maneira:

1. Regista o dinheiro que vais gastando de maneira a saberes em que gastas mais e assim saberes onde poupar;

2. Toma todas as refeições que puderes em casa; se isso não for possível, podes sempre comer na escola, onde a senha para o almoço (sem multa) é apenas 1.46€ e onde podes lanchar por menos de 1€ no bufete;

3. Não deites comida fora! Se trouxeste comida de casa para comeres a meio da manhã e não te ape-tecer comer, guarda, pois pode apetecer-te mais tarde;

4. Se for o caso, tenta reduzir para apenas um tele-móvel. O dinheiro que gastas em mensalidades pode ser usado para outras coisas de que precisas;

5. Se morares perto da escola, tenta andar o máximo a pé; assim poupas dinheiro em transportes e em gasolina;

6. Tenta comprar o material escolar na papelaria da escola ;

7. Aproveita ao máximo as atividades oferecidas pela escola ;

8. Faz um plano de poupança para casa por semana/mês;

9. Arranja um mealheiro e surpreende-te com as economias que consegues fazer diariamente;

10. Evita pedir dinheiro emprestado aos teus colegas.

No poupar é que está o ganho !

Leandro Berenguer e Mafalda Freitas do 12ºB

Acordo ortográfico Soluções :1. 26; 2. a) adepto; b) ator; c) anti-higiénico; d)

minissaia; e) fim de semana; f) heroico; g) ambas.

Page 16: JornalESAS Dezembro 2011

• Página 16

N o dia 17 de novembro de 2011, a turma F do 9º ano reali-zou uma corrida contra o fumo, com o objetivo de alertar a

comunidade escolar para os malefícios do tabaco. Esta corrida teve 1000 m de extensão e o percurso foi à volta do exterior 1. Antes da corrida, a Professora Catarina Cachapuz dialogou com os alunos sobre os malefícios do tabaco, referindo a sua própria expe-riência e a dificuldade em largar este vício que consome os fumado-res lentamente. O tabaco provoca inúmeras doenças, diminuindo a capacidade car-diovascular e respiratória, podendo também levar ao desenvolvi-mento de tumores malignos em muitas partes do corpo. No final, os alunos concluíram que o prazer que os fumadores reti-ram deste vício não compensa minimamente as nefastas conse-quências que acarreta para a saúde individual e coletiva. A “corrida contra o fumo” é uma iniciativa anual do núcleo de implementação e promoção da educação para a saúde (NIPES), em parceria com os professores de Educação Física, e inseriu-se nas atividades de comemoração do Dia Mundial do Não Fumador. Os alunos vencedores receberam um diploma e ganharam um pré-mio simbólico. NIPES

“CORRIDA CONTRA O FUMO” Inês Costa, Maria Ferreira e Otelinda Morgado do 9ºF

Google imagens

A cientista norte-americana Lynn Mar-gulis faleceu no passado dia 22 de

novembro de 2011, aos 73 anos de idade, na sua casa em Amherst, no estado de Massa-chusetts, nos EUA. A cientista realizou diversos trabalhos sobre a origem e a evolução das células e ficou conhecida na comunidade científica e no mundo pela hipótese endossimbiótica. Segun-do esta hipótese, a célula eucariótica teve origem na incorporação de organismos proca-rióticos por parte de outros seres procarion-tes primitivos. O resultado de anos de investi-gação permitiu fundamentar a origem dos organelos celulares como as mitocôndrias e os cloroplastos. Lynn Margulis ingressou na Universidade de Chicago aos 14 anos e ao longo da sua vida publicou numerosos artigos científicos e livros. A sua obra Simbiose na evolução da célula (1981) é considerada um clássico da Biologia do século XX. Margulis foi casada com o conhecido astrónomo Carl Sagan, um divulgador da ciência que ganhou fama mun-dial com o seu programa de televisão “Cosmos”.

És do 11 º ano? Estás no curso científi-co-humanístico? Sabias que a ciência está de luto?

Núcleo de estágio de Biologia e Geologia (Dora Alves e Joana Machado)

JORNALESAS

BR

EV

ES

Page 17: JornalESAS Dezembro 2011

Lá e cá Entrevista de Juliana Silva (12ºH), Patrícia Costa (12ºG), Pedro Gomes (12ºG),

e Rita Fonseca (12ºH)

E tienne Etter, aluna chilena, de Concepción, foi entrevistada em Maio de 2011, no âmbito do intercâmbio que realizou em parceria com a nos-sa escola. Com este testemunho foi possível conhecer as principais diferenças entre o ensino português e chileno, bem como o processo de adaptação da aluna e os diversos procedimentos que teve de efetuar para ser portuguesa por meio ano.

D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I Página 17 •

Continua na página seguinte

JornalEsas – Qual foi a associação que permitiu este intercâmbio? Etienne Etter – AFS (American Field Service).

JE – E foi fácil este processo? Quais eram as con-dicionantes para integrares este projeto? E – O processo, sinceramente, foi complicado. Na AFS do Chile, é necessário ter entre os 15 e os 17 anos, e não se pode ter nenhum problema psíquico. Foram necessários vários procedimentos que envolveram muitos certifica-dos e assinaturas (…). Em Concepción, na minha cidade, avaliaram os comportamen-tos, as capacidades de adap-tação. Depois de aprovada fui para Santiago, a capital, onde está a AFS Central e foi aí que me deram os documentos e todas as informações neces-sárias. Eu escolhi três países, de acordo com as minhas prioridades.

JE – Que países é que esco-lheste? E – Em primeiro lugar, colo-quei Estados Unidos da Amé-rica; em segundo, Portugal; e, por último, Finlândia.

JE – Sabemos que foi um procedimento longo… Em termos monetários, como decorreu o proces-so? E- Eu tinha uma bolsa, mas não era uma bolsa completa. Nós temos a opção de ver quanto pode-

mos pagar, propomos à AFS e depois a nossa pro-posta é ou não aceite. No meu caso, não foi aceite e eu tive de pagar um pouco mais. Foi também por isso que eu não fiquei nos EUA, porque era bastante mais caro que Portugal!

JE- A angariação do financiamento para vires como foi? Tiveste ajuda dos teus pais, foste tu que trabalhaste para conseguir vir…? E- Um pouco de tudo… Tive, também, muita ajuda dos meus amigos, da minha família, da empresa em que trabalha o meu pai. Eles sabiam que era o meu sonho e que eu ambicionava viver esta expe-riência.

JE – E, para além de ser viável economicamente, porquê Portugal? E- Eu sempre quis muito conhecer a Europa, conhecer uma nova cultura, uma cultura mais ativa… Eu já conhecia um pouco as características de países como Itália, França, Inglaterra. Já tinha ouvido falar de algumas cidades, visto filmes, lido livros, etc.. Mas Portugal estava apenas na minha imaginação! Não tinha uma ideia definida, não fazia ideia de como era. Queria conhecer algo totalmente novo. E consegui, porque antes de vir eu não procurei absolutamente nada sobre Portu-gal! Foi uma completa surpresa conhecer este país! JE - E como foi a adaptação ao ensino portu-guês? Calculamos que o nosso modo de traba-lho seja diferente do chileno… E- Posso dizer que aqui a adaptação não foi difícil, tenho mais liberdade do que lá. Por exemplo, é obrigatório o uso de uniforme. Em termos de disciplinas, no Chile tinha treze disci-plinas, aqui tenho muito poucas. Posso dizer que aqui me sinto muito mais relaxada…

Page 18: JornalESAS Dezembro 2011

A minha pátria é a língua portuguesa RESPOSTAS CORRETAS

Página 18 • Página 18 • Página 18 • Página 18 • Página 18 • Página 18 • Página 18 • • Página 18

JE– Como é estudar lá no Chile? E- Depende da escola, eu andava num colégio. Tinha aulas das 8h00 às 16h30, de segunda a quinta-feira. Às sextas saía mais cedo. Eu escolhi a área científica, podendo escolher qual a especialidade da minha área em que queria ter mais aulas (química, no meu caso). Mas tinha todo o tipo de disciplinas: artes, línguas, etc. Em relação às regras, eram semelhan-tes às que encontrei aqui, excetuando os atrasos, que eram mais tole-rantes, e os telemóveis, cujas normas de utilização variavam de profes-sor para professor.

JE- E qual é a média de alunos por turma? E- Isso depende muito de escola para escola. Quanto mais caro o colégio, menor o número de alunos por turma. Uma escola pública tem cerca de qua-renta e tal alunos por turma; um colégio como o meu tem 30 alunos.

JE– Para além do número de aluno por sala, há outras diferenças entre um colégio privado e uma escola pública? E- Lá o ensino público é muito mau! A maioria das pessoas que o frequentam não têm dinheiro e não querem estudar. Alguns professores são bons e o programa escolar é igual ao dos colégios. O grande problema reside nos alu-nos, menos interessados, menos participativos, desmotivados… Mas lá não existe apenas o ensino privado e o público. Existe um tipo de ensino intermé-dio, que é parcialmente comparticipado pelo Estado/famílias (o que ajuda bastante!).

JE- E como se distribuem os diferentes órgãos de direção? E- Nós lá temos um órgão máximo, que é como o dono do colégio. A seguir vem o diretor – com funções semelhantes à diretora da ESAS – e, por fim, os inspetores, que em Portugal não há. Estes estão encarregados da assistência aos alunos: verificam se está tudo a correr bem nos intervalos, quando dá o toque de entrada conduzem os alunos às salas, etc... São uma espécie de “seguranças”.

JE– E os colegas de lá e os de cá? E- Quando cheguei aqui, senti que as pessoas eram muito frias, cada um vivia no seu mundo…. No Chile era totalmente diferente: como tínhamos muitas aulas e estávamos muito tempo juntos, éramos muito mais unidos. Um pequeno exemplo: muitas vezes acontecia que, quando estávamos a sair das aulas, um colega oferecia a sua casa para irmos estudar com ele. Aqui não: cada um sai da escola, despede-se e dirige-se para sua casa.

JE- Como ocupas os teus tempos livres no Chile? E- Muito do meu tempo é ocupado a estudar. Mas também frequento ateliers de pintura, de física, uma equipa de futebol, os escuteiros, a associação de estudantes. Todos os dias há algo diferente para fazer!

JE- E como está a correr a experiência aqui em Portugal, estás a gostar? E- Sim, muito mesmo! Nem quero voltar para lá, pelo menos para já… (risos)

JE- Tencionas voltar cá, no futuro? E- Adoraria de voltar aqui… Mas tenciono fazê-lo mais tarde, quando estiver na faculdade ou já a trabalhar. Até porque vejo no Porto um local magnífico e com imensas oportunidades a diversos níveis. Por exemplo, na cultura, aqui existem sempre coisas novas – exposições, museus, peças de teatro, concer-tos – e de fácil acesso. No Chile, em particular na minha cidade, há pouca animação e as atividades são pouco divulgadas.

Etienne com colegas da escola (da esquerda para a direita) Pedro Gomes, Ana Rita, Etienne, Patrícia e Juliana

1. A - o verbo intervir conjuga-se como o verbo vir. A

outra forma não existe.

2. A - Ir de encontro a significa “colidir, chocar com”.

3. B - insulação significa “transformar em ilha; isolar”.

4. B - sempre com acento o i tónico que não forma

ditongo com a vogal que o precede.

5. B - judaica, feminino de judaico, significa “relativo

aos judeus ou ao judaísmo”.

6. A - é uma palavra grave, portanto não se acentua.

7. A -limpado nos tempos compostos com os auxilia-

res ter e haver; limpo com os auxiliares ser e

estar

8. A e B - as duas são corretas.

9. A - com expressões como mais de, menos de ou

cerca de seguidas de um número no plural,

conjuga-se o verbo no plural.

10. A e B - as duas são corretas, sendo mais usada

maquilhagem em Portugal e maquiagem no

Brasil.

11. B - o ano passado emprega-se quando é sujeito da

frase.: o ano passado foi bom.

12. A - quando os verbos parecer e ser têm como sujei- to

isto, isso, aquilo, tudo ou o, concordam com o predicati-

vo do sujeito, neste caso, grãos.

SE TEVE ENTRE 50 E 60 PONTOS É caso para dizer OLHA PRÓ Q’EU DIGO! (a segunda parte da frase não é para aqui chamada). Sim senhor, isso é que é falar bem! Vá, orgulhe-se! E faça inveja, que a causa é boa. E já agora, não se esqueça do Acordo Ortográfico, por muitas cóce-gas que isso lhe faça! Continue assim e seja um exemplo! PARABÉNS! *…tem direito a uma evidência…+

SE TEVE ENTRE 35 E 45 PONTOS Está como o Mário de Sá-Carneiro -«UM POUCO MAIS DE AZUL…EU ERA ALÉM…!» Pois é, não está mal… mas podia estar melhor! (E aqui o ótimo não é inimigo do bom…) Enfim, sinta-se bem consigo próprio(a) porque é só mesmo «um pouco mais»! Não custa nada, é de graça e fica sempre bem… Anime-se, também tem direito a PARABÉNS mas mais pequeninos.

SE TEVE ENTRE 20 E 30 PONTOS Aqui só mesmo o Cervantes: «TIRA FORÇA DA TUA FRAQUEZA»! É que a coisa está mesmo um bocadinho preta, não há mas nem meio mas… Mas o fundamental é nunca desistir! Pense no que se teria perdi-do, no que não teria existido, se o amigo Vasco da Gama tivesse desistido por alturas do Cabo que mudou de nome graças a um outro parecido com ele! Por isso, mãos à obra, isto é, mais cuidado com a Língua, se faz favor.

SE TEVE MENOS DE 20 PONTOS Ninguém faz menos de 20 pontos com estas perguntas! Enganou-se na soma ou viu mal as respostas, ou não leu as pergun-tas com atenção, ou…ou…ou…! Volte ao princípio!

JORNALESAS

Page 19: JornalESAS Dezembro 2011

Página 19 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

D

ESPO

RTO

Page 20: JornalESAS Dezembro 2011

Viagem à Idade Média Liliana Rodrigues do 10ºG

• Página 20

N o passado dia 18 de novembro os alunos do 10º ano do Curso de Línguas e Humanidades da Escola

Secundária Aurélia de Sousa realizaram uma visita de estu-do a Ucanha, Tarouca e Salzedas. A primeira paragem foi efetuada em Ucanha, onde nasceu o célebre filólogo e etnólogo José Leite de Vasconcelos. Nesta vila medieval os alunos visitaram a igreja paroquial (construção sólida em granito do século XIII),e as alunas de Literatura Portuguesa (10ºG) puderam imaginar as “meninhas” a dançar debaixo das avelaneiras, no adro da igreja, seduzindo os seus amados, enquanto suas mães rezavam e queimavam velas. Esta paragem possibilitou, também, a visita à Torre de Ucanha (estilo românico), que é classificada como Monumento Nacional desde 1910 e é a única ponte fortificada da Península Ibérica. De seguida, rumamos até ao Convento de São João de Tarouca, localizado na encosta da serra de Leomil. Este foi o primeiro Mosteiro da Ordem de Cister no país, tendo sido fundado em 1144. O Mosteiro de São João de Tarouca apresenta aspetos do românico e do gótico, com um portal renascentista. Internamente é dividido em três naves, sendo a central mais elevada. Os altares são de talha dourada, contendo painéis de pintura sobre madeira, da qual se realça o de São Pedro da autoria de Grão Vasco, o de Nossa Senhora da Glória e o altar de São Miguel, do início do século XVI, atribuídos a Gaspar Vaz. Na nave central há ainda um cadeirão em talha dourada, enquanto na sacristia se podem contemplar os valiosos azulejos. É também neste mesmo Mosteiro que se encontra o túmu-lo de D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos, filho ilegítimo de D. Dinis. D. Pedro Afonso foi o primeiro compilador das cantigas trovadorescas galaico-portuguesas. Foi um exce-lente trovador, tal como seu pai, deixando quatro cantigas de amor e seis de escárnio. Escreveu também um livro de linhagens, sendo considerado o iniciador da prosa histórica em Portugal. Depois do almoço ao ar livre numa das praças de Tarouca, os alunos concentraram-se junto à camioneta para fazer a viagem até ao Mosteiro de Salzedas, localizado na fregue-

sia de Salzedas, em Tarouca, para uma visita guiada. Este Mosteiro, tal como o de S. João de Tarouca, pertencia à ordem dos monges bernardos e foi construído em 1167. É uma das mais vastas igrejas do país. A sacristia, que fica ligada à capela-mor, também espaçosa, é de abóbada apoiada numa coluna central. À entrada do templo, na nave do lado direito, estão inseri-das na parede duas pedras tumulares. Na igreja destacam-se duas pinturas – que representam o Santo Peregrino e São Sebastião - e diversas telas do século XVII. Ainda pudemos assistir a um pequeno vídeo relativo ao restauro, finalizado em agosto de 2011, deste belíssimo Mosteiro. Os objetivos desta visita de estudo foram alcançados ple-namente, na medida em que os alunos tomaram consciên-cia de variados espaços históricos de grande importância no contexto literário e histórico português. Há a destacar a forma cívica e ordeira como os alunos se comportaram ao longo de toda a visita, num clima de agra-dável convívio entre alunos/alunos e alunos/professores. Esperamos que esta seja a primeira de muitas visitas de estudo!

Mosteiro de Salzedas—Tarouca—Viseu

Alunas de Literatura (10ºG) com a profª Zaida

JORNALESAS

V

ISIT

A D

E E

ST

UD

O

Page 21: JornalESAS Dezembro 2011

F

AD

O

FIL

ME

Fado: A essência de Portugal

Página 21 • D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

P ortugal, país de pequenas dimensões e com pouca influência no panorama mundial, é o berço de uma das artes musicais populares mais belas: o Fado. É originário da capital, Lisboa, emergin-

do primeiro em pequenos bairros, como Alfama, Mouraria, Bairro Alto e Madragoa. Foi no século XVIII que o fado adquiriu forma, mas só no século XX é que se transformou na arte que conhecemos hoje, depois de uma contínua evolução ao longo dos séculos. Nos anos 20/30, manifestou-se, pela primeira vez, no teatro musical e na rádio. As casas de fado também surgiram nesta época, enquanto

principais locais de divulgação deste estilo musical. Assim, através destes meios de difusão, e graças a grandes vozes portuguesas, como Hermínia Silva e, mais tarde, Amália Rodrigues, foi possível a sua consagra-ção como "música do mundo". Para a concretização deste estatuto, a era da globalização teve um importante papel, devido aos progressos que lhe são inerentes. Com o decorrer dos anos, novas variantes de fado apareceram, tal como novos artistas – Mariza, Ana Moura, Deolinda, entre outros. Conse-quentemente, este facto permitiu uma abordagem diferente ao conceito de fado, abrangendo, deste modo, um maior número de classes etárias. Recen-temente, o fado foi admitido como Património Imaterial da Humanidade, o que constitui um grande passo para Portugal e para a forma como esta arte é encarada além-fronteiras.

Patrícia Costa (12ºG), Pedro Gomes (12ºG), Juliana Silva (12ºH) e Rita Fonseca (12ºH)

A ação do filme passa-se em Londres, no ano de 1593. William Shakespeare (Joseph Fiennes) desespera por ideias para escrever uma peça.. Quando o teatro onde trabalha faz audições, apare-ce um rapaz, Thomas Kent, que sobressai de todos os outros. Shakespeare faz de tudo para saber quem ele é, até que este entra na casa da família De Lesseps, onde Shakespeare se vai apaixonar por Viola De Les-seps (Gwyneth Paltrow), uma jovem rapariga que ama o teatro e anseia por encontrar o amor verda-deiro. Começam a corresponder-se por mão de Thomas Kent e é então que, acompanhado por Thomas num barco que os levaria para a casa da família De Les-seps, Shakespeare lê uma carta de Viola, na qual ela lhe diz que está noiva de Lord Wessex. Nesse momento, e após o ter beijado, Shakespeare desco-bre que Thomas Kent é, afinal, Viola, disfarçada de homem para poder representar no teatro. Começa então uma enorme paixão entre os dois. Encontram-se todos os dias no teatro – onde ela ensaia o seu papel de Romeu e onde ele, inspirado pelo amor que sente por ela, continua a escrever a sua peça Romeu e Julieta – e, à noite, no quarto de Viola, onde podiam estar sozinhos e sem disfarces. O filme é marcado pela diferença hierárquica exis-tente entre os dois e pelo crime que Viola comete ao representar disfarçada de homem, crime este que vai levar ao desfecho inesperado do filme. Realizado por John Madden em 1998, este filme ganhou

sete óscares da academia para além de mais seis nomea-

ções, entre muitos outros prémios.

Shakespeare in Love

Mafalda Freitas do 12ºB

Page 22: JornalESAS Dezembro 2011

B on Iver é uma banda folk norte-americana, cujo nome deriva da expressão francesa bon hiver, que signi-fica bom inverno. É um projecto liderado pelo compositor Justin Vernon, em conjunto com Sean Carey

(bateria, voz e piano), Michael Noyce (voz e guitarra) e Matthew McCaughan (baixo, bateria e voz). O seu estilo abrange indie folk, indie rock e folk rock. O primeiro álbum, For Emma, Forever Ago, surge depois do rompimen-to de Justin com a banda anterior, situação que o levou a isolar-se na sua terra natal, onde compôs a maior parte das músicas deste álbum. O trabalho foi lançado em fevereiro de 2008, sendo alvo de boas críticas e aclamado internacionalmente, com os singles Skinny Love e For Emma a tornarem-se rapidamente conhecidos. Em junho de 2011, é lançado o segundo álbum, Bon Iver, que é também objeto de comentários positivos. O vocalista Justin não utiliza a ajuda de engenheiros de som nem de produtores, preferindo executar o trabalho sozinho. Em Portugal, o seu grupo de admiradores espera ansiosamente que a banda faça uma paragem por cá!

“ A Guerra dos Tronos” é o primeiro dos nove livros da saga As Crónicas de Gelo e Fogo de George R.R.

Martin. A obra segue várias linhas de história simultâ-neas: a do lorde de Winterfell, Ned Stark, de sua mulher, Catelyn, e dos seus seis filhos; a dos Lannister, família poderosa, e a de Daenerys, que vive no exílio, sendo a herdeira legítima ao trono do reino. A obra começa com a chegada do rei Robert a Winterfell, após a morte súbita, em circunstâncias suspeitas, da Mão do Rei, Jon Arryn. O rei pretende nomear Ned Stark como próxima Mão do Rei, acabando este por se mudar, com as suas duas filhas, para Porto Real, a capital dos Sete Reinos. Após vários acontecimentos que provocaram o aumento das suspeitas, Catelyn deixa Winterfell e procu-ra provas pelo reino, de forma a demonstrar o envolvi-mento dos Lannister em todos os incidentes. Simultanea-mente, Daenerys, rapariga de 13 anos, casa-se com Khal Drogo e junta-se aos dothraki, exército de homens selva-gens, com o objectivo de recuperar o seu direito legítimo ao trono dos Sete Reinos. A história destas personagens continua no livro seguinte, “A Muralha de Gelo”. Apresentando uma realidade ficcional, George R.R. Mar-tin descreve um vida de reis, rainhas, de mistério e de guerra, cativam o leitor e a sua imaginação.

BON IVER

“A Guerra dos Tronos”

Juliana Silva e Rita Fonseca do 12ºH

Juliana Silva e Rita Fonseca do 12ºH

• Página 22 JORNALESAS

LIT

ER

AT

UR

A

MÚSICA

Page 23: JornalESAS Dezembro 2011

Página 23 •

Pat

ríci

a C

ost

a e

Ped

ro G

om

es d

o 1

2ºG

D E Z E M B R O 2 0 1 1 I N Ú M E R O X X X I

HOMEM

mo

da

MULHER

Nesta estação as camisolas de malha e os casacos de couro apresentam-se enaltecidos, quer em moda feminina quer em moda masculi-

na. Cores quentes, como o vermelho e o castanho, conjugam-se com cores metálicas, como o dourado ou o bronze. A mistura de cores

não é regrada. É provado mais uma vez que a moda é um fenómeno cíclico com o surgimento de acessórios e peças anos 60 e o renascer

da renda do iluminado século XVIII. O conselho: nesta época de crise reutilizar peças escondidas no guarda-roupa é sempre uma boa

ideia. Dar uma imagem confortável é simples e muito agradável!

Page 24: JornalESAS Dezembro 2011

FICHA TÉCNICA

Coordenadores: Ana Amaro (Profª) António Catarino (Prof.) Julieta Viegas (Profª)

Equipa redatorial Ana Amaro (Profª) José Chen Juliana Silva Leandro Berenguer Mafalda Freitas Patrícia Costa Pedro Gomes Rita Fonseca

Repórteres Patrícia Costa Pedro Gomes Inês Ferreira José Chen Juliana Silva Leandro Berenguer Mafalda Freitas Rita Fonseca

Equipa Comercial António Catarino (Profª) Julieta Viegas (Profª) Inês Silva Renata França

Tratamento da Informação Ana Amaro (Profª) Julieta Viegas (Profª)

Paginação e Maquetagem Julieta Viegas (Profª ) Juliana Silva Patrícia Costa Pedro Gomes Rita Fonseca

Revisão de textos Ana Amaro (Profª)

Financiamento : Estrela Branca - pão quente , pastelaria Porto Alto - pão quente , pastelaria Nota + Centro de explicações Helena Costa— Instituto de beleza Momentos— estética Escola Secundária/3 Aurélia de Sousa

PEJ

|V

isit

a a

Uca

nh

a| F

ilme

|D

esp

ort

o I

Aco

rdo

ort

ogr

áfic

o I

JR

A |

Clu

be

Eu

rop

eu

l M

elh

or

Alu

na

Editorial

ESCOLA SECUNDÁRIA AURÉLIA DE SOUSA/3 Rua Aurélia de Sousa - 4000-099 Porto

Telf. 225021773—[email protected]

Os textos para a edição XXXI do Jornalesas foram redigidos segundo as novas normas do acordo ortográfico

Estamos no tempo dos acordos. A situação do país

obriga a um acordo estrutural com a União Europeia

que, diga-se, para as gerações mais novas, é um pro-

jeto que tem todo o sentido continuar. E deve conti-

nuar com a tranquilidade e entusiasmo com que se

fazem os grandes trabalhos. Hoje, vivemos com a

impressão que a UE se deixou enredar em teias de

difícil resolução política e meteu-se por atalhos eco-

nómicos dependentes de instituições que de demo-

cráticas têm pouco. Não acreditamos num retorno a

antigas experiências, até porque chamamos a res-

ponsabilidade dos mais novos, para quem a restau-

ração das velhas fronteiras é inexequível. Também o

acordo ortográfico está aí para ser implementado.

Não terá sentido, hoje, dizer-se que se está a seu

favor ou contra. Mas, mais uma vez, as novas gera-

ções abraçam este novo projeto que chama a si a

identidade da língua portuguesa nos quatro cantos

do mundo e a tenta uniformizar. Ou seja, é a juven-

tude que nos mostra impaciência pela perda de iden-

tidade democrática e, através de uma reformulação

da língua, nos faz sentir numa casa comum num

mundo em rápida transformação. Dados que, no

meio de algum desencanto, nos dão muita esperan-

ça, na juventude.