JORNALISMO O QUE A DOR OCULTA WHAT THE PAIN...

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Simp.TCC/ Sem.IC.2017(12);2105-2120 2105 JORNALISMO O QUE A DOR OCULTA WHAT THE PAIN HIDE CAROLINE RODRIGUES CARDOSO ANA MARIA SEIDL FLEURY PINHEIRO Resumo: Este texto relata o processo de produção do documentário de curta-metragem O Que a Dor Oculta, cujo objetivo geral é conscientizar as pessoas sobre a existência da endometriose, as consequências da doença na vida das mulheres por ela acometidas e os principais tratamentos existentes. A endometriose é uma doença em que tecidos com características de células do endométrio crescem fora da cavidade uterina, em superfícies pélvicas, intestinais ou abdominais. Tem caráter crônico e progressivo e, segundo a Associação Brasileira de Endometriose, acomete cerca de seis milhões de brasileiras e de 180 milhões de mulheres em todo o mundo. Ainda é uma doença bastante desconhecida do público em geral. Por isso, o enfoque do filme é mais didático a fim de mostrar a palavra do especialista Dr. Alysson Zanatta e da acupunturista Dra. Erika Nery, bem como o atendimento a Larissa Navarro e a cirurgia de Juliana Palma, portadoras da doença. O relatório está dividido em cinco seções: Introdução, Revisão Bibliográfica, Estratégias de Abordagem, Personagens e Considerações Finais. Na Revisão Bibliográfica, são apresentados aspectos teóricos e históricos do cinema e do documentário. Nas Estratégias de Abordagem, encontram-se especificações técnicas dos equipamentos utilizados, das tomadas e da produção do filme. Na seção Personagens, são descritas as características dos atores sociais. As Considerações Finais sintetizam o relato. Palavras-Chave: Documentário, Endometriose, Útero, Dor, Infertilidade. Abstract: This text reports on the production process of the short documentary film What The Pain Hide, whose general objective is to make people aware of the existence of endometriosis, the consequences of the disease in the lives of women affected by it and the main treatments available. Endometriosis is a disease in which tissues with features of endometrial cells grow outside the uterine cavity on pelvic, intestinal and abdominal surfaces. It has a chronic and progressive character and according to the Brazilian Endometriosis Association affects approximately six million Brazilian women and 180 million women worldwide. It is still a disease quite unknown to the general public. Therefore, the focus of the film is more didactic in order to show the word of the expert Dr. Alysson Zanatta and the acupuncturist Dra. Erika Nery, as well as the attendance to Larissa Navarro and the surgery of Juliana Palma, carriers of the disease. This report is divided into five sections: Introduction, Bibliographic Review, Approach Strategies, Characters, and Final Considerations. In the Bibliographic Review, theoretical and historical aspects of cinema and documentary are presented. In the Approach Strategies, there are technical specifications of the equipment used, the outlets and the production of the film. In the Characters section, the characteristics of social actors are described. The Final Considerations sum up this report. Keywords: Documentary, Endometriosis, Uterus, Pain, Infertility. INTRODUÇÃO A endometriose consiste no crescimento de tecido com característica endometrial fora da cavidade uterina. É uma doença de caráter crônico e progressivo, que causa muita dor pélvica em diversas formas, sendo a cólica menstrual a mais típica; vem destruindo a qualidade de vida de diversas mulheres, levando à perda de órgãos e à infertilidade e, em muitos casos, à morte em decorrência da doença. Estima-se que atualmente 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva tenham endometriose. O diagnóstico tardio e o sofrimento de algumas mulheres serão os fios condutores para o documentário O Que a Dor Oculta, ilustrado com uma laparoscopia e um atendimento de acupuntura a duas pacientes portadoras de endometriose. A gênese do documentário foi a história de Caroline Cardoso. Ela sofreu, ao longo de toda a sua vida reprodutiva, com muitas dores e diagnósticos imprecisos. Em 2016, aos 41 anos de idade, foi diagnosticada como portadora de endometriose profunda em fase avançada, com endometrioma no ovário direito e aderências em vários órgãos na região pélvica. Ela teve de se submeter a uma histerectomia 1 e a uma 1 Retirada parcial ou total do útero. ooforectomia 2 parcial. Não teve filhos e não poderá mais tê-los. Como as causas da doença ainda não foram estabelecidas e é pouco conhecida entre os leigos – até entre os médicos! –, surgiu a ideia de chamar a atenção da sociedade e dos profissionais da saúde para o problema por meio de um documentário. Caroline Cardoso e seu esposo, Alan Pinho, começaram a pré-produção do filme A Dor Oculta em março de 2017 em Brasília. Inicialmente, não se pensava em um longa-metragem, mas, como foram aparecendo muitas mulheres dispostas a colaborar, no Brasil e em outros países da América Latina (até o momento, já são mais de 30 pessoas dispostas a colaborar e mais de 100 horas de filmagens só em Brasília), o projeto cresceu e surgiu a necessidade de se fazer um documentário de longa-metragem. O produto audiovisual aqui apresentado, renomeado O Que a Dor Oculta, é um curta- metragem, resultado de um corte de 15 minutos especificamente para as disciplinas Produção de Documentário e Trabalho de Conclusão de Curso. Portanto, foi usado material de um produto maior, inédito, que continua em produção. 2 Retirada de um ou dos dois ovários.

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Simp.TCC/ Sem.IC.2017(12);2105-2120 2105

JORNALISMO

O QUE A DOR OCULTA

WHAT THE PAIN HIDE

CAROLINE RODRIGUES CARDOSO ANA MARIA SEIDL FLEURY PINHEIRO

Resumo : Este texto relata o processo de produção do documentário de curta-metragem O Que a Dor Oculta , cujo objetivo geral é conscientizar as pessoas sobre a existência da endometriose, as consequências da doença na vida das mulheres por ela acometidas e os principais tratamentos existentes. A endometriose é uma doença em que tecidos com características de células do endométrio crescem fora da cavidade uterina, em superfícies pélvicas, intestinais ou abdominais. Tem caráter crônico e progressivo e, segundo a Associação Brasileira de Endometriose, acomete cerca de seis milhões de brasileiras e de 180 milhões de mulheres em todo o mundo. Ainda é uma doença bastante desconhecida do público em geral. Por isso, o enfoque do filme é mais didático a fim de mostrar a palavra do especialista Dr. Alysson Zanatta e da acupunturista Dra. Erika Nery, bem como o atendimento a Larissa Navarro e a cirurgia de Juliana Palma, portadoras da doença. O relatório está dividido em cinco seções: Introdução, Revisão Bibliográfica, Estratégias de Abordagem, Personagens e Considerações Finais. Na Revisão Bibliográfica, são apresentados aspectos teóricos e históricos do cinema e do documentário. Nas Estratégias de Abordagem, encontram-se especificações técnicas dos equipamentos utilizados, das tomadas e da produção do filme. Na seção Personagens, são descritas as características dos atores sociais. As Considerações Finais sintetizam o relato. Palavras-Chave : Documentário, Endometriose, Útero, Dor, Infertilidade. Abstract: This text reports on the production process of the short documentary film What The Pain Hide , whose general objective is to make people aware of the existence of endometriosis, the consequences of the disease in the lives of women affected by it and the main treatments available. Endometriosis is a disease in which tissues with features of endometrial cells grow outside the uterine cavity on pelvic, intestinal and abdominal surfaces. It has a chronic and progressive character and according to the Brazilian Endometriosis Association affects approximately six million Brazilian women and 180 million women worldwide. It is still a disease quite unknown to the general public. Therefore, the focus of the film is more didactic in order to show the word of the expert Dr. Alysson Zanatta and the acupuncturist Dra. Erika Nery, as well as the attendance to Larissa Navarro and the surgery of Juliana Palma, carriers of the disease. This report is divided into five sections: Introduction, Bibliographic Review, Approach Strategies, Characters, and Final Considerations. In the Bibliographic Review, theoretical and historical aspects of cinema and documentary are presented. In the Approach Strategies, there are technical specifications of the equipment used, the outlets and the production of the film. In the Characters section, the characteristics of social actors are described. The Final Considerations sum up this report. Keywords : Documentary, Endometriosis, Uterus, Pain, Infertility. INTRODUÇÃO

A endometriose consiste no crescimento de tecido com característica endometrial fora da cavidade uterina. É uma doença de caráter crônico e progressivo, que causa muita dor pélvica em diversas formas, sendo a cólica menstrual a mais típica; vem destruindo a qualidade de vida de diversas mulheres, levando à perda de órgãos e à infertilidade e, em muitos casos, à morte em decorrência da doença. Estima-se que atualmente 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva tenham endometriose.

O diagnóstico tardio e o sofrimento de algumas mulheres serão os fios condutores para o documentário O Que a Dor Oculta , ilustrado com uma laparoscopia e um atendimento de acupuntura a duas pacientes portadoras de endometriose.

A gênese do documentário foi a história de Caroline Cardoso. Ela sofreu, ao longo de toda a sua vida reprodutiva, com muitas dores e diagnósticos imprecisos. Em 2016, aos 41 anos de idade, foi diagnosticada como portadora de endometriose profunda em fase avançada, com endometrioma no ovário direito e aderências em vários órgãos na região pélvica. Ela teve de se submeter a uma histerectomia1 e a uma

1 Retirada parcial ou total do útero.

ooforectomia2 parcial. Não teve filhos e não poderá mais tê-los.

Como as causas da doença ainda não foram estabelecidas e é pouco conhecida entre os leigos – até entre os médicos! –, surgiu a ideia de chamar a atenção da sociedade e dos profissionais da saúde para o problema por meio de um documentário.

Caroline Cardoso e seu esposo, Alan Pinho, começaram a pré-produção do filme A Dor Oculta em março de 2017 em Brasília. Inicialmente, não se pensava em um longa-metragem, mas, como foram aparecendo muitas mulheres dispostas a colaborar, no Brasil e em outros países da América Latina (até o momento, já são mais de 30 pessoas dispostas a colaborar e mais de 100 horas de filmagens só em Brasília), o projeto cresceu e surgiu a necessidade de se fazer um documentário de longa-metragem.

O produto audiovisual aqui apresentado, renomeado O Que a Dor Oculta , é um curta-metragem, resultado de um corte de 15 minutos especificamente para as disciplinas Produção de Documentário e Trabalho de Conclusão de Curso . Portanto, foi usado material de um produto maior, inédito, que continua em produção.

2 Retirada de um ou dos dois ovários.

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Apesar de ser bastante estudada nos últimos anos, a endometriose ainda é umas das doenças femininas de diagnóstico mais complexo e mais demorado. Assim, o curta-metragem O Que a Dor Oculta difere da ideia original (do longa), pois o enfoque, nesse caso, será didático a fim de mostrar como profissionais da área de saúde têm lidado com a questão, tanto os da medicina ocidental como os da medicina tradicional chinesa.

O objetivo geral do filme é conscientizar as pessoas sobre a existência da endometriose, as consequências da doença na vida das mulheres por ela acometidas e os principais tratamentos existentes.

Os objetivos específicos são: 1. Levar ao conhecimento de leigos as características, os principais sintomas e os principais tratamentos da doença. 2. Provocar uma reflexão nas pessoas em geral e nos profissionais da saúde, em particular, a respeito da necessidade de se dar a devida atenção às queixas de dor das mulheres que frequentam regularmente o ginecologista. 3. Motivar os profissionais da saúde a estudar e pesquisar mais sobre a doença. 4. Promover uma reflexão social sobre a influência do machismo na condição de vida das mulheres em pleno século XXI.

Este relatório está dividido em quatro seções além desta introdução. Na seção a seguir, são apresentados, sucintamente, os aspectos teóricos e históricos acerca de cinema e de documentário em uma revisão bibliográfica. Na seção seguinte, são abordados os aspectos técnicos do processo de produção do documentário. Em seguida, apresentados os personagens e, por fim, tecidas as considerações finais. Revisão Bibliográfica

Em linhas gerais, o cinema pode ser entendido como uma expressão artística da subjetividade, que se utiliza de um conjunto de princípios, processos e técnicas para captar e projetar numa tela imagens obtidas com uma câmera (ou celular) e editadas de modo a formarem uma narrativa, com ou sem fins comerciais (NEIVA, 2013).

O cinema surgiu de uma conjugação de inovações tecnológicas: de experimentos com várias câmeras fotográficas em 1876, do inglês Eadweard Muybridge; passando pelo cinetoscópio do norte-americano Thomas Edison, em 1891; até o cinematógrafo dos franceses Auguste e Louis Lumière, que oficialmente foram os primeiros a exibir imagens em movimento em 18953 em Paris.

3 Sortie de L’usine Lumière à Lyon (Saindo da Fábrica

Lumière em Lyon, em tradução livre), produzido e dirigido por Louis Lumière, é considerado o primeiro audiovisual exibido na história.

Ressalta-se que, com o cinetoscópio de Edison, o espectador “via filmes olhando individualmente para o interior de um dispositivo que projetava imagens visuais” (NEIVA, 2013, p. 102). Com o cinematógrafo dos irmãos Lumière, “o cinema tornou-se uma arte para ser vista simultânea e coletivamente por vários espectadores sentados numa mesma sala de projeção” (NEIVA, 2013, p. 102).

Os filmes exibidos pelos irmãos Lumière naquele 1895 estavam circunscritos à documentação de situações cotidianas como Saída da Fábrica Lumière em Lyon, o Almoço do Bebê e O desembarque para o Congresso de Fotografia de Lyon. Entretanto, Louis Lumière, fotógrafo experiente, buscava “escolher o melhor enquadramento possível para capturar um instante de realidade e filmá-lo sem nenhuma preocupação nem de controlar nem de centrar a ação” (NURCH apud LUCENA, 2012).

Assim, pode-se afirmar que o surgimento do cinema está intrinsecamente ligado à documentação, com uma câmera, de situações reais. A isso, talvez, se deve a definição mais ortodoxa de documentário como representação objetiva da realidade.

Mas o documentário, como conhecemos hoje, surgiu no início do século XX, com Nanook, o esquimó, do cineasta norte-americano Robert Flaherty, exibido em 1920. O filme mostra como viviam os esquimós do norte do Canadá. O primeiro registro da palavra documentário (documentary em inglês e documentaire em francês) para se referir a um filme foi em 1926, no jornal New York Sun, em uma crítica do cineasta escocês John Grierson.

Segundo Lucena (2012), “em um primeiro momento, o filme documental é visto como um ato cinematográfico que registra o que acontece no mundo real”. Mais tarde, os filmes de Robert Flaherty levaram a uma redefinição do documentário como “a produção audiovisual que registra fatos, personagens, situações que tenham como suporte o mundo real (ou mundo histórico) e como protagonistas os próprios ‘sujeitos’ da ação”.

Ramos (2013, p. 21) afirma que “o conceito de documentário confunde-se com a forma estilística da narrativa documentária em seu modo clássico”. No entanto, o autor rejeita a definição clássica – “se retirarmos do campo do documentário conceitos-mala como verdade, objetividade e realidade, a definição fica simples” (p. 26-27) – e defende uma definição baseada no estilo e na intenção do autor.

Ele ressalta, como características do documentário, locução fora-de-campo, entrevistas e depoimentos, utilização de imagens de arquivo, rara utilização de atores profissionais, intensidade particular da dimensão da tomada. E destaca, como procedimentos estilísticos, embora não exclusivos desse gênero, câmera na mão,

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imagens tremidas, improvisações, roteiros abertos, ênfase na indeterminação da tomada.

Assim, para Ramos (2013), o documentário “se caracteriza como narrativa que possui vozes diversas que falam do mundo, ou de si” (p. 24) e “se propõe a enunciar asserções sobre o mundo histórico” (p. 31).

Para Da-Rin (2004), é muito difícil estabelecer uma definição teórica de documentário, pois defini-lo a partir dos conceitos de realidade e verdade ou da inexistência de atores e/ou de locações autênticas é ser, no mínimo, simplista. Ele prefere cultivar a ideia de um gênero com fronteiras fluidas e incertas.

Lucena (2012) traz uma definição mais longa e abrangente. Ele considera o documentário como a “edição (ou não) de um conteúdo audiovisual captado por dispositivos variados e distintos (câmera, filmadora, celular), que reflete a perspectiva pessoal do realizador – ou seja, nem tudo é verdade no documentário –, envolvendo informações colhidas no mundo histórico, ambientações quase sempre realistas e personagens na maioria das vezes autodeterminantes (que falam de si ou desse mundo), roteiro final definido e não necessariamente com fins comerciais, com o objetivo de atrair nossa atenção”.

As concepções de documentário variam, então, em função do tempo e do sujeito que as constrói. Assim como o modo de enunciar desse gênero varia e se constitui em função de aspectos históricos.

O documentário clássico, predominante até o final dos anos 50, apresenta como principal característica a enunciação em voz over. Com o surgimento do cinema direto (ou verdade) na década de 60, a enunciação passa a ser por asserções dialógicas: a entrevista ou o depoimento.

Só nos anos 90 reconheceu-se a existência de narrativas diversas como documentários. O contemporâneo clássico, chamado de documentário cabo por Ramos (2013), explora a locução fora-de-campo mesclada a enunciados assertivos (entrevistas, depoimentos, diálogos) e filmes de arquivo; o contemporâneo mais criativo, denominação de Ramos (2013), trabalha com a enunciação em primeira pessoa.

As transformações sociais e tecnológicas ocorridas ao longo do século XX e início do século XXI afetaram todas as manifestações artísticas. O cinema não poderia ser diferente. A liberdade criativa de hoje aliada às tecnologias digitais estimulam experiências extremas no campo das artes.

Neste século, cada vez mais pessoas lançam mão da cinematografia. Todos munidos de smartphones, equipamento com funções e possibilidades de produzir imagens com maior qualidade do que quando o cinema surgiu. Proliferam os registros fotográficos e fílmicos das

“realidades” individuais e coletivas. Tudo é passível de ser documentado – o rosto ao acordar, o nascer do sol, o prato do dia, o primeiro floco de neve, a lua cheia, a malhação do dia, a roupa do dia, o evento do dia, o encontro da noite, o primeiro sorriso do bebê, a frase de protesto, o protesto, o livro que está lendo, o show, o espetáculo, o bicho de estimação.

E ferve o caldeirão de produções audiovisuais. Realmente hoje em dia qualquer pessoa pode fazer um filme – dos mais aos menos bem produzidos do ponto de vista técnico. Porém, a simples organização de imagens em determinada sequência, por si só, não caracteriza um documentário.

Então, o que faz um filme ser considerado documentário? Para Nichols (2005, p. 27), “todo filme pode ser considerado um documentário, pois coloca-se em evidência a cultura que o produz, partindo da realidade da mesma”. Nada da tão propalada imparcialidade e da tão sonhada representação da realidade. Ao contrário, a narrativa documental tem caráter essencialmente “subjetivo, parcial, precário e contingente” (LINS, 2004).

É necessário, então, pensar no documentário como um corpo a corpo entre o sujeito e o mundo por meio de uma câmera (ou smartphone), ou seja, a partir do momento em que se documenta algo ou alguém de determinada forma, em determinado lugar e em determinado momento, o sujeito enunciador está, necessariamente, lidando com reconstituição e interpretação, não com a realidade ou a verdade, mas com o ponto de vista de quem enuncia.

Segundo Ramos (2013, p. 27), “a intenção documentária do autor/cineasta, ou da produção do filme, é indexada através de mecanismos sociais diversos, direcionados a recepção”. Assim, a indexação de um filme como A ou B parte de um sujeito que decide enunciar algo ou alguém de um modo X e não Y e acaba por direcionar a recepção, o espectador, que o receberá com o rótulo que lhe foi imposto inicialmente. Logo, basta dizer que está fazendo um documentário que o filme será indexado assim no mundo.

Eduardo Coutinho (1933-2014), jornalista e um dos maiores documentaristas brasileiros, considerava o cinema um trabalho árduo de reflexão e interação com o mundo. Nada do glamour, da genialidade, da inspiração que muitos acreditam ser o trabalho do cineasta.

Nesse trabalho, é preciso lidar com a constante transformação, com o improviso, com riscos, pois assim o é o universo humano e social que se quer captar. Questões como ser objetivo, representar a realidade ou mostrar a verdade devem ser ponderadas. Afinal, o que é realidade, objetividade e verdade?

Segundo Da-Rin (2004, p. 19), “não existe método ou técnica que possa garantir o acesso privilegiado ao real. Uma vez que não se pode

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conhecer a realidade sem estar mediado por algum sistema significante, qualquer referência cinematográfica ao mundo histórico terá que ser constituída no interior do filme e contando apenas com os meios que lhe são próprios. Sob este aspecto, o documentário é um constructo, uma ficção como outra qualquer”.

Particularmente interessante é a postura de Eduardo Coutinho a esse respeito: “a verdade da filmagem significa revelar em que situação, em que momento ela se dá – e todo o aleatório que pode acontecer nela. É importantíssima, porque revela a contingência da verdade que você tem, revela muito mais a verdade da filmagem do que a filmagem da verdade” (LINS, 2004).

Uma das características mais marcantes do filme documental é a “improvisação” dos personagens, que não dispõem de um roteiro previamente decorado. Embora o documentário tenha surgido utilizando-se de estúdios e encenações (RAMOS, 2013, p. 39), geralmente são travados diálogos imprevisíveis (não totalmente, porque existe um argumento) entre os atores sociais4 (CROZIER E FRIEDBER, 1977).

De certa forma, todos nós encenamos cotidianamente para nós mesmos e para o mundo. Segundo Goffman (2006), toda interação é uma arena de conflitos estabelecida de acordo com uma definição prévia de papéis sociais e expectativas em função desses papéis.

Ao se chegar a uma negociação e a uma compreensão do que está em jogo na interação, o indivíduo passa a gerir, conscientemente ou não, a apresentação do seu eu (self) em relação às impressões anteriormente estabelecidas de forma a atingir objetivos.

Todos nós empregamos estratégias para causar/manter determinada impressão – para nós e para o outro –, ou seja, encenamos. Isso é um conceito mais abrangente de encenação.

Com a expansão das tecnologias digitais, o uso massivo de smartphones, óculos de realidade virtual, games interativos, o domínio desse jogo interacional se faz cada vez mais necessário.

Ramos (2013) defende que “a encenação é um procedimento antigo e corriqueiro em tomadas de filmes documentários” (p. 40) e afirma que “o conceito de encenação perde consistência se ampliado de modo uniforme para toda a história do documentário do século XX” (p. 47). O professor distingue três tipos de encenação: a construída, a locação e a atitude (p. 40-48).

A encenação-construída, como o próprio nome aponta, é preparada, filmada em estúdio, geralmente com atores não profissionais e engloba um conjunto de atitudes desenvolvidas explicitamente para a câmera.

4 Indivíduo autônomo, capaz de cálculo e de

manipulação, que não apenas se adapta, mas inventa em função das circunstâncias e dos movimentos dos seus parceiros.

A encenação-locação é feita no local onde o personagem vive e caracteriza-se pelo desenrolar de ações preparadas especificamente para a câmera, mas sujeita a improvisos e riscos.

A encenação-atitude caracteriza-se por comportamentos habituais e cotidianos, guardadas as devidas proporções, serem registrados pela câmera, mas não preparados especificamente para esse fim.

A partir do momento em que se decide fazer um documentário, o cineasta deve efetuar escolhas como o formato e a linguagem a serem empregados e estes terão impacto direto na recepção pelo público, ou seja, a organização do filme transmite significados e valores que serão interpretados pela audiência.

Nichols (2005) estabelece uma categorização de seis tipos de documentário de modo a tornar mais nítidos o formato e a linguagem empregados nas narrativas documentais. Ressalta-se que esses seis tipos não são excludentes e um filme pode ser incluído em dois ou mais tipos: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performativo5.

O documentário poético apresenta uma realidade fragmentada, logo não há preocupação com montagem linear, argumentação, localização no tempo e espaço ou apresentação e caracterização aprofundada dos “atores”. Este tipo de produção apresenta a realidade tal como ela é, de forma a destacar a integridade formal e estética do documentário.

O expositivo é o mais conhecido por ser o mais utilizado, principalmente nos telejornais. Neste tipo de documentário, são apresentadas imagens visuais complementadas com argumentos. A perspetiva do filme é dada pelo comentário feito em voz over e as imagens limitam-se a confirmar a argumentação narrada.

O observativo não apresenta legendas, nem narrador, sendo composto apenas pela captação de imagens audiovisuais, com o objetivo de apresentar, denunciar ou clarificar algumas situações da vida, sem interferir nelas. Dessa forma, o público vê e interpreta o que está acontecendo, sem a intervenção do documentarista sobre o fato.

O participativo sugere a participação do documentarista. Com isso, o ponto de vista de quem fez o filme fica mais evidente. É comum utilizar entrevistas para enriquecer os assuntos.

O reflexivo prevê a reflexão por parte do público na atribuição de responsabilidades e consequências. O objetivo é persuadi-lo acerca de um determinado tema.

O performativo apresenta uma perspectiva mais racional e intelectual acerca do tema

5 O estudante da Preston College, Calum Henderson, fez o vídeo The Six Modes of Documentary . Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I7MhOghI4u8>. Acesso em: 31 mar. 2017.

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abordado. Contudo, a subjetividade tem mais importância do que propriamente a criação de raciocínio. A combinação da realidade com o imaginário, de acordo com a complexidade emocional do documentarista, torna, muitas vezes, o documentário autobiográfico e antagônico. Além disso, cada vez mais os documentários tentam apresentar a relação entre dois pontos extremos dos fatos.

O documentário O Que a Dor Oculta , objeto deste relatório, é do tipo expositivo e nele vigora a encenação-locação, nos termos de Ramos (2013). Estratégias de Abordagem

O fio condutor do filme é a relação da sociedade com a dor provocada pela doença. Uma dor que oculta uma doença grave, séria, crônica. Uma dor invisível por ser “frescura” de mulher. Assim, é bastante enfatizada no filme a dor que, apesar de muito anormal, ainda é negligenciada pelos médicos e impede as mulheres – e suas famílias – de terem uma vida normal, saudável e plena. Muitas até perdem o emprego, o marido e/ou a fertilidade. O documentário mostra a cirurgia de Juliana Palma para retirada dos focos de endometriose e uma sessão de acupuntura com Larissa Navarro, além da explicação de dois profissionais da saúde, especialistas na doença, sobre o que é, como diagnosticá-la, quais os tratamentos. Os cenários são o centro cirúrgico de um hospital e os consultórios dos especialistas. Foram utilizadas duas câmeras Canon T3i Rebel com lentes Sigma/Canon 24-70mm e Sigma/Canon 18-50mm, dois refletores Led 900 watts, tripés Manfrotto e travelling manual. O som direto foi captado com boom Rode, dois microfones de lapela wireless Sony e gravador Tascam DM60. As cenas foram filmadas com uma câmera fixa, captando imagem em plano médio das personagens sentadas e olhando direto para a câmera, e uma câmera móvel captando, em close, olhares, gestos, movimentos de boca e de mãos. Os procedimentos médicos, cirúrgicos e terapêuticos foram filmados com uma câmera fixa em plano aberto para captar o cenário e outra câmera em movimento com close no procedimento. O filme tem trilha sonora autoral. O roteiro (Cf. Apêndice E) foi escrito seguindo o modelo de documentaristas consagrados, como Jorge Furtado, por exemplo6, e as técnicas aprendidas no curso de roteiro on-line da Academia Internacional de Cinema e TV, ministrado por Jorge Monclar. Personagens

6 Conferir em <http://www.roteirodecinema.com.br/roteiros/documentarios.htm>.

Para fazer um documentário, é muito importante que as personagens participem voluntariamente. Convencer as pessoas a participar é uma das partes mais complicadas de todo o processo. Primeiro, porque é difícil encontrar personagem com o perfil desejado; segundo, achar pessoas que queiram se expor. Para minimizar possíveis problemas e por questões éticas, alguns cuidados devem ser tomados. O principal deles é como abordar potenciais colaboradores. No caso em questão, foi surpreendente o número de mulheres dispostas a falar sobre si, sobre o assunto, e a expor tão abertamente a própria vida e o próprio tratamento. É incrível como existe solidariedade entre as mulheres, mas, mais ainda, como elas têm necessidade de falar sobre a endometriose. Também foram cruciais as participações dos especialistas. Sempre estiveram dispostos a falar sobre o assunto da maneira mais didática possível para ajudar mulheres que sofrem com endometriose e suas famílias. O conhecimento é um dos melhores remédios para qualquer doença! Um segundo cuidado importantíssimo a ser tomado é a cessão de direito de imagem e som. Um simples documento que explique em detalhes como funcionará todo o processo e os papéis de cada parte envolvida deve ser assinado antes de começarem as filmagens. Dessa forma, todos os depoentes desse documentário assinaram termo de cessão de direito de imagem e som (Cf. Apêndices A a D). As personagens do curta-metragem O Que a Dor Oculta são: Dr. Alysson Zanatta: Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo. Foi professor adjunto na Universidade de Brasília. Ginecologista com especialização em uroginecologia, cirurgia vaginal, cirurgia laparoscópica. Diretor da Clínica Pelvi em Brasília. Atende mulheres portadoras de endometriose desde 2005. Já realizou mais de 700 cirurgias de endometriose e é um dos médicos mais renomados que atendem em Brasília. Dra. Erika Cristina Gomes Nery : Nasceu em Capelinha-MG e mora em Brasília há 12 anos. 35 anos, casada e mãe do João Paulo, de 2 anos. Nas horas livres, gosta de ler e ver filmes. Acupunturista pelo Mianyang Hospital of Traditional Chinese Medicine, na China. Descobriu que era portadora de endometriose em 2012 e se especializou no tratamento de portadoras da doença com as técnicas da Medicina Tradicional Chinesa. Juliana Palma: Mineira, casada, 30 anos, trabalha no comércio. Submeteu-se recentemente à segunda cirurgia para retirada de focos de endometriose. Teme pela impossibilidade de ter filhos, seu maior sonho. Larissa de Souza Oliveira Navarro: Relações públicas, 30 anos. Descobriu a doença em julho de 2016 e desde então faz tratamento de

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acupuntura além do acompanhamento com ginecologista especialista em endometriose. Seu maior desejo é minimizar os efeitos da doença, pois pretende ser mãe em breve. Gosta de costurar, ver filmes e cantar. É extrovertida, ansiosa, cuidadosa com os outros. Considerações Finais Além do desconhecimento, existem muitos mitos em torno da endometriose, por isso é necessário um trabalho constante de divulgação e conscientização das pessoas sobre a doença para que as mulheres portadoras e seus familiares não tenham a alegria e o bem-estar ceifados de suas vidas. O grande objetivo desse curta-metragem é mostrar em que consiste a endometriose, a importância do diagnóstico precoce, a dificuldade dos médicos em diagnosticá-la, o descrédito dado à dor (culturalmente aceita-se que é “normal” a mulher sentir dor no período menstrual) e a importância de um tratamento com especialistas. Optou-se pelo cinema, mais especificamente pelo documentário expositivo, para expor, de forma didática, a endometriose por ser uma linguagem audiovisual que provoca milhares de sensações no público, por ter um apelo bem mais forte e acessível que outras linguagens. O audiovisual materializa o ditado “ver pra crer” e tem, no caso do documentário, uma dimensão de veracidade por conta dos fenômenos sensoriais de apreensão do que está sendo transmitido. A experiência, única e cada vez mais rara, de ir ao cinema – sair de casa, comprar um bilhete, ver o cartaz do filme a que vai assistir, sentar-se numa sala escura junto com vários desconhecidos e com uma enorme tela à frente, comendo pipoca (ou não) – gera impacto social, pois explora a criatividade, a sensibilidade, a expressividade do público. Mesmo em uma época em que os filmes extravasam o espaço das salas de cinema e chegam a outros suportes – TV, computador, smartphone, tablet –, o contato com o audiovisual continua provocando impactos sociais e, em alguns casos, mudanças de comportamento e de cultura. E é o que se ambiciona com esse singelo curta-metragem: mudar o comportamento das pessoas em relação a uma doença tida como feminina, mas que afeta a vida de milhares de famílias no mundo todo. Referências CROZIER, Michel; FRIEDBERG, Erhard. L’acteur et le système . Paris: Seuil, 1977. DA-RIN, Sílvio. Espelho Partido . Tradição e Transformação do documentário. Rio de Janeiro: Azougue, 2004.

GOFFMAN, Erving. A representação do Eu na vida cotidiana . Petrópolis: Vozes, 2006. LINS, Consuelo. O documentário de Eduardo Coutinho : televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. (Kindle Edition) LUCENA, Luiz Carlos. Como fazer documentários : conceito, linguagem e prática de produção. São Paulo: Summus, 2012. (Kindle Edition) MONCLAR, Jorge. Roteiro cinematográfico passo a passo . Adaptação de textos literários para o cinema. Rio de Janeiro: Jorge Monclar, 2010. MONCLAR, Jorge. Linguagem cinematográfica . Narrando com imagens. Rio de Janeiro: Jorge Monclar, 2009. NEIVA, Eduardo. Dicionário Houaiss de Comunicação e Multimídia . São Paulo: Publifolha, 2013. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário . Campinas: Papirus, 2005. RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal… O que é mesmo documentário? São Paulo: Senac, 2008. Fontes de pesquisa para o filme Sites A ENDOMETRIOSE E EU. Blog . Disponível em: <http://aendometrioseeeu.blogspot.com.br/>. Acesso em: 31 mar. 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENDOMETRIOSE E GINECOLOGIA MINIMAMENTE INVASIVA. Revistas . Disponível em: <http://www.sbendometriose.com.br/site/index.aspx?IdCategoria=28#conteudo>. Acesso em: 31 mar. 2017. CENTRO DE EXCELÊNCIA EM ENDOMETRIOSE. O custo pessoal e social da endometriose . Disponível em: <http://www.endometriosebrasilia.com.br/wp-content/uploads/2013/06/O-custo-pessoal-e-social-da-endometriose.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2017. DRÁUZIO VARELLA. Endometriose | Dráuzio comenta #38 . Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=P5G-ouo8T6o>. Acesso em: 31 mar. 2017. ENDOMETRIOSIS ASSOCIATION. What is Endometriosis? Disponível em: <http://www.endometriosisassn.org/endo.html>. Acesso em: 31 mar. 2017. GRUPO DE APOIO ÀS PORTADORAS DE ENDOMETRIOSE E INFERTILIDADE. Blog . Disponível em: <http://eutenhoendometriose.blogspot.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2017. TV GAZETA. Mulheres . Endometriose. Disponível em: <https://www.youtube.com/channel/UCDtVoSwSwQgwhcC89Nlz5Vg>. Acesso em: 31 mar. 2017. TV MEDICINA & SAÚDE. Encontro saudável . Dr. Sagae explica o que é endometriose e como tratar Disponível em:

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2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032012000100003>. Acesso em: 31 mar. 2017. MOURA, Marcos Dias de et al. Avaliação do Tratamento Clínico da Endometriose. Revista Brasileira de Ginecologia & Obstetrícia , Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 85-90, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v21n2/12596>. Acesso em: 31 mar. 2017. NÁCUL, Andrea Prestes; SPRITZER, Poli Mara. Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose. Revista Brasileira de Ginecologia & Obstetrícia , Rio de Janeiro, v. 32, n. 6, p. 298-307, jun. 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/62009 >. Acesso em: 31 mar. 2017. NNOAHAM, Kelechi E. et al. Impact of endometriosis on quality of life and work productivity: a multicenter study across ten countries. Fertility and Sterility , v. 96, n. 2, p. 366-373, ago. 2011. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21718982>. Acesso em: 31 mar. 2017. OLIVEIRA, Marco Aurélio Pinho de. Endometriose profunda : o que você precisa saber. Rio de Janeiro: DiLivros, 2016. PODGAEC, Sérgio. Endometriose . Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. SILVA, Maria Paula Custódio; MARQUI, Alessandra Bernadete Trovó de. Qualidade de vida em pacientes com endometriose: um estudo de revisão. Revista Brasileira em Promoção da Saúde . Fortaleza, v. 27, n. 3, p. 413-421, jul./set. 2014. Disponível em: <http://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/2932/pdf>. Acesso em: 31 mar. 2017.

Apêndice A

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Figura 1: Autorização e Cessão de Imagem e Voz do Dr. Alysson Zanatta

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Apêndice B

Figura 2: Autorização e Cessão de Imagem e Voz da Dra. Erika Nery

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Apêndice C

Figura 3: Autorização e Cessão de Imagem e Voz de Juliana Palma

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Apêndice D

Figura 4: Autorização e Cessão de Imagem e Voz de Larissa Navarro

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Apêndice E O Que a Dor Oculta Documentário (curta-metragem) | Brasil | 15 minutos Roteiro : Caroline Cardoso ******************************************************** CENA 0 – INFORMAÇÃO A endometriose é uma doença crônica e progressiva. Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, ela acomete cerca de seis milhões de brasileiras e de 180 milhões de mulheres em todo o mundo, mas ainda é desconhecida do público em geral. CENA 1 – CENTRO CIRÚRGICO Em plano geral, uma enfermeira empurra a maca de JULIANA PALMA em direção ao centro cirúrgico. Dr. ALYSSON ZANATTA aparece no caminho e sorri para a paciente. CENA 2 – CENTRO CIRÚRGICO Em plano geral, JULIANA PALMA aparece já entubada na mesa cirúrgica. O anestesista está em pé perto da cabeça dela segurando um balão azul de oxigênio. Uma enfermeira segura a mão da paciente. CENA 3 – CENTRO CIRÚRGICO Em plano geral, um giro de 180 graus na sala de cirurgia mostra monitor cardíaco, monitor multiparâmetros, lixeiras, aparelho de anestesia, luzes cirúrgicas, médico anestesista e dois enfermeiros preparando a paciente. CENA 4 – CENTRO CIRÚRGICO Close no monitor de ventilação pulmonar. CENA 5 – CENTRO CIRÚRGICO Close no monitor multiparâmetros. CENA 6 – CENTRO CIRÚRGICO Em plano geral, aparece o corpo de JULIANA PALMA na mesa cirúrgica, já preparada para a cirurgia, coberta com lençóis azuis. A equipe médica prepara-se para iniciar o procedimento. CENA 7 – CENTRO CIRÚRGICO Plano geral. Luzes da sala e luzes cirúrgicas acesas. Dr. ALYSSON ZANATTA e dois cirurgiões-auxiliares iniciam o procedimento. Close no abdômen da paciente e nas mãos dos médicos. Aparecem muitas tesouras, gazes, fios e o aparelho de videolaparoscopia. CENA 8 – CENTRO CIRÚRGICO Plano geral. Luzes da sala e luzes cirúrgicas acesas. Os três médicos iniciam o procedimento. Close nas mãos deles trabalhando no abdômen da paciente. CENA 9 – CENTRO CIRÚRGICO Plano geral. Apenas as luzes cirúrgicas acesas. O cirurgião-chefe, seus auxiliares e uma enfermeira continuam o procedimento. Os dois médicos olham para o monitor de TV, por onde se orientam para seguirem com as canaletas cirúrgicas no interior da pelve de JULIANA. A enfermeira põe a mão na perna da paciente, que está coberta com um lençol hospitalar. CENA 10 – CENTRO CIRÚRGICO Close no monitor de TV mostra o procedimento de videolaparoscopia e a procura de focos de endometriose numa trompa e num ovário de JULIANA. CENA 11 – CENTRO CIRÚRGICO Close no monitor de TV mostra o procedimento de cauterização dos focos de endometriose numa trompa e num ovário de JULIANA. CENA 12 – CONSULTÓRIO

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Close no rosto do Dr. ALYSSON ZANATTA. De jaleco. Sentado. Parede branca ao fundo. Ele fala do conceito de endometriose e de suas duas principais consequências: dores (cólicas muito fortes, dispareunia – dores durante a relação sexual, intestinais, urinárias) e infertilidade.

Dr. ALYSSON ZANATTA Endometriose é uma doença ginecológica. Caracterizada pela presença de nódulos. Nódulos fibrosos, duros, aderências, cistos com líquido na pelve da mulher e eventualmente fora da pelve. Em todas essas lesões nós encontramos células que se parecem como endométrio, que é a camada interna do útero e que se descama durante da menstruação. Por isso a doença recebe o nome de endometriose. Apesar dessas células se parecerem com o endométrio, elas são muito distintas. A doença pode levar a duas consequências principais que são dores na forma de cólicas, dores na relação, dores intestinais e urinárias, e, em alguma parte das mulheres, a dificuldade de engravidar ou a infertilidade.

CENA 13 – CONSULTÓRIO Plano médio. Dr. ALYSSON ZANATTA, de jaleco, sentado, parede branca ao fundo, fala das duas principais teorias sobre as causas da endometriose. A mais aceita é a teoria da menstruação retrógrada. A outra é a teoria embrionária.

Dr. ALYSSON ZANATTA A teoria mais aceita é a teoria que nós chamamos de menstruação retrógrada. Nós sabemos que boa parte das mulheres, na verdade a maioria, 90% delas, menstrua um pouco para dentro da cavidade pélvica durante a menstruação. Há uma comunicação entre as trompas uterinas e a cavidade. E essa mulher, ao menstruar todo mês, ela descama o endométrio, exteriorizando-se pela vagina e um pouco também cai na cavidade. Como essas lesões têm células que se parecem com o endométrio, deduz-se que essas lesões seriam causadas pela menstruação. Mas tem um grande problema: nós nunca conseguimos provar cientificamente essa teoria. Nós nunca conseguimos demonstrar que essa mesma célula que cai lá dentro naturalmente durante a menstruação tenha capacidade de invadir algum órgão como ovário, como o intestino, por exemplo, e produzir a lesão que nós enxergamos na mulher adulta. Isso não tem comprovação. Apesar disso, é a teoria mais aceita. E isso gera uma confusão. Gera escolhas muitas vezes inadequadas sobre como tratar a doença. Uma outra teoria que, creio eu, seja bem mais plausível e explica melhor as lesões da endometriose é a chamada teoria embrionária ou mulleriose, como descrita pelo Dr. David Redwine. Ela nos diz que a endometriose já poderia estar presente desde o nascimento, desde a formação da mulher e, ao longo da vida da mulher, sob estímulo hormonal, essas lesões se inflamariam e se desenvolveriam a ponto de ser visíveis e identificáveis na mulher adulta. Fala a favor dessa teoria… Na verdade, essa teoria antecede a teoria da menstruação retrógrada. Mas depois acabou se estabelecendo a da menstruação retrógrada. O que fala a favor dessa teoria? O fato de podermos encontrar endometriose em mulheres que não têm útero, mulheres que nasceram sem útero, uma má formação conhecida. E essas mulheres podem ter focos de endometriose. E como é que nós explicaríamos uma mulher que nunca menstruou na vida ter endometriose? Nós encontramos endometriose em crianças que ainda não começaram a menstruar. Uma criança que é submetida a alguma cirurgia, uma apendicite, por exemplo, nós já podemos encontrar pequenos focos de endometriose. Não como na mulher adulta, mas já encontramos pequenos focos. E temos documentação de endometriose em fetos. Antes mesmo de nascer, nós temos já… Isso sim, tem comprovação científica, que podemos encontrar células de endométrio fora do útero, que é o que define a endometriose, no feto. E, curiosamente ou não, nos mesmos locais onde observamos as lesões desenvolvidas na mulher adulta e com a mesma frequência. Em torno de 10% dos fetos. Então, é provável que já esteja presente no nascimento. Ao longo da vida, essas lesões irão se desenvolver em maior ou menor grau por fatores que nós ainda desconhecemos, podendo levar a essas duas consequências na vida da mulher: dor, dificuldade de engravidar; as duas coisas; ou nenhuma delas. Algumas mulheres terão endometriose sem nenhuma consequência na vida delas.

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CENA 14 – CONSULTÓRIO Plano médio. Dra. ERIKA NERY, de jaleco, sentada, parede branca ao fundo. Ela abaixa, pega um modelo em látex (um boneco) de pontos da acupuntura para ilustrar como a Medicina Tradicional Chinesa explica a endometriose.

Dra. ERIKA NERY Segundo a medicina chinesa, a gente tem os canais energéticos, que são os meridianos. São essas linhas verdes que passam pelo corpo. Pra medicina chinesa esses meridianos devem estar com o fluxo energético fluido. Então, é como se fosse uma via de trânsito fluindo. Se esses meridianos não estão bloqueados, estagnados, a doença não se instala. Pra medicina chinesa, a endometriose é um meridiano, que é o fígado, específico bloqueado. Ele começa na região do pé, passa pela região da pelve, passa por essa área, e vem até a área do tórax. Se esse meridiano está bloqueado, o fluxo energético uterino não flui. Então, essa área fica estagnada. Aí explica realmente a endometriose. É como se o fluxo sanguíneo tivesse parado nessa área e não desenvolvesse. E essa estagnação é causada por questões emocionais.

CENA 15 – CONSULTÓRIO Plano médio. Dra. ERIKA NERY, de jaleco, sentada, parede branca ao fundo, explica como é uma consulta de acupuntura.

Dra. ERIKA NERY Na consulta da medicina chinesa, eu faço uma avaliação da língua e do pulso, onde eu determino se é isso mesmo que está sendo a causa da endometriose. Se esse canal energético está bloqueado. A partir disso, é feito um tratamento com o objetivo tanto emocional, de melhorar esse quadro e desbloquear esse meridiano, fazer com que esse emocional se equilibre, mas também tem uma atuação fisiológica, que é a ação anti-inflamatória da acupuntura.

CENA 16 – SALA DE PROCEDIMENTOS Plano geral alternando com plano aberto. Dra. ERIKA NERY de pé. A paciente LARISSA NAVARRO deitada numa maca. A médica inicia o atendimento e fica de pé ao lado da maca. Off da médica com imagem da paciente sendo atendida. Por vezes, close nas mãos da médica. Dra. ERIKA pergunta para a paciente se ela sente dor e como são essas dores enquanto ainda aplica agulhas nos pontos específicos para tratar a endometriose. A cena acaba com um close nas pernas e na barriga da paciente com agulhas aplicadas.

Dra. ERIKA NERY Larissa é uma paciente que tem endometriose. Chegou no meu consultório há seis meses com um quadro de dor muito forte e todos os sintomas da endometriose. Deixa eu ver sua língua, Larissa. Então ela é um quadro típico da endometriose. Pela medicina chinesa, a endometriose é uma doença que rege alguns canais energéticos que estão diretamente relacionados com o útero. Quando esses canais estão bloqueados, a paciente começa a ter os sintomas que podem irradiar tanto para a área pélvica quanto para a região das pernas, gerando muito desconforto. A gente faz o tratamento há um tempo e Larissa apresenta uma melhora significativa dessa dor. Vou começar a utilizar os pontos do tratamento, que são pontos anti-inflamatórios. Esses pontos vão atuar nos canais energéticos que passam na região do útero. Dessa forma vai ter uma ação anti-inflamatória, melhorando os sintomas significativamente. Os sintomas mais comuns que a Larissa relatava era dor constante no período menstrual, né, Larissa? LARISSA NAVARRO Isso. Bastante dor. Até um pouco antes do período menstrual, durante e logo após. Uma dor como se fosse uma dor de gases, uma pressão na região do abdômen e do útero, e também bastante instabilidade emocional. A dor acaba desestabilizando emocionalmente.

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Dra. ERIKA NERY A ideia do tratamento, além de trabalhar o lado fisiológico, que é liberar substâncias como a quimosina e a prostaglandina, que são substâncias anti-inflamatórias, pode reduzir os focos de endometriose, por isso a redução dos sintomas. Melhorar essas substâncias anti-inflamatórias… Também vai agir nesse quadro emocional. Na verdade, a medicina chinesa é a que mais explica a endometriose, porque a medicina chinesa atua diretamente na causa. Na visão da medicina chinesa, a doença, a endometriose é, na verdade, uma… A causa mesmo tem a ver com a questão emocional. Então, quanto mais eu guardo raiva, me irrito facilmente, controlo muito as coisas, mais eu bloqueio os canais energéticos que regem a pelve. Então, esses pontos que estou colocando na área do abdômen têm uma ação anti-inflamatória, mas também trabalha o emocional da paciente. Toda sessão eu vou avaliar a língua e o pulso da paciente, que são as formas de avaliação, e verificar se está tendo melhora ou não do quadro. Tem os relatos da paciente que são muito importantes. Se a dor reduziu, se a dor não reduziu. Mas geralmente a paciente relata melhora na primeira sessão, principalmente dor na relação sexual, as cólicas irradiadas, a cólica no próprio abdômen e na região pélvica. Foi o caso da Larissa, que teve essa melhora significativa. Agora a Larissa vai ficar trinta minutos na agulha, que é indicação para o quadro dela, para aliviar e equilibrar esse todo do seu corpo.

CENA 17 – CONSULTÓRIO Plano médio. Dra. ERIKA NERY de jaleco, sentada, parede branca ao fundo, fala sobre como a sociedade é cruel com quem tem endometriose.

Dra. ERIKA NERY Eu costumo dizer que a sociedade é cruel com quem tem endometriose. Infelizmente a sociedade não enxerga a endometriose como uma doença. Então, quando uma paciente chega relatando essa dor, esse desconforto físico e emocional, as pessoas costumam falar “Ah, cólica, passa! Toma um remédio que vai passar rapidamente!”. E nem sempre é assim. Além dessa dor física e incapacitante, a dor emocional tem uma composição tão forte, que as pacientes chegam no meu consultório já… Buscando, além do resultado da acupuntura, que essa ação anti-inflamatória de redução da dor, esse componente emocional, esse suporte que nem todas as mulheres encontram na família, nos parceiros.

CENA 18 – INFORMAÇÃO JULIANA PALMA submeteu-se a videolaparoscopia em 22 de maio de 2017. A cirurgia foi um sucesso. Ela passa bem e tem esperanças de poder ser mãe. CENA 19 – INFORMAÇÃO LARISSA NAVARRO faz acupuntura há seis meses e tem sentido melhora progressiva dos sintomas. FIM ********************************************************

PROIBIDA DIVULGAÇÃO PARCIAL OU TOTAL DESTE ROTEIRO SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DA AUTORA.

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Apêndice F Ficha Técnica

2 câmeras Canon T3i Rebel

1 Lente Canon 24-70 mm

1 Lente Canon 18-50 mm

1 Lente Canon 50 mm

2 Spots Led 900 W

1 Gravador Tascam DM 60

1 Microfone boom Rode DR 50

2 Microfones wireless Sony

1 Tripé Manfrotto

1 Travelling manual

1 Tripé Francier H800

Trilha sonora composta no Logic 7.0

Edição de áudio, mixagem e masterização no Pro Tools HD 10

Edição no Adobe Premiere CS5 Mac

Mac Pro Octacore 2.8 GHz 32 RAM

Console Digidesign C24

Monitores Dynaudio BM6