Jornalismo & Mídia Alternativa · de Jornalismo Anderson Fazoli Dois Pontos é um projeto...

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FASCÍCULOS DE JORNALISMO - COMPREENDER A PROFISSÃO Jornalismo & Mídia Alternativa Realidades, contestação, informação, crítica, sociedade, análise, cidadania, autonomia colaboração, comunidade... Você tem acesso a diferentes visões de mundo? Então, entre neste fascículo. Venha conhecer os detalhes da imprensa que apresenta os fatos com um olhar não hegemônico: a opinião de importantes profissionais, a história de grandes veículos e as tendências do mercado de trabalho para futuros jornalistas

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F A S C Í C U L O S D E J O R N A L I S M O - C O M P R E E N D E R A P R O F I S S Ã O

Jornalismo & Mídia AlternativaRealidades, contestação, informação, crítica, sociedade, análise, cidadania, autonomia

colaboração, comunidade... Você tem acesso a diferentes visões de mundo? Então, entre neste fascículo. Venha conhecer os detalhes da imprensa que apresenta os fatos com um olhar não

hegemônico: a opinião de importantes pro� ssionais, a história de grandes veículos e as tendências do mercado de trabalho para futuros jornalistas

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Expediente

“O que a gente está propondo tira o chão de muita gente”Eles acreditam em uma forma diferente de fazer jornalismo. Defendem o ativismo, a independência e um processo de rede aberta para a construção de narrativas

Apresentação | Caro leitor

Seção | Depoimento

Por Wesley Mesquita

Pingue-Pongue | Rafael Vilela

Em busca da pluralidade e diversidade

Wesley Mesquita

Rafael Vilela em uma das casas do Fora do Eixo, na zona sul de São Paulo

No jornalismo, muitas vezes não se pode pedir licença para fazer tudo. A Mídia NINJA (Narrativas Independen-tes, Jornalismo e Ação) entendeu esse recado e chegou assim, entrando e ecoando seu brado retumbante, sem bater. A origem está relacionada diretamente ao coletivo Fora do Eixo, que desde 2005 cria conteúdos culturais. O fotógrafo Rafael da Silva Vilela, de 24 anos, largou a faculdade de Designer na Universidade Federal de Santa Catarina e veio para São Paulo vivenciar essa nova forma de fazer comunicação.

Ofascículo Mídia Alternativa apresenta aos estudantes de jornalismo a imprensa que rema contra a maré das grandes corporações midiáticas do Brasil. Geralmen-te os veículos alternativos dispõem de poucos recur-sos � nanceiros e se pautam por divulgar informações

com enfoques diferentes daqueles que costumamos ver e ler cotidia-namente na grande imprensa. A mídia alternativa se pauta e cobre informações muitas vezes ignoradas ou negligenciadas pela grande mídia, seja por motivos editoriais ou comerciais. Portanto, é um seg-mento que contribui para promover a democracia, a pluralidade e a diversidade informativa.

O intuito deste fascículo é mostrar que o jornalismo alternativo não é sinônimo de radicalismo, mas sim um meio de representar e dar voz àqueles que não possuem os mesmos recursos de um grande veículo de comunicação.

Conscientizar e agregar

“Sou Henrique Magalhães, professor no curso de Comunicação em Mídias Digitais e no Mestrado de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba. Sou apaixonado pela mídia alternativa, desde cedo comecei a fazer minhas próprias publicações, de forma amadora e intuitiva. Com o tempo, fui aprendendo com a prática, mas também com pes-quisa sobre o tema. Interesso-me pela imprensa alternativa da década de 1970, bem como todos os processos de comunicação alternativa, em particular a produção de fanzines. Não leio nenhum veículo especí� co, pois são poucas as obras sobre comunicação alternativa, mas há muitos estudos nos programas de Pós-Graduação que abordam esse fenômeno. Além da bibliogra� a especializada, participo de bancas de Graduação e de Pós-Graduação e eventualmente edito alguns livros sobre o tema, pela editora Marca de Fantasia, que di-rijo.

Sobre o jornalismo dessa área, posso dizer que depois da importante representação que teve a imprensa alternativa, como crítica e mobilizadora contra a Ditadura Militar, a co-municação alternativa expandiu-se para os grupos comunitários, como fator de conscien-tização e agregação. Cada veículo da comunicação alternativa ou comunitária responde às necessidades de seu grupo, tanto produtor quanto receptor, que em geral se confunde. Numa das áreas de meu interesse, as histórias em quadrinhos, a tendência é certo grau de pro� ssionalização, sem necessariamente concorrer nos mesmos parâmetros do mercado. A sugestão que eu daria para que a cobertura jornalística fosse melhor na área é que os veículos devem usar os recursos técnicos e a redução dos custos em favor da comunicação alternativa.”

Depoimento apurado pela repórter Amanda Garcia

“A essência do que pode ser o jornalismo é resgatada pela Mídia NINJA,

na verdade”

Dois Pontos: Qual foi seu primeiro contato com a Mídia NINJA? Rafael Vilela: Estou desde o princípio. Eu mudei para São Paulo e larguei a faculdade no � nal de 2011. Vim pra cá morar e ter a vivência. Entendi que aqui eu teria um pro-cesso muito mais rico do que teria na facul-dade ou no trabalho. Desde então eu estava na equipe de comunicação, trabalhando com foto, com arte urbana. E esse foi um dos lu-cros que deu uma substância muito grande para origem da Mídia NINJA. A partir da experiência que a gente teve aqui dentro, e todas as mídias que a gente já tinha no Fora do Eixo. O que a gente tinha era um acú-mulo muito grande de tecnologia e de co-municação para cultura, festivais – a gente fazia transmissões de festivais há cinco anos -, shows pelo Brasil inteiro, fotos em tempo real, etc. A gente pegou todo esse acumulo e virou essa mira para o campo do jornalismo.

Dois Pontos: Parte da imprensa questiona se a Mídia NINJA é jornalismo ou não, mas o próprio nome diz que é. Então, qual é o tipo de jornalismo e qual a qualidade dessa nova forma de cobertura?Rafael Vilela: É um modelo novo que se preocupa muito com a forma como ele vai se bancar. A gente já trouxe uma inovação es-tética muito grande, que é o “ao vivo”, mas a gente se apropria do fotojornalismo, que é uma linguagem de certa maneira, clássica. E a gente usa das redes sociais com muita inten-sidade. E, como ninguém é pago para fazer isso, é um processo de entrega e de ativismo. Isso muda tudo, basicamente. A essência do que pode ser o jornalismo é resgatada pela Mídia NINJA, na verdade.

Dois Pontos: Como a grande imprensa (rádio, TV e impresso) enxerga isso? Como ela tem recebido vocês?Rafael Vilela: Com admiração e descon-� ança. Admiração por ver um novo modelo surgindo, e ver que é muito efetivo no diá-

logo com a opinião pública. E descon� ança porque o que a gente está propondo tira o chão de muita gente. Num cenário já instá-vel e inseguro do jornalismo, por uma ques-tão mercadológica acima de tudo, quando a gente vem com uma proposta que funciona, a gente dá uma desestabilizada. E é por isso que a gente recebeu tanto ataque da grande imprensa.

Dois Pontos: Qual o sentido do termo “rede aberta” que vocês usam? Rafael Vilela: A gente está falando que todo mundo pode ser aquilo. Não é um grupo de elite. Não é uma startup da nova mídia inde-pendente. É um processo em rede aberta que todo mundo pode participar.

Dois Pontos: E os planos? Como você ima-gina a Mídia NINJA em 2014?Rafael Vilela: O futuro é agora. Um mon-te de colaborador colando. Gente querendo participar. Temos um monte de temas pelo Brasil para trabalhar. Não tem muito o ama-nhã, ele é feito do hoje. O trabalho é grande o su� ciente pra gente focar nele e construir um amanhã melhor. Ano que vem vai ser f***. Nesse contexto caótico, a gente espera uma sociedade mais justa e mais democrática.

ChancelerAlzira Altenfelder

Silva Mesquita

ReitorJosé Reinaldo Altenfelder

Silva Mesquita

Pró-reitor de GraduaçãoLuis Antônio Ba� le Leoni

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Alberto Mesquita Filho

Pró-reitoria de ExtensãoLílian Brando G. Mesquita

Diretor da Faculdade de LACCERosário Antonio D’Agostino

Coordenação do Curso de Jornalismo

Anderson Fazoli

Dois Pontos é um projeto experimental dos alunos de jornalismo

(3ACSNJO e 3MCSNJO), desenvolvido na disciplina

Jornalismo Impresso, em 2013.

Orientação e Coordenação editorialProfa. Jaqueline Lemos

(MTB 657/GO)

RevisãoProf. Daniel Paulo de Souza

DiagramaçãoAlexandre Ofélio (MTB 62748/SP)

Redação

Editora assistente Amanda Garcia

(RA: 201107435)

RepórteresFernanda Nunes (RA: 201113021)

Luana Escardovelli(RA: 201103517)

Renata Otaviano (RA: 201103486)

Renata Sales (RA: 201105362)

Wesley Mesquita (RA: 201113774)

CapaProdução e foto:

equipe de redação

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Censurado por naturezaEle nasceu para incomodar os poderosos de plantão. O jornal Movimento é uma das principais publicações da imprensa alternativa durante da Ditadura Militar no Brasil

Por Luana Escardovelli

Reportagem | História

DICAS DE LEITURA

Para compreender mais sobre a história do jornal Movimento, recomendamos a leitura da obra Jornal Movimento, Uma Reportagem, publicada pela Editora Manifesto, em 2011. O livro tem como autores Carlos Alberto de Azevedo, Marina Amaral e Natalia Viana. Um DVD com todas as edições do jornal acompanha a obra.

Capa da 1ª edição do jornal Movimento

O cenário era de repressão, Ditadura Militar no Brasil. Crimes contra os diretos humanos, � m da oposição e tentativas de resistência

armada marcavam os anos do regime militar no Brasil. Apesar disso, o governo ditatorial da época, comandado por Ernesto Geisel, pretendia a reinserção do sistema democrá-tico no país.

Foi nesse ambiente que o jornal Movi-mento apareceu. Composto por pessoas com formação política e por jornalistas, alguns deles do extinto jornal Opinião, o veículo abrigava pessoas que discordavam do regime militar e da atuação de Geisel. “Aquele era um grupo mobilizado politicamente, dividi-do em diversos segmentos da esquerdaW. O centralismo democrático era o que domina-va as decisões”, conta Marina Amaral, jorna-lista responsável pelas entrevistas publicadas no livro Jornal Movimento, Uma Reportagem (ver box).

Visando atingir as classes populares, o clássico jornal da mídia alternativa tinha a intensão de acompanhar de perto as lutas urbanas por melhores condições de vida. “O jornal foi um dos únicos a cobrir as greves do ABC lideradas por Lula em 1978”, comenta a

Na oca da Ocas”Revista com equipe totalmente voluntária destina 75% do preço de capa da publicação para vendedores em vulnerabilidade social

Por Fernanda Nunes

Reportagem | Rotina

Acervo de exemplares da Ocas” na sede da revista

Fernanda Nunes

Publicado em novembro de 2013, Ecos da Ocas”: a história da revista que pro-move transformação social é um livro que conta os dez primeiros anos da his-tória da revista e reúne algumas das en-trevistas e reportagens publicadas em 84 edições, além de uma seleção de textos produzidos por vendedores do projeto. O livro foi elaborado em parceria com a Bizu Editora e pode ser adquirido no site www.ocas.org.br ou na Fnac.

Uma história que virou livro

Próxima à estação Brás do me-trô, � ca na rua Campos Sales a sede de distribuição da revista Ocas”, um projeto idealizado por � iago Massagardi e Al-

deron Costa. Em 2003, durante uma visita à Londres, os amigos se inspiraram na publi-cação � e Big Issue e trouxeram das terras inglesas para o Brasil uma forma social de fazer renda para pessoas com vulnerabilida-de social. “Funciona assim: a gente comercia-liza o exemplar para os vendedores por R$ 1,00 e eles repassam para o público � nal pelo preço de capa, que é R$ 4,00”, esclarece Ma-rina Massagradi, voluntária responsável pela administração da ONG. Então, a cada exem-plar, o vendedor � ca com R$ 3,00 de remu-neração para si mesmo.

Às terças e quintas-feiras, o local é aber-to para os vendedores, bem cedinho. Lá, eles compram edições novas e antigas das revis-tas e já partem para mais um dia de vendas. A administração do “entra-e-sai” de exem-plares � ca por conta de Alexandre Patto, vo-luntário da instituição. “Faço cadastro dos vendedores, negocio lotes das edições e or-ganizo o caixa da Ocas”. Para mim, é o maior orgulho!”, diz. Quando não está na ONG, Patto trabalha como artesão em um estúdio de arte, ensinando crianças carentes a arte da reciclagem. “O que eu faço aqui e meu traba-lho como artista tem o mesmo foco: ajudar pessoas”, a� rma.

Cada edição da revista é pensada remo-tamente. O contato entre jornalistas, diagra-

madores e fotógrafos é feito todo por e-mail. Rosi Rico, editora da Ocas”, � ca responsável pela organização de cada pauta. “Pensamos em um assunto, vemos se é viável e, de pron-to, colocamos em prática. Buscamos por te-mas sociais que estejam relacionados com desa� os urbanos, como drogas, violência e vulnerabilidade social”, a� rma Rosi.

A revista está vinculada à Rede Interna-cional de Publicações de Rua (INSP), insti-tuição presente em mais de 40 países e que envolve mais de 110 publicações. Alguns dos textos da Ocas” são traduzidos das edições da � e Big Issue. “A revista é 100% independen-te. Toda nossa equipe editorial é feita de for-ma voluntária”, diz. Para dar uma mãozinha na produção das belas fotos de capa, Antonio Brasiliano se dispõe - desde a fundação da revista - a produzir as fotos.

Bimestral, com uma tiragem de 5 mil exemplares, todas as capas da revista Ocas” trazem um tema relevante para a vida nas

cidades. A edição de setembro/outubro de 2013 trouxe em destaque Milton Hatoum, escritor amazonense e nome de destaque internacional da literatura brasileira. “Es-colhemos o autor pelo seu texto incisivo e forte. Ele trata, em seus livros e crônicas, de temas sociais, que são vividos diariamente pelos nossos vendedores”, a� rma Rosi. Ar-tistas, como Selton Mello, João Miguel, Céu e Wagner Moura também já estamparam a capa da revista. “Tentamos aliar o nome dessas pessoas com o trabalho social que eles realizam. Ganhamos mais visibilidade e conhecimento entre os novos leitores”, diz.

O vendedor Josiel é quase um garoto-pro-paganda da revista. Toda terça-feira ele che-ga bem cedinho à sede da revista para buscar novos exemplares. O vendedor explica a ro-tina: “Pego algumas edições e já vou direto para meu ponto. Sempre tento dar uma va-riada. Às vezes estou em frente à Universida-de São Judas Tadeu ou nas estações de metrô. A garotada adora, viu?”, diz. Segundo ele, o dinheiro da revista o ajudou a sair da vulne-rabilidade social. “O pessoal da Ocas” não me dá o peixe; me ensina a pescar. E é isso o que eu estou fazendo, voltando a viver e criando minha independência», a� rma.

jornalista. Aliás, o veículo sobrevivia de con-tribuições comunitárias. Dois meses antes do início de sua circulação, o grupo realizou uma campanha para arrecadações de fundos.

Uma semana antes do lançamento, a edi-tora responsável pela publicação divulgou um folheto propagando a estreia do Movimento. Este chegou até o governo, que mandou no mesmo dia a Polícia Federal na redação e na grá� ca. A ordem, baseada no AI-5 (Ato Institucional nº 5), era de con� scar o folhe-to e prender quem desobedecesse às normas. Para eles, a propaganda continha iniciativa à violência e prática ao vandalismo aos patri-mônios nacionais. O que não agradou nem um pouco ao editor-chefe, Raimundo Perei-ra e o diretor responsável, Antonio Carlos (Tonico) Ferreira.

Seu surgimento não teve notoriedade na grande imprensa. Contudo, enquanto o go-verno retirava os censores do jornal O Estado de S. Paulo e de outros grandes veículos, com uma tentativa de recuperar aliados; censu-rava a primeira edição do Movimento antes mesmo de ser publicada, demostrando uma preocupação governamental com o editorial.

Na semana do lançamento, a equipe se alternava entre a redação, que � cava no bairro de Pinheiro-São Paulo, e a sede da Polícia Federal.

Em uma segunda-feira, 7 de julho de 1975, depois de sido vetado 18 matérias, 8 fotogra-� as, 10 ilustrações e 12 charges, o Movimen-to chegou às bancas. Com uma capa negra e nada atraente, o jornal trazia a chamada da matéria principal: “SUBÚRBIO CARIOCA por Aguinaldo Silva”, texto que abordava os atrasos dos trens da Central do Brasil e con-duzia a temática da classe urbana. Vinte mil leitores adquiriram aquela primeira edição.

Mariana Amaral disse que o Movimento sofria semanalmente com a repreensão. “O jornal tinha que ser enviado para a censura prévia todas as semanas, era devolvido qua-se na hora de rodar, muitas vezes mutilado, obrigando a readiagramar páginas inteiras no momento em que deveria estar na grá� -ca”, comenta a jornalista.

Após seis anos de circulação, o jornal que mostrou ao público um novo jeito de ana-lisar a realidade e trazendo novidades que estimulava uma re� exão, principalmente na área política, passou a sofrer novas ameaças. Setores da extrema direita ateavam fogo em bancas acusando os jornaleiros de propagan-da ao comunismo. O fato acabou obrigando-os a deixar de vender o jornal alternativo,

A revista é inspirada na publicação

inglesa � e Big Issue e faz parte de

uma rede internacional