José Lidemberg de Sousa Lopes · FIGURA 39- Vista Panorâmica do Complexo Beach Park Suítes...

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José Lidemberg de Sousa Lopes

ZONEAMENTO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ – CEARÁ

Dissertação de Mestrado apresentada aoPrograma de Pós-Graduação e Pesquisaem Geografia da Universidade Federal doRio Grande do Norte, como requisitoparcial à obtenção do título de mestre emGeografia. Área de concentração:Dinâmica e Reestruturação do Território.

Orientador: Profº Dr. Luiz Antonio Cestaro (UFRN)

Co-orientadora: Profª Drª. Fátima Maria Soares (UFC)

Natal – RN

2006

José Lidemberg de Sousa Lopes

ZONEAMENTO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ – CEARÁ

Dissertação de Mestrado apresentada aoPrograma de Pós-Graduação e Pesquisaem Geografia da Universidade Federal doRio Grande do Norte, como requisitoparcial à obtenção do título de mestre emGeografia. Área de concentração:Dinâmica e Reestruturação do Território.

Dissertação apresentada e aprovada em ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Orientador: Profº Dr. Luiz Antonio Cestaro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN

___________________________________________________________________

1º Membro: Profº Dr. Paulo César de Araújo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

___________________________________________________________________

2º Membro: Profº Dr. José Levi Furtado Sampaio

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC

DEDICATÓRIA

Aos meus pais

Olívia Alves de Sousa e Antônio Praxedes Lopes (in memoriam),

DEDICO

Aos meus familiares e amigos, cujo apoio,carinho, amor e dedicação foramindispensáveis para a minha formaçãopessoal e profissional.

OFEREÇO

AGRADECIMENTOS

Ao SENHOR JESUS;

Ao pesquisador, amigo e orientador Profº. Dr. Luiz Antonio Cestaro, pela

confiança e ensinamentos importantes no decorrer do curso de Mestrado.

À pesquisadora, amiga e co-orientadora Profª.Drª. Fátima Maria Soares da

Universidade Federal do Ceará, pelo auxílio, amizade atenção dispensada

durante a realização deste trabalho;

Ao Profº. Dr. José Levi Furtado Sampaio da Universidade Federal do Ceará

pelas sugestões, ensinamentos e auxílios nesse trabalho;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia

pelos conselhos, ensinamentos constantes transmitidos;

Aos funcionários do PPGE, pelo auxílio e amizade no decorrer do curso;

A todos os colegas da Pós-Graduação, principalmente a amiga Marlene

Macário, Renato, Aribério, Raimundo;

À coordenadoria de Aperfeiçoamento de Ensino Superior (CAPES/CNPQ),

pela concessão da bolsa de estudos;

Aos meus pais Olívia Alves e Antônio Praxades Lopes (in memoriam), por

acreditarem na minha capacidade;

Aos meus amigos Vasco Robson, João Paulo, Adriano, Márcio,Jaqueline

Pinto, Jorge Cavalcante, Débora Marques, Elizete Américo, Francisca Maria

Teixeira Vasconcelos, Márcia Veras, Kátia Verônica, Elani, Evaldo Monteiro

Maia, Sandra Maria Pinheiro Barros, Dennys Jânio, Fabíola Abdala;

Especialmente grande amigo Edjango Lima Freitas;

A família Freitas (Erineuda, Edjalma, Eglaíne, Washigton);

A Damião e Adalberto, pelo companheirismo em terras desconhecidas;

Ao amigo Júnior e minha amiga Jade;

A família Coelho (Helena, Santos, Marcela e Mikaela);

A todos os condôminos do Condomínio Monte Carlo;

A Martha, Claúdia, Inácio, Edjane e outros que são tantos;

A família do Coronel José Soares e Francisca Soares, por ter me ajudado

nessa empreitada e árdua fase da minha vida;

A toda a população do Município de Aquiraz, que sempre me ajudaram nas

coletas de dados e informações a respeito do assunto dessa pesquisa;

A todos que colaboraram para realização e finalização desse trabalho.

“É preferível morrer de pé a passar a vida

inteira de joelhos”.

Emiliano Zapata

RESUMO

A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) é composta por treze municípios,destacando-se entre eles Aquiraz. O município possui uma excelente estânciabalneária e grande importância devido a seus aspectos socioculturais e históricos.Foi uma das primeiras vilas e primeira capital do Ceará, sendo fundada em 1699 esede administrativa da capitania do Siará-Grande até o ano de 1726. O crescimentourbano local, que vem ocorrendo de forma desordenada nas últimas décadas, emfunção, da inserção da indústria do turismo ao longo do litoral cearense, éincompatível com a baixa capacidade de suporte do meio natural, configurando-seinsustentável e degradante do meio ambiente. Considerando tratar-se de uma regiãoturística, este dado é preocupante, sendo necessária à adoção de um melhorcontrole quanto ao uso dos recursos naturais da região. O zoneamento ambientalneste trabalho é planejar de forma adequada o uso do solo baseado na gerência dosinteresses e das necessidades sociais e econômicas em consonância com apreservação do meio ambiente e as características naturais do município. O mesmoé um instrumento amplo de planejamento onde são analisados diversos atributossociais, ambientais, econômicos e institucionais, para promover alternativas de uso eocupação do solo para a reestruturação do município. O método de pesquisautilizado para atingir o objetivo pretendido englobou o mapeamento de unidadesambientais e outros temas ( geológico/geomorfológico e uso e ocupação das terras)a partir de imagens de satélites LANDSAT e SPOT e fotografias aéreas e asobreposição de mapas, além de dados secundários, obtidos em órgãos públicos,bibliografia e dados primários, obtidos junto à população local. Tais procedimentosfacilitaram na confecção de mapas de localização, geológico/geomorfológico, de usoe ocupação do solo e o de zoneamento ambiental para analisar a dinâmica e ofuncionamento de cada unidade ambiental do município de Aquiraz que se encontrano mapa síntese deste trabalho. Como resultado deste trabalho foi confeccionado omapa de zoneamento ambiental de Aquiraz, o qual foi dividido em cinco unidadesambientais e suas restrições de uso e ocupação a seguir: Unidade I - PlanícieLitorânea (Zonas com sérias restrições à ocupação); Unidade II - Planície Sub-litorânea (Zona Imprópria à ocupação); Unidade III - entre Tabuleiro Pré-Litorâneo eDepressão Periférica (Zona Imprópria à ocupação); Unidade IV - Reserva Extrativistado Batoque (Zona utilizada mais sob controle em sua ocupação) e Unidade V -Planície Fluvial - Localidades dos índios Jenipapo-Kanindé/Localidade Quilombolas(Zonas utilizadas mais sem regulamentação oficial). Com proposição nas unidadesambientais acima se espera que haja uma redução da degradação ambiental eproteção da biodiversidade local do município de Aquiraz no Estado do Ceará.

Palavras-Chaves: Zoneamento Ambiental – Unidades Ambientais – Usos e

Ocupações da terra.

ABSTRACT

The Metropolitan Region of Fortaleza (RMF) is composed by thirteen cities, where iscall the attention of Aquiraz. The city has a excellent resort area and a big importancein socioculture and historics aspects. It was one of the first village of Ceará, and itwas founded in 1699, with was also the capital of the state until 1726. The urbanlocal development has been disorganized in the last decades, the fact is, insert ofturismon in its coast, and it is unable with alow capacity of the natural suppots,configuring unsustainable and et environment ambience. Considering as a turisticregion, it is preoccupy, been necessart to create a better control of the nature of theregion by the users. The environmental zoning in this work it is to plan of adequateform the use of the ground based in the management of the interests and the socialand economic necessities in accord with the preservation of the environment and thenatural characteristics of the city. The same is one great instrument planning whereuse to be analized in differents ways: social, ambiental, economical and institucional,and promove alternatives of use and occupation of the land to recreate the city. Themethodo used to get the real objective, englobed zonal maps in ambiental unitiesand others themes (geologic/geomorphologic) since than the images from satelitiesLANDSAT and SPOT and fotografies under position of maps, secundaries listes getsin publics department, bibliographie, informations by the local populations. Thisprociduries mede easy to create maps, geologic/geomorphologic, of use andoccupation the earth and the environmental zoning to analize the dynamic and theworking of each ambiental unity of the city Aquiraz wich is located by map of this job.As a result of this job was confectionated the environmental zoning map of Aquirazwich was divided in five ambiental unities and restrictions areas of occupation: unit I –Littoral Plain (zoning with serious restrictions to the occupation); unit II – Sub-LittoralPlain (improper zoning to the occupation); unit III – between tray zoning Pré-Littoraland Peripheral Depression (improper zoning to the occupation); unit IV – Strativismreserve of the plug (zoning used more under control in its occupation) and unit V –Fluvial Plain – Localities of the Indians Jenipapo-Kaninde/ locality Quilombolas(zoning used more without official regulation). With proposal in the ambient unitsabove one expects that it has a reduction of the ambient degradation and protectionof the local biodiversity of the city of Aquiraz in the State of the Ceará.

KEYWORDS: Environmental Zonig – Ambient Units – Uses and Occupations of theland

LISTA DE FIGURAS

página

FIGURA 1 - Gráfico das Séries Históricas Pluviométricas em Aquiraz

entre os anos de 1975/2004

29

FIGURA 2 - Mapa Geológico/Geomorfológico de Aquiraz/CE 33

FIGURA 3 - Esquema do Perfil Longitudinal da Planície Litorânea de

Aquiraz/CE

35

FIGURA 4 - Vista Panorâmica da Praia do Iguape em Aquiraz/CE 36

FIGURA 5 - Acessos e Localização das Praias de Aquiraz/CE 37

FIGURA 6 - Afloramento Granítico na faixa de Praia de Barro Preto em

Aquiraz/CE

38

FIGURA 7 - Exemplos de Bermas na Prainha no Município de

Aquiraz/CE

38

FIGURA 8 - Paisagem do Campo de Dunas do tipo Barcanas na

localidade da Prainha em Aquiraz/CE

39

FIGURA 9 - Visão das Planícies Flúvio-marinhas/Rio Pacoti-Limite entre

Fortaleza e Aquiraz/CE

41

FIGURA 10 - Vista da Lagoa do Batoque na RESEX em Aquiraz/CE 41

FIGURA 11 - Lagoa do Catú na Planície Fluvial do Município de

Aquiraz/CE

42

FIGURA 12 - Laguna do Maceió: Área de Lazer para a população da

localidade da Prainha em Aquiraz/CE

43

FIGURA 13 - Mapa de Localização do Município de Aquiraz/CE 46

FIGURA 14 - Gráfico do Percentual da População Urbana nos Distritos de

Aquiraz/CE

47

FIGURA 15 - Gráfico do Percentual da População Rural nos Distritos de

Aquiraz/CE

47

FIGURA 16 - Divisão Político-Administrativo de Aquiraz/CE 48

FIGURA 17- Vista da “front” da Igreja Matriz de São José de Ribamar na

sede do Município de Aquiraz/CE

49

FIGURA 18 - Museu Sacro de São José de Ribamar na sede do

Município de Aquiraz/CE

49

FIGURA 19- Mercado da Carne na sede do Município de Aquiraz/CE 49

FIGURA 20 - Conjunto de Prédios na Prainha Nova em Aquiraz/CE 52

FIGURA 21 - Vista Lateral da Praia do Presídio no Município de

Aquiraz/CE

54

FIGURA 22 - Barraca “Energia Erótica” em Barro Preto – Aquiraz/CE 55

FIGURA 23 - Visão Aérea da Comunidade de Batoque – Aquiraz/CE 56

FIGURA 24 - Vista Parcial da Lagoa da Encantada – Aquiraz/CE 57

FIGURA 25 - Gráfico do Percentual dos tipos de atendimentos de saúde

em Aquiraz/CE

60

FIGURA 26 - Gráfico do Percentual das Unidades de saúde ligadas ao

SUS em Aquiraz/CE

61

FIGURA 27 - Gráfico do Percentual dos profissionais de saúde em

Aquiraz/CE

62

FIGURA 28 - Gráfico do Percentual de alunos matriculados em

Aquiraz/CE

63

FIGURA 29 - Gráfico do Percentual do Número de Estabelecimentos de

Ensino em Aquiraz/CE

64

FIGURA 30 - Gráfico do Percentual do Número de Docentes em

Aquiraz/CE

65

FIGURA 31 - Gráfico do percentual do Tamanho das Propriedades Rurais

em Aquiraz/CE

66

FIGURA 32 - Gráfico do percentual das categorias dos produtores rurais

em Aquiraz/CE

67

FIGURA 33 - Gráfico do percentual da Utilização das Terras em

Aquiraz/CE

68

FIGURA 34 - Gráfico do percentual da Produção Agrícola em Toneladas

de 1995/96 e 2002 em Aquiraz/CE

69

FIGURA 35- Gráfico do percentual dos Tipos de Rebanhos existentes em

Aquiraz/CE

70

FIGURA 36 - Trabalho Artesanal – Rendeiras em Prainha no Município de

Aquiraz/CE

73

FIGURA 37- Representantes dos Quilombolas no Município de

Aquiraz/CE

75

FIGURA 38- Mapa de Uso e Ocupação da terra de Aquiraz/CE 77

FIGURA 39- Vista Panorâmica do Complexo Beach Park Suítes Resort

em Aquiraz/CE

78

FIGURA 40 - Aerogeradores da Usina Eólica no Município de Aquiraz/CE 79

FIGURA 41- Segundas residências na Praia do Porto das Dunas em

Aquiraz/CE

80

FIGURA 42 - Adensamento Residencial desordenado em Aquiraz/CE 80

FIGURA 43 - Esgoto Clandestino na Foz do rio Maceió na Localidade de

Prainha em Aquiraz/CE

82

FIGURA 44 - Resíduos Sólidos expostos a Céu aberto no Município de

Aquiraz/CE

82

FIGURA 45 - Mapa de Zoneamento Ambiental do Município de

Aquiraz/CE

86

LISTA DE QUADROS

página

QUADRO 1 - Zoneamentos Previstos/Não Previstos pela Legislação

Brasileira (2004)

22

QUADRO 2 - Indústrias Instaladas em Aquiraz/CE (1999) 74

QUADRO 3 - Rede de Hospedagem de Aquiraz/CE (2006) 74

QUADRO 4 - Problemas Sociais/Econômicos/Ambientais/Culturais e

Estruturais do Município de Aquiraz/CE (2006)

83

QUADRO 5 - Zoneamento ambiental do município de Aquiraz/CE (2006) 87

LISTA DE TABELAS

página

TABELA 1- Séries Históricas Pluviométricas em Aquiraz entre os anos

de 1975/2004

29

TABELA 2- Distribuição da População Urbana e Rural nos Distritos do

município de Aquiraz/CE (2000)

45

TABELA 3- Tipos de Atendimentos de Saúde no município de

Aquiraz/CE(2002)

60

TABELA 4- Unidades de Saúde Ligadas ao SUS em Aquiraz/CE

(2002)

61

TABELA 5- Profissionais da Saúde em Aquiraz/CE (2002) 62

TABELA 6- Número de Alunos Matriculados em Aquiraz/CE (2003) 63

TABELA 7- Número de estabelecimentos de Ensino em Aquiraz/CE

(2003)

64

TABELA 8- Número de Docentes em Aquiraz/CE (2003) 65

TABELA 9- Tamanho das Propriedades Rurais em Aquiraz/CE (2004) 66

TABELA 10- Condição do Produtor Rural em Aquiraz/CE (1995/96) 67

TABELA 11- Utilização das Terras em Aquiraz/CE (1995/96) 68

TABELA 12- Produção Agrícola em Toneladas(t) em Aquiraz/CE

(1995/96 – 2002)

69

TABELA 13- Tipos de Rebanhos Existentes em Aquiraz/CE (1995/96) 70

TABELA 14- Espécies de Pescado(t) – em Aquiraz/CE (2003) 72

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA – Área de Preservação Ambiental

COELCE – Companhia Energética do Ceará

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

EIA – Estudos de Impactos Ambientais

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUNAI – Fundação Nacional do Índio

FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IJF – Instituto Dr. José Frota

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional

PDDU – Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

PRODETUR – Programa de Desenvolvimento do Turismo

PSF – Programa Saúde da Família

RESEX – Reserva Extrativa

RIMA – Relatório de Impactos Ambientais

RMF – Região Metropolitana de Fortaleza

SEMACE – Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Ceará

SUS – Sistema Único de Saúde

TELEMAR – Companhia Telefônica

UVA – Universidade Estadual Vale do Acaraú

ZEE – Zoneamento Ecológico Econômico

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................17

2 REFERÊNCIAIS TEÓRICOS .................................................................................19

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..............................................................26

4 ASPECTOS GEOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ...........................28

5 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ.......................44

5.1 SEDES DISTRITAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ..........................................48

5.1.1 Sede de Aquiraz.............................................................................................48

5.1.2 Camará............................................................................................................52

5.1.3 Caponga da Bernarda...................................................................................53

5.1.4 Jacaúna...........................................................................................................53

5.1.4.1 Praia do Presídio .........................................................................................53

5.1.4.2 Praia do Barro Preto ....................................................................................54

5.1.4.3 Praia do Batoque .........................................................................................55

5.1.4.4 Praia do Iguape................................. ..........................................................56

5.1.5 João de Castro...............................................................................................57

5.1.6 Justiniano de Serpa.......................................................................................58

5.1.7 Patacas............................................................................................................58

5.1.8 Tapera..............................................................................................................59

5.2 INFRA-ESTRUTURA BÁSICA, SERVIÇOS E ATIVIDADES

ECONÔMICAS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ ..................................................59

5.2.1 Saúde ..............................................................................................................59

5.2.2 Educação ........................................................................................................63

5.2.3 Estrutura Fundiária ........................................................................................66

5.2.4 Pesca e Artesanato .....................................................................................71

5.2.5 Comércio, Indústria e Turismo ..................................................................73

6 PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ.................76

7 ZONEAMENTO AMBIENTALDO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ............................85

8 RESULTADOS....................................................................................................90

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................94

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas do século XX, o meio ambiente surge como um campo

do conhecimento dedicado ao estudo da economia da natureza ou das relações dos

seres vivos com o meio em que vivem. Problematizando a questão ambiental

através do uso da equação recurso-escassez, esta vertente atribui aos elementos da

natureza uma utilização econômica e coloca o controle e a proteção dos recursos

naturais como a principal via de resolução dos problemas ambientais.

Nestes termos, o meio ambiente constitui-se, teoricamente, num recurso da

natureza não passível de apropriação individual, já que dele depende, direta ou

indiretamente, o bem de uso comum. Entretanto, devido aos múltiplos jogos de

interesses, no seio da sociedade, que muitas vezes vão de encontro à idéia de bem

coletivo, os recursos naturais passam a ser objeto de apropriação privada e uso

diverso. Assim, torna-se necessário reconhecer além do meio ambiente, o território

municipal como campo de tensão permanente entre interesses individuais e

coletivos. Os interesses individuais podem ser caracterizados como sendo aqueles

que orientam ações e práticas nas quais prevalece à lógica do uso particular dos

bens públicos. Estes modos de uso dos recursos naturais podem acarretar danos ao

meio ambiente, afetando sua disponibilidade para outros segmentos da sociedade e

incorrendo em prejuízo ao uso comum dos bens públicos em questão. Por outro

lado, existem interesses que são expressões do caráter público do meio ambiente e

seus porta-vozes defendem a permanência e disponibilidade dos bens ambientais

coletivos. A sustentabilidade do uso desses recursos, para garantir a sobrevivência e

qualidade de vida da sociedade, é um dos princípios básicos que se vinculam a esta

corrente.

Pode-se afirmar que todos os problemas ambientais são formas de conflitos

sociais entre interesses individuais e coletivos, envolvendo a relação natureza x

sociedade. Então, travam-se, ao redor de problemas dessa magnitude, confrontos

entre atores sociais que defendem diferentes pontos de vista para gestão dos bens

coletivos de uso comum, seguindo lógicas próprias a cada um deles. Em resumo,

18

pode-se afirmar que durante o processo de confrontação entre interesses opostos,

configuram-se os conflitos socioambientais, e da relação confronto – negociação

entre atores sociais - resultam os mecanismos de coordenação que permitem a

regulação desses conflitos.

O município de Aquiraz, no Estado do Ceará, nas últimas décadas, está se

modificando rapidamente, pois o uso e ocupação das terras, realizados de maneira

desordenada com seus múltiplos fatores de ordem social, ambiental e gerencial,

estão acarretando problemas ambientais, que são agravados pela fragilidade

ambiental encontrada na área de estudo. Torna-se necessário, portanto, dotar a

sociedade de instrumentos eficientes para um uso do solo racional, de maneira a

reduzir impactos de toda ordem.

O zoneamento ambiental vem fortalecer o Plano Diretor do município, bem

como sua utilização em função da fragilidade ambiental da porção mais

intensamente ocupada no município, que é a zona litorânea, constituída de praias,

dunas, áreas alagadas e alagáveis, ambientes bastante instáveis e susceptíveis ao

desequilíbrio ambiental, processo acelerado pela urbanização desordenada.

2 REFERENCIAL TEORICO METODOLÓGICO

Zoneamento é a identificação e a delimitação de unidades ambientais em um

determinado espaço físico, segundo suas vocações e fragilidades, acertos e

conflitos, determinadas a partir dos elementos que compõem o meio planejado. Seu

resultado é a apresentação de um conjunto de unidades, cada qual sujeita às

normas específicas para o desenvolvimento de atividades e para a conservação do

meio (Santos, 2004).

Isso demonstra que o zoneamento é um instrumento amplo de planejamento

onde são analisados diversos atributos sociais, ambientais, econômicos e

institucionais, para propor alternativas de usos para a reestruturação dos territórios

que tem por finalidade, definir uma nova visão institucional do sistema nacional de

planejamento.

Para Santos (op.cit, p. 132), o zoneamento...

é a compartimentação de uma região em porções territoriais, obtidas pela avaliaçãodos atributos mais relevantes e de suas dinâmicas. Cada compartimento éapresentado como uma “área homogênea”, ou seja, uma zona (ou unidade dezoneamento) delimitada no espaço, com estrutura e funcionamento uniforme. Cadaunidade tem, assim, alto grau de associação dentro de si, com variáveis solidamenteligadas, mas significativa diferença entre ela e os outros compartimentos. Issopressupõe que o zoneamento faz uma análise por agrupamentos passíveis de serdesenhados no eixo horizontal do território e numa escala definida.

Esse conceito expressa claramente o significado de um zoneamento em uma

determinada área, mostra que o planejador deve (re)conhecer, detalhadamente, a

organização espacial em sua totalidade.

Ainda Santos (2004, p. 133), diz que o zoneamento é, antes de tudo, um

trabalho interdisciplinar predominantemente qualitativo, mas que lança mão do uso

de análise quantitativa, dentro de enfoques analíticos e sistêmicos. O enfoque

analítico refere-se aos critérios adotados a partir do inventário dos principais temas,

enquanto que o enfoque sistêmico refere-se à estrutura proposta para a integração

dos temas e aplicação dos critérios, resultando em síntese do conjunto de

informações.

Alguns autores e órgãos conceituam zoneamento através de conceitos

jurídicos e técnicos diferentes, mas os mesmos com um fim específico: delimitar

20

geograficamente áreas territoriais com o objetivo de estabelecer regimes especiais

de uso, gozo e fruição da propriedade.

Conforme Ab’Saber (1987), o zoneamento exige uma série de entendimentos

prévios e a sua aplicação ou utilização em um determinado espaço geográfico exige

método, reflexão e estratégias específicas. Para aplicação dos conceitos de

zoneamento em uma determinada área é necessário o conhecimento

multidisciplinar, pelo fato de pretender identificar as potencialidades específicas ou

preferenciais de cada subárea do território em estudo.

Para Carneiro e Coelho (1987, p.38), o zoneamento é

Um instrumento para ordenação de subespaço, que emerge basicamente de umconjunto de intenção e atitudes que, contratado com a dinâmica dos processosnaturais e sociais ocorrentes no mesmo, vão permitir a obtenção de princípios eparâmetros relativos à sua utilização. Tais princípios e parâmetros conduzirão àformulação de normas e procedimentos a uma adequada articulação de meios, nosentido de discriminar espaços a utilizar e não utilizar.

Ainda Leite (1991, p.87), todo zoneamento

É um instrumento poderoso de fornecimento de informações úteis ao processo degestão do território [...] indiretamente é um instrumento de apropriação seletiva doespaço, pois ao caracteriza-lo, definindo suas formas de uso, estará beneficiandosomente aqueles que possuem condições financeiras de arcar com taisdeterminações. Por suas tradições regionais e/ou por baixa renda, dificilmentepoderão cumprir com o estabelecido pelo resultado do processo de zoneamento.

Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1996), o zoneamento

geoambiental compõe da análise interdisciplinar, através de sucessivos níveis de

síntese, segundo relação de causas e efeitos dos diversos componentes do sistema

tais como: condicionantes climáticos, atributos estruturais, litológicos,

geomorfológicos, pedológicos e comunidade vegetais.

Santos (2004) ressalta que, sob o ponto de vista metodológico, o zoneamento

geoambiental baseia-se na teoria de sistemas; zoneamento ecológico é

desenvolvido a partir do conceito das unidades homogêneas da paisagem; o

zoneamento agrícola define zonas a partir da determinação das limitações das

21

culturas, exigências bioclimáticas e riscos e perdas de produção agrícola; o

zoneamento agropedoclimático trabalha sob a abordagem integrada entre variáveis

climáticas, pedológicas da manutenção da biodiversidade; zoneamento

agroecológico, pela aptidão agrícola e limitações ambientais, tanto para o meio rural

como florestal; zoneamento urbano industrial destinado à localização de

empreendimentos define zonas de acordo com a viabilidade técnica, econômica e

ambiental de obras civis e o zoneamento do Estatuto da Terra tem a função de

analisar a potencialidade e fragilidade do meio para suportar usos e tipos específicos

de empreendimentos ou atividades, do ruído e relação aos prováveis danos à saúde

(Lei 4504 de 30/11/64, Decreto 55. 891 de 31/03/65 e 68. 153 de 01/02/71).

Ainda para Santos (op.cit.), o zoneamento ecológico-econômico serve para

subsidiar a formulação de políticas territoriais em todo o País, voltadas para a

proteção ambiental, para a melhoria das condições de vida da população e a

redução dos riscos de perda de capital natural, estabelecendo zonas de

planejamento a partir da avaliação sistêmica dos elementos socioeconômicos e dos

fundamentos jurídicos e institucionais. O resultado é a elaboração de normas de uso

e ocupação da terra e de manejo dos recursos naturais sob a perspectiva

conservacionista e de desenvolvimento econômico e social.

Segundo Becker (1991, p.96), o zoneamento ecológico-econômico (ZEE)

sintetiza a nova conjuntura de instabilidade: propõe uma nova forma de gestão doterritório, que busca tirar partido das diferenças espaciais liberalizando a competiçãodos estados, ao mesmo tempo em que tenta mantê-los sob o controle governamental,configurando a estratégia de integração competitiva do território no Brasil – Restasaber se a nova forma de gestão tende a ser mais democrática ou a manter oautoritarismo.

Observando o quadro abaixo (Quadro 1), verificamos exemplos de tipos de

zoneamentos previstos e não previstos pela Legislação Brasileira que comumente

são utilizados em planejamento ambiental para fins de zoneamento territorial.

22

QUADRO 1 - Zoneamentos previstos e não-previstos pela Legislação Brasileira

Previstos na Legislação Brasileira Não previstos na LegislaçãoBrasileira

Agroecológico Agrícola

Ambiental* Agropedoclimático

Ecológico-econômico* Climático

Estatuto da Terra Ecológico

Industrial Edafoclimático por cultura agrícola*

Ruído Geoambiental

Unidades de conservação (leiSNUC)*

Locação de empreendimentos

Urbano

Uso e atividades (GERCO)

( * ) Zoneamentos comumente utilizados em planejamento ambiental

Fonte: Santos, 2004.

Independentemente dos adjetivos associados, todos os zoneamentos têm um

resultado comum – a sua delimitação de zonas definidas por homogeneidade

determinada por critérios pré-estabelecidos. Eles se diferenciam na maneira de

expressar os objetivos e com suas metas principais, o que induz os caminhos

metodológicos bem distintos. Os planejadores e estudiosos devem priorizar os tipos

de zoneamento cujo resultado final seja a integração dos fatores que os compõem

para que se tenha um estudo adequado para o território de análise.

A proposta de zoneamento ambiental vem para subsidiar as normatizações

do Plano Diretor, pois este tem a finalidade de delimitar as áreas de utilização ou

restrição conforme as condições naturais do meio ambiente. No âmbito municipal, a

Constituição Federal de 1988 conferiu ao Poder Público competência para, através

do Plano Diretor, promover o adequado ordenamento territorial (zoneamento urbano)

mediante planejamento e controle de uso, do parcelamento e da ocupação do solo

urbano, visando a qualidade de vida da população.

Isso em outras palavras reforça que o zoneamento deve buscar a repartição

do território e a regulação dos usos dos recursos naturais que possibilitem a melhor

composição dos conflitos socioambientais.

23

Ainda Santos (2004, p. 135), define zoneamento ambiental como sendo uma área

que

Prevê preservação, reabilitação e recuperação da qualidade ambiental. Sua meta é odesenvolvimento socioeconômico condicionado à manutenção, em longo prazo, dosrecursos naturais e melhoria das condições de vida do homem. (Lei nº 6938 de31/08/1981)

Para se efetuar um zoneamento ambiental, que corresponde a delimitar áreas

de unidades homogêneas de paisagem, está implícita a concepção de meio

ambiente. Este corresponde às condicionantes naturais que propiciam a formação

das unidades de paisagens.

A Lei Federal Nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, conceitua Meio Ambiente como o conjunto de condições, leis, influências

e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida

em todas as formas.

Segundo Muniz (1999), meio ambiente é um conceito variável, elaborado

pelos sujeitos de acordo com as vivências sociais, culturais, políticas e econômicas

que estão imbricados num determinado tempo e espaço. Evidencie-se que o homem

transforma e é transformado nestas relações de vivências.

Para Reigota (1994, p. 14 ) meio ambiente é

o lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão emrelações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criaçãocultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meionatural e construído.

Christofoletti (2000) salienta que o meio ambiente é constituído pelos

sistemas que interferem e condicionam as atividades sociais e econômicas, isto é,

pelas organizações espaciais dos elementos físicos e biogeográficos (da natureza).

Os sistemas ambientais são os responsáveis pelo fornecimento de materiais e

energia aos sistemas socioeconômicos e deles recebem os seus produtos

(edificações, insumos, emissões, dejetos, etc).

Sendo este meio ambiente formado por troca de energia e matéria que foram

ativadas por forças endógenas e exógenas do planeta e impulsionadas por

processos naturais e sociais transformando-se constantemente, torna-se necessário

conhecê-los, identificar suas vulnerabilidades e fragilidades para fins de uso racional.

24

Daí o porque da efetuação de um diagnóstico cuja finalidade é conhecer quais

e como se formaram as paisagens naturais, que agentes sociais aturam as mudando

e quais problemas foram encontrados.

Sobre as bases conceituais de diagnóstico ambiental, existe certa escassez

de literatura, talvez seja por ser um tema ainda embrionário e específico que está

integrado aos estudos e relatórios de Impactos Ambientais.

Inicialmente o conceito de diagnóstico ambiental é utilizado em estudos

ambientais para fins de licenciamento, sendo abordado como capítulo integrante

obrigatório Trabalhos como EIA/RIMA. A resolução n°001/86 do CONAMA e o

Decreto n°99.274/90 dispõem sobre a obrigatoriedade da etapa do diagnóstico

ambiental, que deve fazer uma exposição da situação ambiental da área a ser

atingida pelo impacto antes da implantação do empreendimento, abrangendo os

aspectos dos meios físico, biológico e socioeconômico, a fim de permitir uma

avaliação eficiente dos efeitos impactantes do projeto proposto.

De acordo com Agra Filho (1993, p.11), o diagnóstico ambiental,

...consiste numa interpretação da realidade das condições ambientais, identificando adinâmica e processos que interferem na sua qualidade. Deve expressar aspotencialidades e as restrições estruturais e conjunturais do ambiente natural esocial, como também as tendências de sua evolução com o objetivo de fornecer ascondições de referência indispensáveis ao processo de avaliação pretendido.

Ainda, para a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de

Janeiro (1992), o diagnóstico ambiental pode ser definido como o conhecimento de

todos os componentes ambientais de uma determinada área para a caracterização

de sua qualidade ambiental. O diagnóstico ainda serve de base para o

conhecimento e o exame da situação ambiental, visando traçar linhas de atuação ou

tomar decisões para preservação, controle e correção dos problemas ambientais.

SUREHMA/GTZ (1992) diz que, em síntese, o objetivo do diagnóstico é o

“levantamento dos parâmetros dos meios físicos, meio biológico e socioeconômico,

[...], a fim de conhecer a situação ambiental atual servindo, portanto, como base para

estudar as diversas implicações que podem advir de qualquer atividade”.

Para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (1995), o diagnóstico ambiental deve englobar a análise do meio natural

e socioeconômico e suas interações. Devem ser analisados de forma “sistêmica,

considerando as características dos recursos naturais, especialmente no que se

25

refere às funções básicas de um ecossistema, englobando a produtividade,

capacidade de suporte, de informações e auto-regulação”.

Em planejamento, os impactos ambientais são compreendidos como toda

alteração perceptível no meio, que comprometa o equilíbrio dos sistemas naturais ou

antropizados, podendo decorrer tanto das ações humanas como de fenômenos

naturais.

Conforme Thomaziello (1999, p. 23), impacto ambiental é

Ação modificadora causada em um ou mais atributos ambientais num dado espaçoem decorrência de uma determinada atividade antropogênica. A existência ou não deimpactos ambientais está diretamente relacionada com o uso e ocupação da terra esua escala de abragência e magnitude estão relacionadas basicamente aosdeterminantes naturais e à forma como se dá a apropriação dos recursos naturaispelo homem.

A Resolução do CONAMA n°1/1986 considera que o impacto ambiental é

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria e energia resultante das

atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: (I) a saúde, a segurança e

o bem-estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV)

as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos

ambientais. “(art. 1°)

Agra Filho (1993) define impacto ambiental como os efeitos ocasionados por

uma ação ou atividade. Porém, segundo ele, nessas avaliações deve ser enfatizada

a noção de valoração que o tema expressa. Assim, a literatura especializada utiliza o

conceito de impacto ambiental para referir-se às alterações significativas no meio

ambiente em termos de juízo de valor, da magnitude e importância dos efeitos

ambientais. Acaba considerando impacto ambiental como “as alterações

significativas, benéficas ou adversas, produzidas nos ambientes naturais e

socioeconômicos, resultantes das atividades humanas”.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Por se tratar de um zoneamento ambiental, utilizou-se como ferramenta a

carta topográfica na escala de 1:100.000 do IPECE (1998), a mesma possibilitou

a elaboração de três mapas que representam as condições socioambientais da

região, sendo eles: mapa de localização, mapa geológico/geomorfológico e o

mapa de uso e ocupação das terras.

Através do método associado à abordagem qualitativa, onde o mais usual é

o de sobreposição de mapas, elaborou-se como resultado final o mapa síntese de

zoneamento ambiental do município de Aquiraz.

Conforme Santos (2004, p.136), o método de sobreposição de mapas

envolve

a identificação dos temas a serem abordados, a preparação de ummapa para cada tema, que represente sua variação na área de estudoe a geração do mapa final ou mapa síntese resultante dasobreposição dos mapas dois a dois. Numa estrutura de integração,esse método é representado pelos sucessivos cruzamentos bináriosque vão, passo a passo, compondo os mapas intermediários, atéresultarem no mapa final. A integração dos temas pode ser feitamanual ou automaticamente, utilizando, no segundo caso, um SIG.

Dentre os procedimentos técnicos utilizados destacaram-se a interpretação

de fotografias aéreas na escala de 1: 8000 resultantes do vôo realizado pela

SEINFRA de 1995, imagens de satélites LANDSAT TM/5, ano de 1996, bandas

4/5, e SPOT, 2002, ambas fornecidas pelo IPECE.

As confecções dos mapas temáticos compreenderam duas etapas, e cada

etapa suas fases. 1) ETAPA - Inicialmente foram esboçados croquis dos mapas,

esses manualmente no Laboratório de Fotogeografia do Departamento de

Geografia da Universidade Federal do Ceará e tiveram as seguintes fases. 1) fase

– Foram confeccionados os croquis dos mapas de localização e o

geológico/geomorfológico. Esses facilitaram uma análise mais apurada do

território, assim, como e onde, cada comunidade pode alocar-se e desenvolver

suas principais economias locais. O trabalho foi feito através da carta topográfica

do município 1:100.000, estereoscópios, papéis vegetais e grafites coloridos. 2)

27

fase - Após confecção desses primeiros croquis dos mapas de localização e o

geológico/geomorfológico, começou-se a ser sobreposto um a um, esse

procedimento foi feito para gerar o terceiro croqui do mapa o de uso e ocupação

das terras. Mapa esse, que serviu de base no estudo territorial para fins de uso

agrícola, urbano, sistema viário dentre outros. 3) fase - Nessa fase confeccionou-

se o croqui do mapa síntese, o de zoneamento ambiental, onde foram

sobrepostos os mapas anteriores e podem-se caracterizar as unidades

ambientais, suas unidades de relevo e as restrições de uso. 2) ETAPA – Os

croquis dos mapas confeccionados foram levados ao Laboratório de Cartografia

Digital do Departamento de Geografia da UFC, onde foram processados nos

softwares Microstation SE e Image Analyst (Versão Acadêmica). Optou-se para

confecção dos mapas do trabalho, escala de 1:200.000, para melhor detalhe e

análise dos componentes socioambientais que compõem o município de Aquiraz.

A etapa de campo foi imprescindível para a atualização das fontes cartográficas,

registros fotográficos e aplicação de entrevistas com a população local

(pescadores, rendeiras, aposentados, comerciantes, estudantes, empresários). O

tipo de entrevista utilizada foi à semidiretiva, com perguntas abertas e não muito

precisas, que não obedeceram uma ordem e que ajudaram o entrevistado a

responder ou não, da melhor forma possível e no tempo que achou melhor.

Os depoimentos proporcionaram a reconstituição do histórico dos vários

distritos e sede municipal, tendo sido direcionados para as transformações

paisagísticas, sociais, culturais, serviços, ritmo de crescimento das populações,

às modificações ambientais e suas alterações na vida local.

Através desses procedimentos, determinaram-se áreas que possuem

características diferenciadas através do grau das mudanças antrópicas da

paisagem e do nível socioeconômico de sua população representadas no mapa

de zoneamento ambiental.

Tais metodologias foram desenvolvidas com o intuito de permitir que o

poder público estadual e municipal direcione ações eficazes de desenvolvimento

local. Pôde-se estabelecer um prognóstico de provável evolução da paisagem,

projetando-se as tendências futuras de ocupação e expansões das formas de uso

e ocupação das terras do município de Aquiraz.

4 ASPECTOS GEOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ

A leitura e compreensão geoambiental de uma área passa pela concepção de

paisagem natural, em que, ao observar um determinado local da superfície terrestre,

percebem-se projeções de um passado e um presente de feições e de ambientes

que se formaram e se transformam constantemente. Esta percepção racionaliza-se

quando ao observar a paisagem, a identificamos como imbricados complexos de

agentes que atuam num processo dinâmico, mudando os ambientes. Concebendo,

portanto, a paisagem como unidade complexa, tendo em vista as intervenções da

natureza e sociedade, transformando-a continuamente.

Ao se fazer leitura da paisagem de uma área, o ambiente vislumbrado tem

como determinante a ação dos agentes atmosféricos, sendo estes, uns dos

responsáveis pelo retrabalhamento da crosta terrestre e de sua biodiversidade.

O clima é um dos componentes físicos de maior hierarquia para caracterizar e

ordenar as paisagens. Facilita o entendimento referente aos outros componentes,

sejam eles físicos ou bióticos. O estudo do clima busca esclarecer a influência desse

elemento na vida, na saúde, na distribuição e nas atividades humanas da área

planejada.

O clima é um dos fatores que influenciam na modificação do funcionamento dossistemas ambientais provocando uma reação em cadeia sobre os solos,principalmente, nas regiões tropicais onde a energia radiante é muito intensa,entretanto, o homem através de suas ações, é o principal responsável pelasmudanças no funcionamento dos sistemas e, esse mesmo homem tem a capacidadede contribuir para a recuperação e regulação, mediante a aplicação de meiostecnológicos, direcionamentos das decisões políticas e destinação de recursosfinanceiros (HURTADO; D’ACUÑA, 1980).

Alguns dados são levantados em função de especificidades locais, como a

caracterização de períodos de cheias e secas. Sempre que possível, o planejador

utiliza séries históricas de dados obtidos em postos pluviométricos e estações

meteorológicas espalhados pelo País. A literatura reconhece a necessidade de

utilizar pelo menos médias de 30 anos de registros contínuos. De acordo com a

tabela abaixo, analisou-se as séries históricas pluviométricas do município nos

últimos 30 anos (FUNCEME, 2004).

29

TABELA 1 – Séries Históricas Pluviométricas em Aquiraz entre os anos de1975/2004.

ANOS SECOS PLUVIOSIDADEmm/anuais

ANOS CHUVOSOS PLUVIOSIDADEmm/anuais

1976 1.362 1975 1.9501978 1.323 1977 1.9631979 1.086 1984 2.0451980 877 1985 2.8031981 1.045 1986 2.2061982 1.116 1988 1.9201983 556 1989 1.7691987 1.176 1991 1.4591990 998 1994 2.3011992 858 1995 1.6531993 431 2000 1.8041996 1.385 2001 1.4891997 1.102 2002 1.7861998 719 2003 1.8991999 932 2004 1.647

Fonte: Funceme -2004

197

7

-

1.

963

198

4

-

2.

045

198

5

-

2.

803

198

6

-

2.

206

198

8

-

1.

920

198

9

-

1.

769

199

4

-

2.

301

199

5

-

1.

653

200

0

-

1.

804

200

1

-

1.

489

200

2

-

1.

786

200

3

-

1.

899

200

4

-

1.

647

1999

-

9

32

1998

-

7

19

1997

-

1

.102

1996

-

1

.385

1993

-

4

31

1992

-

8

58

1990

-

9

98

1987

-

1

.176

1983

-

5

56

1982

-

1

.116

1981

-

1

.045

1980

-

8

77

1978

-

1

.323

1976

-

1

.362

1979

-

1

.086

197

5

-

1.

950

199

1

-

1.

459

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

1975

1977

1984

1985

1986

1988

1989

1991

1994

1995

2000

2001

2002

2003

2004

PL

UV

IOS

IDA

DE

mm

/an

uai

s

ANOS SECOS ANOS CHUVÓSOS

FIGURA 1: Gráfico das Séries Históricas Pluviométricas em Aquiraz entre os anosde 1975/2004.

30

Com base na tabela 1 e figura 1 pode observar que os anos considerados

secos estão abaixo da média de 1.422 mm/ano, mas o que chama atenção são os

anos onde a pluviosidade anual chega a índice igual ao ocorrido no semi-árido,

como é o caso de 1993, com 431 mm/ano, ano de ocorrência do fenômeno El Ñino,

o mesmo ocorrendo em 1983, com 556 m/ano. Quando se observam os dados

referentes aos anos chuvosos, destacam-se os anos de 1984 com 2.045 mm/anuo e

1994 com 2.301 mm/ano, anos de ocorrência de La Ñina (Funceme, 2004). Tais

ressalvas fazem-se importantes tendo em vista Aquiraz ser um município litorâneo

que recebe influência de vários mecanismos da atmosfera como temperatura

elevada, umidade, pressão atmosférica, radiação solar, insolação e ventos. Daí ter

uma pluviosidade acima do índice determinado como de semi-aridez e apresenta

regularidade no período das chuvas, com índice de coeficência de variância de

38,57.

Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Recursos Hídricos (1992 apud

PDDU (1999), a temperatura média do município está em torno de 27º C, a umidade

relativa do ar é de 78%, o tempo de insolação 269,4 dias/ano, com velocidade média

anual dos ventos de 3,6km/h, sendo estes fracos no período das chuvas que vai de

dezembro a abril, e fortes no período de estiagem entre os meses de maio a

novembro).

O município de Aquiraz é formado por sedimentos coluviais, aluvionais e

praiais depositados entre os períodos Tércio-Quaternário e Quaternário.

A sazonalidade e ciclicidade das chuvas são condicionantes importantes

quando da ação dos ventos na costa, pois no período primavera-verão, a redução da

umidade do ar e a predominância dos ventos alísios de Sudeste vão transportar os

sedimentos praiais para o continente, moldando e remodelando formações dunares,

bem como a linha de praia.

Com base na estrutura que forma as unidades geomorfológicas do Ceará,

SANTOS et al. (1972); classificou para o Estado do Ceará cinco (5) Domínios

Morfológicos e o subdividiu em 10 compartimentos de Relevo, discriminados abaixo:

O Domínio do Litoral inclui as Planícies Costeiras e os Tabuleiros sobre

sedimentos de “Barreiras”;

O Domínio das Depressões Interplanálticas e Depressões Periféricas referem-

se às partes rebaixadas das Superfícies Sertanejas;

31

O Domínio das Planícies Aluviais inclui trechos alargados dos vales principais;

O Domínio dos Planaltos Isolados, Superfícies de Planaltos dissecados em

morros e patamares, e Superfícies de Planaltos dissecados em cristas

estruturais;

O Domínio dos Planaltos Sedimentares inclui os compartamentos de Relevo

Cuestiformes e Platôs, de Relevos Sedimentares dissecados e de Superfícies

Conservados de Planaltos, capeada por detritos ou laterizadas.

MOREIRA & GATTO (1981) e PRATES et al. (1981) propuseram uma

classificação morfo-estrutural para o Estado do Ceará dividindo-o em: Planície

Litorânea, Tabuleiros Litorâneos; Superfície Sertaneja; Planaltos Residuais e

Planalto da Ibiapaba. Com base nessa classificação, pode-se entender a morfologia

e os tipos de rochas que cobrem o território administrativo do Estado.

Essa classificação serviu de base para SOUZA (1988) efetuar uma nova

classificação morfo-estrutural para o Ceará distinguindo três Domínios:

Planícies e Terraços Fluviais, correspondentes aos depósitos sedimentares

do Cenozóico;

Chapadas e Planaltos, correspondentes aos sedimentos das Bacias

Sedimentares Paleo-Mesozóicas, como a Chapada do Araripe, Chapada do

Apodi, Planalto da Ibiapaba – Serra Grande;

Escudos e Maciços antigos, correspondentes aos terrenos cristalinos Pré-

cambrianos, que formam os Planaltos Residuais e a Depressão Sertaneja.

A classificação morfo-estrutural de Souza (1988) permitiu a SAADI: &

TORQUATO (1992) redimensionar a distribuição morfológica para o Estado do

Ceará, tendo como base as rochas que deram origem às formas. Tais dados

possibilitaram efetuar uma classificação para o embasamento cristalino em duas

unidades morfo-estruturais:

A unidade resultante de uma complexa distribuição espacial de estruturas

geológicas em rochas de natureza ígneo-metamórfica do Pré-cambriano,

formadas por três blocos estruturais que foram submetidos a diversos eventos

orogenéticos e epirogenéticos, desencadeando dobramentos, falhamentos,

32

fraturamentos e zonas de cisalhamento, com direção NE-SW, associados às

feições dos Planaltos Sertanejos e dos Maciços Residuais;

A outra unidade é resultante de eventos tectônicos-estruturais, no sentido

NW-SE, onde se formaram as Depressões Sertanejas, fortemente associadas

a processos erosivos.

O município de Aquiraz, em sua maior parte, está localizado no Tabuleiro Pré-

litorâneo que aflora próximo ao litoral e é formado por patamares escalonados

recuados entre 50 a 200 metros da praia, no sentido NE-SW, acompanhando o

sistema de falhas que corta o Estado do Ceará. Ao longo da costa, observam-se

descontinuidades topográficas, ocasionadas por mudança eustática de

soerguimento e rebaixamento da crosta, identificada quando dos níveis mais

elevados dos afloramentos dos sedimentos da Formação Barreiras ou quando seu

nível está bem próximo ao do mar. Ao longo do litoral de Aquiraz, a entrada de

sedimentos praiais no continente, nos trechos rebaixados, ocorre acompanhando o

posicionamento do tabuleiro e se fixam quando se deparam com os contatos entre

os patamares. Nesse nível as dunas são móveis e ao penetrarem o continente

estende-se em um cordão de dunas fixas, coberta por uma vegetação arbustiva

densa; evidência de que sua formação ocorreu no pretérito, em condições climáticas

similares às atuais e que a topografia era próxima ao nível do mar da época, mas

que foi soerguida, encontrando-se hoje em níveis mais elevados.

Foram identificadas no município de Aquiraz as seguintes unidades

geossistêmicas: (1) Depressão Periférica Úmida, (2) Planície Sub-Litorânea; (3)

Planícies Litorâneas e (4) Planícies Fluviais, cuja distribuição pode ser observada na

Figura 2.

(1) Depressão Periférica Úmida – Essa unidade geossitêmica é formada de

estrutura do embasamento cristalino e a crosta foi submetida a movimentos de

epirogêneses, soerguimento e rebaixamento da crosta formando esses tipos de

depressões. As porções da depressão a barvalento são úmidas e nelas as rochas ao

se intemperizarem formaram associações de solos, Latossolos Vermelho-amarelos e

Neossolos Quartzarênicos Eutróficos (EMBRAPA, 1999), onde floresce vegetação

de caatinga arbustiva, que apresenta como espécies mais características pereiro

(Aspidosperma pyrifolium), juazeiro (Zyziphus joazeiro), jurema-preta (Mimosa

33

tenuiflora), pau-branco (Astroneum arundeuva), pinhão-bravo (Jatropha pohliana),

entre outras espécies. Nas planícies de inundação se intercalam extensas áreas de

carnaúbais (Copernicua prunifera) (PEREIRA & SILVA, 2005).

(2) Planície Sub-Litorânea – É formada por sedimentos originários de rochas do

embasamento cristalino e esses sedimentos são de origens coluvionais e aluvionais

que se depositaram em patamares paralelo a linha de costa, obedecendo ao

controle estrutural das falhas, delimitando esses depósitos com os sedimentos que

formam o litoral. No município, tais depósitos foram submetidos à movimentação

eustática de orogênese, que em alguns trechos da costa estão em um nível pouco

acima do mar. Em outros trechos, a descontinuidade topográfica eleva-se em

patamares que ao entrar no continente modifica a paisagem, como se observa em

trechos da localidade da Prainha de Aquiraz. No Porto das Dunas, os desníveis

topográficos estão mascarados pela formação de um extenso cordão dunar fixo,

enquanto na comunidade do Iguape, erguem-se dunas posicionadas em arco e que

foi no passado o limite da costa sobre estas formações. A presença dos cordões de

sedimentos da Formação Barreiras aponta que no pretérito as regressões e

transgressões marítimas provocaram rebaixamento da plataforma continental,

aumentando a extensão das praias. Posteriormente teve reinício o deslocamento

dos sedimentos praiais para o interior do continente, formando as dunas móveis,

ainda hoje em processo de formação. Observa-se nas praias de Prainha, Iguape e

Barro Preto o posicionamento das paleodunas direcionadas a SW e as mais

recentes para NE, acompanhando os fraturamentos ocorridos no Quaternário. Os

solos que cobrem esta área são Latossolos Vermelho-amarelos (EMBRAPA, 1999),

onde florescem mofumbo (Combretum leprosum), jurema (Mimosa sp.), emarmeleiro

(Croton sp.) (PEREIRA & SILVA, 2005) e que também são utilizados no plantio

agrícola.

(3) Planície Litorânea – É formada por sedimentos praiais transportados pelos

ventos que deram origem às praias ou estirâncio, recifes graníticos, bermas, pós-

praias, dunas, planícies flúvio-marinhas e lagoas.

Estudos realizados por Villes et al. (1995) indicam que a origem das planícies

litorâneas está relacionada ao suprimento de areia, corrente de deriva litorânea,

variação do nível do mar durante o Quaternário Recente.

34

Praias ou estirâncio – São definidas por perfis intermediários com variação de

morfologias evidenciadas a cada subida de maré e mudanças do ângulo de ataque

das ondas. Existe uma série de definições do que seja um ambiente praial, costa,

litoral ou estirâncio, porém a terminologia de praia é adotada como a que

corresponde à faixa de praia de terras emersas e submersas que vai do nível

máximo de influência das marés alta (pós-praia) até a zona onde ocorre à

movimentação de sedimentos pelas ondas (anti-praia). (Bird, 1996).

As praias são consideradas pela Lei Federal nº 7.661, de 16 de maio de 1968,

no seu Art. 10º, como “bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado,

sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido,

ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou

incluídos e áreas protegidas por legislação específica”.

As praias são também conhecidas como estirâncio ou zona inter–maré e

situam-se entre o nível médio da maré alta, estando limitadas superiormente pelas

bermas ou falésias. (Figuras 3 e 4)

Figura 3: Esquema do Perfil Longitudinal da Planície Litorânea de Aquiraz

35

Figura 4: Vista Panorâmica da Praia do Iguape em Aquiraz/Ce

Ao longo do município de Aquiraz, as praias que formam a faixa litorânea

são: Porto das Dunas, Prainha, Presídio, Iguape, Barro Preto e Batoque. (Figura 5)

Essas feições da Planície Litorânea, citadas anteriormente, têm maior extensão nas

praias com feições retas e inexistentes nas curvas de enseadas entre pontais, como

a observada no Iguape. Neste trecho, a ação abrasiva do mar corta uma duna móvel

esculpindo uma berma de 1 metro e após a Ponta do Iguape chega a 50 cm, a partir

deste ponto para o interior do continente o nível vai aumentando em torno de 7 m do

nível do mar sob forte ação dos ventos carreando sedimentos para o continente.

As praias, quanto à morfologia, podem ser de três tipos com relação à ação

das ondas: reflectivas, intermediárias e dissipativas. No município de Aquiraz,

dependendo de vários fatores como as estações do ano, pluviosidades, ventos

dentre outros.

As praias reflectivas são normalmente constituídas de sedimentos mais

grosseiros, a inclinação mais forte faz com que a arrebentação ocorra próximo à

linha de costa e o espraiamento das águas se dá com muita energia, ocasionando a

reflexão quando as frentes de onda são oblíquas, decompondo-se em duas

correntes: uma longitudinal paralela à costa, outra, de retorno, perpendicular às

mesmas, encontradas esses tipos de praias no Porto das Dunas e Iguape.

Já as praias intermediárias são aquelas que se situam entre praias reflectivas

de baixa e as praias de energia mais alta, denominadas, dissipativas. A principal

36

característica deste tipo de praia é a presença da zona de surfe com barras e

riflados e a formação de quatro estados de praia: praias de terraços de maré baixa,

praias de barras e riflados (rips) transversais, praias e barras rítmicas e praia de

barras e cavidades longitudinais, sendo as praias do município que possuem tais

características as da Prainha e Presídio.

Outros tipos de praias encontradas em Aquiraz são as dos tipos dissipativas,

formadas de sedimentos mais finos, com inclinação mais suave de modo que as

ondas arrebentem distante da costa, dissipando energia. As praias com esses

elementos encontrados na área são as de Barro Preto e Batoque.

Figura 5:

Acessos e Localização das Praias de Aquiraz/Ce

Recifes – São formações graníticas que afloram no mar, praia ou estirâncio. Podem

ser originários de corais, sedimentos da Formação Barreiras consolidadas e

ferruginosas e afloramento de rochas cristalinas. Na costa cearense, o substrato

rochoso do cristalino, por estar próximo à superfície, aflora no litoral, como

encontramos a partir da Ponta do Iguape e se estende para as praias subseqüentes

à de Barro Preto, onde se verifica nitidamente esse tipo de formação.(Figura 6)

Fon

te:

PD

DU

-Aq

uira

z/19

99

37

Figura 6: Afloramento Granítico na faixa de Praia de Barro Preto em Aquiraz/Ce

Bermas – feições litorâneas que apresentam uma seção transversal triangular, com

a superfície de topo horizontal ou em suave mergulho em direção ao continente e a

superfície frontal com mergulho acentuado em direção ao mar atual.

O Corpo de Engenharia da Costa do Exército Americano-USACE (1992)

conceitua berma como “uma parte da praia ou pós-praia aproximadamente

horizontal formada pelo depósito de materiais sob ação das ondas”. Em algumas

praias não existem bermas e em outras pode haver mais de uma como é o caso de

Prainha e Iguape. (Figura 7)

Figura 7: Exemplo de Bermas na Prainha no Município de Aquiraz/CE

38

Pós-praia – são formações arenosas que aparecem logo após a praia ou estirâncio,

essa feição encontra-se fora de alcance das ondas e mares normais, e somente é

alcançada pela água quando da ocorrência de marés muito altas ou tempestades.

Nesta região formam-se terraços denominados dunas e planícies flúvio-marinhas.

Dunas- são elevações do terreno decorrentes de deposição de sedimentos praiais

carreados pelos ventos. No caso do litoral de Aquiraz, as dunas se formam em

alguns trechos logo após a linha de estirâncio. Os sedimentos vão se depositando

sobre os patamares da Formação Barreiras que se escalonam em níveis cada vez

mais elevados. (Figura 8)

Figura 8: Paisagem do Campo de Dunas do tipo Barcanas na Localidade da Prainhaem Aquiraz/Ce

Segundo Branco; Lehugeur e Campos (2003) podem ser identificados as

seguintes dunas no município de Aquiraz: transversais, barcanas, cristas

barcanóides, parabólicas, dômicas e sombra.

Transversais - situadas próximas à linha da costa, são encontradas na praia

do Iguape;

Barcanas - podem ser encontradas na Prainha, em área plana, situadas

sobre um campo dunas anterior;

39

Cristas Barcanóides - são pequenas dunas que se formam a sotavento das

dunas recentes situadas mais próximo do litoral, sob ação dos ventos diretos

encontrada defronte à praia do Iguape;

Parabólicas - são dunas com nível topográfico um pouco acima do nível do

mar em processo continuo de sedimentação, encontradas na Ponta do Iguape

e Batoque;

Dunas Dômicas - são formações circulares que se mantém fixada por

vegetação, em grande parte por murici e mandacaru, tendo sido parte dos

sedimentos carreado pela ação dos ventos. Esse tipo de estrutura é

percebido em trechos ao longo da praia do Iguape sentido Prainha;

Dunas Sombra - pequenas formações piramidais que se acumulam por cima

de dunas pré-existentes e se posicionam conforme a direção dos ventos. São

encontradas sobre as dunas do Porto das Dunas.

Planícies Flúvio-marinhas - são as superfícies planas de um estuário, que se

situam entre o nível médio da maré de sizígia e o nível médio da maré alta

equinocial. Essas planícies têm suas formações originárias do fluxo e refluxo das

marés. Estando a planície a um nível mais baixo que a do mar, tal característica

permite que as águas do oceano se unam com as de um rio e ao se misturarem

proporcionam a formação do ecossistema estuarino na foz de rios, com o

florescimento de manguezais. Com isso, encontramos nesse ambiente uma

homogeneidade de vidas aquáticas e terrestres que sobrevivem nesse tipo de

ecossistema. Os tipos de solos que encontramos nessa planície são

Indiscriminados Costeiros (EMBRAPA, 1999), onde se desenvolvem mangues

vermelhos (Rhizophora mangle) mangues brancos (Laguncularia racemosa),

mangues pretos (Avicennia germinans)(PEREIRA & SILVA, 2005). São evidenciados

mangues na foz do rio Pacoti, o qual serpenteia as Dunas do Porto das Dunas,

áreas limítrofes entre os Municípios de Fortaleza e Aquiraz. (Figura 9)

40

Figura 9: Visão das Planícies Flúvio-marinhas / Rio Pacoti, limite entre Fortaleza eAquiraz

Lagoa – No município de Aquiraz encontra-se a lagoa do Batoque, que recebe

influência das marés, formada pelo represamento de um riacho. Este manancial,

anteriormente foz deste riacho, hoje soterrado, deu lugar a um cordão dunar,

atualmente em processo bastante ativo. Ao longo da linha de estirâncio ressurgem

manguezais fossilizados, indicando a área da antiga foz.

Em torno do riacho que alimenta a Lagoa do Batoque, área equivalente a

601,5ha, pertencente à Marinha, instalou-se uma comunidade local formada por

pescadores-agricultores. Nesse local criaram a Reserva Extrativista do Batoque

(RESEX), decreto federal nº 4.340 de 22/08/2002. (Figura10)

Figura 10: Vista da Lagoa do Batoque na RESEX em Aquiraz/Ce

41

(4) Planície Fluvial - formada por sedimentos aluviais que foram depositados ao

longo dos interflúvios, na planície de inundação e nas margens. Corta o município o

rio Pacoti, Lagoa do Catú e Iguape, e por pequenos riachos que são utilizados pela

atividade agrícola, e em localidades fixadas ao longo desses recursos hídricos.

Nessa planície, desenvolvem-se Neossolos Flúvicos Distróficos (EMBRAPA, 1999)

em que floresce vegetação de carnaúba (Copernícia pruniifera) (PEREIRA & SILVA).

(Figura 11)

Figura 11: Lagoa do Catú na Planície Fluvial do Município de Aquiraz/Ce

Laguna – A Laguna do Maceió (Figura 12) se encontra na foz do riacho Catú

localizado entre as praias da Prainha e Presídio. Este manancial é utilizado tanto

para pesca como para prática de esportes náuticos, jet-ski, kite-surf, Wind-surf,

skybunda, atrativos oferecidos aos visitantes de ambas as praias. A população da

Prainha utiliza a área para obter uma renda extra, pois muitas famílias às margens

da laguna implantaram barracas de praia, onde são ofertados, para a população de

poder aquisitivo menor, comidas e bebidas com um custo acessível que as outras

barracas da praia.

42

Figura 12: Laguna do Maceió-Área de Lazer para população da Prainhaem Aquiraz/Ce

Pode-se observar que em Aquiraz, duas das quatro unidades geossitêmicas

ganham destaque na paisagem. As quatro unidades são: Depressão Periférica

Úmida, Planície Sub-Litorânea, Planícies Litorâneas e Planícies Fluviais. A Planície

Litorânea se destaca por suas belezas cênicas das praias, coqueirais e campo de

dunas e a Planície Fluvial por sua contribuição na economia local da população do

município.

5 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ – CE

Com base nas informações fornecidas pela Enciclopédia dos Municípios

Brasileiros (IBGE, 1959) - o município de Aquiraz foi a primeira vila da capitania do

Ceará, criada por ordem do El-Rei de Portugal em 13 de fevereiro de 1699. Em

1700, foi instalada a nova Vila no núcleo de Fortaleza que se deslocou no ano de

1701 para Barra do Ceará. Em 1710, a vila de Aquiraz passa a se chamar de São

José do Ribamar. No início de 1711, a sede da comarca foi transferida para

Fortaleza. A então localidade São José de Ribamar em 30 de janeiro de 1711 é

transferida para localidade de Aquiraz, estabelecendo-se em 1713. Nesse período,

instalaram forasteiros e comerciantes que aportavam por mar ou por terra vindo de

outras plagas inclusive do interior da comarca.

Na Província do Ceará, a primeira comarca foi criada por Provisão Régia de

08 de janeiro de 1723, sendo desanexada da Província paraibana. Em 1726, parte

das terras da vila de Aquiraz foi doada à igreja, conforme documento de doação

datado de 14 de março de 1727. Em 18 de janeiro de 1760, o termo de litígio

define as áreas territoriais das comarcas de Fortaleza e Aquiraz. Em 05 de junho

de 1891, a comarca de Aquiraz é anexada a de Cascavel, com base no decreto nº

196.

Faziam parte do território administrativo de Aquiraz em 1911 os distritos de

Aquiraz, Iguape e Morará. A partir de 27 de julho de 1916, conforme a Lei

Estadual de n.º 1258, a vila passa a ser considerada como cidade. Em 04 de

setembro de 1933, o decreto Estadual de n.º 1156 retorna Aquiraz a qualidade de

vila com divisão territorial constituída pelos distritos: Eusébio, Jacaúna, Lagoa

Seca, Olho d’Água e Telha. Em 31 de março de 1938, o decreto Estadual nº 169

desanexa o distrito de Olho d´Água, retornando Aquiraz a categoria de cidade em

20 de dezembro deste mesmo ano. No ano seguinte, conforme decreto nº 448, o

município estava formado pelos seguintes distritos: Aquiraz, Eusébio, Jacaúna, e

Justiniano de Serpa. Em 23 de junho de 1947, o art. 22 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias restaurou a comarca, sendo referendada pela Lei n.º

213, de 09 de junho de 1948.

Somente em 1973, o município foi incorporado a Região Metropolitana de

Fortaleza (RMF), compreendendo os municípios de Fortaleza, Aquiraz, Caucaia,

Maranguape e Pacatuba. A organização do território municipal é alterada com a

45

emancipação do distrito de Eusébio (1987) e a criação dos distritos: Camará,

Caponga da Bernarda, Patacas e Tapera. Posteriormente o espaço metropolitano

se reestrutura com os novos municípios de Eusébio, Maracanaú desmembrado de

Maranguape, Guaiúba e Itaitinga desmembrado de Pacatuba.

Aquiraz, localizado no litoral leste do Estado, pertencente à Microrregião de

Aquiraz, possui área territorial de 471 km² , situado a 3º 54’ 05” de Lat. E 38º 23’

28” de Long (IPECE, 2000), limitando-se a norte com o município de Eusébio, ao

sul com o município de Pindoretama e Cascavel, a leste com oceano Atlântico e a

oeste com o município de Itaitinga. (Figura 13)

A população municipal segundo censo IBGE (2000) é de 60.469 habitantes,

sendo 54.682 na área urbana e 5.787 na zona rural. A tabela 2 e figuras 14 e 15

abaixo mostram os valores e percentuais da distribuição da população urbana e

rural do Município de Aquiraz, como também, os distritos com seus respectivos

valores.

TABELA 2 - Distribuição da População Urbana e Rural nos Distritos domunicípio de Aquiraz/CE no ano de 2000

LOCALIDADES URBANA % RURAL %Aquiraz- Sede 20.085 36,74 - -Camará 7.408 13,55 1.472 25,44Caponga da Bernarda 1.304 2,38 1.198 20,70Jacaúna 6.088 11,14 - -João Castro 5.122 9,36 - -Justiniano de Serpa 4.762 8,70 3.117 53,86Patacas 3.247 5,94 - -Tapera 6.666 12,19 - -Total 54.682 100 5.787 100

Fonte: IBGE(2000)

A tabela 2 acima e as figuras 14 e 15 indicam uma concentração

populacional na área urbana das localidades. Em termos percentuais, Camará,

Caponga da Bernarda e Justiniano de Serpa possuem a densidade demográfica

na zona rural maior que a zona urbana. A sede de Aquiraz concentra toda sua

população na área urbana, correspondente a 36,74%, onde neste, estão inclusas

as populações dos redutos praianos Porto das Dunas e Prainha, os quais são

prolongamentos da Sede do Município. As demais localidades litorâneas: Presídio,

Iguape, Barro Preto e Batoque pertencem ao distrito de Jacaúna onde sua

população é considerada urbana.

47

37%

14%2%11%

9%

9%

6%

12%

Aquiraz - Sede

Camará

Caponga daBernarda

Jacaúna

João de Castro

Justiniano deSerpa

Patacas

Figura 14:Gráfico do Percentual da População Urbana nos Distritos de Aquiraz/CE

Figura 15: Gráfico do Percentual da População Rural nos Distritos de Aquiraz/CE

25%

21%

54%

Camará

Caponga da Bernarda

Justiniano de Serpa

48

5.1 SEDES DISTRITAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ

O município de Aquiraz possui, na sua porção territorial, a Sede Distrital e

sete distritos: Câmara, Caponga da Bernarda, Jacaúna, João de Castro,

Justiniano de Serpa, Patacas e Tapera.(Figura 16).

Figura 16: Mapa de Divisão Político-Administrativa de Aquiraz/CE

5.1.1 SEDE DE AQUIRAZ

A sede municipal, em seu perímetro central, situa-se a Praça Matriz

"Cônego Araripe", a qual tem traço de missão jesuítica. Nas áreas adjacentes

dessa praça, encontram-se as principais edificações de interesse histórico-

arquitetônico do local. Entre elas podemos citar a Igreja Matriz de São José de

Ribamar, construída no século XVIII; a antiga Casa de Câmara e Cadeia iniciada

no século XVIII e concluída no ano de 1877. Atualmente o prédio sedia o Museu

Sacro São José de Ribamar, fundado em 1967, sendo considerado o primeiro

Museu Sacro do Ceará e o segundo do Norte-Nordeste; o Mercado da Carne

século XIX, outrora centro comercial da cidade, impressionando o visitante pela

particular técnica de construção, a qual prima pelo uso da carnaúba e do tijolo

adobe; a Casa do Capitão-Mor, conhecida também como Casa da Ouvidoria,

nome do primeiro núcleo judiciário do Ceará. (Figuras 17, 18 e 19)

FO

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PD

DU

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QU

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Z/1

999

49

Figura 17: Vista da “front” da Igreja Matriz de São José de Ribamar-Aquiraz/CE

Figura18: Museu Sacro São José de Ribamar/Aquiraz/CE

Figura 19: Mercado da Carne na Sede de Aquiraz/CE

50

A sede do municipal conta com aproximadamente 20. 085 hab IBGE (2000),

onde se desenvolve todo tipo de serviço de que a comunidade necessita, com

uma melhor infra-estrutura, proporcionando a população local melhor qualidade de

vida, com 93% da sede distrital possuindo saneamento básico, água e esgoto na

maioria das casas; coleta sistemática de lixo realizada pela prefeitura; no setor

educacional a população é atendida nas duas esferas, onde estão contidos dentro

da Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e médio), juntamente

com núcleos do Ensino Superior (UVA).

No setor terciário há predominância do segmento comercial. São fortes os

vínculos mercantis com a cidade de Fortaleza, para onde escoa a produção

agrícola e artigos industrializados, importando, desta, produtos manufaturados. As

principais mercadorias nos fluxos comerciais de Aquiraz são os produtos de

gêneros alimentícios, artigos de vestuário, material para construção em geral,

veículos, peças e acessórios.

Devemos salientar que a sede municipal possui um prolongamento para a

comunidade de Prainha. Localidade litorânea que desenvolve atividade econômica

primária, a pesca. Inicialmente o povoado se constituía de poucas casas e alguns

sítios erguidos entre os patamares de falésias que se erguem paralelas à faixa

litorânea.

A vila de pescadores começou a ser edificada por volta de 1930, com

contingente populacional oriundo do interior do Estado e municípios vizinhos. O

marco da ocupação foi a construção da capela de Nossa Senhora dos

Navegantes, espaço utilizado para atividades sacras, culturais e reuniões sociais

da comunidade.

Com o aumento da população surge o comércio, mercearias que

abasteciam os moradores com gêneros alimentícios de primeira necessidade,

feijão, farinha, arroz, mas a comercialização do pescado era realizada na sede do

município, levado em lombo de jumento ou a pé.

Na metade de 1940, o litoral do município seguiu o mesmo destino de

Fortaleza, sendo indicado para tratamento dos doentes com tuberculose, como

local de clima propício para convalescença desses pacientes e tal fato propiciou a

chegada de novos moradores.

51

Os cientistas locais vão se interessar pela qualidade do clima, construindo umquadro conceitual referenciador das condições de salubridade do Ceará e de suaimportância no tratamento da tuberculose (DANTAS, 2002).

Em 1950, segundo o Senhor Raimundo de Oliveira (70 anos), morador da

Prainha, “nesse período a praia começa a ser ocupada pelas primeiras casas de

veraneio e daí por diante a localidade que era apenas uma vila de pescadores

passa a servir a outros tipos de população”.

Nas décadas de 1960 e 1970 havia mais de 20 casas na proximidade da

Prainha, nesse período começam a ser implantadas as primeiras infra-estruturas e

serviços da localidade: iluminação pública, estradas, posto de saúde, escola. Ao

longo da praia são erguidas as primeiras barracas, para atendere as demandas

dos veranistas que passaram a freqüentar a praia nos finais de semana.

A localidade começa a se expandir no final da década de 1970 e início dos

anos 1980, sendo seus espaços ocupados na seguinte distribuição: a área de

praia ocupada pelas barracas; o pós-praia ocupado pelos primeiros moradores,

denominada “Prainha Antiga”. Nesta área estão instalados a colônia de

pescadores, o centro comercial, o centro das rendeiras, clubes locais, escolas e

alguns outros equipamentos urbanos que atendem à população.

No centro da área ocupada, nos escalonamentos dos patamares do

tabuleiro litorâneo, instalaram-se populações que migraram dos municípios

vizinhos, os arruamentos se interligaram ao anteriormente existente, onde residem

os denominados “nativos”. A tipologia das casas não difere dos outros pequenos

povoados do interior cearense.

As moradias dos pescadores e dos sertanejos que para o litoral se

deslocaram são, na sua maioria, de taipa, dividida em uma pequena sala, quarto,

cozinha e banheiro que são construídos nos quintais. Com o aumento do poder

aquisitivo da população da Prainha, gerada pela indústria do turismo, alguns

moradores investiram em seus imóveis, melhorando o padrão da construção,

reconstruindo-as com tijolos, erguendo varandas e instalando o banheiro dentro de

suas casas.

O traçado orgânico de vias estreitas e tortuosas, característico de uma

ocupação voluntária, é observado na Prainha Antiga e em seu prolongamento

mais recente este trecho que constitui o centro urbano da localidade, instalaram-

se pequenos comércios e algumas residências de veranistas.

52

A localidade conta com uma população de 7.500 votantes, mas sem

representante na Câmara dos Vereadores, o que deixa este bairro apenas a

mercê da boa vontade do poder central do município.

À direita e à esquerda do povoamento, onde se encontram as primeiras

moradias, estão às residências dos veranistas, condomínios, hotéis, pousadas,

restaurantes, contingentes populacionais sazonais que freqüentam a praia nos

feriados, férias, em especial na alta estação. Os imóveis foram edificados em

terrenos loteamentos e segue um traçado paralelo a praia.(Figura 20)

Figura 20: Conjunto de Prédios na Prainha Nova/Aquiraz/CE

5.1.2 CAMARÁ

Localidade criada em 1988, pela Lei Municipal n°11.469. O acesso se faz

pela BR 116, a partir de via secundária. A estrada é formada de pedra tosca, mas

em um pequeno trecho já se encontra asfaltada, o que facilita a locomoção de

veículos e pedestres na localidade.

O distrito, que conta com aproximadamente 8.800 habitantes IBGE (2000),

é uma das comunidades mais populosas do município. Nessa localidade se

verificou uma melhor condição de vida, principalmente em relação ao padrão

construtivo das casas, todas de alvenaria.

A infra-estrutura e serviços desse distrito ainda são precários, não

possuindo sistema de água e esgoto, e a coleta seletiva de lixo atende duas vezes

por semana. O sistema educacional é formado por uma escola de ensino

53

fundamental dividida em Pré-Escolar, Ensino Fundamental I e II. Alunos, que irão

para o Ensino Médio, só encontrarão escolas de nível médio na sede municipal ou

em Fortaleza. Em relação à saúde, não se diferencia dos demais serviços, pois a

localidade possui um posto de saúde, que funciona três vezes por semana

atendendo casos mais simples de clínicos geral, e outros diagnósticos mais

graves, o profissional de saúde encaminha os pacientes para o hospital da sede

ou capital do Estado.

5.1.3 CAPONGA DA BERNARDA

Criado no ano de 1988, pelo Decreto de Lei municipal nº 11. 474 esse

distrito fica ao sul do município. A principal via de acesso desta comunidade é a

Estrada da Coluna. As estradas secundárias não são adequadas para transportes

pesados. No período chuvoso, a localidade fica praticamente isolada do restante

do município.

Com uma população de 2.502 hab IBGE (2000), o marco da comunidade é

a Igreja de São Francisco, em torno da qual situam-se os equipamentos de maior

porte como escolas, posto de saúde, centro social, posto de correios, delegacia

sindical da Caponga da Bernarda, estádio de futebol e clube para diversão da

população.

5.1.4 JACAÚNA

Com 6.088 hab IBGE (2000), esse distrito localiza-se na zona litorânea do

município. O mesmo está composto pelas praias do Presídio, Barro Preto,

Batoque e Iguape, sendo esta última a sua sede. A área apresenta uma maior

potencialidade natural como belas praias e manguezais que estão passando por

desordenado processo ocupacional de seu território.

5.1.4.1 Praia do Presídio

A praia do Presídio dista 17 km da sede de Aquiraz. O acesso se dá pela

CE-040, entrando numa estrada antes da “bica do Iguape”. A via principal é

54

pavimentada de pedra tosca, em piçarra em razoável estado de tráfego. Destaca-

se por seu passado histórico onde serviu de prisão para os holandeses e por suas

construções modernas. Possui hotéis, pousadas e restaurantes. A faixa de praia

caracteriza-se por declividade suavemente plana, ocupada basicamente por

residências de veraneio. Não há barracas ao longo da orla. A região é dotada de

posto da Telemar e mercearia. O traçado regular caracteriza os sistemas viários,

que ainda não está bem estruturado: apenas a via principal recebeu pavimentação

e outras vias secundárias ainda são de barro batido e com pedras toscas. (Figura

21)

Figura 21: Vista Lateral da Praia do Presídio no Município de Aquiraz/CE

5.1.4.2 Praia do Barro Preto

A localidade do Barro Preto (Figura 22) dista 20km da Sede de Aquiraz e

3km do Iguape. O acesso se dá por uma via em pedra tosca, a partir do Iguape. A

origem do nome deste lugar é proveniente do processo, ocorrido no passado, em

função da mistura do resto de rochas (as quais eram compostas pela ação do

tempo) com restos de matéria orgânica, formando um barro com uma tonalidade

preta.

Na localidade existe uma escola de ensino fundamental I e II e um posto de

saúde, inaugurado no ano de 2004. Além destes equipamentos institucionais,

conta ainda com mercadinhos, pousadas, camping e barracas de praia.

55

Figura 22: Barraca “Energia Erótica” em Barro Preto/Aquiraz/CE

5.1.4.3 Praia do Batoque

A comunidade do Batoque (figura 23) localiza-se no município de Aquiraz, a

54 km de Fortaleza, no Estado do Ceará. Limita-se ao Norte com o Oceano

Atlântico, ao Sul com o município de Pindoretama, ao Leste com a área de

Proteção Ambiental do Balbino, no município de Cascavel, e ao oeste com a

comunidade do Barro Preto, município de Aquiraz. O acesso é feito a partir da Ce

040, rodovia estadual com pavimentação asfáltica até o município de

Pindoretama. De Pindoretama ao Batoque, percorre-se 12 km, por uma estrada

vicinal sem pavimentação.

As famílias do Batoque são constituídas em média de quatro pessoas,

perfazendo um contingente populacional de 456 indivíduos entre crianças, jovens

e adultos. Os responsáveis pelas famílias são quase sempre adultos na faixa

etária de 43 anos. Frente à ótica do ensino formal, a comunidade possui

escolaridade mínima. Muitos dos membros da comunidade, todavia, trazem em

suas experiências de vida uma sabedoria elaborada que lhes possibilita a

construção de conhecimentos, a capacidade crítica de problematizar a sua

realidade e intervir sobre ela.

56

A população de Batoque é constituída por pescadores artesanais,

agricultores, pescadores-agricultores, caracterizados como população tradicional,

que dependem economicamente do setor primário (extrativismo vegetal e animal,

pesca e agricultura de vazantes.) Essas atividades têm papel fundamental para a

fixação das pessoas na comunidade.

Figura 23: Visão Aérea da Comunidade do Batoque/Aquiraz/CE

5.1.4.4 Praia do Iguape

A praia do Iguape, histórica e famosa por sua beleza natural, sendo mais

freqüentada principalmente em épocas de férias, carnavais e finais de semana.

Possui dunas fixas com densa vegetação, manguezal, dunas móveis próximas à

praia de onde se descortina todo o distrito. Situada na enseada formada pelas

dunas da ponta do Iguape, cobertas por densa vegetação em cuja base existem

bicas de água doce, contornando um grande lagamar. Abriga núcleo de

pescadores e ancoradouro.

Além da faixa de praia, encontram-se algumas áreas com graves

problemas decorrentes da especulação imobiliária acelerada, áreas como a do

Riacho da Caponga Funda, limite dos municípios de Aquiraz e Cascavel, estão em

constante processo de especulação e em alguns pontos do riacho se verifica

processo de assoreamento. Outro local que devemos fazer alusão é a Lagoa da

Encantada, onde habita a tribo indígena Jenipapo-Kanindé. Essa tribo merece

Fon

te:

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w.g

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57

destaque no município devido, pois se encontra o primeiro cacique feminino do

Brasil - Maria de Lourdes da Conceição Alves que foi escolhida para liderar a tribo

dos Jenipapo-Kanidé, em 1995. (PDDU, 1999).

A tribo que antes ficara sem cacique, com a morte do anterior, e com vários

conflitos de terra quase foi dizimada, entregou seu destino à Pequena, como ela é

mais conhecida. Pequena, com muita luta, conseguiu reduzir o isolamento da tribo

em relação à sociedade e aos próprios integrantes de outros povos indígenas. A

tribo produz artesanato, como bordados em toalhas de mesa, colares. (Figura 24)

Figura 24: Vista Parcial da Lagoa da Encantada - Aquiraz/CE

5.1.5 JOÃO DE CASTRO

Criado pela Lei municipal nº 66 do ano de 1995, foi desmembrado do

distrito Sede. Situa-se a sudoeste da CE-040, a partir de onde, através de vias

secundárias, faz-se o acesso à localidade de Tapuio, núcleo central do distrito. Os

equipamentos públicos que a comunidade possui são escolas, igrejas e centro

comunitário.

A população de 5.122 hab IBGE (2000) comercializa através de mercearias,

botecos e outros meios, onde se compram mercadorias para o consumo de

subsistência. Encontramos também uma usina de beneficiamento de Granito

(Grandon) e algumas olarias, cujo principal produto é a cerâmica.

58

5.1.6 JUSTINIANO DE SERPA

Localizado na porção sudoeste de Aquiraz sendo, portanto, uma área

pouco ocupada. Em relação às vias de acesso é quase desprovida de

equipamentos destinados ao tráfego de passagem de veículos e pedestres. A

principal via de acesso é a estrada de Croata – Justiniano de Serpa, todo o

sistema viário da região é bastante precário.

A história da localidade está ligada a seguinte atividade econômica: a

agropecuária. Inicialmente o povoado se constituía de uma casa grande e de 05

casas dos moradores da fazenda.

Conforme o Senhor Raimundo Silva (72 anos). “A localidade era chamada

de Lagoa Seca e a mesma pertencia ao Sr. Manuel Cocó, que, na época, era um

dos proprietários mais prósperos da região. Em 1888 ele cedeu à Paróquia de

Aquiraz uma área de sua propriedade para a construção de uma pequena igreja.

Em 1910 houve a primeira missa em Lagoa Seca. Nessa época a localidade já

tinha um comércio com mercadoria em geral”.

O distrito foi criado em 1933 pelo Decreto Municipal nº 1.156, com

população de aproximadamente 7.879 (IBGE, 2000), encontramos equipamentos

públicos como posto de saúde, posto de correios e escolas. Na igreja de Nossa

Senhora da Conceição construída no final do século XIX, em seus lindeiros,

encontra-se um pequeno conjunto de casas.

5.1.7 PATACAS

É o distrito mais próximo da sede de Aquiraz, estando, assim, na sua área

de influência. Trata-se da localidade mais adensada, tendo sido dotada de

serviços de abastecimento d’água em sua via principal.

Esse distrito que teve sua criação em 1988, com a Instituição Legal de nº

11.470, possui uma população de aproximadamente 3.247 habitantes (IBGE,

2000).

O acesso à sede distrital faz-se por via que parte da CE-040. Ao longo

desta rodovia, estão localizados os principais equipamentos institucionais como

escolas, posto de saúde, posto policial, posto de telefonia, além da Igreja Nossa

Senhora de Fátima.

59

Na sede do distrito encontramos vários mercantis, bares, restaurantes, além

de uma feira livre onde muitos populares instalam sua barracas para vendas de

produtos em geral.

5.1.8 TAPERA

Esse distrito localiza-se entre a Sede municipal e Jacaúna, com uma

população de 6.666 habitantes (IBGE, 2000), e sua criação data de 1988 pelo

Decreto Municipal nº 11.471.

O acesso para esse distrito faz-se através de uma via secundária a partir da

estrada que vai para a praia do Iguape. Nessa localidade encontramos um

pequeno centro comercial e de serviços, assim como equipamentos institucionais

como igrejas e escolas. Esse distrito possui uma infra-estrutura melhor que os

demais, como a pavimentação na via principal, a qual permite deslocar-se a outras

localidades.

5.2 INFRA-ESTRUTURA BÁSICA, SERVIÇOS E ATIVIDADES ECONÔMICAS

DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ – CE

5.2.1 Saúde

Entre os serviços oferecidos pelo governo municipal, nos quais se referem à

saúde, os sete distritos e a sede, segundo dados do IPECE (2002), 19,23% dos

tipos de atendimentos no município são realizados nos Postos de Saúde, cujos

equipamentos estão instalados em 5 distritos (Jacaúna, Tapera, Justiniano de

Serpa, Câmara e Sede municipal). Em três distritos (Jacaúna, Tapera e Sede

municipal), a população recebe atendimento nos Centros de Saúde, que são

unidades maiores. O serviço realizado pelo Programa de Saúde da Família

representa 46,15% de todo o atendimento do município. O PSF presta serviços de

cadastramentos e encaminhamentos médicos. Conforme dados apresentados na

tabela 3 e figura 25 abaixo, pode-se constatar que o município dispõe de um

precário serviço médico-hospitalar, uma vez que as 26 unidades de atendimentos,

supostamente devem atender a uma população de 54.682 habitantes. Esse baixo

60

número de unidades de atendimento à população é um indicativo do precário

serviço de saúde e o deslocamento para centros maiores, no caso especifico para

Fortaleza, compromete os serviços da capital.

TABELA 3 –Tipos de Serviços de Saúde no Município de Aquiraz/CE noano de 2002

Tipos Serviços Nº Unidades %Posto de Saúde 5 19,23Centro de Saúde 3 11,53Ambulatório 1 3,84Policlínica 1 3,84Consultórios médico/odontológico

2 7,69

Outros 1 3,84Programa de Saúde daFamília

12 46,15

Hospitais 1 3,84Total 26 100

Fonte: IPECE-2002

19%

12%

4%

4%

8%4%

45%

4%

Posto de Saúde

Centro de Saúde

Ambulatório

Policlínica

Consultórios médico/odontológico

Outros

Programa Saúde daFamília

Hospitais

Figura 25: Gráfico do Percentual dos tipos de atendimentos de Saúde deAquiraz/CE

A tabela 4 e a figura 26 demonstram os tipos de unidades de Saúde

ligadas ao Sistema Único de Saúde que atendem a população do município.

61

Cerca de 76,92% das unidades de saúde, ligadas ao SUS, encontram-se sob a

responsabilidade do município, 3,84% do Estado, bem como sindical, e 7,69% por

instituições filantrópicas. Essas unidades são basicamente clínicas médicas que

atendem seus associados e os casos mais graves de cirurgias mais delicadas são

encaminhados ao IJF, que é o hospital de referência no Estado, que se localiza

em Fortaleza. Isso mostra a precariedade do serviço público de saúde do

município, o qual encontra-se defasado, ou seja, merecendo melhor atenção por

parte das autoridades das três esferas políticas: Federal, Estadual e Municipal.

TABELA 4 - Unidades de Saúde ligadas ao SUS no Município de Aquiraz/CE noano de 2002

Unidades de Saúde Nº das unidades %Municipal 20 76,92Estadual 01 3,84Filantrópica 22 7,69Sindical 01 3,84Outras 02 7,69Total 26 100

Fonte: IPECE-2002

Figura 26: Gráfico do Percentual das Unidades de Saúde ligadas ao SUS emAquiraz/CE

Para complementar o setor de saúde (tabela 5 e figura 27), o município

conta com 15,38% de seus profissionais, os quais são médicos que atendem uma

76%

4%

8%

4%8%

Municipal

Estadual

Filantrópica

Sindical

Outras

62

população de 54.682 hab., ou seja, 1.012 hab. por profissional, número elevado de

pacientes para serem acompanhados pelo mesmo. Como conseqüência desse

excesso de pacientes por médico, os atendimentos se precarizam e, portanto,

vários destes pacientes são transferidos para outras cidades. Entre esses

profissionais, faz-se ressalva os agentes comunitários de saúde, que representam

33,33% do efetivo, sendo que cada agente atende uma população de 467,36

pessoas. O trabalho desenvolvido por estes profissionais são cadastramentos,

encaminhamentos, orientações e controle nas campanhas de saúde pública,

resultando na formação de um acompanhamento clínico preventivo. O restante do

quadro da saúde como no caso dos dentistas que representa 7,97% não atendem

as necessidades mínimas da população.

TABELA 5 – Profissionais da Saúde/Aquiraz/CE no ano de 2002

Profissionais de Saúde Nº Profissionais %

Médicos 54 15,38Dentistas 28 7,97Enfermeiras 26 7,40Outros profissionais de nívelsuperior

23 6,55

Agentes Comunitários deSaúde

117 33,33

Profissionais de nível médio 103 29,34Total 351 100Fonte: IPECE - 2002

Figura 27: Gráfico do Percentual dos Profissionais de Saúde em Aquiraz/CE

15%

8%

7%

7%

34%

29%

Médicos

Dentistas

Enfermeiras

Outros Profissionais deNível Superior

Agentes Comunitáriosde Saúde

Profissionais de NívelMédio

63

5.2.2 Educação

Analisando a (tabela 6 e figura 28), o setor de ensino encontra-se nas três

esferas básicas: Estadual, Municipal e Privada. Esse serviço conta com um

número de 3.200 alunos matriculados no Pré-escolar, 14.846 Ensino Fundamental

e 2.511 no Ensino Médio. A rede Estadual cobre 14,86% do ensino Fundamental e

96,81% do ensino Médio; o Município atende a 83,5% da pré-escola, 81,06% do

Ensino Fundamental; e as escolas privadas oferecem ensino a 16,5% da pré-

escola, 4,08% do ensino fundamental e 3,19% do ensino Médio. Os dados

apontam para cobertura do ensino na responsabilidade do poder público, no

entanto faltam investimentos em infra-estrutura, material didático e qualificação

profissional.

TABELA 6 - Número de alunos matriculados em Aquiraz/CE no ano de 2003

Matriculas Pré-escolar % Fundamental % Médio %Estadual - - 2.207 14,86 2.431 96,81Municipal 2.672 83,5 12.034 81,06 - -Privado 528 16,5 605 4,08 80 3,19Total 3.200 100 14.846 100 2.511 100

Fonte: IBGE(2003)

Figura 28: Gráfico do Percentual do Número de Alunos Matriculados emAquiraz/CE

0

83,5

16,5

14,86

81,06

4,08

96,81

3,19

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré - Escolar Fundamental Médio

PrivadoMunicipalEstadual

64

A tabela 7 e figura 29 fazem referências aos números de estabelecimentos

de ensino do município. O Estado dispõe de 5 estabelecimentos de Ensino

Fundamental onde o percentual é de 5,61% e 4 escolas para o Ensino Médio com

o percentual total de 80,0%. O número de estabelecimentos municipais ofertados

para o Pré-escolar é 71 unidades escolares, cerca de 87,65% e o Ensino

Fundamental com 78 unidades com 87,64%. A rede privada conta com um total de

10 estabelecimentos para a Pré-escola, cerca de 12,34%; possui 6 escolas de

Ensino Fundamental(6,74%) e para Ensino Médio a rede privada conta com 1

estabelecimento de ensino no valor total de percentual 20%. Os dados dos

números de Escolas que pertencem à rede pública ratificam serem na instância da

administração pública que se concentram os atendimentos ao ensino, os que

reforçam a necessidade de um ensino de boa qualidade para todos

TABELA 7 - Número de Estabelecimentos de Ensino em Aquiraz/CE no ano de

2003

Escolas Pré-escolar % Fundamental % Médio %Estadual - - 5 5,61 4 80,0

Municipal 71 87,65 78 87,64 - -

Privado 10 12,34 6 6,74 1 20,0

Total 81 100 89 100 5 100Fonte: IBGE(2003)

Figura 29: Gráfico do Percentual do Número de Estabelecimentos de Ensino emAquiraz/CE

87,65

5,61

87,64

6,74

80

20

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Pré - Escolar Fundamental Médio

PrivadoMunicipalEstadual

12,34

65

Conforme dados apresentados na tabela 8 e figura 30, o número de

docentes da rede Estadual concentra-se em 14,83% no Ensino Fundamental e

90,42% no Ensino Médio; a rede Municipal dispõe de um quadro de 79,69% de

seus professores do ensino no Pré-escolar e 75,95% no Ensino Fundamental; a

rede privada dispõe de um quadro de professores 20,31% no Pré-escolar; no

ensino Fundamenta é de 9,22% e 9,58% no ensino Médio. Sendo o poder público

responsável pelo Ensino de qualidade por parte da população mais carente. A

necessidade de investimentos nesta área, em especial na qualificação de seu

quadro docente é de extrema importância para o desenvolvimento intelectual e

tecnológico da população do município.

TABELA 8 - Número de Docentes em Aquiraz/CE no ano de 2003

Docentes Pré-escolar % Fundamental % Médio %Estadual - - 66 14,83 85 90,42Municipal 106 79,69 338 75,95 - -Privado 27 20,31 41 9,22 9 9,58Total 133 100 445 100 94 100Fonte: IBGE (2003)

Figura 30: Gráfico do Percentual do Número de Docentes em Aquiraz/CE

79,69

20,3114,83

75,95

9,22

90,42

9,58

0102030405060708090

100

Pré - Escolar Fundamental Médio

Estadual

MunicipalPrivado

66

5.2.3 Estrutura Fundiária

Com relação ao quadro fundiário, o município apresenta, conforme dados da

tabela 9 e figura 31, pequenas propriedades de até 50ha que representam 32,47%

de um total de 803 propriedades, entre as quais 17,06% estão aquelas entre 51-

100 ha, 34,83% entre 101-500 ha, e 15,64% entre 501-1000ha. Os dados

demonstram que as concentrações das terras estão com propriedades acima

101ha, não havendo latifúndio apenas 4 propriedades estão acima de 501ha.

Estas maiores propriedades estão mais a continente e são utilizadas na

agropecuária.

TABELA 9 – Tamanho das Propriedades Rurais em Aquiraz/CE no ano de 2004

Tamanho dasPropriedades

Nºestabelecimentos

ha %

0 – 10 496 1.636,1 8,2411 - 50 216 4.811,3 24,2351 – 100 49 3.390,1 17,06101 – 500 38 6.915,8 34,83501 – 1000 4 3.107,0 15,64Total 803 19.860,3 100

Fonte: INCRA-2004

8,24

24,23

17,06

34,83

15,64

0 10 20 30 40

Percentagem

0 - 10

11 - 50

51 – 100

101 – 500

501 – 1000

Tam

anh

o d

as

Pro

pri

edad

es (

ha)

Figura 31:Gráfico do Percentual do Tamanho das Propriedades Rurais emAquiraz/CE

67

TABELA 10 - Condição do Produtor Rural em Aquiraz/Ce nos anos de 1995/96

Categoria do Produtor Estabelecimentos Ha %Proprietário 1950 21.848 95,07Arrendatário 12 75 0,33Parceiro 194 849 3,69Ocupante 162 209 0,91Total 2.318 22.981 100

Fonte: IBGE-Censo Agropecuário-1995/96

Conforme dados da tabela 10 e figura 32, com relação à Condição dos

Produtores rurais, 95,06% dos produtores rurais são proprietários; 3,69% cultiva

em parceria; 0,33% arrendam terra para aumentar sua produção e apenas 0,90%

são ocupantes. O baixo percentual de agricultores sem-terra ratifica de não se

encontrar no município assentamento, nem acampamento de sem-terra.

Figura 32: Gráfico do Percentual das Categorias dos Produtores Rurais emAquiraz/CE

TABELA 11 - Utilização das Terras em Aquiraz nos anos de1995/96

Tipo de Utilização ha %

0

20

40

60

80

100

Per

cen

tag

em

Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante

Categoria do Produtor

68

Lavouras Permanentes 2.644 12,46Lavouras Temporárias 3.823 18,03Pastagens Naturais 3.080 14,53Pastagens Cultivadas 359 1,69Matas Naturais 4.448 20,96Reflorestamentos 72 0,34Terras não utilizadas 6.786 31,99Total 21.212 100Fonte: IBGE-Censo Agropecuário 1995/96

Conforme dados apresentados na tabela 11 e figura 33 que tratam da

utilização das terras no município de Aquiraz, 12,46%, são cultivadas com

lavouras permanentes; 18,03%, por lavouras temporárias; 14,53%, por pastagem

natural; 1,69%, por pastagem cultivada; 20,96%, área de cobertura de matas

naturais; 0,34%, por reflorestamento; e 31,99%, por terras não utilizadas em que

estão inclusas áreas impróprias para cultivo e em pousio.

Figura 33: Gráfico do Percentual da Utilização das Terras em Aquiraz/Ce

TABELA 12 - Produção Agrícola em Toneladas(t) em Aquiraz/CE nos anos de1995/96 e 2002

12,46

18,03

14,531,6920,96

0,34

31,99Lavouras PermanentesLavouras TemporáriasPastagens NaturalPastagens CultivadasMatas NaturaisReflorestamentosTerras não utilizadas

69

Produtos 1995/96 (t) % 2002 (t) %Banana 124 3,34 10 0,16Castanha 599 16,23 1.500 24,96Coco-da-baía 20 0,54 1.500 24,96Cana-de-açúcar 1.188 32,17 1.000 16,64Feijão 584 15,82 960 15,97Milho 528 14,30 840 13,98Mandioca 650 17,60 200 3,33Total 3.692 100 6.010 100

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1995/96 – 2002

A tabela 12 e figura 34 trazem dados das lavouras cultivadas no município

em que 24,96% de sua produção é de castanha de caju e coco-da-baía, ambas

culturas destinadas ao mercado nacional; 16,64% por plantio de cana-de-açúcar

destinada a produção de rapadura e melado; e as lavouras temporárias de feijão

representam 15,97%; milho, 13,98% e mandioca, 3,32%. A produção da banana

cultivada próxima aos vales ocupa apenas 0,16%.

0102030405060

Banan

a

Castan

ha

Coco-d

a-ba

ía

Cana-d

e-açú

car

Feijão

Milh

o

Man

dioca

Produtos (t)

Per

cen

tag

em (

%)

2002

1995/96

Figura 34: Gráfico do Percentual da Produção Agrícola em Toneladas(t) emAquiraz/CE ano de 1995/96 e 2002.

TABELA 13 - Tipos de Rebanhos Existentes em Aquiraz/CE nos anosde 1995/96

70

Rebanhos Quantidade %Bovinos 9.444 46,26Suínos 5.367 26,28Ovinos 3.039 14,88Caprinos 945 4,63Eqüinos 1.084 5,17Asininos 180 0,88Muares 358 1,90Total 20.417 100

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 1995/96

Com base na tabela 13 e figura 35, as áreas destinadas à pastagem são

ocupadas por 46,26% de gados bovinos; 26,28% por suínos; 14,88% por ovinos;

5,17% por eqüinos; 1,90% por muares e apenas 0,88% por asininos. A criação de

aves conforme dados IBGE (2002) contava com 746.265 aves, produção

destinada ao mercado do Estado.

46%

26%

15%

5% 5% 1%2% Bovinos

Suínos

Ovinos

Caprinos

Eqüinos

Asininos

Muares

Figura 35: Gráfico do Percentual dos Tipos de Rebanhos Existentes emAquiraz/CE.

5.2.4 Pesca e Artesanato

71

A pesca artesanal se caracteriza, fundamentalmente, por usar instrumentos

adequados para cada espécie, sempre respeitando o período do defeso (quando a

pesca é proibida na época da desova e indivíduos jovens estão na fase de

crescimento), garantindo a sobrevivência dos pescadores e das espécies

marinhas. Essa relação de respeito mútuo, no entanto, vem sendo violado de

forma sistêmica e crescente há alguns anos, em todo mundo.

Como atividade primária da economia, a pesca no Município é desenvolvida

nas praias de Prainha e Iguape, onde se instalam colônias de Pescadores, em que

são cadastrados 200 pescadores e diversos ajudantes, que são familiares e

vizinhos dos pescadores. A pesca é praticada em alto mar e nos riachos e lagoas.

Em 2002, Aquiraz produziu 307,7 toneladas (IBAMA-2003). A tabela abaixo

mostra as espécies coletados em percentuais. Segundo dados fornecidos pela

(tabela 14), as espécies mais pescadas são: Caicó, 10,49%; guaiuba, 10,07%;

biquara, 9,32%; lagosta, 7,53%; arraia, 7,34%; cavala, 5,42%; serra, 5,06%;

ariacó, 4,97%; guarajuba, 3,53%; carapitanga, 2,92%; dourado, 2,63%; beijupirá,

2,40%; as demais espécies estão abaixo de 2,0% e outras espécies são

classificadas em torno de 17,28%. A variedade de espécies e o volume pescado

apontam para viabilidade da economia. faltando, porém, organizar, comercializar e

agregar valor ao produto para adquirir melhores preços no mercado consumidor,

interno e externo.

O comércio do pescado é feito através de intermediários (conhecidos como

atravessadores). Os pescadores também vendem seus peixes diretamente ao

consumo local (veranista e população local). Os intermediários no município são

de parca expressão, com a sua aproximação dos locais onde se desembarca o

pescado, esperando ou mandando alguns “nativos” observarem a chegada das

jangadas para poderem comprar o pescado com baixo preço.

O desembarque das jangadas é feito e cerca 40% do produto pescado é

comprado pela população local e também pelos donos da barraca de praia que

compram e vendem aos turistas em seus estabelecimentos comerciais. Não há

qualquer infra-esturtura no município para armazenamento ou industrialização do

pescado. Recentemente com a organização das Colônias de Pescadores Z-9, na

Prainha e Iguape, surgiram pequenas fábricas de gelo.

72

Em relação à captura do pescado de água doce, constituem-se, no

lançamento da linha de mão e anzol iscado com pedaços de outros peixes e

minhocas, e também de redes, chamadas de tarrafas, feitas de nylon pelos

próprios pescadores.

O pescado de água doce é consumido pela população local, sendo os

peixes carapeba, judeu, pataca, piau apreciados e consumidos pelos moradores.

Algumas dessas espécies já estão em via de extinção.

TABELA 14 - Espécies de Pescado(t) em Aquiraz/Ce – 2003

Espécies Toneladas(t) %Albacora 0,3 0,09Arabaina 0,5 0,16Ariacó 15,3 4,97Arraia 22,6 7,34Bagres 2,0 0,64Beijupirá 7,4 2,40Biquara 28,7 9,32Bonito 3,2 1,04Cação 1,8 0,58Camarões 0,3 0,09Camurim 1,6 0,51Camurupim 3,5 1,14Cangulo 0,6 0,19Carapitanga 9,0 2,92Cavala 16,7 5,42Cioba 5,3 1,72Dentão 1,5 0,48Dourado 8,1 2,63Garoupa 0,5 0,16Guaiuba 31,0 10,07Guarajuba 10,9 3,53Guaraximbora 1,5 0,48Lagosta 23,2 7,53Palombeta 0,6 0,19Pargo 1,3 0,42Pescadas 0,7 0,22Polvo 0,1 0,03Sardinha 2,8 0,90Serra 15,6 5,06Sirigado 4,4 1,42Vermelhos 1,2 0,38Xareú 0,1 0,03Caicó 32,3 10,49Outros 53,2 17,28Total 307,7 100

Fonte: IBAMA-2003

73

Outra atividade econômica de cunho social abrangente é a produção do

artesanato de rendas. Nas localidades, senhoras fazem trabalhos de bilro,

confeccionando roupa de cama, mesa e moda praia. Parte dos produtos são

comercializados pela associação das rendeiras, parte das peças são expostas no

Centro das rendeiras, onde são comercializados aos turistas (figura 36). Apesar da

existência da associação, parte dos produtos são revendidas a terceiros que

comercializam em outras praças. Este tipo de comercialização deprecia o valor

venal do produto, pois o comerciante resgata as peças por baixo preços,

revendendo-os a preços bem avultados.

O Centro das Rendeiras de Prainha é composto de sete quiosques na área

denominada “Prainha Antiga” e segundo a presidente Senhora Elizete Caetano, a

associação é composta por 89 artesãs que expõem seus trabalhos nesses

quiosques. Ela diz também que o ambiente de trabalho necessita de uma melhor

infra-estrutura para as mesmas e para a população que busca se deslumbrar com

os atrativos desse tipo de artesanato.

Figura 36: Trabalho Artesanal – Rendeira em Prainha/Aquiraz/CE

5.2.5 Comércio, Indústria e Turismo

O comércio é formado por 496 estabelecimentos, sendo 490 varejistas e 6

atacadistas. São pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a

população das localidades, ocorrendo semanalmente feira livre na sede de

74

Aquiraz, em que são comercializados produtos hortifrutíferas, cereais, aves e gado

de pequeno porte.

Conforme dados do PDDU (1999), o setor terciário do município é

composto por 81 indústrias, entre extrativista, construção civil e transformação.

Entre a instalação de pequenas e médias indústrias, destacam-se as de massa,

refrigerantes, cerâmica, lajes e pisos, óleo de oiticica, filtros e isolantes, acústicos,

farmacêutica, confecção, baterias industriais, produtos elétricos, esquadrias,

beneficiamento de diatomita, vassouras, marmoraria. Entre as indústrias do

município destacam-se as do quadro 2 abaixo:

QUADRO 2- Indústrias Instaladas em Aquiraz/CE no ano de 1999Indústrias Produtos industrializados

White Stone do Brasil S/A Beneficiamento de granitoEmbacel – Embalagens Cearense S/A PapelãoTecnoblú Ne Ltda Têxtil e calçadistaMarinho Têxtil Ltda Capas de colchões , colchas e cortinasWobb em Windpower Óleo destinado à energia elétricaFonte: PDDU-1999

Na indústria do turismo o município explora a beleza cênica de suas praias:

Porto de Dunas, Prainha, Presídio, Barro Preto, Iguape e Batoque. Os pacotes

turísticos são direcionados para o Porto das Dunas, onde, através da infra-

estrutura do Beach Parck Suítes Resort, são atraídos turistas para desfrutar do

Parque Aquático. O complexo turístico oferece para seus visitantes passeios de

bugues, quadriciclos e a prática de kite-surf, dentre outros. Para atender os

turistas, o setor de serviços conta com rede hoteleira, entre chalés, pousadas e

hotéis, restaurantes, bares e as barracas de praia. O Município conta com a

seguinte rede de hotelaria, pousada e resort, conforme (Quadro 3) abaixo.

QUADRO 3 – Rede de Hospedagem de Aquiraz/CETIPOS DE HOSPEDAGEM LOCALIDADE

Beach Park Suíte Resorts Porto das DunasHotel Íbis Porto das Dunas Porto das DunasAquaville Resort e Hotel Porto das DunasHotel Village Prainha PrainhaHotel Laguna Blú PrainhaJangadeiro Praia Hotel PresídioHotel Donana PresídioHotel Soleste IguapeMarina do Barro Preto Barro Preto

Fonte: www.aquiraz.ce.gov

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Para atender a indústria do turismo, estão sendo investidos recursos para

recuperar o acervo histórico e cultural do município. Foram tombados, pelo

Instituto do Patrimônio Histórico Nacional-IPHAN, o colégio dos Jesuítas, a

Cadeia, Mercado da Carne, Praça Central e Igreja Matriz, construções do século

XVIII. Ainda como resgate cultural foi reconhecido, em 1977, pela Funai, 27

famílias descendentes dos índios Jenipapo-Kanindé, que têm sua reserva

localidade nas proximidades da Lagoa Encantada. Nas lagoas de Ramos e

Goiabeira remanescentes de negros africanos, fundaram uma comunidade

Quilombola.

Segundo a Senhora Maria do Rosário(69 anos). “Muitas pessoas não

sabem a realidade das comunidades remanescentes de quilombos, mostrando, de

início as potencialidades, de que são dotadas e que podem servir de pilares para o

desenvolvimento de tais comunidade”.

Ela afirma que os negros querem progredir, pois possuem espírito

comunitário, com capacidade para viver coletivamente. Valorizam o meio ambiente

e tem capacidade de resistência, lutam pela a terra, pelas suas tradições e

direitos.

Outros fatores que não distinguem do restante do país é a falta de infra-

estrutura, segundo a Senhora Maria do Rosário, há deficiência na educação,

saúde, emprego e renda. (Figura 37)

Figura 37: Representantes dos Quilombolas de Aquiraz/Ce

Fon

te:

ww

w.a

quira

z.ce

.gov

6 PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE AQUIRAZ/CE

Esse trecho do litoral cearense, nas últimas décadas, está em constante

transformação no seu território no recorte espaço-temporal, relacionada à mudança

de vida da população local, bem como modificações ocorridas no ambiente natural,

onde núcleos habitacionais apresentam-se de forma desordenada e surgem novos

empreendimentos voltados à indústria do turismo, como também, para uma gama de

população com poder aquisitivo maior do próprio Estado.

Numa visão geral, podem ser observados problemas comuns no município de

Aquiraz, tais como a remoção dos autóctones, em virtude da venda de imóveis pela

própria população local, distanciando-os do mar e do local de trabalho da maioria

destes, empurrando-os para áreas menos valorizadas e sem infra-estrutura,

incorrendo numa segregação sócio-espacial destes agentes.

A área em que o processo de parcelamento e uso do solo tem sido mais

intenso consiste no sítio que, limitando-se a nordeste com o Oceano Atlântico,

encontra-se entre o Rio Pacoti, a CE-040 e a Lagoa do Catú. A proximidade de

Fortaleza e a facilidade de acesso são condições que apontam para uma tendência

futura de conurbação dessa área com a capital. Dos 174 loteamentos aprovados

e/ou implantados no município de Aquiraz (PDDU, 1999), essa área apresenta a

seguinte configuração.(Figura 38)

Zona Norte – O empreendimento imobiliário Beach Park apresenta-se como

área de ocupação já consolidada, destinada a setores de classe média alta,

pois as diárias dos hotéis, pousadas nessa área é avantajados em relação

aos outras zonas. Os investimentos imobiliários, de que têm sido dotada a

área, vêem reforçar a possibilidade desta tornar-se zona habitacional

permanente de setores daquele grupo social. A expansão para o norte tem

como barreira natural o Rio Pacoti e a área de mangue às suas margens. Há

forte tendência de expansão para o sul, na direção da Prainha e da sede

municipal, principalmente após a construção da CE-025.

Zona Centro Sul – implantada nas proximidades do Rio Pacoti, limite oeste à

expansão da cidade, o núcleo original de Aquiraz expandiu-se na direção dos

dois caminhos que o ligavam ao mar e a outras regiões ao sul, ou seja, a