Jornalismo e legitimação social a partir do pensamento de Eduarda Bona Paolucci.pdf

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    Fichamento Eduarda Bona Paolucci

    As concepes acerca do jornalismo, construdas em razo de determinados contextos

    culturais, s adquirem status de discurso social a partir da adeso e do reconhecimento

    pblico, o que significa que, como toda e qualquer instituio, esta tambm depende de

    um discurso que a legitime socialmente(GUTMANN, 2012)

    O texto de Juliana Freire Gutmann nos contrape dois pontos de vista acerca do

    jornalismo e sua legitimao social: o ponto de vista de Habermas e um outro, contrrio

    ao dele. A autora nos apresenta uma definio do jornalismo, que pode ser visto como

    uma arena que, ao integrar atores e espectadores do debate pblico, possuiria a misso

    de informar sobre os fatos atuais do mundo que teriam impacto na vida do cidado,

    contribuindo, assim, para o bom funcionamento da democracia.Gutmann (2012).

    Como sempre, quando falamos em legitimao do jornalismo, permeamos pelo

    conceito de verdade, que ser amplamente abordado no segundo texto dos autores Bill

    Kovach e Tom Rosenstiel. Mas no texto de Gutmann, encontramos que a legitimao do

    jornalismo est amparada na crena de que ele no apenas se apresenta enquanto um

    provedor de informaes verdadeiras e teis para a vida do cidado, mas como uma

    instituio que o representa, ou melhor, que defende os interesses concernentes atual

    vida pblica Gutmann (2012). Por tanto, temos que a imprensa constitui-se

    estritamente, a partir de quando a transmisso da informao se torna acessvel ao

    pblico.

    Para Habermas a esfera pblica seria a zona de mediao entre a sociedade e a

    coisa pblica, onde a imprensa vista como um dos instrumentos centrais para a

    manifestao e formao da opinio pblica, entendida nesse primeiro momento como

    imprensa de opinio. Gutmann (2012). O entendimento de Habermas no que diz

    respeito s prticas miditicas da contemporaneidade sob uma perspectiva negativa do

    carter mercadolgico do jornalismo, reduzindo o pblico ndice de venda.

    J para Wilson Gomes, que vai de encontro ideia Habermasiana de que o

    jornalismo teria perdido a sua funo de politizao, uma alternativa aceitvel

    definir o jornalismo como uma atividade voltada para a produo e oferta de notcias

    sobre a atualidade, cuja medio seria representada justamente por quadros temporais

    de informao, dos quais se depende para orientar escolhas, basear planejamentos,

    formar a prpria opinio etc Gutmann (2012).

    Gomes acredita que o interesse pblico ainda uma ancoragem central do

    discurso social sobre o motivo de ser jornalismo, agora inserido em um contexto

    cultural no qual a globalizao, a privatizao e a formao de conglomerados

    ampliaram sua lgica mercantilista. Gutmann (2012). Ele v o jornalismo como umfenmeno da cultura.

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    Nesse sentido, entende-se que o sentido de interesse pblico no se relaciona

    simplesmente s esferas temticas, mas aos modos de tratamento, que convocam, pelo

    jogo enunciativo, estratgias discursivas, narrativas e formais responsveis por traar

    reconhecimento e legitimidade por parte do pblico. Ou seja, enquanto constructo da

    cultura, cabe ao jornalismo produzir quadros interpretativos de interesse p blico que

    permitam a uma dada coletividade reconhecer uma dada realidade partilhada, seja em

    referncia economia e poltica de governo, seja em referncia msica, moda,

    gastronomia, famlia etc.Gutmann (2012).

    J no texto de Kovach e Rosenstiel, a legitimao do jornalismo no abordada

    no mbito poltico/social diretamente, mas a partir de um dos princpios bsicos que

    est sempre em conflito na rea: a verdade. Os autores discorrem que a verdade nunca

    ser um conceito alcanado e entendido no ramo jornalstico. A verdade jornalstica no

    uma verdade filosfica, ela no deve ser refletida ou debatida. Por sua prpria

    natureza, o jornalismo reativo e prtico, no filosfico ou introspectivo. Kovach eRosenstiel ([S.d.])

    A sociedade espera que o jornalista esteja diretamente envolvido com a busca da

    verdadealm da busca pela livre expresso e os autores concordam que esse deve

    ser um campo de envolvimento dos jornalistas, pois isso que a sociedade espera deles.

    Eles acreditam que o jornalismo pode e deveperseguir a verdade num sentido por

    meio do qual possamos funcionar no dia a dia Kovach e Rosenstiel ([S.d.]).

    Os dois textos, portanto, permeiam pela noo de legitimidade do jornalismo. O

    primeiro mostra que existem tericos, como Habermas, que acham que depois da

    mercantilizao o jornalismo no est mais exercendo o seu papel fundamental. E o

    segundo, problematiza um dos conflitos mais constantes na profisso, que o suposto

    compromisso com a verdade, que no passvel de definio.

    Referncias:

    GUTMANN, Juliana Freire. ROTA ANALTICA:: ESTRATGIAS TELEVISIVAS DE CONFORMAO DODISCURSO JORNALSTICO. In: GUTMANN, Juliana Freire. FORMAS DO TELEJORNAL: UM ESTUDODAS ARTICULAES ENTRE VALORES JORNALSTICOS E LINGUAGEM TELEVISIVA. Salvador: -,

    2012. p. 26-41. Disponvel em: .Acesso em: 16 abr. 2015.

    KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. A Verdade: O Primeiro e mais Confuso Princpio. In: KOVACH, Bill;ROSENSTIEL, Tom. Os Elementos do Jornalismo: O que os jornalistas devem saber e o pblico exigir.2. ed. [s. L.]: Gerao, [s.d] Cap. 2. p. 59-79.