Jornalismo opinativo e humor engajado: uma análise da atua ... · tunista no contexto da ditadura...

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SBPJor Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 2º Encontro Nacional de Jovens Pesquisadores em Jornalismo Curitiba Pontifícia Universidade Católica do Paraná Novembro de 2012 :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 1 Jornalismo opinativo e humor engajado: uma análise da atua- ção de Henfil contra a ditadura militar brasileira Jamylle Mol 1 Hila Rodrigues 2 Resumo: Este artigo tem como objetivo demonstrar a influência da atuação do cartunista e jor- nalista Henrique de Souza Filho, o Henfil, na realidade brasileira das décadas de 1970 e 1980. Para isso, analisa-se a participação do desenhista na campanha pela anistia, na consolidação do movimento sindical brasileiro e na luta pela redemocratização do Brasil através das mobiliza- ções pelas Diretas Já!. A proposta é identificar de que forma o trabalho de Henfil interferiu na percepção que os leitores fizeram desses movimentos e, a partir disso, analisar o potencial do jornalismo como instrumento de conscientização política. Palavras-chave: Jornalismo Opinativo; Narrativas; Política; Humor; Engajamento. 1. Introdução Por uma gargalhada maior numa dentadura menos cariada. Essa foi uma das fra- ses características do jornal O Pasquim na década de 1970 3 . A provocação parece ter inspirado especificamente o trabalho de um dos jornalistas da “turma do Pasquim”: o cartunista mineiro Henrique de Souza Filho, o Henfil, que, através do humor, lutou para 1 Estudante de Graduação do quinto período de Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (U- FOP). 2 Orientadora do Trabalho. Professora Adjunta do Curso de Comunicação Social-Jornalismo da Universi- dade Federal de Ouro Preto (UFOP), jornalista, mestre em Administração Pública/Gestão de Políticas Sociais pela Fundação João Pinheiro (FJP-MG) e doutora em Ciências Sociais pela PUC Minas. 3 Frase publicada originalmente pelo jornal O Pasquim e lançada em 2007 na Antologia do Pasquim, pela editora Desiderata.

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Jornalismo opinativo e humor engajado: uma análise da atua-ção de Henfil contra a ditadura militar brasileira

Jamylle Mol 1

Hila Rodrigues 2

Resumo: Este artigo tem como objetivo demonstrar a influência da atuação do cartunista e jor-

nalista Henrique de Souza Filho, o Henfil, na realidade brasileira das décadas de 1970 e 1980.

Para isso, analisa-se a participação do desenhista na campanha pela anistia, na consolidação do

movimento sindical brasileiro e na luta pela redemocratização do Brasil através das mobiliza-

ções pelas Diretas Já!. A proposta é identificar de que forma o trabalho de Henfil interferiu na

percepção que os leitores fizeram desses movimentos e, a partir disso, analisar o potencial do

jornalismo como instrumento de conscientização política.

Palavras-chave: Jornalismo Opinativo; Narrativas; Política; Humor; Engajamento.

1. Introdução

Por uma gargalhada maior numa dentadura menos cariada. Essa foi uma das fra-

ses características do jornal O Pasquim na década de 19703. A provocação parece ter

inspirado especificamente o trabalho de um dos jornalistas da “turma do Pasquim”: o

cartunista mineiro Henrique de Souza Filho, o Henfil, que, através do humor, lutou para

1 Estudante de Graduação do quinto período de Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto (U-

FOP).

2 Orientadora do Trabalho. Professora Adjunta do Curso de Comunicação Social-Jornalismo da Universi-

dade Federal de Ouro Preto (UFOP), jornalista, mestre em Administração Pública/Gestão de Políticas

Sociais pela Fundação João Pinheiro (FJP-MG) e doutora em Ciências Sociais pela PUC Minas.

3 Frase publicada originalmente pelo jornal O Pasquim e lançada em 2007 na Antologia do Pasquim,

pela editora Desiderata.

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que a sociedade brasileira recuperasse suas “gargalhadas”, silenciadas em 1964 com a

instauração do golpe militar no país.

Em seu trabalho – gráfico e textual –, Henfil utilizou a criatividade para burlar a

censura à mídia, imposta pelo regime, e, dessa forma, denunciou as contradições que

marcavam a atuação do então governo ditatorial. Movido por essa coragem – a de ques-

tionar a atuação de um governo autoritário e ineficaz –, Henfil atuou em importantes

processos na luta pela redemocratização, com destaque para a campanha pela anistia, o

desenvolvimento e consolidação do movimento sindical e, principalmente, as mobiliza-

ções pelas Diretas Já!.

A proposta desse artigo é analisar a forma com que Henfil interferiu na realidade

brasileira nas décadas de 1970 e 1980 e identificar, dessa forma, a importância do car-

tunista no contexto da ditadura militar no Brasil. A partir da análise do trabalho de Hen-

rique de Souza Filho, pretende-se, ainda, refletir sobre o potencial do jornalismo de ir

além da função principal de tornar público o acontecimento, e, assim, pensar a atividade

como um instrumento capaz de conscientizar e despertar nos indivíduos a vontade de

modificar cenários problemáticos no contexto no qual estão inseridos. Para isso, anali-

sam-se as produções gráficas e textuais publicadas por Henfil durante os anos 70 e 80 e

a repercussão dessas produções junto à sociedade civil e aos governantes da época.

2- O jornalismo e seu potencial de modificar realidades

O jornalismo moderno tem a sua origem no início do século XVII, com os publi-

cans: donos de pubs que incentivavam os viajantes a narrar o que haviam vivenciado

durante as expedições. Os primeiros periódicos impressos surgiram como forma de tor-

nar públicas as informações que circulavam nesses pubs. Com o tempo, os jornais ga-

nharam importância política e as páginas, até então destinadas apenas às histórias de

viajantes e fofocas locais, deram espaço para outros fatos, traduzidos em notícias de

interesse do cidadão. Os veículos jornalísticos adquiriram caráter de utilidade pública e

passaram a exercer a função principal de traduzir para a sociedade os fatos considerados

relevantes no dia-a-dia da população.

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Aos jornalistas, cabe organizar a realidade através das notícias e, dessa forma, “for-

necer às pessoas informação que precisam para entender o mundo” (KOVACH; RO-

SENSTIEL, 2003, p. 226). É sob esse aspecto que o jornalismo se diferencia das outras

formas de comunicação: pela função social atribuída à profissão, e não somente pelo

princípio básico de busca da verdade. Mais que noticiar, os jornalistas podem intervir na

realidade na qual estão inseridos, já que, ao fazer com que determinados fatos cheguem

ao conhecimento público, atuam na percepção que os indivíduos têm dessa realidade.

Nas palavras de Kovach e Rosenstiel, as notícias “são o material que as pessoas usam

para aprender e pensar sobre o mundo além de seus próprios mundinhos” (KOVACH;

ROSENSTIEL, 2003, p.61). O jornalismo é, portanto, uma atividade cuja produção afe-

ta indivíduos e governos, ampliando a capacidade de reflexão e, a partir dela, incenti-

vando o sujeito e as sociedades a agirem para alterar determinados aspectos da realidade

que os envolve.

Em função do ideário de traduzir o mundo (os acontecimentos, os discursos, as e-

moções, os experimentos) para o maior número possível de pessoas, o jornalismo recor-

re a uma linguagem acessível e direta. A partir do século XIX, as imagens passaram a

integrar essa linguagem verbal, tornando-se quase obrigatórias nos periódicos veicula-

dos pela imprensa. “A imagem funcionava como testemunha presencial dos fatos diá-

rios (...), as histórias se fixavam na memória popular e possibilitavam a transmissão de

valores morais, o questionamento político e a discussão do lugar do indivíduo” (ACE-

VEDO, 2011, p.492). As histórias em quadrinhos, charges e cartuns unem as linguagens

verbal e não-verbal e, pela forma descontraída com que traduzem os acontecimentos,

contribuem, muitas vezes, para “o trabalho pedagógico da imprensa” (idem). Esse traba-

lho pedagógico também parece ser base da atuação dos profissionais da imprensa que se

dedicam à imagem gráfica, em especial daqueles que agem ou agiram através do humor

engajado.

3- Histórias em quadrinhos e humor engajado: a atuação de Henfil

As histórias em quadrinhos são um gênero do jornalismo opinativo e se populariza-

ram no início da década de 1930. Desde então, “estiveram em sintonia com seu tempo.

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Cenários, enredos, personagens, tudo remete à imagem que se faz de uma pretensa rea-

lidade, mesmo que projetada de maneira fantasiosa” (CORREA; TEIXEIRA, 2009,

p.2).

Os quadrinhos são produzidos a partir de um levantamento de dados e de uma análi-

se do contexto sociopolítico em que estão inseridos. Para elaborar um cartum, o profis-

sional inteira-se dos fatos que chegam à redação do jornal – o que, na prática, significa

que os acontecimentos do dia é que determinam os temas a serem abordados naquela

edição. A mensagem gráfica, portanto, “depende diretamente da eclosão e evolução dos

acontecimentos e da relação que os mediadores profissionais (jornalistas) estabelecem

com seus protagonistas (personalidades ou organizações)” (MELO, 2003, p.65).

As charges, cartuns e histórias em quadrinhos são uma das formas de fazer jorna-

lismo com humor e foi justamente através da irreverência – e das histórias em quadri-

nhos, especificamente – que Henfil concretizou o potencial da profissão de agir como

instrumento de luta contra as iniquidades, as injustiças e tudo o mais que, na avaliação

do cartunista, não deveria ser aceito pelas sociedades.

Henfil iniciou sua carreira como cartunista em 1964, na revista Alterosa, em Belo

Horizonte. Desde então, seu trabalho esteve presente em grandes veículos de circulação

nacional, como o Jornal do Brasil, o Jornal dos Sports, Jornal da Tarde, Correio da

Manhã, Intervalo e as revistas Isto é!, Realidade, Visão, Placar e O cruzeiro. O cartu-

nista também foi um dos colaboradores do Pasquim, “um jornal que veio a se tornar a

publicação mais importante da história do humor no Brasil” (GOODWIN, 2011, p.538).

Henfil publicou também as revistas Fradim, lançadas entre 1973 e 1980, que traziam as

histórias dos personagens Baixim e Cumprido: os fradinhos; e a Graúna, o Zeferino e o

Bode Orelana, da Turma da Caatinga. Além disso, integrou a diretoria do Sindicato dos

Jornalistas de São Paulo – como suplente – e da Associação Brasileira de Imprensa.

(MORAES, 1997, p.382)

Os quadrinhos de Henfil possuem características que os diferenciam do trabalho

dos outros desenhistas brasileiros: o traço rápido, a ausência dos tradicionais balões de

diálogo e o fundo branco ou falta de “cenário”. No entanto, mais que pela originalidade

estética, o trabalho de Henfil marcou-se pelo engajamento político, pela luta social, pelo

humor subversivo e crítica à estagnação e visão seletiva da sociedade. Essas caracterís-

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ticas marcaram todas as áreas nas quais Henfil atuou. Nas histórias em quadrinhos, por

exemplo, o cartunista questionou, por meio dos diálogos entre os seus personagens, a

atuação dos governantes e a apatia da sociedade da época em relação aos problemas do

país. Além disso, denunciou o cenário de desigualdade social entre as classes sociais

brasileiras e suas consequências, como a mortalidade infantil, o analfabetismo, a miséria

e a baixa expectativa de vida. (FIGURA 1)

Já em seus textos, Henfil falava diretamente com os leitores, cobrando deles ati-

tudes de resistência à ditadura e, mais que isso, atribuindo também à sociedade civil a

responsabilidade pela realidade sociopolítica daquele momento. Henfil também atuou

no cinema e na televisão, com o filme Tanga, deu no New York Times e com o progra-

ma TV Mulher, na Rede Globo. O cartunista dizia que queria “ser famoso como um

cara que é mais um espinho contra o estado de coisas” (HENFIL, 1988, p.66). De fato,

foi um agente social extremamente atuante nos movimentos contra os principais pro-

blemas que marcaram as décadas de 1970 e 1980 no Brasil.

4- As décadas de 1970 e 1980: a campanha pela anistia, o movimen-

to sindical e as Diretas já!

Durante a década de 1970, o Brasil viveu as consequências do golpe militar instau-

rado em 1964. Os brasileiros conviveram, diariamente, com as práticas centralizadoras

impostas pelo regime: repressão, tortura e, não raras vezes, o exílio de pessoas identifi-

cadas como oposição ao Estado. Além disso, o governo ditatorial manteve a censura à

mídia, dificultando, dessa forma, que se denunciassem as atrocidades cometidas sob o

argumento de que era preciso conter os “focos subversivos” (GEISEL, 1997, p.365). O

Brasil viveu a instabilidade de um governo fundamentado em atos institucionais e que

priorizava o controle da sociedade em detrimento da manutenção e respeito aos direitos

humanos. No campo socioeconômico, havia o paradoxo entre a propaganda governista

do milagre econômico e a realidade de pobreza e miséria extremas que acometiam uma

parcela significativa da população brasileira.

No entanto, foi justamente dessa realidade – repleta de contradições políticas,

econômicas e sociais – que “nasceria o homem novo, a alavanca da mudança, o cerne da

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revolução” (IAVELBERG apud PATARRA, 1992, p.113). O movimento estudantil, o

sindicalismo, a campanha pela anistia aos exilados políticos e pelas eleições diretas, a

imprensa alternativa e muitas outras formas de resistência ganharam força e se consoli-

daram com o início dos anos 80, concretizando “o que havia de mais generoso naquela

geração: a capacidade quase religiosa de comunhão, o impulso irrefreável para a doa-

ção” (VENTURA, 2008, p. 81). Não se pode pensar esses movimentos de resistência ao

governo ditatorial e de luta pela redemocratização sem considerar a importância de pes-

soas como Henfil, cuja atuação revelou-se fundamental para que os acontecimentos se

dessem como se deram naquele período.

A campanha pela anistia aos exilados políticos, por exemplo, foi tema recorrente

nos quadrinhos (FIGURA 2) e textos de Henfil. O movimento foi protagonizado pelas

mulheres de São Paulo, ainda na década de 1970, e teve como objetivo fazer com que o

governo militar cessasse as perseguições e destituísse os crimes políticos no Brasil.

A luta de Henfil pela anistia deu-se não só em função do sentimento de solidarie-

dade que sempre moveu o cartunista em relação aos brasileiros perseguidos, segundo o

relato de amigos próximos (MORAES, 1997), mas também pelo fato de ele próprio ter

um irmão exilado: o sociólogo Herbert de Souza, Betinho. Nas palavras do cartunista

Nilson, “a campanha da anistia (...) não teria a tomada de força se não fosse o Henfil,

nas Cartas da Mãe, dar uma cara para o exilado. Os dez mil exilados, que ninguém sabia

que existiam, fora os mais conscientizados, de repente, tinham uma cara: era o Betinho,

o filho da Dona Maria” (NILSON, 2006).

A importância de Henfil para a conquista da anistia chegou a fazer com que ele re-

cebesse uma medalha do Comitê Brasileiro pela Anistia, como registra Denis de Mora-

es, autor da biografia do cartunista:

Durante meses, grudou-se à campanha pela anistia. Fez desenhos para os co-

mitês, compareceu a atos públicos e assinou o Manifesto dos Artistas pela

Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, enviado ao Congresso Nacional com 712

assinaturas. Por seu empenho em favor dos direitos humanos, o núcleo minei-

ro do Comitê Brasileiro pela Anistia concedeu a Henfil, em abril de 1979, a

Medalha Vladimir Herzog. (MORAES, 1997, p.368)

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Através dos quadrinhos e das Cartas da Mãe, publicadas semanalmente na revis-

ta Isto é!, Henfil deu voz ao sentimento de diversas famílias brasileiras que também

sofreram com a separação forçada de entes queridos, impedidos de permanecerem no

próprio país. Pessoas essas que, em conjunto, constituíam o Brasil daquele contexto: o

Brasil que sonhava “com a volta do irmão do Henfil” 4.

Nesse contexto de ditadura, os sindicatos brasileiros passaram por um período de

intensa repressão e, durante as décadas de 1960 e1970, tiveram o seu movimento políti-

co enfraquecido pelo regime. No entanto, no início da década de 1980, eles se uniram a

outros segmentos da sociedade, como intelectuais, esquerdistas e integrantes do Movi-

mento dos Sem Terra (MST), e iniciaram uma nova fase para o sindicalismo brasileiro.

Henfil atuou ativamente nesse processo: junto a outros desenhistas, como Laerte,

Nilson, Chico Caruso, Paulo Caruso e Angeli, integrou a Oboré, uma pequena empresa

de comunicação criada para divulgar os movimentos de resistência ao governo e as in-

justiças praticadas pelo regime militar contra as bases operárias do ABC paulista. Como

explica Denis de Moraes, “o ideário da Oboré distinguia-se do da imprensa alternativa

porque não pretendia editar um jornal próprio, e sim colocar-se à disposição do movi-

mento sindical para difundir informações confiáveis” (MORAES, 1997, p. 288).

A capacidade de poder traduzir os fatos de maneira simples e chamativa, caracterís-

tica das histórias em quadrinhos e cartuns, fez com que a atuação de Henfil e dos outros

jornalistas engajados no movimento sindical tivesse uma importância significativa. Sem

receber nenhum retorno financeiro, esses cartunistas dedicaram-se à importante missão

de conscientizar os operários, de adaptar o trabalho que realizavam na grande mídia a

uma linguagem ainda mais acessível. No caso de Henfil, especificamente, a dedicação à

causa sindical chegou até mesmo a alterar a forma de trabalhar os desenhos: o cartunista

abriu mão do humor essencialmente irônico para ser entendido de modo mais claro (FI-

GURA 3).

Eu queria conscientizar a área sindical, fazer propaganda de uma luta chama-

da, pura e simplesmente, democracia. Mas que linguagem usar? Não sabia.

Tive que regredir à sinceridade absoluta. De repente, tinha que chegar na

frente do papel e não mais ser cínico, nem rápido ou criativo apenas. Tinha

4 Trecho da canção O bêbado e a equilibrista, parte do álbum intitulado Linha de Passe, de João Bosco e

Aldir Blanc, lançado em 1979 e que faz referência direta ao exílio de Herbert de Souza.

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que comover realmente com o que estava acontecendo. Criar levando em

conta as posições dos operários e descobrindo a melhor forma de chegar até

eles. Tive que rever uma série de coisas, inclusive a minha própria maneira

de fazer cartum. A fórmula passou a ser esta: identificação sincera com eles

(HENFIL apud MORAES, 1997, p. 290)

Para Henfil, a arte “torna a política mais próxima do povo, ajudando a mobilizá-

lo” (HENFIL apud MORAES, 1997, p.490). A partir de sua contribuição para o fortale-

cimento do movimento sindical, o cartunista pôde concretizar esse potencial. Entre os

leitores de Henfil, havia diversos operários que compravam e compartilhavam as revis-

tas Fradim. Ao contrário do que muitas vezes acontecia na grande mídia, na “imprensa

nanica” – expressão recorrente na época para caracterizar a imprensa alternativa – os

operários e sindicalistas viam-se nos jornais, sejam nos textos ou nas histórias em qua-

drinhos e cartuns.

Além da aproximação com os operários, a participação de Henfil na Oboré pro-

porcionou ao cartunista a convivência direta com os líderes sindicais, com destaque para

o então presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, Luis Inácio Lula da Sil-

va. Da sua relação com Lula, surgiram várias ações que, em 10 de fevereiro de 1980,

culminaram na criação do Partido dos Trabalhadores (PT), como declarou o próprio

Lula, anos mais tarde. “Ler as críticas do Henfil nos desenhos era uma coisa fantástica.

Contribuíram para a minha formação política” (LULA apud MORAES, 1997, p. 478).

A contribuição de Henfil para o desenvolvimento e consolidação do movimento

sindical no país acabou ampliando o número de leitores alcançados pelo cartunista, já

que a atuação junto aos trabalhadores representava uma expansão do público atingido e

influenciado pelo seu trabalho. “De dia, faço subversão na grande imprensa; de noite,

faço conscientização na área sindical” (HENFIL apud MORAES, 1997, p.490).

No entanto, talvez a atuação mais importante de Henfil, no que se refere ao universo

político, tenha sido a intensa luta pela democracia em que o cartunista esteve engajado

durante todo o regime militar. A necessidade de assegurar o retorno da democracia no

país era constantemente ressaltada em seus quadrinhos e textos (FIGURAS 4 e 5). Para

o cartunista, aceitar qualquer tipo de política governamental que não fosse democrática

era impensável. A ditadura, com todas as suas consequências à sociedade civil, provo-

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cou, em Henfil, uma indignação gigantesca, que se transformou na base de todo o seu

trabalho como jornalista.

A revolta contra a ditadura imposta aos brasileiros pelo regime militar concretizou-

se no movimento pelas “Diretas Já!”, em torno do qual intelectuais, jornalistas, artistas,

sindicalistas e estudantes, entre tantos outros, uniram-se para exteriorizar o desejo pelas

eleições diretas. Passeatas, comícios, produções artísticas, enfim: todas as formas possí-

veis para convencer o então presidente, João Batista Figueiredo, a autorizar a abertura

política no Brasil foram utilizadas. Foi esse o cenário em que emergiu a expressão “Di-

retas Já!”, criada por Henfil. “Eu, inclusive, criei o „diretas já‟ para ele [Teotônio Vile-

la5]. O Teotônio nunca disse „diretas já‟. Eu que fiz uma entrevista com ele para o Pas-

quim e, quando terminada a entrevista, não tinha uma frase de efeito. Então, eu disse: „E

aí, Teotônio, diretas quando? Diretas já!‟” (HENFIL, 2006).

No entanto, a participação de Henfil nas Diretas não se limitou à criação do nome

para o movimento, como destaca Denis de Moraes:

Poucas vezes Henfil acariciara tanto um objetivo como o das diretas-já.

Compareceu a comícios, palpitou nos comitês. Só em São Paulo o PT vendeu

350 mil camisetas, nas cores azul, verde e branco, com a figura do Teotônio

Vilela empunhando a bengala e a inscrição „diretas já!‟. Henfil explorou com

propriedade o humor no campo da „roupa ideológica‟, criando sete mensa-

gens diferentes para as camisetas (MORAES, 1997, p.460).

Uma das principais formas encontradas por Henfil para lutar pelas Diretas deu-se

através do diálogo que ele estabeleceu com o presidente Figueiredo, apelidado pelo car-

tunista de “Primo Figueiredo”. (FIGURA 6)

Vi o primo Figueiredo carregado nos braços pelos garimpeiros de Serra Pela-

da. (...) Andou pra cá, andou pra lá, até ele se acostumar e perder o medo. E

aí (desminta a sua profunda alegria, primo!), e aí mostrou ser a melhor con-

dução que um presidente jamais poderia sonhar.

Gostou? Então dispense o cavalo, se desmonte dos tanques, rasgue os casuí-

nos e nunca mais desça dos braços do povo. De casa pro trabalho? Vá de po-

vo! De um Estado para outro? Vá pelo povo! Beber com os amigos? Vá para

5 Teotônio Vilela (1917-1983) foi um dos mais importantes políticos brasileiros na campanha pelas elei-

ções diretas no país. Vilela – figura controversa por já ter pertencido a diferentes forças políticas, como a

UDN, Arena e, mais tarde, ao MDB – atuou como deputado estadual, senador e vice-governador do esta-

do de Alagoas.

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o povo! É só chegar em qualquer esquina e gritar: Democracia! Ó nóis aí tra-

veis! Garupa!”(HENFIL, 1984, p. 27).

Por não aceitar nada menos que a instauração da democracia total no Brasil,

Henfil lutou assiduamente contra as eleições indiretas. Quando percebeu que as forças

políticas ligadas à ditadura utilizariam estratégias para impedir a legalização do voto

direto no país6, não se conteve em direcionar críticas pesadas aos “golpistas”.

Víboras! Feito despachantes de luxo, se insinuam como capazes de conseguir

mais depressa o nosso documento de maioridade: as eleições. – Deixa comi-

go! Voltem pra casa!, diziam os sagazes lideres das negociações indiretas.

Taí o golpe. Que vergonha, um golpe civil. Feito por generais civis. Que, a

pretexto de salvar as instituições (sempre elas), querem afastar mais uma vez

o povo do poder. Ah, é? Abaixo os palanques! POVO já! (HENFIL apud

MORAES, 1997, p.462).

Devido ao tom agressivo adotado à medida que o sonho das Diretas dava lugar a

uma aceitação passiva das eleições indiretas para a Presidência da República, Henfil

sofreu várias críticas. No entanto, sua obstinação pela redemocratização do Brasil movi-

a-o mais que os comentários negativos a seu respeito. “Sou daqueles poucos radicais,

anarquistas, esquerdistas, malufistas úteis, incendiários infantis que ainda não aderiram

à Frente da Família com Deus pela Democracia” (HENFIL apud MORAES, 1997, p.

466). Naquele contexto, Henfil desejava “uma coisa ideal, mas politicamente impossí-

vel: a transição com ruptura” (VENTURA apud MORAES, 1997, p.473). Esse desejo

de conseguir o que, para muitos, era impossível naquele momento – um país democráti-

co, que garantisse aos cidadãos a capacidade de escolher seus representantes políticos,

assegurando condições mínimas de qualidade de vida – esteve sempre com Henfil. Mo-

vido por essa utopia, o cartunista se manteve fiel aos seus ideais e foi uma das poucas

pessoas que expuseram a insatisfação pelo insucesso da campanha pelas Diretas Já.

Como conta Denis de Moraes, “Henfil tomou a derrota das diretas quase como uma

derrota pessoal”. (MORAES, 1997, p. 463). Em nenhum momento, deixou de lutar pela

inclusão da sociedade civil nas decisões do governo. Por isso, enquanto pôde, Henfil

6 A emenda Constitucional Dante de Oliveira, que defendia as eleições diretas, foi rejeitada pelo Congres-

so por não ter tido o número mínimo de votos. Por isso, as eleições para o sucessor de João Figueiredo se

deram por meio de um colégio eleitoral formado pelo Congresso Nacional e Assembleias Legislativas dos

Estados. Em janeiro de 1985, o presidente Tancredo Neves foi eleito Presidente pela Aliança Democráti-

ca, finalizando, assim, o período militar no Brasil.

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utilizou seus textos e desenhos para resistir e protestar contra o pacto feito pelas elites

políticas brasileiras que, na prática, impedia essa inclusão.

Considerações Finais

O jornalista e crítico de mídia Jon Katz, no início da década de 1990, declarou-

se “muito inspirado por essa cultura de gente que acredita que o jornalismo deve provo-

car desordem de uma forma inteligente” (KATZ apud KOVACH; ROSENSTIEL, 2003,

p. 217). Essa inspiração e, mais que isso, esse propósito norteou o trabalho de Henfil

que, em seus quadrinhos e textos, questionou a atuação do regime militar no Brasil de

modo inteligente e bem-humorado.

“O humor põe o dedo na ferida, mas não é o instrumento que fere. É um aferi-

dor. Afinal, a vida é uma piada. E, às vezes, rimos porque dói” (GOODWIN, 2011, p.

536). O trabalho de Henfil, fundamentado essencialmente na crítica política e social

através do humor, tratou, justamente, das dores da sociedade brasileira durante a ditadu-

ra militar. Ainda que de maneira divertida, as produções de Henfil traziam, em seu con-

teúdo, críticas sérias às injustiças e crimes cometidos pelo regime. Nesse sentido, é certo

que revelar sem reservas todas as contradições do governo militar nas páginas dos jor-

nais e revistas em tempos de censura à mídia já seria, por si só, um dos fatores capazes

de comprovar a importância da atuação de Henfil no jornalismo brasileiro. No entanto,

mais que tornar públicas essas questões, o cartunista atuou ativamente para que elas

fossem solucionadas. Para isso, dedicou-se a um trabalho voltado para a conscientização

da sociedade civil, apostando também, e concomitantemente, em suas próprias ações e

decisões como sujeito social.

A partir da análise da atuação de Henfil, esse trabalho propôs reflexões em torno

da capacidade do jornalismo de interferir em cenários específicos, através das possibili-

dades de diálogo com grande parte da sociedade – elemento intrínseco à profissão. O

jornalismo, quando exercido a partir da ideia de compromisso social calcado nos inte-

resses, demandas e aspirações do cidadão comum, pode, mais que narrar a história, in-

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fluenciar o desfecho dos fatos que a constituem. Por isso, a necessidade de se pensar o

jornalista como um agente social – muito mais, portanto, que “mero” narrador.

Referências

ACEVEDO, Esther. A caricatura no México e como ela foi se tornando mexicana. In: LUS-

TOSA, Isabel (Org.). Imprensa, humor e caricatura: a questão dos estereótipos culturais.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p.491-515.

D´ARAÚJO, Maria Celina; CASTRO, Celso (orgs.). Ernesto Geisel. Rio de Janeiro: Editora

Fundação Getúlio Vargas, 1997. 508p.

GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia da Letras, 2002. 417p.

GOODWIM, Ricky. A monovisão dos estereótipos no desenho de humor contemporâneo.

In: LUSTOSA, Isabel (Org.). Imprensa, humor e caricatura: a questão dos estereótipos cul-

turais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 535-555.

HENFIL. Cartas da Mãe. Rio de Janeiro: Record, 1986, 225p.

HENFIL. Coleção Henfil Fradim: Tamos tocando o pau no governo. Volume 23. Rio de

Janeiro, CODECRI, 1976.

HENFIL. Coleção Henfil Fradim: O dia em que o AI-5 acabou. Volume 24. Rio de Janeiro,

CODECRI, 1976.

HENFIL. Coleção Henfil Fradim: Beijoqueiro esteve aqui. Volume 28. Rio de Janeiro, CO-

DECRI, 1976.

HENFIL. Diário de um cucaracha. Rio de Janeiro: Record, 1988, 276p.

HENFIL. Diretas Já. Rio de Janeiro: Record, 1984, 128p.

KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os Elementos do Jornalismo: o que os jornalistas

devem saber e o público exigir. São Paulo: Geração Editorial, 2003, 292p.

MELO, Jose Marques de. Jornalismo Opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro.

3. ed. Campos de Jordão, Rio de Janeiro: Editora Mantiqueira, 2003, Cap. IV.

MORAES, Denis de. O rebelde do traço – A vida de Henfil. Rio de Janeiro: José Olympio,

1997, 564p.

PATARRA, Judith. Iara: reportagem biográfica. Rio de Janeiro: Rosa dos tempos, 1992,

521p.

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TEIXEIRA, Níncia C.R Borges; CORREA, Wyllian E. de Souza. Watchmen e o discurso distó-

pico do “bem maior”. In: Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, Paraná, 2009, 21p.

Disponível em: http://www.revistafenix.pro.br/PDF19/Artigo_02_Nincia_Cecilia_Ribas.pdf

Acesso em: 14 ago.2011

TRÊS IRMÃOS DE SANGUE. Direção: Ângela Patrícia Reiniger. Rio de Janeiro: No Ar Co-

municação, 2006. 1 vídeo-disco (102 min), color.

VENTURA, Zuenir. 1968: O ano que não terminou. São Paulo: Editora Planeta do Brasil,

2008, 267p.

Anexos

Figura 1- Referência à miséria e consequências

Fonte: HENFIL. Coleção Henfil Fradim: Escândalo na Caatinga. Volume 12. Rio de Janeiro,

CODECRI, 1976.

Figura 2- Referência à anistia

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Fonte: MORAES, Denis de. O rebelde do traço – A vida de Henfil. Rio de Janeiro: José Olympio,

1997, 564p.

Figura 3- Referência ao movimento sindical

Fonte: MORAES, Denis de. O rebelde do traço – A vida de Henfil. Rio de Janeiro: José Olympio,

1997, 564p.

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Figura 4- Referência à democracia (1)

Fonte: HENFIL. Coleção Henfil Fradim: Tamos tocando o pau no governo. Volume 23. Rio de Janeiro,

CODECRI, 1976.

Figura 5- Referência à democracia (2)

Fonte: HENFIL. Coleção Henfil Fradim: O dia em que o AI-5 acabou. Volume 24. Rio de Janeiro,

CODECRI, 1976.

Figura 6- Referência ao presidente João Figueiredo

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Fonte: HENFIL. Coleção Henfil Fradim: Beijoqueiro esteve aqui. Volume 28. Rio de Janeiro, CODE-

CRI, 1976.